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O papel da Igreja em projetos de desenvolvimento no 3º Mundo na visão da IECLB

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Academic year: 2021

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O Papel da Igreja em Projetos de Desenvolvim ento no

3° M u ndo na V isão da IECLB

— M A D R A S — India — Abril de 1988»

Huberto Kirchheim

1. Sonhando Juntos

A e sp e ra n ça p o r "n o v o s céus e n o va te r r a " nos irm a n a , ro m p e n d o fro n te ira s desse m u n d o d e s ig u a l, tã o d istante d a im a g e m d e Deus. A p e ­ sar d e q u a se 3 d é ca d a s d e p s e u d o -p o lític a s d e s e n v o lv im e n tis ta s e n tre N o rte -S u l, os p ovos d o 3o M u n d o e g ra n d e s se g m e n to s m e sm o no 1 ° M u n ­ d o são v ítim a s d e um a m isé ria m a ssifica n te . P róxim os a um e x te rm ín io , c la m a m o s p e lo p ã o nosso d e ca d a d ia , p e rd ã o d e d ív id a s , lib e rta ç ã o d o m a l, e n fim c la m a m o s p a ra q u e seja fe ito assim na te rra c o m o n o céu. N ã o m ais q u e re m o s q u e isso seja so m e n te um so n h o . Pois s a b e m o s, u sando p a la v ra s d e D. H e ld e r C â m a ra : " Q u a n d o s o n h a m o s so zin h o s, é s o m e n te um sonho. M as q u a n d o sonham os ju n to s, é o c o m e ç o d a r e a li­ d a d e " .

C o m o o b re iro d a Ig re ja d e Jesus Cristo no Brasil e n ã o c o m o e s p e ­ c ia lis ta e m e c o n o m ia , p o lític a e p ro je to s d e s e n v o lv im e n tis ta s , re p a rto com vocês m in h a m odesta c o n trib u iç ã o . Essa c o n trib u iç ã o ve m d a s o frid a e d ifíc il te n ta tiv a d e , a p a rtir d o E va n g e lh o de Jesus C risto, c o n c re tiz a rm o s sinais d e so n h o p o r v id a a b u n d a n te p a ra todos n o c o n te x to b ra s ile iro .

D ív id a , s e rv id ã o , castigo, credores, p e rd ã o e d e v e d o re s — são p a la v ra s e re a lid a d e s d o c o tid ia n o dos povos d a A m é ric a Latina. E im p o s ­ síve l fe c h a r os o lh o s p a ra as o rig e n s e co n se q ü ê n cia s dessas re a lid a d e s . E a p ró p ria B íb lia ilu m in a nossa c a m in h a d a na te n ta tiv a d e ro m p im e n to e s u p e ra ç ã o dessa situ a çã o de d e p e n d ê n c ia . A fé q u e a lim e n ta a o rg a n i-1 — Essa p a ie s tra fo i a p re s e n ta d a na re u n iã o a n u a l d a C om issão d e S e rv iç o M u n d ia l d a F e d e ra ç ã o

L u tera na M u n d ia l, a g ê n c ia s d o a d o ra s e re p re se n ta n te s d e Ig re ja s Lu te ra n a s. O a u to r é m e m ­ b ro dessa com issão, re p re s e n ta n d o as ig re ja s la tin o -a m e ric a n a s e, p o r e x te n s ã o , as Ig re ja s d o 3 o M u n d o .

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zação d o p o b re p o v o d e Deus na busca p o r lib e rta ç ã o , nos e n s in a q u e Bí­ b lia e V id a são in s u p e rá v e is . Por isso os c o n v id o a ju n to s e n s a ia rm o s essa le itu ra p o p u la r d a B íb lia , a p a rtir d a p a rá b o la d o C re d o r In co m p a ssivo (M t 18.23-35). Q u e re m o s q u e o te x to nos d e s a fie a c la re a r a nóssa p ró ­ p ria visão da re a lid a d e e a d e fin ir m e lh o r o " p a p e l da Ig re ja e m p ro je to s de d e s e n v o lv im e n to n o 3 o M u n d o , a p a rtir d a IECLB".

N ã o tra g o a vocês respostas, p ro g ra m a s e v e rd a d e s a b so lu ta s. Re­ p a rto u m a c a m in h a d a e vos c o n v id o a c a m in h a re m ju n to s co m suas id é ia s, e x p e riê n c ia s , crítica s, corações e m ãos a b e rta s p a ra a s o lid a rie ­ d a d e com o "C ris to q u e e n tre nós está e tã o d ific ilm e n te o re c o n h e c e ­ m o s ".

2. Releitura da Parábola do Credor incom passivo (M t 18. 23-35).

Deus constrói seu R eino com p e q u e n o s , fra c o s e e m p o b re c id o s ; com pessoas q u e n a d a v a le m e n a d a possuem p a ra s a ld a re m suas d ív i­ das. O R eino d e Deus d e fa to é um ta n to e sca n d a lo so e u tó p ic o .

N o m u n d o , e m q u e as pessoas re g u la m a sua c o n v iv ê n c ia p o r sis­ tem as, estruturas e leis, a s itu a ç ã o é b e m d ife re n te . D ívid a s d e v e m ser pagas. Assim os bancos in te rn a c io n a is c o n v id a m o M in is tro d a F azenda do Brasil p a ra os Estados U n id o s ou Europa. Está e m jo y o u m a d ív id a no v a lo r de 130 B ilh õ e s d e D ólares. A n u a lm e n te d e v e m ser p a g o s a p ro x . 12 b ilh õ e s — e m fo rm a d e juros. C om o p a g a r? Com a fo m e e a m is é ria d o p o vo ? Pequenos a g ric u lto re s p e rd e ra m sua te rra , p o rq u e n ã o c o n s e g u i­ ram p a g a r o e m p ré s tim o nos bancos. M e sm o nas c o m u n id a d e s e c le s iá s ti­ cas, o d e v e d o r tem q u e s a ld a r sua re s p e c tiv a d ív id a . C o m u n id a d e s e x p e ­ rim e n ta m d ific u ld a d e s com os q u e em co n s e q ü ê n c ia d o v is ív e l processo de e m p o b re c im e n to , n ã o m a is co n se g u e m p a g a r a sua c o n trib u iç ã o à c o m u n id a d e eclesiástica .

Todos e sp e ra m o s q u e d ív id a s sejam pagas! E a g o ra ? D eve o Bra­ sil, to m a r novos e m p ré s tim o s , m esm o q u e isso re fo rc e e c im e n te sua d e ­ p e n d ê n c ia dos países ricos e in d u s tria liz a d o s ?

Sobre essa e o u tra s p e rg u n ta s se d iscu te . N o e n ta n to , u m a cousa está c la ra : D ívidas d e v e m ser pagas! "O n d e iría m o s p a r a r " , p e rg u n ta m os pasíses in d u s tria liz a d o s e ta m b é m m u ito s de nós, "s e d ív id a s s im p le s ­ m e n te fossem ig n o ra d a s "?

A q u i estam es co m o m e m b ro s d a com issão, re p re s e n ta n te s das respectivas ig re ja s lu te ra n a s no D e p a rta m e n to d e S erviço M u n d ia l da

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FLM, re p re se n ta n te s d e o rg a n iz a ç õ e s d e a ju d a — re p re se n ta n te s d e Ig re ­ jas do h e m is fé rio sul e n o rte , re s p e c tiv a m e n te o qu e tem o d in h e iro e o qu e precisa d e le .

Porém , no m e sm o in s ta n te , 85% d a p o p u la ç ã o b ra s ile ira e x p e r i­ m enta q u e , a p e s a r d e m a is tra b a lh o e sa c rifíc io , e m p o b re c e s e m p re mais. Sente q u e n ã o c o n s e g u e lib e rta r-s e das m alhas d e um a d e p e n d ê n ­ cia in te rn a e e x te rn a .

De ce rta m a n e ira u m a p a rte d o nosso te xto re fle te essa s itu a ç ã o : "Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos. E passando a fazê-lo, trouxeram -lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse v e n d i­ do ele, a m ulher, os filhos, e tudo quanto possuía, e que a d ív i­ da fosse paga. Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente com igo e tudo de pagarei" (Vv. 23-26).

Trata-se d e um re i q u e c o n v o c a seus súditos p a ra p re sta çã o d e contas. Podem os c o m p a rá -lo a um g ra n d e b a n q u e iro . Em prestou a um dos seus súditos a lg u n s m ilh a re s . A g o ra q u e r o p a g a m e n to d a d ív id a . N o e n ta n to , o d e v e d o r n ã o p o d e p a g a r.

Nessa h is tó ria , c o n ta d a p o r J e s u s /o d o n o d o d in h e iro n ã o p ro c e ­ de co m o o d e v e d o r, d a fo rm a c o m o os bancos in te rn a c io n a is com os M in istro s d a Fazenda dos países d o 3 o M u n d o . O uçam os a c o n tin u a ç ã o da p a rá b o la :

"E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-os em ­ bora, e perdoou-lhe a d ív id a " (V. 27).

Assim Deus a g e . P erdoa aos q u e n a d a fiz e ra m p a ra m e re c ê -lo . A g ra c ia pessoas q u e n ã o p o d e m re trib u ir. Por isso, em nossa p a rá b o la , o d e v e d o r p o d e re v iv e r. Está liv re d o peso d a d ív id a . Livre das m a lh a s d e d e p e n d ê n c ia . A g o ra p o d e re s p ira r liv re m e n te . Pode o rg a n iz a r sua v id a , sem te m e r a in tro m is s ã o d o d o n o d o d in h e iro . Isso é v id a com a le g r ia e esperança . " V id a a b u n d a n te " , c o n fo rm e as p a la vra s d e Jesus. E xata­ m e n te isso d e v e ria ser o a lv o e s e n tid o d e re a l (v e rd a d e ira ) a ju d a p a ra o d e s e n v o lv im e n to . T a lve z vocês d irã o : isso é u tó p ic o e -p e d a g o g ic a m e n te in v iá v e l (im p o s s ív e l)!

Jesus c o n ta essa p a rá b o la n u m a situ a çã o , em q u e c re d o re s c o n ­ vocam os re sp e ctivo s c re d o re s p a ra o p a g a m e n to d e suas d ív id a s , a p e s a r de eles m esm os v iv e re m d o p e rd ã o .

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Dessa fo rm a a n u n c ia o ju íz o sobre essa nossa se lv a g e m re a lid a ­ de :

"Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus consei;- vos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe im plorava: Sê paciente com igo e te pa­ garei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na pri­ são, até que saldasse a d ív id a ". (Vv. 28-30).

T a lve z te n h a m o s o m e sm o s e n tim e n to : Isso é u m a v e rg o n h a ! Esse m a la n d ro , b e n e fic ia d o com o p e rd ã o d e sua d ív id a d e m ilh õ e s , n ã o está disp o sto a p e rd o a r a p e q u e n a q u a n tia d o seu conservo. Estamos fru s tra ­ dos! S entim os ra iv a ! Isso nos in c o m o d a !!

P orém , e x a ta m e n te essa é nossa re a lid a d e . De m in h a p ró p ria e x ­ p e riê n c ia sei q u e , n u m país, d e te rm in a d o p o r leis e c rité rio s d o c a p ita lis ­ m o s e lv a g e m , o d in h e iro in v e s tid o te m q u e tra z e r re to rn o . A ló g ic a d o sistem a c a p ita lis ta é: c a p ita l in v e s tid o te m q u e ser m u ltip lic a d o às custas d e m ilh õ e s d e pessoas.

M as a in d a a c o n te c e m m ila g re s . De m a n e ira crescente p e q u e n o s a g ric u lto re s , os s e m -te rra e o p e rá rio s se u n e m e se o rg a n iz a m e m asso­ ciações e sindicato s. Em c o n ju n to lê é m e in te rp re ta m a B íb liò à luz da re a lid a d e c o n cre ta e v iv e n c ia l. Na le itu ra d a B íb lia c.escobrem q u e Deus n ã o q u e r q u e a lg u é m passe fo m e , q u e pessoas se ja m e x p lo ra d a s e es­ cravizadas. Em Jesus C risto, q u e se to rn o u p o b re e "a s s u m iu a fo rm a de s e rv o " (Fp. 2,7), d e sco b re m o Deus q u e se co lo c a a o la d o dos sem te rra , sem m o ra d ia e sem acesso à e d u c a ç ã o .

Em Jesus C risto d e s c o b re m o irm ã o , a irm ã , o (a ) a m ig o (a ) s o lid á ­ rio com os pobres. Por te r p ro n u n c ia d o na Páscoa a ú ltim a p a la v ra sobre a in ju s tiç a e o p o d e r d a m o rte , re n o v a m a sua e sp e ra n ça e se o rg a n iz a m em m o v im e n to s asso cia tivo s e sin d ic a lis ta s p a ra lu ta r p o r sinais concretos d e um a v id a m ais justa e d ig n a .

Tal s o lid a rie d a d e ta m b é m c a ra c te riz a os conservos nessa p a rá b o ­ la. A li é d ito :

"V endo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se m uito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera". (V. 31).

Os conservos e s p e ra m d o seu S enhor um a decisã o . De q u e la d o se c o lo ca rá ? A o lo d o d o d e v e d o r p o d e ro s o e in co m p a ssivo ou a o la d o d o p e q u e n o , in s ig n ific a n te e fra c o ? De q u e la d o nós e sta ría m o s? S ejam os

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honestos! N ã o p re fe rim o s estar a o la d o d o in flu e n te , in te lig e n te e g ra n ­ d e ? A h is tó ria d a ig re ja a te sta p a ra o fa to d e q u e p o r te m p o lo n g o d e ­ m ais e stive m o s desse la d o .

T o d a v ia , e m nossa e s tó ria , o S enhor to m a p a rtid o em fa v o r d o p e ­ q u e n o e in s ig n ific a n te c o n tra o p o d e ro s o e incom passivo d e v e d o r. Pois assim está escrito :

"Então o seu Senhor, chamando-o, lhe disse: Servo m alvado, perdoei-te aquela d ívid a toda porque me suplicaste: não de­ vias tu, igualm ente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu se­ nhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a d ív i­ d a ". (Vv. 32-34).

É p a la v ra d u ra , p a la v ra d e ju íz o sobre a q u e le q u e v iv e e x c lu s iv a ­ m e n te d o p e rd ã o im e re c id o d o seu S enhor, mas n ã o está disposto a vi- v e n c ia r esse p e rd ã o e re p a rtir p e rd ã o im e re c id o . N o co n te x to d a a tu a l si­ tu a ç ã o m u n d ia l, o te xto m e fo rç a a p e rg u n ta r: N ã o p o d e ser um a p a la v ra d u ra d e ju íz o sobre p ovos e ig re ja s , q u e tã o so m e n te v iv e m da g ra ç a in ­ c o n d ic io n a l, m as n ã o e stã o dispostas a p e rd o a r as injustas d ív id a s d e p a í­ ses e m p o b re c id o s , ou se ja , re iv in d ic a r o p e rd ã o d e suas d ív id a s ? Jesus d iz aos seus d iscíp u lo s e a nós, sua ig re ja :

"Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntim o não per­ doardes cada um a seu irm ã o " (V. 35).

Q u a l a c o n trib u iç ã o desse te x to p a ra a nossa busca p o r um c o n c e i­ to d e a ju d a p a ra o d e s e n v o lv im e n to e m países d o 3o M u n d o ?

3. O Texto Questiona e Desafia:

3.1. A própria IECLB:

O v. 35, sem d ú v id a , la n ç a in ic ia lm e n te p e rg u n ta s a m im c o m o m e m b ro d a IECLB. P erce b o -m e c o m o d e v e d o r fra c o , in d ig n o d o p e rd ã o . S into q u e o e x e rc íc io e a v iv ê n c ia c o n c re ta dessa re a lid a d e .d e p e rd ã o n ã o é n a d a fá c il. N ão há c o m o n e g a r q u e , d u ra n te m u ito te m p o e re n o - v a d a m e n te , assum im os c o m o IECLB o p a p e l d o cre d o r in co m p a ssivo . A in ­ da m ais n u m sistem a c a p ita lis ta s e lv a g e m , com sua é tic a d o lu cro a q u a l­ q u e r custo, o n d e tu d o te m q u e ser p a g o e n a d a é d e g ra ç a , o n d e o

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ho-m eho-m só v a le p e lo q u e p ro d u z, fa z , c o ho-m p ra e v e n d e e n ã o p e lo q u e é co­ m o pessoa h u m a n a , c ria tiv a à im a g e m d e Deus, a p rá tic a d o p e rd ã o é e scânda lo.

A trá s d e p o rta s fe c h a d a s p a ra o p o v o , c o m o d iz C arlos Mester? e s m e ra m o -n o s em discussões te o ló g ic a s e na e la b o ra ç ã o d o g m á tic a d c d o u trin a d o p e rd ã o , ju s tific a ç ã o p o r g ra ç a e fé . N o e n ta n to , ta m b é m c a ­ la m o s q u a n d o os servos e ra m jo g a d o s na p ris ã o , q u a n d o a n a çã o era in e s c ru p u lo s a m e n te e n tre g u e aos interesses g a n a n c io s o s dos países d e ­ s e n vo lvid o s. Por te m p o lo n g o d e m a is a Ig re ja assu m iu a p o stu ra d o servo incom passivo .

E interessan te c o n sta ta r q u e o processo d a IECLB no a ssu m ir a sua re s p o n s a b ilid a d e s o c ia l, p o lític a e e c o n ô m ic a e m solo b ra s ile iro , se d e u m u ito d e fo ra p a ra d e n tro . Fatos e a c o n te c im e n to s h istó rico s lo n g e d e la , a ju d a v a m na sua in te g ra ç ã o na s itu a ç ã o d e s o frim e n to d o p o v o b ra s ile i­ ro e na a v a lia ç ã o d a sua ta re fa , e m c o n fro n to co m o E va n g e lh o .

Nesse s e n tid o , le m b ro d o is a c o n te c im e n to s s ig n ific a tiv a s p a ra o ser Ig re ja d e Jesus C risto no B rasil:

3.1.1. A 2 a G u e rra M u n d ia l e c o n s e q ü e n te p ro ib iç ã o da lín g u a a le m ã nas C o m u n id a d e s d a IECLB, fo rç o u -n o s a c o rta r p a rte d o c o rd ã o u m b ilic a l com a Ig re ja d a A le m a n h a e m te rm o s d e re fle x ã o te o ló g ic a e m o d e lo d e Ig re ja . C o n s e q ü ê n c ia in e v itá v e l d a s o b re v iv ê n c ia da nossa Ig re ja no Brasil e sua m a io r in te g ra ç ã o n o c o n te x to , fo i a c ria ç ã o , em 1947, d e um a Escola d e T e o lo g ia , v is a n d o fo rm a ç ã o te o ló g ic a p ró p ria . Penso q u e a q u i c a b e a p e rg u n ta : o q u e s ig n ific a a ju d a p a ra o d e ­ s e n v o lv im e n to d ia n te d a re a lid a d e d e ig re ja s d o 3 o M u n d o q u e a in d a d e p e n d e m te o lo g ic a m e n te das ig re ja s e m países d e s e n v o lv id o s ? C o m o e s tim u la r e a p o ia r a fo rm a ç ã o te o ló g ic a a u tó c to n e , v is a n d o " s e lf- r e lia n t d e v e lo p m e n t" em Ig re ja s d o 3o M u n d o ?

3.1.2. Por m ais e stra n h o q u e p a re ç a , v e rd a d e é q u e a tra n s fe rê n ­ cia da A sse m b lé ia G e ra l d a FLM d e Porto A le g re p a ra Evian e m 1970, c o n trib u iu em m u ito p a ra um a to m a d a d e p o siçã o d a IECLB no q u e ta n g e a o seu e n v o lv im e n to social. A a rg u m e n ta ç ã o d e q u e o G o v e rn o M ilita r da é p o ca não o fe re c ia c o n d içõ e s d e s e g u ra n ç a e q u e a A s s e m b lé ia n ã o p o d e ria co m p a c tu a r com um re g im e m ilita r re sp o n sá ve l p o r v io lê n c ia , in ju s tiç a social e v io la ç ã o dos d ire ito s h u m a n o s , fo rç o u a d ire ç ã o d a Ig re ­ ja a e x a m in a r o seu ser Ig re ja , seu te s te m u n h o e sua re s p o n s a b ilid a d e social e p o lític a nesse c o n te x to .

E xp e rim e n ta m o s q u e , na m e d id a e m q u e a v a n ç a m o s na c o n te x - fu a liz a ç ã o d o nosso ser Ig re ja , fo i ta m b é m s u rg in d o um la b o r te o ló g ic o

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p ró p rio . Um 10 s in a l, nesse s e n tid o , fo i o D o cu m e n to d e C u ritib a de 1970: "N ossa re s p o n s a b ilid a d e S o c ia l".

Esse d o c u m e n to e s p e lh a , e m term os d e a u to -c rític a , a co n fissã o de cu lp a d ia n te d a to rtu ra , d a fo m e , m iséria, e n fim , d a to ta l v io la ç ã o de d ire ito s h u m a n o s p o r p a rte d o e n tã o re g im e m ilita r. A o m esm o te m p o , p o ré m , d e s a fia p a ra a c o lo c a ç ã o d e sinais concretos d e salvação, lib e rta ­ ção in d iv id u a l e e s tru tu ra l.

S im u lta n e a m e n te a essas pressões e xte rn a s, a p ró p ria re a lid a d e de c é le re e m p o b re c im e n to d o p o v o b ra s ile iro , d e m a n e ira expressiva do ca m p e sin a to , d e n tre os q u a is m u ito s lu te ra n o s, fo rç o u , d e b a ix o p a ra c i­ m a, u m a to m a d a de posições m a is p o p u la re s p o r p a rte d a IECLB. A g o ra são os p ró p rio s lu te ra n o s q u e , e m m e io à re a lid a d e s o frid a , e x ig e m um a Ig re ja m ais e n g a ja d a e a tiv a . A lia d o a isso, a nossa Ig re ja fo i p e rc e b e n ­ d o q u e so zin h a seu a n s e io p o r " p ã o nosso d e c a d a d ia " p a ra to d o o p o vo era a p e n a s um sonho. Por isso passou ca d a v e z m ais, a e n g a ja r-s e ecu- m e n ic a m e n te com outras ig re ja s , ju n to aos m o v im e n to s p o p u la re s n a lu ­ ta p e la c o n c re tiza çã o d e p a z co m justiça, ou seja, d e "a s s im na te rra co­ m o no c é u ".

Tal processo d e c o n s c ie n tiz a ç ã o d e se n c a d e o u crescentes to m a d a s de posições d a IECLB e m seu c o n te x to e s p e c ífic o . Por e x e m p lo , sob o te ­ m a d o a n o d e 1982: "T e rra d e Deus — Terra p a ra to d o s ", a IECLB, a n ív e l d e d ire ç ã o e c o m u n id a d e s , re iv in d ic o u a R e fo rm a A g rá ria , q u e p e rm a ­ nece sendo o m a io r a n s e io d a p o p u la ç ã o b ra s ile ira .

Da m esm a fo rm a p ro c u ro u id e n tific a r-s e com as re iv in d ic a ç õ e s do p o vo b ra s ile iro p o r um a e d u c a ç ã o m ais lib e rta d o ra , c o lo ca n d o -se em 1985, sob o te m a : "E d u ca çã o — C o m p ro m isso com a v e rd a d e e a v id a " .

Em m e n sa g e m d e N a ta l d e 1983, a D ire çã o d a Ig re ja , c o n c la m o u todas as suas c o m u n id a d e s lu te ra n a s ...:

" A fé nos desafia a vermos na estrebaria, na cruz e no sepulcro vazio, os sinais da oferta de Deus para o mundo e hum anidade, o seu plano de vida para todos os seres humanos. A fé nos con­ duz à esperança e à certeza de que não a violência, a explora­ ção, a com petição, o consumo de sm e d id o /o individualism o e o egoísmo haverão de ser vitoriosos. Em Cristo, Deus propõe um outro cam inho: o do am or a Deus e de amor ao próximo. Assim, ao verificarm os a situação econômica e social do nosso País e de,sua gente, que como os dem ais países e povos subdesenvol­ vidos sofrem as conseqüências de uma política internacional que favorece aos grandes e aos ricos, entendemos que a estre­ baria e a cruz de Cristo as questionam e não lhes concedem es­ perança".

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A le g ra -n o s , p o rta n to , essa co n sta ta çã o d e q u e d e m a n e ira cres­ cente a IECLB está se c o n s c ie n tiz a n d o da n e ce ssid a d e d e d e s m a n te la r e a ju d a r a tra n s fo rm a r e struturas g e ra d o ra s d e d e p e n d ê n c ia , in ju s tiç a e m iséria.

Nesse s e n tid o , o D o cu m e n to d e F lo ria n ó p o lis d e 1984, sob o títu lo : "D ire triz e s e C rité rio s p a ra Projetos de D e s e n v o lv im e n to com A u x ílio d o E x te rio r", se p o s ic io n a c ritic a m e n te d ia n te d e p ro je to s p a te rn a lis ta s e as- sistencialistas. C ito o p re â m b u lo desse d o c u m e n to :

"O s projetos para desenvolvim ento não odem ser considera­ dos como esmolas aos m arginalizados, aos oprim idos e, em ge­ ral, ao povo empobrecido. Pois, se assim fossem, estariam con­ tribuindo para a perpetuação da dependência. Os projetos de­ verão alicerçar-se em decisões e prioridades do povo em pobre­ cido que vai se organizando, possibilitando constante liberta­ ção e superação de estruturas injustas".

N o q u e d iz re s p e ito a o re la c io n a m e n to d a IECLB co m Ig re ja s co­ irm ãs, e s p e c ia lm e n te lu te ra n a s, o d o c u m e n to "P rin c íp io s d e C o o p e ra ç ã o In te r-E cle siá stica ", a p ro v a d o na R eun iã o d o C o n s e lh o D ire to r e m C u ritib a (0 3 /8 8 ), p o sicio n a -se c o n tra re la ç õ e s u n ila te ra is . R e iv in d ic a re la ç õ e s de p a rc e ria a u tê n tic a e ig u a litá ria , v is a n d o um in te rc a m b ia r e x p e riê n c ia s m issio n á ria s e um c o m p a rtilh a r re c íp ro c o d e recursos h u m a n o s e m a te ­ riais. Isso está a s se g u rá d o na tese 5:

"nesse espírito, a IECLB, deve ter a liberdade de oferecer es­ pontaneam ente seus recursos e disponibilidades a outras Igre­ jas; por outro lado, ela também deve ter liberdade de aceitar as ofertas de outras Igrejas e também solicitar expressamente a sua colaboração e participação m issionária".

Assim co m o o c h ile n o P ablo N e ru d a , n o b e l d e lite ra tu ra , ta m b é m nós lu te ra n o s d e v e ría m o s s a b e r q u e , p a ra c a m in h a n te s , " n ã o há c a m i­ nh o p ro n to . O c a m in h o se fa z e n q u a n to c a m in h a m o s ".

A in d a n ã o sabem os a o ce rto p a ra o n d e esse processo to d o vai nos le va r. Tem os m u ito a a p re n d e r. M as a g o ra já sabem os q u e nossos olh o s, o u vid o s e bocas n ã o p o d e m m ais se fe c h a r à voz d e Deus e a o c la m o r d o nosso p o vo , q u e já assusta a n o ite e seus p o d e re s d e m o rte .

3.2. A Com issão de Serviço M undial

A p a rtir dessa c a m in h a d a da IECLB e, d a re le itu ra d a p a rá b o la em questão , p e rm ita m -m e le v a n ta r a lg u m a s co n sid e ra çõ e s c rítica s com res­

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p e ito ao tra b a lh o da nossa C om issão e da p ró p ria FLM re fe re n te a p ro je ­ tos de d e s e n v o lv im e n to .

3.2.1. A nossa c o m issã o te m co m o ta re fa : " d e m aneira esp e cia l fo rtific a r a re s p o n s a b ilid a d e s o c ia l-c ris tã com o o b je tiv o d e a ta c a r na raiz, a in ju s tiç a social e e c o n ô m ic a ". A nossa p rá tica re a lm e n te corres­ p o n d e à essa ta re fa d e ta l m a n e ira q u e em nossas decisões levam os s u fi­ c ie n te m e n te e m c o n s id e ra ç ã o o c o n flito N orte-S ul?

3 .2.2. Em nossas d e cisõ e s e p ro je to s estam os sim p le sm e n te sendo cre d o re s in co m p a ssivo s q u e q u e re m a to d o custo a lg u m tip o d e p a g a ­ m e n to ou va n ta g e n s? O u já o u sa m o s in ic ia r passos n u m a c a m in h a d a de d iá lo g o e troca d e e x p e riê n c ia s , se n d o assim conservos q u e lutam p o r re ­ lações ig u a litá ria s , se ja n o â m b ito d a s igrejas, seja e n tre as nações?

3 .2.3. Estamos te n d o o lh o s a u to -c rític o s q u e p e rce b e m qu e a p o ­ breza, m is é ria e d e p e n d ê n c ia dos países d o 3o M u n d o se p e rp e tu a ra m e a u m e n ta ra m a ssu s ta d o ra m e n te a p e s a r d e todos os p ro je to s "a s s im c h a ­ m a d o s " d e d e s e n v o lv im e n to ? E se n ã o pe rce b e m o s isso, não será ta m ­ b é m p o rq u e e m nossos c rité rio s d e a v a lia ç ã o a in d a v ig o ra m os n úm eros, sucessos im e d ia to s e n ã o o processo d e conscientização e a u to ­ d e te rm in a ç ã o dos "s e rv o s d e v e d o re s "?

3.2 .4 . Será q u e te m o s c o n s c iê n c ia d e q u e o d e s e n v o lv im e n to n ã o se fa z m ais e x p o rta n d o ou im p o n d o te c n o lo g ia s e K now how 's? Q u e n ã o pre cisa m o s ser p re te n cio so s e m q u e re r e n s in a r os outros a pescar?

N o d iá lo g o com os p o vo s d o Sul a p re n d e m o s q u e d e s e n v o lv im e n ­ to se co n c re tiz a na tro c a d e saberes. Entre outras coisas, isso s ig n ific a , o p o rtu n iz a r e v a lo riz a r e x p e riê n c ia s c o m u n itá ria s e te cn o lo g ia s a u tó c to ­ nes e c o n te xtu a is. Isso te m c o m o co n s e q ü ê n c ia q u e os peixes pescados p o d e m ser co n su m id o s p e lo s re sp e c tiv o s povos pescadores. Pois, co m o d iz J ú lio S antana , " o a lv o n ã o é p ro d u z ir m ais, p a ra ter m ais, mas e m p e n h a r-s e p a ra ser m a is " 2.

3.2.5. Em sum a: Será q u e som os s u fic ie n te m e n te libertos d a te n ta ­ ç ã o d e m a n ip u la r e im p o r nossos c rité rio s e co n d içõ e s às Igrejas e Países o n d e a p o ia m o s p ro je to s d e d e s e n v o lv im e n to ?

N ã o co rre m o s o risco d e ta m b é m c o n trib u ir com nossa a ju d a a m a n te r a situ a çã o d e d e p e n d ê n c ia e c o n ô m ic a in te rn a c io n a l, na m e d id a em q u e a ju d a m o s a c a p a c ita r p o vo s e g ru p o s p a ra q u e venham a p a g a r suas d ív id a s , ao invés d e p ro c u ra rm o s ro m p e r com a estrutura d o cre d o r e d e v e d o r?

2 — J u lio d e Santa A n a : S o lid a ritä t z w is c h e n N o rd un d Süd. In: Ev a n ge lisch e K om m entare, a n o IV, |u lh o de 1986, n ° 7, p. 404.

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Nesse se n tid o , nossos p ro je to s d e v e ria m visar s e m p re a tra n s fo r­ m a çã o de estruturas s ó c io -e c o n ô m ic a s e p o lític a s injustas e opressoras e n ã o a m e ra so lu çã o assistencia lista e m a n u te n ç ã o d o status q u o eclesiás­ tico e e c o n ô m ic o .

3.3. A Federação Luterana M undial (FLM)

A p a rtir da IECLB só p o d e m o s m a n ife s ta r nossa a le g ria e a p o io a o processo d e re a v a lia ç ã o e re e s tru tu ra ç ã o d a FLM. Essa p ro c u ra p o r um a d e fin iç ã o m ais c la ra d a p ró p ria FLM é d e te rm in a d a , e n tre o u tra s coisas, p o r e x p e c ta tiv a s d e re a l c o m u n h ã o e n tre as ig re ja s lu te ra n a s a tra v é s d o m u n d o , a te n ç ã o m a io r às co n trir uições q u e p o d e m v ir das ig re ja s d o Ter­ c e iro M u n d o , d im in u iç ã o de b u ro c ra c ia e ra c io n a liz a ç ã o d e recursos f i ­ n a n ce iro s. O rg u lh o so s e esperançosos estam os nos p re p a ra n d o n o Brasil p a ra s e d ia r e p a rtic ip a r d a 8a A s s e m b lé ia G e ra l3. E q u e o E spírito Santo sopre e p e rm ita o b ro ta r d e um a F e d e ra çã o Luterana m a is s o lid á ria com o C risto c ru c ific a d o , na m a rg e m d o m u n d o .

M o tiv a d o s p o r nossa p ró p ria e x p e riê n c ia d e cre sce n te e n v o lv i­ m e n to s o cia l, d e c o rre n te d o m a n d a to e v a n g é lic o , a rrisca m o s ta m b é m a q u i le v a n ta r a lg u n s d e sa fio s:

3 .3.1. Se a FLM re a lm e n te q u e r, p o r causa d o E v a n g e lh o e n c a rn a ­ d o , estar a o la d o dos “ servos d e v e d o re s ", o q u e está fa z e n d o , nesse sen­ tid o , p a ra c o n s c ie n tiz a r as ig re ja s d o I o M u n d o , q u e p o r ta n to s anos v i­ ra m as ig re ja s p o b re s d o 3o M u n d o c o m o c a m p o d e m issão?

3 .3 .2 . Por o u tro la d o , q u e passos concretos e stã o se n d o d a d o s a fim d e q u e as e x p e riê n c ia s d e re le itu ra d a c o n fe s s io n a lid a d e lu te ra n a e m te rra s e m p o b re c id a s , possam a lim e n ta r a p ró p ria e c le s io lo g ia vis ív e l a tra v é s d o tra b a lh o e d a a çã o d a Federação?

3.3.3. " A ju s tific a ç ã o p o r g ra ç a e f é " nos im p u ls io n a à p rá tic a co n cre ta d a lib e rta ç ã o . N o e n ta n to , m u ita s vezes, fa c ilm e n te nos p e rd e ­ m os e m a tiv is m o s e "b o a s o b ra s ", e s q u e c e n d o -n o s da n e ce ssid a d e v ita l d e c e le b ra ç ã o e v iv ê n c ia d e e s p iritu a lid a d e lib e rta d o ra . S abem os q u e é fu n d a m e n ta l p a ra a c a m in h a d a de lib e rta ç ã o q u e as nossas tra d iç õ e s de fé se ja m re cria d a s e re a tu a liz a d a s a p a rtir dos d e s a fio s c o n te m p o râ n e o s .

A té q u e p o n to a Federação Luterana M u n d ia l v a lo riz a e a n im a as ig re ja s -m e m b ra s a c ria re m m a n ife s ta ç õ e s litú rg ic a s a u tó c to n e s , v a lo ri­ z a n d o e V eiculan do-as?

3 - De 7 em 7 anos a F e deração Luterana M u n d ia l re a liz a a sua A s s e m b lé ia G e ra l. C o u b e à IECLB a h o n ra de se d ia r essa 8 a A sse m b lé ia . R ea liza r-se -á em C u ritib a , nos d ia s 30/01 — 0 6 /0 2 de 1990. com a p resença de d e le g a d o s (a s ) das 107 Ig re ja s Luteranas filia d a s à FLM.

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3.3.4. F in a lm e n te a in d a m e re c e ser s u b lin h a d o um aspecto cru cia i d o nosso tra b a lh o : Em q u e m e d id a a FLM está consciente de sua ta re fa

p ro fé tic a e d o p o d e r de in flu ê n c ia q u e p o d e ria e d e v e ria exercer, m o r­ m e n te ju n to à Igrejas e G o ve rn o s d e países d e se n vo lvid o s que, m uitas vezes, p e rp e tu a m m e n ta lid a d e s e e struturas im parcialista s?

C abe a nós ig re ja s -m e m b ra s , p re ssio n a r e a p o ia r a FLM nessa bus­ ca p o r um a postura p ro fé tic a m ais firm e e corajosa.

Dessa m a n e ira nos a p ro x im a m o s m ais d o je ito d e ser e a g ir dos " c o n s e rv o s " e n ã o dos cre d o re s in co m p a ssivo s d a nossa p a rá b o la .

4. Vislum brando Caminhos

O te x to nos a n im o u p e la b o n d a d e d e Deus. Essa m a n ife sta çã o de g ra ç a g e n u ín a nos p e rm ite , s e m p re d e n o v o , re c o m e ç a r e re d im e n s io n a r nossas vidas. Essa b o n d a d e ta m b é m q u e s tio n o u nossa p o stu ra com re la ­ ção à g rita n te in ju stiça e e x p lo ra ç ã o v iv id a 24 horas p o r d ia pelos povos d o 3o M u n d o .

"N ã o devias tu, igualm ente, compadecer-te do teu conservo, como também em me compadeci de ti? " (V. 33).

Assim a b o n d a d e e a m is e ric ó rd ia d e Deus nos d e s a fia m a n ã o c o m p a c tu a rm o s com essa s itu a ç ã o d e d e s u m a n iz a ç ã o . Im p u lsio n a m -n o s a buscar, em m u tirã o , a s u p e ra ç ã o dessa c a la m id a d e , a tra vé s da c o n cre ­ tiz a ç ã o d e re la c io n a m e n to s e e stru tu ra s ig u a litá ria s .

Nesse se n tid o , arrisco d iz e r q u e as s e g u in te s d ire triz e s d e v e ria m n o rte a r o nosso tra b a lh o na C om issão d e S erviço M u n d ia l e na p ró p ria F e d e ra çã o L u terana M u n d ia l:

4.1. S om ente a p o ia r p ro je to s no 3 o M u n d o q u e e x p lic ita e c la ra ­ m e n te a ta ca m as causas d a in ju s tiç a so c ia l e q u e d e s e n c a d e ia m , assim, um processo d e lib e rta ç ã o q u e a n e la " s e lf re lia n t d e v e lo p m e n t". Q ue as d ecisões e os c rité rio s d e a v a lia ç ã o desses p ro je to s e ste ja m ta m b é m nas m ãos d o p o vo e m p o b re c id o .

Nesse c o n te x to se fa z n e ce ssá ria u m m a io r in te rc â m b io de e x p e ­ riê n c ia s e te c n o lo g ia s a lte rn a tiv a s e n tre m o v im e n to s p o p u la re s , ig re ja s e p o vo s d o h e m is fé rio sul.

4.2. Lutar nos países e ig re ja s d o 1 ° M u n d o p o r um a co n scie n tiza ­ çã o lib e rta d o ra com vistas à c ria ç ã o d e u m a n o v a o rd e m s o c ia l-p o lític a e

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e c o n ô m ic a m u n d ia l e m q u e todos seja m o s "c o n s e rv o s " e n ã o m ais “ c re ­ d o re s " e " d e v e d o re s " .

4.3. A ju d a p a ra o d e s e n v o lv im e n to só te rá s e n tid o , na m e d id a em q u e e la v ia b iliz a c a m in h o s p a ra re s o lv e r e e s ta g n a r a e sca la d a d e e n d i­ v id a m e n to e x te rn o . Isso v a le p a ra os países e ig re ja s d o a d o ra s , b e m co­ m o p a ra as re ce b e d o ra s. A fin a l a o pressão nos d e s u m a n iz a a todos.

4.4. Penso q u e se rviço d e d e s e n v o lv im e n to q u e n ã o se o rie n ta p o r essas d ire triz e s , tra i a sua p ró p ria causa, a Deus e a o p o v o e, e m ú ltim a a n á lis e , p e rp e tu a d e p e n d ê n c ia , status q u o , m o rte .

M as a g ra ça d e Deus nos d á a ce rte za d e q u e , c o m o p o e tiz a Fer- re ia G u lla r:

"C om o dois e dois são quatro, sabemos que a vida vale à pena. Embora o pão seja caro e a liberdade peque na".

Por lu ta rm o s p e lo p ã o e a lib e rd a d e , som os s o lid á rio s com o so­ n h o d a c o m u n id a d e d e Isaías:

"N ã o trabalharão debalde nem terão filhos para a calam idade... Eles edificarão casas e nelas habitarão; planta­ rão vinhas e comerão o seu fru to " (Isaías 65, 23a e 21).

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