Contra
a
burocracia,
informação
C
om a
aproximação
doprimeiro
turnodaseleições,
a mídia élargamente
ocupada
com os candidatos que fazem mil e uma
promessas sobre diversos temas.A Saúde temsidoumdosmaisrecorrentes.Tantoqueuma
pesquisa
realizadapelo
IBOPE no final dejulho
mostrouque é aprincipal preocupação
da população
catarinense paraessaseleições,
comaproxi
madamente40%das
citações.
Emsegundo
lugar,
vem a
Educação
com 12%eaSegurança
Pública com 7%. Foi diante deste recorte que decidimosproduzir
umaedição
voltadaàseleições,
levandoemcontaarelevância dotema.
Ao
longo
dessas três semanas, osrepórteres
foram em
hospitais,
postos desaúde,
instituições
NOTA
DA
REDAÇAo
o
legado
das últimasquatroedições
doZero nãosófoiumestímulo,
comoserviudedesafioànovaturma que assumiu aprodução
dojornal
laboratório. De cara, os alunos viveram um dilemainterno
já
napri
meira semana de aulas: encontrar
a fórmulaque
garantisse
qualidade
editorial,
profundidade jornalística
ecumprimento
aodeadline comumaequipe
menor,já
queasduasturmas nãoultrapassam
20alunos.A
preocupação
trouxe à tonauma
questão
que,vez OHoutra,surgia.
Afinal,
seriapossível
abrir àcolaboração,
dapauta ao fechamentoda
edição, permitindo
que alunos de outras fasespudessem integrar,
informalmente,
aequipe
do Zero?Decidimosque
sim,
reconhecendooslimitese oquede
positivo
ganharía
mosde recebermosnovosrepórteres,
editores,
revisores efotógrafos.
E oque
eles,
externos ao Zero, aprenderiam. O exercício funcionou efoi
precioso
paracompletar
aequipe
que,
aliás,
superou aburocracia da saúdee adispersão
de dados.Vencidaa
primeira
etapa, quere mosconheceroqueopúblico
temadizer sobrecomo os
repórteres
narraramocenárioda saúde
pública,
àsvésperas
de umaeleição.
O voto decredibilidade,
se merecemos ounão,é vocêquem vai
decidir,
caroleitor. MarceloBarcelos, professordadisciplinapsiquiátricas
e secretarias de saúdeemFlorianópolis
eregião.
Eoqueeraprevisível,
aconteceu:esbarramosna
burocracia, típica
doserviço
público.
Mesmoem uma erado livreacesso à
informação,
alguns órgãos
semostraram receosose,inclusive,
relutantes,
emdivulgar dados,
como, porexemplo,
onúmero de pessoas queaguardam
porconsultas emSanta Catarina.A
equipe
também teve dificuldades para realizar entrevistas e
fotografar
dentro dealgumas
unidades
públicas
desaúde,
comoasemergências
dos
hospitais. Claro,
nãofoiaprimeira
vezqueosrepórteres
passaram poressadificuldade. Eobvia mentenão seráaúltima.Além dos
problemas
estruturais,
afalta demé-dicose
equipamentos
e ademora parasemarcar umaconsulta,
mostramostambém inciativas im portantes.Projetos
dehumanização
emhospitais,
nasaúde mentale notratamento dedependentes
químicos
estãoentreostemasabordados.Nodecorrer da
produção,
foi decidido tambémpela realização
dasentrevistascom os candidatosa
governador.
Achamosqueessaconfrontação
envolvendosuaspropostasde governo seriaútil para o
eleitor, ajudando-o
aescolherseucandidatocommaiorclareza.
Eoresultado éessequevocêconfere agoranas
próximas
18páginas.
Boaleitura!GraduadoemLetras,
mestreem
Comunicação
edoutoremLinguística
(todas
asformações
pela
Universidade Federal doRiode
janeiro),
NilsonLage
éjornalista,
teórico,
ex-professor
daUFSCe
UFRJ
eautorde diversoslivros,
comoIdeologia
eTécnica daNotícia, Linguagem
Jornalística
eTeoria eTécnicadoTextoJornalístico.
OMBUDSMAN
NILSON LAGEDepois
de
Zero-choque,
Zero-fumo,
Zero-Copa,
tivemos
o
Zero
existencial
Dos cuidados com a beleza à certeza damorte,o
jornal explorou
atemáticadoindivíduo,
que não saidacabeça
dos pauteirosdas editorias de
geral
esuplementos.
Asociedadeemsi mesma
-estaseconfi naquase sempreàs
páginas
deeconomia,
onde a descrevempela
ótica dosbancos,
emPIBedividendos.
Resta a solidão do eu-consumidor e suas
angústias.
Gente tãoinsegura
quequerserbela paraosoutrosou tão narci sistaquese embelezapara si mesma; tão
ansiosaporsexoquedesdenhao amorou,
pelo contrário,
tão fixada no ser amado quenãosepermite
desejar qualquer
outro;tão
alegre
quantose mostra nasredessociais ou tão
deprimida
comoadescobremos
íntimos;
tãodesconfiada,
semterlidoSartre ,que,comoDeus morreu,"nadavai acontecer
depois
damorte".É
certo quemuitosseenquadram
nes sesrótulos,
atéporquesãoatitudes-padrão
queseoferecem. Desdeque oPapa
Gregó
rio I
implantou,
noséculoVI a.C.,aescala musical de oito notas,desprezando
intervalos
microtonais,
ficou claroqueocódigo
delimitaouniversomental dos
homens,
oque fez Barthes escrever que "a
língua
é fascista"eMcCombseShaw proporateoria daagenda
setting.
O
script
da modernidadecorresponde
sempreaos
produtos
davitrine,
dos cosméticosà
cirurgia
plástica,
daroupasensual àcuecapararapazes depinto
pequeno; doseguro de vidaà
cremação
emCamboriú.Noentanto,nomundo
real, aquele
quenão costuma estar nos
jornais,
a maioriadas pessoas- olhem em
torno
-não
faz
tipo,
usatrajes convencionais,
gasta amaiorpartedeseutempocuidando daso
brevivênciaenão pensana
própria
morte porque elaé,
naverdade, perigosa
tentação.
Sea média estatística dos homensnão
corresponde
àmediana dos diáriosedaTV
-o cara
parrudo,
amulhergostosa,odesviante
(o
magro,ogordo,
ocareca,obicha)
engraçado
etc.-não seria mais razoável falar da sociedade buscando-a nomundo
real,
enãonosmodelosdisponíveis?
Em suma,ficaaideia: olharomundo com a pureza dos que não sabem para
aprender
comele.Como sempre, o
politicamente
corre to cobraimposto
em duaspáginas:
adas mulheres discriminadas e a dos negrosperseguidos.
Faltaramanaturezaameaçada;
oaquecimento
global;
osagrotóxicos,
transgênicos
eorgânicos.
Ficam para ospróximos
números.À
novaturma,desejo
omáximo decriatividade.
OPINIÃO
ONDEO LEITOR TEM VOZ
Pela
primeira
vez eu li umaedição
dojornal
Universitário docurso de
jornalismo.
Ao acabar de lerestaedição
dejulho
me senti
impelido
a entrarem contato eparabeniza-los
pelo
trabalho. Realmente émuito
informativo
esintético.
Informação
dequalidade
ecrítica.Eu nãoleio
jornal
normalmenteporquenãogostodo volume de
propagandas
ede matériassemimportância.
Ojornal
tem muitaspáginas,
mas nofim
poucacoisaseaproveita.
Gostei muitodasprimei
ras
reportagens,
tratando dasociedade
pós-moderna,
edas matériassobre redessociaisparacelularese
sobreostressdo trabalho.
RodrikJosé deSouza,estudante de deCiências EconômicasnaUFSC
-zeroufsc@gmail.
com Telefone-(48)
3721-4833 Facebook-jjornalzero
Twitter -@zeroufsc Cartas-Departamento
de Jornalismo -Centro deComunicação
eExpressão, UFSC,
Trindade,
Florianópolis
(SC)
-CEP: 88040-900O leitor doZero
já pode
acessar o conteúdo dojornal
com interatividade,
materiais extrasevídeos!É
oZero+,
aplicativo
desenvolvidocomoatividade deextensãodo
projeto 'Jor
nalismoparaTablet's",
daprofessora
docursodeJornalismo
daUFSC,
RitaPaulino,
com aparticipação
de bolsis taealunos voluntários.Para navegarpelo
Zero+ basta enviarum e-mailpara
rcpauli@gmail.com
solicitandoo
aplicativo.
JORNAL
LABORATÓRIO
ZEROAnoXXXIII- N°5
-Setembrode2014 REPORTAGEMAlineTakaschima,Ana Domingues,Aramis Merki II,AylaNardelli, DanielGarcía,DayaneRos, GuilhermeLongo,GuilhermePorcher,luriBarcellos,JoãoVítorRoberge,KauaneMoreira,l.uízeRibas,PrisciladosAnjos,RenataBassani,RicardoFlorêncio,TamiresKleinkauf, Thales Camargo FOTOGRAFIAAna Domingues,Ayla Nardelli,Daniel García, Dayane Ros, Guilherme Longo, Guilherme Porcher, João Vítor Roberge, Luize Ribas, Priscila dos Anjos,Ricardo Florêncio,TamiresKleinkauf
EDiÇÃO
AlineTakaschima,Ana Domingues,AramisMerkiII,CaioSpechoto, GabrielShiozawa,Guilherme Longo,GuilhermePorcher, João VitorRoberge, Luize Ribas, Priscila dosAnjos, Renata Bassani, Ricardo Florêncio,Suelen Rocha,Tamires Kleinkauf,Thales CamargoDIAGRAMAÇÃO
Ana Domingues, Ayla Nardelli, Carlos Estrella, Caio Spechoto, Gabriel Shiozawa, João Vítor Roberge, Luize Ribas, Priscila dos Anjos, Tamires KleinkaufCOLABORAÇÃO
Amanda Ribeiro, Gabriel Lourenço,JéssicaAntunes,Luisa Scherer,LuizFernandoMenezes, Natália Huf!NFOGRAFIATarikAssisPROFESSOR-RESPONSÁVEL
Marcelo Barcelos MTb/SP25041MONITORIACaio Spechoto, Gabriel Shiozawa
IMPRESSÃO
Gráfica GrafinorteTIRAGEM5 mil exemplaresDISTRIBUiÇÃO
Nacional FECHAMENTO 10 de setembro�
Melhor Jornal Laboratório- I
Prêmio Foca Sindicato dos JornalistasdeSC 2000
ZEilo
�
30melhor Jornal-Laboratóriodo Brasil EXPOCOM 1994
������
Melhor PeçaGráfica Set Uníversttarto/ PUC-RS 1988, 1989,1990; 1991, 1992 e 1998
ZERO,
setembro de2014Falta
de leitos
Superlotação
nas
emergências
de
se
Sistema
de
atendimento ainda
é insuficiente para
a
demanda de
pacientes
nos
hospitais
Depois
que a porta auto mática de vidro abre pas
sagem para a
emergência
do
Hospital
Universitário(HU),
pacientes
eacompanhantes
adentram num ambiente onde mal
há espaço para caminhar
-e n-em se ousa movimentar o corpo com
receiode esbarrarem
algum
doenteacomodado nas 20 macas entulha
dasao
longo
do corredor. Obarulho dos passosapressados
semisturacom conversasindistintasentremãesefilhos,
sograse noras.Saídos das bocasdos
pacientes,
gemidos
sãoabafadospelo
constante sibilo dos cilindros deoxigênio
quelentamente liberamar.Nãohácomo
nãoficar atordo ado com o caos sonoro. O único
barulho calmo
é
aquele
ritmado emitidopelo
eletrocardiograma.
João
Alfredo Keenan continua
vivo,
eisso é alívio para suaesposaTalita.O
aposentado chegou
aohospital
às duas horas damadrugada
desegunda-feira,
1° desetembro, após
sofrerseusegundo
derramecerebral.Na sala de
reanimação, João
Alfre doaguarda
por uma vaga na UTIe Talita torce para que não
chegue
nenhumpaciente
em estado maisgrave
-separados
por umbiombo,
seumaridoe umhomemcomcirrosehepática
ocupam asduas únicasvagas.A
superlotação
nosetorseagrava comasala demedicação cheia,
ondequatro
pessoasaguardam
ao menospor uma vaga no corredor. Outros
pacientes,
do lado de fora daportadevidro,
são medicadosnascadeiras da sala de espera.É
um ciclo quepoderia
ser interrompido
se uma ala inteira dohospital
estivesse funcionando. São37 leitos da clínica médica que
per-manecem vazios,
seja
por reformasI
oupor falta deprofissionais.
Alguns
pacientes estáveis,
acomodados eml
�leitosemacasdo corredor
poderiam
�estarnesse outroespaço,
desafogan-
� do aemergência. "Aqui
tentamosmanusearo caos.Opontocrítico do
hospital
éaemergência
porcausadadesativação
dos leitos. Trabalhamosem
condições
muitoaquém
do ideal",
desabafaochefe daemergência,
EvandroMartins.
Outro
problema
parao chefe daemergência
é o costume deapopulação
achar quehospitais precisam
resolvertodosos
problemas.
"Muitospoderiam
estar sendo atendidos empostos de saúde ou Unidades de Pronto Atendi mento". Mesma
opinião
do as sesso rj
urídico da Secretariade Estado daSaúde,
o médico Valdir Ferreira. Paraele,
este é umproblema
que não selimita apenas ao HU: se a rede de
atenção
primária
noBrasiloferecesse um atendimento
eficaz,
85% dosproblemas
desaúdepoderiam
ser sanados,
evitando quecasos demenorgravidade
paremnasemergências
degrandes
hospitais.
Diferente do HU, onde não há
uma área
especializada,
oHospital
Governador Celso Ramos
(HGCR)
é referênciaemortopedia
eneurologia.
Cerca de9 mil pessoasrecebemcui
dados na
emergência
mensalmente
-53% sãotraumas ósseos.Odiretor
geral
dohospital,
LibórioSoncini,
aponta que sermodelo nessas áreas tambémaumentaasuperlotação
naemergência.
Nocampo do tratamen toortopédico,
porexemplo,
além do HGCR, apenas oHospital Regional
de São
José
écapacitado
para recebercasosmais
complexos.
"EstamosAtendimentonoHU é comprometido pelofechamento de37 leitos;Talita espera conseguiruma vagana UTI, para
seu marido, JoséAlfredo
sobrecarregados
pois
nãoháhospital
público
nemfilantrópico
queatendaortopedia.
APrefeitura também deveriaofereceroatendimento
ortopédi
conasUPAs" reclamaodiretor.
Em meioaos
gráficos
sobreobalanço
decirurgias
eatendimentosrealizados,
LibórioSoncinificaimersonarotinado
hospital.
Oscorredores ficam sob seu monitoramento atra vésde 21 câmerasposicionadas
para captarovaie vemdedoentes,
visitan tesefuncionários. Onzedelas foram instaladasdepois
queoHGCRpassoua
integrar
o programa S.O.S. Emergências
(leia abaixo).
Asimagens
registraram
achegada
de MalvinaPessoada
Silva,
nosábado,
dia16de agosto.Oitodias antes,aaposentada
de77anossofreu uma
queda
e seusfilhos alevaram para a
emergência
do HU.
Após
uma série de exames, foi liberadacom aprescrição
deremédios para aliviarasdores
-quesó
aumentavam com opassar dos dias.
A
situação
se agravouquando
suaperna foi tomadaporuma
infecção
e Malvina teve que ir ao HGCR. Omédico
diagnosticou
umafraturanofêmure aencaminhou para
cirurgia.
Após
aoperação,
Malvina foi para um leitona clínica médica. OHospital
Celso Ramos ativou, entre 2013 e2014,
160 leitos quejá
tinha mas não
utilizava,
totalizando 240. Essa medidapermitiu
liberarvagas na
emergência
à medida emque
chegam
novospacientes.
Umamédica
plantonista
que nãoquis
seidentificar revelou aoZeroquemes mo com investimentos no setor, os
funcionários "se veem
obrigados
aimprovisar".
Nasala dereanimação
háquatrosaídas deoxigênio
que permitem o funcionamento de quatro
respiradores.
Porém namadrugada
de
terça-feira,
19de agosto,quando
a
reportagem
visitou ohospital,
seispacientes
eram atendidos. As duas vagas a mais foramarranjadas:
osdoentes
respiravam
com aajuda
dedois cilindros de
oxigênio.
Rede
de
Urgências
abrange
todas
as
unidades
no
estado
Investimento
em
atenção
primária
poderia
evitar
caos nas
emergências
C
om todos os
hospitais
integrados
à Rede deUrgências
e
Emergências (RUE),
Santa Catarinase tornouoquinto
estado do
país
acriarumsistemaquepermite
otrabalhoemconjunto
dos setores deemergência
de. unidades de todasasregiões.
Assim,osquerecebem
todososcasosdeemergência
podem
contar com osserviços
das unidades referências em determi nadaespecialidade.
Para
isso a Se cretaria de Estado da Saúde destinaaos
hospitais
degrande
porte,através da RUE, verbas para investimentosna
contratação
deprofissionais
ecompra de
equipamentos.
Ovalor do repassevariade acordocom oporte:hospitais
como oHGCR,quesedestacam emduasoumais
áreas, ganham
aportes
de.R$
300 mil mensais. Os.
não-referenciados,
como oHUi
recebem
R$
100milmensais. Emagosto, SCrecebeuR$
117.599.364,65.
Paralelo à
aquisição
de recursostecnológicos
eprofissionais,
a. Redetrabalha para
implantar
o sistemade
Classificação
deRisco,
noqual
aspessoas passama seratendidascon
formesua
gravidade,
não maispela
ordem de
chegada.
Atriagem,
aindasem data paraser
implantada,
será feitaporseparação
decores:vermelho
(casos
mais
graves e quepreci
sam de atendimentoimediato),
laranja, amarelo,
verdeeazul(menor
gravidade
e semprevisão
de atendimento).
Pacientes comclassificação
.
azul e verde
seriam
incentivados abuscar atendimentonarede deaten
ção
primária,
como postosde saúdee unidades de
pronto-atendimento,
deixando paraoshospitais
apenasos casosmais graves.Com essas
medidas,
oshospitais
daRUE buscam
agilizar
emelhorar osserviços,
oquepossibilitaria
aadesão ao S.O.S.
Emergências,
programacriado
pelo
Ministério da Saúde paradesafogar
asemergências
doshospitais
dopaís.
Ainda em fase deimplantação,
2? hospítaísforam
ere-denciadosemdiferentes estados para
servirem de modelo às demais uni
dades de suas
respectivas regiões.
Orepresentante
catarinenseé oHGCRque, além dos recursos da
RUE/SC,
recebemaisR$
300 milmensaisparaserreferência estadual.
AylaNardelli aylaanp@gmail.cóm GuilhermePorcher g.porcher2@gmail.com
Mais
de
8,5
mil
na
fila
por
consulta
Fsoera
em
F
oríanépolls
Oftalmologia
é
especialidade
mais
procurada;
dados estaduais não estão
diponíveis
Quem
entra na Unidade
de Pronto Atendimento
(UPA)
do Norte da Ilhaencontra um cenário
: a cada passo
percorrido,
pode-se
observar uma ou maissalas nas
quais
poucas pessoasaguardam
atendimentocommédicosespecializados.
Parachegar
até esseambiente aparentemente
calmo,
os
pacientes
passam poralgumas
etapas. Uma das mais demoradas é
a
marcação
de consultas. Somenteno
município
de]oinville
109 milpessoas
aguardam
poralgum tipo
deespecialista
-aSecretaria
Municipal
divulga
desde abril desteano alistapara queos
pacientes
possamacessar.]oinville,
assim comoFlorianópolis
, é uma das 20cidades no estado que
possui
osistema de
gestão
plena
na saúde.Nesse
procedimento,
omunicípio
éresponsável
porgerir
e executar osserviços
desaúde,
desdeamarcação
de consultas até as
internações
hospitalares.
Aespecialidade
com maior fila de espera estaduale nosmunicípios
comgestão
plena
é aoftalmologia.
Apesar
das insistentes tentativasdoZero,
não teveacesso aosdadosdafila de esperanoestado. Asuperintendente
deserviços
especializados
eregulação
daSES,
Marlene Bonow
Oliveira,
relatou que aoftalmologia
é oprincipal
gargalo
emrelação
àmarcação
de consultas comespecialistas.
Ela admite que o"procedimento
mais comumé levaremcontaoscasosdemaior
complexidade
comocataratae'ignorar'
outrosnosquais
oproblema
é a dificuldade de
leitura,
porexemplo".
SomenteemFlorianópolis,
8.480 pessoas
aguardam
pelo
atendimentocomumespecialista
daárea ocular. Maria Silva
Garcia,
71anos, espera
pelo
atendimento com umoftalmologista
há oito meses. A moradora do RioVermelho,
que trabalhava comocostureira,
nãoexerce mais a
profissão
devido aoproblema
de catarata."Nãoconsigo
enfiar a linha naagulha,
issojá
é difícilnormalmente, Imagina
comcatarata." Alémde esperar por esta
consulta,
ela também foialgumas
vezespara O Posto de Saúde de seu
bairro às 4h da
madrugada,
paraconseguir
ser atendidapelo
clínicogeral.
Situação
oposta
viveuJoão
DllceuVidor,
morador do Bairro Abraão:após
quatro
mesesdeesperapela
rede estadual desaúde,
pediu
para quesuaconsultafosse
agendada
através da rede
municipal.
Emcincodias,
oaposentado
-que também tinha catarata - foi chamado
para
Pacienteschegamàs5h damadrugadaparaagendarconsultacom clínicogeralnoPosto dosIngleses umaconsultacom o
oftalmologista.
No Posto dos
Ingleses,
unidade de saúde que atende cerca de 25mil habitantes e no mês de
julho
realizou 2.307 consultas
médicas,
Ari
João
Kuhn,
70 anos, espera, naterça-feira
2 desetembro,
desde às 5h paraconseguir
uma consulta com oclínicogeral.
Olocal abreosportões
às7h,
quando
o segurançachega,
e asconsultas começama sermarcadasuma hora
depois, quando
o
posto
abre.Arinãoesperasomentepela
consulta com seu médico daAtenção
Básica: desdejaneiro
de 2013aguarda
porumaconsultacomdermatologista pela
redemunicipal.
Ele contaqueseu casoé grave,pois
há
alguns
anos fez umacirurgia
noHU para tratarcâncer depele.
O coordenador daunidade, Henrique
Daros,
relata que ainformação
passada pela
SecretariaMunicipal
de Saúdeé que30%das pessoas que são encaminhadas paraespecialistas
nãovão à
consulta,
oquefaz as filasdeesperacontinuaremcrescendo. As outras duas
especialidades
quecompletam
a lista com maior número de pessoasaguardando
por consulta nacapital
catarinense sãofisioterapia,
com 5.873pacientes,
e
ortopedia
geral,
com 4.185.Problemas externos como acidentes detrânsitotambém contribuem para
oaumentodasfilascom
ortopedistas:
"não adianta contratarmos mais médicos
especialistas,
a tendênciaéqueos
problemas
nãosejam
sanados dessaforma,
uma vezqueas causas externas interferem cada vez maisno aumento das
filas",
destaca asuperintendente
Bonow.Segundo
ela,
o que maiscontribui paraessecenário agravante da saúde no
estado éa falhana
prevenção
e nacapacitação
dosprofissionais
daatenção
básica. "Maiores cuidadoscom
hipertensos
eobesos,
---por
exemplo,
diminuiriama
quantidade
de acidentes vasculares celebrais(AVC)."
Para as cidades que
dependem
do Estado paraagendar
uma consulta comespecialista
ou exame, opaciente
é colocado no Sistema deRegulação
(SISREG)
da Secretaria Estadual deSaúde,
que contacom129especialidades.
Nesse sistemao médicoregulador
analisa oprontuário
encaminhadopela
Unidadede Saúde de
Atenção
Básica e, de acordo com critériosclínicos,
informa
quando
seráaconsultacom oespecialista.
Ouseja,
quemmareou�
antes não será necessariamente1
atendido maisrápido
- apreferência
ii! 2é paraos casosmais graves.No
prédio
�
central daSES trabalham 12médicos
na
regulação
deconsultas,
além deoito funcionários que administram
o sistema. Nos
municípios,
nemtodasas
especialidades
quepossuemregulação
ealgumas
consultas sãomarcadasporordem
cronológica.
Fisioterapia
e
ortopedia
completam
a
lista
•
com
maispessoas
aguardando
por
consulta
nacidade
LulzeRibas lulzerlbas@gmail.com TamlresKlelnkauf
tamlrescrískêgrnatt.com Marla teve queparardetrabalhar
oSistema Catarinense de TelemedicinaeTelesaúde
(SIT)
emiteàdistância laudos dedermatologistas
ecardiologistas
parapacientes
de290
municípios.
Desdesua
implantação,
em2005,
foramrealizadoscercade três milhões deexames e
diag-.
nósticos,
zerandoonúmerode pessoas que
aguardam
porumaconsultacom
dermatologista
noEstado.Oprocedimento
funciona daseguinte
forma:nascidadesque
possuemconvênioscom Osistema sãorealizadosexames
I eatravésdos médicos do
SITé dadoum
diagnóstico
aprofundado.
Assim,
oclínicogeral
consegueefetuaro tratamento corretojunto
aopaciente.
Atravésdo
S11',
oatendimento éacelerado:
pessoas quenãoprecisam
ser encaminha-das para fila de esperasão atendidasnospostos
desáude,
enquanto pacientes
que necessitavamdoatendímen tocomespecialista
serão tratadoS de formarápida.
Em2013,15
médicos doInstituto deCardiologia
realizaram 22millaudos, enquanto
doisdermatologistas
da rede estadual fazememmédia 400 laudospormês.Harley
Wagner,
coordenador do Laboratório deTelemedlclna,
afirma que"para
melhorar osistemaépreciso
pensarnasaúde desdea
atenção
básicaatéoprocessofinal".
Paraa
dermatología,
foi desenvolvidoumprontuá-rio
padrão
detalhadocomclassificação
de risco. Em2015,
acardiologia
teráumsistemasemelhante
ímplan
lado,
e nospróximos
anos serãoinseridosnoEstadoos examesdeeletroencefalogra
ma(analisa
atividade elétricacerebral), espírometría
(mede
capacidade
pulmonar)
eretinografia(documenta
asalterações
naretinae nervoóptico).
ZERO,
setembro de 2014Lixo
Hospitalar
nu
adere
à
nova
política
de
resíduos
Em
processo
gradativamente
lento,
hospital
seadequa
às
normasimpostas
pela
Anvisa
sobre
manejamento
do
lixo
ão7 horas da manhãquando
a
primeira
coleta de resíduoscomeçano
Hospital
Universi-L/
tário daUFSC.Quatro
funcio nários recolhemos sacosde lixocom2/3
dacapacidade
elevam,
através decarrinhos,
até asala de expurgo.Primeiro, são recolhidos os lixos considerados comuns - os
rejeitos,
orgânicos
erecicláveis,
edepois
sãocoletadososresíduos
perigosos
- biológicos, químicos
eperfurocortantes
(lâminas
eagulhas).
O últimogrupo passa por um tratamento de 50
minutos na
autoclave,
equipamen
toque faza
esterilização
através decalore
pressão.
"Após
esseprocesso,todososresíduossão
repassados
para contentoresplásticos
de240 litros eseparados
em contentores azul-ma rinhoparaos comuns e embrancospara os
infectantes,
tóxicos ou perfurocortantes", explica
aenfermeiradaComissãode Controle de
Infecção
Hospitalar (CCIH),
Eunice Hirt."Recebi o documento sobre o
manejo
do lixo evocê sabe queisso não aconteceaqui",
comenta umadas chefes de
enfermagem
duran te avisita da reportagem do Zero."Começamos
o novoplano,
temos que colocaremprática
aospoucos",
responde
Eunice. Mesmosemreceberverbasparaa
confecção
deetiquetas
deidentificação
dosrecipientes,
maisuma
exigência
daRDC N"306/2004
feita
pela Agência
Nacional deVigi
lância Sanitária(Anvisa),
a enfermeira
imprimiu
ossímboloseexpli
cou,"Estamos a 6 meses
esperando
o dinheiro e tentamos amenizar o erro naseparação,
comodiminuironúmerode lixeiras porsetor,
pois
achance deerrarémaior".
Oscontentoresdividemaáreaco mumdo
hospital
eficamespalhados
pelos
corredores, pois
nãohá espaçosuficienteenem
trajeto
adequado
até aárea detransbordo,
onde acontecea
limpeza
dosrecipientes
eas sacolas são
pesadas. Segundo
relatórios do HU, aunidade gasta, emmédia,
R$
98 portoneladapara odepósito
do lixocomum e
R$
1800 paraolixoinfectante.Amédia coletadapormês
sóde resíduosinfectanteséde3,5to neladas.De2012 para2013,aquan
tidade desse grupoaumentouem8%,
gerando
maisgastosparaohospital.
Depois
depesado,
tudoétransportadoatéo
abrigo
de resíduos.O local éaberto e nãohá espa ço paraosfuncionários transitarem
"Aqui
geramos resíduos de quatro grupos que devemser divididoscorretamente. Temos um
projeto
naplanta
deumespaçoadequado
àlei,
�
porém
temosqueesperaraliberação
�da verba
pública",
contaEunice.�
Parao
Hospital
Universitáriocon-'"
tinuar
funcionando,
Eunice e maisdois bolsistas do CCIH tiveram que
elaborarumPlano de Gerenciamen-to de Resíduos de
Serviços
de Saúde(PGRSS).
"Asinstituições
devem apresentaros contratosparaas empresas
responsáveis",
dizaengenhei
rasanitaristadaVigilância
SanitáriaEstadual,
DeniseLopes.
Paracolocarem
prática
oplanejamento,
o HU contacom umgrupo deespecialistas
que fazreuniões
periódicas.
Assimcomo noHospital
Universitário,
o lixocomum de todosos estabelecimentos
públicos
é recolhidopela
Companhia
de Melhoramentos daCapital
(Comcap).
Já
os resíduosinfectantes de todos estabelecimentos
públicos
degrande
porte edas unidades
privadas,
possui serviço
terceirizado. Quatro veículossão respon
sáveis
pelo
transportedos materiais, sendo que os resíduosquímicos
vãopara um aterro industrial em Blu menau e orestantevaiparaoaterro sanitáriode
Biguaçu.
"No
Brasil,
a técnica mais utili zada para o descarte do lixosão osaterrossanitáriose noEstadonãoé
diferente",
afirma(Iprofessor
deengenharia
sanitária,
SebastiãoSoares. O lixo coletado emFlorianópolis
emais 21
municípios
élevado paraoaterrosanitário de800milm2• Osre
síduos de
serviço
de saúdevão paraas valas
sépticas,
local vedado paraminimizar os riscos de contamina
ção
do meio ambientee dapopula
ção.
"Recebemos 800 toneladas de resíduos por dia eFlorianópolis
é omunicípio
quemaisproduz lixo,
com13 mil toneladas por
mês",
informaaengenheira
sanitarista daProactiva, Fernanda Vanhon.O
responsável pelo
Laboratório dePesquisa
em Resíduos Sólidose tra balhos acadêmicos da UFSC(LARE
SO),
ArmandoCastilhos,
contaquesó
metade dosmunicípios
realizamcorretamenteomanuseiodos resíduose
Eunice
complementa:
"Aspessoasjo
gamnalixeira erradaseestiver mais perto.Apartemaisdifíciléreciclara
mentehumana".
DayaneRos dayaneros@gmail.com
Trotes
ao
SAMU
ocorrem
após
horário
de aulas
Em Santa
Catarina,
estudantes
do ensino fundamental são
responsávéis
por boa
parte
das
ligações
O
atendente do
Serviço
dei
Atendimento Móvel de Ur-
-i
gêncía
(SAMU)
Gilberto�
Vieira
já
nãosabiaquantos ,g .s;trotes havia atendido até 15h30 de
28de agosto,
quando
areportagemdo Zero visitou a central da
Gran-de
Florianópolis
- umagrande
salanaDiretoriade
Logística
eFinanças
da Polícia
Militar,
em que se concentram também as
ligações
para osBombeiros eparaaPM."Trotes...No mínimo uns 20, só
hoje...
Masjá
perdi
aconta",contaGilberto. Sóem Santa Catarina, os trotes repre sentam
aproximadamente
25% de todas as quase 430milligações
fei-tas ao SAMUem2013.Emcadaum
deles,
umalinha telefônicaseocupadurante
alguns segundos
quepodem
ser determinantes para que uma
emergência
seja
atendida.Amaioria dos trotes é feita por
crianças
nos horários de entrada esaída de
aulas, principalmente
emFlorianópolis
ejoinville.
Buscandosolucionar o
problema,
o SAMU deProjetopedagógicoé criado para conscientizar estudantes do Estado Santa Catarina criouo
EducaSAMU,
um
projeto
pedagógico
iniciado emjulho
de 2013 que percorre escolas de cidades dasoitomacrorregiões
do Estado. Com visitas àssalas de aula deturmasdo10ao90anodoEnsinoFundamental,
educadorasdoSAMUeprofessores
dasescolas dão aulasexplicando
por que trotespodem
atrapalhar
os atendimentos feitospelas
oito centrais - uma
por macrorre
gião
deSanta Catarina.No
primeiro
semestre de2013,
53.386
trotes foramregistrados
emSantaCatarina,e oEducaSAMUnão trouxe resultados imediatos.
Após
aimplantação
doprojeto,
osegundo
semestredoano
passado
fechoucomaltade
4%,
com55.391trotes.Noentanto, uma
diminuição
significativa
ocorreu no
período
dejaneiro
aju
nho deste ano
-aproximadamente
17%em
relação
aosegundo
semestre de 2013.Orelatório mensalmaisrecente, de
julho
desteano,apontaque11%dostelefonemas foram trotes.
É
umamédiamenorqueadoanopas
sado
quando,
acadaquatroligações,
uma eraalarmefalso.
O gerenteestadual do SAMU em
Santa Catarina, César
Augusto
Korczaguin,
afirma que existem situações
em os técnicos-auxiliares(os
primeiros
a atenderem asligações)
e osmédicos-orientadores acreditamno trote, causando a saída de uma
ambulância. "O trote sempre atra
palha.
Claro que este é opior tipo,
porquealém deocuparaslinhas por
segundos
quepoderiam
serutilizadosparareais
emergências,
ainda ocupauma ambulância com uma
equipe
que nãofará absolutamente nada." Outro
problema
queprejudica
oatendimento do SAMU é abusca de
informações
básicas. Muitosligam
parao192procurando
porinforma-ções
comolocalizações
doshospitais
esobremarcação
de consultas.O
artigo
266doCódigo
PenalBrasileiro
prevê
queapenaparaotrote,considerada como
"interromper
ouperturbar
serviço
telegráfico,
radiotelegráfico
outelefônico, impedir
oudificultar-lhe o
restabelecimento",
édeum atrêsanosde
detenção,
além de multa.Estamultaé,
segundo
alei estadual14.953,
de 12 de novembrode2009- referente
aostrotesaoSAMU
eàPolícia Militar- de
R$200,00.
No entanto,afiscalizalização
e aaplica
ção
destas leisno Estadosãofracas,
com raros casosde
flagrante
epuni
ções
aostroteiros."Amaiorpartedos trotesvêm decrianças,
entãoquando
há o
flagrante
feitopelos policiais,
elesgeralmente
sófazemumaadvertência,
dãoumabronca.Aspunições
portrotesão raras."
JoãoVítorRoberge jVltor31@gmail.com
No tribunal
partilhado
com processos de denúnciacontra oEstado pormotivos de falta de
medicamentos,
assistênciaàsaúde
-cirurgias, consultas,
exames-,e
indenizações
porerromédico.Em2009,oMinistroGilmar Mendesconvocou umaaudiência
pública
paratratardessasituação
afim de melhorara
igualdade
noSUS. Oresultado das discussões culminou emrecomendações
aosmagistrados
comoevitar autorizarofornecimentode medicamentos aindanão
registrados pela
Anvi sa, procurar instruirasações
judiciais
evisitasdosmagistrados
aosConselhosMunicipais
eEstaduaisde Saúde.
Os
resultados, segundo
oartigo
dospesquisado
resGustavoValleeJoão Camargo
sobreaaudiênciapública
e ajudicialização
dasaúdeeseusreflexos najurisprudência
doSupremo
TribunalFederal,
mostramqueadecisão foipriorizar
medicamentosexistentesnoBrasil. Além
disso,
quando
omedica mentoouprocedimento
estáincluído napolítica
pública
de saúdeehádireito,
ele épassível
deserconcedido
pela
justiça.
Mas, casonãoincluído,
osistema
judiciário
deve darprioridade
aocoletivo,
para que o
poder
público
possa jus-tificarsuapolítica
pública.
Em2011, aLei
12.401 sanciona
da
pela presidente
Dilma Rousseffvetou o pagamento
de
medicamentos,
produtos
eprocedimentos
não autorizadospela
Anvisa.Ela também
proibiu
adispensação
epagamentode
medicamentos,
produtos
eprocedimen
tossem
registro
naAnvisa. Alei,
no entanto,nãoobriga
ojudiciário
agir
demaneiraprioritária
apacientes
doSUSnadecisão deproceder
compedi
dos de medicamentos.
Processos
afetam
orçamento
do
SUS
Sem
critérios
econômicos,
juízes
autorizam
pedidos
de
cirurgias,
medicamentos
e exames
Se todostêm direito àsaúde,oEstadotemobrigaçãojurídicade prestaroserviço, afirmaojuizSilvio Orsatto
De
janeiro
a
julho
desteano, Santa Cata- outraforma. Este seriao chamadoproblema
darinateve5.025novosprocessoscontrao
judicialização
da saúde. "Muitas vezes, osjuízes
Estado por
pedidos
de medicamentos e dãocausaapedidos
quecustammuitoparao esserviços
de assistência àsaúde-cirur- tado. Por
exemplo, procedem
apedidos
depróte
gias,
exames econsultas-,
tantoporpacientes
do sesimportadas
dequadril
quecustam46a50mil SistemaÚnico
de Saúde(SUS)
quantoporaqueles
reais, enquantopróteses
nacionaiscustam 12mil pertencentes aconvêniosparticulares.
De acordo reais. Ovalor deumaprótese importada
dariapara com aCentral de Gestão de DemandasJudiciais
comprar trêsdaqui
e beneficiar três pessoas, em emSaúde,
adespesa
com asdecisõesjudiciais
che- vezdeuma."garama
aproximadamente
R$
90 milhões. Sóno Ojuiz
SilvioOrsatto afirma que ospedidos
de anopassado,
oEstadorespondeu
a6.551processos fornecimento demedicamentos, próteses,
órteses,
e arcou com
R$
135 �� �autorização
decirurgias
milhões.Atualmente, �
corresponde
a 15 mil / d � o numero eprocessos .:;;ativos, nos
quais
sãofornecidos,
regular
mente, aprestação
emserviços
de saúde ou medicamentos de usocontíruo,
atendendo asentf1ças
já
deferidas.Segundo
a Emen da Constitucional 29,Santa Catarina deve
destinar,
nomínimo,
12%dos recursos àse
guridade social,
o queinclui
previdência
social,
assistência sociale saúde
pública.
Nosúltimosanos,essapor
centagem foi mantida
e, porisso,foram investidos
R$
1,9bilhãonototal.Partedeste valorégastocom asaúde
pública
eminfraestrutura,
salário dosprofissionais,
medica mentos eatépara cobrirgastoscom processos dedenúncia.
O
advogado
daSecretariadaSaúde,
ValdirFer reira,afirmaqueosprocessosdedenúnciacontrao Estado de Santa Catarina,
principalmente
os casosdepedidos
demedicamentos,
acabam contemplando
casos quepoderiam
ser resolvidos de.
Gastos (ioEstado de Santa Catarinacom
medicamentosetrak1mentos m�d,cos
ordenndosnasações Jut'lici<lis
Pe-fiodo ValordiAribuido 1001 .. "
RIIJ.acn,tO
lOot A'IS1.4n,Il tOOJ .,.. R't.a14.186,15 tOOAl ,.•.RI6.510.04',48
1005 . .. R' 10.41S.7I6," t006 _ R'tI.911.S47,JO
t007 RI �7.06l.ln,l. looa R'65.176"",01 to"R'76.485.506,81
tOlO ."U" RI9J.406.tM,5t
10 II RI E 01.000.008,00 tOlt .. . RIrJI.OOO.OOO,OO
lOIS ..· ·H R' fJ:S.OOO.OOO,OO 1014'··· _-"..R'89.879.1JSyOO
""""""'Ad__aJdaun::lOCAGUl"c..r_ ...�
dQ w� .iJdidaitIõI1ISísúdodi;;.br..à CafafÍ'ià
e exames não seguem
um critério
econômico,
seja
elepúblico
oupriva
do. Ele diz que,setodos têmdireito à
saúde,
oEstadotem
obrigação jurí
dica deprestaroserviço.
Avanços
dos direitosnasaúde
pública
A
�tituição
Fede ral de1988defineasaúdecomo "um direito de
todose dever do
Estado,
garantido
mediante po líticassociaiseeconômi casquevisemàredução
do riscodedoença
e deoutrosagravoseao aces so universal
igualitário
às
ações
eserviços
para suapromoção, proteção
erecuperação".
O SistemaÚnico
deSaúde(SUS)
éresponsável
poradminis trar os recursosorçamentários
e financeiros quesão destinados anualmente à
saúde,
conforme aLei
Orgânica
daSaúde,
de 1990. Por isso,opla
nejamento
éfeitocom oobjetivo
deatingir
maiorparteda
população,
deformaigualitária.
Noentanto,osgastoscom asaúde
pública ultrapassam
esseplanejamento
e muitasvezesnãoatendem atodos da rede
pública,
visto queo recursoécom-Análise das decisões
judiciais
A
judicialização
nasaúde étema recorrentedeprofissionais
da áreaque analisam aconduta dejuízes
nos casosdedenúncia,
e se osprocessossãorelativos aárea
pública
ouprivada.
Noartigo
de Andréa Monteiro e Larissa Castrosobre"Judicia
lização
da saúde:causas econsequências"
foramanalisadas
1.163
solicitações
de medicamentos individualizadasemSanta Catarinarealizadasentre2003e 2004. Elas concluíram queos
serviços
privados
de saúde foramresponsáveis
por59%dasprescrições
eque60%dos remédios solicitadosnão estavamregistrados
naAnvisa,oquesignifica
quepodem
gerar danos à saúde.A mestre em saúde
pública
Miriam Venturaanalisou
1.263
processosjudiciais
depedidos
naáreada saúde no Riode
Janeiro,
entrejulho
de 2007a[unho
de 2008. Em96,9%
dasdecisões,
ojuiz
nãofez nenhumaexigência
paraaconcessão,firmando sua
convicção
somentenadocumentação
apresentada pelo
reivindicante.AnaDomingues anadomingues.ufsc@gmail.com
"
ZERO,
setembro de2014 +