CENTRO DE C I Ê N C I A S E TECNOLOGIA
COORDENAÇÃO DE P O S - G R A D U A Ç Ã O EM ENGENHARIA C I V I L
EFEITOS DE DIFERENTES PRÊ-TRATAMENTOS DE SEMENTES
NA G E R M I N A Ç Ã O , DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DO ALGO
DOEIRO (Gossypium hirsutum, L.) EM MEIO SALINO
p o r MARIA DA S A L E T E S I L V A
(Engenheiro A g r ó n o m o )
o
CAMPINA GRANDE - P A R A Í B A AGOSTO / 1 9 8 1DOEIRO ( G o s s y p i u m h i r s u t u m , L . ) EM MEIO SALINO
p o r
MARIA DA SALETE SILVA
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÕS-GRADUAÇAO E PESQUISA DO CENTRO DE C I Ê N C I A S E TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARATBA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECES SARIOS PARA A OBTE.NÇAO DO ÇRAU DE^MESTRE EM C I Ê N C I A S ( M . S C . )
-APROVADA POR:
DIGITALIZAÇÃO:
SISTEMOTECA-UFCG
CAMPINA GRANDE - PARATBA - BRASIL AGOSTO - 1981
p a r a a f o r m a ç ã o m o r a l e i n t e l e c t u a l de s e u s f i l h o s . MINHA HOMENAGEM. A m i n h a mae e i r m a s . DEDICO
A Deus e a Nossa Senhora p e l o c o n f o r t o e s p i r i t u a l nas h o r a s de desamparo m o r a l .
Ao P r o f . Hans Raj Gheyi p e l a sua o r i e n t a ç ã o s e g u r a e o b j e t i v a d u r a n t e a e l a b o r a ç ã o e c o n d u ç ã o do t r a b a l h o .
A P e s q . M a r i a J o s é da S i l v a p e l a d e d i c a ç ã o , a p o i o e o r i e n t a ç ã o desde a e l a b o r a ç ã o do p r o j e t o de p e s q u i s a a t é a r e v j _ são f i n a l d e s t e t r a b a l h o .
Ao C e n t r o N a c i o n a l de P e s q u i s a do A l g o d ã o (CNPA) nas pessoas do Chefe D r . J o s é de A l e n c a r Nunes M o r e i r a e Chefe Adju_n t o T é c n i c o D r . E l e u s i o C u r v e l o F r e i r e , p e l o a p o i o e f o r n e c i m e n -t o dos m a -t e r i a i s u -t i l i z a d o s . Aos P e s q u i s a d o r e s do CNPA/EMBRAPA, em e s p e c i a l É l t o n O l i v e i r a dos S a n t o s e ao C o n s u l t o r I n t e r n a c i o n a l J o s é A l e j a n d r o G i l e s p e l a a j u d a e o r i e n t a ç ã o nas d i v e r s a s e t a p a s d e s t e empreejn d i m e n t o .
e s t a t T s t i c a s .
Ao S r . J o ã o de O l i v e i r a P e r e i r a p e l o e x c e l e n t e t r a b a -l h o d a t i 1 o g r ã f i c o .
Ao S r . I v o n Macedo C a v a l c a n t e p e l a e x e c u ç ã o dos dese-nhos .
Aos l a b o r a t o r i s t a s do CNPA, e s p e c i a l m e n t e aos S r s . He l e n o A l v e s de F r e i t a s , V a l d o m i r o F r a n c i s c o dos S a n t o s e P a u l o de T a r s o F i r m i n o p e l o a u x i l i o p r e s t a d o na c o n d u ç ã o do t r a b a l h o .
Aos f u n c i o n á r i o s da B i b l i o t e c a do CNPA p e l a amizade e c o l a b o r a ç ã o . A c o o r d e n a ç ã o e p r o f e s s o r e s do Curso de P õ s - G r a d u a ç ã o em E n g e n h a r i a de I r r i g a ç ã o da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l da P a r a í b a p e l a v a l i o s a c o l a b o r a ç ã o na sua f o r m a ç ã o p r o f i s s i o n a l e c i e n t i -f i c a . Aos p r o f e s s o r e s do C e n t r o de C i ê n c i a s A g r a r i a s ,Campus I I I , A r e i a p e l a f o r m a ç ã o a c a d é m i c a . A sua m ã e e i r m ã s p e l a v a l i o s a c o l a b o r a ç ã o e i n c e n t i -vo c o n s t a n t e em t o d a s as f a s e s do t r a b a l h o . Aos c o l e g a s do Curso de P õ s - G r a d u a ç ã o e ãs p e s s o a s e i n s t i t u i ç õ e s que d i r e t a ou i n d i r e t a m e n t e c o n t r i b u í r a m p a r a a r e a l i z a ç ã o d e s t e t r a b a l h o .
Os o b j e t i v o s d e s t e t r a b a l h o c o n s i s t i r a m em e s t u d a r os e f e i t o s de d i f e r e n t e s p r é - t r a t a m e n t o s de sementes e n í v e i s de s a l i n i d a d e na g e r m i n a ç ã o e v i g o r de duas c u l t i v a r e s do a l g o d o e j _ r o ( G o s s y p i um h i r s u t u m , L . ) > bem como seu p o s t e r i o r r e f l e x o no d e s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o .
Na p r i m e i r a e t a p a do t r a b a l h o , d e s e n v o l v i d o sob cond_i_ ç õ e s c o n t r o l a d a s de t e m p e r a t u r a e umidade r e l a t i v a , u t i l i z a n d o -se m e t o d o l o g i a de p a p e l t o a l h a , e s t u d o u - s e os e f e i t o s de t r ê s nj_ v e i s de s a l i n i dade e o i t o prétratamentos de sementes na g e r m i n a -ção e v i g o r das c u l t i v a r e s Reba B-50 e BR-1. 0 d e l i n e a m e n t o ex-p e r i m e n t a l a d o t a d o f o i o i n t e i r a m e n t e c a s u a l i z a d o no esquema fa_ t o r i a l com quatro repetições contendo cada uma 35 e 10 sementes pa-r a g e pa-r m i n a ç ã o e v i g o pa-r , pa-r e s p e c t i v a m e n t e . Os pa-r e s u l t a d o s o b t i d o s in^ d i c a r a m que o aumento da c o n c e n t r a ç ã o de NaCl no s u b s t r a t o dimj_ n u i u a percentagem de germinação e o Tndice de v i g o r de ambas as c u l t i v a r e s , mas a BR1 m o s t r o u s e mais v i g o r o s a . Os p r é t r a t a m e n t o s de se -mentes aumentaram s i g n i f i c a t i v a m e n t e o T n d i c e de v i g o r e percen_ tagem de g e r m i n a ç ã o e embora n ã o f o s s e m o b s e r v a d a s d i f e r e n ç a s
m a r c a n t e s e n t r e e l e s , a p r e - e m b e b i ç ã o em agua e em s o l u ç ã o de
NaCl (0,'lN) com p o s t e r i o r secagem d e s t a c a r a m - s e para o v i g o r
e g e r m i n a ç ã o , r e s p e c t i v a m e n t e .
Na segunda e t a p a , e s t u d o u s e os e f e i t o s dos p r é t r a t a -mentos de sementes e n í v e i s de s a l i n i d a d e na g e r m i n a ç ã o , desen-v o l desen-v i m e n t o desen-v e g e t a t i desen-v o , nos componentes da p r o d u ç ã o e r e n d i m e n t o de duas c u l t i v a r e s do a l g o d o e i r o , em casa de v e g e t a ç ã o , sob co_n d i ç õ e s a m b i e n t a i s , u t i 1 i zando-se um s o l o P o d z õ l i c o V e r m e l h o Arna r e l o p r o v e n i e n t e do m u n i c í p i o de S u r u b i m PE. A d o t o u s e o es -quema f a t o r i a l ( 2 x 3 x 3 ) em d e l i n e a m e n t o i n t e i r a m e n t e c a s u a l i z a d o
com três repetições. Os r e s u l t a d o s e v i d e n c i a r a m que a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o , a l t u r a s de p l a n t a e peso seco da p a r t e a é r e a das duas c u l t i v a r e s a s s i m como a queda de f l o r e s / p l a n t a p a r a a BR-1 f o r a m a f e t a d a s u n i c a m e n t e p e l o n í v e l de s a l i n i d a d e mais e l e v a d o ( 1 0 , 0 mmhos/cm de c o n d u t i v i d a d e e l é t r i c a ) . A p r é - e m b e b i ç ã o das sementes em á g u a com p o s t e r i o r secagem r e s u l t o u num m a i o r peso seco da r a i z , i n d e p e n d e n t e m e n t e das c u l t i v a r e s e num maior n ú m e r o t o t a l e queda de f l o r e s / p l a n t a p a r a a Reba B-50. 0 peso m é d i o de c a p u l h o e a p r o d u ç ã o n ã o f o r a m a f e t a d o s p e l o s t r a t a m e n t o s con s i d e r a d o s mas, p a r e c e que o pouco volume de s o l o e b a i x o n í v e l de a d u b a ç ã o , u t i l i z a d o no p r e s e n t e e s t u d o , m a s c a r a r a m os e f e i
-t o s dos p r é - -t r a -t a m e n -t o s e n í v e i s de s a l i n i d a d e na p r o d u ç ã o e seus c o m p o n e n t e s .
A B S T R A C T
The o b j e c t i v e s o f t h e p r e s e n t s t u d y were t o d e t e r m i n e the e f f e c t s o f d i f f e r e n t p r e - t r e a t m e n t s o f seeds and l e v e i s o f s a l i n i t y on g e r m i n a t i o n , s e e d l i n g v i g o r , g r o w t h and p r o d u c t i o n o f two c o t t o n ( G o s s y p i um h i r s u t u m , L.) c u l t i v a r s .
Under c o n t r o l l e d c o n d i t i o n s o f t e m p e r a t u r e and r e l a t j _ ve h u m i d i t y , u s i n g t h e p a p e r t o w e l m e t h o d o l o g y , t h e e f f e c t s o f t h r e e l e v e i s o f s a l i n i t y and e i g h t p r e - t r e a t m e n t s c f seeds on g e r m i n a t i o n and v i g o r o f c o t t o n c u l t i v a r s Reba B-50 and BR-1 were s t u d i e d i n t h e f i r s t s t a g e . A c o m p l e t e l y r a n d o m i z e d f a c t o -r i a l d e s i g n w i t h f o u -r -r e p l i c a t i o n s was a d o p t e d , Each -r e p l i c a t i o n c o n s i s t e d o f 35 and 10 seeds f o r g e r m i n a t i o n and v i g o r c o u n t s , r e s p e c t i v e l y . The r e s u l t s o b t a i n e d i n d i c a t e t h a t i n c r e a s e i n NaCl c o n c e n t r a t i o n d e c r e a s e d p e r c e n t a g e o f g e r m i n a t i o n and s e e d l i n g v i g o r o f b o t h c u l t i v a r s , h o w e v e r , BR-1 was f o u n d t o
be more v i g o r o u s . The p r e t r e a t m e n t o f seeds s i g n i f i c a n t l y i n -c r e a s e d v i g o r i n d e x and g e r m i n a t i o n , b u t d i f f e r e n -c e s among t h e p r e t r e a t m e n t s were n o t a p p r e c i a b l e , n e v e r t h e 1 ess , seed h y d r a t i o n and s o a k i n g i n 0.1N NaCl w i t h s u b s e q u e n t e d r y i n g gave t h e b e s t r e s u l t s f o r v i g o r and g e r m i n a t i o n r e s p e c t i v e l y .
I n t h e n e x t s t a g e , e f f e c t s of three p r e - t r e a t m e n t s and three s a l i n i t y leveis on g e r m i n a t i o n , v e g e t a t i v e growth, components o f p r o d u c t i o n and y i e l d o f two c o t t o n c u l t i v a r s i n a g r e e n hou_ se u n d e r n a t u r a l c o n d i t i o n s were s t u d i e d . The s o i l u t i l i z e d i n t h i s e x p e r i m e n t was a Red Y e l l o w Podzol o f S u r u b i m - PE. The e x p e r i m e n t was c a r r i e d o u t i n a c o m p l e t e l y r a n d o m i z e d f a c t o r i a l d e s i g n with three r e p l i t a t i o n s . The r e s u l t s showed t h a t p e r c e n t a g e o f g e r m i n a t i o n , h e i g h t o f p l a n t s and d r y w e i g h t o f s h o o t a t h a r v e s t o f b o t h c o t t o n c u l t i v a r s , as w e l l as s h e d d i n g / p l a n t f o r BR-1 were o n l y a f f e c t e d by t h e h i g h e s t s a l i n i t y l e v e i ( 1 0 , 0 mmhos/cm o f e l e c t r i c a l c o n d u c t i v i t y ) . H y d r a t i o n o f seeds i n wa -t e r w i -t h s u b s e q u e n -t e d r y i n g r e s u l -t e d i n i n c r e a s e d r o o -t w e i g h -t i n d e p e n d e n t o f c u l t i v a r , and i n r e l a t i v e l y more num-ber o f f l o w e r s and s h e d d i n g / p l a n t f o r Reba B-50. The mean w e i g h t o f c o t t o n b o i 1 and t o t a l p r o d u c t i o n were n o t a f f e c t e d by
t h e t r e a t m e n t s u n d e r s t u d y , b u t i t seems t h a t t h e 1ow l e v e i o f f e r t i 1 i z a t i o n and t h e l i t t l e volume o f s o i l used i n t h e p r e s e n t
s t u d y , masked t h e e f f e c t s o f s a l i n i t y and p r e - t r e a t m e n t s on p r o d u c t i o n and i t s c o m p o n e n t s .
PAGINA
CAPITULO I - I N T R O D U Ç Ã O 1
CAPITULO I I - R E V I S Ã O DE L I T E R A T U R A 4
1 . T O L E R Â N C I A DAS CULTURAS A SALINIDADE 4 1 . 1 . EFEITO DA SALINIDADE NA G E R M I N A Ç Ã O E Í N D I C E
DE VIGOR 6 1.2. EFEITO DA SALINIDADE NO DESENVOLVIMENTO E
P R O D U Ç Ã O 10 2. EFEITO DO PRETRATAMENTO DE SEMENTES NA T O L E R Ã N
-CIA DAS CULTURAS A SALINIDADE 14
CAPlULO I I I - M A T E R I A I S E M É T O D O S 19
1 . DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 19
1 . 1 . EXPERIMENTO I 19 1 .2. EXPERIMENTO I I 21 2. MATERIAL E METODOLOGIA ADOTADA 22
2 . 1 . EXPERIMENTO I 22 2.2. EXPERIMENTO I I 25
3 . ANALISE DE SOLO 27 4 . ANALISE E S T A T Í S T I C A 28
C A P Í T U L O IV - R E S U L T A D O S E D I S C U S S Õ E S 29 1 . EXPERIMENTO I 29 1 . 1 . G E R M I N A Ç Ã O 29 1.2. VIGOR 34 2. EXPERIMENTO I I 40 2 . 1 . G E R M I N A Ç Ã O 40 2.2. DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO 44 2.2.1 - A l t u r a s de P l a n t a s 44 2.2.2 - Peso Seco da P a r t e A é r e a e R a d i c u l a r 47 2.3. P R O D U Ç Ã O E SEUS COMPONENTES 50 2.3.1 - N ú m e r o T o t a l de F l o r e s e Queda/Plan-t a 50 2.3.2 - Peso M é d i o de Capulho e P r o d u ç ã o . . . 54 CAPITULO V - C O N C L U S Õ E S 56 L I T E R A T U R A C I T A D A 59 A P Ê N D I C E 6 9
I N T R O D U Ç Ã O
As á r e a s á r i d a s e s e m i - ã r i d a s a b r a n g e m , aproximadameri t e ,um t e r ç o da s u p e r f í c i e da t e r r a (REEVE & FIREMAN, 1967 ) . No B r a s i l , c e r c a de 13" do t e r r i t ó r i o é c o n s i d e r a d o s e m i - ã r i do, sejn
do o N o r d e s t e a r e g i ã o mais a t i n g i d a , e s t a n d o 52% da sua área
na zona s e m i - ã r i d a (SUDENE, 1977). N e s t a , a s s i m como em t o d a s as á r e a s á r i d a s e s e m i - ã r i d a s do mundo, o p r o b l e m a da s a l i n i z a ç ã o dos s o l o s a p r e s e n t a s e de f o r m a g r a v e , d e v i d o ãs c o n d i ç õ e s p r o p í c i a s de s o l o e c l i m a , e do uso i n a d e q u a d o da á g u a , p r i n c i p a l
-m e n t e , nos p e r í -m e t r o s i r r i g a d o s , os q u a i s c o n t ê -m -mais de 25% da
á r e a s a l i n i z a d a (GOES, 1 9 7 8 ) . Uma vez que as p r á t i c a s de r e c u p e r a ç ã o d e s t e s s o l o s s ã o o n e r o s a s e d e m o r a d a s , há n e c e s s i d a d e de p a r t i r - s e p a r a t é c n i c a s que p e r m i t a m a e x p l o r a ç ã o a g r í c o l a dessas á r e a s , de m a n e i r a p r á t i c a e e c o n ó m i c a , m e d i a n t e c uso de c u l t u r a s t o l e r a n t e s .
G e r a l m e n t e , a m a i o r i a das c u l t u r a s s ã o mais s e n s í v e i s ao s a l na g e r m i n a ç ã o e p r i m e i r o s e s t á d i o s de d e s e n v o l v i m e n t o . En_ f a s e , vem sendo dada p o r v á r i o s p e s q u i s a d o r e s ao uso de t é c n i
-cas que p e r m i t a m m i n o r a r os e f e i t o s dos s a i s n e s t a s f a s e s de de
s e n v o l v i m e n t o . Genkel e c o l a b o r a d o r e s i n s t i t u í r a m a p r é e m b e b i -ção de s e m e n t e s , como mecanismo de t o l e r â n c i a ã s a l i n i d a d e (FAO /UNESCO, 1 9 7 3 ) . E s t a t é c n i c a m o s t r o u - s e adequada quando se
va-r i o u o t i p o e a c o n c e n t va-r a ç ã o de s a i s u t i l i z a d o s , a s s i m como o tem po de e m b e b i ç ã o de a c o r d o com as c a r a c t e r í s t i c a s b i o l ó g i c a s da p l a n t a e c o n d i ç õ e s de c u l t i v o . 0 a l g o d o e i r o tem r e l e v a n t e d e s t a q u e na economia b r a -s i l e i r a . No p e r í o d o 7 8 / 7 9 , o B r a -s i l f o i o q u i n t o p r o d u t o r mun-d i a l mun-de a l g o mun-d ã o , p a r t i c i p a n mun-d o com 4,4% mun-da p r o mun-d u ç ã o t o t a l . Nes-t e p e r í o d o , o a l g o d o e i r o h e r b á c e o ( G o s s y p i u m h i r s u Nes-t um, L. r . 1 a t i f o l i um H u t c h ) p a r t i c i p o u com 82 ,23% da p r o d u ç ã o b r a s i l e i ra de a l g o d ã o em c a r o ç o (EMBRAPA, 1 9 8 1 ) . No N o r d e s t e , a c u l t u -ra a l g o d o e i r a é de g r a n d e i m p o r t â n c i a , n ã o s ó , p e l a p o n d e r á v e l p a r c e l a de c o n t r i b u i ç ã o ao p r o d u t o b r u t o da a g r i c u l t u r a (15,4%), mas t a m b é m , p e l o c o n t e x t o s Õ c i o - e c o n Õ m i c o da r e g i ã o que e
se-t o r de r e l e v â n c i a (SILVA e se-t a l i i , 1 980 ) .
0 a l g o d o e i r o , embora s e j a c o n s i d e r a d o uma c u l t u r a t o -l e r a n t e aos s a i s , a p r e s e n t a s u s c e p t i b i -l i d a d e nos p r i m e i r o s e s t á
d i o s de d e s e n v o l v i m e n t o , t o d a v i a essa s u s c e p t i b i l i d a d e v a r i a en
-t r e as c u l -t i v a r e s do a l g o d o e i r o h e r b á c e o , ccmumen-te u -t i l i z a d a s no N o r d e s t e , a Reba B-50 e a BR-1 f o r a m as que a p r e s e n t a r a m uma m a i o r t o l e r â n c i a ao s a l , d u r a n t e os p r i m e i r o s e s t á d i o s de
de-s e n v o l v i m e n t o (SANTOS, 1 9 8 1 ) .
A s s i m , o p r e s e n t e t r a b a l h o p r o p õ e - s e a e s t u d a r o e f e j _ t o de d i f e r e n t e s p r e - t r a t a m e n t o s de sementes dessas c u l t i v a r e s na g e r m i n a ç ã o e v i g o r de p l â n t u l a s , bem como o seu p o s t e r i o r r e f l e x o na p r o d u ç ã o em meio s a l i n o .
CAPÍTULO I I
REVISÃO DE LITERATURA
1 - T O L E R Â N C I A DAS C U L T U R A S Ã S A L I N I D A D E
Ha e v i d ê n c i a que o a c ú m u l o de s a i s no s u b s t r a t o r e d u z o c r e s c i m e n t o e p r o d u ç ã o das p l a n t a s c u l t i v a d a s . Numerosas i n v e s t i g a ç õ e s r e v e l a m que tem s i d o g r a n d e o i n t e r e s s e dos p e s q u i -s a d o r e -s em e -s t u d a r a t o l e r â n c i a da-s p l a n t a -s de i m p o r t â n c i a eco-n ó m i c a aos s a i s (GAUGH & WADLEIGH, 1 9 4 5 ; AYERS & HAYWARD, 1948; AYERS & EBERHARD, 1 9 6 0 ; STR0G0N0V, 1 9 6 4 ; DAS & MEMROTRA,1971; BERNSTEIN, 1975 e PASSERA & ALBUZIO, 1 9 7 7 ) . E s t a s i n v e s t i g a ç õ e s m o s t r a r a m d i f e r e n ç a s m a r c a n t e s , em r e l a ç ã o a e s p é c i e s e c u l t i v a _
r e s , e numa mesma c u l t i v a r , de a c o r d o com seu d e s e n v o l v i mento ve g e t a t i v o .
A t o l e r â n c i a de uma p l a n t a ao s a l pode s e r a v a l i a d a p o r t r ê s c r i t é r i o s : a ) a c a p a c i d a d e da p l a n t a de s o b r e v i v e r , em c o n d i ç õ e s s a l i n a s ; b ) a p r o d u ç ã o da p l a n t a em c o n d i ç õ e s s a l i n a s e c ) a p r o d u ç ã o r e l a t i v a da p l a n t a comparada com a c o r r e s p o n d e r ^ t e , em c o n d i ç õ e s n ã o - s a l i n a s , sendo e s t e c r i t é r i o comumente ade_ t a d o p a r a d e f i n i r a t o l e r â n c i a das p l a n t a s c u l t i v a d a s aos s a i s .
Com base n e s t e ú l t i m o c r i t é r i o f o r a m e l a b o r a d a s t a b e -l a s da t o -l e r â n c i a r e -l a t i v a dos c u -l t i v o s aos s a i s , e n t r e e -l a s , a do L a b o r a t ó r i o de S a l i n i d a d e dos E s t a d o s U n i d o s (RICHARDS,1954), a de B e r n s t e i n ( C Á R T E R , 1 9 7 5 ) a de MAAS & HOFFMAN ( 1 9 7 7 ) e a de AYERS & WESTCOT ( 1 9 7 7 ) . Segundo os c r i t é r i o s de c l a s s i f i c a ç ã o a d o t a d o s , o a l g o d o e i r o é c o n s i d e r a d o uma c u l t u r a t o l e r a n t e , embo^ r a s e j a s u s c e p t í v e l aos e f e i t o s da s a l i n i d a d e na g e r m i n a ç ã o e p r i m e i r o s e s t á d i o s de d e s e n v o l v i m e n t o (STROGCNOV, 1 964 e BHUMBLA e t a 1 i i , 1 968) .
ABDULNAAS & OMRAN ( 1 9 7 4 ) e n f a t i z a r a m d i f e r e n ç a s s i g -n i f i c a t i v a s e -n t r e e s p é c i e s e c u l t i v a r e s , q u a -n t o â t o l e r â -n c i a s a l i n a , d u r a n t e a g e r m i n a ç ã o do a l g o d ã o , v e r i f i c a n d o s e uma s u -p e r i o r i d a d e do a l g o d o e i r o e g í -p c i o s o b r e o a l g o d o e i r o a n u a l e a s i á t i c o .
ASHOUR & EL-HAMID (1 970 ) , e s t u d a n d o 13 c u l t i v a r e s do a l g o d o e i r o e g í p c i o na f a s e de g e r m i n a ç ã o e d e s e n v o l v i m e n t o de p l ã n t u l a s d i v i d i r a m n a s em t r ê s g r u p o s , de a c o r d o com sua t o l e
-r ã n c i a ao s a l : c u l t i v a -r e s a l t a m e n t e t o l e -r a n t e s , mode-radamente t £ l e r a n t e s e s u s c e p t í v e i s . E x p e r i m e n t o s de I s h a g , c i t a d o p o r CUNHA ( 1 9 6 9 ) , com d i v e r s a s c u l t i v a r e s do a l g o d o e i r o a n u a l , m o s t r a r a m que a PIMA S-l e a ACALA-44 g e r m i n a r a m em a l t a s c o n c e n t r a ç õ e s de N a C l , mas a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o f o i b a i x a . SANTOS ( 1 9 8 1 ) e n c o n t r o u d i f e r e n ç a s s i g n i f i c a t i v a s e n t r e 11 c u l t i v a r e s do a l g o d o e i r o a n u a l . D e n t r e as c u l t i v a r e s comumente usadas no N o r d e s t e do Bra_ s i l , a BR-1 e a REBA B-50 r e v e l a r a m uma m a i o r t o l e r â n c i a , em r e l a ç ã o âs demais e s t u d a d a s . ( A l 1en- 333/ 57 e SU 0 4 5 0 / 8 9 0 9 ) .
D i v e r s o s a u t o r e s e n c o n t r a r a m d i f e r e n ç a s m a r c a n t e s ent r e c u l ent i v a r e s de d i f e r e n ent e s e s p é c i e s em f u n ç ã o do ent i p o e con -c e n t r a ç ã o de s a i s -como: p a r a o t r i g o (PASSERA & ALBUZIO, 1977 e EL-SHARKAWI & SPRINGUEL, 1 979 ) ; p a r a o a r r o z (RAO e t a 1 i i , 1969 e BARI e t a 1 i i , 1 973 ) ; p a r a o s o r g o (LYLES & FANNING, 1 964 e PRISCO e t a 1i i , 1 9 7 5 a ) ; p a r a a cevada (BHUMBLA e t a 1 i i , 1 968 e EL-SHARKAWI & SPRINGUEL, 1 979 ) ; p a r a a l e n t i l h a (MUHAMMED, 1 978 ) ; p a r a a b e t e r r a b a a ç u c a r e i r a ( F R A N Ç O I S & G00DIN, 1 9 7 2 ) e p a r a a c a n a - d e - a ç ú c a r (BERNSTEIN e t a i i i , 1 9 6 6 a ) .
1.1 - EFEITO DA SALINIDADE NA G E R M I N A Ç Ã O E TNDICE DE VIGOR
Há m u i t o tempo é c o n h e c i d o o e f e i t o a d v e r s o da s a l i n i _ dade na g e r m i n a ç ã o das s e m e n t e s , f a t o c o n s t a t a d o p o r B u f f u m , em
1 8 9 6 , c i t a d o p o r D I N I Z ( 1 9 7 9 ) . T r a b a l h o s r e a l i z a d o s p o s t e r i o r -mente r e v e l a r a m que s u b s t r a t o s s a l i n o s , i n d u z i a m um d e c r é s c i m o da g e r m i n a ç ã o e v i g o r de p l â n t u l a s (AYERS & HAYWARD, 1948 ; CUNHA,
1 969 ; BARI e t a l i i , 1 973 ; PRISCO e t a 1 i i , 1 97 5a e SANTOS, 1981). Os e s t u d o s r e l a t i v o s a i n f l u ê n c i a da s a l i n i d a d e na g e r m i n a ç ã o das sementes e v i g o r de p l â n t u l a s podem s e r d i v i d i _ dos em duas c a t e g o r i a s : i ) e f e i t o o s m o t i c o : cs s a i s aumentam a c o n c e n t r a ç ã o do s u b s t r a t o e c o n s e q u e n t e m e n t e a p r e s s ã o o s m õ t i -c a , o que r e s u l t a numa menor a b s o r ç ã o de á g u a s p e l a s sementes ; i i ) e f e i t o t o x i c o : a c o n c e n t r a ç ã o de um ou mais Tons e s p e c í f i cos p r o v o c a e f e i t o s t ó x i c o s , q u a n d o s ã o a b s o r v i d o s p e l a s s é m e n -t e s . A o c o r r ê n c i a de uma q u a n t i d a d e e x c e s s i v a de s a i s no s u b s t r a t o a c a r r e t a uma r e d u ç ã o do p o t e n c i a l o s m ó t i c o do s o l e com c o n s e q u e n t e d i m i n u i ç ã o do g r a d i e n t e de p o t e n c i a l h í d r i c o er^ t r e o s o l o e a semente (PRISCO, 1 9 7 8 ) . N e s t e c a s o , há uma r e d u -ção na a b s o r ç ã o de á g u a p e l a semente a t r i b u i ndo-se o insucesso da g e r m i n a ç ã o , ao f a t o da p r e s s ã o o s m õ t i c a s e r mais e l e v a d a no s u b s t r a t o do que no i n t e r i o r das sementes (STR0G0N0V, 1 9 6 4 ) . Es_ t u d o s de CUNHA ( 1 9 6 9 ) , com o a l g o d o e i r o , m o s t r a r a m que a percen_ tagem de g e r m i n a ç ã o e v i g o r das sementes a p r e s e n t a r a m t e n d ê n c i a a d e c r e s c e r com a r e d u ç ã o do p o t e n c i a l h í d r i c o do s u b s t r a t o . Re_ s u l t a d o s a n á l o g o s t a m b é m p a r a o a l g o d o e i r o f o r a m e n c o n t r a d o s por D I N I Z ( 1 9 7 9 ) e SANTOS ( 1 9 8 1 ) . T r a b a l h a n d o com s o r g o , PRISCO e t
a l i i ( 1 9 7 5 a ) e n c o n t r a r a m que t a n t o a g e r m i n a ç ã o como o T n d i c e de v i g o r f o r a m d i m i n u í d o s com a r e d u ç ã o do p o t e n c i a l o s m õ t i c o . E n f a t i z a n d o e s t a s o b s e r v a ç õ e s , SEPASKHAH & BO ERSMA ( 1 979 ) , r e p o r t a r a m que a d i m i n u i ç ã o do p o t e n c i a l h í d r i c o do s o l o ( m a t r i -c a l + o s m õ t i -c o ) r e s u l t o u numa r e d u ç ã o do d e s e n v o l v i m e n t o da par_ t e a é r e a e r a d i c u l a r das p l â n t u l a s do t r i g o .
A t e o r i a da t o x i d e z dos s a i s f o i p r o p o s t a , uma vez que s o l o s com o mesmo p o t e n c i a l h í d r i c o , mas com d i f e r e n t e s t i -pos de s a i s , i n f l u e n c i a v a m a g e r m i n a ç ã o de m a n e i r a d i v e r s a . Se-gundo e s t a t e o r i a , quando c e r t o s Tons o c o r r e m em c o n c e n t r a ç õ e s s u f i c i e n t e m e n t e a l t a s , q u a n t i dades e x c e s s i v a s p e n e t r a m nas semeji t e s a f e t a n d o o m e t a b o l i s m o das mesmas. A t o x i d e z r e f l e t e - s e na r e d u ç ã o da g e r m i n a ç ã o , a l i a d a f r e q u e n t e m e n t e a a n o r m a l i d a d e s no c r e s c i m e n t o e d e s e n v o l v i m e n t o de p l â n t u l a s . Em f u n ç ã o dos e f e i -t o s p r e j u d i c i a i s causados p e l o s s a i s ã g e r m i n a ç ã o de s e m e n -t e s , pode-se o r d e n a r os a n i o n s na s e q u ê n c i a : CO^ > SO^ > Cl , em b o r a e s t e s possam se m a n i f e s t a r , d i f e r e n t e m e n t e , de a c o r d o com a c u l t u r a (STR0G0N0V, 1 9 6 4 ) .
PRISCO e t a l i i ( 1 9 7 5 a ) v e r i f i c a r a m que t a n t o o NaCl
como o N a2S 04 f o r a m d e t r i m e n t a i s ã g e r m i n a ç ã o e a o v i g o r das
se-mentes do s o r g o , embora o N a £ S 0 ^ t e n h a a p r e s e n t a d o e f e i t o s mais p e r n i c i o s o s quando o p o t e n c i a l do s o l o e r a menor que -2 b a r . C o r r o b o r a n d o com e s t e s r e s u l t a d o s , D I N I Z ( 1 9 7 9 ) m o s t r o u que a g e r -m i n a ç ã o de se-mentes de a l g o d ã o f o i -mais i n i b i d a e-m s u b s t r a t o s
A i n i b i ç ã o da g e r m i n a ç a o e do vigor p e l o Cl f o i e s t u d a -da p o r d i v e r s o s a u t o r e s (AYERS & HAYWARD, 1 9 4 8 ; ASHOUR & EL HAMID, 1 9 7 0 ; SHANNON & F R A N Ç O I S , 1 9 7 7 ; EL SHARKAWI & SPRINGUEL, 1 979 ) . De a c o r d o com NAZAROVA & AZIMOV ( 1 972 ) , o e f e i t o I n i b i d o r do C l ~ na g e r m i n a ç ã o e T n d i c e de v i g o r do a l g o d o e i r o , d ã - s e p e l o f a t o d e s t e d i m i n u i r a h i d r ó l i s e dos componentes da r e s e r v a p r o t e i c a o que r e s u l t a num aumento do N p r o t e i c o e d i m i n u i -ção do N n ã o - p r o t é i c o .
0 NaCl d i m i n u i u a i n t e n s i d a d e da r e s p i r a ç ã o e a t i v i d a -de -de algumas enzimas na g e r m i n a ç ã o e p l â n t u l a s do a l g o d o e i r o , mas o a d i c i o n a m e n t o de Ca na f o r m a de C a í N O J o r e d u z i u os e f e i -t o s a d v e r s o s d e s -t e (AZIMOV, 1 9 7 3 ) . SANTOS ( 1 9 8 1 ) e n f a -t i z o u e s -t e r e s u l t a d o , quando r e p o r t o u que doses c r e s c e n t e s de Ca d i m i n u i -ram os e f e i t o s a d v e r s o s do N a C l , na g e r m i n a ç ã o de sementes de a l g o d ã o .
E d i f í c i l s e p a r a r - s e o e f e i t o t o x i c o do o s m õ t i c o , uma vez que os d o i s o c o r r e m s i m u l t a n e a m e n t e . Para d i s t i n g u i r - s e os d o i s e f e i t o s , usam-se compostos o r g â n i c o s de e l e v a d o peso molecu^ l a r como o m a n i t o l e p o l i e t i 1 e n o - g l i c o l , os q u a i s n ã o podem pe-n e t r a r pe-na membrape-na c e l u l a r das s e m e pe-n t e s , ao c o pe-n t r á r i o dos s a i s , p r o v o c a n d o s ó e f e i t o o s m õ t i c o . Uma das p r i m e i r a s t e n t a t i v a s f o i r e a l i z a d a com o m a n i t o l p o r U h v i t s , c i t a d a p o r PRISCO (1978).Em e s t u d o m a i s r e c e n t e , f e i t o p o r PRISCO & 0'LEARY ( 1 9 7 0 ) , s é m e n t e s de f e i j ã o , " r e d K i d n e y " f o r a m p o s t a s p a r a g e r m i n a r em s o l u
-i s o - o s m õ t -i c a s de NaCl e p o l -i e t -i 1 e n o - g l -i c o l , a v á r -i o s p o t e n c -i a -i s h í d r i c o s . 0 e f e i t o t ó x i c o do NaCl só se r e v e l o u em p o t e n c i a i s a b a i x o de -12 b a r .
Há c o n c o r d â n c i a , p o r e m , de c e r t o s a u t o r e s como RAO e t a l i i ( 1 9 6 9 ) e PRISCO e t a l i i ( 1 9 7 5 a ) , de que o e f e i t o da sa-l i n i d a d e s o b r e as sementes do a r r o z e s o r g o , r e s p e c t i v a m e n t e , é f u n ç ã o dos e f e i t o s o s m õ t i c o s e t ó x i c o s dos s a i s , dependendo da
c o n c e n t r a ç ã o e t i p o de s a l do m e i o .
1 . 2 - EFEITO DA SALINIDADE NO DESENVOLVIMENTO E P R O D U Ç Ã O
Sabe-se que a s a l i n i d a d e i n i b e o c r e s c i m e n t o das plan_ t a s , e r e d u z a p r o d u ç ã o . BERNSTEIN ( 1 9 6 4 ) a f i r m o u que os s a i s podem a f e t a r as p l a n t a s de t r ê s m a n e i r a s : i ) e f e i t o o s m õ t i c o g e r a l , no q u a l o d e c r é s c i m o no d e s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o s ã o d e t e r m i n a d o s p e l a p r e s s ã o o s m õ t i c a do m e i o ; i i ) e f e i t o e s p e c í f i _ co de n a t u r e z a n u t r i c i o n a l , que tem i n f l u ê n c i a mais f o r t e que o e f e i t o o s m õ t i c o g e r a l ; e i i i ) e f e i t o t ó x i c o que causa s i n t o m a s c a r a c t e r í s t i c o s de i n j ú r i a a s s o c i a d o s com a a c u m u l a ç ã o de um í o n e s p e c í f i c o na p l a n t a .
E x i s t e m e v i d ê n c i a s i n d i c a n d o que um aumento na pres_ são o s m õ t i c a da s o l u ç ã o do s o l o , r e s u l t a numa d i m i n u i ç ã o da abs o r ç ã o de á g u a p e l a abs r a í z e abs daabs p l a n t a abs . Eabsabsa t e o r i a é c o n h e c i -da como T e o r i a -da Seca F i s i o l ó g i c a e f o i p r i m e i r a m e n t e p r o p o s t a
por S c h i m p e r em 1898 ( E N É A S FILHO, 1 9 7 9 ) . A d i m i n u i ç ã o da a b s o r ç ã o de á g u a pode s e r e x p l i c a d o p e l o f a t o do c r e s c i m e n t o depen -d e r -da m a n u t e n ç ã o -da t u r g e s c ê n c i a -dos t e c i -d o s . Uma r e -d u ç ã o no d e s e n v o l v i m e n t o pode s e r c o n s e q u ê n c i a do r e a j u s t a m e n t o o s m õ t i c o das c é l u l a s e do mecanismo p r i m á r i o , p a r a r e a l i z á - l o (BERNSTEIN, 1975 ) .
RICHARDS ( 1 9 5 4 ) a f i r m o u que e v i d ê n c i a s d i r e t a s da i n -f l u ê n c i a da p r e s s ã o o s m õ t i c a na a b s o r ç ã o de á g u a p e l a s p l a n t a s f o r a m r e l a t a d a s p o r Hayward & S p u r r .
HOFFMAN ã PHENE ( 1 9 7 1 ) m o s t r a r a m que a s a l i n i d a d e d i -m i n u i u a e f i c i ê n c i a do uso de agua do a l g o d o e i r o . Segundo EL SHAHAT & KARAM ( 1 9 7 5 ) , o p o t e n c i a l de s u c ç ã o e c o n t e ú d o de á g u a das f o l h a s do a l g o d o e i r o aumentaram com a e l e v a ç ã o da s a l i _ n i d a d e do m e i o . De a c o r d o com THOMAS (1 9 8 0 ) , o d e c r é s c i m o no de_ s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o do a l g o d o e i r o f o i r e s u l t a n t e d o d e f i c i t de á g u a i m p o s t o o s m o t i c a m e n t e p e l a c o m p o s i ç ã o i õ n i c a do m e i o . Os m a i o r e s e f e i t o s n u t r i c i o n a i s da s a l i n i d a d e s ã o a q u e l e s a s s o c i a d o s com a n u t r i ç ã o c a t i ô n i c a . Com as l a r g a s v a -r i a ç õ e s na t a x a i õ n i c a , os e f e i t o s da s a l i n i d a d e no b a l a n ç o nut r i c i o n a l s ã o i n e s p e r a d o s . D i s c u s s õ e s g e r a i s do e f e i nut o da s a l i -n i d a d e s o b r e a c o m p o s i ç ã o e -n u t r i ç ã o m i -n e r a l das p l a -n t a s s ã o r e l a t a d a s p o r a l g u n s p e s q u i s a d o r e s (GAUGH & WADLEIGH, 1 9 4 5 ; STR0-G0N0V, 1 964 e BERNSTEIN, 1 966b e 1 975 ) .
-c o s , no m e i o - a m b i e n t e das p l a n t a s , n ã o a f e t a somente a -con-cen t r a ç ã o dos T o n s , c o n s t i t u i n t e s dos s a i s na p l a n t a , como t a m b é m i n t e r f e r e na a b s o r ç ã o de o u t r o s n u t r i e n t e s b á s i c o s . A s a l i n i d a -de do m e i o , e n t r e t a n t o , p a r e c e t e r m u i t o pouca i n f l u ê n c i a na a b s o r ç ã o do f ó s f o r o , a p e s a r de um aumente no t o t a l de s a i s , p r o v o c a r uma t e n d ê n c i a p r o g r e s s i v a de d i m i n u i r o n i t r o g é n i o t o t a l nos t e c i d o s das p l a n t a s (GAUGH & WADLEIGH, 1 9 4 5 ) .
T r a b a l h o s de AYERS & EBERHARD ( 1 9 6 0 ) e F R A N Ç O I S &
BERNSTEIN ( 1 9 6 4 ) m o s t r a r a m que a s a l i n i d a d e t i p o NaCl + C a C l2
t e v e e f e i t o s v a r i á v e i s na c o m p o s i ç ã o m i n e r a l da V i c i a f a ba e do Carthamus t i n c t o r i us . A c o n c e n t r a ç ã o de Na e Ca aumentou a p r e c i a v e l m e n t e com o aumento da s a l i n i d a d e . 0 c o n t e ú d o de K dimi_ n u i u p a r a ambas as c u l t u r a s . E n t r e t a n t o , e n q u a n t o a c o n c e n t r a ç ã o de Mg n ã o f o i a p a r e n t e m e n t e a f e t a d a na V i c i a f a b a , d i m i n u i u com o aumento da s a l i n i d a d e no Carthamus t i n c t o r i u s . THOMAS (1980) v e r i f i c o u que a s a l i n i d a d e t i p o Na + Ca + Mg p r o v o c o u um aumen-t o na c o n c e n aumen-t r a ç ã o d e s aumen-t e s Tons nas f o l h a s do a l g o d o e i r o , com a e l e v a ç ã o da s a l i n i d a d e , havendo um d e c r é s c i m o no c o n t e ú d o de K. R e s u l t a d o s a n á l o g o s f o r a m e n c o n t r a d o s p a r a a c a n a - d e - a ç ú c a r p o r BERNSTEIN ( 1 9 6 6 b ) .
0 p a p e l do s ó d i o na n u t r i ç ã o das p l a n t a s é a i n d a moti_ vo de c o n t r o v é r s i a s . Sabese que o mesmo pode s u b s t i t u i r p a r -c i a l ou t o t a l m e n t e o p o t á s s i o no p r o -c e s s o m e t a b ó l i -c o , e embora n ã o s e j a c o n s i d e r a d o e l e m e n t o e s s e n c i a l p a r a o c r e s c i m e n t o e de
s e n v o l v i m e n t o n o r m a l das p l a n t a s , a m a i o r i a das c u l t u r a s e bene f i c i a d a p o r e s t e e l e m e n t o (COPE e t a l i i , 1953 e COOPER e t a l i i , 1 9 5 3 ) . Embora, n ã o s e j a r e g r a g e r a l , f o i e n c o n t r a d a uma c o r -r e l a ç ã o e n t -r e a c o n c e n t -r a ç ã o de s ó d i o no meio e nos t e c i d o s de p l a n t a s do f e i j o e i r o e a l g o d o e i r o (PEARSON, 1 9 6 7 ) . STR0G0N0V ( 1 9 6 4 ) r e v e l o u que um a l t o t e o r d e s t e e l e m e n t o no s o l o pode i n -t e r f e r i r na a b s o r ç ã o de p o -t á s s i o , c á l c i o e m a g n é s i o . As duas t e o r i a s a n t e r i o r m e n t e d i s c u t i d a s parecem s e r adequadas p a r a e x p l i c a r os e f e i t o s da s a l i n i d a d e no d e s e n v o l v i
-mento e p r o d u ç ã o das c u l t u r a s , mas o e f e i t o t o x i c o aos l o n s es-p e c í f i c o s es-podem i n f l u e n c i a r , f o r t e m e n t e no d e s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o . 0 acumule de g r a n d e s q u a n t i d a d e s de um ou mais i o n s _ i e s p e c í f i c o s no meio a p r e s e n t a uma g r a n d e t e n d ê n c i a de p r o v o i c a r i n j ú r i a nas p l a n t a s . F r e q u e n t e m e n t e , a t o x i c i d a d e pode
s e r causada a t r a v é s dos e f e i t o s no m e t a b o l i s m o dos n u t r i e ] i tes e s s e n c i a i s (BERNSTEIN, 1 9 7 5 ) . I n d u b i t a v e l m e n t e , as p l a n tas d e s e n v o l v i d a s em c o n d i ç õ e s s a l i n a s s o f r e m m u d a n ç a s mar_ c a n t e s no m e t a b o l i s m o de n i t r o g é n i o , t e n d o os p r o c e s s o s de s í n t e s e e h i d r ó l i s e dos compostos p r o t e i c o s a l t e r a d o s (FAO/UNESCO, 1 9 7 3 ) . Os e f e i t o s e s p e c í f i c o s do NaCl s o b r e as p l a n t a s têm s i d o e s t u d a d o p o r d i v e r s o s a u t o r e s : SHIMOSE ( 1 9 7 3 ) o b s e r v o u r e
-d u ç õ e s l i n e a r e s no c r e s c i m e n t o -do a r r o z com o aumento -da s a l i n i ^ dade t i p o NaCl e Na2S0^.. Um m a i o r a c ú m u l o de Na o c o r r e u em p l a n t a s c u l t i v a d a s , sob c o n d i ç õ e s s a l i n a s , do t i p o N a C l , m o s
-t r a n d o - s e a c u l -t u r a mais s e n s í v e l a e s -t e -t i p o de s a l i n i d a d e . W a d l e i g h e Gaugh, c i t a d o s p o r RICHARDS ( 1 9 5 4 ) , i n d i c a r a m que a
queima das f o l h a s , em c u l t i v a r e s s u s c e p t í v e i s do a l g o d o e i r o , es_
tá c o r r e l a c i o n a d a com o c o n t e ú d o de s ó d i o nas f o l h a s . R e s u l t a
-dos a l c a n ç a d o s p o r GAUSMAN e_t a l i i ( 1 972 ) c o r r o b o r a m com o a c j _ ma m e n c i o n a d o . Esses a u t o r e s v e r i f i c a r a m a o c o r r ê n c i a de n e c r o ses nas f o l h a s do a l g o d o e i r o quando s u b m e t i d o a s e v e r o s t r e s s de NaCl . 2 E F E I T O DO P R E T R A T A M E N T O DE S E M E N T E S NA T O L E R Â N C I A DAS C U L -T U R A S A S A L I N I D A D E As t é c n i c a s u t i l i z a d a s p a r a a u m e n t a r a p r o d u ç ã o das c u l t u r a s em c o n d i ç õ e s s a l i n a s , i n c l u e m , e n t r e o u t r a s m e d i d a s , m e d i ç õ e s b i o l ó g i c a s . A a d a p t a ç ã o das p l a n t a s n ã o depende da
s a l i n i d a d e g e r a l , mas dos t i p o s e s p e c í f i c o s de s a i s do solo.Des_ sa f o r m a , pode-se a f i r m a r que a a d a p t a ç ã o das p l a n t a s depende em p r i m e i r o l u g a r , dos d i f e r e n t e s t i p o s de s a i s c o n t i d o s no so-l o e em segundo so-l u g a r das p r o p r i e d a d e s b i o so-l ó g i c a s da p so-l a n t a .
Na m a i o r i a das á r e a s s a l i n a s , a p o p u l a ç ã o das c u l t u ^
r a s e b a i x a , o que i n d i c a que as p l a n t a s s ã o m a i s s,en
s T v e i s a s a l i n i d a d e d u r a n t e a g e r m i n a ç ã o e p r i m e i r o s e s t á d i o s de d e s e n v o l v i m e n t o , p r o v o c a n d o r e d u ç ã o no " s t a n d " da á r e a . P e s q u i s a d o r e s r u s s o s , baseados n e s t e f a t o , d e s e n v o ^ veram m é t o d o s p a r a a u m e n t a r a t o l e r â n c i a dos c u l t i v o s a s a l i n i d a d e , p a r t i n d o da s u p o s i ç ã o de que as p l a n t a s se adaptam mais r a p i d a m e n t e ao meio na g e r m i n a ç ã o e p r i m e i _ r a s e t a p a s de d e s e n v o l v i m e n t o (STR0G0N0V, 1 9 6 4 ) .
0 t r a t a m e n t o das sementes com s a i s s o f r e u v a r i a ç õ e s com r e l a ç ã o ao tempo de t r a t a m e n t o e c o n c e n t r a ç ã o d e s a i s u s a d a , de a c o r d o com as p r o p r i e d a d e s b i o l ó g i c a s da p l a n t a e c o n d i ç ã o de c u l t i v o . R e s u l t a d o s o b t i d o s p o r Genkel m o s t r a r a m que o aumento da t o l e r â n c i a ã s a l i n i d a d e , i n d u z i d o p e l o p r é - t r a t a m e n t o das s e m e n t e s , v a r i o u com a c o m p o s i ç ã o s a l i n a do m e i o . Em s o l o s com s a l i n i d a d e t i p o Na2S0^, a p r é - e m b e b i ção de sementes em MgSO^ mos^ t r o u - s e mais e f e t i v a do que a p r é - e m b e b i ç ã o em N a C l ; e n q u a n t o que para a s a l i n i d a d e t i p o N a C l , m e l h o r e s r e s u l t a d o s f o r a m o b t j _ dos com a p r é - e m b e b i ç ã o em NaCl (FAO/UNESCO, 1 9 7 3 ) .
I n v e s t i g a ç õ e s p o s t e r i o r e s f e i t a s p o r d i v e r s o s p e s q u i -s a d o r e -s m o -s t r a r a m que a p r é - e m b e b i ç ã o de -semente-s em -s o l u ç õ e -s s a l i n a s , de a c o r d o com G e n k e l , i n d u z m u d a n ç a s m a r c a n t e s na f i
s i o l o g i a do e m b r i ã o e aumenta sua r e s i s t ê n c i a ã sa 1 i n i d a d e (STRO
GONOV, 1 9 6 4 ) .
A p r é - e m b e b i ç ã o de sementes de t r i g o em s o l u ç õ e s de C a C ^ , em meio s a l i n o t i p o N a C l , aumentou a p e r c e n t a g e m de g e r
-m i n a ç ã o (CHAUDHRI &a-mp; WIEBE, 1 964 ) . Este aumento na germi na ção deu_
s e , segundo os a u t o r e s , p e l a menor a b s o r ç ã o de s ó d i o p e l a s
se-m e n t e s . E n f a t i z a n d o e s t e s r e s u l t a d o s , IDRIS &ase-mp; ASLAM ( 1 9 7 5 ) , r e
-p o r t a r a m que a -p r é - e m b e b i ç ã o das sementes de t r i g o em á g u a e
C a C12 ^ seguida de p o s t e r i o r secagem, e s t i m u l o u a g e r m i n a ç ã o e
v i g o r , em c o n d i ç õ e s s a l i n a s de 0,5% de NaCl. A níveis mais al_
t o s de s a l i n i d a d e , n ã o f o r a m o b s e r v a d o s e f e i t o s b e n é f i c o s dos p r é - t r a t a m e n t o s .
T r a b a l h o s com s o r g o , e x e c u t a d o p o r LYLES & FANNING ( 1 9 6 4 ) mostraram que a p r é - e m b e b i ç ã o das sementes em agua f o i s u f i c i e n t e p a r a s o b r e p u j a r os e f e i t o s n o c i v o s da s a l i n i d a d e t i
-po NaCl na g e r m i n a ç ã o . Por o u t r o l a d o , PRISCO e t a l i i ( 1 9 7 5 b)
r e p o r t a r a m que a p r é - e m b e b i ção em á g u a n ã o b e n e f i c i o u a germina_ ção do s o r g o em s u b s t r a t o s a l i n o t i p o N a C l . P o r é m , e s t u d o s pos_ t e r i o r e s u t i l i z a n d o p r é - e m b e b i ç ã o de sementes com p o s t e r i o r se-cagem m o s t r a r a m um aumento na g e r m i n a ç ã o a v i g o r do s o r g o em
c o n d i ç õ e s s a l i n a s do t i p o NaCl (PRISCO e t a l i i , 1 9 7 8 ) .
Segundo SHANNON & F R A N Ç O I S ( 1 9 7 7 ) , a e m b e b i ç ã o das se
mentes do a l g o d ã o em á g u a ou em s o l u ç õ e s s a l i n a s aumentou a pe_r
as r e s p o s t a s f o r a m mais s e n s í v e i s em r e l a ç ã o a v e l o c i d a d e de g e r m i n a ç ã o . SANTOS ( 1 9 8 1 ) comprovou t a m b é m , um i n c r e m e n t o na p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o e v i g o r das sementes do a l g o d o e i r o ijn d u z i d o p e l a p r é - e m b e b i ção de s e m e n t e s , t a n t o em meio s a l i n o c_o mo n ã o - s a l i n o .
A u t i l i z a ç ã o de f i t o h o r m Ô n i o s como p r e - t r a t a m e n t o n ã o aumentou a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o das sementes de a l g £ d o e i r o , em c o n d i ç õ e s s a l i n a s (BUXTON e t a l i i , 1977 e SHANNON & F R A N Ç O I S , 1 9 7 7 ) . R e s u l t a d o s a n á l o g o s f o r a m e n c o n t r a d o s por BAL ( 1 976 ) p a r a o a r r o z . PRISCO e t a l i i (1 9 7 5 c ) r e p o r t a r a m r e s u l t a d o s p o s i t i v o s p a r a o s o r g o .
0 e f e i t o do p r e - t r a t a m e n t o de sementes na p r o d u ç ã o dè c u l t i v o s é a i n d a m o t i v o de c o n t r o v é r s i a s . Sabe-se aue embebi_ ção de sementes em s o l u ç õ e s s a l i n a s pode a u m e n t a r a p r o d u ç ã o a g r í c o l a em s o l o s s a l i n o s . F a t o comprovado p o r INOGAMOVA ( 1 9 7 2 ) que t r a b a l h a n d o com o a l g o d o e i r o , v e r i f i c o u que a g e r m i n a ç ã o , de s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o de sementes f o i s i g n i f i c a t i v a m e n t e au_ mentado em s o l o s s a l i n o s , quando as sementes f o r a m p r é - e m b e b j _
das em s o l u ç õ e s de N a C l .
Kovda, c i t a d o p o r STR0G0N0V ( 1 9 6 4 ) p r o p ô s o uso da á g u a s a l i n a do l e n ç o l f r e á t i c o ou da drenagem em s u b s t i t u i ç ã o aos s a i s p a r a o p r é - t r a t a m e n t o das s e m e n t e s . E l e comprovou um aumento na g e r m i n a ç ã o e p r o d u ç ã o do a l g o d o e i r o , em m e i o s a l i n o .
MANCHANDA & BHANDARI ( 1 976 ) e n c o n t r a r a m r e s u l t a d o s s i m i l a r e s pa_ ra o t r i g o e a c e v a d a . As p r o d u ç õ e s f o r a m c l a r a m e n t e m a i o r e s nas p l a n t a s r e s u l t a n t e s de sementes p r i - t r a t a d a s com á g u a de i r r i g a _ ção s a l i n a ou á g u a p o t á v e l do que a q u e l a s a l c a n ç a d a s p e l a s pla_n t a s r e s u l t a n t e s de sementes p r é - e m b e b i d a s em s o l u ç õ e s de NaCl e
N a2S 04.
STR0G0N0V ( 1 9 6 4 ) c i t a os t r a b a l h o s de Nosok e A g a n i s -hiev, nos q u a i s e l e s v e r i f i c a r a m um aumento s i g n i f i c a t i v o na pro_ d u ç ã o do a l g o d o e i r o , u s a n d o , r e s p e c t i v a m e n t e m i s t u r a de s a i s c_o mo p r é t r a t a m e n t o e e m b e b i ç õ e s s u c e s s i v a s em c o n c e n t r a ç õ e s p r o -g r e s s i v a m e n t e m a i o r e s de N a C l .
•
CAPÍTULO I I I
MATERIAIS E MÉTODOS
O p r e s e n t e t r a b a l h o f o i d e s e n v o l v i d o no C e n t r o N a c i o -n a l de P e s q u i s a do A l g o d ã o da Empresa B r a s i l e i r a de P e s q u i s a A g r o p e c u á r i a (CNPA/EMBRAPA), Campina Grande - PB, no p e r í o d o de maio de 1980 a a b r i l de 1 9 8 1 . 1 - DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 1.1 - EXPERIMENTO I Para e s t u d a r s e o e f e i t o de d i f e r e n t e s p r e t r a t a m e n -t o s e n í v e i s de s a l i n i d a d e s o b r e a g e r m i n a ç ã o e T n d i c e de v i g o r da c u l t u r a do algodoeiro, f o i u t i l i z a d o o esquema f a t o r i a l 2x3x8 , em d e l i n e a m e n t o totalmente casualizado, com quatro r e p e t i ç õ e s . Consi
d e r a n d o - s e duas c u l t i v a r e s , t r ê s n í v e i s de s a l i n i d a d e e o i t o p r é - t r a t a m e n t o s , d i s c r i m i n a d o s da s e g u i n t e f o r m a : CULTIVARES ( C ) : C, — Reba B-50 C2 — BR-1 N Í V E I S DE SALINIDADE (S) : SQ — água d e s t i l a d a S-JQQ
—
s o l u ç ã o de NaCl a 100 meq/1 S? 0 0 — s o l u ç ã o de NaCl a 200 meq/1 PRE-TRATAMENTO DE SEMENTES ( T ) : T-| — t e s t e m u n h a ( s e m e n t e s sem p r e - t r a t a m e n t o ) 12 — p r é - e m b e b i ç ã o em água d e s t i l a d a T 3 — p r é - e m b e b i ç ã o em á g u a d e s t i l a d a com p o s t e r i o r secagem T^ — p r é - e m b e b i ç ã o em s o l u ç ã o 0,1 N de NaCl Tg — p r é - e m b e b i ç ã o em s o l u ç ã o 0,1 N de CaCl,, Tg — p r é - e m b e b i ç ã o em s o l u ç ã o 0,1 N de C a C l2 + NaCl ( 1 : 1 ) J-j — p r é - e m b e b i ção em s o l u ç ã o 5mM de KH7P0^ Tg — p r é - e m b e b i ç ã o em s o l u ç ã o 5mM de NH^Cl 0 e x p e r i m e n t o f o i c o n d u z i d o em c o n d i ç õ e s c o n t r o l a d a s de l a b o r a t ó r i o a 28+0,5°C, durante o p e r í o d o de maio a a g o s t o de 1 9 8 0 .1 . 2 - EXPERIMENTO I I
No E x p e r i m e n t o I I f o r a m e s t u d a d o s os e f e i t o s de t r ê s p r é - t r a t a m e n t o s , e s c o l h i d o s com base nos r e s u l t a d o s o b t i d o s no E x p e r i m e n t o I . E s t u d o u - s e o e f e i t o desses t r ê s p r é - t r a t a m e n t o s e de t r ê s n T v e i s de s a l i n i d a d e , no d e s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o das duas c u l t i v a r e s do a l g o d o e i r o , em d e l i n e a m e n t o t o t a l m e n t e ca s u a l i z a d o , em esquema f a t o r i a l 2 x 3 x 3 , com t r ê s r e p e t i ç õ e s . Os f a t o r e s c o n s i d e r a d o s s ã o d i s c r i m i n a d o s em s e g u i d a : CULTIVARES ( C ) C-j — Reba B-50 C2 — BR-1 NTVEIS DE SALINIDADE ( S ) S-j — c o n d u t i v i d a d e e l é t r i c a do e x t r a t o de s a t u r a ç ã o do so-l o , 1.2 mmhos/cm a 259C; S2 — c o n d u t i v i d a d e e l é t r i c a do e x t r a t o de s a t u r a ç ã o do so-l o , 5,0 mmhos/cm a 259C, o b t i d a com o a d i c i o n a m e n t o de NaCl c o m e r e i a l . S^ — c o n d u t i v i d a d e e l é t r i c a do e x t r a t o de s a t u r a ç ã o do so-1 0 , so-10,0 mmhos/cm a 2 5 Ç C , o b t i d a com o a d i c i o n a m e n t o _ de NaCl c o m e r c i a l .
PRE-TRATAMENTO DE SEMENTES ( T ) T-| — testemunha (sem p r é - t r a t a m e n t o ) T^ — p r é - e m b e b i ç ã o em água e p o s t e r i o r secagem T^ — p r é - e m b e b i ç ã o em s o l u ç ã o 0,1N de NaCl e p o s t e r i o r se-cagem . E s t e e x p e r i m e n t o f o i c o n d u z i d o em casa de v e g e t a ç ã o , no p e r í o d o de novembro de 1980 a a b r i l de 1 9 8 1 , u t i l i z a n d o - s e vasos p l á s t i c o s com 4,0 kg de s o l o do Campo E x p e r i m e n t a l de S u r u b i m - PE.
2 - MATERIAL E METODOLOGIA ADOTADA
2.1 - EXPERIMENTO I : E f e i t o de d i f e r e n t e s p r é - t r a t a m e n t o s de sementes na g e r m i n a ç ã o e í n d i -ce de v i g o r de duas c u l t i v a r e s do a l g £ d o e i r o ( G o s s y p i um h i r s u t u m L . ) , em meio s a l i n o .
As sementes das duas c u l t i v a r e s e s t u d a d a s f o r a m prove_ n i e n t e s do Campo de P r o d u ç ã o de Sementes B á s i c a s do CNPA, em Condado-PB, de e x p e r i m e n t o s i n s t a l a d o s em 1 9 8 0 , sob c o n d i ç õ e s de i r r i g a ç ã o . As sementes f o r a m d e s l i n t a d a s com á c i d o s u l f ú r i c o c o n c e n t r a d o , segundo m e t o d o l o g i a d e s c r i t a p o r GODOY ( 1 9 7 5 ) e la_
vadas em agua c o r r e n t e . Foram e l i m i n a d a s as sementes que a p r e -3
s e n t a r a m d e n s i d a d e menor que 1 g/cm . Depois de secas a tempera^ t u r a a m b i e n t e , f o i f e i t a uma s e l e ç ã o das sementes e d e t e r m i n o u -se a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o , t e o r de u m i d a d e , peso de 100 sementes e d e n s i d a d e , segundo as Regras p a r a A n á l i s e de Se-mentes do M i n i s t é r i o da A g r i c u l t u r a ( 1 9 7 6 ) :
TABELA 1 - C A R A C T E R Í S T I C A S DAS SEMENTES DAS CULTIVARES DO ALGO-DOEIRO. CULTIVARES C A R A C T E R Í S T I C A S DAS SEMENTES Reba B-50 BR-1 G e r m i n a ç ã o {%) 86,00 87,00 Umidade {%) 10,33 9,80 Peso m é d i o de 100 sementes ( g ) 10,89 10,47 D e n s i d a d e ( g / c m3) 1,20 1,19
I m e d i a t a m e n t e a n t e s de serem s u b m e t i d a s aos pré-trata_ m e n t o s , as sementes d e s l i n t a d a s f o r a m d e s i n f e s t a d a s em s o l u -ção 10/6 (V/V) de á g u a s a n i t á r i a , c o n t e n d o 5,2CÍ de h i p o c l o r i t o de s ó d i o , d u r a n t e c i n c o m i n u t o s (MILLAR, 1 9 6 6 ) . No p r o c e s s o de p r é - e m b e b i ç ã o u t i 1 i z a r a m - s e b a n d e j a s de v i d r o p y r e x com 55 cm x 22 cm x 5 cm de d i m e n s õ e s , d e v i d a -mente e s t e r e l i z a d a s p o r a u t o c l a v a g e m , a 1219C, d u r a n t e 30 mi nu
t o s . As s o l u ç õ e s de NaCl e C a C ^ f o r a m p r e p a r a d a s a p a r t i r de s o l u ç õ e s e s t o q u e 2N. A s o l u ç ã o m i s t a de NaCl + C a C ^ obedeceu a uma p r o p o r ç ã o de 1 : 1 , com base no v o l u m e . As s o l u ç õ e s de Kr^PO^ e NH^Cl f o r a m p r e p a r a d a s nas c o n c e n t r a ç õ e s d e s e j a d a s .
Foram c o l o c a d a s 50g de s e m e n t e s , em b a n d e j a s de v i d r o , e n t r e duas f o l h a s de p a p e l t o a l h a e a d i c i o n a d o s 300 ml de água des_ t i l a d a ou solução salina correspondente. Em seguida foram postas em germi-nador da marca NACIONAL, modelo 3512-11, por 12 horas. As sementes f o r a m p o s t a s para secar, ã temperatura ambiente, ate atingirem um peso c o n s t a j i t e , d u r a n t e t r ê s pesagens consecutivas, realizadas em i n t e r v a l o s de 12 h o r a s . A p r é - e m b e b i ção em agua sem secagem ( T « ) f o i r e a l i z a _ da 12 h o r a s a n t e s do i n í c i o do e x p e r i m e n t o .
A p r é - e m b e b i ç ã o p o r 12 h o r a s f o i baseada em e n s a i o s p r e l i m i n a r e s c u j o s r e s u l t a d o s r e s u m i d o s na T a b e l a 1 do A p ê n d i c e , mostram que p a r a e s t e p e r í o d o f o i a l c a n ç a d a uma m a i o r p e r c e n t a -gem de g e r m i n a ç ã o .
Para o t e s t e de g e r m i n a ç ã o , u t i l i z o u s e como s u b s t r a -t o -três f o l h a s de p a p e l -t o a l h a , umedecidas c o n v e n i e n -t e m e n -t e em água d e s t i l a d a ou s o l u ç õ e s r e s p e c t i v a s , segundo m e t o d o l o g i a a do-t a d a p o r SANTOS ( 1 9 8 1 ) . A p ô s a s e m e a d u r a , os r o l o s c o n do-t e n d o 35 sementes c a d a , f o r a m c o l o c a d o s v e r t i c a l m e n t e em d e p ó s i t o s p l á s -t i c o s e em s e g u i d a , p o s -t o s no g e r m i n a d o r , ã -t e m p e r a -t u r a cons-tan_ t e de 28 í 0,5 9C.
A a v a l i a ç ã o da percentagem de germinação f o i f e i t a no oitavo d i a de condução do experimento. Somente foram consideradas germinadas seme_n
t e s que apresentaram plântulas com 4 cm ou mais de comprimento. No q u a r t o
d i a de condução, as sementes germinadas foram computadas e e l i m i n a d a s . Para a determinação do Tndice de v i g o r u t i l i z o u - s e 10 sementes c o l h i d a s , a l e a t o r e a m e n t e , nas r e p e t i ç õ e s da p e r c e n t a g e m de g e r m i -n a ç ã o , -no q u a r t o d i a de c o -n d u ç ã o do e x p e r i m e -n t o . A d o t o u - s e o mi t o d o de c o m p r i m e n t o de p l â n t u l a s . A m e d i ç ã o f o i f e i t a com r é g u a m i l i m e t r a d a , desde a e x t r e m i d a d e da r a í z a t é a i n s e r ç ã o dos
co-t i l é d o n e s , sendo o c o m p r i m e n co-t o m é d i o p a r a o T n d i c e de v i g o r , o]) t i d o m e d i a n t e a m é d i a a r i t m é t i c a , baseado no v a l o r de 10 m e d i -ç õ e s . 2.2 - EXPERIMENTO I I : E f e i t o de d i f e r e n t e s p r é - t r a t a m e n t o s de sementes no d e s e n v o l v i m e n t o e p r o d u ç ã o do a l g o d o e i r o ( G o s s y p i um h i r s u -t u m , L . ) , em meio s a l i n o . N e s t e e x p e r i m e n t o , f o r a m u t i l i z a d o s d o i s dos m e l h o r e s p r é - t r a t a m e n t o s do E x p e r i m e n t o I : e m b e b i ç ã o em agua d e s t i l a d a e
em s o l u ç ã o de NaCl ( 0 , 1 N) ambas com p o s t e r i o r secagem, juntamente com a t e s t e m u n h a .
Um s o l o P o d z õ l i c o V e r m e l h o A m a r e l o (camada s u p e r f i c i a l de 0-30 c m ) , p r o v e n i e n t e da Campo E x p e r i m e n t a l de S u r u b i m f o i
u t i l i z a d o no e s t u d o . A p ó s seco ao a r , d e s t o r r o a d o e passado em p e n e i r a com malha de 2 mm de d i â m e t r o e q u i v a l e n t e , o mesmo f o i d e s i n f e s t a d o com b r o m e t o de m e t i l a . Em s e g u i d a , f o i d i s t r í b u i d o em 54 vasos p l á s t i c o s , cada um com 4 kg de s o l o .
A s a l i n i z a ç ã o do s o l o f o i f e i t a a t r a v é s da a d i ç ã o de volumes n e c e s s á r i o s de NaCl ( 2 N ) , p a r a a o b t e n ç ã o dos n í v e i s de s a l i n i d a d e d e s e j a d o s . E s t e s volumes f o r a m d e t e r m i -nados m e d i a n t e a c u r v a de s a l i n i z a ç ã o do s o l o ( F i g u r a 1 do Apén_ d i c e ) , e l a b o r a d a segundo m e t o d o l o g i a de RICHARDS ( 1 9 5 4 ) . Em S £ g u i d a , p r o c e d e u - s e uma i r r i g a ç ã o , a f i m do s o l o a t i n g i r a c a p £ c i d a d e de campo p a r a uma d i s t r i b u i ç ã o u n i f o r m e dos s a i s e aconi£ d a ç ã o do s o l o , em cada v a s o .
Uma semana d e p o i s , d i s t r i b u í ram-se os vasos aleja t o r e a m e n t e na casa de v e g e t a ç ã o e dez s e m e n t e s , c o n v £ n i e n t e m e n t e p r é - t r a t a d a s ou n ã o , f o r a m semeneadas, s e g u i £ do-se da p r i m e i r a i r r i g a ç ã o . Uma a d u b a ç ã o b á s i c a da f ó Y mula 80 - 40 - 2 0 , u t i 1 i z a n d o - s e s u l f a t o de a m õ m i a , s u p e £ f o s f a t o t r i p l o e c l o r e t o de p o t á s s i o , segundo r e c o m e n d £ ç õ e s t é c n i c a s do CNPA, f o i a p l i c a d a p a r a t o d o s os t r a t a m e n t o s , 12 d i a s a p ó s o p l a n t i o , quando f o i f e i t o o d e £ b a s t e , sendo d e i x a d a s duas p l a n t a s p o r v a s o . Por essa o c a s i ã o , f o r a m r e a l i z a d a s m e d i a ç õ e s de a l t u r a de p l a n t a , que t a m b é m f o r a m computadas no i n í c i o da f l o r a ç ã o e na c o l h e i t a .
A i n c i d ê n c i a do á c a r o b r a n c o aos 48 d i a s f o i c o n t r o l a _ da com uma a p l i c a ç ã o de THIODAN-EC ( 1 , 5 ml/1 de á g u a ) e a pa_r t i r dos 85 d i a s , p u l v e r i z a ç õ e s semanais com DECIS EC (2 m l / l de á g u a ) f o r a m a p l i c a d a s p a r a o c o n t r o l e da l a g a r t a r o s a d a .
Uma segunda adubação, obedecendo a mesma fórmula a n t e r i o r , f o i a p l i c a d a aos 63 d i a s a p ó s p l a n t i o , quando f o i r e t i r a d a uma p l a j i t a .
As i r r i g a ç õ e s f o r a m f e i t a s g r a v i m e t r i c a m e n t e com á g u a d e s t i l a d a baseadas na d i f e r e n ç a do s o l o em c a p a c i d a d e de campo e peso a t u a l . 0 s o l o f o i m a n t i d o em c o n d i ç õ e s õ t i m a s de umidade a t r a v é s de i r r i g a ç õ e s d i á r i a s a t e os 83 d i a s , quando as i r r i g a
-ç õ e s passaram a s e r f e i t a s com i n t e r v a l o s de um d i a , uma vez q u e , o r e q u e r i m e n t o de á g u a p e l a s p l a n t a s d i m i n u i u . 3 - A N A L I S E DO SOLO 0 s o l o a p ó s seco ao a r , d e s t o r r o a d o e p a s s a d o em pe_ n e i r a de malha de 2 mm, t e v e algumas c a r a c t e r í s t i c a s q u í m i c a s , f í s i c a s e h í d r i c a s d e t e r m i n a d a s a s s i m como a c o m p o s i ç ã o q u í m i c a do e x t r a t o de s a t u r a ç ã o , sendo as mesmas a p r e s e n t a d a s na T a b e l a 2 do A p ê n d i c e . As a n a l i s e s f o r a m r e a l i z a d a s no L a b o r a t ó r i o de A n á l i s e de S o l o e £ g u a do DNOCS em Campina G r a n d e , PB. A a n á l i s e t e x t u r a l f o i f e i t a p e l o m é t o d o do h i d r ô m e
t r o (DAY, 1965) e a d e n s i d a d e r e a l a t r a v é s de p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o p o r FORSYTHE ( 1 9 7 1 ) . A umidade e q u i v a l e n t e f o i deter_ minada a t r a v é s do m é t o d o da c e n t r i f u g a ç ã o , em s e g u i d a o v a l o r f o i t r a n s f o r m a d o em c a p a c i d a d e de campo a t r a v é s de um f a t o r l . 1 7
(DAKER, 1 973 ) . Para as demais c a r a c t e r í s t i c a s hí d r i cas e químicas e a c o m p o s i ç ã o q u í m i c a do e x t r a t o de s a t u r a ç ã o u t i l i z o u - s e meto d o l o g i a s d e s c r i t a s p o r RICHARDS ( 1 9 5 4 ) . 4 - ANALISE E S T A T Í S T I C A A l é m da p r o d u ç ã o , f o i e s t u d a d o o e f e i t o dos n í v e i s de s a l i n i d a d e e p r é t r a t a m e n t o de sementes s o b r e a g e r m i n a ç ã o , a l -t u r a de p l a n -t a e os p r i n c i p a i s componen-tes da p r o d u ç ã o -t a i s co-mo o n ú m e r o t o t a l e queda de f 1 o r e s / p 1 a n t a e o peso m é d i o de
c a p u l h o . Foram t a m b é m e s t u d a d o s peso seco das p a r t e s a é r e a e r a d i c u l a r das p l a n t a s .
Todos e s t e s d a d o s , f o r a m s u b m e t i d o s ã a n á l i s e da va
r i â n c i a e as m é d i a s r e p r e s e n t a t i v a s comparadas p e l o t e s t e de
Tukey aos n í v e i s de 1% e 5% de p r o b a b i l i d a d e (GOMES, 1 9 7 3 ) . A
a n á l i s e de v a r i â n c i a da p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o f o i f e i t a , de
p o i s da t r a n s f o r m a ç ã o dos dados em a r e sen / % e o n ú m e r o t o t a l e a queda de f l o r e s / p l a n t a a p ó s a t r a n s f o r m a ç ã o em •x + 0,5 (SNEDECOR & COCHRAN, 1 9 7 4 ) .
CAPÍTULO IV
RESULTADOS E DISCUSSÃO
i 1 - EXPERIMENTO I : E f e i t o de d i f e r e n t e s p r e - t r a t a m e n t o s de se mentes na g e r m i n a ç ã o e v i g o r de duas c u l t i -v a r e s do a l g o d o e i r o ( G o s s y p i u m h i r s u t u m , L . ) , em meio s a l i n o . 1.1 - G E R M I N A Ç Ã O A F i g u r a 1 m o s t r a a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o das cul_ t i v a r e s do a l g o d o e i r o , em f u n ç ã o dos p r é - t r a t a m e n t o s e s a l i n i d a _ d e . As c u l t i v a r e s se c o m p o r t a r a m de m a n e i r a semelhar^t e . Com o aumento da c o n c e n t r a ç ã o s a l i n a de z e r o ( SQ) pa_
-cc UJ o u í-1 UJ o
cc
UJ 0. J0 0 J_ NÍVEIS DE S A L I N I D A D E REBA-B-50 NÍVEIS DE S A L I N I D A D E BR-IFIGURA - 1 Efeito de diferentes pre-tratamentos de semente no germinação de duas cultivares do olgodoei-ro em rneio salino.
S S n e S „n A representam as concentrações, r e s p e c t i v a m e n t e , 0 , 100 e 200 meq/1 de NaCl.
o' 100 Í.00
r a T, representam os p r é - t r a t a m e n t o s , r e s p e c t i v a m e n t e , testemunha, embebiçõo em ânua som secagem, 1 3
embebi ção em agua, em soluções 0,1 N de NaCl. C a C l2, NaCl • CaCl. o em soluções 13 mH de KH2P04 e N I ^ C l , com p o s t e r i o r secagem.
to o
n u i u quase 50% p a r a ambas as c u l t i v a r e s , no caso de T,. Os r e
-s u l t a d o -s concordam com v a l o r e -s de D Lc n ( d o s e l e t a l p a r a 50% da
g e r m i n a ç ã o ) dessas c u l t i v a r e s r e p o r t a d o s p o r SANTOS e_t a l i i (1980 a ) . Sabe-se que a g e r m i n a ç ã o e s t a r e l a c i o n a d a com a
quan-t i d a d e de agua a b s o r v i d a pelas sementes. Uma q u a n t i d a d e excessj_
va de s a i s no s u b s t r a t o a c a r r e t a uma r e d u ç ã o do p o t e n c i a l o s m õ -t i c o e uma c o n s e q u e n -t e d i m i n u i ç ã o do g r a d i e n -t e h í d r i c o e n -t r e o s u b s t r a t o e a semente p r o v o c a n d o uma d i m i n u i ç ã o na a b s o r ç ã o de á g u a p e i a s sementes (PRISCO, 1 9 7 8 ) . Os d i f e r e n t e s p r é - t r a t a m e n t o s de sementes m i n o r a r a m os e f e i t o s d i l e t é r i o s da s a l i n i d a d e , sendo que e f e i t o s m a i s p r o n u n c i a d o s f o r a m o b s e r v a d o s no n í v e l S^QQJ onde a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o das sementes p r é - t r a t a d a s f o i em m é d i a 50% s u p e r i o r as n ã o p r é - t r a t a d a s ( F i g u r a 1 ) . De a c o r d o com STR0G0N0V ( 1 9 6 4 ) , os e f e i t o s b e n é f i c o s dos p r é - t r a t a m e n t o s com s o l u ç õ e s s a l i n a s e s t ã o r e l a c i o n a d o s com o aumento da p r e s s ã o o s m õ t i c a das cé 1 l a s das s e m e n t e s , que a c a r r e t a uma m a i o r a b s o r ç ã o de á g u a , e pe_ l a s m u d a n ç a s na f i s i o l o g i a do e m b r i ã o que aumenta sua r e s i s t ê n -c i a aos e f e i t o s p e r n i -c i o s o s dos s a i s . IDRIS & ASLAM ( 1 9 7 5 ) ; S I N G H e t a l i i ( 1 9 7 6 ) e PRISCO e t a l i i ( 1 9 7 5 b , c ) t a m b é m o b s e r -varam os e f e i t o s b e n é f i c o s dos p r é - t r a t a m e n t o s na g e r m i n a ç ã o .
A l é m dos e f e i t o s s i g n i f i c a t i v o s da s a l i n i d a d e e dos p r é - t r a t a m e n t o s , a a n a l i s e da v a r i â n c i a , r e v e l o u t a m b é m e f e i t o s i g n i f i c a t i v o ao n í v e l de 1 % p a r a a i n t e r a ç ã o s a l i n i d a d e x p r é
-t r a -t a m e n -t o ( T a b e l a 3 do A p ê n d i c e ) . 0 d e s d o b r a m e n -t o d e s -t a i n -t e r a ç ã o m o s t r o u que só houve e f e i t o s s i g n i f i c a t i v o s dos p r é t r a t a
-mentos nos n í v e i s Sg e S2 0g ( T a b e l a 4 do A p ê n d i c e ) . Uma a n á l i s e da T a b e l a 2 que a p r e s e n t a a p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o m é d i a do a l g o d o e i r o , sob d i f e r e n t e s n í v e i s de sa-l i n i d a d e , p e r m i t e a f i r m a r que os p r é - t r a t a m e n t o s p r o v o c a r a m um aumento na p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o . 0 t e s t e de Tukey a p l i c a d o ãs m é d i a s no n í v e l n ã o s a l i n o ( S ) m o s t r o u q u e os me l h o r e s p r é - t r a t a m e n t o s d e sementes f o r a m T2 e T^ (Tabe_ l a 2 ) . Uma p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o r e l a t i v a m e n t e menor f o i o b t i d a no caso de Ty e Tg, que n ã o d i f e r i r a m da t e s t e m u n h a ( T V ) . Por o u t r o l a d o , no n í v e l S2Q Q , t o d o s os p r é - t r a t a m e n t o s t i v e r a m i n f l u ê n c i a s i g n i f i c a t i v a e p o s i t i v a na g e r m i n a ç ã o do a l g o d o e i r o , e embora n ã o tenham a p r e s e n t a d o d i f e -r e n ç a s e s t a t í s t i c a s e n t -r e s i , os p -r é - t -r a t a m e n t o s T^, Tg e Tg d e s t a c a r a m - s e dos d e m a i s .
TABELA 2 - EFEITO DE DIFERENTES PRE-TRATAMENTOS E N l V E I S DE SA-LINIDADE SOBRE A PERCENTAGEM DE G E R M I N A Ç Ã O MEDIA DO ALGODOEIRO. , N Í V E I S DE SALINIDADE2 PRE-TRATAMENTOS1 MEDIA S0 S1 0 0 S2 0 0 T l 80,35 c 72,85 a 41,36 b 64,85 b T2 97 ,1 5 a 79,65 a 58,93 a 78,58 a T3 93 ,57 ab 76,07 a 61,79 a 77,14 a T4 91 ,78 b 79,65 a 66,43 a 79,29 a T5 91 ,07 b 76,44 a 60,36 a 75,96 a T6 92,50 b 80,71 a 63,57 a 78,93 a T7 88 ,93 bc 81 ,78 a 55,3 6 a 75,36 a T8 87 ,14 c 78,21 a 63,93 a 76,43 a MEDIA4 90,31 a 78,17 b 58,97 c 1 T, a Tg r e p r e s e n t a m os p r é - t r a t a m e n t o s , r e s p e c t i v a m e n t e , t e s t e m u n h a , e m b e b i ç a o em á g u a sem secagem , e m b e b i ç a o em á g u a , e m s o l u ç õ e s 0,1 N de NaCl , C a C l2, NaCl + C a C l 2 > e 5 mM de K H2P 0A e NH^Cl , com p o s t e r i o r secagem. 2 M é d i a s s e g u i d a s da mesma l e t r a , na v e r t i c a l , n ã o d i f e r e m pe-l o t e s t e de Tukey a 5% de p r o b a b i l i d a d e . 3 M é d i a s s e g u i d a s da mesma l e t r a , na v e r t i c a l , n ã o d i f e r e m p e l o t e s t e de Tukey a 1 % de p r o b a b i l i d a d e . 4 M é d i a s s e g u i d a s da mesma l e t r a , na h o r i z o n t a l , n ã o d i f e r e m p e l o t e s t e de Tukey a 1 % de p r o b a b i l i d a d e .
1 . 2 - VIGOR
O e f e i t o de d i f e r e n t e s p r é - t r a t a m e n t o s e n í v e i s de s a l i n i d a d e s o b r e o í n d i c e de v i g o r m é d i o do a l g o d o e i r o s ã o a p r e s e n t a d o s na F i g u r a 2. A c u l t i v a r BR-1 m o s t r o u - s e m a i s v i g o r o s a que a Reba B-50. No caso de sementes n ã o t r a t a d a s ( T , ) , essas d i f e r e n ç a s v a r i a r a m de 33 a 54% dependendo do n í v e l de s a l i n i d a _ d e . E n t r e t a n t o , sob d i f e r e n t e s p r é t r a t a m e n t o s n ã o f o r a m o b s e r -vados c o m p o r t a m e n t o s i d ê n t i c o s . Uma v e z q u e , o í n d i c e de v i g o r f o i computado a t r a v é s da m é d i a a r i t m é t i c a de 10 sementes no q u a r t o d i a de c o n d u ç ã o do e x p e r i m e n t o , essas v a r i a ç õ e s p o d e r i a m s e r a t r i b u í d a s a d i f e r e n ç a s na p e r c e n t a g e m de g e r m i n a ç ã o das c u l t i v a r e s . A s a l i n i d a d e i n f l u e n c i o u n e g a t i v a m e n t e o í n d i c e de v i _ g o r , sendo que o e f e i t o mais p r o n u n c i a d o f o i o b s e r v a d o no n í v e l S 2 Q Q . No caso de sementes n ã o t r a t a d a s (T-j ) , o d e c r é s c i m o f o i em t o r n o de 7 0 % , p a r a ambas as c u l t i v a r e s . NAZAROVA & AZIMOV ( 1 9 7 2 ) m o s t r a r a m que a s a l i n i d a d e t i p o c l o r e t o d i m i n u e a h i d r ó -l i s e dos componentes da r e s e r v a p r o t e i c a na g e r m i n a ç ã o das sementes do a l g o d o e i r o , a c a r r e t a n d o , c o n s e q u e n t e m e n t e , um d e c r é s
-cimo no v i g o r . E s t e e f e i t o e s p e c í f i c o , a s s o c i a d o ao o s m õ t i c o , a f e t a f o r t e m e n t e a g e r m i n a ç ã o e o í n d i c e de v i g o r , como f o i ob-s e r v a d o no p r e ob-s e n t e e ob-s t u d o .
-So ' S100 e S200 r ePr o s e n t a m a s c o n c e n t r a ç õ e s , r e s p e c t i v a m e n t e , 0 , 100 e 200 meq/1 de NaCl.
Tj a representam os pré-tratamentos, r e s p e c t i v a m e n t e , testemunha, embebiçao em água sem secagem, em bebição em á g u a , em soluções 0,1 N de NaCl, CaCl-,, NaCl + CaC^ e em soluções 5 mf-i de KrLPO* e NH-C1, com p o s t e r i or secagem.
