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Erosão potencial no Parque Natural de Montesinho, NE Portugal: uma discussão sobre processos actuantes e factores condicionantes

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Academic year: 2021

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Tendencias Actuales de la Ciencia del Suelo N. Be//infánte & A. Jordán (ed1·.): Sevi//a, 2007 ISBN 978-84-690-4129-1

Erosao potencial no Parque Natural de

Montesinho, NE Portugal:

urna

discussao sobre

processos actuantes e

factores

condicionantes

T. DE FIGUEIRED0

1,

F. FONSECA

1,

A. GUERRA

1,

C.

NOGUEIRA

1,

J.P.

CASTR0

2

&

J

.

CASTR0

2

1 Dcpartam~nto d~ (icociencias. 2 Departamento Floresta!.

Esenia Superior Agrária de Hragan~a. /\panado 1172, 5301-S55 Hragan~a. Portugal.

Resumo

O extremo Nordeste de Portugal é uma área de elevados valores ambientais e paisagísticos, juntando aos ele carácter natural exemplos de utiliza<¡:ao jucliciosa do território. Nesta área, em 1979 foi definida uma faixa de cerca de 75 OOOha ao longo da fronteira nacional, designada de Parque Natural de Montesinho (PNM). É um território activo do ponto de vista socio-económico, sendo a agricultura a principal actividade dos seus habitantes. Como úrea protegida, é objecto ele atenc;ao especial quanto aos impactos ambientais decorrentes da utilizac;ao do território e suas mudanc;as. Devido ao relevo movimentado desta área, uma das formas de degradac;ao da terra mais expressivas é a erosao hídrica. Neste contexto, uma carta de risco de erosao potencial dos solos pode constituir-se como importante instrumento de planeamento e gestao do território.

Este trabalho tem por objectivos analisar e discutir a distribuic;ao espacial da crosao potencial no PNM.

A carta de solos doNE de Portugal incluí uma carta de risco de crosao dcsta regiao, desenhada com metodología inspirada na Equac;ao Universal de Pcrda de Solo. Esta carta tomou-sc como referencia relativamente ao potencial de crosao intcr-sulcos. O risco potencial de erosao linear toi estimado a partir das características da rede de drenagem natural (designadamente da textura de drenagem), porque elas representam os percursos do escoamcnto concentrado e sao elas próprias expressao de processos de erosao linear. Os elementos de análise utilizados neste trabalho foram pois as duas cartas de erosao potencial indicadas. as que !hes deram origem (clima, topogratia, litologia e solos) e a carta de uso actual da terra. Todas estas cartas sao parte ou derivam de um SIG reunindo esta e outra infonna<;ao georclcrcnciada relativa ao PNM.

(4)

Em síntese, os resultados do trabalho mostram que a susceptibilidade potencial á

perda de solo nao é, como tendencia neste território, coincidente no que rcspeita aos

processos erosivos laminar e linear, sugerindo que os factores que afectam os dois processos scjam cm parte distintos. Avan<;am-se aquí algumas hipóteses, com base

em evidencias e interpreta<;oes geomorfológicas, para explicar estcs resultados.

Abstract

The most North-eastern part of Portugal is an arca of high natural values, alongside

with humanized landscapes and judicious land-use examples. In 1979, a strip of

about 750 km2 along the national border was detlned as the Montesinho Natural

Park (PNM). lt is a socio-cconomically active territory wbere most peoplc have

agricultura! activity. As a protected arca, much attention has to be paid Lo

cnvironmental impacts of land use, misuse and changc. A major environmental

threat is w·ater eros ion, mostly because of the rolling topography. In this eontext, a potential erosion map of the Park is, theretore, an important planning and

management too!.

This work aims at analysing and discussing spatial distribution of erosion risk in Montesinho Natural Park.

Thc soilmap ofNE Portugal includes an erosion risk map ofthe area, built upon an

USLE type of approach. This was taken as a reference of interrill erosion potential.

On the other hand, linear erosion potential risk was derived from natural drainage

nctwork charactcristics (namely drainage texture), because thcy reprcsent runoff

water concentration palhways and are themselves an expression of linear erosion

processes. Elements of analysis include these two potential erosion maps, those from

which they were des1gncd (climate, litbology, topography, soil) and the land-usc map. AJI of them are par! in a consisten! GIS platform. assembling geo-referenced data concerning PNM arca.

In briet: results show, as trcnd in this territory, that most arcas potentially prone to

soil loss are not coinciden! whcn considcring intcrrill or linear erosion processes.

Apparently, factors affecting resistancc of thc landscapcs to cither process do not

entirely match. Geomorphologically groundcd hypothcsis are prcsented to explain

these tinclings.

lntrodu~ao

O extremo Nordeste de Portugal é uma área de elevados valores ambientais e

paisagísticos. juntando aos de carácter natural exemplos de utiliza¡;ao judiciosa do

território. Nesta área, em 1979 foi definida uma faixa de cerca de 75 OOOha ao longo

da frontcira nacional, designada de Parque Natural de Montesinho (PNM). É um território activo do ponto de vista socio-económico. tendo a agricultura uma

exprcssao significativa como actividade dos seus habitantes. Como área protegida, é

objecto de aten<;ilo especial quanlo aos impactos ambientais dccorrcntcs da

utiliza¡;ao do território e suas mudan<;as. Devido ao relevo movimentado desla área.

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contexto, uma carta de risco de erosao potencial dos solos pode constituir-se como

importante instrumento de planeamento e gestao do território.

Este trabalho tem por objectivos analisar e discutir a distribuic;ao espacial da erosao

potencial no PNM.

Material

e

métodos

A cana de solos doNE de Portugal (Agroconsultores e Coba, 1991) incluí uma carta de risco de erosao dcsta regiao, desenhada com metodología inspirada na Equac;ao Universal de Perda de Solo, EUPS (Wischmeier & Smith, 1978). Aí, o risco de erosiío potencial, cm cada unidade cartográfica de solos, é representado em 5 classes e para a sua dcterminac;ao concorrem os efeitos da erosividade (estimada por via de

relac;ao estabelecida regionalmente entre precipitac;ao anual e o factor R da EUPS, Figueiredo & Gonc;alves, 1990). da erodibilidade (estimada cm cada unidadc

cartográfica aplicando a metodología da EUPS com informac;ao morfológica e analítica dos perfis representativos correspondentes; ver também Figueiredo, 1990),

e da topografia (efeito estimado considerando os declives dominantes na unidade

cartográfica de solos). Cada um dos 3 factores foi classificado (3 classcs para o

primeiro, 4 para o segundo e 6 para o terceiro) e a cada classe foi atribuído um

coeficiente, a reter para efeitos do respectivo produto. Este, por sua vez, foi

classiticado nas já aludidas 5 classes, cuja distribuic;ao espacial se tomou como referéncia relativamente ao potencial de erosao inter-sulcos. Na verdade, a condi<;:ao

potencial de erosao na EU PS obtém-se neutralizando o eteito protector da cobertura

vegetal, a que acresce o tacto de este modelo nao representar, de todo, os processos

erosivos lineares.

O risco potencial de erosao linear foi estimado a partir das características da rede de drenagem natural ( designadamente da textura de drcnagcm), porque e las

representam os percursos do escoamento concentrado e sao elas próprias expressao

de processos de erosao linear (Morgan, 1986, p. 63). A textura da rede de drenagem natural determino u-se contando o n" de linhas de á gua de 1" ordem identificadas e m quadrícula quilométrica

a

escala 1 :25 000, sendo classiticada de acordo com o proposto por Zachar ( 1982, p. 33 1) para graduar a densidade de ravinamcnto: baixa ( < 4 ), moderada ( 4 a 16, dividida cm subclasses 4 a 7, X a 12 e 13 a 16) e severa (> 16 linhas de água de 1" ordem/Km2).

Os elementos de análise utilizados neste trabalho toram pois as duas cartas de erosao

potencial indicadas, as que !hes deram origem (clima, topografia, litología e solos) e a carta de uso actual da terra. Todas estas cartas sao parte ou derivam de um SIG

rcunindo esta e outra intormac;ao georeferenciada relativa ao PNM.

Neste trabalho retoma-se alguma informac;ao já tratada em trabalhos anteriores (Figueiredo, !990; Figueiredo & Fonseea, 1 997), de novo assimilada e vertida no

Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho, documento em discussao,

para o qual contribuíram os dois últimos autores e o primeiro.

(6)

Resultados

Os principais tópicos a reter da análise etectuada mostram-sc nas tiguras 1 a 6. Os

riscos de crosao potencial sao moderados a elevados, num tcrritório onde solos

delgados e relevo ondulado a movimentado. sao também indicadores de

morfogénesc activa.

Os resultados mostram ainda que a susceptibilidade potencial

a

perda de solo nao é,

como tendencia neste território, coincidente no que respeita aos proccssos erosivos

laminar e linear, sugerindo que os factores que afuctam os dois processos sejam em

parte distintos.

C.lmtt:.XJ.>;. l t U~l~C": -l:.r.t.l";c..:.c.~ -lu~it~"""" 10 O 10 20 K1lometers

~~~~~~--~

r:igura l. Os solos do Parque Natural de Montesinho: Unidades Principais.

sistema

r:

AO ( 1 987).

Luvi Ah

Ruvi LkTbn wln AIUVI Bási Grani

2.4 0.5 0.2 cos e as tos

~~~

11.2 6,4 M¡Jrra taos OISII 6.1 Lepto- cos Sedl solos 37.4 m::n 88.6 61.4 e as tares

(a) Umdades F1"1ncipa1s (b) Unidades Secundimas (e) Lrtolog1a 0,9 1,1

Figura 2. Os solos do Parque Natural de Montesinho: 'Yo úrea ocupada por (al

Unidades Principais: (b) Unidades Secundúrias, sistema FAO ( 19X7).

incluindo os Luvissolos crómicos no grupo dos Eutricos e os Alissolos

háplicos no dos Dístricos; (e) Litologías dominantes nas Unidades

(7)

906

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Figura 3. Risco de Erosao Potencial (intersulcos) no Parque Natural de Montesinhu. <800 >1400 11.0 4,0 14 00-1000-

.

crJ

~~o

g

800 33.0 200 -1000 (a) EroS1v1dade (SI) 38,0

0

~0

(9

30

0.0>55

. 32 o

0. 055-0,D30 61.0

(b) Erod1b1lidade (SI)

<5->12- 6%

~~

:~

(9

9

,7

5-6% a 1 2-15% ¡(e) Decl1vc ll'éd1o 18.0

Figura 4. Risco de Erosiio Potencial (intersulcos) no Parque atural de Montesinho: 'Yo área associada aus factores condicionantes (a) Erosividade

(Factor R da EUPS. ern unidades SI, Fig.ueiredo, 1990); (b) Erodibilidade (factor K da EUPS, unidades SI, Figueiredo, 1990); (e) Declive médio dominante na Unidadc Cartográlica de Solos (bascado na classifica~ao das

(8)

_ _ Linhas de água de 1' Ordem _ _ Linhas de água de Ordem superior

Figura 5. Recte hidrográfica do Parque Natural de Montcsinho (a textura da redc drcnagem natural, medida pelo 11° de linhas de água de 1" ordcm/Km2,

toma-se como indicador do risco de erosao linear).

Nulos Muito elevado 0.2 6.0 Reduzido 10.7 Be vado 38 3 M:xlerado 44.9 severa rmderada (b3) 9.5 rmderada (b2) 36 9 bmxa (a) 10.4 rroderada (b1) 37,4

Figura 6. Risco de Erosao Potencial no Parque Natural ele Montesinho: 'X, áre:~

associada as classes ele erosao laminar (intcr-sulcos) e linear (ravinamcnto).

Avanc;am-se aqui algumas hipóteses, com base cm evidencias e interpret<H;:oes geomorfológicas, para explicar estes resultados (ver também Figueiredo & Fonscca,

1997):

a) A rede hidrográfica é mais antiga que a instala¡;ao da vcgetac;ao climácica. Neste

caso, nao sera o de esperar di fcren¡;as notórias entre tipos de coberto vegetal ( mais o u

menos protector) no que diz respeito á textura da rede de drenagcm, aqui tomada como indicador de potencial de crosao linear. Em terreno cultivado, a sedimentac;:ao

nos talvegucs por via das opcrac;oes de mobilizac;ao poderá ter camut1ado as estruturas naturais de drenagcm, reduzindo a evidencia de erosao linear nessas áreas

- as de maior risco de erosao laminar. Ainda que pontualmente, sao postas a descoherto algumas ravinas ''fósseis" com a abertura de v<tlas e trincheiras na regiao.

(9)

b) A redc hidrográfica é mais recente que a instalac;:ao da vegetac;:ao climácica. Neste c3so, n ocorrencia de textura de drenagcm mais fina em áreas de menor

erodibilidade dos solos (e também de menor risco de erosao laminar) será resultado

de mecanismos de incisao nao associados ao escoamento superficial. A incisao

resultará entao da saturac;:ao dos solos, da sua percla de coesiio e deslizamento

localizado de terreno. Há evidencia deste tipo ele incisocs na regiao.

Nao existem ainda cstudos sobre clata<;:ao que perrnitam contirmar qualqucr das

hipóteses avanc;:adas.

C

onclusoes

Em síntese, os resultados do trabalho mostram que a susceptibiliclade potencial ¡] perda de solo nao é. como tendencia neste território, coincidente no que respcita aos processos erosivos laminar e linear. sugerindo que os tactores que afcctam os dois processos sejam e m parte distintos. A vanr,:am-se aqui algumas hipóteses. com base cm evidencias e interpretac,:ocs geomorfológicas, para explicar estes resultados.

Referencias

Agroconsultorcs e COBA ( 1991 ). Carta dos Solos, Carta do Uso Actual da Terra e Carta de Aptidao da Terra do Nordeste de Portugal. UT AD/PDRITM, Vil a Real.

FAO/UNESCO ( 1987). Soil Map of the World, Revised Legcnd. Amended Fourth

Oran. FAO. Roma.

Figucrcido. T.d'A.F.R. de. ( 1990). Aplicac;:ao da Equac;:ao Universal de Perdl! etc

Solo na estimativa da Erosao Potencial: o caso do Parque Natural de

Montesinho. ESA, IPI3. Braganc;a.

Figuereiclo, T. de, & Gon¡,;alves, D.A. ( 1990). A erosividade da precipitac;:Jo no

interior de Trás-os-Montcs: distribuic,:ao espacial do factor R da cquac;ao

universal de percla de solo l!Stimado por modelo de Arnoldus. Pedon 9: 136-161. Figuereido. T. de. & Fonseca, F. ( 1997). Les sois, les processus d'érosion et

l'utilisation de la tcrre en montagnc au Nord-Est du Portugal: Approche

cartographique sur quclques zones du Pare Naturcl de Montesinho. Réseau Erosion Bulletin 17:205-217.

Margan, R. P.C. ( 19X6). Soil Erosion and Conservation. Longman, Essex.

Wischmcier. W.H., & Smith. D. O. ( 1978). Prediction Rainfall Erosion Losses.

USDA. Washington, OC.

Lachar, D. ( 19R2). Soil Erosion. Elscvier. Amsterclam.

Referências

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