Teorias sócio-cognitivas no
Teorias sócio-cognitivas no
mundo contemporâneo
Conteúdos
1. O nascimento da Psicologia Colectiva 1.1. Le Bon e a Psicologia das Multidões
2. Origens da Psicologia Social nos Estados Unidos 2.1. Mc Dougall e a Psicologia Hórmica
2.2. Allport e a Facilitação Social
3. O estudo dos grupos
3.1. Mayo e o Efeito Hawthorne 3.2. Moreno e a Sociometria
Conteúdos
(cont.)4. A Psicologia Social Cognitiva
4.1. Festinger e a Dissonância Cognitiva 4.2. Heider e a Teoria da Atribuição
1. O nascimento da psicologia colectiva
LE BON, Gustave
Dados biográficos:
- Nat. 1841, Nogent-le-Retrou; ob. 1931, Paris. - Psicólogo.
- Médico chefe de uma das divisões de ambulâncias do exército de paris
Obras:
- O desequilíbrio do mundo - Psicologia do socialismo - Psicologia da revolução - Psicologia das Multidões
Psicologia das multidões:
Conceito do senso comum para multidão
“Conjunto de indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade, profissão ou sexo e quaisquer que sejam também os casos que os reuniram”.
Ponto de vista psicológico para a palavra multidão
Aglomerado de homens que possui características novas muito diferentes dos de cada indivíduo que o compõe. A personalidade consciente dilui-se, os sentimentos e as ideias de todas as unidades estão concentradas numa mesma direcção. Forma-se uma alma colectiva. A colectividade
transforma-se numa multidão psicológica.
LE BON
Requisitos básicos de uma multidão psicológica
- Atribuição de novas características homogéneas a todos os constituintes da multidão
- Diluição da personalidade consciente - Formação de uma alma colectiva
“
Mil indivíduos reunidos ao acaso numa praça pública sem nenhum objectivo determinado, não constituem de modo algum uma multidão psicológica.”A alma das multidões:
Caracteres psicológicos especiais de uma multidão
- Na alma colectiva, as aptidões intelectuais dos homens e, por
consequência, a sua individualidade, diluem-se. O heterogéneo dilui-se no homogéneo e as qualidades inconscientes dominam
- Numa multidão, todos os sentimentos e todos os actos são contagiosos de tal modo que o indivíduo sacrifica o seu interesse pessoal ao interesse colectivo (contágio mental)
História e Epistemologia da Psicologia
Caracteres psicológicos especiais de uma multidão
(cont.)- Em multidão o indivíduo entra num estado particular semelhante ao estado de fascinação do hipnotizado perante o hipnotizador
(sugestibilidade)
O indivíduo torna-se escravo de todas as suas actividades inconscientes, tal como na multidão
Sentimentos das multidões:
- A multidão é quase exclusivamente movida pelo inconsciente; o
indivíduo isolado consegue dominar os seus reflexos, ao passo que a multidão não
- As multidões conseguem percorrer sucessivamente a gama dos
sentimentos mais contrários sob a influência das excitações do momento
- Para o indivíduo em multidão a sensação de impossibilidade desaparece
“O homem isolado sabe perfeitamente que não poderia, sozinho, incendiar um palácio, ou saquear uma loja; portanto, a tentação nem sequer lhe
aflora o espírito. Quando faz parte de uma multidão, ele toma consciência do poder que o número lhe confere e cede imediatamente à primeira
sugestão de morte ou pilhagem”
História e Epistemologia da Psicologia
Simplismo dos sentimentos das multidões
- Os sentimentos, bons ou maus, manifestados por uma multidão apresentam uma dupla característica: são muito simples e muito
exagerados. Neste ponto como em muitos outros, o indivíduo em multidão assemelha-se a seres primitivos
- Na multidão o exagero de um sentimento torna-se muito mais forte porque, propagando-se rapidamente graças à sugestão de contágio, a
aprovação de que se torna objecto aumenta consideravelmente a sua força
Intolerância e autoritarismo das multidões:
- Uma vez que as multidões apenas conhecem sentimentos simples
extremos, recusam ou aceitam em bloco crenças ou ideias que lhes são sugeridas e consideram-nas como verdades absolutas ou como erros não menos absolutos
- O autoritarismo e a intolerância constituem, para as multidões,
sentimentos muito claros que elas suportam tão facilmente como põem em prática
- Respeitam a força, no entanto, a bondade impressiona-as pouco, pois consideram-na como uma espécie de fraqueza
História e Epistemologia da Psicologia
-- Gustave Le Bon escreveu a sua obra num período um pouco conturbado
politicamente da história de França, o que fez direccionar os seus conceitos em forma de crítica para a república francesa.
-- Pouco explícito quanto à diversificação dos tipos possíveis de
multidões, centrando-se apenas em temas como a religião e a política.
2. Origens da psicologia social nos Estados Unidos
Conceito de psicologia social
Ramo da psicologia que se centra no comportamento social e que tenta compreender como as pessoas interagem umas com as outras: a natureza e as causas do comportamento e o pensamento dos indivíduos em
situações sociais (implica estar em contacto com outras pessoas).
História e origens da psicologia social
- A expressão «psicologia social» surge no princípio do século XX nos Estados Unidos, em 1908
- Atribui-se geralmente os primeiros tratados de psicologia social a dois americanos – o sociólogo Ross e o psicólogo Mc Dougall
- Existem quatro etapas na psicologia social: 1ª - Precursores (antes de 1908)
2ª - Nascimento e consolidação (de 1908 até à Segunda Guerra Mundial)
3ª - Auge (desde a Segunda Guerra Mundial até finais de 1960) 4ª - Crises (finais de 1960 até finais de 1980)
Origens da psicologia social nos Estados Unidos
1ª Etapa - Precursores (antes de 1908)
Destacam-se: - Wilhelm Wundt - William James - Emilio Durkheim - Gabriel Tarde - Gustave Le Bon2ª Etapa - Nascimento e consolidação (de 1908 até à Segunda Guerra
Mundial)
1908
Edward Ross William Mc Dougall (América do Norte) (Inglaterra)
Social Psychology, an outline An introduction to and source book social psychology
Origens da psicologia social nos Estados Unidos
3ª Etapa - Auge (desde a Segunda Guerra Mundial até finais de
1960)
- É nesta etapa que se dão os mais importantes desenvolvimentos da psicologia social, com as contribuições de:
- Kurt Lewin
- Leon Festinger
- Estudo do preconceito e dos conflitos entre pessoas de diferentes grupos sociais
- Cognição social
- Experiências em laboratório, com as contribuições de: - Asch
- Milgram - Bardon - Lewin
4ª Etapa - Crises (finais de 1960 até finais de 1980)
Crise da identidade da teoria psico-sociológica - Experiências laboratoriais
- “Publicar ou morrer”
- Semelhança com as ciências naturais
- Divisão em duas psicologias sociais (psicológica e sociológica)
Crise da metodologia
- Excessivo uso das experiências em laboratório - Amostras de número reduzido
Origens da psicologia social nos Estados Unidos
4ª Etapa - Crises (cont.)
Soluções propostas para a crise
- Não fazer uso das experiências de laboratório - Fazer investigações de campo
- Utilizar relatos autobiográficos
MC DOUGALL, William
Dados biográficos:
- Nat. 1871, Inglaterra; ob. 1938, E.U.A.
- Psicólogo muito importante no desenrolar da Teoria dos Instintos e na Psicologia Social. Foi um opositor do behaviorismo.
- Estudou Medicina e Fisiologia.
- Professor na University College London, Universidade de Oxford, Universidade de Harvard e Duke University
- Influenciado por Charles Darwin e William James
Obras:
- An Introduction to Social Psychology - Psychology: The study of behavior - The Group Mind
- Physiological Psychology - Outline of Psychology - Abnormal Psychology - The energies of man - Body and Mind
- Outline of Abnormal Psychology
Psicologia Hórmica
- O pressuposto fundamental afirma que o comportamento é
caracterizado por um impulso (horme) no sentido da realização de certos propósitos ou metas
Impulso Motivado por instintos ou sentimentos
Inatos (fuga, curiosidade) Possuem um componente - Sensorial - Emocional - Motivacional MC DOUGALL
“A teoria hórmica sustenta que onde há vida há mente; e que, se existe alguma contiguidade do inorgânico para o orgânico, deve ter existido algo
de mental, algum indício de natureza e actividade mentais no inorgânico, a partir do qual se gerou tal emergência. Actuar com um propósito é um indício mental, ainda que o ser em foco seja tão primitivo quanto um protozoário”
Outline of psychology (1923)
ALLPORT, Floyd
Dados biográficos:
- Nat. 1890, Wisconsin; ob. 1971/8 Califórnia
- Professor universitário e Psicólogo
- Leccionou na Maxwell School of Citizenship and Public Affairs da Universidade de Syracuse em Syracuse, de 1924 a 1956 e foi professor visitante na Universidade da Califórnia, em Berkeley
- É considerado fundador da psicologia social como disciplina científica e pai da psicologia social experimental
Obras:
- The influence of the group upon association and thought - Social Psychology
- Institutional Behavior: Essays toward a Re-interpreting of Contemporary Social Organization
- Theories of Perception and the Concept of Structure: A Review and
Critical Analysis with an Introduction to a Dynamic
Facilitação Social
- O termo foi utilizado para significar a influência da presença de outras pessoas no desempenho de um indivíduo
- Os seus estudos incidem exclusivamente na influência do meio social, sem deixar muito espaço aos instintos ou àquilo que é da iniciativa própria ao indivíduo
- Baseia-se em Triplett (1897) para explicar o fenómeno da facilitação
social
ALLPORT
Facilitação Social (cont.)
Exemplo:
Pediu a crianças que enrolassem o mais rapidamente possível carretos de canas de pesca. Algumas trabalhavam sozinhas, outras em pares.
Resultado:
As performances foram superiores no segundo caso (em pares).
Explicação:
A presença de outrem a trabalhar ao nosso lado tem, portanto, uma influência sobre o nosso comportamento e, neste caso, uma influência benéfica.
Facilitação Social (cont.)
História e Epistemologia da Psicologia
ALLPORT
Efeitos de audiência
Medida em que espectadores passivos afectam a performance de um indivíduo que trabalha em qualquer tarefa
Efeitos de coacção
A tarefa realizada por determinado indivíduo é influenciada, ou não, pelo facto de outras pessoas, junto dele, realizarem o mesmo trabalho
Facilitação Social (cont.)
Exemplo:
1. Uma tarefa administrativa que consiste em riscar todas as vogais de um texto
2. Uma tarefa de reversibilidade de perspectivas em que se trata de ver a face de um cubo como anterior ou posterior e vice-versa
3. Uma tarefa de multiplicação de números com dois algarismos 4. Uma tarefa de associação de palavras em cadeia
Facilitação Social (cont.)
Resultado:
Os estudantes testados por Allport riscam mais vogais, fazem mais multiplicações, mudam mais vezes de perspectiva, fornecem mais associações e refutações
Explicação:
Dois factores - A visão dos movimentos de outrem aumentaria os nossos - Rivalidade
História e Epistemologia da Psicologia
Crítica conclusiva
William Mc Dougall
- A psicologia hórmica explica o comportamento através dos instintos (ou tendências inatas) e este é ou pode ser aprendido, quer seja por
observação, quer por imitação
Floyd Henry Allport
- Não teve em conta a iniciativa própria do indivíduo, este nada é
relativamente ao grupo que o determina (perde a sua especificidade)
- Muitos factores podem intervir numa tarefa em que se pretende ver se existe facilitação social e alterar resultados
3. O estudo dos grupos
Estudo dos grupos
- Surge no final do século XIX
- Teve grande influência da Revolução Francesa
- Suscitou grande interesse por parte dos psicólogos
- Pretendia entender-se a adesão de massas a seguir líderes
- Tem como principal objecto de estudo compreender a influência
do grupo sobre um indivíduo e o relacionamento entre os
membros do mesmo
- Para o estudo do desenvolvimento dos grupos destacam-se a
coesão grupal, as normas grupais e a conformidade
MAYO, Georges Elton
Dados biográficos:
- Nat. 1880, Austrália; ob. 1949, Reino Unido. - Sociólogo australiano.
- Formou-se em Medicina.
- Leccionou na Universidade de Queensland. - Estudou os pequenos grupos.
- Focalizou-se na Psicologia do trabalho e Industrial. - O seu estudo mais conhecido foi o Efeito Hawthorne.
Obras:
- The human problems of an industrial civilization
- Estudo do relacionamento entre a produtividade e as condições do trabalho motivado por conflitos existentes na fábrica;
- Objectivo fulcral: estudar a relação entre a produtividade e as condições físicas de trabalho;
- Dividia em três fases;
1ª fase: Quanto melhor fosse a iluminação no trabalho maior seria a produtividade;
2ª fase: Grupos experimentais; 3ª fase: Programa de Entrevista.
Efeito Hawthorne
MAYO
Crítica conclusiva
- Nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado
- Motivação económica é crassa para a produtividade - Os indivíduos não agem isoladamente mas em grupo - O comportamento do indivíduo depende do grupo
“O conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social.”
(Georges Elton Mayo)
MAYO
MORENO, Jacob Levy
Dados biográficos:
- Nat. 1889, Bucareste; ob. 1974, Nova Iorque. - Criador do Psicodrama.
- Aluno de Freud.
- Estudou os pequenos grupos.
- Desenvolveu a Sociometria que permitia estudar, por medidas, o interior de um grupo.
Obras:
- Psicoterapia de grupo
- Psychodram
- Foundements de la sociometrie
His tória e Epis temologia da Ps icologia
Sociometria
- A palavra deriva do latim: "socius”(social) e "metrum" (medida) - Consiste em estudar quaisquer tipos de Grupo
- Verifica o que os indivíduos preferem, gostam, desejam a nível laboral - Diz respeito aos vínculos estabelecidos entre forças sociais
- Verifica as relações sociais no ambiente de trabalho
- Tem por objecto o estudo matemático das propriedades psicológicas das populações
Sociometria
(Cont.)- A técnica sociométrica e o sociograma permitem verificar como estão as
relações sociais no ambiente de
trabalho, reconhecer os líderes aceitos e identificar as pessoas que, por algum motivo, estão marginalizadas,
reconhecer as redes sociais
MORENO
“Não existe qualquer terapia a receitar enquanto, de certa forma, a humanidade não for uma unidade e a sua organização permanecer desconhecida.”
(Jacob Levy Moreno) MORENO
Crítica conclusiva
- Verifica o que os indivíduos preferem, gostam, desejam a nível laboral - ponto muito importante que abona a favor deste método - A técnica sociométrica e o sociograma permitem verificar como estão as relações sociais no ambiente de trabalho, reconhecer os líderes aceitos e identificar as pessoas que, por algum motivo, estão marginalizadas, reconhecer as redes sociais – ponto essencial no estudo dos grupos, abona a favor deste método
MORENO
LEWIN, Kurt
Dados biográficos:
- Nat. 1890, Prússia; ob. 1947, Newtonville.
- Trabalhou durante 10 anos com Wertheiner, Koffka e Kohler na
Universidade de Berlim. Dessa colaboração com os pioneiros da Gestalt nasceu a sua teoria de campo, mas não podemos considerá-lo um
gestaltista, já que acabou por seguir outro rumo.
- Modificou profundamente o curso de psicologia, e pode ser apontado como um dos maiores psicólogos contemporâneos.
Obras:
- Teoria dinâmica da personalidade - Princípios de Psicologia Topológica - Dinâmica e génese dos grupos
- O estudo de pequenos grupos constituía uma opção estratégica que permitiria num futuro imprevisível esclarecer e tornar inteligível a
psicologia dos macro-fenómenos, ou seja, ele começava as suas pesquisas com pequenos grupos
- Mostra que os grupos têm propriedades particulares que não podem ser resumidas aos seus elementos constituintes da mesma forma que os
restantes teóricos da Gestalt demonstraram que na percepção as figuras têm formas que não se reduzem aos elementos de que são compostos
LEWIN
- O grupo é concebido como uma “totalidade dinâmica” e a
“interdependência é a essência social: a essência de um grupo não está
presente na similitude dos seus membros mas na sua interdependência”
- Esta totalidade dinâmica grupal possui propriedades especiais, distintas das propriedades dos subgrupos ou dos membros individuais que a
compõem
- Num comportamento de grupo, vários indivíduos têm que sentir as
mesmas emoções e têm que ser suficientemente intensas para integrá-los, deles fazer um grupo e que, finalmente, a grande coesão atingida por
estes indivíduos seja tal que eles se tornem capazes de adoptar o mesmo tipo de comportamento
4. A psicologia social cognitiva
FESTINGER, Léon
Dados biográficos:
- Nat. 1919, Nova Iorque; ob. 1989, Estados Unidos. - Psicólogo
- Tornou-se famoso pelo desenvolvimento da teoria da dissonância cognitiva.
- Foi orientado por Kurt Lewin
Obras:
- A teoria da dissonância cognitiva - Conflito, decisão e dissonância
- Teoria e experiência na comunicação social - Retrospectivas na psicologia social
Desenvolveu duas teorias em psicologia social:
FESTINGER
Processos de
comparação social
Paralelismo com as pessoas que lhe são semelhantes e não
com as que lhe são distintas
Dissonância cognitiva
Uma pessoa
mantém uma dada opinião
ou manifesta determinado
comportamento
Dissonância cognitiva
Dois postulados:
1º:
- Considera o estado de dissonância como uma forma de motivação comparável ao descrito pelos teóricos da aprendizagem
- Compara a dissonância com o estado de fome, sede, sono e por isso deveria existir uma dinâmica que permitiria o impulso de mecanismos próprios para assegurar uma redução da dissonância
- A dissonância provoca modificações psicológicas
2º:
- Para reduzir a dissonância o indivíduo aplica todos os processos de que dispõe, como por exemplo, mudar de atitude relativamente ao objecto, o qual se encontra em dúvida
Exemplos:
- Escolha de uma orientação nos estudos
- Compra de um automóvel
História e Epistemologia da Psicologia
A fórmula de taxa de dissonância:
Taxa de dissonância em relação = Soma das cognições dissonantes com a cognição geradora
Soma das cognições dissonantes + Soma das cognições consonantes
- Em relação ao exemplo da compra do automóvel:
Taxa de dissonância da = Soma dos inconvenientes da compra compra do Audi de um Audi
Soma das vantagens da compra de um Fiat + inconvenientes da compra do Audi +
vantagens da compra de um Fiat + inconvenientes da compra de um Fiat
Crítica conclusiva
Kurt Lewin
- Apesar da teoria da dinâmica de grupo ainda hoje seja alvo de
estudos, não se pode aplicar em todos os contextos na medida em que somos todos diferentes, por isso não sentimos as mesmas emoções com igual intensidade
Léon Festinger
- Para diminuir a dissonância deve-se pensar somente no lado positivo de uma escolha, deixando de lado os aspectos negativos, mas não se pode viver numa constante negação da realidade, tendo em conta que todas as escolhas implicam vantagens e desvantagens
História e Epistemologia da Psicologia
Conceito de atribuição causal
- Disciplina e saber que se situa dentro da psicologia social contemporânea
- Toda a adequação das pessoas ao meio ambiente, produz nelas uma categorização dos comportamentos em traços de personalidade
Heider
A imputação de causalidade
- Convencionou chamar-se atribuição causal - Foco da percepção ou apreciação
- Levanta o porquê
- Influenciou outros domínios - Definição:
“Os sujeitos procuram compreender o mundo inferindo causas a partir de efeitos observados, «atribuindo» uma causa a um comportamento
seja considerada uma característica, uma disposição ou um indivíduo, ou externas, se advirem do contexto social exterior à pessoa”
JeanFrançois Braunstein & Évelyne Pewzner
O domínio da atribuição causal
- Um marco histórico:
“uma das primeiras tentativas de abordagem dos processos mentais subjacentes ao comportamento do indivíduo no âmbito da psicologia social”
Jorge Vala & Maria Monteiro
Heider Kelley - Teoria simplista
HEIDER, Fritz
Dados biográficos:
- Nat. 1896, Viena; ob. 1988, Estados Unidos
- Princípio da consistência cognitiva e equilíbrio cognitivo. - Teoria geral do processo de atribuição de causas para o comportamento
Obras:
- A Psicologia das Relações Interpessoais - A teoria do equilíbrio
Processo de atribuição
1º Aspecto
- O ajustamento interno dos indivíduos 2º Aspecto
- Os ajustamentos que estes fazem ao meio social permitindo-lhes interagir de uma forma adaptativa
“O homem (…) sabe evitar determinados pedidos e levar os outros a concordarem com ele (…), o cidadão comum tem um conhecimento
profundo de si próprio e dos outros (…), o que lhe permite interagir com os outros de forma adaptativa”
Heider, 1958
HEIDER
A percepção
- Avaliação que atribui a causa do efeito - Feita por um percipiente
- Foca objectos sociais
- Observação do estímulo distal
- Três aspectos no processo: o sujeito-actor o outro
o destino (designado à posteriori por sorte)
A percepção
(cont.)- Esta distinção leva-nos à compreensão da dinâmica da ligação do actor/sujeito com o imprevisto da acção:
“A apreciação é feita com base numa análise factorial implícita, que conjuga aspectos do autor, do contexto e do imprevisto associado à acção. Esta classificação está no cerne da distinção causas
internas/estáveis e externas/circunstanciais. (…) o percipiente (o
observador) (…) procura as razões que motivaram o comportamento ou um determinado efeito social, questionando-se sobre as capacidades pessoais e intenções do actor o contexto específico em que a acção se desenrolou, a desejabilidade social e os desejos pessoais do actor”
Jorge Vala & Maria Monteiro
HEIDER
Causas internas Vs externas
Causas internas Causas externas - Reflexo pessoal da motivação - Reflexo externo - Reflexo pessoal do esforço circunstancial
- Reflexo especial de capacidade (insuficiente)
JONES, Edward e DAVIS, Keith
Obra conjunta:
“The Attribution Process in Person Perception” (1965)
Destaques:
- A inferência da percepção de várias pessoas
- A desejabilidade social e os efeitos não comuns à escolha comportamental
- A co-variação de causas para um comportamento - A nível do comportamento
“A correspondência percebida entre comportamento e intenção aumenta com a relevância hedónica e/ou personalismo do comportamento
[factores pessoais e situacionais]”
Jorge Vala & Maria Monteiro
Teorias das inferências correspondentes
O percipiente leigo pode avaliar/inferir (em situações em que o actor tem):
- A liberdade de escolha
- Capacidades necessárias para produzir o efeito - As pressões externas não justificam o efeito
JONES & DAVIS
KELLEY
Dados biográficos:
- Nat. 1921, Estados Unidos; ob. 2003, Estados Unidos - Residia na Califórnia
- Escreveu para o processo do Manual de Psicologia Social - A atribuição era uma consequência lógica
duma abordagem racionalizante das condutas humanas
- Objectivou em 1991 três tipos de informação: a consistência, a distintividade ou clareza e o consenso (chamada cubo de “Anova”)
Exemplo:
“Suponhamos que o senhor albano, um desportista, tem um resultado X numa determinada prova A. Para que nós, percipientes, possamos
interpretar correctamente este desempenho é necessário saber como é que ele se tem comportado nesta prova ao longo dos tempos
(consistência), como ele se comporta noutras provas (distintividade) e como outros desportistas se comportam nesta prova A (consenso)”
Jorge Vala & Maria Monteiro
KELLEY
Esquemas causais
- Sugerido esquemas causais (CNM) e suficientes (CSM). Quando um efeito ocorre, deve-se a um esquema de causalidade múltipla e
necessária.
CNM – Causas Necessárias Múltiplas CSM - Causas Suficientes Múltiplas
- A atribuição é a consciencialização do individuo e do outro - A percepção pode ficar longe da realidade
- não ser-se indiferente ao actor
- falta do parecer de outros percipientes
- A atribuição poderá sobrestimar as características internas - Base selectiva
- Generalização casuística - cada caso é um caso - Efeito de contraste
- Estereótipos
- Projecção – pessoal
Crítica conclusiva
5. Conclusão Final
- É possível através de Le Bon uma aproximação real ao significado do termo multidão pois tratou, em grande medida, de descrever o comportamento, a mentalidade e os sentimentos das camadas populares em situação de
agregação, seja por motivação política, seja por crença religiosa.
- A ideia mais importante a ser retida diz respeito à diluição das diferenças individuais que se produz entre os membros do que Gustave Le Bon chama “multidões psicológicas”. Referindo-se ao carácter inconsciente das
motivações das massas, que “pensam por imagens” e agem guiadas pelo poder hipnótico de certos líderes.
- Le Bon deu um grande contributo para a psicologia de modo a que esta ciência permitisse ter uma visão mais alargada dos comportamentos, não apenas do indivíduo mas da colectividade, neste caso em multidão.
- Para William Mc Dougall o comportamento é explicado através dos instintos (ou tendências inatas) e é, geralmente, orientado a um objectivo.
- Segundo Floyd Allport a qualidade dos resultados ao executar uma tarefa é menor quando esta é realizada individualmente do que quando em grupo. - O trabalho em grupo é mais eficiente na resolução de tarefas, devido a um maior número de ideias apresentadas, críticas a hipóteses erróneas e
debates esclarecedores.
- A existência de rivalidade aumenta a qualidade da execução de uma tarefa.
História e Epistemologia da Psicologia
5. Conclusão Final
(cont.)
- Segundo Mayo o nível de produção não é determinado pela capacidade física ou
fisiológica do empregado
- Motivação económica é crassa para a produtividade
- Quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, maior será a sua capacidade e disposição de produzir
- Os indivíduos não agem isoladamente mas em grupo - O comportamento do indivíduo depende do grupo
- Método mais adequado, por diversos motivos, nomeadamente: - atende às necessidades individuais
- baseia-se na vertente social e relacional dos indivíduos - aplica-se ao estudo de quaisquer grupos
5. Conclusão Final
(cont.)
- Ao longo das experiências de Kurt Lewin, todos ou a maioria dos indivíduos tinham que sentir as mesmas emoções com a mesma
intensidade, para que a teoria da dinâmica de grupos tivesse coerência
- Leon Festinger tentou explicar o porquê da mudança de opiniões e como podemos alterar o nosso comportamento, consoante essa mudança
- Heider defende que o homem atribui o que ocorre no seu ambiente, no seu espaço vital, a determinados factores. Esta explicação causal das acções vai influenciar a sua conduta e contribuir para dar significado à mesma, permitindo ao sujeito a possibilidade de predição e de controlo – ou tentativa de tal.
- Uma vez encontradas as relações causais e as implicações, estaremos aptos a controlar melhor e mais facilmente o nosso meio, a predizer o comportamento do nosso interlocutor e a iniciarmos nós próprios qualquer acção - adaptativa.