• Nenhum resultado encontrado

Avaliação de riscos para o trabalho rural por meio de análise multicritério

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação de riscos para o trabalho rural por meio de análise multicritério"

Copied!
117
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MOISÉS BARBOSA JUNIOR

AVALIAÇÃO DE RISCOS PARA O TRABALHO RURAL POR MEIO

DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO

DISSERTAÇÃO

PONTA GROSSA 2020

(2)

MOISÉS BARBOSA JUNIOR

AVALIAÇÃO DE RISCOS PARA O TRABALHO RURAL POR MEIO

DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção

Orientador: Prof. Dr. Flávio Trojan

PONTA GROSSA 2020

(3)

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa n.65/20

Elson Heraldo Ribeiro Junior. CRB-9/1413. 17/09/2020. B238 Barbosa Junior, Moisés

Avaliação de riscos para o trabalho rural por meio de análise multicritério. / Moisés Barbosa Junior, 2020.

115 f.; il. 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Trojan

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020.

1. Trabalhadores rurais. 2. Agricultura. 3. Avaliação de riscos. 4. Medicina do trabalho. 5. Processo decisório por critério múltiplo. I. Trojan, Flávio. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. III. Título.

(4)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa

Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título da Dissertação Nº 357/2020

AVALIAÇÃO DE RISCOS PARA O TRABALHO RURAL POR MEIO DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO

por

Moisés Barbosa Junior

Esta dissertação foi apresentada às 10 horas de 07 de agosto de 2020 como requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, com área de concentração em Gestão Industrial, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Dr. Antonio Vanderley Herrero Sola

(UTFPR) Prof. Dra. Augusta Pelinski Raiher (UFSCAR)

Prof. Dr. Antonio Carlos de Francisco

(UTFPR) Prof. Dr. Flavio Trojan (UTFPR) - Orientador e presidente da banca

Prof. Dr. Cassiano Moro Piekarski Coordenador do PPGEP – Doutorado

(5)

AGRADECIMENTOS

Inicio agradecendo ao meu orientador, professor Dr. Flávio Trojan, por aceitar me orientar e, mesmo com tantos percalços, conseguiu me ajudar a finalizar esta pesquisa. Muito obrigado.

Agradeço aos trabalhadores rurais que me motivam a continuar a pesquisa e foram prestativos na participação para responder o questionário. Espero poder continuar contribuindo para a promoção da saúde dessa classe.

Aos colegas do laboratório LESP, deixo meu muito obrigado pelos bons momentos que tivemos durante o mestrado. Em especial, gostaria de destacar algumas pessoas: Eliane, mon amie Jolie, que me estendeu a mão e me deu forças pra continuar. Gratidão, pastora! Você foi essencial para que eu continuasse no mestrado e tua luz contagia. Carlinha, que é debochada e dona de uma inteligência emocional que me motivou a cada momento. Professor Antonio Carlos de Francisco, que me fez aprender a lidar com o “não” e foi o primeiro a acreditar na minha pesquisa com os trabalhadores rurais. E a todos os demais que me ajudaram de alguma forma.

À doutora Angélica, que transformou as angústias em felicidade e a todo momento se fez presente e não tem noção da magnitude de sua ajuda e como foi importante pra mim, Kekinha, baby, você é incrível.

À UTFPR, minha segunda casa, que eu levo nos pensamentos e tenho a imensa gratidão em fazer parte da história. Toda a estrutura de uma universidade pública e de qualidade formam bons profissionais. Que continue sempre assim.

À minha família, em especial às três mulheres da minha vida: minha mãe Edna (in

memoriam), minha irmã Ketly e minha sobrinha Clarice. Muito obrigado, lindas.

Aos professores Dr. Antonio Carlos de Francisco, Dr. Antonio Vanderley Herrero Sola e Dra. Augusta Pelinski Raiher pela participação na composição da banca.

A todos que estiveram envolvidos de alguma forma na pesquisa, se por acaso eu me esqueci de citar, saibam que sou muito grato.

(6)

RESUMO

BARBOSA JUNIOR, Moisés. Avaliação de riscos para o trabalho rural por meio

de análise multicritério. 2020. 115 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de

Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2020.

Trabalhadores que desempenham atividades rurais estão expostos a riscos de natureza física, química, ergonômica, psicossocial ou biológica. A exposição ao risco ocasiona consequências adversas à saúde do trabalhador rural e pode ocasionar doenças, lesões ou até a morte. Neste contexto, os estudos publicados na literatura científica até então, não apresentam claramente análises minuciosas sobre qual risco cada consequência pode estar associada, haja vista que doenças respiratórias foram em estudos mais recentes previamente associadas à riscos químicos e biológicos, sem nenhuma investigação mais aprofundada. Assumindo que as consequências dos riscos devem ser avaliadas e a causa efetiva deve ser investigada, esta pesquisa tem o propósito avaliar quais são os fatores de exposição aos riscos mais recorrentes no trabalho rural estão associados às consequências e de que maneira. Para atingir este objetivo, os critérios e alternativas foram elencados por meio da revisão de literatura. Na metodologia utilizaram-se os métodos AHP para atribuir pesos aos critérios, avaliados por especialistas, enquanto o método PROMETHEE II foi utilizado para ranquear as alternativas por ordem de prioridade. Uma amostra de 30 trabalhadores rurais foi estudada com a aplicação do modelo. Os resultados mostraram que as lesões são as que merecem maior atenção, sendo essa a alternativa que deve ter prioridade no desenvolvimento de medidas de segurança, seguido de problemas de visão e inflamações. O risco ergonômico foi o que esteve mais associado ao surgimento das consequências mais relevantes tais como: ferimentos, lesões, inflamações, dores no corpo, dificuldade para trabalhar, queimaduras e tontura. Por fim, sugere-se que outros métodos multicritério sejam utilizados, bem como amostras em outros setores sejam exploradas, replicando a aplicação do modelo proposto.

Palavras-chave: Trabalhadores rurais. Agricultura. Riscos ocupacionais. Análise

(7)

ABSTRACT

BARBOSA JUNIOR, Moisés. Risk assessment for agricultural work through

multi- criteria analysis. 2020. 116 p. Thesis (Master’s Degree in Production

Engineering) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020.

Agricultural workers are exposed to physical, chemical, ergonomic, psychosocial or biological risks. It has adverse consequences for the health of rural workers and can cause illness, injury or even death. In this context, the studies published in the scientific literature do not clearly present detailed analyzes on which the risk and each consequence may be associated, given that respiratory diseases were in more recent studies previously associated with chemical and biological risks, without any further investigation. Assuming the consequences of risks must be assessed and the effective cause investigated, this research aims to assess what are the factors of exposure to the most recurrent risks in rural working activities associated with the consequences. To achieve this goal, the criteria and alternatives were researched in the literature review. The AHP method was used to assign weights to the criteria, evaluated by specialists, while the PROMETHEE II method was used to rank the alternatives in order of priority. A sample of 30 rural workers was studied with an applying of these methods. The results showed that injuries are the ones that deserve more attention, this being the alternative that should have priority in the development of safety measures, followed by ophthalmologic problems and inflammations. Ergonomic risk was the one that was most associated with the emergence of the most relevant consequences such as: injuries, inflammation, and body pain, difficulty of working, burns and dizziness. Finally, it is suggested that other multi-criteria methods be used, as well as samples in other sectors be explored, replicating the application of this methodology.

Keywords: Agricultural worker. Agriculture. Occupational hazards. Multi-criteria

(8)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Funções V-SHAPE e V-SHAPE I...39

Figura 2 - Fases da pesquisa para construção do modelo...43

Figura 3 - Resultado da busca por artigo...44

Gráfico 1 - Variação nos pesos dos critérios Acidental e Biológico...…70

Gráfico 2 - Variação nos pesos dos critérios Ergonômico e Físico...…71

Gráfico 3 - Variação nos pesos dos critérios Químico e Psicossocial...…72

(9)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais riscos acidentais e autores ... 18

Quadro 2 - Autores, consequências da exposição ao risco e tipo de atividade agrícola ... 22

Quadro 3 - Riscos ergonômicos nos EUA ... 23

Quadro 4 - Principais riscos ergonômicos ... 24

Quadro 5 - principais exposições, consequência e autores ... ...32

Quadro 6 - consequências da exposição à agrotóxicos e autores ... ....33

Quadro 7 - Principais métodos utilizados, autores e tipo de problemática ... ...36

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação entre critérios e alternativas...50

Tabela 2 - Comparação entre os critérios...51

Tabela 3 - Comparações do AHP...51

Tabela 4 - Pesos (avaliações dos especialistas) (método AHP)………....…....….58

Tabela 5 - Pesos (média das avaliações dos especialistas) (método AHP)...59

Tabela 6 - Média das avaliações dos trabalhadores rurais...61

Tabela 7 - Julgamentos normalizados...62

Tabela 8 - Matriz de comparação entre intensidade e ocorrência...64

Tabela 9 - Índices de preferência agregada………....……….…………..…...65

Tabela 10 - Índices positivo e negativo (PROMETHEE I)...66

Tabela 11 - Fluxo líquido (PROMETHEE II)...66

Tabela 12 - Variação dos pesos para análise de sensibilidade ... ...69

(11)

LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

AHP Analytic Hierarchy Process ANP Analytic Network Process

Ci Citações

DEMATEL Decision Making Trial and Evaluation Laboratory DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

ELECTRE ELimination and Choice Expressing REality EPI Equipamento de Proteção Individual

Fi Fator de Impacto

MACBETH

Measuring Attractiveness by a Category Based Evaluation Technique

MCDM Multicriteria Decision Making

OIT Organização Internacional do Trabalho

PROMETHEE Preference Ranking Organization Method for Enriched Evaluation RULA Rapid Upeer Limb Assessment

TOPSIS Technique for Order of Preference by Similarity to Ideal Solution UTA Utilidade Aditiva

UV Ultra Violeta

(12)

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ...11

1.1 OBJETIVOS ...14

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...14

2REVISÃO DE LITERATURA ...16

2.1 RISCOS POR MAQUINÁRIOS E FERRAMENTAS (ACIDENTAIS) ...16

2.2 RISCOS BIOLÓGICOS ...20 2.3 RISCOS ERGONÔMICOS ...23 2.4 RISCOS FÍSICOS ...27 2.4.1Ambiente Térmico ...27 2.4.2Ruídos ...28 2.5 RISCOS PSICOSSOCIAIS ...29 2.6 RISCOS QUÍMICOS ...31

2.6.1Impurezas no Ar (poeira, pós, gases) ...31

2.6.2Agrotóxicos ...33

3TOMADA DE DECISÃO E MODELAGEM MULTICRITÉRIO ...35

3.1 MÉTODO PROMETHEE I E II ...37

3.2 MÉTODO AHP ...40

3.3 TOMADA DE DECISÃO MULTICRITÉRIO E RISCOS OCUPACIONAIS ...40

4METODOLOGIA ...42

4.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ...42

4.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ...44

4.2.1Os critérios de elegibilidade, inclusão e exclusão de artigos ...46

4.2.2Palavras-chave, base de dados e artigos escolhidos ...46

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS E ALTERNATIVAS - FASE 1 ...48

4.4 FASE 2 - DEFINIÇÃO DAS ESCALAS LINGUÍSTICAS ...49

4.5 FASE 3 - COMPARAÇÃO PAR A PAR ...50

4.6 FASE 4 - PESOS E A IMPORTÂNCIA DOS CRITÉRIOS ...52

4.7 FASE 5 - MÉTODO PROMETHEE II ...52

4.8 APLICAÇÃO DO MODELO ...54

4.8.1Amostra ...54

4.8.2Coleta e análise dos dados ...55

5RESULTADOS ...57

6CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES ...75

REFERÊNCIAS ...77

APÊNDICE A ...96

(13)

1 INTRODUÇÃO

O trabalho agrícola é uma atividade que oferece vários riscos ao trabalhador rural em qualquer país no mundo (BHATTARAI et al., 2016), tais como psicológicos e lesões ocupacionais (KEARNEY et al., 2016; CHERCOS; BERHANU, 2017). Esse tipo de atividade tem elevado as ocorrências relativas às mortes e lesões ocupacionais no trabalho (BETHEL; SPECTOR; KRENZ, 2017)

As lesões resultantes do trabalho agrícola são uma das principais causas para mortalidade neste setor, sendo causadas pela carga excessiva de trabalho e por ser um trabalho de natureza física (CHERCOS; BERHANU, 2017).

Devido à exposição a fatores climáticos (frio, calor, umidade, poeira, etc) os trabalhadores estão sujeitos também a riscos para doenças infecciosas toxicológicas e respiratórias. Segundo Hansen e Donohoe (2003), as doenças podem ser infecciosas quando há exposição a fungos; toxicológicas e respiratórias quando há contato com produtos químicos como os agrotóxicos e estresse térmico (altas ou baixas temperaturas).

Os fatores químicos e biológicos não influenciam imediatamente o estado físico do trabalhador, porém podem afetar o estado psicossocial, ocasionar problemas relacionados à saúde mental, e consequentemente reduzir a qualidade de vida e do trabalho (QUANDT et al., 2014; ROCHA et al., 2014).

Os riscos psicossociais possuem características que também aumentam outras consequências relacionadas, tais como pouco cuidado com a saúde ou higienização, má postura, agentes biológicos nocivos e impactos emocionais (como estresse, depressão, discriminação, sentimento de incapacidade) (ROSALES et al., 2012; SWANBERG; CLOUSER; WESTNEAT, 2012; SNIPES; COOPER; SHIPP, 2017; OKYAY; TANIR; AĞAOĞLU, 2018) podendo também afetar as relações fora do ambiente de trabalho (STRONG et al., 2008).

As doenças ocupacionais que afetam os trabalhadores rurais, e que são decorrentes da exposição aos riscos reduzem a presença de trabalhadores na atividade laboral e como consequência econômica, elevam os custos de mão de obra para as empresas (MC DONNELL et al., 2008; KARTTUNEN; RAUTIAINEN, 2009)

A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2010) classificou os riscos do trabalho na agricultura como acidentais, biológicos, ergonômicos, físicos, químicos e psicossociais. Na literatura, as conclusões sobre alguns riscos ainda não são muito

(14)

claras, pois alguns estudos abordam que os riscos para problemas respiratórios, por exemplo, são gerados por apenas uma causa única, ou exposição a agrotóxicos (HERNÁNDEZ et al., 2008) ou fatores biológicos (DUTKIEWICZ; JABLOŃSKI; OLENCHOCK, 1988; DUTKIEWICZ, 2004; DUTKIEWICZ et al., 2011). Isso sugere que não foi desenvolvida ainda uma metodologia para analisar e mensurar várias causas associadas que poderiam gerar outros tipos de riscos.

O mesmo pode ser afirmado em relação aos riscos psicossociais que podem levar à depressão, estresse e suicídio, uma vez que esses riscos foram associados à exposição a agrotóxicos por (FARIA et al., 2014; FREIRE, KOIFMAN, 2012), à falta de apoio ou isolamento social por (BEAUTRAIS, 2018; GREGOIRE, 2002) ou à eventos climáticos por (CARLETON, 2017), identificando que os estudos são normalmente desenvolvidos apenas para cenários específicos e não consideram essas causas inter-relacionadas.

Ao analisar um risco associado apenas a uma causa, ações equivocadas podem ser desencadeadas, uma vez que pode estar correlacionado a outros fatores não considerados de forma abrangente ou integrada.

O bem-estar de trabalhadores rurais deve receber especial atenção pelas empresas do setor, que não podem se limitar apenas à exploração da mão de obra. Isso deve abranger profissionais desde o nível operacional até o estratégico.

Conforme explorado na revisão de literatura, a maioria das pesquisas sobre esse tema não avaliam as possíveis associações dos riscos ocupacionais nas atividades laborais da agricultura. Considerar esses riscos e suas interações identificou-se como uma lacuna importante para que se tenha uma visão global sobre esse tema.

Aspectos relacionados aos problemas destacados pela literatura, como pobreza, difícil acesso à saúde (JUDD et al., 2006; FRASER et al., 2005; HANSEN, DONOHOE, 2003) abuso de poder (SNIPES, COOPER, SHIPP, 2017) desencadeiam riscos de empregabilidade. Assim, também considerando os fatores subjetivos associados a esse tema é preciso avaliar as incertezas associadas às respostas de decisores. E isso pode também facilitar o entendimento dos especialistas para que ações mais eficientes possam ser planejadas.

Portanto, neste trabalho é proposta uma metodologia para ordenação de alternativas baseada em avaliações em critérios importantes para o tema, com o objetivo de reconhecer as maiores consequências enfrentadas pelos trabalhadores

(15)

rurais. Esta análise acerca dos riscos ocupacionais e das consequências ao trabalhador rural permite às organizações, empresas e órgãos públicos reconhecer as necessidades de investimento no trabalho.

Numa das fases da metodologia também será utilizada a análise estatística a fim de identificar as variáveis que são intervenientes e que podem elevar ainda mais os riscos, o que justifica a integração dessas técnicas de avaliação e de análise de dados. As variáveis intervenientes, como sexo, idade, hábitos podem ser avaliadas e analisadas estatisticamente para que sejam identificados os pontos de maior influência dos riscos sobre as consequências.

Por este fato, é proposto um modelo que avalie as condições laborais dos trabalhadores rurais, considerando as particularidades de cada atividade na agricultura, sendo elencadas por meio da revisão de literatura e considerando as diversas variáveis que podem influenciar no surgimento ou elevação dos riscos operacionais e suas consequências.

A construção do modelo busca generalização, por apresentar possíveis soluções para os problemas recorrentes do trabalho rural. Assim, poderia se ajustar automaticamente à realidade do cenário em que está sendo aplicado.

Visto que as pesquisas atuais exploram consequências dos riscos associadas a causas em cenários específicos. Um modelo mais abrangente para detectar a interação entre os riscos ocupacionais, suas causas e consequências é relevante neste contexto, para que medidas eficazes possam ser desenvolvidas a fim de reduzir tais riscos.

Outra lacuna que pode ser destacada é relativa aos métodos utilizados para coleta e análise de dados dos riscos no trabalho rural, onde algumas pesquisas apresentam resultados com vieses, se aplicados em cenários diferentes ao da pesquisa original. Os modelos atualmente desenvolvidos requerem adaptações para avaliar os riscos de maneira mais abrangente no trabalho rural. É comum encontrar trabalhos na literatura que utilizam dados secundários para posterior análise (JAIN et

al., 2018; BESELER et al., 2003; HAWTON et al., 1998;), como exames médicos

(BALAGUIER et al., 2017; HOLMSTRÖM et al., 2008), utilização de questionários padronizados com origem em outras pesquisas, que necessitam de adaptação para o trabalho agrícola (RYLANDER, CARVALHEIRO, 2006; HOLMBERG et al., 2003) e, principalmente, metodologias que dependem de avaliação de especialistas, por se

(16)

tratarem de métodos indiretos (MUÑOZ-QUEZADA et al., 2019; CHERRY et al., 2018; LÓPEZ-ARAGÓN et al., 2018 SPECTOR et al., 2018).

O estudo se justifica e é pertinente para a área da Engenharia de Produção, pois a agricultura é principal pilar para a produção de alimentos no mundo. E, ao utilizar técnicas da Pesquisa Operacional, uma área importante de estudo na Engenharia de Produção, se criam meios de resolver problemas operacionais e ocupacionais dentro do tema.

Por este motivo, o presente trabalho procura responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais riscos podem ser associados entre si e apresentam impactos e consequências, de acordo com a característica de cada atividade agrícola?

1.1 OBJETIVOS

Dentro da problemática exposta, o objetivo geral desta pesquisa é propor um

modelo multicritério para avaliação dos riscos ocupacionais que se associam às consequências aos trabalhadores rurais.

Para que o objetivo geral seja alcançado, os objetivos específicos dão aporte para que isto aconteça. São objetivos específicos desta pesquisa:

I) Definir as alternativas e critérios relacionados com a avaliação dos riscos ocupacionais de trabalhadores rurais por meio da revisão de literatura;

II) Elaborar uma ferramenta (questionário) para avaliar os riscos ocupacionais; III) Aplicar o modelo proposto em um grupo focal;

IV) Ordenar as principais consequências por grau de importância para que melhorias possam ser realizadas.

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está dividida em: Seção 1 - apresenta a introdução do trabalho, contextualizando o trabalho agrícola e os riscos ocupacionais, bem como os objetivos do trabalho e a justificativa da pesquisa; Seção 2 - apresenta a revisão da literatura, destacando os principais riscos ocupacionais; Seção 3 - contextualiza a tomada de decisão, apresenta os métodos PROMETHEE e AHP; Seção 4 - destaca a metodologia utilizada, a classificação da pesquisa, os procedimentos para busca de

(17)

artigos, coleta de dados e a articulação entre os métodos utilizados no trabalho; Seção 5 - apresenta os resultados obtidos com a aplicação da ferramenta proposta nesta pesquisa e discute estes resultados e; Seção 6 - apresenta a conclusão da pesquisa, bem como as limitações e projeções para pesquisas.

(18)

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo são destacados os riscos ocupacionais existentes na atividade agrícola, anteriormente explorados por trabalhos científicos, os quais poderão contribuir para a construção do modelo de avaliação proposto por esta pesquisa.

Há diversos riscos ocupacionais na agricultura, que podem resultar em lesões e impactos negativos aos trabalhadores. Esses malefícios são causados, muitas vezes, por veículos, maquinários, ferramentas, animais, ruídos, vibrações, temperaturas elevadas, substâncias químicas, agentes biológicos, entre outros (OIT, 2010).

No Brasil, a Lei nº 5.889 de 1973 estabelece os padrões e assegura os direitos aos trabalhadores rurais. Na lei, a garantia da saúde ocupacional é registrada e está em consonância com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) (BRASIL, 1973). Ainda, em 2018, a portaria nº 1.086 alterou a Norma Regulamentadora 31 (NR-31), determinando regras para que seja exercido o trabalho agrícola de maneira a ser garantida a saúde dos empregados, principalmente no que tange o uso de agrotóxicos e os cuidados a serem tomados (BRASIL, 2018).

2.1 RISCOS POR MAQUINÁRIOS E FERRAMENTAS (ACIDENTAIS)

Há uma variedade de lesões provenientes de acidentes com maquinário e/ou ferramentas. Essas lesões causadas envolvem cortes, queimaduras, fraturas entre outras consequências. Entretanto, minimizar os riscos não é uma tarefa fácil, pelo fato de que a maioria dos trabalhadores rurais desempenha o trabalho sem a devida supervisão e procuram ajuda médica muito tempo depois que acontece um acidente (OIT, 2010).

Além disso, os trabalhadores rurais podem não ser corretamente orientados em relação ao uso de práticas seguras sendo que, as lesões que impactam na saúde do trabalhador são na maioria decorrentes da falta de informação e/ou treinamento. Porém, investir em tecnologias e treinamentos para aumentar a segurança pode não ser viável pelo fato de que alguns trabalhadores ignoram recomendações, também pelo baixo nível de instrução (BROUCKE; COLÉMONT, 2011; SORENSEN et al., 2016).

(19)

O aumento das taxas de morbidade e de mortalidade no trabalho rural é explicado pelas lesões e acidentes, decorrentes dos elevados riscos oriundos atividade. Por esse motivo, os setores da agricultura que empregam trabalhadores rurais, principalmente com atividades físicas e braçais, vêm sendo citados na literatura a nível global, como atividades com elevados riscos (CHERCOS; BERHANU, 2017).

Apesar de o tema possuir uma relevância mundial, também não existem estudos aprofundados que quantifiquem o número de lesões ocupacionais na agricultura, sejam fatais ou não fatais (COOPER et al., 2005; ARCURY et al., 2014). Os fatores que reforçam essa afirmação são a falta de vigilância ou cuidado com os trabalhadores (COOPER et al., 2005).

Entretanto, vale ressaltar que os critérios tais como sexo, idade, nível de escolaridade e treinamento recebido podem influenciar no comportamento dos trabalhadores (BROUCKE; COLÉMONT, 2011), visto que a idade, por exemplo, pode desencadear maior exposição ao risco. Trabalhadores mais jovens tendem a serem mais destemidos. Por outro lado, quando esses jovens são bem orientados e treinados podem vir a adotar boas práticas de segurança.

As lesões normalmente envolvem lacerações, ferimentos nas mãos, pés, olhos, amputações, mordidas ou picadas de animais peçonhentos, fraturas e luxações (ANGOULES et al., 2007), quedas, acidente com condução de veículos ou cargas manuais e cortes profundos (ANTONUCCI et al., 2012).

Um dos incômodos oriundos das lesões sofridas pelos trabalhadores rurais e que afetam a eficiência no trabalho é a dor. Dependendo da função desempenhada na produção agrícola, o trabalhador pode sofrer distúrbios decorrentes desse incômodo, que reduzem sensivelmente a sua produtividade. Os estudos encontrados na literatura apontam como consequências de dores oriundas de lesões, os distúrbios do sono, como o ronco e a apneia (DOSMAN et al., 2013a; KING et al., 2014) e a sonolência diurna (KING et al., 2014).

Arcury et al. (2014) estudaram diversos sistemas de produção, onde concluíram que lesões muscoesqueléticas, dérmicas ou traumáticas são recorrentes em trabalhadores rurais, principalmente os mais jovens.

No mesmo sentido, Abbas (2015) comparou diversas profissões no Paquistão e chegou à conclusão que a profissão que apresentava maior ocorrência de lesões foi a atividade rural e que as lesões nessa atividade ocorriam principalmente nos membros inferiores e superiores (braços, mãos, pulsos, pernas e pés).

(20)

Dependendo da gravidade da lesão e do tempo necessário para o tratamento, os períodos para abstinência no trabalho podem se estender. Quando a total debilitação acontece por lesões, isso demanda afastamento do trabalho, o que também acarreta impacto financeiro ao trabalhador e à empresa (THIERRY; SNIPES, 2015).

Em um estudo com 300 seringueiros no Siri Lanka em 2014 os resultados mostraram que os trabalhadores se afastaram por 1080 dias do trabalho (STANKEVITZ et al., 2016).

Outro fato que pode causar acidentes na agricultura é o surgimento de animais peçonhentos que podem envenenar os trabalhadores e serem nocivos à saúde. Conforme Silva et al. (2014) e Kumar, Maheshwari e Verma (2006), a picada de cobra é um problema que eleva as taxas de mortalidade e morbidade. A picada do carrapato também é considerada um risco ocupacional, que pode desencadear doenças (LI et

al., 2018).

Não obstante, picadas de abelhas, queimaduras e ferimentos por espinhos também apresentam risco de lesões aos trabalhadores rurais (BAMIDELE, 2015). Já, outros fatores associados a equipamentos podem causar luxações, lacerações, cortes e demais ferimentos pelo corpo (RAUTIAINEN; REYNOLDS, 2002; DOSMAN et al., 2013b; BHATTARAI et al., 2016).

Em um estudo com colhedores de frutas cítricas na Flórida, Monaghan et al., (2012) sugeriram ações para o uso efetivo de equipamentos de segurança no trabalho rural, como por exemplo o uso de óculos para evitar o contato do líquido ácido da fruta com os olhos no momento da colheita ou poda.

De maneira geral, o uso de equipamentos para podar plantas em viveiros é uma prática comum. Sem isso, existe um risco maior de ocorrer as lesões causadas por equipamentos cortantes, principalmente nas mãos e pulsos (FATHALLAH, 2010). O Quadro 1 apresenta um resumo das principais causas das lesões, consideradas como consequências pela exposição ao risco acidental e, respectivamente, os autores que as identificaram.

Quadro 1 - Principais causas de lesões após exposição a riscos acidentais

Causa Autores

Quedas (RAUTIAINEN; REYNOLDS, 2002;

(21)

DOSMAN et al., 2013a; BHATTARAI et al., 2016)

Animais

(RASMUSSEN et al., 2003; KUMAR; MAHESHWARI; VERMA, 2006b; NOGALSKI

et al., 2007; DAY et al., 2009;

BALLESTEROS; ARANGO; URREGO, 2012; SILVA et al., 2014; BAMIDELE, 2015; BHATTARAI et al., 2016; LI et al., 2018) Tipo de produção (MONAGHAN et al., 2012; ARCURY et al., 2014; BAMIDELE, 2015)

Equipamento

(NOGALSKI et al., 2007; FATHALLAH, 2010; BHATTARAI et al., 2016; DUYSEN et al.,

2017)

Maquinário

(RAUTIAINEN; REYNOLDS, 2002; RASMUSSEN et al., 2003; NOGALSKI et al.,

2007; DAY et al., 2009; DOSMAN et al., 2013b)

Fonte: Autoria própria

No trabalho de Nogalski et al. (2007) foram estudadas as situações de hospitalizações de trabalhadores da agricultura e silvicultura. Os resultados apontaram que o maquinário utilizado, os equipamentos e animais são as principais causas de acidentes que ocorrem em todas as partes do corpo do trabalhador, ressaltando que os acidentes causados por equipamentos e por quedas, são os maiores riscos a que os trabalhadores estão expostos.

Não só os fatores ligados ao trabalho e as condições encontradas neste ambiente ocasionam acidentes e lesões, mas também a pressão psicológica exercida sobre os trabalhadores precisa ser considerada (LIEBMAN et al., 2016). Essa pressão também se relaciona ao fato de que a carga de trabalho é elevada, expondo o trabalhador rural a um risco de sofrer lesões também por falta de concentração (FATHALLAH et al., 2008).

Neste mesmo sentido, Day et al. (2009) encontraram no trabalho rural que as principais lesões são causadas por animais, por maquinário e por acidentes com objetos cortantes. No entanto os autores enfatizam que outras variáveis podem influenciar a o aumento ou não das ocorrências dessas lesões, como por exemplo, o comportamento do trabalhador, o que destaca a necessidade de treinamento em práticas de segurança.

Do portfólio bibliográfico explorado nessa pesquisa (LEIGH; DU; MCCURDY, 2014; OKYAY; TANIR; AĞAOĞLU, 2018) não especificaram detalhadamente os tipos

(22)

de lesões sofridas pelos trabalhadores rurais, porém confirmam que o trabalho rural é a atividade em que os trabalhadores sofrem mais lesões.

2.2 RISCOS BIOLÓGICOS

A OIT (2010) define que esses riscos têm sua origem em agentes biológicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas.

Para que um risco biológico seja identificado, alguns agentes causadores devem estar presentes no ambiente de trabalho, sendo eles: bactérias, fungos, endotoxinas (partes de uma bactéria) e vírus. Esses agentes podem ser a causa de diversas infecções e doenças ocupacionais, principalmente no sistema respiratório, como rinite, pneumonite tóxica, conjuntivite, dermatite, entre outras. As doenças causadas por vetores (mosquitos, parasitas) também estão incluídas como riscos biológicos. Também, trabalhadores rurais estão expostos a serem picados por mosquitos, que transmitem doenças como a malária e a febre amarela (DUTKIEWICZ

et al., 2011).

O risco biológico pode ser uma consequência do risco acidental. Essa consequência se dá pelo fato de que trabalhadores rurais procuram ajuda médica após muito tempo de ocorrido a lesão, ocasionando infecções em diversas partes do corpo (ARCURY et al., 2014). Como a adoção de práticas seguras é negligenciada por agricultores e trabalhadores rurais, estes não consideram que o bom estado de saúde aumenta sua produtividade (AKPINAR-ELCI et al., 2016).

Sintomas respiratórios são comuns depois da exposição às causas relacionadas aos riscos biológicos. Tosse seca e falta de ar foram relacionados à exposição ao mofo e poeira. Esses sintomas fazem parte do diagnóstico da rinite (AKPINAR-ELCI et al., 2016). Esses mesmos agentes biológicos podem causar a asma e a rinite crônica (AKPINAR-ELCI et al., 2017)

As endotoxinas são geradas principalmente pelo manejo de carnes bovina e suína. A exposição às endotoxinas causa tosse, chiado no peito e falta de ar (VON ESSEN et al. 2010).

Os estudos que exploram as causas e consequências dos fungos na saúde do trabalhador rural identificaram as seguintes consequências: infecção nos olhos

(23)

(ceratite fúngica), lesão da córnea (BHARATHI et al., 2007) infecções de pele, erupções cutâneas, acnes, coceira, alergias (VALLEJOS et al., 2008)

Ao comparar trabalhadores agricultores e não-agricultores, Bharathi et al. (2007) chegaram a conclusão de que a ceratite de contato era mais provável de acontecer em quem estava envolvido com atividades agrícolas. Os principais sintomas encontrados foram sensibilidade a luz, dor nos olhos e visão embaraçada.

No mesmo contexto, Quandt et al. (2010) avaliaram o histórico visual de trabalhadores rurais imigrantes (uma classe de trabalhadores julgadas como menos favorecidas com recursos para a saúde), concluindo que havia dificuldade para enxergar (visão deturpada), dores nos olhos e a maioria não utilizava protetores oculares no trabalho.

A exposição à ceratite de contato acontece principalmente em fazendas que possuem criação de animais, e que contaminam o ar e a água (MITLOEHNER; SCHENKER, 2007). As partículas no ar são inaladas pelos trabalhadores, causando a doença posteriormente (SUSITAIVAL et al., 1994; SWANBERG et al., 2013b).

Conforme Susitaival et al. (1994), os trabalhadores que ficam expostos em fazendas leiteiras desenvolvem dermatose, principalmente em membros externos do corpo, que normalmente não são protegidos, como as mãos.

Outra consequência foi estudada, tendo como ambiente os celeiros de cavalos, onde trabalhadores rurais latinos exerciam suas atividades. A principal consequência foi com problemas respiratórios, causados pela falta de uso de máscaras de proteção (SWANBERG et al., 2013b).

A rinossinusite foi associada à exposição de trabalhadores em atividades de suinocultura por Sundaresan et al., (2015), bem como a diminuição da função pulmonar (PRELLER et al. 1995; VOGELZANG et al. 1996), como também havia sido associado em trabalhadores de estufas por Madsen et al., (2016).

Também, no estudo de Zhu et al. (2017) as dificuldades respiratórias foram associadas com o trabalho em estufas, porém sem identificar os agentes aos quais os trabalhadores ficaram expostos. A exposição aos agentes biológicos originários da atividade de criação animal causa alergia nasal, obstrução das vias respiratórias e asma, como também detectado com a exposição à poeira orgânica e outras impurezas do ar (MITLOEHNER; SCHENKER, 2007). Os resultados obtidos em estudos de caráter aplicado demonstram que existe um consenso entre os pesquisadores sobre

(24)

as consequências percebidas após a exposição ao risco, mesmo que o tipo de atividade seja diferente, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 - Autores, consequências da exposição ao risco e tipo de atividade agrícola

Autor Consequência da exposição ao risco Tipo de atividade

(DUTKIEWICZ; JABLOŃSKI; OLENCHOCK, 1988; DUTKIEWICZ, 2004; DUTKIEWICZ et al., 2011)

rinite, pneumonite tóxica, conjuntivite, dermatite, malária

e febre amarela

Todos os tipos de atividade agrícola, sendo o trabalho composto por revisões de

literatura (MADSEN et al., 2016; ZHU et

al., 2017) Rinossinusite Trabalhadores de estufa

(SUNDARESAN et al., 2015) Rinossinusite Suinocultura (PRELLER et al., 1995;

VOGELZANG et al., 1996) Diminuição da função pulmonar Suinocultura (SUSITAIVAL et al., 1994) Dermatose na mão Leiterias

(BHARATHI et al., 2007) Ceratite (lesão da córnea) Agricultura em geral (QUANDT, 2010) Dificuldade para enxergar, dores nos olhos Trabalhadores imigrantes

(VALLEJOS et al., 2008) Infecções de pele, erupções cutâneas, acnes, coceira,

alergias Trabalhadores de fazenda (VON ESSEN, 1993; ESSEN et

al., 2010) Tosse, chiado e falta de ar, bronquite Agricultura em geral

(AKPINAR-ELCI et al., 2016) Tosse seca e falta de ar Fazendeiros e trabalhadores de fazenda

(AKPINAR-ELCI et al., 2017) Tosse seca, nariz escorrendo, asma, rinite Produtores de noz-moscada

(SWANBERG et al., 2015)

Irritação no nariz e na garganta, sinusite, tosse, chiado, aperto no peito e dificuldade para respirar

Trabalhadores rurais imigrantes

(MITLOEHNER; SCHENKER, 2007)

Alergias, obstrução das vias aéreas e asma

Comentário sobre trabalhadores expostos à

operações com animais

Fonte: Autoria própria

Conforme demonstrado no Quadro 2, independentemente do tipo de atividade de produção agrícola, as consequências da exposição ao risco são as mesmas na maioria dos casos.

(25)

2.3 RISCOS ERGONÔMICOS

Por se tratar de uma ocupação que demanda um esforço físico, os trabalhadores inseridos neste setor são passíveis a possuírem distúrbios ergonômicos no corpo (WALKER-BONE; PALMER, 2002; KEARNEY et al., 2016).

Existem distúrbios que causam dores oriundas do trabalho repetitivo são comumente ocasionadas pelos problemas que afetam a musculatura e o esqueleto (NIOSH, 2011; TONELLI; CULP; DONHAM, 2015).

Fathallah (2010) estudou setores da agricultura nos Estados Unidos da América e determinou as principais regiões do corpo que são afetadas pelos fatores ergonômicos, conforme mostra o Quadro 3.

Quadro 3 - Riscos ergonômicos nos Estados Unidos da América

Classe de colheita Porcentagem estimada de fazendas dos EUA Maior tipo de

trabalho Fatores de risco

Região corporal mais afetada (potencial para MSDs e outros problemas) Óleo, sementes e grãos (por exemplo, soja, milho, trigo) 24% Condução de máquinas agrícolas durante o cultivo e a colheita Vibração (condução), vigilância prolongada Todo o corpo e parte inferior das costas, fadiga geral e visual Vegetal e Melão (por exemplo, processamento de batatas) 1,6% Preparação do solo, plantio e cultivo (assistido por máquina) Climas extremos, vibração e ruído (maquinaria motorizada) Corpo inteiro, parte inferior das costas, orelhas Colheita Corte repetitivo vigoroso, inclinado e repetitivo, elevação e transporte de cargas pesadas Mão / punho, parte inferior das costas Culturas de frutas e nozes 3,5% Colheita Escadas de escalada com cargas pesadas, alcance excessivo, corte / recorte repetitivo, elevação e transporte de cargas pesadas Todo o corpo, ombro, mão / punho, parte inferior das costas Remoção de ervas daninhas e poda Uso vigoroso de enxada, corte repetitivo Ombro, mão / punho

(26)

Fonte: Fathallah, 2010.

Desta forma, conforme a definição da OIT (2010) para riscos ergonômicos, o Quadro 4 apresenta os autores encontrados nesta pesquisa, as consequências da exposição ao risco e as partes do corpo afetadas após a exposição ao risco.

Quadro 4 - Principais consequências da exposição aos riscos ergonômicos

Estufa, viveiro e floricultura 3% Manipulação de contêineres, propagação Encurvamento repetido, beliscando, corte repetitivo Mão / punho, parte inferior das costas Vegetal de mercado fresco (por exemplo, tomates frescos, alface) 1,6% Colheita Corte repetitivo vigoroso, inclinado e repetitivo, elevação e transporte de cargas pesadas Mão / punho, parte inferior das costas

Autores Parte do corpo afetada Setor

(ROCHA et al., 2014b) cotovelo, punhos, mãos, quadril, Costas, ombros, pescoço, joelhos, tornozelos e pés

Agricultores em geral

(JAIN et al., 2018a) Região lombar, dedos, ombros, mãos e punhos Agricultores manuais em geral

(HOLMBERG et al., 2002) Mãos, antebraços, pescoço, ombros e joelho agricultores (trabalhadores Agricultores e não-rurais)

(CROFT et al., 1992;

ANDERSEN et al., 2012) Quadril e joelho

Predominante em agricultores do sexo

masculino

(LÓPEZ-ARAGÓN et al.,

2018) Todas as partes do corpo Agricultores de estufas

(ROSSIGNOL et al., 2003;

SEOK et al., 2017) Joelho (osteoartrose)

Comparação entre diversas profissões, sendo a mais

prevalente em trabalhadores rurais

(27)

(KARUKUNCHIT et al., 2015) Membros inferior Prevalência em mulheres agricultoras

(SOUTHARD et al., 2007;

KEARNEY et al., 2016) Dor nas costas e ombros

Trabalhadores rurais de diversos setores, sendo agricultores ou atividade

agrícola mais propensa

(TRIBBLE et al., 2016) Dor, desconforto, ansiedade e depressão Comparação entre setores, sendo a agricultura a mais prevalente

(PAL et al., 2010; CLAY et al.,

2014; ZENG et al., 2017) Dor lombar Cisalhamento/ Motoristas agrícolas

(PARK et al., 2001; SCRIBANI

et al., 2013; MEUCCI et al.,

2015)

Dor nas costas Agricultores/ Agricultores de tabaco

(SWANBERG; CLOUSER;

WESTNEAT, 2012) Todo as partes do corpo Fazendas equinas

(TONELLI; CULP; DONHAM,

2015) Todas as partes do corpo Revisão de literatura sobre fazendeiros idosos

(TRIBBLE et al., 2016) Todas as áreas do corpo, sendo ombro e pescoço as mais afetadas

Trabalhadores rurais latino

(MORENO et al., 2016) Dores no corpo e insônia Comparação por ocupação, sendo trabalhadores rurais mais propensos

(NONNENMANN et al., 2010) Punho, mãos, costas, lombar e ombros Produtores de lagostas

(XIAO et al., 2013) Dor crônica, estresse físico

A dor crônica foi associada às posições no trabalho (cócoras e ajoelhado) e com motoristas de tratores

(HOLMBERG; THELIN;

(28)

Fonte: Autoria própria

As consequências da exposição aos riscos ergonômicos são encontradas em diversos tipos de atividades, independente do setor em que o trabalhador rural está inserido.

A exposição prolongada aos riscos ergonômicos aumenta o desalinhamento dos membros inferiores (pernas e pés). Com isso, podem-se ter ocorrências de lesões ergonômicas nos trabalhadores (KARADŽINSKA-BISLIMOVSKA et al., 2010)

Os problemas causados devido a exposição ao risco ergonômico na agricultura são explicados pelo manuseio de cargas e instalação de equipamentos em lugares de difícil acesso (DUYSEN et al., 2017). A atividade relacionada com o manuseio de cargas pesadas contribui significativamente para o aparecimento da osteoartrose nos joelhos e osteoartrite no quadril (HOLMBERG; THELIN; THELIN, 2004; ANDERSEN et al., 2012).

Entre os diversos tipos de cultivos, há uma semelhança entre os distúrbios ergonômicos causados aos trabalhadores rurais. No entanto, para que medidas sejam tomadas, as características cada tipo de trabalho devem ser exploradas a fim de propor melhorias com base no problema dos trabalhadores em estudo (FATHALLAH, 2010).

Os distúrbios, como as dores e doenças ocupacionais, aparecem em decorrência da posição que o trabalhador precisa estar para desempenhar seu trabalho. As posições de agachamento para manusear cargas (ROCHA et al., 2014b; DUYSEN et al., 2017; JAIN et al., 2018a), posição de cócoras (XIAO et al., 2013) e torção e distorção do corpo para realizar a atividade (PAL et al., 2010; SCRIBANI et

al., 2013) são as posturas inadequadas. Força, movimentação e repetições contínuas

influenciam o surgimento de distúrbios ergonômicos (KARUKUNCHIT et al., 2015; TRIBBLE et al., 2016), afetando a qualidade do sono dos sujeitos expostos (MORENO

et al., 2016). Os fatores relacionados aos efeitos psicossociais também influenciam a

exposição aos riscos ergonômicos, por exemplo, a alta demanda de trabalho e baixos níveis de satisfação (EU-OSHA, 2017).

Com isso, para que a exposição ao risco ergonômico seja avaliada, métodos estão disponíveis na literatura, como método RULA (Rapid Upeer Limb Assessment),

(29)

que avalia a postura do trabalhador e o peso da carga em avaliação. Esse método foi utilizado para avaliar produtores de trigo e arroz (JAIN et al., 2018)

2.4 RISCOS FÍSICOS

Segundo a OIT (2010) faz parte dos riscos físicos a exposição ao ambiente térmico, ruídos e vibrações. Quando exposto, o trabalhador pode apresentar sintomas que causam problemas relativos à saúde, os quais são abordados neste tópico.

2.4.1 Ambiente Térmico

Com a mudança climática, as temperaturas internas e externas ao ambiente de trabalho também aumentam. Frente a este fato, o aumento das temperaturas acarreta perdas de mão-de-obra, fazendo com que os custos sejam elevados, visto que é necessária contratação de pessoal para suprir a demanda. A influência da temperatura também demanda mais horas de trabalho e afeta a saúde do trabalhador, sendo necessário mais investimento em intervenções na saúde para garantir o bem-estar do trabalhador (KJELLSTROM et al., 2009).

Esses fatos explicam a situação dos trabalhadores rurais, uma vez que seu trabalho é desempenhado ao ar livre ou em estufas e locais fechados, os quais sofrem com as mudanças climáticas por não serem ambientes aclimatados.

Mesmo havendo o aumento constante das temperaturas, é necessário que haja conhecimento da influência das elevadas temperaturas sob a saúde dos trabalhadores rurais, pois há uma escassez em dados e pesquisas disponíveis sobre este assunto (ARJONA et al., 2016).

As principais causas são devidas à exposição direta à radiação Ultra Violeta (UV) (BITENCOURT; RUAS; MAIA, 2012; SURDU et al., 2013; ARJONA et al., 2016; HUANG et al., 2016; MODENESE; GOBBA, 2018) a qual causa diversos agravos à saúde.

Modenese e Gobba (2018), citando a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimaram que a ocorrência de pterígio, uma inflamação nas córneas, irá ocorrer entre

(30)

42% e 74% dos trabalhadores que trabalham diretamente expostos à radiação solar UV nos próximos anos.

No Equador, a revisão de Arjona et al. (2016) mostrou que havia uma elevada taxa de mortalidade e morbidade em trabalhadores da agricultura devido à exposição a radiação UV no período estudado. Os autores também destacam o estresse térmico causado e a alta incidência de câncer de pele em trabalhadores rurais.

Como consequência da exposição à elevadas temperaturas, em um estudo com cortadores de cana-de-açúcar brasileiros entre 2005 e 2008, Bitencourt, Ruas e Maia (2012) chegaram a conclusão de que as temperaturas internas estavam acima da média somadas ao desvio-padrão, ultrapassando o limite de estresse térmico, levando os trabalhadores a morte.

A exposição durante o trabalho às altas temperaturas tem efeito adverso na qualidade de vida do trabalhador. Conforme Huang et al. (2016), a qualidade do sono é afetada após longos períodos de exposição à altas temperaturas, fazendo com que haja dificuldade para dormir em decorrência do estresse térmico.

Um dos fatores da exposição à raios UV são a falta de equipamentos de proteção adequados ao trabalho (ZINK et al., 2017). Conforme Surdu et al. (2013) e Zink et al. (2017), os trabalhadores não utilizam protetor solar, óculos de proteção ou capacete. A proteção são vestimentas de uso cotidiano, como blusas de mangas cumpridas e calças, contra a radiação UV. A falta de proteção aumenta as chances no aparecimento de câncer de pele. Os autores salientam a indisponibilidade de EPI’s aos trabalhadores pelos empregadores.

Outro cuidado que deve ser tomado para que as temperaturas sejam controladas e a produção continue fluindo continuamente, é a hidratação constante (HUANG et al., 2016; SPECTOR et al., 2018), a qual pode ser um benefício aos trabalhadores e às organizações, bem como o revezamento do trabalho em turnos, para que o descanso e a exposição não sejam continuas (SPECTOR et al., 2018).

2.4.2 Ruídos

Os problemas causados pelos ruídos na agricultura são prejudiciais aos envolvidos. Estes ruídos podem ser provenientes desde maquinários, armas de fogo até a criação de animais (OIT, 2010).

(31)

Os ruídos são um dos principais fatores de exposição ocupacional na agricultura. Seu impacto não é apenas na audição, mas na qualidade de vida, no desempenho do trabalho, no estado emocional e na condição física (MCCULLAGH; RONIS, 2015). Estes fatores demandam encargos sociais e econômicos, fazendo com que os custos com saúde sejam elevados e a perda de trabalhadores seja elevada (MCCULLAGH; RONIS, 2015; HARMSE; ENGELBRECHT; BEKKER, 2016).

O contato com maquinários como: motosserras, tratores, ferramentas de oficinas e a qualquer outro maquinário que emita sons ou ruídos de alta intensidade, ocasionam ao trabalhador sem a devida proteção lesões no ouvido e, como consequência, a perda auditiva (DEPCZYNSKI; CHALLINOR; FRAGAR, 2011).

Outra consequência da perda auditiva induzida pelo ruído em trabalhadores rurais expostos é o aumento na pressão do sangue, a qual ocasiona dor e desconforto nos membros. Para mulheres, há evidências de que perturbações menstruais podem ser induzidas devido a exposição a ruídos (HARMSE; ENGELBRECHT; BEKKER, 2016)

Para combater esse problema, McCullagh e Ronis (2015) desenvolveram um projeto em parceria com a Universidade de Michigan que incentiva o uso de protetores auriculares em agricultores e trabalhadores rurais expostos ao ruído, bem como o estudo de Harmse, Engelbrecht e Bekker (2016) em matadouros de aves acusam a necessidade de médicos e associações competentes para combater a exposição aos ruídos.

2.5 RISCOS PSICOSSOCIAIS

Segundo a OIT (1984), os fatores psicossociais estão relacionados ao envolvimento interpessoal no trabalho, desenvolvimento de habilidades, fatores pessoais que influenciam o trabalho, o desempenho e satisfação no trabalho. Ainda, a organização destaca que cada trabalhador possui necessidades únicas, sendo difícil manter em harmonia todos os fatores psicossociais.

A partir da definição da OIT, foram selecionados trabalhos que abordassem os fatores de riscos psicossociais nas atividades agrícolas.

Conforme Pickett et al. (2015), há diminuição da função psicossocial devido ao trabalho árduo e a exigente demanda física aos trabalhadores rurais. Essa

(32)

diminuição da função psicossocial está relacionada à capacidade do trabalhador em desempenhar suas funções, manter um relacionamento harmonioso com sua equipe de trabalho e ter seu bem-estar assegurado.

No mesmo contexto, outro fator que pode levar a queda da função psicossocial é supervisão abusiva por parte dos responsáveis, muitas vezes conhecidos como empreiteiros. A supervisão abusiva faz com que os trabalhadores percam a desconcentração, aumentando a possibilidade de lesões devido ao descuido e perca de capacidade de trabalho (SWANBERG et al., 2013b).

No que concerne ao suporte do supervisor, este é capaz de aliviar as altas demandas de trabalho e fazer com que o bem-estar laboral seja mantido. A saúde física e mental coloca os trabalhadores rurais em uma situação com mais probabilidade de acidentes de trabalho. Quando o bem-estar não é mantido, há altas possibilidades de problemas de sono, distúrbios, influenciando o trabalho (SANDBERG et al. 2017)

Para evitar esses acidentes e o desgaste emocional, a literatura se concentra em estudar a consciência e sensibilização dos trabalhadores rurais, visto que seria mais importante analisar o risco e eximi-lo (COLÉMONT; VAN DEN BROUCKE, 2008).

O desgaste emocional pode ser em decorrência da discriminação e dos maus tratos sofridos pelos trabalhadores rurais, quando os supervisores os tornam uma classe trabalhadora vulnerável (SNIPES; COOPER; SHIPP, 2017).

A partir da demanda alta de trabalho, esforço físico desgastante e abusos dos supervisores, trabalhos apontam que a perda da qualidade do sono é uma consequência a partir dos fatores listados (PICKETT et al., 2015; SANDBERG et al., 2017).

Com o que foi exposto, os problemas comportamentais desencadeiam a exposição a outros riscos (como riscos físicos, ergonômicos e acidentais) pelo fato de o trabalhador não ter controle sobre suas ações e estar insatisfeito com o trabalho (BROUCKE E COLÉMONT, 2011).

Por conseguinte, todos os fatores previamente listados e que influenciam o estado psicossocial do trabalhador rural fazem com que o trabalho seja estressante (Nguyen et al. 2012; Grzywacz, Quandt e Arcury, 2008). Estes estressores, principalmente em trabalhadores rurais do sexo masculino, são dificilmente discutidos com a família ou há apoio da sociedade para aliviar a carga mental do trabalho. Como

(33)

consequência, há um elevado risco de adquirir problemas mentais, fazendo com que o trabalhador cometa suicídio (JUDD et al., 2006).

Para evitar os riscos psicossociais no trabalho, normas e leis devem ser implementadas e a fiscalização deve ser severa para garantir o bem-estar laboral dos trabalhadores rurais (LIEBMAN et al., 2013).

Desta forma, para que a satisfação com o trabalho seja promovida a fim de evitar a exposição ao risco e suas consequências, medidas podem ser tomadas, como cursos e treinamentos devem ser periodicamente oferecidos pelas organizações, bem como manter as relações amigáveis entre os trabalhadores, trabalhando em companhia (BALLESTEROS, ARANGO E URREGO, 2012).

2.6 RISCOS QUÍMICOS

2.6.1 Impurezas no Ar (poeira, pós, gases)

A exposição ocupacional à agentes químicos (por exemplo, poeiras de papel, poeiras orgânicas e minerais) afetam, principalmente, a função respiratória do trabalhador rural (KARJALAINEN et al., 2001; FARIA et al., 2006).

Esta exposição desencadeia diversas consequências à saúde do trabalhador exposto, como a inflamação das vias respiratórias e aéreas (MADSEN et al., 2016).

Além da deterioração da função respiratória, as doenças ocupacionais são comumente citadas na literatura, como asma (FARIA et al., 2006; KARJALAINEN et

al., 2001; MAZUREK, SCHLEIFF 2010; BANHAZI et al., 2008), bronquite crônica

(VOGELZANG et al., 1996; VALCIN et al., 2007; THAON et al., 2011; TUAL et al., 2013), rinossinusite (MADSEN et al., 2016) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (BANG, 2015; ELLIOTT; ESSEN, 2016; MARESCAUX et al., 2016; GUILLIEN

et al., 2018).

A DPOC é uma das doenças mais recorrentes na literatura e é a união de doenças que causam a dificuldade da respiração, bloqueando o fluxo de ar, sendo ela duas vezes mais comum em trabalhadores em exposição do que os que não se expõe à agentes químicos. Como consequência aos sintomas da DPOC, ansiedade e

(34)

depressão foram associadas a doença, principalmente em fazendas leiteiras (GUILLIEN et al., 2018).

Outro agente químico que o trabalhador rural pode inalar é proveniente dos dejetos animais, causando a intoxicação do trabalhador e até mesmo a morte (ŻABA

et al., 2011).

O Quadro 5 resume as principais exposições aos riscos químicos e suas consequências.

Quadro 5 - principais exposições, consequência e autores

Fonte: Autoria própria

Entretanto, algumas variáveis podem influenciar o aparecimento das doenças supracitadas, como o tabagismo, tempo de exposição ao agente físico e há quanto tempo é desempenhado o trabalho agrícola (KARJALAINEN et al., 2001; FARIA et al., 2006)

A variável que pode levar a confusão dos resultados, como a exposição ao alcatrão (carvão que é encontrado em cigarros), pode estar relacionada a artrite reumatoide, uma das doenças ocupacionais disponíveis na literatura (RECKNER OLSSON et al., 2004).

Conforme Monsó et al. (2003), para avaliar as causas da exposição aos riscos químicos, o tipo de agricultura precisa ser definido. Os autores sugerem que variáveis como idade, sexo e hábitos sejam avaliadas.

Exposição Consequência Autores

Grãos (pós, poeira, feno, palha)

Tosse, espirros, nariz escorrendo, garganta arranhada, inflamação das vias aéreas, bronquite crônica, tosse

crônica, asma, chiado

(RYLANDER, 1993; KARJALAINEN et al., 2001; SCHENKER et al., 2005; FARIA

et al., 2006; HOPPIN et al.,

2007; BANHAZI et al., 2008; MAZUREK; SCHLEIFF, 2010;

DIMICH-WARD et al., 2011; THAON et al., 2011) Gases Envenenamento e morte (ŻABA et al., 2011)

Criação de animais (bronquite, rinossinusite), Problemas respiratórios DPOC, ansiedade e depressão

(VOGELZANG et al., 1996; MONSÓ et al., 2003; VALCIN et

al., 2007; CARRUTH et al.,

2008; TUAL et al., 2013; MARESCAUX et al., 2016;

(35)

2.6.2 Agrotóxicos

Os agrotóxicos são utilizados para aumentar a produção e reduzir as pragas, as quais são responsáveis pela perca de produção. Entretanto, seus compostos são tóxicos e podem causar fatores adversos à saúde humana (SAW; SHUMWAY; RUCKART, 2011)

Mesmo tendo potencial para prejudicar a saúde dos trabalhadores que aplicam ou estão expostos aos agrotóxicos, o conhecimento sobre o produto e seus malefícios é comumente relatado na literatura (ELMORE; ARCURY, 2001; RECENA; CALDAS, 2008) o que pode evitar a intoxicação e ser prejudicial À saúde do trabalhador rural (ELMORE; ARCURY, 2001) e ao meio-ambiente (TADEVOSYAN et

al., 2013).

No entanto, as pesquisas continuam em alta no que concerne à trabalhadores rurais e agrotóxicos, mostrando uma gama de problemas de saúde que são proveniente do contato com agrotóxicos, conforme mostrado o Quadro 6.

Quadro 6 - consequências da exposição à agrotóxicos e autores

Consequência Autores

Problemas na pele

(FIETEN et al., 2009; ARCURY et al., 2014; DALVIE; ROTHER; LONDON, 2014; GARCÍA-GARCÍA et al., 2016; BAKHSH et

al., 2017; NEGATU et al., 2017)

Problemas respiratórios

(SUSITAIVAL et al., 1994; CHITRA et al., 2006; HERNANDÉZ et al., 2008; HOLMSTRÖM et al., 2008; IDOLOR et al., 2011; MARESCAUX et al., 2016; BAKHSH et

al., 2017; NEGATU et al., 2017)

Distúrbios do sono (BAKHSH et al., 2016; GUILLIEN et al., 2018)

Envenenamento

(BESELER et al., 2006; CHITRA et al., 2006; IBITAYO, 2006; CALVERT et al., 2008; SANTANA; CLAUDIA; MOURA, 2013; TOE

et al., 2013)

Distúrbios Neurocomportamentais (BESELER et al., 2006; GUSTAFSON et al., 2014)

Artrite reumatoide (DE ROOS et al., 2005; KOUREAS et al., 2017) Transpiração excessiva (CHITRA et al., 2006)

Problemas nos olhos al., 2016; BAKHSH et al., 2017; NEGATU et (CHITRA et al., 2006; GARCÍA-GARCÍA et al., 2017)

(36)

Os principais problemas respiratórios são escarro, dispneia e ronco (MARESCAUX et al., 2016), garganta seca, dor de garganta (CHITRA et al., 2006), tosse e gripe (BAKHSH et al., 2017), sendo a dificuldade em respirar a consequência destes problemas.

As doenças ocupacionais causas pela exposição são DPOC (IDOLOR et al., 2011; GUILLIEN et al., 2018) a qual foi relacionada à depressão em um trabalho (GUILLIEN et al., 2018), asma (KARJALAINEN et al., 2001; MAZUREK; SCHLEIFF, 2010; ELCI et al., 2016) e rinite (MAZUREK; SCHLEIFF, 2010; AKPINAR-ELCI et al., 2016; KOUREAS et al., 2017). De Roos et al. (2005) e Koureas et al. (2017) associaram a artrite reumatoide decorrente da exposição à agrotóxicos.

O pterígio e a irritação nos olhos são problemas citados na literatura (CHITRA

et al., 2006; GARCÍA-GARCÍA et al., 2016; BAKHSH et al., 2017), bem como a

irritação na pele (dermatose) é relatada em diversos trabalhos (SUSITAIVAL et al., 1994; FIETEN et al., 2009; GARCÍA-GARCÍA et al., 2016) e, como consequência, o suor excessivo (CHITRA et al., 2006) bem como a falta de sono e cefaleia são outros problemas relacionados à exposição direta ou indireta aos agrotóxicos (BAKHSH et

al., 2017).

Problemas psicológicos, como depressão, também são reportados na literatura, como consequência da exposição aos agrotóxicos (BESELER et al., 2006; EMAM et al., 2012; NGUYEN et al., 2012) que pode levar ao suicídio (FRASER et al., 2005; JUDD et al., 2006; MUÑOZ-QUEZADA et al., 2017; GUILLIEN et al., 2018).

(37)

3 TOMADA DE DECISÃO E MODELAGEM MULTICRITÉRIO

Desde tarefas cotidianas mais simples até as mais complexas advindas do trabalho, as pessoas necessitam tomar decisões, muitas vezes envolvendo fatores que influenciam a decisão final e podem apresentar conflito de ideias antes de atingir o resultado final.

Segundo Trojan (2012) e Mulliner, Malys e Maliene (2016) o processo de tomada de decisão é influenciado não apenas por um aspecto, mas por diversos pontos de vista, que se confrontam entre si. Desta forma, a metodologia multicritério pode auxiliar a "escolher, ordenar ou classificar" as alternativas, agregando diversos aspectos ao procedimento.

A tomada de decisão multicritério (do inglês Multicriteria Decision Making, MCDM) consiste em determinar a melhor solução para um problema de acordo com os critérios e alternativas pré-estabelecidos, considerando seus diferentes efeitos no processo. Os problemas cotidianos são compostos por diversos critérios que são conflitantes, visto que uma solução não pode ser viável de acordo com apenas um critério e seu desempenho, sem satisfazer a total necessidade do decisor (OPRICOVIC, TEZENG, 2004).

Outro ponto a ser analisado na abordagem multicritério é de que não consiste apenas em julgamento quantitativos, como na pesquisa operacional tradicional, mas também qualitativos. As avaliações qualitativas na abordagem multicritério podem ser transformadas em escalas ordinais, facilitando o entendimento e a forma de expressar o resultado (MULLINER, MALYS, MALIENE, 2016).

Em análise multicritério não há uma alternativa que seja “ótima” ou “melhor” que as demais. Roy e Vincke (1981) afirmaram que existe uma gama de possíveis soluções e decisões e o resultado pode ser a seleção de uma única solução que apresente o “melhor compromisso” com o objetivo.

Assim, a tomada de decisão é um processo complexo e o decisor precisa compreender a importância tanto dos critérios quanto das alternativas para solucionar o problema. Ainda assim, devem-se utilizar escalas pertinentes ao que se pretende comunicar, visto que uma simples mudança de escala pode influenciar o resultado (STEELE et al., 2009).

Para que seja realizada a tomada de decisão, Opricovic e Tezeng, (2004) sugeriram alguns passos:

(38)

- Identificar os critérios que correspondam aos objetivos esperados; - Listar alternativas com base no problema e nos critérios identificados; - Avaliar as alternativas em cada um dos critérios;

- Aplicar um método multicritério pertinente ao objetivo;

- Identificar as alternativas que são ótimas; ou se a solução não for ideal, verificar que novas iterações podem ser feitas, para melhorar a tomada de decisão.

Para tanto, segundo Roy (1985) os métodos multicritérios podem ser de seleção, classificação, ordenação ou descrição.

Problemática do tipo seleção (Pα): tem como objetivo selecionar as melhores alternativas dentre um conjunto de alternativas, esclarecendo a decisão por meio da escolha das alternativas;

Problemática do tipo classificação (Pβ): tem a finalidade de classificar as alternativas em categorias definidas posteriormente de acordo com normas pré-estabelecidas, triagem das alternativas, alocando-as em categorias pré-definidas;

Problemática do tipo ordenação (Pγ): realiza a ordenação das alternativas, dispondo-as em uma ordem de equivalência; e

Problemática do tipo descrição (Pδ): descreve minuciosamente as alternativas, facilitando o entendimento do decisor no processo de tomada de decisão. Para isso, a literatura traz diversos métodos e técnicas multicritério. Esses métodos podem ser classificados como compensatórios (admitindo trade-offs) e não-compensatório ou híbridos. O Quadro 7 resume os principais métodos disponíveis na literatura e comumente utilizados em pesquisas, bem como sua abordagem.

Quadro 7 - Principais métodos utilizados, autores e tipo de problemática

Método Autor(es) Problemática

AHP Saaty (1980) Ranking

ANP Saaty (1999) Ranking

Fuzzy AHP Chang (1996) Ranking

TOPSIS Hwang e Yoon (1981) Classificação

Fuzzy TOPSIS Chen (2000) Classificação

(39)

Fonte: Autoria própria

Para que seja escolhido o método mais adequado, o pesquisador precisa ter conhecimento sobre a situação-problema que precisa resolver.

3.1 MÉTODO PROMETHEE I E II

O método PROMETHEE (Preference Ranking Organization METHod for

Enrichment Evaluations) foi previamente desenvoldio por Brans (1982) e foi sendo

alterado à diversas funcionalidades por Brans e Vincke (1985) e Brans e Mareschal (1992). Sua aplicação é bem simples quando considerado aos demais métodos

Fuzzy

DEMATEL Lin e Wu (2008) Ordenação

Família ELECTRE

ELECTRE I (Roy, 1968) Sobreclassificação ELECTRE II (Roy e Bertier, 1971) Ordenação

ELECTRE III (Vincke, 1989) Preferência

ELECTRE IV Preferência

ELECTRE TRI (Roy, 1985; Yu e Roy,

1992) Classificação

UTA Jacquet-Lagre`ze, Siskos (1982) Ordenação

Família PROMETHEE

PROMETHEE I (Brans, 1982) Ordenação PROMETHEE II (Brans, 1982) Ordenação PROMETHEE III (Brans e Mareschal,

1988)

Ordenação

PROMETHEE IV (Brans e Mareschal, 1988)

Ordenação

PROMETHEE V (Brans e Mareschal,

1992) Ordenação

PROMETHEE VI (Brans e Mareschal,1994) Ordenação MACBETH Bana e Costa e Vansnick (1993) Ordenação

Inferência Fuzzy Zadeh (1965) Ordenação

Referências

Documentos relacionados

- desde o açude do aproveitamento hidroeléctrico da Grela, no lugar de Grela, freguesia de Pessegueiro do Vouga, concelho de Sever do Vouga, a montante, até à ponte do I.P.5, no lugar

(1987) afirmam que os dados das famílias são primeiramente classificados por número de identificação do trecho de pavimento, IDADE e PCI, ou seja, a variável dependente, neste

The levels of potential acidity (HAl) also influence the soil pHBC. As OM and HAl reflect the soil pHBC, we hypothesize that they are reliable predictor variables for estimating

blemas referentes à diferenciação de serviços absoluta penalizando demasiadamente algumas classes de serviço, não garantem espaçamento de qualidade entre as classes de serviço,

After analyzing Orlando’s characterization and realizing the conflict between transgressive text and normatizing subtext, my tentative hypothesis was adapted to the following:

A visualidade do infográfico torna-se relevante no processo de atração do leitor para a informação, porém, serão as possibilidades e caminhos disponibilizados que terão

Algumas características dos sistemas políticos dos países membros também não apontam para a funcionalidade do Parlamento, herdeiro das instituições nacionais e da cultura

Há de afirmar, que com as alterações causadas pela Lei 12.683/2012 ocorreu uma maior abrangência no referente aos crimes antecedentes a lavagem de bens, direitos e valores,