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Zero, 2014, ano 33, n.5, set.

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Contra

a

burocracia,

informação

C

om a

aproximação

do

primeiro

turnodas

eleições,

a mídia é

largamente

ocupada

com os candidatos que fazem mil e uma

promessas sobre diversos temas.A Saúde temsidoumdosmaisrecorrentes.Tantoqueuma

pesquisa

realizada

pelo

IBOPE no final de

julho

mostrouque é a

principal preocupação

da popu­

lação

catarinense paraessas

eleições,

com

aproxi­

madamente40%das

citações.

Em

segundo

lugar,

vem a

Educação

com 12%ea

Segurança

Pública com 7%. Foi diante deste recorte que decidimos

produzir

uma

edição

voltadaàs

eleições,

levando

emcontaarelevância dotema.

Ao

longo

dessas três semanas, os

repórteres

foram em

hospitais,

postos de

saúde,

instituições

NOTA

DA

REDAÇAo

o

legado

das últimasquatroedi­

ções

doZero nãosófoium

estímulo,

comoserviudedesafioànovaturma que assumiu a

produção

do

jornal

laboratório. De cara, os alunos vi­

veram um dilemainterno

na

pri­

meira semana de aulas: encontrar

a fórmulaque

garantisse

qualidade

editorial,

profundidade jornalística

e

cumprimento

aodeadline comuma

equipe

menor,

queasduasturmas não

ultrapassam

20alunos.

A

preocupação

trouxe à tona

uma

questão

que,vez OHoutra,sur­

gia.

Afinal,

seria

possível

abrir àco­

laboração,

dapauta ao fechamento

da

edição, permitindo

que alunos de outras fases

pudessem integrar,

informalmente,

a

equipe

do Zero?

Decidimosque

sim,

reconhecendoos

limitese oquede

positivo

ganharía­

mosde recebermosnovos

repórteres,

editores,

revisores e

fotógrafos.

E o

que

eles,

externos ao Zero, apren­

deriam. O exercício funcionou efoi

precioso

para

completar

a

equipe

que,

aliás,

superou aburocracia da saúdee a

dispersão

de dados.

Vencidaa

primeira

etapa, quere­ mosconheceroqueo

público

tema

dizer sobrecomo os

repórteres

nar­

raramocenárioda saúde

pública,

às

vésperas

de uma

eleição.

O voto de

credibilidade,

se merecemos ounão,

é vocêquem vai

decidir,

caroleitor. MarceloBarcelos, professordadisciplina

psiquiátricas

e secretarias de saúdeemFlorianó­

polis

e

região.

Eoqueera

previsível,

aconteceu:es­

barramosna

burocracia, típica

do

serviço

público.

Mesmoem uma erado livreacesso à

informação,

alguns órgãos

semostraram receosose,

inclusive,

relutantes,

em

divulgar dados,

como, por

exemplo,

onúmero de pessoas que

aguardam

porconsultas emSanta Catarina.

A

equipe

também teve dificuldades para rea­

lizar entrevistas e

fotografar

dentro de

algumas

unidades

públicas

de

saúde,

comoas

emergências

dos

hospitais. Claro,

nãofoia

primeira

vezqueos

repórteres

passaram poressadificuldade. Eobvia­ mentenão seráaúltima.

Além dos

problemas

estruturais,

afalta de

mé-dicose

equipamentos

e ademora parasemarcar uma

consulta,

mostramostambém inciativas im­ portantes.

Projetos

de

humanização

em

hospitais,

nasaúde mentale notratamento de

dependentes

químicos

estãoentreostemasabordados.

Nodecorrer da

produção,

foi decidido também

pela realização

dasentrevistascom os candidatos

a

governador.

Achamosqueessa

confrontação

en­

volvendosuaspropostasde governo seriaútil para o

eleitor, ajudando-o

aescolherseucandidatocom

maiorclareza.

Eoresultado éessequevocêconfere agoranas

próximas

18

páginas.

Boaleitura!

GraduadoemLetras,

mestreem

Comunicação

edoutorem

Linguística

(todas

as

formações

pela

Universidade Federal doRiode

janeiro),

Nilson

Lage

é

jornalista,

teórico,

ex-professor

da

UFSCe

UFRJ

eautorde diversos

livros,

como

Ideologia

eTécnica da

Notícia, Linguagem

Jornalística

eTeoria eTécnicadoTexto

Jornalístico.

OMBUDSMAN

NILSON LAGE

Depois

de

Zero-choque,

Zero-fumo,

Zero-Copa,

tivemos

o

Zero

existencial

Dos cuidados com a beleza à certeza damorte,o

jornal explorou

atemáticado

indivíduo,

que não saida

cabeça

dos pau­

teirosdas editorias de

geral

e

suplementos.

Asociedadeemsi mesma

-estaseconfi­ naquase sempreàs

páginas

de

economia,

onde a descrevem

pela

ótica dos

bancos,

emPIBedividendos.

Resta a solidão do eu-consumidor e suas

angústias.

Gente tão

insegura

que

querserbela paraosoutrosou tão narci­ sistaquese embelezapara si mesma; tão

ansiosaporsexoquedesdenhao amorou,

pelo contrário,

tão fixada no ser amado quenãose

permite

desejar qualquer

outro;

tão

alegre

quantose mostra nasredesso­

ciais ou tão

deprimida

comoadescobrem

os

íntimos;

tão

desconfiada,

semterlido

Sartre ,que,comoDeus morreu,"nadavai acontecer

depois

damorte".

É

certo quemuitosse

enquadram

nes­ ses

rótulos,

atéporquesão

atitudes-padrão

queseoferecem. Desdeque o

Papa

Gregó­

rio I

implantou,

noséculoVI a.C.,aescala musical de oito notas,

desprezando

inter­

valos

microtonais,

ficou claroqueo

código

delimitaouniversomental dos

homens,

o

que fez Barthes escrever que "a

língua

é fascista"eMcCombseShaw proporateoria da

agenda

setting.

O

script

da modernidade

corresponde

sempreaos

produtos

da

vitrine,

dos cosmé­

ticosà

cirurgia

plástica,

daroupasensual àcuecapararapazes de

pinto

pequeno; do

seguro de vidaà

cremação

emCamboriú.

Noentanto,nomundo

real, aquele

que

não costuma estar nos

jornais,

a maio­

riadas pessoas- olhem em

torno

-não

faz

tipo,

usa

trajes convencionais,

gasta a

maiorpartedeseutempocuidando daso­

brevivênciaenão pensana

própria

morte porque ela

é,

na

verdade, perigosa

tentação.

Sea média estatística dos homensnão

corresponde

àmediana dos diáriosedaTV

-o cara

parrudo,

amulhergostosa,odes­

viante

(o

magro,o

gordo,

ocareca,o

bicha)

engraçado

etc.

-não seria mais razoável falar da sociedade buscando-a nomundo

real,

enãonosmodelos

disponíveis?

Em suma,ficaaideia: olharomundo com a pureza dos que não sabem para

aprender

comele.

Como sempre, o

politicamente

corre­ to cobra

imposto

em duas

páginas:

adas mulheres discriminadas e a dos negros

perseguidos.

Faltaramanaturezaameaça­

da;

o

aquecimento

global;

os

agrotóxicos,

transgênicos

e

orgânicos.

Ficam para os

próximos

números.

À

novaturma,

desejo

omáximo decria­

tividade.

OPINIÃO

ONDEO LEITOR TEM VOZ

Pela

primeira

vez eu li uma

edição

do

jornal

Universitário do

curso de

jornalismo.

Ao acabar de leresta

edição

de

julho

me sen­

ti

impelido

a entrarem contato e

parabeniza-los

pelo

trabalho. Re­

almente émuito

informativo

esin­

tético.

Informação

de

qualidade

e

crítica.Eu nãoleio

jornal

normal­

menteporquenãogostodo volume de

propagandas

ede matériassem

importância.

O

jornal

tem muitas

páginas,

mas no

fim

poucacoisase

aproveita.

Gostei muitodas

primei­

ras

reportagens,

tratando dasocie­

dade

pós-moderna,

edas matérias

sobre redessociaisparacelularese

sobreostressdo trabalho.

RodrikJosé deSouza,estudante de deCiências EconômicasnaUFSC

E-mail

-zeroufsc@gmail.

com Telefone

-(48)

3721-4833 Facebook

-jjornalzero

Twitter -@zeroufsc Cartas

-Departamento

de Jornalismo -Centro de

Comunicação

e

Expressão, UFSC,

Trindade,

Florianópolis

(SC)

-CEP: 88040-900

O leitor doZero

já pode

acessar o conteúdo do

jornal

com interati­

vidade,

materiais extrasevídeos!

É

o

Zero+,

aplicativo

desenvolvidocomo

atividade deextensãodo

projeto 'Jor­

nalismopara

Tablet's",

da

professora

docursode

Jornalismo

da

UFSC,

Rita

Paulino,

com a

participação

de bolsis­ taealunos voluntários.Para navegar

pelo

Zero+ basta enviarum e-mail

para

rcpauli@gmail.com

solicitando

o

aplicativo.

JORNAL

LABORATÓRIO

ZEROAnoXXXIII- N°

5

-Setembrode2014 REPORTAGEMAlineTakaschima,Ana Domingues,Aramis Merki II,AylaNardelli, DanielGarcía,DayaneRos, GuilhermeLongo,GuilhermePorcher,luriBarcellos,JoãoVítorRoberge,KauaneMoreira,l.uízeRibas,PrisciladosAnjos,RenataBassani,RicardoFlorêncio,TamiresKleinkauf, Thales Camargo FOTOGRAFIAAna Domingues,Ayla Nardelli,Daniel García, Dayane Ros, Guilherme Longo, Guilherme Porcher, João Vítor Roberge, Luize Ribas, Priscila dos Anjos,Ricardo Florêncio,TamiresKleinkauf

EDiÇÃO

AlineTakaschima,Ana Domingues,AramisMerkiII,CaioSpechoto, GabrielShiozawa,Guilherme Longo,GuilhermePorcher, João VitorRoberge, Luize Ribas, Priscila dosAnjos, Renata Bassani, Ricardo Florêncio,Suelen Rocha,Tamires Kleinkauf,Thales Camargo

DIAGRAMAÇÃO

Ana Domingues, Ayla Nardelli, Carlos Estrella, Caio Spechoto, Gabriel Shiozawa, João Vítor Roberge, Luize Ribas, Priscila dos Anjos, Tamires Kleinkauf

COLABORAÇÃO

Amanda Ribeiro, Gabriel Lourenço,JéssicaAntunes,Luisa Scherer,LuizFernandoMenezes, Natália Huf!NFOGRAFIATarikAssis

PROFESSOR-RESPONSÁVEL

Marcelo Barcelos MTb/SP25041

MONITORIACaio Spechoto, Gabriel Shiozawa

IMPRESSÃO

Gráfica GrafinorteTIRAGEM5 mil exemplares

DISTRIBUiÇÃO

Nacional FECHAMENTO 10 de setembro

Melhor Jornal Laboratório- I

Prêmio Foca Sindicato dos JornalistasdeSC 2000

ZEilo

30melhor Jornal-Laboratóriodo Brasil EXPOCOM 1994

������

Melhor PeçaGráfica Set Uníversttarto/ PUC-RS 1988, 1989,1990; 1991, 1992 e 1998

ZERO,

setembro de2014

(3)

Falta

de leitos

Superlotação

nas

emergências

de

se

Sistema

de

atendimento ainda

é insuficiente para

a

demanda de

pacientes

nos

hospitais

Depois

que a porta auto­ mática de vidro abre pas­

sagem para a

emergência

do

Hospital

Universitário

(HU),

pacientes

e

acompanhantes

adentram num ambiente onde mal

há espaço para caminhar

-e n-em se ousa movimentar o corpo com

receiode esbarrarem

algum

doente

acomodado nas 20 macas entulha­

dasao

longo

do corredor. Obarulho dos passos

apressados

semisturacom conversasindistintasentremãesefi­

lhos,

sograse noras.Saídos das bocas

dos

pacientes,

gemidos

sãoabafados

pelo

constante sibilo dos cilindros de

oxigênio

quelentamente liberam

ar.Nãohácomo

nãoficar atordo­ ado com o caos sonoro. O único

barulho calmo

é

aquele

ritmado emitido

pelo

ele­

trocardiograma.

João

Alfredo Ke­

enan continua

vivo,

eisso é alívio para suaesposa

Talita.O

aposentado chegou

aohos­

pital

às duas horas da

madrugada

de

segunda-feira,

1° de

setembro, após

sofrerseu

segundo

derramecerebral.

Na sala de

reanimação, João

Alfre­ do

aguarda

por uma vaga na UTI

e Talita torce para que não

chegue

nenhum

paciente

em estado mais

grave

-separados

por um

biombo,

seumaridoe umhomemcomcirrose

hepática

ocupam asduas únicasva­

gas.A

superlotação

nosetorseagrava comasala de

medicação cheia,

onde

quatro

pessoas

aguardam

ao menos

por uma vaga no corredor. Outros

pacientes,

do lado de fora daportade

vidro,

são medicadosnascadeiras da sala de espera.

É

um ciclo que

poderia

ser in­

terrompido

se uma ala inteira do

hospital

estivesse funcionando. São

37 leitos da clínica médica que

per-manecem vazios,

seja

por reformas

I

oupor falta de

profissionais.

Alguns

pacientes estáveis,

acomodados em

l

leitosemacasdo corredor

poderiam

estarnesse outroespaço,

desafogan-

� do a

emergência. "Aqui

tentamos

manusearo caos.Opontocrítico do

hospital

éa

emergência

porcausada

desativação

dos leitos. Trabalhamos

em

condições

muito

aquém

do ide­

al",

desabafaochefe da

emergência,

EvandroMartins.

Outro

problema

parao chefe da

emergência

é o costume deapopu­

lação

achar que

hospitais precisam

resolvertodosos

problemas.

"Muitos

poderiam

estar sendo atendidos em

postos de saúde ou Unidades de Pronto Atendi­ mento". Mesma

opinião

do as­ sesso r

j

urídico da Secretariade Estado da

Saúde,

o médico Valdir Ferreira. Para

ele,

este é um

problema

que não se

limita apenas ao HU: se a rede de

atenção

primária

noBrasilofereces­

se um atendimento

eficaz,

85% dos

problemas

desaúde

poderiam

ser sa­

nados,

evitando quecasos demenor

gravidade

paremnas

emergências

de

grandes

hospitais.

Diferente do HU, onde não há

uma área

especializada,

o

Hospital

Governador Celso Ramos

(HGCR)

é referênciaem

ortopedia

e

neurologia.

Cerca de9 mil pessoasrecebemcui­

dados na

emergência

mensalmente

-53% sãotraumas ósseos.Odiretor

geral

do

hospital,

Libório

Soncini,

aponta que sermodelo nessas áreas tambémaumentaa

superlotação

na

emergência.

Nocampo do tratamen­ to

ortopédico,

por

exemplo,

além do HGCR, apenas o

Hospital Regional

de São

José

é

capacitado

para rece­

bercasosmais

complexos.

"Estamos

AtendimentonoHU é comprometido pelofechamento de37 leitos;Talita espera conseguiruma vagana UTI, para

seu marido, JoséAlfredo

sobrecarregados

pois

nãohá

hospital

público

nem

filantrópico

queatenda

ortopedia.

APrefeitura também deve­

riaofereceroatendimento

ortopédi­

conasUPAs" reclamaodiretor.

Em meioaos

gráficos

sobreoba­

lanço

de

cirurgias

eatendimentosre­

alizados,

LibórioSoncinificaimerso

narotinado

hospital.

Oscorredores ficam sob seu monitoramento atra­ vésde 21 câmeras

posicionadas

para captarovaie vemde

doentes,

visitan­ tesefuncionários. Onzedelas foram instaladas

depois

queoHGCRpassou

a

integrar

o programa S.O.S. Emer­

gências

(leia abaixo).

As

imagens

registraram

a

chegada

de Malvina

Pessoada

Silva,

no

sábado,

dia16de agosto.Oitodias antes,a

aposentada

de77anossofreu uma

queda

e seus

filhos alevaram para a

emergência

do HU.

Após

uma série de exames, foi liberadacom a

prescrição

dere­

médios para aliviarasdores

-quesó

aumentavam com opassar dos dias.

A

situação

se agravou

quando

sua

perna foi tomadaporuma

infecção

e Malvina teve que ir ao HGCR. O

médico

diagnosticou

umafraturano

fêmure aencaminhou para

cirurgia.

Após

a

operação,

Malvina foi para um leitona clínica médica. O

Hospital

Celso Ramos ativou, entre 2013 e

2014,

160 leitos que

ti­

nha mas não

utilizava,

totalizando 240. Essa medida

permitiu

liberar

vagas na

emergência

à medida em

que

chegam

novos

pacientes.

Uma

médica

plantonista

que não

quis

se

identificar revelou aoZeroquemes­ mo com investimentos no setor, os

funcionários "se veem

obrigados

a

improvisar".

Nasala de

reanimação

quatrosaídas de

oxigênio

que per­

mitem o funcionamento de quatro

respiradores.

Porém na

madrugada

de

terça-feira,

19de agosto,

quando

a

reportagem

visitou o

hospital,

seis

pacientes

eram atendidos. As duas vagas a mais foram

arranjadas:

os

doentes

respiravam

com a

ajuda

de

dois cilindros de

oxigênio.

Rede

de

Urgências

abrange

todas

as

unidades

no

estado

Investimento

em

atenção

primária

poderia

evitar

caos nas

emergências

C

om todos os

hospitais

inte­

grados

à Rede de

Urgências

e

Emergências (RUE),

Santa Catarinase tornouo

quinto

estado do

país

acriarumsistemaque

permite

otrabalhoem

conjunto

dos setores de

emergência

de. unidades de todasas

regiões.

Assim,osquere­

cebem

todososcasosde

emergência

podem

contar com os

serviços

das unidades referências em determi­ nada

especialidade.

Para

isso a Se­ cretaria de Estado da Saúde destina

aos

hospitais

de

grande

porte,através da RUE, verbas para investimentos

na

contratação

de

profissionais

e

compra de

equipamentos.

Ovalor do repassevariade acordocom oporte:

hospitais

como oHGCR,quesedesta­

cam emduasoumais

áreas, ganham

aportes

de.

R$

300 mil mensais. Os

.

não-referenciados,

como o

HUi

rece­

bem

R$

100milmensais. Emagosto, SCrecebeu

R$

117.599.364,65.

Paralelo à

aquisição

de recursos

tecnológicos

e

profissionais,

a. Rede

trabalha para

implantar

o sistema

de

Classificação

de

Risco,

no

qual

as

pessoas passama seratendidascon­

formesua

gravidade,

não mais

pela

ordem de

chegada.

A

triagem,

ainda

sem data paraser

implantada,

será feitapor

separação

decores:verme­

lho

(casos

mais

graves e que

preci­

sam de atendimento

imediato),

la­

ranja, amarelo,

verdeeazul

(menor

gravidade

e sem

previsão

de atendi­

mento).

Pacientes com

classificação

.

azul e verde

seriam

incentivados a

buscar atendimentonarede deaten­

ção

primária,

como postosde saúde

e unidades de

pronto-atendimento,

deixando paraos

hospitais

apenasos casosmais graves.

Com essas

medidas,

os

hospitais

daRUE buscam

agilizar

emelhorar os

serviços,

oque

possibilitaria

aade­

são ao S.O.S.

Emergências,

progra­

macriado

pelo

Ministério da Saúde para

desafogar

as

emergências

dos

hospitais

do

país.

Ainda em fase de

implantação,

2? hospítaísforam

ere-denciadosemdiferentes estados para

servirem de modelo às demais uni­

dades de suas

respectivas regiões.

O

representante

catarinenseé oHGCR

que, além dos recursos da

RUE/SC,

recebemais

R$

300 milmensaispara

serreferência estadual.

AylaNardelli aylaanp@gmail.cóm GuilhermePorcher g.porcher2@gmail.com

(4)

Mais

de

8,5

mil

na

fila

por

consulta

Fsoera

em

F

oríanépolls

Oftalmologia

é

especialidade

mais

procurada;

dados estaduais não estão

diponíveis

Quem

entra na Unidade

de Pronto Atendimento

(UPA)

do Norte da Ilha

encontra um cenário

: a cada passo

percorrido,

pode-se

observar uma ou mais

salas nas

quais

poucas pessoas

aguardam

atendimentocommédicos

especializados.

Para

chegar

até esse

ambiente aparentemente

calmo,

os

pacientes

passam por

algumas

etapas. Uma das mais demoradas é

a

marcação

de consultas. Somente

no

município

de

]oinville

109 mil

pessoas

aguardam

por

algum tipo

de

especialista

-aSecretaria

Municipal

divulga

desde abril desteano alista

para queos

pacientes

possamacessar.

]oinville,

assim como

Florianópolis

, é uma das 20

cidades no estado que

possui

o

sistema de

gestão

plena

na saúde.

Nesse

procedimento,

o

município

é

responsável

por

gerir

e executar os

serviços

de

saúde,

desdea

marcação

de consultas até as

internações

hospitalares.

A

especialidade

com maior fila de espera estaduale nos

municípios

com

gestão

plena

é a

oftalmologia.

Apesar

das insistentes tentativasdo

Zero,

não teveacesso aosdadosdafila de esperanoestado. A

superintendente

de

serviços

especializados

e

regulação

da

SES,

Marlene Bonow

Oliveira,

relatou que a

oftalmologia

é o

principal

gargalo

em

relação

à

marcação

de consultas com

especialistas.

Ela admite que o

"procedimento

mais comumé levaremcontaoscasosde

maior

complexidade

comocataratae

'ignorar'

outrosnos

quais

o

problema

é a dificuldade de

leitura,

por

exemplo".

Somenteem

Florianópolis,

8.480 pessoas

aguardam

pelo

atendimentocomum

especialista

da

área ocular. Maria Silva

Garcia,

71

anos, espera

pelo

atendimento com um

oftalmologista

há oito meses. A moradora do Rio

Vermelho,

que trabalhava como

costureira,

não

exerce mais a

profissão

devido ao

problema

de catarata."Não

consigo

enfiar a linha na

agulha,

isso

é difícil

normalmente, Imagina

com

catarata." Alémde esperar por esta

consulta,

ela também foi

algumas

vezespara O Posto de Saúde de seu

bairro às 4h da

madrugada,

para

conseguir

ser atendida

pelo

clínico

geral.

Situação

oposta

viveu

João

Dllceu

Vidor,

morador do Bairro Abraão:

após

quatro

mesesdeespera

pela

rede estadual de

saúde,

pediu

para quesuaconsultafosse

agendada

através da rede

municipal.

Emcinco

dias,

o

aposentado

-que também tinha catarata - foi chamado

para

Pacienteschegamàs5h damadrugadaparaagendarconsultacom clínicogeralnoPosto dosIngleses umaconsultacom o

oftalmologista.

No Posto dos

Ingleses,

unidade de saúde que atende cerca de 25

mil habitantes e no mês de

julho

realizou 2.307 consultas

médicas,

Ari

João

Kuhn,

70 anos, espera, na

terça-feira

2 de

setembro,

desde às 5h para

conseguir

uma consulta com oclínico

geral.

Olocal abreos

portões

às

7h,

quando

o segurança

chega,

e asconsultas começama ser

marcadasuma hora

depois, quando

o

posto

abre.Arinãoesperasomente

pela

consulta com seu médico da

Atenção

Básica: desde

janeiro

de 2013

aguarda

porumaconsultacom

dermatologista pela

rede

municipal.

Ele contaqueseu casoé grave,

pois

alguns

anos fez uma

cirurgia

noHU para tratarcâncer de

pele.

O coordenador da

unidade, Henrique

Daros,

relata que a

informação

passada pela

Secretaria

Municipal

de Saúdeé que30%das pessoas que são encaminhadas para

especialistas

não

vão à

consulta,

oquefaz as filasde

esperacontinuaremcrescendo. As outras duas

especialidades

que

completam

a lista com maior número de pessoas

aguardando

por consulta na

capital

catarinense são

fisioterapia,

com 5.873

pacientes,

e

ortopedia

geral,

com 4.185.

Problemas externos como acidentes detrânsitotambém contribuem para

oaumentodasfilascom

ortopedistas:

"não adianta contratarmos mais médicos

especialistas,

a tendênciaé

queos

problemas

não

sejam

sanados dessa

forma,

uma vezqueas causas externas interferem cada vez mais

no aumento das

filas",

destaca a

superintendente

Bonow.

Segundo

ela,

o que maiscontribui paraesse

cenário agravante da saúde no

estado éa falhana

prevenção

e na

capacitação

dos

profissionais

da

atenção

básica. "Maiores cuidados

com

hipertensos

e

obesos,

---­

por

exemplo,

diminuiriam

a

quantidade

de acidentes vasculares celebrais

(AVC)."

Para as cidades que

dependem

do Estado para

agendar

uma consulta com

especialista

ou exame, o

paciente

é colocado no Sistema de

Regulação

(SISREG)

da Secretaria Estadual de

Saúde,

que contacom129

especialidades.

Nesse sistemao médico

regulador

analisa o

prontuário

encaminhado

pela

Unidadede Saúde de

Atenção

Básica e, de acordo com critérios

clínicos,

informa

quando

seráaconsultacom o

especialista.

Ou

seja,

quemmareou

antes não será necessariamente

1

atendido mais

rápido

- a

preferência

ii! 2

é paraos casosmais graves.No

prédio

central daSES trabalham 12médicos

na

regulação

de

consultas,

além de

oito funcionários que administram

o sistema. Nos

municípios,

nem

todasas

especialidades

quepossuem

regulação

e

algumas

consultas são

marcadasporordem

cronológica.

Fisioterapia

e

ortopedia

completam

a

lista

com

mais

pessoas

aguardando

por

consulta

na

cidade

LulzeRibas lulzerlbas@gmail.com TamlresKlelnkauf

tamlrescrískêgrnatt.com Marla teve queparardetrabalhar

oSistema Catarinense de TelemedicinaeTelesaúde

(SIT)

emiteàdistância laudos de

dermatologistas

e

cardiologistas

para

pacientes

de290

municípios.

Desde

sua

implantação,

em

2005,

foramrealizadoscercade três milhões deexames e

diag-.

nósticos,

zerandoonúmero

de pessoas que

aguardam

porumaconsultacom

dermatologista

noEstado.O

procedimento

funciona da

seguinte

forma:nascidades

que

possuemconvênioscom O

sistema sãorealizadosexames

I eatravésdos médicos do

SITé dadoum

diagnóstico

aprofundado.

Assim,

oclínico

geral

consegueefetuaro tratamento correto

junto

ao

paciente.

Atravésdo

S11',

oatendimento é

acelerado:

pessoas quenão

precisam

ser encaminha-das para fila de esperasão atendidasnos

postos

de

sáude,

enquanto pacientes

que necessitavamdoatendímen­ tocom

especialista

serão tratadoS de forma

rápida.

Em

2013,15

médicos doInstituto de

Cardiologia

realizaram 22mil

laudos, enquanto

dois

dermatologistas

da rede estadual fazememmédia 400 laudospormês.

Harley

Wagner,

coordenador do Laboratório de

Telemedlclna,

afirma que

"para

melhorar osistemaé

preciso

pensarna

saúde desdea

atenção

básica

atéoprocessofinal".

Paraa

dermatología,

foi desenvolvidoum

prontuá-rio

padrão

detalhadocom

classificação

de risco. Em

2015,

a

cardiologia

teráum

sistemasemelhante

ímplan­

lado,

e nos

próximos

anos serãoinseridosnoEstadoos examesde

eletroencefalogra­

ma

(analisa

atividade elétrica

cerebral), espírometría

(mede

capacidade

pulmonar)

e

retinografia(documenta

as

alterações

naretinae nervo

óptico).

ZERO,

setembro de 2014

(5)

Lixo

Hospitalar

nu

adere

à

nova

política

de

resíduos

Em

processo

gradativamente

lento,

hospital

se

adequa

às

normas

impostas

pela

Anvisa

sobre

manejamento

do

lixo

ão7 horas da manhã

quando

a

primeira

coleta de resíduos

começano

Hospital

Universi-L/

tário daUFSC.

Quatro

funcio­ nários recolhemos sacosde lixocom

2/3

da

capacidade

e

levam,

através de

carrinhos,

até asala de expurgo.

Primeiro, são recolhidos os lixos considerados comuns - os

rejeitos,

orgânicos

e

recicláveis,

e

depois

são

coletadososresíduos

perigosos

- bio­

lógicos, químicos

e

perfurocortantes

(lâminas

e

agulhas).

O últimogru­

po passa por um tratamento de 50

minutos na

autoclave,

equipamen­

toque faza

esterilização

através de

calore

pressão.

"Após

esseprocesso,

todososresíduossão

repassados

para contentores

plásticos

de240 litros e

separados

em contentores azul-ma­ rinhoparaos comuns e embrancos

para os

infectantes,

tóxicos ou per­

furocortantes", explica

aenfermeira

daComissãode Controle de

Infecção

Hospitalar (CCIH),

Eunice Hirt.

"Recebi o documento sobre o

manejo

do lixo evocê sabe queisso não acontece

aqui",

comenta uma

das chefes de

enfermagem

duran­ te avisita da reportagem do Zero.

"Começamos

o novo

plano,

temos que colocarem

prática

aos

poucos",

responde

Eunice. Mesmosemreceber

verbasparaa

confecção

de

etiquetas

de

identificação

dos

recipientes,

mais

uma

exigência

daRDC N"

306/2004

feita

pela Agência

Nacional de

Vigi­

lância Sanitária

(Anvisa),

a enfer­

meira

imprimiu

ossímbolose

expli­

cou,"Estamos a 6 meses

esperando

o dinheiro e tentamos amenizar o erro na

separação,

comodiminuiro

númerode lixeiras porsetor,

pois

a

chance deerrarémaior".

Oscontentoresdividemaáreaco­ mumdo

hospital

eficam

espalhados

pelos

corredores, pois

nãohá espaço

suficienteenem

trajeto

adequado

até aárea de

transbordo,

onde acontece

a

limpeza

dos

recipientes

eas saco­

las são

pesadas. Segundo

relatórios do HU, aunidade gasta, em

média,

R$

98 portoneladapara o

depósito

do lixocomum e

R$

1800 paraolixo

infectante.Amédia coletadapormês

sóde resíduosinfectanteséde3,5to­ neladas.De2012 para2013,aquan­

tidade desse grupoaumentouem8%,

gerando

maisgastosparao

hospital.

Depois

de

pesado,

tudoétransporta­

doatéo

abrigo

de resíduos.

O local éaberto e nãohá espa­ ço paraosfuncionários transitarem

"Aqui

geramos resíduos de quatro grupos que devemser divididoscor­

retamente. Temos um

projeto

na

planta

deumespaço

adequado

à

lei,

porém

temosqueesperara

liberação

da verba

pública",

contaEunice.

Parao

Hospital

Universitário

con-'"

tinuar

funcionando,

Eunice e mais

dois bolsistas do CCIH tiveram que

elaborarumPlano de Gerenciamen-to de Resíduos de

Serviços

de Saúde

(PGRSS).

"As

instituições

devem apresentaros contratosparaas em­

presas

responsáveis",

diza

engenhei­

rasanitaristada

Vigilância

Sanitária

Estadual,

Denise

Lopes.

Paracolocar

em

prática

o

planejamento,

o HU contacom umgrupo de

especialistas

que fazreuniões

periódicas.

Assimcomo no

Hospital

Universi­

tário,

o lixocomum de todosos es­

tabelecimentos

públicos

é recolhido

pela

Companhia

de Melhoramentos da

Capital

(Comcap).

os resíduos

infectantes de todos estabelecimentos

públicos

de

grande

porte edas uni­

dades

privadas,

possui serviço

tercei­

rizado. Quatro veículossão respon­

sáveis

pelo

transportedos materiais, sendo que os resíduos

químicos

vão

para um aterro industrial em Blu­ menau e orestantevaiparaoaterro sanitáriode

Biguaçu.

"No

Brasil,

a técnica mais utili­ zada para o descarte do lixosão os

aterrossanitáriose noEstadonãoé

diferente",

afirma(I

professor

deen­

genharia

sanitária,

SebastiãoSoares. O lixo coletado em

Florianópolis

e

mais 21

municípios

élevado parao

aterrosanitário de800milm2• Osre­

síduos de

serviço

de saúdevão para

as valas

sépticas,

local vedado para

minimizar os riscos de contamina­

ção

do meio ambientee da

popula­

ção.

"Recebemos 800 toneladas de resíduos por dia e

Florianópolis

é o

município

quemais

produz lixo,

com

13 mil toneladas por

mês",

informaa

engenheira

sanitarista daProactiva, Fernanda Vanhon.

O

responsável pelo

Laboratório de

Pesquisa

em Resíduos Sólidose tra­ balhos acadêmicos da UFSC

(LARE­

SO),

Armando

Castilhos,

conta

quesó

metade dos

municípios

realizamcor­

retamenteomanuseiodos resíduose

Eunice

complementa:

"Aspessoas

jo­

gamnalixeira erradaseestiver mais perto.Apartemaisdifíciléreciclara

mentehumana".

DayaneRos dayaneros@gmail.com

Trotes

ao

SAMU

ocorrem

após

horário

de aulas

Em Santa

Catarina,

estudantes

do ensino fundamental são

responsávéis

por boa

parte

das

ligações

O

atendente do

Serviço

de

i

Atendimento Móvel de Ur-

-i

gêncía

(SAMU)

Gilberto

Vieira

nãosabiaquantos ,g .s;

trotes havia atendido até 15h30 de

28de agosto,

quando

areportagem

do Zero visitou a central da

Gran-de

Florianópolis

- uma

grande

sala

naDiretoriade

Logística

e

Finanças

da Polícia

Militar,

em que se con­

centram também as

ligações

para osBombeiros eparaaPM."Trotes...

No mínimo uns 20,

hoje...

Mas

perdi

aconta",contaGilberto. Só

em Santa Catarina, os trotes repre­ sentam

aproximadamente

25% de todas as quase 430

milligações

fei-tas ao SAMUem2013.Emcadaum

deles,

umalinha telefônicaseocupa

durante

alguns segundos

que

podem

ser determinantes para que uma

emergência

seja

atendida.

Amaioria dos trotes é feita por

crianças

nos horários de entrada e

saída de

aulas, principalmente

em

Florianópolis

e

joinville.

Buscando

solucionar o

problema,

o SAMU de

Projetopedagógicoé criado para conscientizar estudantes do Estado Santa Catarina criouo

EducaSAMU,

um

projeto

pedagógico

iniciado em

julho

de 2013 que percorre escolas de cidades dasoito

macrorregiões

do Estado. Com visitas àssalas de aula deturmasdo10ao90anodoEnsino

Fundamental,

educadorasdoSAMUe

professores

dasescolas dão aulasex­

plicando

por que trotes

podem

atra

palhar

os atendimentos feitos

pelas

oito centrais - uma

por macrorre­

gião

deSanta Catarina.

No

primeiro

semestre de

2013,

53.386

trotes foram

registrados

em

SantaCatarina,e oEducaSAMUnão trouxe resultados imediatos.

Após

a

implantação

do

projeto,

o

segundo

semestredoano

passado

fechoucom

altade

4%,

com55.391trotes.Noen­

tanto, uma

diminuição

significativa

ocorreu no

período

de

janeiro

a

ju­

nho deste ano

-aproximadamente

17%em

relação

ao

segundo

semestre de 2013.Orelatório mensalmaisre­

cente, de

julho

desteano,apontaque

11%dostelefonemas foram trotes.

É

umamédiamenorqueadoanopas­

sado

quando,

acadaquatro

ligações,

uma eraalarmefalso.

O gerenteestadual do SAMU em

Santa Catarina, César

Augusto

Kor­

czaguin,

afirma que existem situa­

ções

em os técnicos-auxiliares

(os

primeiros

a atenderem as

ligações)

e osmédicos-orientadores acreditam

no trote, causando a saída de uma

ambulância. "O trote sempre atra­

palha.

Claro que este é o

pior tipo,

porquealém deocuparaslinhas por

segundos

que

poderiam

serutilizados

parareais

emergências,

ainda ocupa

uma ambulância com uma

equipe

que nãofará absolutamente nada." Outro

problema

que

prejudica

o

atendimento do SAMU é abusca de

informações

básicas. Muitos

ligam

parao192

procurando

por

informa-ções

como

localizações

dos

hospitais

esobre

marcação

de consultas.

O

artigo

266do

Código

PenalBra­

sileiro

prevê

queapenaparaotrote,

considerada como

"interromper

ou

perturbar

serviço

telegráfico,

radio­

telegráfico

ou

telefônico, impedir

ou

dificultar-lhe o

restabelecimento",

é

deum atrêsanosde

detenção,

além de multa.Estamulta

é,

segundo

alei estadual

14.953,

de 12 de novembro

de2009- referente

aostrotesaoSAMU

eàPolícia Militar- de

R$200,00.

No entanto,a

fiscalizalização

e a

aplica­

ção

destas leisno Estadosão

fracas,

com raros casosde

flagrante

e

puni­

ções

aostroteiros."Amaiorpartedos trotesvêm de

crianças,

então

quando

há o

flagrante

feito

pelos policiais,

eles

geralmente

sófazemumaadver­

tência,

dãoumabronca.As

punições

portrotesão raras."

JoãoVítorRoberge jVltor31@gmail.com

(6)

No tribunal

partilhado

com processos de denúnciacontra o

Estado pormotivos de falta de

medicamentos,

as­

sistênciaàsaúde

-cirurgias, consultas,

exames

-,e

indenizações

porerromédico.

Em2009,oMinistroGilmar Mendesconvocou umaaudiência

pública

paratratardessa

situação

afim de melhorara

igualdade

noSUS. Oresultado das discussões culminou em

recomendações

aos

magistrados

comoevitar autorizarofornecimento

de medicamentos aindanão

registrados pela

Anvi­ sa, procurar instruiras

ações

judiciais

evisitasdos

magistrados

aosConselhos

Municipais

eEstaduais

de Saúde.

Os

resultados, segundo

o

artigo

dos

pesquisado­

resGustavoVallee

João Camargo

sobreaaudiência

pública

e a

judicialização

dasaúdeeseusreflexos na

jurisprudência

do

Supremo

Tribunal

Federal,

mostramqueadecisão foi

priorizar

medicamentos

existentesnoBrasil. Além

disso,

quando

omedica­ mentoou

procedimento

estáincluído na

política

pública

de saúdeehá

direito,

ele é

passível

deser

concedido

pela

justiça.

Mas, casonão

incluído,

o

sistema

judiciário

deve dar

prioridade

ao

coletivo,

para que o

poder

público

possa

jus-tificarsua

política

pública.

Em2011, aLei

12.401 sanciona­

da

pela presidente

Dilma Rousseffve­

tou o pagamento

de

medicamentos,

produtos

e

procedimentos

não autorizados

pela

Anvisa.Ela também

proibiu

a

dispensação

epaga­

mentode

medicamentos,

produtos

e

procedimen­

tossem

registro

naAnvisa. A

lei,

no entanto,não

obriga

o

judiciário

agir

demaneira

prioritária

a

pacientes

doSUSnadecisão de

proceder

com

pedi­

dos de medicamentos.

Processos

afetam

orçamento

do

SUS

Sem

critérios

econômicos,

juízes

autorizam

pedidos

de

cirurgias,

medicamentos

e exames

Se todostêm direito àsaúde,oEstadotemobrigaçãojurídicade prestaroserviço, afirmaojuizSilvio Orsatto

De

janeiro

a

julho

desteano, Santa Cata- outraforma. Este seriao chamado

problema

da

rinateve5.025novosprocessoscontrao

judicialização

da saúde. "Muitas vezes, os

juízes

Estado por

pedidos

de medicamentos e dãocausaa

pedidos

quecustammuitoparao es­

serviços

de assistência àsaúde

-cirur- tado. Por

exemplo, procedem

a

pedidos

de

próte­

gias,

exames e

consultas-,

tantopor

pacientes

do ses

importadas

de

quadril

quecustam46a50mil Sistema

Único

de Saúde

(SUS)

quantopor

aqueles

reais, enquanto

próteses

nacionaiscustam 12mil pertencentes aconvênios

particulares.

De acordo reais. Ovalor deuma

prótese importada

dariapara com aCentral de Gestão de Demandas

Judiciais

comprar três

daqui

e beneficiar três pessoas, em em

Saúde,

a

despesa

com asdecisões

judiciais

che- vezdeuma."

garama

aproximadamente

R$

90 milhões. Sóno O

juiz

SilvioOrsatto afirma que os

pedidos

de ano

passado,

oEstado

respondeu

a6.551processos fornecimento de

medicamentos, próteses,

órteses,

e arcou com

R$

135 �� �

autorização

de

cirurgias

milhões.

Atualmente, �

corresponde

a 15 mil / d � o numero eprocessos .:;;

ativos, nos

quais

são

fornecidos,

regular­

mente, a

prestação

em

serviços

de saúde ou medicamentos de uso

contíruo,

atendendo a

sentf1ças

deferidas.

Segundo

a Emen­ da Constitucional 29,

Santa Catarina deve

destinar,

no

mínimo,

12%dos recursos àse­

guridade social,

o que

inclui

previdência

so­

cial,

assistência social

e saúde

pública.

Nos

últimosanos,essapor­

centagem foi mantida

e, porisso,foram investidos

R$

1,9bilhãonototal.

Partedeste valorégastocom asaúde

pública

em

infraestrutura,

salário dos

profissionais,

medica­ mentos eatépara cobrirgastoscom processos de

denúncia.

O

advogado

daSecretariada

Saúde,

ValdirFer­ reira,afirmaqueosprocessosdedenúnciacontra

o Estado de Santa Catarina,

principalmente

os casosde

pedidos

de

medicamentos,

acabam con­

templando

casos que

poderiam

ser resolvidos de

.

Gastos (ioEstado de Santa Catarinacom

medicamentosetrak1mentos m�d,cos

ordenndosnasações Jut'lici<lis

Pe-fiodo ValordiAribuido 1001 .. "

RIIJ.acn,tO

lOot A'IS1.4n,Il tOOJ .,.. R't.a14.186,15 tOOAl ,.•.

RI6.510.04',48

1005 . .. R' 10.41S.7I6," t006 _ R'

tI.911.S47,JO

t007 RI �7.06l.ln,l. looa R'65.176"",01 to"

R'76.485.506,81

tOlO ."U" RI

9J.406.tM,5t

10 II RI E 01.000.008,00 tOlt .. . RI

rJI.OOO.OOO,OO

lOIS ..· ·H R' fJ:S.OOO.OOO,OO 1014'··· _-"..

R'89.879.1JSyOO

""""""'Ad__aJdaun::lOCAGUl"c..r_ ...�

dQ w� .iJdidaitIõI1ISísúdodi;;.br..à CafafÍ'ià

e exames não seguem

um critério

econômico,

seja

ele

público

ou

priva­

do. Ele diz que,setodos têmdireito à

saúde,

oEs­

tadotem

obrigação jurí­

dica deprestaro

serviço.

Avanços

dos direitos

nasaúde

pública

A

�tituição

Fede­ ral de1988defineasaú­

decomo "um direito de

todose dever do

Estado,

garantido

mediante po­ líticassociaiseeconômi­ casquevisemà

redução

do riscode

doença

e de

outrosagravoseao aces­ so universal

igualitário

às

ações

e

serviços

para sua

promoção, proteção

e

recuperação".

O Sistema

Único

deSaúde

(SUS)

é

responsável

poradminis­ trar os recursos

orçamentários

e financeiros que

são destinados anualmente à

saúde,

conforme a

Lei

Orgânica

da

Saúde,

de 1990. Por isso,o

pla­

nejamento

éfeitocom o

objetivo

de

atingir

maior

parteda

população,

deforma

igualitária.

Noen­

tanto,osgastoscom asaúde

pública ultrapassam

esse

planejamento

e muitasvezesnãoatendem a

todos da rede

pública,

visto queo recursoé

com-Análise das decisões

judiciais

A

judicialização

nasaúde étema recorrentede

profissionais

da áreaque analisam aconduta de

juízes

nos casosde

denúncia,

e se osprocessossão

relativos aárea

pública

ou

privada.

No

artigo

de Andréa Monteiro e Larissa Castrosobre

"Judicia­

lização

da saúde:causas e

consequências"

foram

analisadas

1.163

solicitações

de medicamentos individualizadasemSanta Catarinarealizadasen­

tre2003e 2004. Elas concluíram queos

serviços

privados

de saúde foram

responsáveis

por59%das

prescrições

eque60%dos remédios solicitadosnão estavam

registrados

naAnvisa,oque

significa

que

podem

gerar danos à saúde.

A mestre em saúde

pública

Miriam Ventura

analisou

1.263

processos

judiciais

de

pedidos

na

áreada saúde no Riode

Janeiro,

entre

julho

de 2007a

[unho

de 2008. Em

96,9%

das

decisões,

o

juiz

nãofez nenhuma

exigência

paraaconcessão,

firmando sua

convicção

somentenadocumenta­

ção

apresentada pelo

reivindicante.

AnaDomingues anadomingues.ufsc@gmail.com

"

ZERO,

setembro de2014 +

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