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EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DE MELÃO: UMA ANÁLISE EMPÍRICA DO ESTADO DO CEARÁ

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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DE MELÃO: UMA ANÁLISE EMPÍRICA DO ESTADO DO CEARÁ

anacnmaia@yahoo.com.br

Apresentação Oral-Comércio Internacional

ANA CRISTINA NOGUEIRA MAIA; FÁBIO LÚCIO RODRIGUES; GENIVALDA CORDEIRO DA COSTA; ADONIAS VIDAL DE MEDEIROS JUNIOR.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, UPANEMA - RN - BRASIL.

EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DE MELÃO: UMA ANÁLISE EMPÍRICA DO ESTADO DO CEARÁ

Grupo de Pesquisa: Comércio Internacional Resumo

O Estado do Ceará têm se destacado, em vários estudos, como um dos principais produtores e exportadores de melão no país. Sendo assim, este estudo buscou avaliar a evolução da competitividade das exportações de melão no estado do Ceará. O modelo adotado analisa os indicadores de vantagem comparativa revelada e do coeficiente de especialização, permitindo observar as situações para cada um dos produtos analisados no período de 1999 a 2008. Verificou-se que o Estado apresenta vantagem comparativa na exportação de melão em apenas dois anos da análise, 2005 e 2008. Nota-se, ainda, que essas vantagens são ascendentes ao longo do tempo na amostra estudada. Por outro lado, os anos de 1999 e 2000 apresentam os maiores valores do coeficiente de especialização para o Estado. Deste modo, pode-se afirmar que o estado do Ceará vem, ao longo dos anos, dispersando sua atividade produtiva ligada à fruticultura. Cabe ressaltar, também, que o efeito alocação do Ceará apresentou no ano de 1999, sinal negativo, em função do ganho da especialização produtiva e perda da participação relativa do produto nas exportações totais de frutas no estado. Já em 2007, o efeito alocação foi positivo em virtude do baixo coeficiente de especialização e da desvantagem comparativa revelada, evidenciando que o estado apresenta tanto perdas da especialização produtiva quanto de vantagem comparativa do produto em relação às exportações totais de frutas do país.

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Coeficiente de Especialização. Efeito Alocação.

Abstract

The State of Ceará has been highlighted in more studies as a major producer and exporter of melons in the country. Thus, this study sought to evaluate the evolution of competitiveness in exports of melons in the state of Ceará. The model adopted considers the indicators of revealed comparative advantage and the coefficient of specialization, allowing to observe the situation for each of the products tested during 1999 to 2008. It was found that the State presents comparative advantage in export of melon in just two years of analysis, 2005 and 2008. There is also that these benefits are rising over time in the sample studied. Furthermore, the years 1999 and 2000 show the highest values of the coefficient of specialization for the State. Thus, one can say that the state of Ceará has over the years, dispersing their productive activity related to fruit production. It is noteworthy, too, that the allocation effect of Ceará showed negative in 1999, depending on the gain and loss of productive specialization of participation on the product in total exports of fruits in the state. Already in 2007, the allocation effect is positive because of the low coefficient of specialization and revealed comparative disadvantage, the state presented evidence that both loss of productive specialization in the comparative advantage of the product in relation to total exports of fruits of the country.

Keywords: Competitiveness. Exports. Revealed Comparative Advantage. Coefficient of Specialization. Allocation Effect.

1. INTRODUÇÃO

O semi-árido nordestino sempre carregou o estigma de região problema e o seu clima foi tido como inapropriado para a agricultura, por apresentar, principalmente, características de altas insolações e temperaturas, baixa umidade do ar e regime pluvial inadequado. Porém a fruticultura irrigada tem contribuído para a transformação desse cenário. Nos últimos anos o estado do Ceará (CE) têm se destacado como principais produtores e exportadores de frutas tropicais no Brasil (SECEX/MDIC, 2006).

A fruticultura irrigada voltada à exportação está entre as principais atividades econômicas do Estado do Ceará. De acordo, com o Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE), o clima, o solo, a disponibilidade de água para irrigação, o preço baixo da terra e a disponibilidade do custo de mão-de-obra garantem ao Nordeste, e especificamente ao CE, vantagens comparativas para a fruticultura, em relação às outras regiões do Brasil. Os ciclos sucessivos de produção e colheita em qualquer época do ano são favorecidos pelo ambiente semi-árido aliado a processos de irrigação. O Ceará ocupa o 3º lugar no ranking dos maiores produtores de frutas da região Nordeste, atrás de Bahia e Pernambuco, respectivamente (IBGE, 2007).

O melão vem se destacando nos últimos anos como uma das principais olerícolas cultivadas no semi-árido nordestino, tendo como principais produtores os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, que responderam em 2005 por aproximadamente 79% da produção nacional (IBGE, 2007). No Brasil, destaca-se que a fruticultura é um dos segmentos mais importantes da agricultura nacional, respondendo por 25% do valor da produção agrícola nacional. A agricultura brasileira tem dado relevantes contribuições ao desenvolvimento econômico e social do país.

Com a atração de grandes grupos internacionais, a partir do início da década de1990, o Ceará passou a deter tecnologia de produção, dominando técnicas e padrões de qualidade internacionalmente exigidos, principalmente, nos mercados europeu e norte-americano. Hoje, o Estado é líder nacional nas exportações de melão e abacaxi. Sendo que 87% do abacaxi exportado pelo Brasil é produzido no Ceará. Além disso, 74% da castanha de caju, 68% da melancia e 52% de todo o melão comercializados pelo País no mercado exterior provêm do Ceará (MELÃO..., 2009).

As frutas que mais se destacaram no Ceará, em 2008, foram o melão, com crescimento de 104% e exportação de US$ 85,6 milhões (contra US$ 41,9 em 2007); a melancia, com alta de 132% e valor de US$ 12,3 milhões (ante os US$ 5,2 milhões em 2007) e; a banana, com incremento de 77,87% e soma de US$ 6,9 milhões. O abacaxi, embora com declínio de 10% nas exportações, contribuiu com US$ 14,3 milhões e é a segunda fruta em valor de exportação (MELÃO..., 2009).

Diante do exposto, este estudo tem por objetivo verificar a evolução da competitividade das exportações de melão no Estado do Ceará durante os anos de 1999 a 2008.

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Este estudo se baseia na metodologia desenvolvida Balassa (1965), que criou o conceito de Vantagem Comparativa Revelada (VCR), e propôs o método VCR como alternativa para identificação de setores nos quais um país possui vantagem comparativa na produção e por sua vez na exportação.

A Vantagem Comparativa é considerada como revelada porque sua quantificação é baseada em dados ex-post, ou seja, após realizado o processo de comercialização do bem (FIGUEIREDO, SANTOS, 2005).

A definição feita por Ballasa (1965) foi considerada compatível com as hipóteses clássicas da teoria do comércio internacional, pois se adotou a suposição de que as diferentes dotações de fatores resultariam em uma estrutura padronizada de exportações. No entanto, o uso deste indicador apresenta limitação a análise dos resultados por considerar somente as exportações sem fazer nenhuma referência as importações. Segundo Lafay (1990) apud Xavier (2000), os fluxos de exportações também são condicionados pela estrutura de promoções das exportações (subsídios fiscais e/ou financeiros) resultando em vieses diferenciados entre os países que se baseiam apenas em tais fluxos.

Ao analisar a VCR, algumas limitações podem surgir devido ao protecionismo inerente às relações comerciais, como tarifas sobre importação, subsídios às exportações, poder de mercado, desalinhamento cambial e outras que, em conjunto, podem afetar os resultados da vantagem comparativa revelada. Essas limitações surgem porque a noção de VCR está interligada a fatores estruturais do processo produtivo, sendo associada de forma direta aos custos relativos de produção (HIDALGO, 2000).

Embora haja limitações nas análises do comércio internacional, pautadas em indicadores de vantagem comparativa revelada, eles têm sido bastante utilizados por causa da facilidade de construção e, por conseguinte, maior adequação às bases de dados de comércio internacional. Ademais, a utilização desses indicadores é importante por permitir acompanhar a evolução do fluxo de comércio externo dos produtos ao longo do tempo e por serem diretrizes importantes na detecção de impactos positivos e, ou, negativos de políticas realizadas (HIDALGO, 2000).

Enquanto as vantagens comparativas refletem os fluxos comerciais, determinados pelos custos relativos de produção, sob a pressuposição de um comércio livre de intervenções, a competitividade reflete os diferenciais de preços de mercado. Dessa forma, essa competitividade incorpora diversas variáveis que influenciam os preços de mercado, como custos de comercialização, subsídios, impostos, entre outras (FIGUEIREDO, SANTOS, 2005).

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competitividade encontra vários significados, cada uma apresentando suas especificidades. Esses autores delimitam o conceito de competitividade em duas vertentes.

A primeira analisa a competitividade como um desempenho de uma empresa ou produto. Aqui os resultados analisados decompõem-se na determinação de uma competitividade revelada. Para a segunda vertente, o conceito de competitividade é mais bem entendido pelo lado da eficiência que procura medir o potencial de competitividade de um setor ou empresa. Sob essa ótica, o potencial competitivo seria realizado através de identificação e estudo das opções estratégicas adotadas pelos agentes econômicos, dadas as suas restrições gerenciais, financeiras, tecnológicas e organizacionais. Assim, haveria uma relação causal entre a conduta estratégica da firma e o seu desempenho eficiente. O alicerce deste argumento está pautado na organização industrial (SILVA, BATALHA, 1999).

Com base nessa classificação, Silva e Batalha (1999) apud Silva (2006) definem a competitividade como a capacidade de um dado sistema produtivo obter rentabilidade e manter participação de mercado nos âmbitos interno e externo (mercado internacional), de maneira sustentada. Adicionalmente, espera-se que a uma determinada região apresente vantagem comparativa em determinado sistema produtivo quando a contribuição seja positiva.

Já as medidas regionais concentram-se na análise da estrutura produtiva de cada região, com o objetivo de investigar o grau de especialização das economias regionais em um dado período, assim como o processo de diversificação observado entre dois ou mais períodos. Entre estas medidas destaca-se uma: o coeficiente de especialização.

O coeficiente de especialização (CFE) é uma medida relativa que detém uma forte capacidade de síntese, nomeadamente, quando se procuram obter respostas a questões do tipo “qual o grau de especialização de uma determinada região?” (HADDAD, 1989).

Para Haddad e Andrade (1989),

A teoria econômica regional fornece os elementos analíticos básicos que servem para orientar a linha de raciocínio a ser seguida nos estudos, cuja preocupação são questões atinentes ao processo de crescimento e desenvolvimento das regiões. Entretanto, a análise teórica do relacionamento das variáveis relevantes não é o bastante. Há necessidade de passar ao trabalho empírico para, não só testar os diversos modelos alternativos existentes no campo teórico e verificar qual deles melhor se aproxima na explicação de uma dada realidade observada, como também para fazer uso da maior riqueza de detalhes analíticos existentes nos modelos empíricos.

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As medidas regionais têm uma forte contribuição para o efeito competitivo, por meio do efeito alocação, que nos mostra se a região está especializada ou não nos setores pelos quais tenha melhores vantagens comparativas. Pelo sinal do efeito alocação, será possível obter quatro situações diferentes para análise. Sejam, rit o emprego da região i do país j no período, rij o emprego total da região i e, E0ij a estrutura de emprego observada no período inicial, então o efeito alocação pode ser interpretado conforme a Tabela 1 abaixo.

TABELA 1 EFEITO DE ALOCAÇÃO Alternativas Efeito Alocação Componentes Especialização

(

0 0

)

ij ij EE ' Vantagem Comparativa

(

rijrit

)

Desvantagem competitiva especializada Negativo

+

Desvantagem competitiva não-especializada Positivo

Vantagem competitiva especializada Positivo

+

+

Vantagem competitiva não-especializada Negativo

+

Fonte: Haddad e Andrade (1989) Onde:

a)

(

0 0

)

0

ij ij

EE ' > , o setor i da região j é especializado. b)

(

0 0

)

0

ij ij

EE ' < , o setor i da região j não é especializado. c)

(

rijrit

)

>0, o setor i da região j tem vantagem competitiva. d)

(

rijrit

)

<0, o setor i da região j não tem vantagem competitiva.

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Essas análises permitem verificar como a especialização e as vantagens competitivas influenciam o desempenho produtivo da região.

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho possui um caráter quantitativo, e baseou-se na utilização do método indutivo. A análise descritiva será empregada para atender os objetivos deste estudo. Os dados foram coletados junto à base de informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Para a realização da pesquisa foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental, sendo os dados obtidos através de fontes secundárias.

3.1Indicador De Vantagem Comparativa Revelada (VCR)

O indicador de VCR mostra a participação das exportações de um dado produto de um estado/país em relação às exportações nacional-mundiais desse mesmo produto e permite comparar a participação relativa das exportações de um produto de diversas regiões/países (SILVA, 2006).

Portanto, o indicador de VCR de um produto para uma região pode ser interpretado como a razão entre o peso das exportações do produto i em questão nas exportações totais da região j, considerando o seu peso nas exportações totais da região de referência k. Conforme Silva (2006), o indicador de VCR é definido por:

ij ik ij j k X X VCR X X       =      

( )

1 Onde: ij

VCR → Vantagem Comparativa Revelada do produto i da região j.

ij

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ik

X → é o valor total das exportações da região ou país j.

j

X → é o valor das exportações do produto i do país ou zona de referência k.

k

X → é o valor total das exportações do país ou zona de referência k.

Quando VCRij >1, conclui-se que o produto i apresenta vantagem comparativa revelada. Por outro lado, se VCRij <1, então o produto i apresenta desvantagem comparativa revelada. Obtendo-se VCRij =1, a região j não terá vantagem nem desvantagem na produção do produto, nesse caso a produção local supre as necessidades internas de consumo. Neste caso, pode-se afirmar que não existe excedente para ser exportado.

O emprego do índice de VCR fornece um indicador da estrutura relativa das exportações de uma região ou país. Quando uma região exporta um volume grande de um determinado produto, em relação com o que é exportado pelo país desse mesmo produto, isso sugere que a região conte com vantagem comparativa na produção desse bem.

3.2Coeficiente De Especialização (CFE)

O Coeficiente de Especialização mostra o grau de similaridade entre a estrutura produtiva do Rio Grande do Norte e a estrutura produtiva do padrão de comparação, neste caso o Brasil. Este indicador é utilizado como medida de “especialização ou diversificação” (HADDAD, 1989). 2 j iie ie CFE=

.

( )

2 Onde: j

CFE Coeficiente de especialização da região j.

j

ie → expressa a estrutura produtiva da região j. ie. → expressa a estrutura produtiva do país.

Quando o indicador se aproxima de 1 significa que a região possui uma estrutura produtiva especializada e, dessa forma, menos parecida com a estrutura produtiva do país de

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referência. Alternativamente, um coeficiente mais próximo de 0 indica que a região possui uma estrutura econômica diversificada e, consequentemente, reproduz o perfil nacional.

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

O indicador de VCR é uma medida revelada, tendo em vista que seu cálculo está baseado em dados observados do comércio, ou seja, depois de realizado o comércio. Já a

competitividade é definida como a capacidade da empresa formular e implementar estratégias de concorrência, que lhe permitam ampliar ou conservar uma posição sustentável no mercado (FERRAZ ET AL, 1995).

O produto selecionado como objeto deste estudo foi o melão, umas das frutas mais importantes para o setor frutícola do estado em análise. O melão tem ocupado lugar de destaque na balança comercial do Ceará, figurando entre os principais produtos da pauta de exportações, além, ainda, de estar entre os principais produtos da fruticultura tropical do Brasil.

TABELA 2

VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA DO ESTADO DO CEARÁ

Ano Exportações CE (FOB) Exportações BR (FOB) VCR 1999 1.923.172 28.733.371 0,19 2000 2.891.203 25.004.970 0,32 2001 11.321.020 39.328.787 0,80 2002 12.914.345 37.781.622 0,95 2003 18.161.570 58.317.448 0,87 2004 16.743.815 63.251.195 0,74 2005 34.478.173 91.481.936 1,05 2006 29.111.474 88.241.589 0,92 2007 41.943.286 128.213.642 0,91 2008 85.678.588 152.132.031 1,57 Fonte: Elaboração própria com base em dados do MDIC/ALICE WEB

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Como pode ser observado na Tabela 2, o melão exportado pelo Ceará apresenta vantagens comparativas em apenas dois anos da análise, 2005 e 2008, nota-se que essas vantagens crescem ao longo do tempo na amostra estudada.

Em 1999, o Ceará participava das exportações brasileiras de frutas frescas com 1,2% e, em 2003, esta participação passou para 6,4%. Enquanto o Brasil espera exportar cerca de US$ 1 milhão em 2010, o Ceará espera exportar cerca de US$ 136 mil, representando 13,6% das exportações nacionais. Entre as frutas exportadas pelo Estado do Ceará, o melão é a mais representativa. A área cultivada de melão no Ceará, em 2003, foi de aproximadamente 4.800 hectares, com produção estimada em 120 mil toneladas. Esse fato, contribuiu para o crescimento da produção de melão do Estado, das quais cerca de 40% é destinada à exportação, fato que atesta a melhoria da tecnologia de produção e tratamento pós-colheita. A cultura do melão tem colocado o Estado do Ceará como o segundo maior produtor e exportador brasileiro da fruta que, junto com o Rio Grande do Norte, continuam sendo os maiores produtores e exportadores brasileiros (FRUTICULTURA..., 2009).

A participação do Ceará nas exportações de frutas brasileiras passou de 12,2%, em 2007, para 18,1%, em 2008. Em relação aos outros estados exportadores de frutas, o Ceará conquistou em 2008 o terceiro lugar no ranking nacional, um salto sem precedentes em comparação à performance de 1999, quando o setor ocupava a 12ª posição da lista. Considerando a última década, as vendas externas dispararam de US$ 831 mil para US$ 131,6 milhões (CAVALCANTE, 2009).

TABELA 3

COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

Ano Exportações CE

(melão/exp. totais) CFE

1999 0,75% 0,16 2000 1,13% 0,16 2001 4,44% 0,15 2002 5,06% 0,14 2003 7,12% 0,13 2004 6,56% 0,14 2005 13,51% 0,10 2006 11,41% 0,11 2007 16,44% 0,09

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A Tabela 3 apresenta o Coeficiente de Especialização calculado. Verifica-se, a partir destes cálculos, que o CFE é relativamente baixo, próximo à zero. Ainda assim, cabe destacar que, os anos de 1999 e 2000 apresentam os maiores valores para o CFE, destacando-se uma baixa nos anos posteriores. Deste modo, pode-destacando-se afirmar que o estado do Ceará vem, ao longo dos anos, dispersando sua atividade produtiva ligada à fruticultura, o que, empiricamente, parece comprovar-se com o aumento de culturas frutícolas ligadas a atividade exportadora nos últimos anos.

Na Tabela 4 abaixo, podemos observar o efeito alocação que nos mostra se a região está especializada ou não nos setores pelos quais tenha melhores vantagens comparativas, podendo analisar os componentes de crescimento do estado com relação ao país nos produtos mencionados neste trabalho.

TABELA 4

EFEITO ALOCAÇÃO PARA O ESTADO DO CEARÁ

Fruta 1999 2007

Melão CFE VCR CFE VCR 0,16 (+) 0,19 (

) 0,09 (

) 0,91 (

) Fonte: Elaboração própria com base em dados do MDIC/ALICE WEB

O melão no Ceará apresentou, em 1999, efeito alocação negativo, expressando desvantagem competitiva especializada, isto é, apresenta especialização da produção, mas sem vantagem comparativa no produto. Esse fato representa ganho da especialização produtiva e perda na participação relativa do produto nas exportações totais de frutas no estado.

Já em 2007, percebe-se um efeito alocação positivo, o que expressa desvantagem competitiva não-especializada. Sendo assim, o estado apresenta perdas tanto da especialização produtiva quanto da vantagem comparativa do produto em relação às exportações totais de frutas do estado.

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O crescimento das exportações do melão é explicado basicamente pelo efeito competitividade. Acredita-se que os ganhos de competitividade são decorrentes de condições internas favoráveis, como incentivos governamentais para o desenvolvimento da agricultura irrigada em especial fruticultura irrigada, que estimulou investimentos na atividade com melhorias tecnológicas, capacitação de produtores, sendo importante ressaltar, ainda, o efeito positivo proporcionado pela diminuição na carga tributária.

Os resultados mostraram que o melão exportado pelo Ceará apresenta vantagens comparativas em apenas dois anos da análise, 2005 e 2008, nota-se que essas vantagens crescem ao longo do tempo na amostra estudada.

A análise do Coeficiente de Especialização para o estado mostrou um CFE relativamente baixo. Ainda assim, cabe destacar que, os anos de 1999 e 2000 apresentam os maiores valores para o CFE. Deste modo, pode-se afirmar que o estado do Ceará vem, ao longo dos anos, dispersando sua atividade produtiva ligada à fruticultura, o que, empiricamente, parece comprovar-se com o aumento de culturas frutícolas ligadas a atividade exportadora nos últimos anos.

O efeito alocação foi negativo em 1999, expressando desvantagem competitiva especializada. Esse fato representa ganho da especialização produtiva e perda na participação relativa do produto nas exportações totais de frutas no estado. Já em 2007, o efeito alocação foi positivo, demonstrando que o melão teve desvantagem competitiva não-especializada. Deste modo, o estado apresenta perdas tanto da especialização produtiva quanto da vantagem comparativa do produto em relação às exportações totais de frutas do estado.

REFERÊNCIAS

BALASSA, B. Trade liberalization and “revealed” comparative advantage. The Manchester School of Economics an Social Studies, n. 33, May 1965.

CAVALCANTE, Ângela. Irrigando a economia. Revista FIEC, ano 2, edição 21, fevereiro 2009.

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FERRAZ, J. C.; KRUPFER, D.; HAGUENAUER, L. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

FIGUEIREDO, Adilson Martins; SANTOS, Maurinho Luz dos. Evolução das vantagens comparativas do Brasil no comércio mundial de soja. Revista de Política Agrícola, ano 14, n. 1, jan. / mar. 2005.

FRUTICULTURA - porque investir no ceará?. Disponível em: <www.todafruta.com.br>. Acesso em: 18 mar. 2008.

HADDAD, P.R.(org). Economia regional: teoria e métodos de análise. Fortaleza, BNB. ETENE, 1989.

HIDALGO, Álvaro Barrantes. Exportações do Nordeste do Brasil: Crescimento e Mudança na Estrutura. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. Especial p. 560-574, novembro 2000.

IBGE. Disponível em: <www.ibge.com.br>. Acesso em: 03 dez. 2007.

MELÃO é o carro-chefe, seguido do abacaxi. Disponível em: <www.diáriodonordeste.globo.com>. Acesso em: 18 mar. 2008.

SECEX/MDIC. Disponível em: <www.mdic.gov.br> . Acesso em: 20 mai. 2007.

SILVA, E. A. Competitividade das exportações de plantas vivas e produtos de floricultura do ceará e do Brasil no período de 1998 A 2004. Fortaleza: UFC – Programa de Mestrado em Economia Rural. Dissertação de mestrado, 2006.

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SILVA, Carlos Arthur B. ; BATALHA, Mário Otávio. WORKSHOP BRASILEIRO DE GESTÃO DE SISTEMA AGROALIMENTARES,2. Ribeirão Preto: PENSA/FEA/USP, 1999.

Referências

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