• Nenhum resultado encontrado

Indicadores para avaliar práticas de sustentabilidade nas instituições federais de ensino superior brasileiras

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Indicadores para avaliar práticas de sustentabilidade nas instituições federais de ensino superior brasileiras"

Copied!
498
0
0

Texto

(1)

Natasha Giarola Fragoso de Oliveira

INDICADORES PARA AVALIAR PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE

ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS

Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina

– PPGA/UFSC Orientador: Prof. Dr. Hans Michael

Van Bellen

Coorientadora: Profa. Dra. Clerilei Aparecida Bier

Florianópolis, SC 2018

(2)
(3)
(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela determinação e perseverança em concretizar meus objetivos.

À minha família, pelo apoio às minhas decisões, em especial minha mãe, Marli Giarola Fragoso de Oliveira, meu pai, José Fragoso de Oliveira, meu irmão, João Pedro Fragoso de Oliveira, minha irmã, Paula Giarola Fragoso de Oliveira e meu cunhado Orlando Martins.

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ao Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/UFSC), pela estrutura física, acadêmica como também aos participantes da pesquisa da UFSC e do Instituto Federal Catarinense (IFC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) pela possibilidade da realização desse estudo.

Aos professores do Doutorado, em especial ao meu orientador professor Dr. Hans Michael Van Bellen pela disponibilidade e orientação nesse processo. A minha coorientadora e amiga, professora Dra. Clerilei Aparecida Bier, pela dedicação e cumplicidade para a conclusão desse projeto.

Aos professores doutores, Daniel Moraes Pinheiro, Irineu Manoel de Souza e Sulivan Desirée Fischer pela disponibilidade em participar como membros da banca examinadora deste trabalho e pelas preciosas contribuições.  

À Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), ao Aroldo Schambeck e Maurício Santos Küster, pela compreensão que viabilizaram a conclusão desse trabalho.

À turma de Doutorado de 2015, colegas que partilharam comigo esse processo de descobrimento e conhecimento, demonstrando amizade e cumplicidade, em especial à Ilane Frank e Eduardo Sigaúque Morgan.

Ao Observatório da Sustentabilidade e Governança da UFSC, em especial à Maira Mieko Botomé, Mônica Beppler Kist, Diego Fiel Santos e Gilberto Sales pela amizade e apoio acadêmico, elementos fundamentais nesse processo.

Aos meus amigos, sempre presentes na minha vida, em especial à Carla Cristina Silveira Trilha, Manoela de Oliveira Muller, Aichely Rodrigues, Fabiana Teixeira da Rosa, Luana Rosskamp, Willian Tadeu Melcher Jankovski Leite, Cláudio João Fernandes e Rogério Simões pelo incentivo e apoio nesse período.

Ao Marcus Vinícius Israel, pelo incentivo e cuidado ao longo de toda a trajetória e de tantas outras.

(6)
(7)

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.” (Allan Kardec, 1870)

(8)
(9)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo propor indicadores de sustentabilidade adaptados à realidade das instituições federais de ensino superior IFES brasileiras, considerando os contextos normativo, administrativo, político-cultural e socioeconômico. O estudo fundamentou-se em uma pesquisa sistemática na qual levantou-se um universo de aproximadamente 2.000 artigos na qual foi possível observar uma evolução das ferramentas de sustentabilidade ao longo de 23 anos. As ferramentas de maior incidência dentre os anos de 2016 e 2017 foram: Sustainability Tracking, Assessment and Rating System (STARS), Sustainability Assessment Questionnaire (SAQ) e Assessment Instrument for Sustainability in Higher Education (AISHE). Dentre eles, o STARS foi escolhido como eixo principal deste estudo, em função de sua amplitude conceitual e objetividade metodológica. A partir das áreas de atuação institucional analisadas, a de operações foi selecionada como principal, a fim de atender critérios de objetividade quanto às possibilidades de verificação e de implementação de tais práticas. Os indicadores selecionados foram qualificados e validados por meio de questionário junto a especialistas da área, servidores atuantes na área técnica e professores que estivessem envolvidos com ações de sustentabilidade nas instituições, com horizonte de aplicação nas Instituições no curto prazo (1 a 4 anos). Considerando a necessidade de representar diferentes realidades institucionais no estudo, optou-se por organizações participantes do Fórum de Gestão Integrada das Instituições Federais de Ensino de Santa Catarina (FORGIFESC), que compreendem as Instituições de Ensino Superior Federais de Santa Catarina - Instituto Federal Catarinense (IFC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Como resultado foi possível, por meio da análise por triangulação e validação junto aos especialistas, propor 19 indicadores de sustentabilidade distribuídos nos seguintes critérios: Ar e Clima, Edificações, Energia, Alimentos e Serviços de Refeição, Solo, Compras, Transporte, Desperdício e Água. Esta pesquisa possibilitou aprofundar a compreensão teórica e a reflexão científica sobre o fenômeno estudado, bem como oferecer uma ferramenta de gestão da sustentabilidade aplicável às IFES brasileiras. Palavras-chave: Indicadores, Sustentabilidade, Universidade, Avaliação, Ferramenta, Administração Pública Brasileira.

(10)
(11)

ABSTRACT

The present study aims to propose sustainability indicators adapted to the reality of the federal institutions of higher education in Brazil, considering the normative, administrative, political-cultural and socioeconomic contexts. The study was based on a systematic research in which a universe of approximately 2,000 articles was raised, in which it was possible to observe an evolution of the tools of sustainability over 23 years. The tools of greatest incidence between the years 2016 and 2017 were Sustainability Tracking, Assessment and Rating System (STARS), Sustainability Assessment Questionnaire (SAQ) and Assessment Instrument for Sustainability in Higher Education (AISHE). Among them, the STARS was chosen as the main axis of this study, due to its conceptual breadth and methodological objectivity. From the areas of institutional performance analyzed, was selected “operations” as the main one, in order to meet criteria of objectivity regarding the possibilities of verification and implementation of such practices. The selected indicators were qualified and validated by means of a questionnaire with specialists in the area, employees working in the technical area and teachers who were involved in sustainability actions in the institutions, with a horizon of application in the Institutions in the short term (1 to 4 years). The Forum of Integrated Management of the Federal Institutions of Education of Santa Catarina (FORGIFESC), which includes the Federal Higher Education Institutions of Santa Catarina - Federal Institute of Santa Catarina (IFC), Federal Institute of Santa Catarina (IFSC), Federal University of Southern Border (UFFS) and Federal University of Santa Catarina (UFSC), was chosen as sample space for the study, because it contains different typologies and Brazilian institutional realities. As a result, it was possible, through the analysis by triangulation and validation to the specialists, to propose 19 sustainability indicators distributed in the following criteria: Air and Climate, Buildings, Energy, Food and Meals, Soil, Procurement, Transport, Waste and Water. This research made it possible to deepen the theoretical understanding and the scientific reflection on the studied phenomenon, as well as to offer a sustainability management tool applicable to the Brazilian IFES.

Keywords: Indicators, University, Assessment, Tools, Brazilian Public Administration.

(12)
(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 3Ps - People, Planet, Profit

AASHE - Associação para o Avanço da Sustentabilidade no Ensino Superior

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABNT NBR ISO 14020 - Norma para o desenvolvimento e uso de rótulos e declarações ambientais

ACUPCC - Compromisso de Carbono da Second Nature

AISHE - Assessment Instrument for Sustainability in Higher Education AP - Administração Pública

APP - Área de preservação Permanente AUA - Alternative Universal Appraisal

BPOA - Conferência do Programa de Ação de Barbados

BREEAM - Método de Avaliação Ambiental do Building Research Establishment (BRE)

C - Currículo

CA - Características Acadêmicas

CASAN - Companhia Catarinense de Água e Saneamento

CASBEE - Comprehensive Assessment System for Built Environment Efficiency

CCA - Arseniato de cobre cromatado

CDB - Convenção sobre Diversidade Biológica

CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CEPSH - Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos CF - Constituição Federal

CFC - Clorofluorocarboneto

CGH Protocol - Centralized genetic-based clustering protocol for wireless sensor networks

CGIEE - Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética

CGRL - Coordenação-Geral de Recursos Logísticos

CGU - Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União CI - Características Institucionais

CIB - Conselho Internacional da Construção

CIM - Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima CIR - Comitê de Investidores

CISAP - Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública

(14)

CITE-AMB - Red de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación Ambiental en Iberoamérica

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CRLE - Centro de Respeito à Vida e Meio Ambiente CRUE - Conference of Rectors of Spanish Universities

CSAD core - Campus Sustainability Assessment Framework Core CSAF - Campus Sustainability Assessment Framework

CSARP - Campus Sustainability Assessment Review Project DASP - Departamento Administrativo do Serviço Público

DELOG/SLTI - Departamento de Logística da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação

DHO - Fundação Holandesa para o Ensino Superior Sustentável DR - Desenvolvimento e Recompensa a Professores e Funcionários DUK - German Commission for UNESCO

EBSCOhost - Information Service of provider of research databases EFQM - Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade

EMS - Environmental Management System Self- Assessment EN - Engajamento

ENCE - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia EPEAT - Electronic Product Environmental Assessment Tool EPEAT Gold rótulo - sistema global de avaliação para equipamentos eletrônicos ecologicamente amigáveis

ES - Extensão e Serviço

EUA - Estados Unidos da América

FML - Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal

FORGIFESC - Fórum de Gestão Integrada das Instituições Federais de Ensino de Santa Catarina

FSC - Forest Stewardship Council FTE - Full Time Equivalent

GBC Brasil - Green Building Council Brasil GEE - Gases de Efeito Estufa

GEN - Global Ecolabelling Network

GESPÚBLICA - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

GM - Green Metric

GMID - Graz Model for Integrative Development GP - Green Plan

(15)

GVces - Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas

HCFC - Hidrofluorocarboneto HE - Higher Education

HE 21 - Higher Education 21’s Sustainability Indicators HEPS - Higher Education Partnership for Sustainability HESI - Iniciativa de Sustentabilidade do Ensino Superior

HIV/AIDS - Síndrome causada pelo vírus da imunodeficiência humana ID - Indicadores de Desempenho

IES - Instituições de Ensino Superior IFC - Instituto Federal Catarinense

IFES - Instituições federais de ensino superior IFSC - Instituto Federal de Santa Catarina

IISD - International Institute for Sustainable Development IN - Instrução Normativa

INK - Instituto Holandês de Gestão da Qualidade IL - Inovação & Liderança

IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IPI - Imposto sobre produtos Industrializados

ISCN-GULF - The International Sustainable Campus Network IPVA - Imposto sobre a propriedade de veículos automotores IUE - intensidade de uso de energia

LCCA - Análise de Custo do Ciclo de Vida

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do Brasil LEED - Leadership in Energy and Environmental Design MBRE - Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões ME - Módulo Educação

MI - Módulo Identidade

MIE - Missão Institucional, Estrutura e Planejamento MIP - Manejo Integrado de Pragas

MMA - Ministério do Meio Ambiente MME - Ministério de Minas e Energia MO - Módulo Operações

MP - Módulo Pesquisa

MPOG - Ministério de Planejamento Orçamento e Gestão MS - Módulo Sociedade

MSI - Conferência da Estratégia de Implementação da Maurícia

NWF - National Wildlife Federation’s State of the Campus Environment OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

(16)

OECD - Organization for Economic Co-operation and Development ODMs - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

ONGs - Organizações não Governamentais ONU - Organização das Nações Unidas OP - Operações

PA - Planejamento e Administração PB - Pesquisa e Bolsa de Estudo

PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem

PBE - V - Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular); PDCA - Plan, Do, Check, Act

P&P - People & Planet

PLS - Plano de Logística Sustentável

PNEF - Programa Nacional de Eficiência Energética PNLT - Plano Nacional de Logística e Transportes PNMC - Política Nacional sobre Mudança do Clima

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PP - Política Pública

PPs - Políticas Públicas

PROCONVE - Programa de Controle de Emissões Veiculares PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas PRONAR - Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar PronaSolos - Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil

PVC - Policloreto de vinila

SAQ - Sustainability Assessment Questionnaire SciELO - Scientific Electronic Library Online

Scopus - Banco de dados de resumos e citações da literatura SDOs - Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio SISG - Sistema de Administração de Serviços Gerais SPELL - Scientific Periodicals Electronic Library

STARS - Sustainability Tracking, Assessment and Rating System TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TON - Toneladas

TCU - Tribunal de Contas da União TD - Declaração de Talloires TI - Tecnologia da Informação UC - Unidade de Conservação

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

(17)

UL Ecologo - Rotulagem Ambiental do Tipo I baseada na norma ISO 14024

ULSF - University Leaders for a Sustainable Future UNB - Universidade de Brasília

UNEP - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

USP - Universidade de São Paulo

WBSCD - World Business Council for Sustainable Development WRI - World Resources Institute

(18)
(19)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Áreas de relevância para o estudo da Sustentabilidade ... 41

Figura 2: Etapas da pesquisa ... 113

Figura 3: Procedimentos para elaboração do instrumento... 126

Figura 4: Principais ferramentas de sustentabilidade para IES ... 128

Figura 5: Área operações das principais ferramentas de sustentabilidade para IES ... 129

Figura 6: Categorias de análise de contexto ... 129

Figura 7: Validação dos indicadores junto a especialistas da área da sustentabilidade das IES ... 132

Figura 8: Elaboração do Instrumento de Avaliação de Sustentabilidade no contexto brasileiro ... 134

Figura 9: Estrutura detalhada do AISHE ... 171

Figura 10: Análise comparativa dos instrumentos de pesquisa ... 208

Figura 11: Consumo de SDOs no Brasil ... 224

Figura 12: Redução de desperdício e otimização dos processos ... 234

Figura 13: Marcos regulatórios - Critério Energia ... 242

Figura 14: Localização das IFES pesquisadas... 281

Figura 15: Mensuração do desperdício de alimentos em uma IFES ... 301

Figura 16: Iniciativa de novas fontes de energia no critério transporte ... 317

(20)
(21)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Principais tendências socioeconômicas e suas consequências

ambientais ... 44

Quadro 2: Conferências e marcos para a sustentabilidade ... 49

Quadro 3: Requisitos para a sustentabilidade ... 55

Quadro 4: Critérios de sustentabilidade ... 58

Quadro 5: Conceito de Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade ... 61

Quadro 6: Teoria da burocracia sob a análise da sociedade e autoridade ... 66

Quadro 7: Princípios-chave para o Novo Serviço Público ... 68

Quadro 8: Síntese dos modelos de Administração Pública ... 70

Quadro 9: Ciclo conceitual de Políticas Públicas de Heidemann ... 73

Quadro 10: Ciclo de Políticas Públicas e a resolução aplicada de problemas públicos de Howlett e Ramesh ... 73

Quadro 11: Modelos de instituições universitárias ... 76

Quadro 12: Princípios orientadores para a reforma universitária ... 78

Quadro 13: Habilidades desejáveis aos administradores universitários 80 Quadro 14: Três Prismas da gestão universitária ... 81

Quadro 15: Características desejáveis de Indicadores de Desempenho ID ... 87

Quadro 16: Principais critérios de seleção de indicadores ... 89

Quadro 17: Princípios de Bellagio para análise do progresso em prol do desenvolvimento sustentável ... 90

Quadro 18: Reformulação dos Princípios de Bellagio em prol do desenvolvimento sustentável ... 93

Quadro 19: Comparação entre as abordagens de avaliação para uma universidade sustentável ... 98

Quadro 20: Proposta de avaliação para um campus sustentável por Alghamdi, Heijer e Jonge ... 99

Quadro 21: Proposta de avaliação para um campus sustentável por Alshuwaikhat e Abubakar ... 100

Quadro 22: Aspectos relevantes das ferramentas de sustentabilidade na formação da universidade sustentável ... 102

Quadro 23: Aspectos essenciais às ferramentas de sustentabilidade ... 105

Quadro 24: Categorias essenciais aos indicadores de sustentabilidade106 Quadro 25: Ferramentas de sustentabilidade e suas diferentes finalidades de monitoramento ... 108

Quadro 26: Critérios e indicadores essenciais à universidade sustentável ... 109

(22)

Quadro 27: Pesquisa sistemática por palavras chave do estudo ... 117 Quadro 28: Instrumentos para avaliar a sustentabilidade em universidades proposta por Shriberg ... 117 Quadro 29: Instrumentos para avaliar a sustentabilidade em universidades proposta por Yarime e Tanaka ... 119 Quadro 30: Instrumentos para avaliar a sustentabilidade em universidades proposta por Fischer, Jenssen e Tappeser ... 121 Quadro 31: Etapas para realização da pesquisa sistemática ... 122 Quadro 32: Incidência de instrumentos nos artigos selecionados entre os anos de 2016 e 2017 ... 123 Quadro 33: Instrumentos com maior incidência entre os anos de 2016 e 2017 ... 124 Quadro 34: Atributos necessários aos perfis de especialistas da área de sustentabilidade em IES ... 131 Quadro 35: Síntese dos Procedimentos Metodológicos da pesquisa .. 135 Quadro 36: Custo para adesão ao STARS ... 139 Quadro 37: Etapas para definição de cada crédito no STARS ... 140 Quadro 38: Documento proposto STARS... 164 Quadro 39: Características de Desenvolvimento Sustentável para o AISHE ... 169 Quadro 40: Cinco Estágios de Desenvolvimento para cada critério estabelecido pelo AISHE ... 172 Quadro 41: Cinco Estágios de Desenvolvimento para o critério Visão e política estabelecido pelo AISHE ... 174 Quadro 42: Documento proposto AISHE ... 182 Quadro 43: Plano de dez ações da Declaração de Talloires... 184 Quadro 44: Documento proposto SAQ ... 195 Quadro 45: Análise comparativa das ferramentas da pesquisa ... 203 Quadro 46: Conceitos relevantes de indicadores para a pesquisa ... 209 Quadro 47: Estrutura da área de operações e seus desdobramentos ... 210 Quadro 48: Categorias de análise para a proposição dos indicadores . 213 Quadro 49: Normativas evidenciadas para a prática de sustentabilidade para às instituições públicas ... 217 Quadro 50: Compromissos relativos ao Critério Ar e Clima ... 224 Quadro 51: Definições Lei n.º 12.187/2009 ... 225 Quadro 52: Desdobramentos e ações previstos na Lei n.º 12.187 de 2009 ... 226 Quadro 53: Indicadores do critério Ar e Clima com base nos instrumentos estudados ... 229 Quadro 54: Proposta de indicadores do critério Ar e Clima para IFES brasileiras ... 230

(23)

Quadro 55: Orientações de boas práticas para construções sustentáveis ... 232 Quadro 56: Indicadores do critério Edificações com base nos instrumentos estudados ... 239 Quadro 57: Proposta de indicadores do critério Edificações para IFES brasileiras ... 240 Quadro 58: Indicadores do critério Energia com base nos instrumentos estudados ... 244 Quadro 59: Proposta de indicadores do critério Energia para IFES brasileiras ... 245 Quadro 60: Diretrizes da agricultura orgânica ... 246 Quadro 61: Indicadores do critério Alimentos e Serviços de Refeição com base nos instrumentos estudados ... 249 Quadro 62: Proposta de indicadores do critério Alimentos e Serviços de Refeição para IFES brasileiras ... 251 Quadro 63: Objetivos Lei n.º 12.805/2013 ... 253 Quadro 64: Indicadores do critério Solo com base nos instrumentos estudados ... 255 Quadro 65: Proposta de indicadores do critério Solo para IFES brasileiras ... 256 Quadro 66: Práticas sustentáveis nas compras públicas ... 258 Quadro 67: Indicadores do critério Compras com base nos instrumentos estudados ... 259 Quadro 68: Proposta de indicadores do critério Compras para IFES brasileiras ... 260 Quadro 69: Propostas de solução energética para o Transporte ... 262 Quadro 70: Indicadores do critério Transporte com base nos instrumentos ... 263 Quadro 71: Proposta de indicadores do critério Transporte para IFES brasileiras ... 266 Quadro 72: Objetivos da Lei de Resíduos Sólidos ... 267 Quadro 73: Indicadores do critério Desperdício com base nos instrumentos estudados ... 269 Quadro 74: Indicadores do critério Desperdício para IFES brasileiras 270 Quadro 75: Indicadores do critério Água com base nos instrumentos estudados ... 273 Quadro 76: Proposta de indicadores do critério Água para IFES brasileiras ... 274 Quadro 77: Proposta inicial de indicadores de sustentabilidade adaptados para IFES brasileiras ... 278

(24)

Quadro 78: Dados institucionais das Instituições Federais de Ensino Superior de Santa Catarina ... 282 Quadro 79: Proposta de indicadores de sustentabilidade para a realidade das IFES brasileiras pós validação ... 330

(25)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Perfil dos especialistas por instituição e área de atuação ... 283 Gráfico 2: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Ar e Clima ... 284 Gráfico 3: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Ar e Clima por IFES SC ... 285 Gráfico 4: Aplicabilidade do indicador referente ao critério Edificações ... 288 Gráfico 5: Aplicabilidade do indicador referente ao critério Edificações por IFES SC ... 289 Gráfico 6: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Energia ... 291 Gráfico 7: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Energia por IFES SC ... 293 Gráfico 8: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Alimentos e Serviços de Refeição ... 296 Gráfico 9: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Alimentos e Serviços de Refeição por IFES SC ... 298 Gráfico 10: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Solo ... 302 Gráfico 11: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Solo por IFES SC ... 304 Gráfico 12: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Compras ... 307 Gráfico 13: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Compras por IFES SC ... 308 Gráfico 14: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Transporte ... 311 Gráfico 15: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Transporte por IFES SC ... 313 Gráfico 16: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao Critério Desperdício ... 319 Gráfico 17: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Desperdício por IFES SC ... 320 Gráfico 18: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Água ... 324 Gráfico 19: Aplicabilidade dos indicadores referentes ao critério Água por IFES SC ... 326

(26)
(27)
(28)
(29)

6.1 INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE SANTA CATARINA ... 281 6.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 282 6.2.1 Análise e resultados Critério 01 - Ar e Clima ... 283 6.2.2 Análise e Resultados Critério 02 - Edificações ... 288 6.2.3 Análise e Resultados Critério 03 - Energia ... 291 6.2.4 Análise e Resultados Critério 04 - Alimentos e Serviços de Refeição... ... 295 6.2.5 Análise e Resultados Critério 05 - Solo... 302 6.2.6 Análise e Resultados Critério 06 - Compras ... 307 6.2.7 Análise e Resultados Critério 07 - Transporte ... 310 6.2.8 Análise e Resultados Critério 08 - Desperdício ... 318 6.2.9 Análise e Resultados Critério 09 - Água ... 324 6.2.10 Proposta de Indicadores para as IFES Brasileiras ... 330 7 CONCLUSÃO ... 333 REFERÊNCIAS ... 341 APÊNDICE A - NOTAS EXPLICATIVAS STARS ... 367 APÊNDICE B - ETAPA INTERMEDIÁRIA E TRANSPOSIÇÃO DOS INDICADORES ... 449 APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 475

APÊNDICE D - CARTA APRESENTAÇÃO AOS

ESPECIALISTAS ... 477 APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO... 479 ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS ... 493

(30)
(31)

31

1 INTRODUÇÃO

A percepção dos problemas ambientais no planeta produziu uma mobilização mundial nas últimas décadas, com a discussão dos impactos provocados pelo modo de produção industrial e suas consequências. Desastres ambientais e dramas humanos, frutos da excessiva utilização dos recursos naturais, impulsionaram intensas discussões e a realização de diversos estudos por instituições, organizações e movimentos ativistas internacionais. Esse movimento gerou novas leituras e novos conceitos, ampliou o entendimento e abrangência da complexa relação da sociedade humana com o ambiente e estimulou politicamente o comprometimento dos estados nacionais com relação a essas questões.

Nesse movimento em escala global, entre as décadas de 70 e 80, dois conceitos surgiram fortemente: o de sustentabilidade e o de desenvolvimento sustentável. Ambas as expressões passaram a ser utilizadas como “palavras-chave” em diferentes épocas, abarcando diversas conotações e dando origem a distintas correntes político-ideológicas que consagraram, cada qual, uma significação adequada a seus contextos.

Contudo, em termos práticos, há uma dificuldade em extrair o que de fato o termo significa. Para Van Bellen (2002), definições mais difundidas e aceitas são constantes no Relatório de Brundtland (CMMAD, 1991) e na Agenda 21, que consideram como um dos princípios do desenvolvimento sustentável a “questão das gerações futuras e suas possibilidades”. Em muitas outras questões não há um consenso. Por essa razão, há a necessidade de operacionalização do conceito de sustentabilidade em contextos normativos, administrativos, socioeconômicos, político e culturais situados - este é o propósito principal desta pesquisa.

A fim de adotar práticas sustentáveis1 e incorporá-las às organizações formais, busca-se estratégias de gestão que vinculem responsabilidades éticas e transparentes junto aos atores de sua relação para a construção dos caminhos para o que se denomina de desenvolvimento sustentável. Incorporar essas ações ao processo de gestão pública tornou-se, gradativamente, uma tarefa prioritária para que governos cumpram suas metas junto a compromissos locais, nacionais e internacionais. A operacionalização de ações propostas pelo Estado,

1 Para os fins deste estudo, o termo sustentável será usado para adjetivar ações que contribuam efetivamente para a mudança de estado de determinados processos, possibilitando sua operacionalização e mensuração.

(32)

com possibilidade de resultados efetivos, se dá por meio das ramificações governamentais e suas estruturas, a fim de materializar e sistematizar condutas que serão seguidas pela sociedade.

A degradação ambiental passou a ser considerada um dos problemas públicos que mais envolveu as nações mundiais e os organismos internacionais em debates e proposições. Em função das divergências econômicas e visões de crescimento, segundo Sousa Santos (2010), surgiram também diferentes formas de conceber possíveis concessões acerca da preservação do meio em detrimento do crescimento econômico. Tendo em vista a realidade multidisciplinar e complexa, na qual o Estado está inserido com relação a este tema, segundo Schommer (2008) houve um evidente amadurecimento da gestão pública em diferentes modelos de gestão, influenciando ações, normatizações e suas políticas, em especial, as de cunho sustentável.

Dentre as perspectivas de uma política pública direcionada a esta questão, segundo Silva e Souza-Lima (2010), devem ser considerados aspectos que minimizem os distanciamentos sociais e econômicos entre as pessoas ou que reduzam os impactos de degradação do ambiente natural, sempre vislumbrando uma maior qualidade de vida. Um exemplo disso, em contexto brasileiro, é a Lei n.º 12.796/2013, art. 26 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, na qual se preconiza que, já na educação infantil, traços regionais, culturais e econômicos devam ser considerados nas bases curriculares e abranger obrigatoriamente em “o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil” (BRASIL, 2013a).

Conforme será discutido mais adiante, diz a teoria que políticas públicas devem ser pensadas a partir da avaliação de um problema em uma realidade específica, a fim de alcançar a efetividade das questões demandadas2. O marco legal brasileiro parece ter caminhado nessa direção: atendendo a este princípio, o art. 3º da Instrução Normativa n.º 10/2012 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) que estabelece os Planos de Logística Sustentável como instrumentos de planejamento e gestão que possuem “objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite ao órgão ou entidade

2 Para Lasswell e Lerner uma delimitação mais definida para a área de estudos em PP teria de cumprir três requisitos: (1) uma abordagem multidisciplinar, (2) especial atenção nos problemas e nos contextos sociais e (3) priorizar a resolução destes problemas (LASSWELL, In: LERNER, 1951).

(33)

33

estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos na Administração Pública” (BRASIL, 2012c).

Dentre as entidades públicas mais relevantes para o desenvolvimento desta política, encontram-se as Instituições de Ensino Superior - IES3, pois, em tese, são capazes de impactar de forma determinante a sustentabilidade, com a difusão de conceitos e valores na sociedade na qual está inserida e que potencialmente pode acompanhar suas ações.

A representatividade de organizações públicas, em especial as de ensino superior, são essenciais no processo de gestão organizacional, e tem se mostrado sensível à questão complexa e desafiadora da sustentabilidade no âmbito mundial (CORTESE, 2003). As universidades, segundo Lozano (2006), são entes multiplicadores de ações e são capazes de promover o progresso e integrar práticas de gestão. O comprometimento efetivo com a sustentabilidade torna as universidades capazes de promover avanços sob aspectos de ordem social, ambiental e econômica.

O conceito de sustentabilidade nas instituições de ensino surge inicialmente em escala mundial em 1975, com o Programa Internacional de Educação Ambiental (PNUMA), em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação e com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). Após sucessivos acordos na esfera internacional, segundo Yarime e Tanaka (2012), passaram-se a valorizar de forma crescente a adoção de práticas em prol da sustentabilidade, por meio do compromisso da comunidade acadêmica. A partir desses compromissos, segundo Wright (2002, 2004) ampliaram-se discussões e eventos na área da sustentabilidade, assim como o exercício de operações sustentáveis, conscientização ecológica e expansão interdisciplinar dos currículos, envolvendo governos, indústrias e organizações não governamentais (ONGs), resgatando o dever moral da comunidade universitária. Tais condutas ratificaram a importância de que sejam desenvolvidos e implementados instrumentos de observação e avaliação nas operações das universidades, capazes de serem incorporados às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

3 Instituição de Ensino Superior é uma instituição que promove educação em nível superior, regulamentados pela Lei nº 9.394/1996, que são classificadas como: universidade, que pode ser formada por faculdades, escolas ou institutos de ensino superior; centro universitário; faculdade. São tratadas, nesse estudo, de forma semelhante às universidades quando se trata do papel social e obrigações legais na promoção e monitoramento de práticas sustentáveis.

(34)

Neste contexto, surgiu o conceito de “universidade sustentável”, que segundo Tumbas, Matkovic e Pavlicevic (2015), consiste na internalização da sustentabilidade na missão de integração, de forma a contribuir para o estabelecimento de uma sociedade mais justa, por meio de metodologias de educação, que caminhem por diferentes vertentes do desenvolvimento sustentável. A relação entre universidade e a sustentabilidade está atrelada a uma realidade dinâmica, que requer consciência pública, de formação cidadã, compondo perspectivas, valores e habilidades.

Há relativo consenso global de que o almejado desenvolvimento sustentável deve harmonizar as mútuas influências, entre natureza e sociedade, e assim orientar ações para seus desafios. No caso das Universidades, essas devem buscar uma modificação de suas missões e estrutura, priorizando a reformulação de seus cursos, pesquisa, operações e a relação com a comunidade. Devem, portanto, preparar gestores de decisões munidos de habilidades frente à realidade complexa, dinâmica e incerta (GLASSER et al., 2005).

As universidades podem ser consideradas como “pequenas cidades”, devido às grandes dimensões (de algumas), população e atividades, que influenciam a economia, a sociedade e o meio ambiente (ALSHUWAIKHAT e ABUBAKAR, 2008). Quanto ao último aspecto, diversas universidades já indicam compromisso de sustentabilidade ao assinar declarações ambientais ou a criação de escritórios de sustentabilidade, ajudando a impulsionar um aumento global na consciência de sustentabilidade no ensino superior (CORTESE, 2003; WRIGHT, 2002).

A implementação da sustentabilidade no campus e sua comunicação, segundo Krizek et al. (2012) é mais difícil, comparada com a implementação de ações dentro de um ambiente corporativo, devido à pressão política adicional. Os funcionários, alunos, professores e ex-alunos têm, por vezes, prioridades concorrentes em termos de sustentabilidade, concentração de poder, em vários níveis, e a tendência a permanecer reticentes a outras melhorias. De acordo com Lozano (2006), a falta de orientação específica do setor tem sido a barreira principal para a aplicação efetiva, bem como a forma de avaliar e comunicar a sustentabilidade entre as instituições de ensino superior. As diferenças substanciais em relatar conteúdos e princípios de relatórios de sustentabilidade atuais das universidades, demonstram a necessidade de um instrumento projetado especificamente para instituições de ensino superior (SHRIBERG, 2002; FONSECA et al., 2011; LOZANO, 2011).

(35)

35

A fim de assumir sua função social de forma plena, incentivando comportamentos, auxiliando no processo de criação de cultura e impactando seus princípios na sociedade na qual está inserida, é importante que a universidade avalie suas ações e os impactos das mesmas. Dessa maneira, ações e políticas de cunho sustentável podem ser avaliadas e seu progresso medido por meio de indicadores de sustentabilidade. Muitos deles, todavia, são intangíveis, assim, operacionalizá-los e monitorá-los, a partir de indicadores de sustentabilidade, é um grande desafio (BURFORD et al. 2013).

Há alguns desafios relacionados aos indicadores de sustentabilidade, no que compete a efetivação do desenvolvimento sustentável. Bell e Morse (2003) salientam atributos pertinentes à área da sustentabilidade, quais sejam: devem ser específicos; inter-relacionados claramente com os resultados; mensuráveis (assumir natureza quantitativa); úteis e práticos; sensíveis, (sofrendo alterações sempre que houver alteração do contexto); disponíveis (facilitando a coleta de dados necessários); e, finalmente, ter uma satisfatória relação custo-benefício.

As ferramentas de avaliação de sustentabilidade assumem posição estratégica nas decisões e ações das universidades. Tais ferramentas orientam de forma sistemática e holística, atuando como catalisadores na promoção de mudanças e cultura, como também na criação de padrões implícitos quanto às ações que as universidades sustentáveis devem desenvolver, por estar entre as suas competências (FISCHER, JENSSEN e TAPPESER, 2015). A utilização de instrumentos de análise, com vistas à observação de critérios sustentáveis nas instituições de ensino superior, segundo Yarime e Tanaka (2012), possibilita a avaliação de forma quantitativa e qualitativa da metodologia utilizada, bem como favorece a identificação de problemas atuais, articulando soluções para futuras melhorias. Dentre as áreas correlacionadas aos impactos ambientais, destacam-se as operações da universidade, a governança e as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Além das peculiaridades inerentes aos indicadores de sustentabilidade, há variáveis determinantes no processo de criação, implementação e monitoramento por meio de ferramentas em instituições federais (IFES) brasileiras que devem ser consideradas. As categorias eleitas para serem consideradas neste estudo são: normativa, administrativa, socioeconômica e político-cultural.

Dessa forma, a problemática contextualizada nesse estudo pode ser objetivada na seguinte pergunta de pesquisa: Qual o conjunto de

(36)

indicadores que permite avaliar práticas de sustentabilidade em instituições de ensino superior brasileiras?

1.1 OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa tem como objetivo geral propor indicadores para avaliar a aplicabilidade de práticas de sustentabilidade em instituições de ensino superior no contexto brasileiro.

Para atingir o objetivo geral, foram definidos quatro objetivos específicos:

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Caracterizar instrumentos de sustentabilidade desenvolvidos para instituições de ensino superior.

b) Identificar os instrumentos de sustentabilidade, e seus indicadores, para instituições de ensino superior aplicados nos últimos dois anos.

c) Propor indicadores de sustentabilidade para a realidade das instituições de ensino superior brasileiras, por meio de dimensões e critérios específicos, que priorizem sua efetividade.

d) Validar o conjunto dos indicadores propostos com especialistas da área.

1.3 JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se tanto pela sua contribuição teórica, quanto empírica. Em termos teóricos, cabe ressaltar os seguintes aspectos: a) fragilidade teórica do tema em contexto universitário brasileiro; e b) subjetividade conceitual e carência de objetividade dos instrumentos. Em termos empíricos: c) papel social da instituição de nível superior; e d) fragilidade de estudos empíricos direcionados às práticas nas universidades no contexto brasileiro.

a) Há uma produção limitada no campo de discussão da sustentabilidade na gestão universitária em nível nacional, principalmente com relação a teorizar a partir de reflexões e discussões de casos empíricos com foco nos seus resultados. Sustentando esse movimento, há um conjunto de documentos e normas gerais, em níveis internacionais e nacionais, que apontam nessa direção - a exemplo da

(37)

37

publicação dos Princípios de Bellagio; Agenda 21; Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável; Lei nacional de proteção ao ar e clima, que considera acordos internacionais, como o de Montreal para sua execução; Lei do Plano de Logística Sustentável, que abordam os princípios e diretrizes da sustentabilidade, considerando um patamar ideal de conduta. Não há, no entanto, uma produção científica consistente que se preocupe em estabelecer ou pesquisar a respeito de uma adequação desses princípios à realidade nacional, considerando as limitações e peculiaridades estruturais e culturais brasileiras. Em recente pesquisa com objetivo semelhante ao deste estudo, Silva Júnior et al. (2018) propuseram indicadores classificando seus princípios em uma categoria acadêmica com quatro subcategorias - institucionais; gestão universitária; financeira; e responsabilidade social e ambiental.

Seguindo essa mesma tendência formalista, na escala da gestão pública nacional, também há um conjunto de normas e planos direcionados à adoção dos conceitos de sustentabilidade, mesmo assim, é evidente a forte limitação no sentido de operacionalizar essas ações no contexto das entidades de ensino universitário.

No âmbito dessas entidades, verifica-se discussões e análises acerca de instrumentos aplicados em âmbito mundial, sem, no entanto, haver uma discussão teórica robusta sobre eles, a ponto de serem difundidos e adotados por instituições brasileiras na atualidade.

Como se observa na esfera internacional, existem algumas ferramentas já consolidadas como por exemplo: Assessment Instrument for Sustainability in Higher Education (AISHE),

Green Metric (GM), Sustainability Assessment

Questionnaire (SAQ), Green Plan (GP), Sustainability Tracking, Assessment and Rating System (EUA), que representam dispositivos de avaliação de práticas de sustentabilidade no âmbito universitário, porém consideram a realidade de países como Holanda, Indonésia, França e EUA. Em outras palavras, o mimetismo político, que se realiza reproduzindo esquemas internacionais sem uma reflexão prévia quanto à sua aplicabilidade em contexto brasileiro, parece ser acompanhado do mimetismo científico, que fica atrelado à produção internacional, via de

(38)

regra, investigando se e em que medida os esquemas desenvolvidos fora do país são encontrados na realidade nacional (em geral concluem que não há essa aplicação, ou ela é insuficiente, o que nos frustra muito por não sermos capazes ou por estarmos “atrasados” quando comparados a nações centrais). Com relação a este aspecto, Frey (2000, p. 215) defende a tese de que

as peculiaridades socioeconômicas e políticas das sociedades em desenvolvimento não podem ser tratadas apenas como fatores específicos de ‘polity’ e ‘politics’, mas que é preciso uma adaptação do conjunto de instrumentos da análise de políticas públicas às condições peculiares das sociedades em desenvolvimento.

b) Há diferentes abordagens quanto ao conceito trazido nos estudos em sustentabilidade, pois tratam de diferentes variáveis, incluindo economia, desenvolvimento, meio natural, capacidade de carga sob diferentes perspectivas, como verificados em pelos autores Sachs, Hopwood, Hák, Moldan e Dahl, Leis, Harper entre outros. Apesar de compreender que a temática da sustentabilidade não é estritamente objetiva, pois admite algum grau de subjetividade e variáveis qualitativas em sua construção, supõe-se que seus efeitos sejam capazes de ser medidos e monitorados de algumas maneiras, a partir de instrumentos adequados a este fim.

A constatação de questões adversas quando da avaliação por meio de indicadores, originam-se não somente na medição, mas, segundo Jesinghaus (1999), ocorre também na etapa de interpretação dos dados das mais diferentes variáveis e na forma que o pesquisador emitirá sua avaliação de significância para o sistema total. Ainda que haja diferentes percepções na criação e utilização de indicadores, sendo eles quantitativos ou qualitativos, para efeito deste estudo, acredita-se que há espaço para a construção mais objetiva deste tipo de instrumento.

c) A contribuição empírica deste estudo se acentua por conta de ser a universidade, especialmente a pública, um espaço privilegiado para induzir a modificação cultural. Segundo

(39)

39

Cortese (1999) a universidade é capaz de mobilizar atores de diferentes naturezas, carregando em sua essência, a predisposição de ser um agente de mudança social, promotor de novos conceitos e de cidadãos mais preparados. Há, portanto, um poder simbólico relevante em investigar a respeito da capacidade de que, nesses espaços, os preceitos de sustentabilidade sejam considerados e experimentados; mais que isso, que possa haver um movimento de difusão dessas possibilidades para outros setores da administração pública.

d) Há uma fragilidade de estudos experimentais direcionados às práticas de sustentabilidade nas universidades no contexto brasileiro. Muitas experiências relatadas na literatura acadêmica, com a aplicação de ferramentas voltadas à sustentabilidade em IES, não raras vezes, o fizeram de forma tal qual o instrumento se apresenta pela lente da realidade internacional. Persiste a carência de discussão e adequação de ferramentas capazes de compreender e contribuir com gestores públicos e organizações na realidade universitária brasileira. Para assim, contarem com uma abordagem que possibilite aprimorar seus planos e tornar mais precisa a avaliação e condução de suas práticas (FREY, 2000). Cabe ressaltar que a pesquisadora passou a atuar profissionalmente no ambiente universitário a partir de 2010, o que inspira a necessidade de melhor compreender o contexto e seus encadeamentos, a dinâmica de trabalho e ampliação das ações individuais para uma política institucional. Entende que os atores imersos nesse ambiente contribuem por meio de diferentes lentes para a instauração prática de uma política voltada à sustentabilidade.

Há o crescimento de ações voltadas à promoção da sustentabilidade, tanto no âmbito mundial quanto nacional. Considerando-se o Estado um ente fomentador de políticas públicas, que visam desenvolvimento nacional de maneira integralizadora, almejando a defesa do interesse público, bastante coerente é a adoção de práticas de sustentabilidade na gestão das universidades.

Por meio de tais práticas, as Instituições de Ensino Superior cumprem sua função legal quanto às garantias de desenvolvimento de uma sociedade justa, com preservação do meio ambiente. Passa a atender aos princípios administrativos de conduta, que contribuem para se avançar na aplicação dos princípios de sustentabilidade no ambiente

(40)

universitário. Haja vista o crescimento de demandas das IES em decorrência da própria ampliação de suas estruturas, pela criação de novos cursos e modalidades, o que ressalta a necessidade de tornar mais efetiva a aplicação da temática da sustentabilidade neste contexto.

Em suma, a importância desta pesquisa é sua contribuição efetiva ao campo científico dedicado a desenvolver e aprimorar práticas de sustentabilidade adequadas à realidade nacional e, ao mesmo tempo, pela possibilidade concreta de ser levada em conta pelas estruturas de administração pública nos processos de gestão universitária aplicados a esta realidade.

1.4 ESTRUTURA DA TESE

O trabalho está estruturado em sete capítulos. No primeiro capítulo, é apresentada a contextualização do estudo em termos conceituais, o problema de pesquisa; na sequência, os objetivos do estudo, a justificativa teórica e empírica, seguida deste item que resume a estrutura do trabalho. São apresentados marcos históricos quanto aos desastres ambientais em âmbito mundial, que motivou uma série de reuniões, encontros e conferências de chefes de Estado, a fim de discutir a degradação ambiental, os padrões de consumo e a produção e os métodos adotados pelas economias mundiais.

A seguir, no segundo capítulo estão arrolados os principais eventos formais e compromissos mundiais de órgãos mediadores que impulsionaram tais posturas. A partir desses compromissos é ressaltada a importância do Estado para a efetivação dessas ações, por meio de políticas junto à sociedade.

Em prosseguimento, há um levantamento histórico com vistas a melhor compreender como atuam os governos e de que maneira foram modificando o processo de gestão. Também são abordados aspectos e ações sustentáveis que têm se tornado cada dia mais recorrentes e urgentes na sociedade, com a necessidade de avaliar suas práticas, por meio da criação de um conjunto de diretrizes capazes de abarcar as mais diferentes áreas de atuação e influência dentro da universidade. Apresenta os fundamentos conceituais do estudo, explorando como principais temas, a sustentabilidade, gestão pública, políticas públicas, gestão universitária e indicadores de sustentabilidade, conforme representado na figura 1.

(41)

41

Figura 1: Áreas de relevância para o estudo da Sustentabilidade

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

No terceiro capítulo, são definidos os Procedimentos Metodológicos utilizados para que os objetivos do estudo fossem alcançados, pela análise desses instrumentos de sustentabilidade; de que forma se realizou um estudo em profundidade dos principais instrumentos e a construção e validação dos indicadores adaptados ao contexto das Instituições de Ensino Superior.

No quarto capítulo, será apresentada a pesquisa, por meio do estudo dos instrumentos STARS, AISHE e SAQ, a fim de verificar o modo como esses instrumentos avaliam as ações universitárias.

No quinto capítulo, será demonstrada a forma de seleção dos indicadores, por meio de uma adaptação entre as áreas normativa, administrativa, socioeconômica e político-cultural, a fim de construir um instrumento aproximado à realidade nacional.

No sexto capítulo, será descrito o processo de validação dos indicadores junto aos especialistas da área da sustentabilidade. Também são discutidos os resultados e análises dos questionários, por meio de triangulação, com o resgate aos fundamentos conceituais e de análise que conduziram cada passo do estudo.

No sétimo capítulo, serão apresentadas algumas conclusões acerca dos achados do estudo e sugestão para futuras pesquisas.

(42)
(43)
(44)

fordista. Contudo, a partir desse novo modelo de trabalho, com grande produção, modificaram-se também laços interpessoais e valores culturais, como o aumento do consumo que, ao passo que os vínculos de trabalho, passaram a ser o centro das relações sociais. (LIPIETZ, 1991).

Numa outra leitura, Leis (2004) ressalta que é perceptível a relação de causa e efeito sobre as tendências socioeconômicas marcantes, tais como: o aumento da população, urbanização, mudanças no aproveitamento e uso da terra e seus recursos, globalização da economia, tecnologia de transporte e comunicação, gerando consequências nocivas e não planejadas, como a pobreza, a escassez de recursos naturais, as mudanças climáticas globais, o desflorestamento, a desertificação, a perda da biodiversidade, a perda da diversidade cultural, e, por fim, a contaminação e degradação de ar, água potável, terras e mares, conforme quadro 1.

Quadro 1: Principais tendências socioeconômicas e suas consequências ambientais

Principais Tendências Socioeconômicas Principais Consequências

1 Aumento da população Pobreza

Escassez de recursos naturais

2 Urbanização e industrialização Mudanças climática globais

Desflorestamento

3 Mudanças no aproveitamento e uso da terra e seus recursos Desertificação Perda de biodiversidade

4 Globalização da economia, a

tecnologia e as comunicações

Perda de diversidade cultural Contaminação e/ou degradação de ar, água potável, terras e mares

Fonte: Adaptado de Leis (2004).

Em função da impossibilidade de absorção de rejeitos decorrentes de atividades industriais e da exaustão dos recursos ambientais acima da capacidade de carga5, alterações notáveis no clima, recursos hídricos e eliminação de espécies passaram a ser percebidas (PORTILHO, 2010). A evolução deste contexto não ocorreu de forma linear, bem como os avanços científicos não evoluíram juntamente com mecanismos que minimizassem as diferenças entre as nações e pessoas. Aspectos

5 Capacidade de regeneração do ambiente. Quando se ultrapassa esse limiar significa que o meio não consegue se recuperar em sua plenitude.

(45)

45

econômicos, sociais e ambientais se mantiveram descolados ao longo da história (BUARQUE, 2006). Consideradas essas três dimensões, nesse modelo caberia à dimensão ambiental suportar e digerir, em termos biofísicos, os efeitos das duas primeiras.

Alguns dos acidentes ambientais ocorridos no século XX tiveram importante papel de alertar e mobilizar a sociedade global para a questão ambiental. Dentre os mais emblemáticos em nível internacional, são:

a) Envenenamento da Baía de Minamata, após 20 anos de lançamento de mercúrio, usado como catalizador pelo Complexo Chisso, Japão, 1930;

b) Vazamento de 40 toneladas de gases tóxicos de uma indústria de pesticida americana, por falha na segurança, em Bhopal, Índia, em 1984, considerado o maior acidente industrial químico já ocorrido até então;

c) Explosão e incêndio na Usina Nuclear, Chernobyl, União Soviética, 1986, partículas radioativas foram lançadas e se espalharam pela Europa Ocidental, considerado o pior desastre nuclear da história;

d) Vazamento causado pelo navio petroleiro Exxon Valdez em 1989, Alasca, América do Norte. Esses acidentes, provocaram, além de prejuízos financeiros, danos à saúde dos seres humanos, impactos incalculáveis a inúmeras espécies de animais e plantas e, consequentemente, aos ecossistemas e ao meio ambiente, o que despertou a mobilização social acerca dos problemas ecológicos crescentes e decorrentes de uma história baseada na exploração de recursos (VAN BELLEN, 2004).

Em nível nacional, destacam-se outros casos, não menos importantes, em termos de impacto ambiental:

a) Vazamento de 700 mil litros de gasolina dos dutos da Petrobrás, deixando 93 mortos na Vila Socó/SP, em 1984; b) Contaminação radioativa de Césio 137 do ar, água e solo,

deixando 4 mortos e centenas de doentes, em Goiânia/GO, em 1987.

c) Vazamento de 1,3 milhão de óleo na Baía de Guanabara/RJ em 2000.

d) Vazamento de 4 milhões de litros de óleo em Araucária/PR. e) Rompimento da barragem em Cataguases (MG) em 2003,

Miarí/MG em 2007.

(46)

g) Mais recentemente, o rompimento da Barragem do Fundão em Mariana/MG, em novembro de 2015, causado por mineradoras, considerada a maior catástrofe ambiental causada pela grande mineração no mundo (EBC, 2015). A consequência política dessas catástrofes foi acionar mecanismos de superação dos desafios globais e essas questões passaram a ser discutidos com mais prioridade no âmbito da política internacional (DISTERHEFT et al.,2013).

A fim de amparar a percepção do processo histórico de evolução das questões ambientais, como também as nuances do conceito de desenvolvimento sustentável, é importante mencionar alguns compromissos ambientais assumidos pelas nações e suas repercussões.

Entre as décadas de 40 e 50 destaca-se a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945. Essa organização nasce com o propósito de intermediar e discutir questões como os direitos humanos, equidade no desenvolvimento e questões ambientais. Em 1949, realiza-se a Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conrealiza-servação e Utilização de Recursos - vista como primeiro marco do ambientalismo mundial.

Surgem na década de 60 diversas organizações não governamentais (ONGs), organizações internacionais e movimentos ambientalistas, dentre os quais destacam-se os de preocupação com abrangência mundial, são eles: o Clube de Roma em 1960 e Fundo para a Vida Selvagem, hoje World Wildlife Fund for Nature (WWF) em 1961.

O ambientalismo ganha status de questão pública com a celebração do Dia da Terra, em 1970, e ainda nesse mesmo ano, surgem os primeiros selos ecológicos e da criação da organização Greenpeace. Em 1971, realiza-se o Painel Técnico sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente em Founeux (Suíça), incluindo o meio ambiente nas estratégias de desenvolvimento.

Os debates internacionais intensificam-se, e em 1972 realiza-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, ou Conferência de Estocolmo, em que se discutiu aspectos, que gerou o livro Os Limites do Crescimento, de autoria do Clube de Roma, representado por pesquisadores políticos e empresários. Nessa visão, Meadows (1972) e Froehlich (2014) afirmam que a configuração de crescimento, definida pela economia capitalista, estabeleceu-se de forma nociva ao meio ambiente, culminando na criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

(47)

47

Em 1974, é divulgada a Declaração de Cocoyok, a qual demonstrou índices preocupantes acerca do consumo, e no ano seguinte 1975, o Relatório da Fundação Dag-Hammarskjöld denunciou os excessos no uso de poder e os agravantes pela deterioração do ambiente natural.

A década de 80 é marcada pela intensificação dos estudos quanto às questões ambientais, bem como pela normatização acerca da atividade industrial e seus efeitos. Houve a publicação do World Conservation Strategy - Estratégia Mundial para a Conservação, um dos primeiros documentos a usar o termo desenvolvimento sustentável, que se preocupa com as necessidades humanas, reorganização das estruturas socioeconômicas e distribuição que trata da conservação da natureza, atrelada à minimização da pobreza e miséria (IUCN et al, 1980).

Ainda como movimento relevante da década de 80, surgiu a Comissão de Brundtland, chamada formalmente de Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Nosso Futuro Comum (CMMAD)6. Este documento trouxe um novo panorama sobre problemas ambientais e desenvolvimento do planeta e propôs alternativas com fins de solucioná-los.

Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro o evento mais emblemático para o ambientalismo mundial, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, Cúpula da Terra, Conferência do Rio de Janeiro e Rio 92.

O resultado dessa conferência foi um compromisso global e formal publicado - a Agenda 21. Este documento é composto de 40 capítulos que abordam métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica pelo máxima de “pensar globalmente, agir localmente” aprovada na Sessão Especial da Assembléia Geral para Revisão e Avaliação da Implementação da Agenda 21. Também foi fruto dessa Conferência a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) - promulgada no Brasil pelo Decreto nº 2.519/1998.

Em 1994, a Conferência do Programa de Ação de Barbados (BPOA) reafirmou princípios incorporados na Agenda 21. Em 1997, Sessão Especial da Assembléia Geral para Revisar e Avaliar a Implementação da Agenda 21. Em 1999, ocorre a BPOA + 5 (1999) - Revisão quinquenal do Programa de Ação de Barbados.

Passados dez anos da Rio 92, em 2002, ocorreu em Johanesburgo, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,

6 CMMDA - Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991.

(48)

Rio +10, quando foi lançada a Carta da Terra e os Objetivos do Milênio (ODM). Destaca-se também o Tratado de Kyoto, que entrou em vigor em 2005 após a entrada da Rússia, completando o quantitativo de 55 países assinando o tratado, que em conjunto produzem 55% das emissões globais.

Em 2005, ocorreu a Conferência da Estratégia de Implementação da Maurícia (MSI), que significou a revisão de dez anos da BPOA, estabelecendo ações e estratégias em 19 áreas de prioridade, sendo que 14 dessas áreas são originárias da BPOA. As novas áreas de abordagem consistem na melhoria do estado dos países menos desenvolvidos - comércio, produção sustentável e consumo, saúde, gerenciamento de conhecimento e cultura, com vistas à obtenção de acordos internacionais, com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs).

Em 2010 ocorreu a MSI +5 - Revisão quinquenal da Estratégia de Implementação da Maurícia, abordando relatórios de avaliação nacionais, reuniões de revisão regional, uma reunião de revisão Inter-regional e reunião do comitê preparatório, para a Implementação do Plano de Ação de Barbados para o Desenvolvimento Sustentável de Pequenos Estados Insulares, durante a 65ª Sessão da Assembleia Geral.

Em 2012, ocorreu a 15ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhagen e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio + 20, resultando em documento com medidas objetivas e práticas para implementação do desenvolvimento sustentável. Estados Membros, no Rio de Janeiro, decidiram elaborar em conjunto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Em 2014, realizou-se a Terceira Conferência Internacional sobre Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento reforçando às preocupações mundiais a um grupo de países que permanecem sendo um caso especial para o desenvolvimento sustentável, considerando suas vulnerabilidades únicas e particulares.

Em 2015, ocorreu na sede da ONU, em Nova York, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, em que foram estabelecidos os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que vislumbram finalizar os Objetivos do Milênio, construindo uma nova agenda de desenvolvimento sustentável - agenda de desenvolvimento pós-2015.

Finalmente, com metas ainda não alcançadas, esperanças renovadas e compromissos postergados e estabelecidos para 2030, há a construção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, considerando a pobreza extrema como o maior desafio global e como

(49)

49

requisito indispensável para o alcance efetivo do desenvolvimento sustentável (ONU, 2015).

Afim de sintetizar os marcos relevantes e seus resultados acerca da Sustentabilidade, estabelecidos pela ONU e organismos vinculados, segue quadro 2:

Quadro 2: Conferências e marcos para a sustentabilidade (continua)

Ano Conferência Resultado

1972

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, ou Conferência de Estocolmo

Marco de viragem no desenvolvimento da política ambiental internacional (busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e redução da degradação ambiental). Trata-se do primeiro documento do direito internacional a reconhecer o direito humano a um meio ambiente de qualidade, que é aquele que permite ao homem viver com dignidade.

1983

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), ou Comissão de Brundtland

Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: nosso futuro comum ou Relatório de Brundtland. Propõe cooperação internacional, a orientar políticas e ações no sentido de fazer as mudanças necessárias, e dar a indivíduos; organizações voluntárias; empresas; institutos e governos uma maior compreensão dos problemas existentes, auxiliando-os e incentivando-os a uma atuação mais firme.

1992

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92

Agenda 21 consiste em um plano de ação para alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. Ações a serem tomadas globalmente, nacional e localmente por organizações do Sistema das Nações Unidas, Governos e Grupos representantes de diversas áreas em que houver impacto humano sobre o meio ambiente.

(50)

Quadro 2: Conferências e marcos para a sustentabilidade (continua)

Ano Conferência Resultado

1994 Programa de Ação de Barbados (BPOA)

Relatório da Conferência Global sobre o

Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. Recomenda plena atenção à igualdade de gênero, ao papel e à importante contribuição das mulheres; às crianças, jovens e populações indígenas, o reconhecimento do papel especial das ONG’s; a importância de uma parceria entre o governo, organizações e instituições intergovernamentais, associações e outros grupos importantes na aplicação da Agenda 21.

1997

Sessão Especial da Assembleia Geral para Revisar e Avaliar a Implementação da Agenda 21, Rio +5

Reafirmar compromissos constantes na Agenda 21 e propor novas ações. Criada ainda a Comissão da Carta da Terra, que recomendou a adoção de metas juridicamente vinculativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que geram as mudanças climáticas; uma maior movimentação dos padrões sustentáveis de distribuição de energia, produção e uso; e o foco na erradicação da pobreza como pré-requisito para o desenvolvimento sustentável.

1999

BPOA + 5 (1999) - Revisão quinquenal do Programa de Ação de Barbados

Revisão e avaliação abrangentes da implementação da BPOA. A Sessão Especial adotou o "Estado de Progresso e Iniciativas para a Implementação futura do Programa de Ação para o Desenvolvimento

Sustentável dos SIDS . Destacou 6 áreas de

emergência: mudança climática, desastres naturais e ambientais e variabilidade climática, recursos de água doce: evitando o agravamento da escassez, proteção aos recursos costeiros e marinhos, desenvolvimento de energia solar e renovável, crescimento do turismo para proteger o meio ambiente e a integridade cultural.

Referências

Documentos relacionados

%PCuC – Percentagem de passes curtos corretos %PLC – Percentagem de passes longos corretos %PTD – Percentagem de passes corretos no terço defensivo %PTM – Percentagem de

Mesmo com suas ativas participações na luta política, as mulheres militantes carregavam consigo o signo do preconceito existente para com elas por parte não somente dos militares,

As mulheres travam uma história de luta por reconhecimento no decorrer do tempo sistematicamente o gênero masculino dominava o feminino, onde prevalecia a hierarquização do sexo

Percebemos essa característica na relação entre as artesãs e os consultores, e nesse sentido em que a confiança, teve seu lado positivo para as artesãs, quando se oportunizaram

A apixaba- na reduziu o risco de AVE e embolismo sistêmico em mais de 50%: houve 51 eventos entre os pacientes do grupo apixabana versus 113 no grupo do AAS

O facto da execução das tarefas do plano não exigirem um investimento avultado a nível das tarefas propostas é possível neste caso em concreto visto que na Empresa A

Essa dissertação trata da investigação de aproveitamento de água pluvial para a irrigação de culturas de vegetais para fins de pesquisas sobre técnicas de manejo

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for