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A conciliação no Juizado Especial Cível como forma de acesso à justiça

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(1)

GRANDE DO SUL

RICARDO CANEPPELE

PRINCÍPIOS NORTEADORES E A CONCILIAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL COMO FORMA DE ACESSO À JUSTIÇA

Três Passos - RS

2014

(2)

RICARDO CANEPPELE

A CONCILIAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL COMO FORMA DE ACESSO À

JUSTIÇA

Monografia final do Curso de Graduação em

Direito

objetivando

a

aprovação

no

componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul.

DECJS – Departamento de Ciências Jurídicas e

Sociais

Orientador: MSc. César Busnello

Três Passos - RS

2014

(3)

Dedico este trabalho em especial aos meus

pais e a minha namorada pelo incentivo, pela

força,

pelo

apoio

e

a

confiança

que

depositaram em mim, e a todas as pessoas que

de uma forma ou outra me auxiliaram e

ampararam-me durante estes anos da minha

caminhada acadêmica.

(4)

AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida,

força e coragem.

Aos meus pais, que sempre me

incentivaram e me deram forças para que

eu seguisse em frente, para que eu

alcançasse os meus objetivos.

A minha namorada que sempre me

incentivou e me apoiou para que eu não

desistisse dos meus sonhos.

A todos que colaboraram de uma

maneira ou outra durante a trajetória de

construção deste trabalho, meu muito

obrigado!

(5)

“O princípio da democracia corrompe-se

quando se perde o espírito da igualdade.”

Montesquieu

(6)

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise primeiramente

sobre a expressão acesso à justiça, que tem como finalidade a busca do efetivo

acesso ao poder judiciário. Estudamos também a sua evolução histórica,

identificando os principais obstáculos para o efetivo acesso à justiça, sendo que os

principais obstáculos estudados são custas judiciais, a duração do processo e a

possibilidade das partes. Faz uma breve análise nos princípios informadores do

Juizado Especial Cível, sendo eles oralidade, simplicidade, economia processual e

celeridade. Logo após será estudado a origem da conciliação, as características de

um conciliador e seu objetivo. E para finalizar estudaremos a conciliação como forma

da efetiva prestação jurisdicional, sendo assim, uma alternativa para desafogar o

poder judiciário, e buscarmos as soluções de conflitos de forma célere, sempre

buscando a conciliação.

Palavras-Chave: Acesso à Justiça. Vingança Privada. Evolução. Falência das

Penas.

(7)

ABSTRACT

This work of monographic research analyzes primarily on the expression access to

justice, which aims to seek effective access to the judicial branch. We also study its

historical evolution, identifying the main obstacles to effective access to justice, and

that the main obstacles are studied court costs, the duration of the process and the

possibility of the parties. Briefly reviews the principles of the Small Claims Court

informants while they were speaking, simplicity, procedural efficiency and speed.

Soon after the origin of reconciliation will be studied, the characteristics of a

conciliator and your goal. And finally study as a way to reconcile the effective

adjudication, thus being an alternative to relieve the judiciary, and seek solutions to

conflicts swiftly, always seeking reconciliation.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 ACESSO À JUSTIÇA ... 11

1.1 Conceito ... 11

1.2 Evolução histórica ... 13

1.3 Principais obstáculos ao efetivo acesso à justiça ... 16

1.3.1 Custas judiciais ... 17

1.3.2 Duração do processo ... 20

1.3.3 Possibilidade das partes ... 22

2 PRINCÍPIOS NORTEADORES E A CONCILIAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

COMO FORMA DE ACESSO À JUSTIÇA ... 25

2.1 Princípio da oralidade ... 26

2.2 Princípio da simplicidade ... 27

2.3 Princípio da informalidade ... 28

2.4 Principio da economia processual ... 30

2.5 Princípio da celeridade ... 31

2.6 A conciliação como forma de Acesso à Justiça no Juizado Especial Cível ... 34

2.7 Objetivos da Conciliação ... 34

CONCLUSÃO ... 37

(9)

INTRODUÇÃO

Na presente monografia será estudada a conciliação no juizado especial civil

como forma de acesso à justiça.

Tendo como objetivo, ter uma melhor compreensão quanto ao acesso ao

poder judiciário, sempre buscando solucionar de forma célere os conflitos, através

da conciliação.

Para tanto, o primeiro capítulo aborda diretamente a expressão acesso à

justiça, que tem como finalidade a busca do efetivo acesso ao poder judiciário,

sendo que, será analisado de forma profunda o surgimento e o desenvolvimento de

uma nova abordagem dos problemas que o acesso à justiça representa nas

sociedades contemporâneas.

No primeiro capítulo, referente ao tema Acesso à Justiça, será abordado os

seguintes itens, conceito, evolução histórica, os seus principais obstáculos, sendo

eles as custas judiciais, a duração do processo e a possibilidade das partes.

Já o segundo capítulo, visando à solução dos problemas para termos um

acesso digno à justiça, será abordada a conciliação no Juizado Especial Cível como

forma de solucionar, agilizar, e ter um efetivo acesso ao poder judiciário.

No segundo capítulo será estudado os seguintes aspectos, os princípios

norteadores e a conciliação no juizado especial cível, pois falar em juizado especial

cível e não mencionar os seus princípios seria um tanto estranho, pois são eles que

nos orientam quanto ao procedimento dos juizados, portanto, será abordado de

forma individual cada princípio, conforme o art. 2º da Lei 9099/95, oralidade,

(10)

simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, assim buscando

sempre que possível a conciliação.

Ainda, no presente capítulo será estudado os Objetivos da Conciliação, pois a

conciliação é uma forma de desafogar o judiciário, é uma alternativa viável para

oferecer aos cidadãos uma justiça mais célere e efetiva, buscando sempre a solução

do litígio, ou seja, buscando sempre a conciliação. Sendo que, a várias vantagens de

se obter uma conciliação, pois está nas mãos das partes à decisão, possibilita

soluções criativas, viabiliza a reconciliação entre inimigos, assim minimizando uma

tensão social, é impede que o judiciário esteja sobrecarregado.

Portanto, a presente monografia tem por finalidade mostrar que a conciliação

é a melhor forma de solucionar conflitos, além do mais, é de forma simples, gratuita,

célere, sem formalidades e sem constrangimentos. A Conciliação colabora não

somente para solucionar os conflitos, mas também para termos um efetivo Acesso à

Justiça.

(11)

1 ACESSO À JUSTIÇA

No presente capítulo será abordado a expressão acesso à justiça, que tem

como finalidade a busca do efetivo acesso ao poder judiciário, a sua evolução

histórica e, por fim, os principais obstáculos para o efetivo acesso à justiça, dentro

dele será abordado as custas judiciais, a duração do processo e a possibilidade das

partes.

1.1 Conceito

A discussão referente ao “Acesso à Justiça” deve ser vista como um sistema

funcional e acessível a todos e com o direito legal de suas decisões.

O conceito de Acesso à Justiça, no pensamento de José Afonso da Silva

(ABREU, 2004, p. 38), é “O Direito de buscar proteção judiciária”, isto é, ”O Direito

de recorrer ao Poder Judiciário em busca da solução de um conflito de interesses”.

Segundo o entendimento de Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p.

12-13) há uma dificuldade na definição do conceito;

A expressão “acesso à Justiça” é reconhecidamente de difícil

definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do

sistema jurídico – o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar

seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do estado.

Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo,

ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente

justos. Nosso enfoque, aqui, será primordialmente sobre o primeiro

aspecto, mas não podemos perder de vista o segundo. Sem dúvida,

uma premissa básica será a de que a justiça social, tal como

desejada por nossas sociedades modernas, pressupõe o acesso

efetivo.

Ainda, na visão de Cappelletti (1988 p.12-13);

[...[ o acesso á justiça pode, portanto ser encarado como o requisito

fundamental – o mais básico dos direitos humanos... que pretenda

garantir e não apenas proclamar o direito de todos [...] o acesso não

é apenas um direito fundamental, crescentemente reconhecido; ele

é, também, necessariamente, o ponto central da moderna

processualística. Seu estudo pressupõe um alargamento e

aprofundamento dos objetivos e métodos da moderna ciência.

(12)

Já para Luiz Guilherme Marinoni, (1999, p. 25) “A temática do Acesso à

Justiça, sem dúvida, está intimamente ligada à noção de justiça social”. Marioni

(1999 p. 21-22) conceitua da seguinte forma;

A temática do Acesso à Justiça constitui a visão metodológica do

processualista que realmente considere a perspectiva constitucional.

É que o tema do Acesso à Justiça trabalha a teoria do processo a

partir da ideia da Democracia Social. O Acesso à Justiça é o rotulo

da teoria processual preocupada com a questão da Justiça Social,

justamente posta pela Democracia Social.

O autor José Cichocki Neto (2001 p. 61), conceitua a expressão Acesso à

Justiça, como sendo uma relação de conteúdo e funcionalidade, ainda o mesmo diz

que “não há como referir-se ao acesso à justiça sem se considerar o processo como

um instrumento de sua realização” bem como complementa da seguinte forma

(NETO, 2001 p. 61);

O “Acesso à Justiça” engloba um conteúdo de largo espectro: parte

da simples compreensão do ingresso do indivíduo em juízo,

perpassa por aquela que enforca o processo como instrumento para

a realização dos direitos individuais, e, por fim, aquela mais ampla,

relacionada a uma das funções do próprio Estado a quem compete,

não apenas garantir a eficiência do ordenamento jurídico; mas,

outrossim, proporcionar a realização da justiça aos cidadãos.

O autor nos traz outra concepção, outro entendimento do “acesso à justiça”

(NETO, 2001 p. 62);

Permeou-se da ideia de ser o processo um instrumento da jurisdição,

com escopos sócio-políticos-jurídicos perfeitamente definidos. Essa

perspectiva descobre realça os valores sociais e políticos do

processo, a par dos jurídicos. Essa perspectiva instrumentalista, ao

mesmo tempo em que ressaltou a condição do processo como

instrumento para a realização dos direitos através da jurisdição,

projetou seus escopos para além de sua finalidade jurídica; mas,

também, relevou o direito substancial como um dos fins alcançados

pela atividade jurisdicional.

O mesmo ainda complementa que (NETO, 2001 p. 63);

O acesso à justiça não implica somente na existência de um

ordenamento jurídico das atividades individuais e sociais mas,

concomitantemente, na distribuição legislativa justa dos direitos e

faculdades substanciais. Assim, no conceito de acesso à justiça,

compreende toda a atividade jurídica, desde a criação de normas

(13)

jurídicas, sua interpretação, integração e aplicação, com justiça. É

exatamente nesse sentido mais amplo que deve ser tomada a

expressão “acesso à justiça”.

José Cichocki Neto finaliza afirmando que essas perspectivas refletem ao

mesmo conceito despendido ao processo, na verdade, seria três perspectivas, a

primeira de caráter exímio interno, como fim em si mesmo, a segunda como um

instrumento da jurisdição, e a última como uma ferramenta ética para a realização da

jurisdição.

Portanto, verificando o conceito de acesso à justiça, necessário se faz o

estudo de sua evolução histórica.

1.2 Evolução histórica

Analisando a fundo a evolução histórica do conceito teórico de Acesso à

Justiça, em sua doutrina Adalberto Narciso Hommerding (2003, p. 58) nos traz a

seguinte informação;

O conceito de acesso à justiça, notadamente após a segunda

metade do século XIX, sofreu profundas alterações. A proteção

jurisdicional de caráter tão-somente formal, reflexo da filosofia

individualista, modificou-se. A estrutura formalista, sistema em que

aqueles que não tinham condições financeiras não podiam demandar

judicialmente, começou a desmoronar a partir do desenvolvimento da

sociedade. Abriu-se espaço aos direitos sociais em detrimento da

visão individualista de direitos.

Na mesma linha os autores Mauro Cappelletti e Garth Bryant (1988, p. 09)

destacam que;

O conceito de acesso à justiça tem sofrido uma transformação

importante, correspondente a uma mudança equivalente no estudo e

ensino do processo civil. Nos estados liberais “burgueses” dos

séculos dezoito e dezenove, os procedimentos adotados para

solução dos litígios civis refletiam a filosofia essencialmente

individualista dos direitos, então vigorantes. Direito ao acesso à

proteção judicial significativa essencialmente o direito formal do

indivíduo agravado de propor ou contestar uma ação. A teoria era de

que, embora o acesso à justiça pudesse ser um “direito natural”, os

direitos naturais não necessitavam de uma ação do Estado para a

sua proteção. Esses direitos eram considerados anteriores ao

Estado; sua preservação exigia apenas que o Estado não permitisse

(14)

que eles fossem infringidos por outros. O Estado, portanto,

permanecia passivo, com relação a problemas tais como a aptidão

de uma pessoa para reconhecer seus direitos e defendê-los

adequadamente, na prática.

Não preocupava ao Estado, se as pessoas não tinham capacidade de ter

acesso à justiça, pois, só era concedida e somente poderia ser obtida por quem

tivesse condições de pagar os seus custos, já aqueles que não tivessem condições

eram responsáveis por si só.

Adalberto Narciso Hommerding (2003, p. 58) ressalta que tal alteração sofrida

pelo conceito de acesso à justiça, deve-se a Constituição Política dos Estados

Unidos Mexicanos e também a Constituição de Weimar na Alemanha (1919),

vejamos;

Deve-se ressaltar que tal alteração deve-se em muito à Constituição

Política dos Estados Unidos Mexicanos (1997) e à Constituição de

Weimar na Alemanha em 1919. A partir daí consolidou-se o

entendimento de que não é suficiente assegurar os chamados

direitos individuais para se alcançar, efetivamente, a proteção do

individuo, pois é preciso considerá-lo não somente em sua dimensão

singular, como também há que se defendê-lo em sua condição

comunitária, social, sem o que lhe faltará o necessário resguardo.

Isto implica, portanto, amparar o indivíduo contra as distorções

geradas pelo desequilíbrio econômico, que o oprime.

Como vimos, o estado deve ter uma postura ativa, pois o mesmo deve se

preocupar, e alem disso garantir os direitos sociais básicos dos cidadãos, assim,

investindo em educação, saúde, moradia, etc.

Acrescenta ainda a doutrina de Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p.

10);

Mesmo recentemente, com raras exceções, o estudo jurídico

também se manteve indiferente às realidades do sistema judiciário.

Fatores como diferenças entre litigantes em potencial no acesso

prático ao sistema, ou a disponibilidade de recursos para enfrentar o

litígio, não eram sequer percebidos como problema. O estudo era

tipicamente formalista, dogmático e diferente aos problemas reais do

foro cível. Sua preocupação era frequentemente de mera exegese ou

construção abstrata de sistemas e mesmo, quando ia além dela, seu

método consistia em julgar as normas de procedimento à base de

sua validade histórica e de sua operacionalidade em situações

hipotéticas. As reformas eram sugeridas com base nessa teoria do

procedimento, mas não na experiência da realidade. Os estudiosos

(15)

do direito, como o próprio sistema judiciário, encontravam-se

afastados das preocupações reais da maioria da população.

Cappelletti e Garth, (1988, p. 10), afirmam que “À medida que as sociedades

do laissez-faire cresceram em tamanho e complexidade, o conceito de direitos

humanos começou a sofrer uma transformação radical.”, além do mais destacam

que (CAPPELLETTI, 1998 p.10-11);

A partir do momento que as ações e relacionamentos assumiram,

cada vez mais, caráter mais coletivo que individual, as sociedades

modernas necessariamente deixaram para trás a visão individualista

dos direitos, refletida na declaração de direitos, típicas dos séculos

dezoito e dezenove. O movimento fez-se no sentido de reconhecer

os direitos e deveres sociais dos governos, comunidades,

associações e indivíduos. Esses novos direitos humanos,

exemplificados pelo preâmbulo da Constituição Francesa de 1946,

são, antes de tudo, os necessários para tornar efetivos, quer dizer,

realmente acessíveis a todos, os direitos antes proclamados.

O autor Pedro Manoel Abreu, (2004, p. 46) em sua obra, cita Aristóteles e nos

informa aonde nasceram às primeiras discussões a respeito do Direito;

As primeiras discussões filosóficas sobre o Direito nasceram na

Grécia antiga, tomando forma, inclusive, a expressão isonomia que,

associada ao pensamento jus naturalista, influenciaria enormemente,

no futuro, a questão dos direitos humanos. A Escola Pitagórica

representava a justiça com a figura geométrica do quadrado, pela

absoluta igualdade de todos os seus lados. Aristóteles formulou a

teoria da justiça fundada na igualdade das razões influenciando pelo

pensamento pitagórico (sobre peso, medidas de igualdade e

proporcionalidade). Através da chamada régua de Lesbos, enunciou

o conceito de equidade.

Na mesma linha o autor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro (2000, p. 4)

complementa quanto às primeiras discussões filosóficas sobre o Direito;

A Grécia Antiga foi o berço das primeiras discussões filosóficas sobre

o direito que vieram a influenciar varias correntes no decorrer da

história. Especificamente no que interessa ao tema proposto , foi

naquela época que começou a tomar forma a expressão hoje

conhecida como isonomia, e cuja concepção, somada a correntes

filosóficas como a jus naturalista, teria grande influência no futuro, no

que concerne à questão de direitos humanos.

O autor destaca que (ABREU, 2004, p.47) “Atenas foi o berço da assistência

judiciária aos pobres, eram nomeados anualmente dez advogados para promoverem

(16)

a assistência jurídica, as pessoas tidas como carentes”.

Quanto ao primeiro Sistema Jurídico, o autor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro

(2000, p. 7) nos mostra que este veio a influenciar os sistemas do futuro,

especialmente o romano-germânico;

A influência do pensamento grego na cultura romana levou esta

última à construção, possivelmente, do primeiro sistema jurídico, que

veio a influenciar os sistemas do futuro, em especial aquele

conhecido como romano-germânico. Várias noções importantíssimas

são originárias daquela época, especialmente no que diz respeito ao

direito e à justiça, como a noção do patrocínio em juízo, a

necessidade da presença do advogado para o equilíbrio das partes

em litígio, e outras, que determinam a iniciativa de Constantino na

elaboração de uma lei que assegure o patrocínio gratuito aos

necessitados e que, posteriormente, veio a ser incorporado ao

Código de Justiniano.

Finalizando, no mesmo sentido Pedro Manoel Abreu (2004, p. 47) também

comenta a respeito de onde edificou-se o primeiro sistema jurídico;

A cultura romana, inspirada no pensamento grego, edificou-se o

primeiro sistema jurídico, influenciando, posteriormente, o sistema

romano-germânico. Nessa época surgirão noções importantes sobre

o Direito e a Justiça, como a exigência de patrocínio de advogado em

juízo para manter-se o equilíbrio entre as partes, culminando com a

lei Constantino assegurando o patrocínio gratuito aos necessitados,

incorporada ao Código de Justiniano.

Portanto, verificando a evolução histórica, passamos a identificar os principais

obstáculos ao acesso à justiça.

1.3 Principais obstáculos ao efetivo acesso à justiça

Quanto aos principais obstáculos ao efetivo acesso à justiça, José Cichocki

Neto (2001, p. 99) acredita que “os objetivos da experiência da prestação da tutela

jurídica não se limitam somente ao círculo jurídico-processual, pode-se afirmar que,

também, fatores exoprocessuais, externos ao processo, são capazes de obstar o

acesso à justiça”. Prossegue José Cichocki Neto (2001, p. 99), nos informando

aonde se localizam as limitações ao acesso à justiça.

(17)

Essas limitações ao acesso à justiça localizam-se, principalmente,

nas áreas política, social e econômico-financeira. No campo político,

emergem dos influxos do poder estatal em face dos limites das

liberdades, individuais e sociais, concedidas bem como, das opções

elegidas pelo ordenamento na disposição do equilíbrio desses

fatores;

em

sede

social,

das

condições,

características,

potencialidades e oportunidades concedidas aos indivíduos e aos

grupos sociais para maior abertura do acesso; e, finalmente, no

plano financeiro-econômico, das condições materiais em que se

encontram o próprio Judiciário e os usuários do sistema, em face dos

custos decorrentes de sua utilização. Quanto menores forem as

dificuldades nessas áreas, sensivelmente maiores serão as

oportunidades de aceso a justiça.

O autor complementa ainda, (NETO, 2001, p. 99) “A identificação dessas

circunstâncias constitui o primeiro passo para a solução das questões, referentes ao

acesso à justiça” além do mais, acrescenta que (NETO, 2001, p. 99) “Sem um

equacionamento desses problemas, fundado na realidade nacional, com certeza,

toda tentativa de superação das limitações poderá ser equivocada”.

Cappelleti e Garth (1988, p. 15) entendem que “Embora o acesso à justiça

venha sendo crescentemente aceito como um direito social básico nas modernas

sociedades, o conceito de “efetividade” é por si só, algo vago.” Garth e Cappelletti

(1988, p. 15) ademais acrescentam que;

A efetividade perfeita, no contexto de um dado direito substantivo,

poderia ser expressa como a completa “igualdade de armas” – a

garantia de que a conclusão final depende apenas dos méritos

jurídicos relativos das partes antagônicas, sem relação com

diferenças que sejam estranhas ao Direito e que, no entanto, afetam

a afirmação e reivindicação dos direitos. Essa perfeita igualdade,

naturalmente é utópica. As diferenças entre as partes não podem

jamais ser completamente erradicadas. A questão é saber até onde

avançar na direção do objetivo utópico e a que custo.

Necessário se faz destacar e identificar os principais obstáculos a serem

enfrentados, para ai sim obter uma solução para os mesmos, portanto, será

abordado três dos principais problemas para o efetivo acesso à justiça, sendo eles,

as custas judiciais, a duração do processo e a possibilidade das partes.

1.3.1 Custas judiciais

(18)

judiciais, nos informa que, “o valor das custas processuais assusta todos os

jurisdicionados, especialmente os menos favorecidos, razão pela qual já há estudos

demonstrando a necessidade de viabilizar a total gratuidade da justiça, mas, o

legislador ainda se mantém contrário a esse anseio”. Araújo (2001, p. 48-49)

complementa ainda que;

Nesse sentido, não basta apenas à previsão de tratamento igualitário

entre as partes, sem antes fornecer-lhes meios mínimos para

ingresso na justiça, inclusive de pagamento de valores acessíveis à

realidade de cada cidadão, sem falar na necessidade de “recursos e

armas técnicas”, promovendo o equilíbrio concreto.

Na mesma linha segue o entendimento de Cappelletti e Garth (1988, p. 16);

A resolução formal de litígios, particularmente nos tribunais, é muito

dispendiosa na maior parte das sociedades modernas. Se é certo

que o Estado paga os salários dos Juízes e pessoal auxiliar e

proporciona os prédios e outros recursos necessários aos

julgamentos, os litigantes precisam suportar a grande proporção dos

demais custos necessários à solução de uma lide, incluindo os

honorários advocatícios e algumas custas judiciais.

Cappelletti e Garth informam que (1988, p. 16) “O alto custo para as partes é

particularmente óbvio sob o Sistema Americano”. Os autores (1988, p. 16-7)

acrescentam ainda que;

Não obriga o vencido a reembolsar ao vencedor os honorários

despendidos com seu advogado. Mas os altos custos também agem

como uma barreira poderosa sob o sistema, mais amplamente

difundido, que impõe ao vencido os ônus da sucumbência. Neste

caso, a menos que o litigante em potencial esteja certo de vencer – o

que é de fato extremamente raro, dadas as normais incertezas do

processo – ele deve enfrentar um risco ainda maior do que o

verificado nos Estados Unidos.

Os autores, Cappelletti e Garth destacam que (1988, p. 18) “A mais

importante despesa individual para os litigantes consiste, naturalmente, nos

honorários advocatícios”.

Cappelletti e Garth comentam ainda referente às pequenas causas, e

entendem que (1988, p.19) “Causas que envolvem somas relativamente pequenas

são mais prejudicadas pela barreira dos custos” Cappelletti (1988, p. 19)

acrescentam ainda:

(19)

Se o litígio tiver de ser decidido por processos judiciários formais, os

custos podem exceder o montante da controvérsia, ou, se isso não

acontecer, podem consumir o conteúdo do pedido a ponto de tornar

a demanda uma futilidade.

José Henrique Mouta Araújo, em sua obra frisa que (2001, p. 49) “as

despesas efetuadas na fase probatória também servem de desestímulo para grande

parte da população”.

O autor também destaca (ARAÚJO, 2001, p. 50) “a questão envolvendo as

custas judiciais se hipertrofia quando se leva em conta a sucumbência”. Ademais, o

mesmo acrescenta que (ARAÚJO, 2001, p.50);

Realmente, em muitos casos o litigante com menor poder aquisitivo,

não ajuíza uma demanda com receio de ser derrotado. Nessas

hipóteses, ao menos que o demandante em potencial esteja certo ou

quase certo da vitória, há de enfrentar o risco inerente ao principio da

sucumbência, devendo adiantar praticamente todo o custo da

demanda, envolvendo a fase postulatória, instrutória e decisória, isso

sem falar na necessidade de novas custas quando pretender

promover demanda executória de sentença condenatória.

José Henrique Mouta Araújo, (2001, p.50) utilizando as palavras de Horácio

Wanderlei Rodrigues,(1994, p. 51) ressalta que;

Muitos dos problemas trazidos pela doutrina, e aqui enumerados,

podem ser resolvidos ou minimizados através da adoção de

instrumentos processuais adequados ou da interpretação finalística e

sistemática dos já existentes. Com relação à desigualdade

socioeconômica, não se pode eliminá-la através do direito, quer seja

processual ou material, mas se pode criar mecanismos,

principalmente no que se refere à assistência jurídica integral e

gratuita e à organização do Poder Judiciário, através dos quais essa

desigualdade não impeça os mais carentes de terem acesso à justiça

e nem seja prejudicados em juízo em razão das diferenças materiais

e existentes entre as partes.

Outrossim, o autor José Henrique Mouta Araújo, (2001, p.51) acredita que há

outro problema relacionado ao custo do processo, que seria a chamada “Advocacia

Extrajudicial”, que em suas palavras seria “referente a necessidade de

aconselhamento visando orientar os cidadãos quanto a existência de um direito”.

Ainda, o mesmo destaca que (ARAÚJO, 2001, p. 51);

(20)

Contudo, o fato é que há dificuldade para essa orientação

principalmente na camada mais humilde da população. Destarte,

essa dificuldade quanto ao conhecimento de seus direitos poderia

ser erradicada caso houvesse a difusão, nas classes menos

favorecidas, do acesso à orientação e informação jurídicas, sonho

este que paulatinamente está se tornando realidade, graças ao

trabalho que vem sendo feito pelo Ministério Público e a Defensoria

Pública de alguns Estados brasileiros.

Nesse sentido o autor Nelson Saule Junior, (1995, p. 163-164) afirma que;

Não é mais possível admitir que a população sem condições

econômicas e envolvida em casos muito menos prejudiciais para a

sociedade do que os grandes escândalos financeiros, que ocorrem

com frequência neste país, continuem sem a garantia de ter o direito

de acesso à justiça. Justiça compreendia não apenas como um

conjunto de Órgãos do Estado, mas também e principalmente com o

direito da população de ter uma vida digna.

Para finalizarmos o assunto referente às custas judiciais, e passarmos ao

estudo referente a duração do processo, José Henrique Mouta Araújo, elucida que

(2001, p.52); “A assistência jurídica gratuita e eficaz é instrumento indispensável

para a proteção dos direitos de toda a sociedade, em especial dos menos

favorecidos, aspecto que envolve não só a admissão do litigante em juízo, mas

também a celeridade na prestação da tutela Jurisdicional”. O mesmo (ARAÚJO,

2001, p.52) finaliza da seguinte forma;

Portanto, a tutela jurisdicional deve ser prestada – seja ela de forma

antecipada ou definitiva – de maneira imparcial e eficaz, atribuindo

ao demandante que efetivamente possuir o direito que é lamentado

em juízo. Em muito dos casos, esse direito teoricamente pertence ao

menos favorecido, não se verificando – o que se afirma de forma

lamentável – na prática.

Abordado o assunto referente às custas judiciais, passaremos a estudar o

obstáculo chamado a duração do processo, esse que infelizmente é uma realidade

ainda em nosso cotidiano a ser sanada.

1.3.2 Duração do processo

José Henrique Mouta Araújo (2001, p. 52), em suas palavras diz que “A

questão referente ao tempo de duração da litispendência também se apresenta

(21)

como um grande e real obstáculo a ser enfrentado”. Ainda Araújo (2001, p. 52)

acrescenta também que “a morosidade processual, que infelizmente é uma realidade

a ser superada, na maioria das vezes compromete a própria prestação jurisdicional e

desestimula o exercício do direito constitucional da ação”.

Cabe salientar, que a morosidade é um fator estimulante que colabora com a

descrença da população frente ao Poder Judiciário Brasileiro. Na mesma linha José

Henrique Mouta Araújo (2001, p.53) acrescenta que;

Não são poucas às vezes em que o cidadão comum se encontra

desestimulado a recorrer ao Judiciário por conhecer de sua lentidão

e despreparo de alguns serventuários. Como consequência, também

não são poucas em que o cidadão deixa de recorrer à Justiça por

conhecer os “males” provocados pela morosidade da duração da

relação jurídica processual. Quando isso ocorre, infelizmente a

demora na prestação jurisdicional servirá de incentivo à conduta

muitas vezes reprovável do réu, eis que poderá facilmente burlar um

direito estabelecido ao autor, apenas por ter ciência que a eventual

busca da atividade Jurisdicional apenas poderá ser concretizada

após um período considerável de tempo.

Para finalizar vejamos o entendimento de Cappelletti e Garth (1988, p.20);

Em muitos países, as partes que buscam uma solução judicial

precisam esperar dois ou três anos, ou mais, por uma decisão

exequível. Os efeitos dessa delonga, especialmente se considerados

os índices de inflação, podem ser devastadores. Ela aumenta os

custos para as partes e pressiona os economicamente fracos a

abandonar suas causas, ou a aceitar acordos por valores muito

inferiores àqueles a que teriam direito. A convenção Europeia para

Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais

reconhece explicitamente, no artigo 6º, parágrafo 1º que a Justiça

que não cumpre suas funções dentro de “um prazo razoável”, é para

muitas pessoas, uma Justiça inacessível.

Sem dúvidas, a morosidade processual é vista de uma forma nada agradável,

ela é uma das responsáveis pelo descrédito da obtenção da prestação jurisdicional

de forma célere e efetiva.

Como se percebe, ainda há muita coisa a ser feito em relação à duração do

processo, assim, se faz necessário buscar outras alternativas para termos uma

efetiva e ágil prestação jurisdicional.

(22)

1.3.3 Possibilidade das partes

Quanto à possibilidade das partes, se faz necessário dizer que é um ponto

importante no que diz respeito ao acesso à justiça, pois é de fato que alguns

litigantes obtêm vantagens em relação aos outros.

José Henrique Mouta Araújo (2011, p.55) entende que “a desigualdade

econômica no Brasil é um dos fatores que podem comprometer o alcance da ordem

jurídica justa”. Pois as pessoas que tem uma condição econômica mais

considerável, por óbvio tem vantagem para propor ou defender uma ação.

Nesse sentido José Henrique Mouta Araújo (2001, p. 55) complementa;

Com efeito, no que diz respeito a recursos financeiros, as pessoas ou

organizações que possuem recursos consideráveis a utilizar têm

vantagens óbvias ao propor ou defender uma ação. Podem, em

primeiro lugar, pagar bons advogados para as causas de seus

interesses, profissões com acesso a muitos livros, assinaturas de

bons periódicos jurídicos, utilização de modernas tecnologias e

profundo saber jurídico. Ademais, podem suportar a demora na

duração do litígio sem comprometer a sua estrutura organizacional,

visto que a duração da litispendência atinge mais de perto os que

detêm menor poder aquisitivo.

Assim percebe-se que, quem tem o melhor poder aquisitivo tem a

possibilidade de bancar gastos maiores e em consequência disso formular seus

argumentos com uma forma mais constituída e eficiente.

Já em relação aos que detêm de menor poder econômico, José Henrique

Mouta Araújo (2001, p. 55) acrescenta que;

Os que detêm de menos poder econômico são obrigados a ter de

lamentar a sua pretensão com profissionais na maioria das vezes

sem interesse na sua causa, em fase da ausência de pagamento

adiantado. Contudo, não se pode olvidar de constatar que a

organização das Defensorias Públicas dos Estados tem importante

papel na tentativa de superação do obstáculo ora analisado.

Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p. 21) em sua obra destacam que a

possibilidade das partes “é ponto central quando se cogita da denegação ou da

garantia de acesso efetivo”.

(23)

Cappelletti e Garth (1988, p. 21) tem o mesmo entendimento que José

Henrique Mouta Araújo, quanto à possibilidade das partes vejamos;

Pessoas ou organizações que possuam recursos financeiros

consideráveis a serem utilizados têm vantagens óbvias ao propor ou

defender demandas. Em primeiro lugar, elas podem pagar para

litigar. Podem, além disso, suportar as delongas do litígio. Cada uma

dessas capacidades, em mãos de uma única das partes, pode ser

uma arma poderosa; a ameaça de litígio torna-se tanto plausível

quanto efetiva. De modo similar, uma das partes pode ser capaz de

fazer gastos maiores que outra e, como resultado, apresentar seus

argumentos de maneira mais eficiente. Julgadores passivos, apesar

de suas outras e mais admiráveis características, exacerbam

claramente esse problema, por deixarem ás partes à tarefa de obter

e apresentar as provas desenvolver e discutir a causa.

Portanto, fica claro o entendimento de Cappelleti e Garth e José Henrique

Mouta Araújo, pois quanto mais recursos financeiros as pessoas tem, mais

vantagens têm de propor ação ou defender demandas.

Cappelletti e Garth (1988, p. 22) também abordam acerca da capacidade

jurídica processual e dizem que a mesma “se relaciona com a vantagem de recursos

financeiros e diferenças de educação, meio e status social, é um conceito muito rico,

e de crucial importância na determinação de acessibilidade da justiça”.

Os autores Cappelletti e Garth (1988, p. 25) em sua obra citam o professor

Galanter, o mesmo “desenvolveu uma distinção entre o que ele chama de litigantes

eventuais e habituais baseado na frequência de encontros com o sistema judicial”.

Cabe dizer que essa distinção feita por Galanter corresponde há indivíduos que tem

pouco contato com o sistema judicial, e com experimento judicial mais amplo.

Ainda, Cappelletti e Garth (1988, p. 25) nas palavras de Galanter dizem que

as vantagens dos litigantes habituais são numerosas;

Maior experiência com o Direito possibilita-lhes melhor planejamento

do litígio; o litigante habitual tem economia de escala, porque tem

mais casos; o litigante habitual tem oportunidades de desenvolver

relações informais com os membros da instância decisória; ele pode

diluir os riscos da demanda por maior número de casos; e pode

testar estratégias com determinados casos, de modo a garantir

expectativa mais favorável em relação a casos futuros.

(24)

litigantes organizacionais são mais eficientes que os indivíduos.

José Henrique Mouta Araújo, (2001, p. 58) finaliza dizendo que;

Essa desigualdade relativamente ao acesso pode ser atacada com

maior eficiência, se os indivíduos encontrarem maneiras de agregar

suas causas e desenvolver estratégias em comum, para tentar

superar as vantagens que possuem as grandes empresas

consideradas como litigantes habituais. Infelizmente esse tipo de

organização ainda se apresenta de forma tênue e sem grande

mobilização no âmbito da sociedade moderna, contudo, é digna de

registro.

Diante de todos esses entraves mencionados, se faz necessário buscar uma

forma de solucionar os obstáculos ao efetivo acesso à justiça, e para isso, será

abordado à conciliação no Juizado Especial Cível como instrumento de efetiva

solução dos conflitos, assim, deixando de lado a morosidade processual e buscando

sempre de forma simples e célere a solução integral do litígio.

(25)

2 PRINCÍPIOS NORTEADORES E A CONCILIAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL COMO FORMA DE ACESSO À JUSTIÇA

O art. 2.º da Lei 9.099/95, que, aliás, é a espinha dorsal de todo sistema do

Juizado Especial Cível, prescreve que:

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,

simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,

buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

Luiz Guilherme Marinoni (2005, p. 671) complementa da seguinte forma:

Todo o regime previsto nessa lei deve orientar-se por esses critérios,

sob pena de comprometer o sistema como um todo. As regras

dispostas a respeito do procedimento exigem que o intérprete que as

examina tenha em mente tais princípios, pois somente assim se

poderá adequadamente lidar e manejar o poderoso instrumento

previsto por essa lei.

Ainda, Ricardo Torres Hermann (2010, p. 48) ao tratar acerca dos princípios

norteadores do Juizado Especial Cível observa que:

Tais princípios informativos do processo do Juizado Especial Cível

não são novos, pois se encontram presentes também no processo

regulado pelo Código de Processo Civil. O que mostra inédito e

justifica considerar o processo do Juizado Especial Cível como um

microssistema autônomo é o emprego de novas técnicas processuais

nesse novo processo e a intensificação de aplicação desses

princípios.

Tourinho Neto e Figueira Jr. (2007, p. 734) em sua obra, explicam o que vêm

a ser o sistema dos juizados especiais;

Sistema de Juizados Especiais vêm a ser, portanto, um conjunto de

regras e princípios que fixam, disciplinam e regulam um novo método

de processar as causas cíveis de menor complexidade e as infrações

penais de menor potencial ofensivo. Uma nova justiça marcada pela

oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e economia

processual para conciliar, processar, julgar e executar, com regras e

preceitos próprios e, também, com uma estrutura peculiar, Juízes

togados e leigos, Conciliadores, Juizados Adjuntos, Juizados

Itinerantes, Turmas Recursais, Turmas de Uniformização.

(26)

procedimento eficaz, alcançando a celeridade e efetividade desejada, se, além de

observar os seus princípios informadores, buscar de forma incessante a eliminação

dos conflitos de forma amigável, ou seja, através da conciliação ou transação.

2.1 Princípio da oralidade

Conforme visto linhas atrás, a oralidade é um dos princípios fundamentais a

ser observado no procedimento dos juizados especiais. Luiz Guilherme Marinoni

(2005, p. 671) em sua obra nos traz que:

O procedimento nos juizados especiais é, eminentemente, oral. Aqui

efetivamente, ao contrário do que se observa em relação ao

processo comum – em que se prega a oralidade como princípio, mas

a prática demonstra exatamente o inverso, ou seja, que o processo é

estritamente escrito -, o procedimento é todo desenhado para se

desenvolver oralmente, reduzindo-se ao máximo as peças escritas e,

mesmo, a escrituração das declarações orais.

Na mesma linha, o autor Cássio Scarpinella Bueno (2014, p. 229) ressalta

que;

A oralidade significa o prevalecimento da palavra oral sobre a escrita.

Trata-se de princípio que, no âmbito dos Juizados Especiais, é muito

mais evidente do que no código de Processo Civil, a começar pela

possibilidade de o autor formular oralmente a sua petição inicial,

embora ela seja reduzida (e documentada) por escrito. À medida que

a informatização do processo tem ganhado cada vez mais espaço, a

oralidade fica ainda mais evidente pela total (ou, quando menos,

parcial) eliminação do papel.

Ressalta-se, assim, que o procedimento nos juizados especiais deve

prevalecer e desenvolver-se oralmente, evitando-se a morosidade na prestação

jurisdicional e sempre buscando a conciliação. Luiz Guilherme Marinoni (2005, p.

671) alerta também que a oralidade “contribui não apenas para acelerar o ritmo do

processo, como ainda para se obter uma resposta muito mais fiel à realidade.”

O contato direto com os sujeitos do conflito, com a prova e com as

nuances do caso permitem ao magistrado aprender de forma muito

mais completa a realidade vivida, possibilitando-lhe adotar visão mais

ampla da controvérsia e decidir de maneira mais adequada.

(27)

dos juizados especiais, evita toda uma burocracia e, consequentemente, acelera a

solução do conflito entre as partes.

Ricardo Torres Hermann (2010, p. 49) ilustra algumas hipóteses da Lei

9099/95, que retratam a valorização pelo legislador com a oralidade, vejamos;

A preocupação com a oralidade manifesta-se, não só, pela

identidade física do juiz, irrecorribilidade das decisões, concentração

em uma ou duas audiências e na irrecorribilidade das decisões

interlocutórias, características ressaltadas na lição de Chiovenda; Há

diversos aspectos no Juizado Especial Cível em que tal preocupação

com a oralidade vem retratada. Assim, por exemplo, quando se

permite que o pedido seja deduzido de forma oral e reduzido a termo,

também quando se permite a gravação de atos e registro apenas de

elementos essenciais dos autos, igualmente quando se autoriza a

concessão de mandato oral ao advogado.

Portanto, a presença da oralidade no procedimento dos juizados especiais,

além da celeridade e efetividade processual, garante uma prestação jurisdicional

mais próxima da realidade para as partes.

2.2 Princípio da simplicidade

Afirma Ricardo Torres Hermann (2010, p. 51) que “não resta a menor dúvida

que a simplicidade no procedimento do Juizado Especial Cível é uma de suas

maiores virtudes”.

Luiz Guilherme Marinoni (2005, pág. 673) entende que “a compreensão do

procedimento judicial, portanto, constitui-se em importante elemento para aproximar

o cidadão da tutela jurisdicional do Estado”. O autor ainda complementa da seguinte

forma:

O Juizado Especial busca facilitar essa compreensão, instituindo

procedimento simplificado, facilmente assimilável pelas partes, em

que se dispensam maiores formalidades e se impedem certos

incidentes do processo tradicional.

Ainda, no mesmo sentido o autor Cássio Scarpinella Bueno (2014, p. 230)

nos mostra que a simplicidade relaciona-se;

(28)

A simplicidade relaciona-se com a própria razão do ser do Juizado,

com o tipo de causas que são a eles reservadas, levando em conta,

a propósito, a distinção feita pelo n. supra, quanto à necessária

exclusão, da competência dos Juizados Especiais (de todo o

microssistema , importa frisar) das causas de maior complexidade.

A presença da simplificação nos atos processuais dos Juizados Especiais é,

também, uma das suas características fundamentais. Júlio Fabbrini Mirabete (1996,

p. 9);

[...] pela adoção do principio da simplicidade ou simplificação,

pretende-se diminuir tanto quanto possível a massa dos materiais

que são juntados aos autos do processo sem que se prejudique o

resultado da prestação jurisdicional, reunindo apenas os essenciais

num todo harmônico. Tem-se a tarefa de simplificar à aplicação do

direito abstrato aos casos concretos, quer na quantidade, quer na

qualidade dos meios empregados para a solução da lide, sem

burocracia [...]

A ideia principal do princípio da simplicidade é a de enfrentar e eliminar todos

os obstáculos e dificuldades burocráticas, procurando uma maneira simples e

objetiva de combater as complicações das causas apresentadas.

2.3 Princípio da informalidade

A função do princípio da informalidade é tornar o processo menos burocrático

mais acessível e mais rápido, sendo que tudo deve ser feito, na medida do possível,

de forma simples, sumária e desformalizada.

O autor Cássio Scarpinella Bueno (2014, p. 230), nos enriquece com o seu

entendimento referente à informalidade;

A informalidade é a ausência de formalismo e, menos que eles, de

quaisquer formalidades, que não possam justificar a proteção de

algum direito ou interesse mais relevante de qualquer das partes ou

das garantias da regularidade e do desenvolvimento do processo.

Aliás, Ada Pellegrini Grinover (1988, pág. 219) esclarece que tem sido

empregada sob duas definições distintas a disposição doutrinária à desformalização.

[...] de um lado, a desformalização do próprio processo, utilizando-se

a técnica processual em busca de um processo mais simples, rápido,

(29)

econômico, de acesso fácil e direto, apto a solucionar com eficiência

tipos particulares de conflitos de interesses. De outro lado, a

deformalização das controvérsias, buscando para elas, de acordo

com

sua

natureza,

equivalentes

jurisdicionais,

como

vias

administrativas ao processo, capazes de evitá-lo, para solucioná-las

mediante

instrumentos

institucionalizados

de

mediação.

A

desformalização do processo insere-se, portanto, no filão

jurisdicional, enquanto a desformalização das controvérsias utiliza-se

de meios extrajudiciais.

Assim, a desformalização assume um papel fundamental quanto à liberdade

de formas e instrumentalidade dos procedimentos, ressaltando, como já dito

anteriormente, a predominância de manifestações orais sobre as formas escritas.

Ricardo Torres Hermann (2010, pág. 52) exemplifica:

Exemplos disto são a possibilidade de o pedido e de sua contestação

serem deduzidos oralmente (arts. 14, §3º e 30, ambos da lei n.

9099/9095); mesmo quando assistidas por advogado, podem as

partes dirigir-se sem maior formalidade, ao Juiz Presidente ou ao

Juiz Leigo. Há uma proximidade muito maior com o julgador, o que

facilita a compreensão da decisão. Isso se manifesta inclusive

perante as Turmas Recursais Cíveis, em grau de recurso, não sendo

incomodo que a própria parte auxilie seu advogado na sustentação

oral.

Ricardo Torres Hermann (2010, p. 52) informa também, que “a própria lei

determina que o pedido seja deduzido de forma simples e em linguagem acessível

(art. 14, § 1º, da Lei. n. 9.099/1995)”. E continua da seguinte forma:

Ainda em prestígio à liberdade de formas: os atos processuais são

considerados válidos sempre que alcançarem seus objetivos, só se

pronunciando alguma nulidade em face de efetivo prejuízo (art. 13,

§1º); a citação da pessoa jurídica de direito privado pode ser feita por

intermédio da entrega da carta de citação ao encarregado da

recepção (art.18, inc. II); havendo pedido contraposto, pode-se

dispensar a contestação, utilizando-se os próprios argumentos da

inicial como resposta (art. 17, § único); a prática de atos processuais

em outras comarcas poderá ser solicitado por qualquer meio idôneo

de comunicação, independente de carta precatória (art. 13, § 2º); as

intimações podem ser feitas por qualquer meio idôneo, inclusive por

telefone(art. 19); as testemunhas devem comparecer independentes

de intimação (art. 3); a sentença há de ser redigida de forma simples

e concisa (art. 38).

Ainda, Ricardo Torres Hermann (2010, p. 52-53) anota como se dá o registro

do julgamento em segunda instância; o inicio da fase de cumprimento de sentença e

(30)

por ultimo a alienação de bens:

O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a

indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte

dispositiva e se a sentença for confirmada pelos próprios

fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 46); o

inicio da fase de cumprimento da sentença dá-se mediante simples

solicitação do interessado, que poderá ser verbal (art. 52, inciso IV);

a alienação de bens penhorados pode ser confiada à pessoa idônea

(art. 52, inciso VII); e é dispensada a publicação de editais na

alienação de bens de pequeno valor, hoje assim considerados os

que não excedam o valor de (60) sessenta salários mínimos, tendo

em vista o disposto no art. 686, § 3º, do CPC, combinado com o art.

52, VIII, da lei 9.099/1995.

Como se percebe tudo se desenrola de forma simples e sucinta. O julgamento

em segunda instância, bem como o inicio da fase de cumprimento, se dão de forma

simples, podendo até mesmo ser de forma verbal no caso do cumprimento de

sentença, além do mais é dispensado a publicação de editais no caso de alienação

de bens de pequeno valor, tudo isso dando maior celeridade ao desenrolar do

processo.

2.4 Principio da economia processual

Este princípio, sob o prisma do Juizado Especial, garante a isenção de custas

e despesas no processo (pelo menos em primeira instância) a todas as pessoas que

optarem por este procedimento para solucionarem algum litígio. Demócrito Reinaldo

Filho (1996. p. 36), ao cuidar do tema, citando o entendimento de Rogério Lauria

Tucci, aponta:

O princípio da economia processual tem no processo especialíssimo

dos Juizados Cíveis uma outra conotação, relacionada com a

gratuidade do acesso ao primeiro grau de jurisdição, em que fica

isento o demandante do pagamento de custas, e com facultatividade

de assistência das partes por advogado, que dizem, à evidência, com

o barateamento de custos aos litigantes fundamentado na economia

de despesas, que, com a de tempo e a de atos (economia no

processo, enfim), constitui uma das maiores preocupações e

conquistas do Direito Processual Civil moderno.

Ricardo Cunha Chimenti (2012, p. 41), nos traz importante contribuição

respeitante ao princípio da economia processual. Afirma ele que;

(31)

O princípio da economia processual visa à obtenção do máximo

rendimento da lei com o mínimo de atos processuais. Já o princípio

da gratuidade estabelece que, da propositura da ação até o

julgamento pelo juiz singular, em regra as partes estão dispensadas

do pagamento de custas, taxas ou despesas. O Juiz, porém,

condenará o vencido ao pagamento das custas e honorários

advocatícios no caso de litigância de má-fé (arts. 54 e 55 da Lei n.

9.099/95).

Luiz Guilherme Marinoni, (2005, p. 674) entende que;

A solução das controvérsias submetidas ao juizado especial exige,

para a sua eficácia mais completa, o menor gasto de dinheiro

possível. Para tanto, é necessário minimizar a quantidade de atos

processuais, evitando-se repetir os atos já praticados, quando isso

não seja indispensável para o legitimo desenvolvimento do processo.

Em atenção ao aproveitamento dos atos processuais, Luiz Guilherme

Marinoni (2005 p. 674), assinala que:

Não se deve, no juizado especial, repetir ato, ainda que nulo, que

tenha atingido sua finalidade, desde que obedecidas as garantias

fundamentais outorgadas às partes. Outrossim, é preciso privilegiar a

concentração dos atos processuais, empregando-se esforços para

que o processo todo possa desenvolver-se em uma única audiência

(art. 21 e 27, LJEE), desde a fase de conciliação, passando-se pela

sua instrução e imediato julgamento. Também nesse sentido, a prova

pericial pode assumir conotações diferenciadas, resumindo-se a uma

inspeção que pode ser realizada pessoalmente pelo juiz ou por

pessoa de sua confiança, sobre a pessoa ou a coisa que

interessarem a solução do litígio (art. 35, parágrafo único, LJEE).

Assim é que, a presença da concentração dos atos processuais no

procedimento do JEC é primordial para a busca de resultados efetivos,

ganhando-se, com isto, uma prestação jurisdicional mais rápida e menos onerosa, o que é

importante também para estimular o acesso à justiça.

2.5 Princípio da celeridade

O principio da celeridade visa dar maior agilidade ao processo, de forma

simples, buscando sempre a prestação jurisdicional no menor tempo possível.

(32)

A celeridade, por sua vez, deve também ser entendida no sentido

mais amplo do princípio que, desde a Emenda Constitucional n.

45/2004, passou a integrar expressamente o “modelo constitucional

do direito processual civil”, no art. 5º, LXXVIII, da Constituição

Federal. Considerando que, por definição, as causas destinadas aos

Juizados são mais simples que as demais, devem-se buscar

condições de a tutela jurisdicional ser prestada o mais rapidamente

possível. Celeridade, contudo, não significa, diante do que sustenta o

parágrafo anterior, mera velocidade na prática dos mais diversos

atos processuais. Também aqui a ideia é a de Eficiência Processual.

Como vimos, não devemos visar somente a celeridade, mas também

devemos obtermos uma maior eficiência na prestação da tutela jurisdicional.

Já, o autor Luiz Guilherme Marinoni (2005, p. 675) alerta que as causas de

menor complexidade afetas aos juizados especiais necessitam de uma solução

célere:

As causas submetidas aos juizados especiais de menor

complexidade (art. 98,I da CF) exigem solução célere. Na verdade, o

legislador está obrigado a instituir um procedimento que confira ao

cidadão uma resposta tempestiva, já que o direito de acesso à

justiça, albergado no art. 5º, XXXV, da CF, decorre do princípio de

que todos têm direito a uma resposta tempestiva ao direito de ir ao

juiz para buscar a realização de seus direitos.

Portanto, o rito concentrado e célere dos juizados especiais proporciona que a

resposta jurisdicional na entrega da solução da lide, seja verdadeiramente efetiva e

não imaginária.

Nesta linha, lembra muito bem Ricardo Cunha Chimenti (2012, p. 50), que a

perspectiva do Sistema dos Juizados é a celeridade processual, sem violar, contudo,

o princípio de segurança das relações jurídicas.

A maior expectativa gerada pelo Sistema dos Juizados é a sua

promessa de celeridade sem violação do princípio da segurança das

relações jurídicas. O critério foi elevado a direito fundamental pelo

inciso LXXVIII do art. 5º da CF, na redação da Emenda

Constitucional n. 45. O art. 98, I, da CF/88 denominou sumaríssimo o

procedimento inerente ao novo sistema, nome que desde o advento

da Lei n. 8.952/94 (que alterou o procedimento sumaríssimo para o

procedimento sumário o nome do Capítulo III do Título VII do Livro I

do CPC) é capaz de distinguir o novo rito daquele previsto nos arts.

275 a 281 do CPC.

(33)

E não é só, Ricardo Cunha Chimenti (2012, p. 50-51) destaca alguns

dispositivos da lei que permitem a agilização do processo.

a) Possuindo o Juizado Estadual estrutura capaz de absorver a

demanda, é possível a instauração imediata da sessão de

conciliação caso ambas as partes compareçam perante o juízo,

dispensados o registro prévio do pedido e a citação (art. 17 da Lei n.

9.099/95). A regra permite que hipóteses como aos Juizados

Especiais Cíveis, sem a necessidade da prévia elaboração de

ocorrência policial; b) a apresentação de defesa, a produção de

provas, a manifestação sobre os documentos apresentados, a

resolução dos incidentes e a prolação de sentença, sempre que

possível, devem ser feitas em uma única audiência (arts. 28 e 29 da

Lei n. 9.099/95). É o principio da concentração dos atos em

audiência.

Ricardo Cunha Chimenti (2012, p. 51) destaca ainda, a proibição da

intervenção de terceiros no sistema do juizado espacial Cível:

c) é vedada a intervenção de terceiros e a assistência (são comum

os indeferimentos de pedidos de denunciação da lide a seguradoras

nos Juizados Especiais Cíveis), a fim de que as relações jurídicas

que não estejam imediatamente vinculadas à ocorrência sejam

afastadas do processo. Admite-se o litisconsórcio (art. 10 da Lei n.

9.099/95).

Daí que as intervenções de terceiros são vedadas no sistema do Juizado

Especial, uma vez que só se admite o litisconsórcio, afastando, assim, as relações

jurídicas que não estão ligadas efetivamente a ocorrência.

(34)

2.6 A conciliação como forma de Acesso à Justiça no Juizado Especial Cível

Os princípios fundamentais em companhia com a conciliação foram instituídos

pelo legislador da Lei 9099/95, justamente para dar presteza ao processo, ou

melhor, para solucionar os conflitos de forma rápida e eficaz, deixando de lado a

morosidade que tanto traz descrédito para a população.

A possibilidade de conciliar as partes é fator importante e facilitador da

celeridade processual.

O autor Paulo Cezar Pinheiro Carneiro (2000, p. 233), nos informa quanto à

operosidade no Juizado Especial Cível;

a) A conciliação deverá ser priorizada e realizada por profissionais

versados na arte da mediação e da negociação, com a criação pelo

Poder Judiciário de quadros próprios para tal mister, preferentemente

de juízes leigos ou juízes de paz,com mandatos temporários.

Ainda complementa Cássio Scarpinella Bueno (2014, p. 232) que “A

conciliação poderá ser conduzida por magistrado, por juiz leigo ou, ainda, por

conciliador por orientação do primeiro. Se a conciliação for obtida ela será reduzida a

escrito e homologada pelo magistrado”.

A conciliação, aliás, é um dos pilares do Juizado Especial Cível. É o meio que

faz com que aconteça agilidade na prestação jurisdicional. Possibilita que os

processos não fiquem parados esperando uma solução. Faz com que as pessoas

resolvam suas contendas de forma mais rápida possível, através do diálogo na

resolução dos conflitos. Oportunizada a conciliação, as pessoas podem conversar de

forma pacífica, buscando um consenso para ter a solução efetiva da lide, evitando,

com isto, a morosidade que, aliás, todos temem quando acionam o Judiciário.

2.7 Objetivos da Conciliação

A conciliação é uma das alternativas do Estado-juiz a fim de dar mais

celeridade e ao mesmo tempo maior eficiência a prestação jurisdicional.

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