ENTROPIA – COMENTÁRIOS
Ao estudar a primeira lei da termodinâmica vimos que para resolver alguns problemas
termodinâmicos de escoamento de energia apenas balanços de conservação de massa e energia não eram suficientes. Estas equações nem sempre são suficientes para determinar os valores finais de duas variáveis de estado ou os escoamentos de calor e trabalho para um sistema que sofre uma mudança de estado. Assim, necessita-se de uma equação de balanço para uma função de estado adicional. A melhor função (variável) a ser introduzida como base para uma nova equação de balanço seria uma que tem uma taxa de geração interna pode ser bem especificada e tem algum significado físico.
Vimos também o caráter unidirecional dos processos naturais.Sistemas sem nenhuma ação externa alcançam o equilíbrio, pois todos os fluxos espontâneos que ocorrem na natureza tendem a dissipar as diferenças de potencial (ou força motriz) que as causam e nunca no sentido inverso. Assim, o escoamento de calor acontece devido uma diferença de temperatura e na direção em que esta diferença é dissipada, a difusão de massa é devido a um gradiente de concentração e se dá de tal forma até que se alcance um estado de concentração uniforme. Uma reação química se dá na direção que leva o sistema ao equilíbrio.
È preciso distinguirmos os escoamentos que acontecem naturalmente e levam o sistema ao equilíbrio, que são os escoamentos naturais, dos escoamentos impostos ao sistema pela sua vizinhança, que são os escoamentos forçados. Observação experimental importante em termodinâmica: qualquer sistema livre de escoamentos forçados, desde que se dê um tempo suficientemente longo, alcançará um estado de
equilíbrio.
ENTROPIA – O CONCEITO
Tomar como ponto de partida para identificar uma variável termodinâmica adicional a observação experimental que todos os processos espontâneos que ocorrem num sistema isolado a volume constante ,resulta na evolução do sistema para um estado de equilíbrio. Mas o problema é quantificar esta observação qualitativa. Para tanto, vai-se considerar, inicialmente, uma equação de balanço generalizado para uma variável extensiva Θ, de um sistema fechado, isolado e a volume constante.
dt dΘ
= (taxa de variação de Θ no sistema) = ( taxa com que Θ é gerado no sistema)
Então dt dΘ = ger (1) sendo • Θ dt dΘ = Θ• ger •
Θ → taxa de geração interna da variável de estado Θ ainda não definida.
Se o sistema estivesse em um estado de equilíbrio invariante em relação ao tempo, dΘ/dt = 0 ( em um estado invariante com o tempo, nenhuma função de estado varia com o tempo). Então
No equilíbrio Θ•ger = 0 (2)
Assim, (1) e (2) sugerem uma forma de quantificar a observação qualitativa da evolução unidirecional de um sistema isolado para um estado de equilíbrio.
Vamos supor que é possível identificar uma variável termodinâmica Θ cuja taxa de geração interna
ger •
Θ seja positiva, exceto no equilíbrio quando ger = 0.
•
Θ
dt dΘ
e
dt dΘ
= 0 no equilíbrio (4)
ou Θ = constante
Como Θ cresce ao se aproximar do equilíbrio, Θ deve ser máximo no equilíbrio, sujeito às restrições de massa constante, energia constante e volume constante para o sistema isolado a volume constante. Assim se for possível encontrar uma função termodinâmica com as propriedades (3) e (4), então a observação experimental da evolução unidirecional para o estado de equilíbrio seria inseria inserida na descrição termodinâmica através das propriedades da função Θ. Isto é, a evolução unidirecional ao estado de equilíbrio iria corresponder ao aumento monotônico da função Θ e o equilíbrio seria atingido quando a função Θ atingisse um máximo.
O problema é encontrar uma função termodinâmica de estado Θ com uma taxa de geração interna , que é sempre maior ou igual a zero. Antes de procurar pela variável Θ, deve –se alertar que a
propriedade que está sendo procurada é ≥ 0. Deve-se então procurar por uma função termodinâmica que seja uma variável de estado e tenha a propriedade de que a sua taxa de geração interna é uma quantidade positiva. Vamos agora introduzir agora esta “nova” propriedade termodinâmica através de sua definição e então mostrar que a propriedade assim definida tem as características desejadas.
ger • Θ • Θ DEFINIÇÃO
A entropia S (agora trocamos Θ por S), é uma função de estado. Em um sistema no qual existem escoamentos de calor ( ) e trabalho [ e P( dV/dt )] através dos limites do sistema, o fluxo de calor mas não o de trabalho ,causa a variação de entropia no sistema . Esta taxa de variação de entropia é
•
Q WS
•
T Q•
sendo T a temperatura termodinâmica absoluta do sistema no ponto de escoamento de calor. Se além disto, ainda houver escoamento de massa através dos limites do sistema, a entropia total do sistema, devido o fluxo convectivo, também irá variar. Isto é, cada elemento de massa carrega consigo a sua entropia ( bem como a sua energia interna, entalpia, etc coisa e loisa).
Então, a partir desta definição e da equação (1) temos a equação de balanço:
ger k K 1 k k S T Q S M dt dS • • = • + + =
∑
(5) Onde: k K 1 k kS M∑
= •→ taxa líquida do escoamento de massa para dentro e para fora do sistema . Onde S é a entropia por unidade de massa.
T Q•
→ taxa de escoamento de entropia devido o escoamento de calor através dos limites do sistema.
ger
S• → taxa de geração interna de entropia do sistema.
Para um sistema fechado ao escoamento de massa, temos que Mk = 0 e então
ger S T Q dt dS • • + = (6)
Tem-se ainda de (2) e (4) baseando-se nos dados acima
Sger ≥ 0 e que =0 dt dS no equilíbrio (7)
Equações (5), (6) e (7) são normalmente chamadas de Segunda Lei da Termodinâmica
Normalmente estamos interessados na variação da entropia de um sistema ao se ir de um estado 1 para um estado 2, em vez da taxa de variação de entropia com o tempo. Da integração das equações acima, entre um tempo t1 e t2: S2 – S1 = ger t t t t k dt S T Q dt S M +
∫
+∑∫
• ∧ • 2 1 2 1 ‘ (8)Onde Sger = entropia total gerada =
∫
• 2 1 t t ger dt S
Na equação (8) temos 2 simplificações importantes. Primeiro, se a entropia por unidade de massa de cada corrente que entra ou sai do sistema for constante com o tempo, teremos
∧ • ∧ •
∑
∫
∑
∑∫
= t2 = ∆ k k 1 t k k 2 t 1 t kS dt S M dt ( M) S MSendo (∆ M)k = a massa total que entrou no sistema através da corrente k. Depois, se a
temperatura for constante no ponto em que o escoamento de calor ocorre, então:
dt M t t k
∫
2 • 1∫
∫
• • = = 2 1 2 1 1t t t t Qdt T dt T Q T QSendo =
∫
2 • o escoamento total de calor para dentro do sistema entre t1
t
t
Qdt
Q 1 e t2. Se estas
simplificações não forem possíveis, é preciso usar as integrais e isto as vezes se torna difícil. Importante : a entropia foi introduzida de forma axiomática e matemática.
O axioma usado é Sger > 0, é uma afirmação historicamente é conhecida como segunda lei da
Forma Diferencial do Balanço de Entropia Equação geral: • • ∧ = • + + =
∑
K k ger k k S T Q S M dt dS 1 (a) Casos Especiais(i) Sistema fechada: M• k =0, então
• • + = Sger T Q dt dS (b)
(ii) Processo adiabático fazer Q• =0 nas eq’s (a), (b) e (e). (c) (iii) Processo reversível fazer Sger• =0 nas eq’s (a), (b) e (e). (d) (iv) Sistema aberto em estado estacionário
0 = dt dS assim Sger T Q S Mk k+ + = • ∧ •
∑
0 (e)(v) Sistema uniforme S =M S• nas equações (a) e (b). (f)
Embora poucos processos sejam verdadeiramente reversíveis, às vezes é útil fazer uma modelagem como se fossem. Ao se fazer isto qualquer cálculo baseado em (5), (6), (7) e (8) com Sger• = Sger = 0 será
apenas aproximado. Mas estes valores aproximados podem ser muito úteis já que o termo negligenciado ( a geração de entropia) é de sinal conhecido e assim se saberá se a estimativa para Q e W ou qualquer outra variável de estado é um limite superior ou inferior ao verdadeiro valor.
Forma Integra do Balanço de Entropia.
Equação geral
S
ger2 t 1 t k 2 t 1 t 2 dt T Q dt S M S S 1 = + + −
∑∫
∫
• ∧ • (a) Casos especiais(i) sistema fechado fazer M•k= 0 na equação (a)
assim S2 – S1 =
S
ger 2 t 1 t dt T Q +∫
• (b)(ii) Processo adiabático
fazer dt 0 T Q 1 t 1 t =
∫
• (c)(iii) processo reversível
fazer Sger = 0 nas equações (a) e (b) (d)
(iv) Sistema aberto: Escoamento de fluidos com propriedades termodinâmicas constantes.
fazer k k k na equação (a) (e)
2 t 1 t kS dt ( M) S M• ∧