• Nenhum resultado encontrado

Modelo para avaliação da sustentabilidade ambiental em estabelecimentos penais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Modelo para avaliação da sustentabilidade ambiental em estabelecimentos penais"

Copied!
302
0
0

Texto

(1)

MODELO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS PENAIS

Dissertação submetida ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Profa. Dra. Fernanda Fernandes Marchiori

Florianópolis 2018.

(2)

Fraga, Talita Josiane

MODELO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS PENAIS / Talita Josiane Fraga ; orientador, Fernanda Fernandes Marchiori, 2018.

271 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, 2018. Inclui referências.

1. Engenharia Civil. 2. Sustentabilidade. 3. Dimensão ambiental. 4. Estabelecimentos Penais. I. Marchiori, Fernanda Fernandes . II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. III. Título.

(3)

MODELO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS PENAIS

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre” e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós

Graduação em Engenharia Civil. Florianópolis, 22 de novembro de 2018.

________________________ Prof. Enedir Ghisi, Dr.

Coordenador do Curso Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Fernanda Fernandes Marchiori, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. ª Lisiane Ilha Librelotto, Dr ª. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. ª Luciana Londero Brandli, Dr ª. Universidade de Passo Fundo

(4)
(5)

Dedico primeiramente a Deus e aos meus amados pais.

Ao meu maior incentivador e companheiro de vida, Bira.

Dedico, ainda, aos colegas de farda que enfrentam diariamente as problemáticas oriundas do atual sistema penal.

(6)
(7)

Agradeço, primeiramente, a Deus pelo dom da vida e por iluminar meu caminho e me dar forças para seguir sempre em frente.

Estendo este agradecimento:

- à minha orientadora, Profa. Fernanda Marchiori, pelo incentivo na escolha do tema, relacionado aos últimos dez anos da minha vida profissional no sistema penitenciário catarinense, assim como, por compartilhar seus conhecimentos;

- aos meus pais, Antônio e Maria das Graças, por todo o amor, dedicação e valores que me ensinaram;

- ao meu companheiro, Ubiratan, pelo incentivo, compreensão e por me fazer feliz;

- ao meu primeiro orientador, Professor Luis Alberto Gómez, que por motivos de força maior, não participa mais do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da UFSC;

- aos Senhores Leandro Lima, Edemir Alexandre Neto, Deiveison Batista e Élison Soares, pela confiança em me deixar fazer parte da equipe técnica da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, onde juntos, enfrentamos as problemáticas do sistema penitenciário catarinense;

- aos amigos da Colônia Penal Agrícola de Palhoça, em especial, ao Sr. Everton Luiz Cardoso, Josiane Melo e Renata Souza, obrigada pelo aprendizado nestes anos de trabalho;

- aos amigos da Empresa Concreta Pré Moldados, Engº. Ederson, Adm. Sandro, Felipe e Nayara, pela parceria, aprendizado e experiências compartilhadas;

- à equipe da Gerência Técnica de Edificações, em especial, Roberto Simões de Bona, Marcelo Ferreira, Gustavo Santa Rosa, Valdenir Feder e Claudiomiro, por juntos formarmos uma equipe ética e técnica com o intuito de projetar e construir unidades prisionais mais eficientes;

- ao Departamento Penitenciário Nacional, em especial, Coordenador Luiz Motta e Engº. Antônio Carlos Martins, pela aprovação da realização da presente pesquisa e fornecimento dos materiais necessários e

- aos professores e acadêmicos que doaram parte do seu tempo e compartilharam seus conhecimentos durante esses três anos de Pós Graduação, em especial: Antônio Edésio Jungles; Lisiane Ilha Librelotto; Janaide Cavalcante Rocha; Alexandre Lioi; Roberto

(8)

Lamberts; Enedir Ghisi; e o Doutorando Vitor Debatin Vieira. A todos o meu muito obrigada!

(9)

“Trate as pessoas como lixo e elas serão sujas, trate-as como seres humanos e elas se comportarão como seres humanos.” Tom - Supervisor da Penitenciária de Bastøy /Noruega, 2011

(10)
(11)

RESUMO

Como é de conhecimento geral, a capacidade do sistema penitenciário (carcerário) brasileiro é reduzida em face do número de detentos e comprometida pelo aumento da criminalidade no País. O combate à superlotação se dá através de políticas públicas e, a curto prazo, mediante investimento na construção de estabelecimentos penais. Todavia, por conta de sua natureza, a construção de uma edificação para fins penais tem objetivos desafiadores, considerando que deve contemplar questões de segurança, habitabilidade e sustentabilidade, visando a ressocialização dos apenados através de ambientes humanizados. Tendo em vista construir unidades prisionais mais eficientes e focadas na redução do consumo de recursos na sua utilização é que se propõe a presente dissertação, cujo objetivo é desenvolver um método para avaliação da sustentabilidade em projeto de estabelecimentos penais com foco na dimensão ambiental. O método proposto foi elaborado a partir da avaliação de especialistas, tanto da academia quanto gestores do sistema prisional. Foram, então, avaliados os sistemas hidrossanitário, elétrico, arquitetura penal, materiais utilizados, gestão de resíduos, entre outras questões pertinentes, a fim de analisar a realidade das edificações prisionais perante a sustentabilidade ambiental e posterior elaboração de modelo de certificação. Como resultado, espera-se que o método auxilie na orientação de projetistas na elaboração de projetos de estabelecimentos penais mais eficientes, tanto em termos da economia de recursos quanto da redução financeira com a gestão do estabelecimento. Espera-se ainda, que estas venham a propiciar efeitos de humanização na saúde e bem-estar do interno, ressaltando-se, no entanto, que o foco da pesquisa é a dimensão ambiental da sustentabilidade.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Arquitetura Penal. Redução

do consumo de água. Redução do consumo de energia.

Conforto térmico.

(12)
(13)

As is well known, Brazil has a high deficit of vacancies in the national penitentiary system, together with the increasing and continuous increase of crime in the country. The reduction of this deficit happens to act in social questions and, in the short term, to invest in the construction of penal establishments. The construction of a building for criminal purposes has even more challenging objectives than the construction of other buildings, since it has to contemplate issues of security, habitability and sustainability aiming the resocialization of the inmates through humanized environments. The present dissertation is proposed to develop a sustainability evaluation method for penal establishments projects, focusing on the environmental dimension, in order to build more efficient prison units aiming the reduction of consumption of resources. The proposed method was based on the evaluation of experts from both the academy and prison system managers. The hydrosanitary, electrical, criminal architecture, materials used, waste management, and other pertinent issues were evaluated in order to analyze the reality of prison buildings in the face of environmental sustainability and subsequent elaboration of a certification model. As a result, the method is expected to assist in guiding designers in designing more efficient criminal-property projects, both in terms of resource savings and financial reduction of facility management. It is hoped, however, that these will provide humanization effects on the health and well-being of the inmate, however it is emphasized that the focus of the research is the environmental dimension of sustainability.

Keywords: Sustainability. Penal Architecture. Reduction of water consum. Reduction of energy consum. Thermal comfort.

(14)

(15)

Figura 1 - Pessoas privadas de liberdade entre 1990 e 2016. ... 17

Figura 2 - Escopo de cada legislação em arquitetura penal ... 24

Figura 3 - Modelo Estabelecimento Penal (térreo) ... 26

Figura 4 - Tipos de estabelecimentos penais e características ... 27

Figura 5 - Dimensões mínimas das celas ... 28

Figura 6 - Tipo de vedação externa por zona bioclimática... 28

Figura 7 - Estratégias bioclimáticas e dimensionamento das aberturas 29 Figura 8 - Programa de necessidades para Vivência Coletiva. ... 30

Figura 9 - Linha do tempo (Sustentabilidade). ... 17

Figura 10 - Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. ... 17

Figura 11 - Esquema da sustentabilidade e suas dimensões. ... 18

Figura 12 - Métodos de avaliação da sustentabilidade no mundo. ... 24

Figura 13 - Classificação selo LEED. ... 26

Figura 14 - Registros e Certificações LEED no Brasil. ... 27

Figura 15 - Registros por Tipologia. ... 28

Figura 16 - Limites de Avaliação e localidades para o SCA - Bronze. . 30

Figura 17 - Economia de energia nos últimos cinco anos. ... 31

Figura 18 - Benchmarks de classificação BREEAM. ... 34

Figura 19 - Famílias e categorias da certificação AQUA. ... 37

Figura 20 - Rede do SPP nos EUA... 44

Figura 21 - SPP: Comparação entre os anos de 2005 e 2013. ... 45

Figura 22 - Consumo de energia em kWh por preso por dia. ... 46

Figura 23 - Apresentação de algumas iniciativas e resultados do SPP.. 47

Figura 24 - Sala Azul. ... 48

Figura 25 - Estrutura da Pesquisa. ... 58

Figura 26 – Estrutura e fontes de informação ... 60

Figura 27 - Matriz de cruzamento ... 63

Figura 28 - Categorias. ... 65

Figura 29 - Exemplo de requisito incluído no checklist da categoria Gestão da Água. ... 66

Figura 30 – Analistas técnicos do sistema penal catarinense. ... 67

Figura 31 - Especialistas acadêmicos para avaliação dos requisitos de cada categoria. ... 67

Figura 32 - Exemplo de questionário para levantamento de dados. ... 71

Figura 33 - Níveis de sustentabilidade ambiental. ... 72

Figura 34 - Modelo de apresentação do método proposto... 73

Figura 35 - Modelo de apresentação dos critérios de sustentabilidade. 74 Figura 36 - Estrutura do modelo proposto dividido em categorias e subcategorias. ... 74

(16)

Figura 37 – Sistema hidrossanitário das celas. ... 83

Figura 38 – Exemplo de equipamentos antivandalismo. ... 97

Figura 39 - Tipo de vedação externa por zona bioclimática. ... 103

Figura 40 - Recuos mínimos necessários por tipologia arquitetônica e por barreira. ... 115

Figura 41 - Exemplo fictício de um perfil de desempenho da sustentabilidade do empreendimento. ... 122

Figura 42 – Classificação dos empreendimentos. ... 123

Figura 43 - Oitiva através de vídeo audiência ... 125

Figura 44 - Requisitos finais relativos à Terreno e entorno. ... 128

Figura 45 - Requisitos finais relativos à Gestão da Água ... 137

Figura 46 - Requisitos finais relativos à Gestão de Energia ... 145

Figura 47 - Requisitos finais relativos à Materiais ... 153

Figura 48 - Requisitos finais relativos a Gestäo de Resíduos ... 160

Figura 49- Requisitos finais relativos à Qualidade Interna do Ar. ... 167

Figura 50 - Requisitos finais relativos à Transportes. ... 173

Figura 51 - Parâmetros de referência definidos para a categoria Terreno e Entorno. ... 179

Figura 52 – Sistema de descarga do interior de uma das celas. ... 184

Figura 53 - Parâmetros de referência definidos para a categoria Gestão da Água. ... 187

Figura 54 - Parâmetros de referência definidos para Gestão de Energia. ... 192

Figura 55 – Formas reutilizáveis. ... 195

Figura 56 – Propriedades térmicas de paredes. ... 197

Figura 57 - Desempenho térmico (vedações). ... 197

Figura 58 - Propriedades térmicas da cobertura. ... 198

Figura 59 - Parâmetros de referência definidos para Materiais... 199

Figura 60 - Parâmetros de referência definidos para Gestão de Resíduos. ... 204

Figura 61 - Planta baixa cela coletiva. ... 208

Figura 62 - Esquadrias das celas ... 209

Figura 63 - Parâmetros de referência definidos para Qualidade interna do ar. ... 210

Figura 64 - Parâmetros de referência definidos para Transportes. ... 214

Figura 65 - Porcentagem de atendimento ao método proposto para atingir o Nível B (Básico). ... 217

Figura 66 - Ilustração dos desempenhos atingidos pelos estabelecimentos de 1 a 9 nas categorias ... 219

Figura 67 -- Ilustração dos desempenhos atingidos pelos estabelecimentos de 1 a 9 nas categorias ... 221

(17)

A3P -Agenda Ambiental para Administração Pública ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AQUA - Alta Qualidade Ambiental

ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and air-conditioning Engineers

ASSOHQE - Association reconnue d’utilité publique HQE BA - Bahia

BEPAC - Building Environmental Performance Assessment Criteria BRE- Building Research Establishment

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CAIXA - Caixa Econômica Federal

CASBEE - Comprehensive Assessment System for Built Environment Efficiency

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNJ - Conselho Nacional de Justiça

CNPCP - Conselho Nacional Políticas Criminais e Penitenciárias DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional

DOC - Departamento de Correções dos EUA DOF - Documento de Origem Florestal DOU - Diário Oficial da União DR´s – Referências Disciplinares

ECO 92 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento 1992

EUA - Estados Unidos da América

FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini GBC- Green Building Council

GBTool - Green Building Assessment Tool HQE- Haute Qualité Environnementale

HK Beam – Hong Kong Building Environmental Assessment Method IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICPR - Institute for Criminal Policy Research

IMAZON - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia IN - Instrução Normativa

(18)

kWh - Q

uilowatt-hora

LabEEE- Laboratório de Eficiência Energética em Edificações LEED - Leadership in Energy and Environmental Design LEP - Lei de Execuções Penais

MASP-HIS- Metodologia de Avaliação da Sustentabilidade de Habitações de Interesse Social

MG - Minas Gerais

MMA- Ministério do Meio Ambiente MME – Ministério de Minas e Energia MJ – Ministério da Justiça

NBR- Norma Brasileira

NIPP – Nature Imagery in Prisons

OIA – Organismo de Inspeção Acreditado ONU- Organização das Nações Unidas

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem

PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PSQ - Programa Setorial da Qualidade

PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Procel Edifica - Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações

PIB – Produto Interno Bruto

QAE – Qualidade Ambiental da Edificação QEB – Qualité Environnementale du Bâtiment RS – Rio Grande do Sul

RTQ`s - Regulamentos Técnicos da Qualidade SC – Santa Catarina

SCA – Selo Caixa Azul

SGE – Sistema de Gestão do Empreendimento

SiMaC -

Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e

Sistemas Construtivos

SINAT – Sistema Nacional de Avaliaçöes Técnicas SMO –Système de Management d’Operation SPP - Sustainability in Prisons Project TCU – Tribunal de Contas da União

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina USGBC – United States Green Building Council

(19)

1 INTRODUÇÃO ... 27 1.2 OBJETIVOS ... 29 1.2.1 Objetivo geral ... 29 1.2.2 Objetivos específicos ... 29 1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ... 29 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 30 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 17

2.1 O AMBIENTE CONSTRUÍDO NAS EDIFICAÇÕES PRISIONAIS ... 17

2.1.1 O Cárcere ... 22

2.1.2 Arquitetura de estabelecimentos penais ... 23

2.2 SUSTENTABILIDADE ... 31

2.2.1 Panorama Histórico ... 31

2.2.2 Dimensões da Sustentabilidade ... 17

2.2.3 Construção sustentável ... 20

2.2.4 Modelos de Avaliação da Sustentabilidade ... 23

2.2.5 Sustentabilidade em construções de obras públicas ... 38

2.2.6 Sustentabilidade em estabelecimentos penais ... 41

3 MÉTODO DE PESQUISA ... 58

3.1 LEVANTAMENTO DA LEGISLAÇÃO E AS CERTIFICAÇÕES EXISTENTES PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ... 61

3.1.1 Levantamento das Categorias a Serem Avaliadas... 61

3.1.2 Levantamento dos requisitos por categoria ... 65

3.1.3 Definição dos especialistas (técnicos e acadêmicos) para avaliação dos requisitos ... 66

3.1.4 Análise dos requisitos ... 68

3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS ... 69

(20)

3.2.2 Levantamento de dados para definição de parâmetros de

referência ... 70

3.2.3 Análise dos resultados e elaboração dos parâmetros de referência ... 72

3.3 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE (COM FOCO NA DIMENSÃO AMBIENTAL) DE PROJETOS DE ESTABELECIMENTOS PENAIS ... 73

3.3.1 Requisitos de sustentabilidade a avaliar ... 75

3.3.2 Escopo da aplicação ... 119

3.3.3 Momentos da avaliação ... 119

3.3.4 Categorias de avaliação ... 121

3.3.5 Hierarquização das categorias ... 121

3.3.6 Ponderação dos requisitos ... 122

3.3.7 Combinação dos resultados ... 122

3.3.8 Classificação dos estabelecimentos penais ... 122

3.3.9 Apresentação dos resultados ... 123

4 MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM PROJETO DE ESTABELECIMENTOS PENAIS COM FOCO NA DIMENSÃO AMBIENTAL ... 124

4.1 AVALIAÇÃO DOS GESTORES DE ESTABELECIMENTOS PENAIS E ESPECIALISTA AOS REQUISITOS POR CATEGORIA ... 124

4.1.1 Categoria Terreno e Entorno ... 124

4.1.2 Categoria Gestão da Água ... 136

4.1.3 Categoria Gestão de Energia ... 142

4.1.4 Categoria Materiais ... 151

4.1.5 Avaliação dos gestores de estabelecimentos penais e especialista aos requisitos da categoria Gestão de Resíduos ... 158

4.1.6 Categoria Qualidade interna do ar ... 165

(21)

CATEGORIA ... 175 4.2.1 Terreno e entorno ... 175 4.2.2 Gestão da água ... 183 4.2.3 Gestão da Energia ... 190 4.2.4 Materiais ... 195 4.2.5 Gestão de Resíduos ... 202 4.2.6 Qualidade interna do ar ... .. 207 4.2.7 Transportes ... 212

4.3 COMPARATIVO ENTRE OS ESTABELECIMENTOS PENAIS QUANTO AO ATENDIMENTO AO MODELO DE AVALIAÇÄO PROPOSTO ... 215

5 CONCLUSÕES ... 224

REFERÊNCIAS ... 229

ANEXO 1 - Checklist de levantamento de dados e resultados. ... 239

(22)
(23)

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento, por meio do crescimento das atividades industriais, contribuem com grandes impactos ao meio ambiente. Por outro lado, o desenvolvimento é necessário, sendo responsável pela geração de empregos e consequente redução da pobreza, assim como pelo desenvolvimento econômico de uma sociedade, dentre outros benefícios.

No entanto, a rápida e imprudente evolução industrial aliada à lenta recuperação do ecossistema no que tange à regeneração dos recursos consumidos, assim como a morosidade na decomposição dos resíduos gerados pelo homem, resultam na necessidade de novas formas de desenvolvimento.

A junção entre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social e econômico gera o desenvolvimento sustentável que, segundo o Relatório de Brundtland (1987), trata-se do desenvolvimento que garante o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas necessidades.

Esse desenvolvimento é alcançado quando realizam-se as mais diversas atividades e serviços tendo como meta a redução do impacto ambiental, a expansão da justiça social e o atendimento ao orçamento disponível, respeitando assim o equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade (CAIXA, 2010). Desta forma, visando atingir as diretrizes do desenvolvimento sustentável na dimensão ambiental, deve-se, entre outras atividades, praticar o consumo eficiente da água e da energia elétrica.

O Estado, ao construir obras públicas sustentáveis, realiza o importante papel de disseminar este conceito, tal qual atinge ganhos expressivos como: economia futura com o retorno dos investimentos através de projetos diferenciados, redução de impactos gerados pelo ambiente construído, a minimização das emissões de carbono e a concretização de ideias e conceitos de economia mediante exemplo para a sociedade da cultura da sustentabilidade (VIGGIANO, 2010).

Em especial, a edificação pública de estabelecimentos penais, objeto de estudo do presente trabalho, contempla características muito diversas das demais, inicialmente pela questão da segurança, mas também por ser uma grande consumidora de recursos naturais e geradora de resíduos durante a sua utilização. Por conta de sua

(24)

particularidade, esta edificação está mais sujeita à depredação pelos próprios usuários, além de ser ocupada durante todas as horas do dia, por muitos anos. Nestas edificações, existe uma alta densidade de usuários, formada por detentos, visitantes e funcionários que consomem água e energia e produzem resíduos nas 24 horas diárias. Além disso, por vezes, em edificações públicas, encontra-se a cultura do uso indiscriminado e irresponsável dos recursos, pelo fato de os usuários entenderem que a “conta” será paga por terceiros, esquecendo-se dos impostos pagos por todos os cidadãos.

Desta forma, a preferência por avaliar a sustentabilidade em estabelecimentos penais justifica-se pelo grande impacto que essas instituições geram ao meio ambiente, em virtude do grande consumo de água e energia e da produção de resíduos. Soma-se a isto, o parco número de estudos nacionais relacionados ao tema, pelo elevado déficit de vagas e a crescente criminalidade no País resultarem na necessidade da contínua construção destas instituições.

Diante disto, a necessidade de projetar construções sustentáveis é inegável e, em nível de Governo Federal, esta motivação foi chancelada pela Instrução Normativa (IN) nº 01 (BRASIL, 2010a) que apresenta os Critérios de Sustentabilidade Ambiental na Aquisição de Bens, Contratação de Serviços ou Obras pela Administração Pública Federal.

Os projetos de obras públicas sustentáveis, no caso do presente estudo, das edificações prisionais, devem, além de proporcionar um ambiente digno e adequado para a ressocialização dos usuários através de layouts e estratégias eficientes, propiciar o retorno financeiro do investimento em técnicas sustentáveis durante o ciclo de vida da edificação através da adoção de critérios que racionalizem o consumo de recursos e a geração de resíduos, entre outros benefícios. No entanto, devido à abrangência do tema sustentabilidade, a presente pesquisa terá foco em técnicas e estratégias voltadas à dimensão ambiental da sustentabilidade.

Por fim, percebe-se que, mesmo apresentando extrema relevância, o tema “sustentabilidade em edificações prisionais” figura de forma escassa nos estudos acadêmicos, fato que motivou a presente pesquisa

1.1.1 Problematização

Diante da necessidade da construção de novos estabelecimentos penais afim de reduzir o déficit de vagas e atender aos futuros encarceramentos, construções sustentáveis são necessárias, de modo a

(25)

produzir o menor impacto possível ao meio ambiente. De maneira similar, a elevada população carcerária, por vezes revoltada, confinada nestes estabelecimentos, reforça a necessidade de projetos eficientes. Faz-se necessária a elaboração de um modelo de certificação da sustentabilidade na dimensão ambiental para esta tipologia predial.

Diante do exposto, estabelece-se o seguinte problema:

- Como avaliar a sustentabilidade ambiental em projetos de estabelecimentos penais?

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver um método de avaliação da sustentabilidade ambiental de estabelecimentos penais brasileiros.

1.2.2 Objetivos específicos

i) Analisar a legislação e certificações de avaliação da sustentabilidade existentes em nível mundial;

ii) Estabelecer requisitos para um modelo de auxílio a projetistas no desenvolvimento de projetos de estabelecimentos penais mais sustentáveis;

iii) Avaliar a pertinência dos requisitos levantados pela autora com gestores de estabelecimentos penais e especialistas acadêmicos;

iv) Avaliar estabelecimentos penais em operação de acordo com o método de avaliação da sustentabilidade proposto; v) Avaliar estabelecimentos penais em construção de acordo

com o método de avaliação da sustentabilidade proposto. 1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Haja vista a amplitude do tema, algumas questões pertinentes ao estudo de caso não foram abordadas nesta pesquisa, como apresenta-se a seguir:

i) Esta pesquisa é direcionada a estabelecimentos penais, não sendo, portanto, considerada válida para demais tipologias arquitetônicas;

(26)

ii) Analisar-se-á apenas a dimensão ambiental da sustentabilidade, suprimindo, portanto, a análise das dimensões econômicas e sociais da edificação em questão;

iii) Não é foco desta pesquisa a certificação da edificação em análise, mas sim, a elaboração de metodologia de avaliação da sustentabilidade que oriente os projetistas nas decisões de projeto que possam reduzir os impactos ambientais gerados com a construção da edificação;

iv) As construções selecionadas para avaliação são do estado de Santa Catarina.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente texto está estruturado em quatro capítulos, sendo eles: Capítulo 1: Apresenta por meio da introdução, a problemática existente, tal qual a justificativa da pesquisa, o objetivo geral e os específicos, as delimitações e, por fim, a estrutura do trabalho.

Capítulo 2: Diz respeito ao referencial teórico, iniciando com um breve histórico sobre o tema prisão, seguido das indicações das principais normativas e legislações relacionadas à Arquitetura Penal. Na sequência, apresentam-se assuntos relacionados à sustentabilidade, partindo de um panorama histórico, apresentando os principais conceitos e as dimensões da sustentabilidade. Em seguida, passando para construções sustentáveis e a exposição dos principais sistemas de avaliações da sustentabilidade utilizados no Brasil. No fim do capítulo, seguem os apontamentos a respeito da sustentabilidade em obras públicas e a sustentabilidade em estabelecimentos penais.

Capítulo 3: Trata do método de pesquisa, iniciando-se com o fluxograma do trabalho, no qual verifica-se a sequência das atividades. Prossegue-se com a apresentação do método utilizado na pesquisa, onde definem-se os procedimentos da coleta de informações, seleção do estudo de caso e método pretendido para se cumprir os objetivos do presente trabalho. Apresenta os requisitos selecionados para compor uma lista de verificação (checklist) utilizada para levantamento de dados em estabelecimentos penais catarinenses. Os requisitos, identificados na análise das metodologias discutidas no Capítulo 2 e em documentos complementares (normas, legislação e trabalhos técnicos brasileiros), são agrupados em sete categorias: 1) Terreno e entorno; 2) Gestão da

(27)

Água; 3) Gestão da Energia; 4) Materiais; 5) Gestão de Resíduos; 6) Qualidade interna do ar e 7) Transportes.

Capítulo 4: Apresenta os requisitos de sustentabilidade ambiental elaborados pela autora, com base em pesquisa bibliográfica nacional e internacional, legislação, normativas e modelos de certificação de sustentabilidade existente. Ainda neste capítulo, são apresentadas as análises dos gestores de estabelecimentos penais e dos especialistas acadêmicos de cada categoria sobre a pertinência dos requisitos selecionados pela autora como relevantes ao contexto brasileiro e, na sequência, apresenta-se o checklist final usado para o levantamento dos dados. Apresenta-se ainda o modelo proposto para avaliação da sustentabilidade ambiental em estabelecimentos penais.

(28)
(29)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O AMBIENTE CONSTRUÍDO NAS EDIFICAÇÕES PRISIONAIS Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (DEPEN, 2016), o Brasil, em junho de 2016, dispunha de 726.712 pessoas privadas de liberdade, constatando-se, na Figura 1, que a população mais do que dobrou nos últimos 11 anos. Essa população ocupa as 368.049 vagas existentes nos estabelecimentos penais brasileiros, perfazendo um déficit de 358.663 vagas, aproximando-se a dois presos para cada vaga. Esse preocupante cenário nacional indica a necessidade de construção de novos estabelecimentos penais para reduzir o déficit em questão, assim como, prever o atendimento ao progressivo e crescente número de encarceramentos. Segundo o relatório do DEPEN (2014), ao passo que países com elevada população carcerária como os Estados Unidos, China e Rússia estão reduzindo sua massa carcerária nos últimos anos, o Brasil apresenta um crescimento anual na ordem de 7%.

Figura 1 - Evolução das pessoas privadas de liberdade entre 1990 e 2016.

Fonte: DEPEN (2016)

Conforme o Institute for Criminal Policy Research (ICPR), o Brasil atinge a terceira posição no ranking de países com maior população prisional do mundo, atrás apenas de países como os Estados Unidos da América e a China. No entanto, para uma análise justa, deve-se comparar a massa carcerária dos paídeve-ses tendo como badeve-se o número de habitantes. O ICPR (2018) apresenta o ranking dos países com maior população carcerária para cada 100 mil habitantes, no qual o Brasil

(30)

apresenta o também preocupante 25° lugar do ranking geral com 323 detentos para cada 100 mil habitantes.

Considerando a elevada população e a infraestrutura básica de que estabelecimentos penais necessitam, acredita-se que os impactos ambientais gerados por esta tipologia predial sejam superiores aos gerados por edificações escolares. Segundo Brandli et al. (2008), esses impactos são causados por atividades de operação do campus e resultam na elevada geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos e consumo de recursos naturais.

Com relação ao consumo de água, a necessidade da sua redução é fundamental para todos os tipos de edificações, visto que, apesar de abundante no território brasileiro (que detém aproximadamente 12% de toda a água doce do planeta), os recursos hídricos não são inesgotáveis. No Brasil, o acesso a este recurso não é igualitário e as características geográficas de cada região somadas às mudanças de vazão dos rios que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano afetam a sua distribuição (BRASIL, 2018). Trata-se, portanto, de um recurso finito, tanto em termos de quantidade como de qualidade, com importante valor econômico, indispensável à garantia da saúde pública e à manutenção da vida (CAIXA, 2010). No entanto, o Brasil mostra-se ineficiente na gestão dos seus recursos naturais, observando-se intenso desperdício em atividades industriais e domésticas e, de modo similar, falhas severas nos serviços públicos como na distribuição de água por exemplo. Segundo o Instituto Trata Brasil (2018), o Brasil vem encontrando dificuldades em promover a redução do desperdício de água, aumentando o já elevado nível de perdas, visto que os índices de perdas de faturamento total e na distribuição em 2016 foram, respectivamente, de 38,53% e 38,05%, valores mais elevados do que àqueles encontrados cinco anos atrás (37,92% e 36,94%). Esse desperdício ocorre por vazamentos, roubos e ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo.

Ainda que presente na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o objetivo de “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos” tem-se mostrado como critério de difícil atendimento, visto que são poucas as iniciativas decorrentes de políticas públicas para fomentar o reúso de águas residuais como parte de estratégia e instrumentos de saneamento ambiental e gestão sustentável de águas (GRUPO DE TRABALHO DA SOCIEDADE CIVIL PARA AGENDA 2030, 2018). O reúso das águas

(31)

servidas e/ou o aproveitamento de águas pluviais apresentam benefícios como: a preservação de recursos hídricos; o incentivo a ações sustentáveis em edificações; a redução da liberação de água da chuva pela cidade que pode resultar em inundações e erosões do solo; a redução de gastos com água tratada e tratamento de esgoto da edificação; a redução da dependência das concessionárias de água potável; o aumento do volume de reserva dos reservatórios de água potável e a redução da necessidade de ampliação do sistema de abastecimento público. Segundo Kammers e Ghisi, em prédios públicos administrativos, aproximadamente, 77% da água potável utilizada poderiam ser substituídos por água pluvial ou por tratamento de águas cinzas, ou pela combinação de ambas (KAMMERS E GHISI, 2006 apud LIMA, 2015). Portanto, os projetos de estabelecimentos penais brasileiros, por serem em sua grande parte do tipo horizontal, apresentam elevada área de telhado, facilitando a captação da água através de calhas instaladas nas coberturas e encaminhadas para as redes de água pluvial (isoladas da rede de água potável) para posterior aproveitamento.

Igualmente, é relevante o consumo eficiente da energia elétrica em virtude dos impactos negativos que a sua geração causa no meio ambiente tal qual seu elevado custo. Usinas hidrelétricas são responsáveis por grandes impactos ao meio ambiente como inundação de grandes áreas resultando no deslocamento da população residencial e atingindo espécies em termos vegetais, florais e animais (BRASIL, 2013). Segundo Goldemberg e Lucon (2007 apud CAIXA 2010), o consumo de energia vem crescendo exponencialmente. Estimou-se que, em 2003, o consumo diário de energia era de 46.300 kcal/hab, vinte e três vezes superior à quantidade de energia necessária para a sobrevivência biológica que é de aproximadamente 2.000 kcal/hab. De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), em 2011 o consumo total de energia elétrica no Brasil foi de 480,12x109 kWh, sendo que, deste consumo, as edificações foram responsáveis por cerca de 46,7%, o comércio por 15,4% e o setor público por 8% do consumo total. Prédios públicos apresentam um expressivo consumo de energia elétrica em nosso país. Por um lado, em razão de as edificações serem mais antigas, apresentando projetos de um período em que as questões de abastecimento energético ainda não mostravam riscos de pane no sistema energético brasileiro e, por outro, por conta do comportamento pessoal dos usuários frente ao uso da energia, realizando um consumo

(32)

irresponsável, por não se tratar de uma despesa particular, mas do Estado (BRASIL, 2013).

Segundo o relatório do Programa de Sustentabilidade nas Prisões - SPP (2016), no ano de 2016, o consumo de energia elétrica por preso nos estabelecimentos penais da cidade de Washington foi de 53.2 KWh/preso/dia, valor este muito superior ao consumo na cidade de São Paulo no ano de 2017 que foi de 8,25 KWh/hab/dia (BOLETIM ENERGÉTICO SECRETARIA DE ENERGIA E DE MINAS – SP 2018), evidenciando assim a necessidade de estabelecimentos penais sustentáveis. Otimizar a eficiência energética numa edificação, de acordo com Ghisi, Ibrahim e Tinker (2005), passa pelo correto dimensionamento da área de janela das edificações, o que é um aspecto relevante na fase de projetos, principalmente quando existe integração da iluminação natural com a artificial.

Quanto à coleta de esgoto, no Brasil, visualiza-se uma queda de 58,1% em 2006 para 57% em 2016, e o tratamento destes efluentes, embora tenha evoluído nos últimos dezoito anos, atingiu, em 2016, o índice de apenas 44,9% em relação ao total gerado no País. Concluiu-se, portanto, que estes baixos índices impactam diretamente a qualidade de vida e a saúde da população, principalmente das 34 milhões de pessoas que não têm acesso à água tratada e das mais de 100 milhões excluídas do serviço de coleta de esgoto em seus domicílios (GRUPO DE TRABALHO DA SOCIEDADE CIVIL PARA AGENDA 2030, 2018).

No que tange à escolha de materiais sustentáveis na construção e gestão do estabelecimento penal, a Instrução Normativa 01 – IN 01 dispõe sobre a utilização de materiais que sejam reciclados, reutilizados e biodegradáveis, dentre outras medidas, visando a redução da geração de resíduos e consequente redução no impacto ambiental (BRASIL, 2010a), sendo que para a disposição adequada dos produtos é necessário analisar o ciclo do começo ao fim, avaliando informações quanto à logística reversa (descarte, coleta, reúso, reciclagem), entre outras questões. A madeira é um dos materiais que necessitam de controle no seu consumo, pois o uso demasiado em atividades de baixa durabilidade, além de constituir desperdício, contribui consideravelmente com o desmatamento e suas consequências, como variados impactos para o meio ambiente e a sociedade, que incluem a emissão de gases do efeito estufa, redução da biodiversidade, interrupção do ciclo de água regional, além de estimular o uso de mão de obra infantil e análoga à escrava, encorajar a evasão fiscal e fomentar

(33)

a violência nas florestas (BRASIL, 2013). Estima-se que o índice de ilegalidade do setor madeireiro brasileiro oscile entre 40% e 80% da produção total (ADEODATO, 2011 apud BRASIL, 2013). O instituto IMAZON, que monitora a Amazônia, destacou no boletim do desmatamento que, em agosto de 2018, detectaram-se 545 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, com aumento de 199% em relação a agosto de 2017, quando à época, o desmatamento era de aproximadamente 182 quilômetros quadrados (IMAZON, 2018). Logo, tornar sustentável o mercado da madeira é um dos grandes desafios do Brasil e, consequentemente, da administração pública, haja vista sua importância na regulamentação e fiscalização do mercado da madeira, assim como a relevância do seu papel como indutor de práticas responsáveis mediante o poder de compra (BRASIL, 2013).

Os apontamentos acima demonstram que a fase de projetos tem elevada influência nos itens relacionados à sustentabilidade ambiental, desde a escolha dos materiais e preferência por instalações hidrossanitárias e elétricas eficientes. De modo similar, o desempenho térmico, visual e energético das edificações é relevante, visto que o projeto ao clima local deve utilizar estratégias de uso da iluminação natural, resfriamento e aquecimento passivo dos ambientes, tanto quanto o uso de fontes alternativas de energia, como a eólica, a biomassa e a solar, podendo utilizar da técnica solar para o aquecimento da água (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).

No entanto, Silva e Gomes (2016) concluíram que o atual sistema carcerário nacional não se mostra capaz de reinserir alguém em sociedade, pelo contrário; criam-se criminosos mais revoltados e detentores de conhecimento incompatível com o pacífico convívio em sociedade. E mais: tal sistema, mesmo ineficiente, tem um elevado dispêndio de recursos por parte do Estado.

Além disso, as edificações não projetadas sustentavelmente, afetam não apenas os reclusos, mas também seus familiares, assim como os próprios funcionários do estabelecimento penal e os habitantes de seu entorno.

Quanto à produção de resíduos, estima-se que, no Brasil, gera-se por dia em torno de 160 mil toneladas de resíduos sólidos dos quais cerca de 40% são passíveis de reaproveitamento e reciclagem. Todavia, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2016, apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos foram reciclados (IPEA, 2017). E em estabelecimentos penais esse volume também é considerável, visto

(34)

tratar-se de uma edificação com elevada população alojada, sendo necessário, portanto, considerar este fato na fase de projetos, e na gestão da Unidade Penal. Em nível brasileiro, o montante de resíduos sólidos urbanos coletados em 2017 foi de 71,6 milhões de toneladas (o que revela um aumento em cerca de 1% em relação a 2016) registrando um índice de cobertura de coleta de 91,2%, o que evidencia que 6,9 milhões de toneladas de resíduos não foram objeto de coleta e, consequentemente, tiveram destino impróprio. Do volume coletado, apenas 59,1% foi disposto em aterros sanitários, sendo que o restante, aproximadamente 40,9% dos resíduos coletados, foi despejado em locais inadequados como lixões e aterros controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente contra danos e degradações, com danos diretos à saúde de milhões de pessoas (BRASIL, 2017a).

A necessidade de construção de novas instituições penais aliada à importância de construções sustentáveis aponta para a indispensável redução no consumo de recursos neste tipo de edificações. Desde a etapa de repensar a arquitetura penal, gerando análises adequadas à concepção deste ambiente, como a adequação das dimensões das celas, a escolha pertinente dos materiais de vedação, a orientação solar oportuna dos alojamentos, até o correto dimensionamento das áreas de ventilação e a preferência por equipamentos e instalações hidrossanitárias e elétricas eficientes.

2.1.1 O Cárcere

O ato de penalizar é antigo, com registros datados nos primórdios da civilização, ocorrendo mudanças nas diferentes formas de julgar e punir o transgressor de acordo com o evoluir da sociedade, na qual novos valores surgiram e delimitaram os campos do direito e da religião. Os sacrifícios, as mutilações e por vezes a pena de morte eram as punições comuns para os malfeitores. Na História, as prisões são retratadas como locais edificados nos palácios dos reis, intramuros, destinados a acolher os contraventores evitando assim fugas e promovendo torturas e suplícios cruéis até o julgamento e a punição final (OLIVEIRA, 1983).

A evolução natural dos direitos e deveres da sociedade e, por conseguinte, o progresso das legislações geraram mudanças no ato de punir um violador das regras, que passou de um ato doloroso e cruel

(35)

para o veto do direito de viver livre em sociedade. O Estado passa a perceber que é seu dever curar e reeducar ao invés de punir com o uso da violência, visto que o transgressor retornará a viver em sociedade. Foucalt (1987) confirma tal afirmação quando aponta que o sofrimento físico, a dor do corpo não são mais os elementos constitutivos da pena, sendo que o castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos.

No Brasil, a Constituição Federal de 1891 em seu artigo 72 inciso 21 extingue a pena de morte, reservadas as disposições da legislação militar em tempo de guerra, e o Código Penal Brasileiro n° 2.848 de 07 de dezembro do ano de 1940 em seu artigo 32 apresenta que os tipos de pena são: privativas de liberdade; restritivas de direitos e multa. As penas privativas de liberdade, segundo os incisos XLVIII e XLIX da Constituição Federal (BRASIL, 1988), estabelecem, respectivamente, que a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o gênero do apenado e que lhe é assegurado o respeito à integridade física e moral.

Em vista disso, cabe ao Estado oportunizar aos encarcerados estabelecimentos penais dignos que possibilitem sua reeducação, requalificação e futura reintegração à sociedade.

2.1.2 Arquitetura de estabelecimentos penais

Em 11 de julho de 1984 instituiu-se a Lei de Execuções Penais – LEP, que tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado (BRASIL, 1984).

A LEP (BRASIL, 1984), além de apresentar os direitos e deveres dos detentos, descreve os órgãos da Execução Penal e suas atribuições e em Título IV dispõe sobre as características e ambientes que as Unidades Prisionais devem contemplar, como: áreas e serviços destinados à assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. No entanto, não traz informações a respeito dos critérios de arquitetura e engenharia de projeto destes ambientes.

Deste modo, é relevante a análise desta e de outras leis pertinentes para a criação de um plano de necessidades e futura elaboração de projetos de uma Unidade Prisional, visto que os direitos e deveres dos presos previstos na LEP e no Código Penal (BRASIL, 1940) são condicionantes arquitetônicas que devem ser consideradas para a

(36)

criação dos ambientes como: sala de visitas, sala de visitas íntimas, atendimento jurídico, atendimento religioso, trabalho, estudo, entre outros, oportunizando assim atividades que reduzam o tempo ocioso dos internos, preparando-os para sua reintegração em sociedade, ofertando trabalho, estudo, religião etc.

Em 11 de novembro de 1994, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária - CNPCP estabeleceu a Resolução 14 - Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil. Esta resolução apresenta o repertório das normas que constituem a imprescindível disciplina das ações no relacionamento do Estado com o homem preso.

Quando analisam-se as legislações e regulamentos de estabelecimentos penais, percebe-se que a LEP (BRASIL,1984) e as Regras Mínimas (BRASIL,1994) são generalistas no âmbito da arquitetura, apenas apontando recomendações quanto ao tipo de alojamento dos presos e o cuidado com as condições de higiene (Art. 8° e 9°). Já a Constituição Federal (BRASIL,1988) limita-se a estabelecer o status jurídico do preso como sujeito de direitos (ESTECA, 2017).

O artigo 63, inciso VI, da LEP aponta, entre outras incumbências ao CNPCP, subordinado ao Ministério da Justiça - MJ, no exercício de suas atividades, estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados. Com tal atribuição, o CNPCP elaborou a Resolução 09 – Diretrizes Básicas para Arquitetura Penal (2011). Tal resolução tem o propósito de apresentar as diretrizes para elaboração de projetos, construção, reforma e ampliação de unidades penais no Brasil, consolidando a relação de cooperação entre o Ministério da Justiça e as Unidades da Federação. A Figura 2 apresenta os temas abordados na legislação e resoluções citadas acima:

Figura 2 - Escopo de cada legislação em arquitetura penal

TEMA Co ns tit ui çã o Fe de ra l Br as ile ira Le i d e Ex ec uç õe s Pe na is Re so lu çã o 14 - Re gr as M ín im as p ar a o tr at am en to d a Pe ss oa P re sa Re so lu çã o 9 - D ire tr iz es B ás ic as pa ra A rq ui te tu ra Pe na l

Tipo e categoria de estabelecimento penal X X X

Porte do estabelecimento penal X X

Custo do estabelecimento penal X

Sociabilização dos presos X X X

(37)

Barreiras perimetrais do estabelecimento penal X

Alojamento da pessoa presa X X X

Partido arquitetônico X Setorização X Programa X X X Dimensionamento X X Fluxos X Conforto Ambiental X X X Sistema de Segurança X Vigilância x Fonte: ESTECA (2017)

Percebe-se que a Resolução 09 (BRASIL, 2011) é a que apresenta uma maior abrangência em conteúdos arquitetônicos sobre estabelecimentos penais. Trata-se de uma referência para todas as obras nacionais com fins penais.

A Resolução 09 divide um estabelecimento penal em setores e módulos. No que tange aos setores, ela os classifica como:

a) Setor externo, cujo fluxo componha-se de pessoas estranhas ao estabelecimento (visitas, edificação 16), guarda externa e agentes penitenciários (13) e pessoal administrativo (14);

b) Setor intermediário, onde possam vir a circular pessoas dos setores externo e interno. Composto por: módulo de triagem e observação (10); módulo de assistência à saúde (03); módulo de tratamento penal (02) e módulo de serviços (06);

c) Setor interno: onde o uso é exclusivamente de pessoas presas e de funcionários. Composto por módulo polivalente (01); módulo de visitas íntimas (01); módulo de ensino (07); módulo de oficinas de trabalho (09); módulo de vivência coletiva (08 e 11); módulo de vivência individual (12); módulo de berçário e creche (isento para a unidade representada na Figura 3, visto tratar-se de estabelecimento penal para internos do sexo masculino); serviço de atenção ao paciente judiciário (06); módulo de tratamento para dependentes químicos (06); módulo de esportes (existência facultativa para penitenciárias).

A Figura 3 apresenta um modelo de implantação de estabelecimento penal, indicando através de legendas as edificações compostas.

(38)

Figura 3 - Modelo Estabelecimento Penal (térreo)

Fonte: Autora (2017).

Reforça-se que a pesquisa abrange o complexo como um todo, no entanto, alguns critérios são específicos da galeria de celas (setor interno), como por exemplo a qualidade interna do ar, visto que este é o local de maior permanência de pessoas alojadas na Unidade Penal.

Fundamentado no artigo 331 do Código Penal, a Resolução 09 (BRASIL, 2011) conceitua e classifica os diferentes tipos de estabelecimentos penais, de acordo com o regime, idade, sexo e condições físicas e mentais dos apenados, sendo que ainda são estabelecidos critérios para a elaboração de projetos arquitetônicos e projetos específicos, apontando as áreas mínimas e máximas da unidade prisional a ser edificada de acordo com o número de vagas pretendidas, limitando de 12,00 a 60,00m2

1 Com base no Código Penal Brasileiro.

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 1º - Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. (BRASIL, 1940, p.20)

(39)

de área construída por pessoa presa (incluindo pátios de sol descobertos). De forma similar, visando fixar a taxa de ocupação, a área total do terreno que deve ser de 16,00 a 100,00 m2 por pessoa presa, também são apresentados os programas de necessidades por tipo de estabelecimento penal, indicando os ambientes obrigatórios e os facultativos para cada tipo de estabelecimento penal.

A Figura 4 apresenta um resumo das tipologias de estabelecimentos penais existentes, suas finalidades, capacidade máxima e ambientes obrigatórios em cada tipologia predial.

Figura 4 - Tipos de estabelecimentos penais e características

Fonte: Resolução 09 (2011).

A Resolução 09 (BRASIL, 2011) define a área, o diâmetro e o volume mínimo das celas de acordo com o número de vagas que o ambiente comportará, sendo que este ambiente deve dispor de elementos básicos como cama, lavatório e vaso sanitário. O chuveiro fica a critério do projetista2, podendo estar locado dentro ou fora da cela.

2 Caso opte pela segunda opção, pode-se subtrair 0,96 m2 da área em relação ao

valor mínimo fixado.

Tipo de estabelecimento

penal Penitenciária Colônia Cadeia pública

Centros de observação

criminológica Casa do albergado Hospital de Custódia

FINALIDADE

Recolhimento de presos com condenação à pena privativa de liberdade em regime fechado. Abriga presos que cumprem pena em regime semiaberto. Recolhimento de pessoas presas em caráter provisório.

Realiza exames para serem

encaminhados às

Comissões Técnicas de Classificação que indicarão o tipo de estabelecimento indicado para o presao

Abriga presos que

cumprem pena privativa de liberdade em regime aberto, ou pena de limitação de fins de semana. Destinados a atender pessoas submetidas à medida de segurança com problemas de saúde. CAPACIDADE 300 (segurança máxima) à800 (segurança média) 1000 presos 800 presos 300 presos 120 presos Limiteestabelecido näo Guarda Externa Agente Penitenciário Administração Recepção/revista Centro de observação/ triagem / inclusão Tratamento Penal Vivência coletiva Vivência individual Serviços Saúde Tratamento para dependentes químicos Oficina de trabalho Educação Polivalente Creche Berçário Visita Íntima Esportes M Ó DU LO S Ca ra ct er ís tic as

(40)

Figura 5 - Dimensões mínimas das celas Capacidade

(vaga) Tipo Área Mínima (m2) Diâmetro Mínimo (m) Mínima (mCubagem 3)

1 Cela individual 6,00 2,00 15,00 2 Cela coletiva 7,00 2,00 15,00 3 Cela coletiva 7,70 2,60 19,25 4 Cela coletiva 8,40 2,60 21,00 5 Cela coletiva 12,75 2,60 31,88 6 Cela coletiva 13,85 2,85 34,60 73 Cela coletiva 13,85 2,85 34,60 85 Cela coletiva 13,85 2,85 34,60 Fonte: Resolução 9 (2011).

A Resolução 09 (BRASIL, 2011) orienta, ainda, sobre a necessidade de se adotar estratégias para aproveitamento de ventilação e iluminação natural, com o objetivo de se obter um bom desempenho térmico. Propõe que a parede de vedação e a cobertura sejam executadas com material adequado de acordo com as condições naturais do terreno e do clima da região onde será edificada a obra, de modo que permita ventilação e proteção utilizando técnicas de engenharia que atendam às condições climáticas de acordo com a Figura 6.

Figura 6 - Tipo de vedação externa por zona bioclimática Regiões

Bioclimáticas Vedações externas Parede Cobertura Zona bioclimática 1 Leve4 Leve Isolada Zona bioclimática 2 Leve4 Leve Isolada Zona bioclimática 3 Leve refletora4 Leve Isolada Zona bioclimática 4 Pesada44 Leve Isolada Zona bioclimática 5 Leve refletora Leve Isolada Zona bioclimática 6 Pesada4 Leve Isolada Zona bioclimática 7 Pesada4 Pesada Zona bioclimática 8 Leve refletora Leve Isolada Fonte: NBR 15.220 (2003).

3 Capacidade válida até que o Sistema Nacional de Informações Penitenciárias do Departamento Penitenciário Nacional comprove a extinção do contingente de presos em Delegacias de Polícias por período superior ao necessário para a conclusão dos procedimentos investigatórios policiais, ou até 5 de maio de 2015.

4As vedações do tipo leve descritas acima são compostas por materiais de baixa densidade, pequena espessura e baixa capacidade térmica, como divisórias e painéis. Porém, a do tipo isolada recebe uma camada extra isolante, a refletora recebe uma camada de revestimento em cores claras. Já as vedações pesadas são compostas por materiais com maior capacidade térmica e grandes espessuras, tais como concreto, alvenaria ou tijolo maciço.

(41)

Com o intuito de obter conforto térmico nas celas, utilizam-se as recomendações da NBR 15220/2003 sobre as aberturas, sendo que as mesmas devem ter um mínimo de 1/8 a 1/6 da área do piso, dependendo da zona bioclimática onde a unidade está inserida (BRASIL, 2011), conforme apresentado na Figura 7.

Figura 7 - Estratégias bioclimáticas e dimensionamento das aberturas por zona Regiões

Bioclimáticas Abertura para ventilação (A em percentual da área do piso) Sombreamento das aberturas

Zona bioclimática 1 16%≤A≤25% Permitir o sol durante o

período frio

Zona bioclimática 2 16%≤A≤25% Permitir o sol durante o

período frio

Zona bioclimática 3 16%≤A≤25% Permitir o sol durante o

período frio

Zona bioclimática 4 16%≤A≤25% Sombrear aberturas

Zona bioclimática 5 16%≤A≤25% Sombrear aberturas

Zona bioclimática 6 16%≤A≤25% Sombrear aberturas

Zona bioclimática 7 16%≤A≤25% Sombrear aberturas

Zona bioclimática 8 A≥40% Sombrear aberturas

Fonte: NBR 15.220 (2003).

A Resolução 09 (BRASIL, 2011) determina que:

i) os ambientes tenham ventilação cruzada com relação entre a abertura de entrada e de saída de no mínimo 0,5 para a circulação de ar, com localização das esquadrias de forma a produzir uma corrente de ar na altura dos usuários nos diversos ambientes;

ii) a galeria de celas seja implantada no terreno de modo que permita o equilíbrio entre o recebimento da radiação solar no inverno oportunizando benefícios da salubridade do ambiente e, ainda, possibilitar que no verão a radiação direta que causa desconforto e sobreaquecimento dos espaços seja evitada;

iii) os comandos como disjuntores, descargas e registros sejam acionados externamente às celas desde que atendam com conforto e higiene às necessidades humanas, permitindo que os profissionais tenham o controle do abastecimento de água e iluminação dos alojamentos;

iv) as edificações sejam projetadas de acordo com as necessidades do sistema de distribuição, reservação e utilização de água potável do prédio. Já o esgotamento sanitário deve ser lançado em caixa de inspeção externa à galeria;

(42)

v) todos os equipamentos, caixas de passagem, fiação elétrica, quadros, equipamentos de proteção contra incêndio, reservatórios de água sejam protegidos com trancas e instalados em locais de difícil acesso aos internos, esses, assim como todo objeto que possa se transformar em arma branca ou servir de apoio ao suicídio;

vi) os materiais de construção sejam adotados de acordo com as características da região de implantação da unidade, sendo proibido o uso de materiais inflamáveis e vandálicos;

vii) as instalações elétricas sejam projetadas de modo a atender às exigências para obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia classe “A”, emitida pelo Ministério de Minas e Energias através do Programa PROCEL EDIFICA (BRASIL, 2011);

viii) seja considerada a estética da edificação de modo que favoreça o equilíbrio, a saúde mental e a tranquilidade, utilizando técnicas de pintura, acabamento e layout do espaço, minimizando, portanto, a sensação de opressão não só do apenado como dos profissionais que ali laboram;

ix) sejam previstas áreas reservadas para refeição e lazer dos detentos tal qual a obrigatoriedade de pátios cercados para banho de sol.

A Resolução 09 (BRASIL, 2011) apresenta tabelas de dimensionamento dos ambientes para cada um dos módulos apresentados na Figura 4, como exemplo, apresenta o dimensionamento dos ambientes dos módulos de vivência coletiva.

Figura 8 - Programa de necessidades para Módulo de Vivência Coletiva. Programa

Discriminado Área Mínima (m 2) Pe ni te nc iá ria Ca de ia P úb lic a Co lô ni a Pe na l Ca sa d o Al be rg ad o Ce nt ro O bs er va çã o Cr im in ol óg ic a Se rv iç o de A te nç ão a o Pa ci en te Ju di ci ár io Ce nt ra l P en as e M ed id as Al te rn at iv as Sala de controle 6,00 x x x Instalação sanitária funcionário 2,25 x x x x Ala de celas ou alojamento coletivo Deverá atender às recomendações de número, capacidade e dimensões mínimas x x x x x Celas individuais

(43)

Instalação

sanitária externa do módulo, sendo 1 vaso para De acordo com a capacidade cada 20 homens ou 10 mulheres e 1 lavatório para

cada 20 pessoas

x x x x

Chuveiros coletivos (quando necessários)

De acordo com a capacidade do módulo 0,63/ chuveiro,

com 1 para PNE.

Área coberta (refeitório, lazer, etc.)

De acordo com projeto arquitetônico, considerando

1m2 por pessoa (com possibilidade de revezamento

de horário)

x x x x x

Pátio de sol 1,50 por pessoa presa, desde

que haja revezamento de uso. x x x x x Distribuição de

refeições 15,00 x x x x x

Fonte: Resolução 9 – Diretrizes Básicas para Arquitetura Penal CNPCP (2011).

A Resolução 09 (2011) lista outras normas e resoluções complementares ao seu conteúdo, dentre as quais a NBR 15.220 - Desempenho térmico de edificações (2003) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que orienta sobre os requisitos de conforto ambiental, tratando questões como as aberturas de ventilação e iluminação. No entanto, a ABNT não possui um conjunto normativo específico para estabelecimentos penais, utilizando-se para tanto, algumas referências que auxiliam na conformação do espaço arquitetônico penal, indiretamente ou em pontos específicos, tais como a NBR 15.575 (2013) que trata-se da norma de desempenho de edificações habitacionais, contribuindo de forma limitada para edificações penais (ESTECA, 2017).

2.2 SUSTENTABILIDADE 2.2.1 Panorama Histórico

Com o advento da industrialização, grandes concentrações do uso de matéria-prima e de energia foram necessários. Isso ocorreu paralelamente ao surgimento dos aglomerados urbanos e da aceleração da urbanização, Desta forma, a dificuldade em manter um equilíbrio entre o uso e a capacidade dos processos básicos resulta no início da degradação do meio ambiente e devastação das fontes de matéria-prima (MÜLFARTH, 2002).

(44)

Outro considerável momento de deterioração dos recursos naturais ocorreu no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando as políticas de desenvolvimento concentraram-se inicialmente na reconstrução da Europa e do Japão, enquanto as duas potências vencedoras, Estados Unidos e União Soviética, investiram na retomada econômica de seus aliados, que se tornariam peças fundamentais na Guerra Fria. O desenvolvimento econômico seria resultado de investimentos em grandes obras de infraestrutura, tais como rodovias, hidrelétricas e projetos de irrigação, sendo as ações ambientais vistas como entraves ao progresso (RIO+20, 2012).

Ressalta-se que, no relatório de Brundtland, publicado em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1983, encontram-se informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano. Encontra-se ainda uma das definições mais difundidas do conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. No entanto, o referido relatório foi amplamente criticado por apresentar como causa da situação de insustentabilidade do planeta o descontrole populacional e a miséria dos países subdesenvolvidos, colocando a poluição provocada pelos países desenvolvidos, nos últimos anos, somente como um fator secundário. (BARBOSA, 2008).

A Figura 9 apresenta a linha do tempo no que diz respeito a importantes momentos para o tema Sustentabilidade.

(45)

Figura 9 - Linha do tempo (Sustentabilidade).

(46)
(47)

Mais recentemente, em agosto de 2015, concluiu-se as negociações da Agenda de Desenvolvimento Sustentável ou Agenda 2030, resultado do consenso obtido pelos delegados dos Estados-membro da ONU. Tal agenda contempla um conjunto de programas, ações e diretrizes que irão embasar os trabalhos das Nações Unidas e dos países-membro rumo ao desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2015). A Figura 10 apresenta os 17 objetivos apontados para o desenvolvimento sustentável de acordo com a Agenda 2030.

Figura 10 - Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: ONU Brasil (2015).

2.2.2 Dimensões da Sustentabilidade

Além de apresentar um dos conceitos mais difundidos sobre o tema, o relatório Brundtland chamou a atenção do mundo sobre a necessidade de se encontrar novas formas de desenvolvimento econômico, sem a redução dos recursos naturais e sem danos ao meio ambiente. Deste relatório, derivaram-se diretamente os três pilares do desenvolvimento sustentável, sendo eles: desenvolvimento econômico, equidade social e proteção ambiental (BARBOSA, 2008). A Figura 11 apresenta as três dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e econômica. O atendimento a estes três pilares resulta no alcance da sustentabilidade.

(48)

Figura 11 - Esquema da sustentabilidade e suas dimensões.

Fonte: Filho, 2012, adaptado pelo autor (apud SILVA, 2016).

Segundo Sachs (2002), um dos organizadores da Conferência de Estocolmo de 1972 sobre Meio Ambiente Humano, o crescimento econômico é essencial, mas ele deveria ser socialmente receptivo e implementado por métodos favoráveis ao meio ambiente, ao contrário de favorecer a incorporação predatória do capital da natureza ao PIB. Ignacy cria novas divisões ao conceito de sustentabilidade, sendo elas: sustentabilidade ecológica, territorial, cultural e política (nacional/internacional).

2.2.2.1 Dimensão Ambiental

Refere-se ao capital natural de um empreendimento ou sociedade. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar em formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar (LASSU, 2017).

Deste modo, a dimensão ambiental no ambiente construído trata-se do compromisso de evitar efeitos perigosos e potencialmente irreversíveis no ambiente através de uso cuidadoso de recursos naturais, minimização de resíduos, proteção e, quando possível, melhoria do ambiente (BRE et al., 2002 apud SILVA, 2003).

Segundo Silva (2003), a dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável requer o equilíbrio entre proteção do ambiente físico e seus

Referências

Documentos relacionados

Depois da ação do último jogador, os jogadores devem novamente jogar ou descartar cartas na ordem de ORGANIZAÇÃO (a ordem pode alterar-se caso algum jogador ganhe ou

O trabalho tem como objetivo elucidar a importância do brincar para as crianças, do contato delas com a natureza, de sua ação de ocupar espaços públicos na cidade, como praças e

Para isso, pretendemos pensar sobre as pulsões, sobre como se dá esse pulsional, reflectindo também sobre as relações iniciais do bebé com o outro, e culminando no que pode estar

Neste capítulo, será apresentada a Gestão Pública no município de Telêmaco Borba e a Instituição Privada de Ensino, onde será descrito como ocorre à relação entre

Este trabalho de pesquisa tem por objetivo levar à comunidade escolar uma discussão acerca do tema abordado: “A construção da identidade negra dos alunos da Escola Estadual de

O segundo Beneficiário será designado pelo Segurado na Proposta de Adesão, podendo ser substituído a qualquer tempo, mediante solicitação formal assinada pelo próprio Segurado, para

Débitos tributários e condominiais (propter rem) serão sub-rogados no valor da arrematação (art.. interessados a pesquisar e confirmar diretamente nos órgãos competentes,

O bloqueio intempestivo dos elementos de transmissão de energia entre os equipamentos e acessórios ou reboques está impedido ou se não está existem medidas que garantem a segurança