• Nenhum resultado encontrado

augustofredericoburleneto

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "augustofredericoburleneto"

Copied!
51
0
0

Texto

(1)Universidade Federal de Juiz de Fora PROFMAT - Mestrado Profissional em Matem´atica em Rede Nacional. Augusto Frederico Burle Neto. Potˆencia de Expoente Irracional: Uma aula para os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio. Juiz de Fora 2013.

(2) Augusto Frederico Burle Neto. Potˆ encia de Expoente Irracional: Uma aula para os alunos da 3a s´ erie do Ensino M´ edio. Disserta¸ca˜o apresentada ao Programa de P´os-gradua¸ca˜o PROFMAT (Mestrado Profissional em Matem´atica em Rede Nacional) na Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obten¸c˜ao do grau de Mestre. Orientadora: Sofia Carolina da Costa Melo. Juiz de Fora 2013.

(3) Burle, Augusto Frederico Neto. Potˆencia de Expoente Irracional: Uma aula para os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio Augusto, Frederico Burle Neto. - 2013. 50f. Disserta¸c˜ ao (Mestrado Profissional em Matem´atica em Rede Nacional) Universidade Federal de Juiz de Fora, 2013. 1. Matem´ atica. 2. Irracional. 3. Sequˆencia. 4. Limite. I. T´ıtulo..

(4) Augusto Frederico Burle Neto. Potˆ encia de Expoente Irracional: Uma aula para os alunos da 3a s´ erie do Ensino M´ edio. Disserta¸c˜ao aprovada pela Comiss˜ao Examinadora abaixo como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica pelo Mestrado Profissional em Matem´atica em Rede Nacional na Universidade Federal de Juiz de Fora.. Prof. Dra. Sofia Carolina da Costa Melo (Orientadora) PROFMAT Instituto de Ciˆencias Exatas - UFJF. Prof. Dr. Regis Castijos Alves Soares J´ unior PROFMAT Instituto de Ciˆencias Exatas - UFJF. Prof. Dr. Augusto C´esar de Castro Barbosa PROFMAT Instituto de Matem´atica e Estat´ıstica - UERJ. Juiz de Fora, 04 de abril de 2013..

(5) AGRADECIMENTOS. Agrade¸co a minha orientadora Sofia que me disponibilizou tempo precioso do seu trabalho para me dar suporte seguro e atencioso. Agrade¸co tamb´em a minha esposa Marina por sua paciˆencia e compreens˜ ao nos meus momentos de tens˜ao e ansiedade. N˜ao poderia tamb´em deixar de agradecer a CAPES pela concess˜ao da bolsa..

(6) RESUMO. Este trabalho de conclus˜ ao de curso apresenta uma proposta de aula sobre potˆencia de expoente irracional para alunos da terceira s´erie do Ensino M´edio. A defini¸c˜ao de tal conte´ udo envolve o conceito de limite de sequˆencia, que ´e um tema n˜ao pertencente ao conte´ udo program´atico da imensa maioria das escolas brasileiras. Aqui, a proposta ´e abord´a-lo de uma maneira acess´ıvel aos alunos do Ensino M´edio. No final deste trabalho s˜ao feitas as demonstra¸c˜oes formais que embasam tudo que na aula foi mostrado sem o devido rigor matem´atico. Palavras-chave: Matem´ atica. Irracional. Sequˆencia. Limite..

(7) ABSTRACT. This course conclusion work proposes a lesson about the power of irrational exponent for high school students. The definition of such content covers the limit of sequence concept, which does not constitute the curriculum of almost every Brazilian schools. This work aims at approaching the subject in an accessible to high school students. At the end, formal demonstrations are made to theorize the subjects presented in class without the proper mathematical formality. Key words: Mathematics. Irrational. Sequence. Limit..

(8) ´ SUMARIO. ˜ 1 INTRODUC ¸ AO ˜ 2 CONSIDERAC ¸ OES INICIAIS. 9 10. 2.1. OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 10. 2.2. ´ PUBLICO ALVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 10. 2.3. ´ PRE-REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 10. 2.4. MATERIAIS E TECNOLOGIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 10. 2.5. ˜ ´ RECOMENDAC ¸ OES METODOLOGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 11. 2.6. DIFICULDADES PREVISTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 11. 2.7. ˜ GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DESCRIC ¸ AO. 11. 2.8. POSS´IVEIS DESDOBRAMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 12. ˜ NOS LIVROS DA EDUCAC ˜ BASICA ´ 3 A POTENCIAC ¸ AO ¸ AO. 13. 3.1. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE NATURAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 13. 3.2. ˜ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PROPRIEDADES DA POTENCIAC ¸ AO. 13. 3.3. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE INTEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 14. 3.4. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE RACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 14. 3.5. ´ NUMEROS IRRACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 15. 3.6. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE IRRACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 16. ˆ 4 PROPOSTA DE AULA SOBRE POTENCIA DE EXPOENTE IRRACIONAL. 20. 4.1. ˜ CONSIDERAC ¸ OES SOBRE A PROPOSTA DE AULA . . . . . . . . . . . . . .. 20. 4.2. ˆ SEQUENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 21. 4.3. ˆ LIMITES DE SEQUENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 21.

(9) 4.4. ˆ ˆ CONVERGENCIA DE SEQUENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 23. 4.5. ˜ DE POTENCIA ˆ CONCEITUAC ¸ AO DE EXPOENTE IRRACIONAL . . . . . .. 26. 5 CONCEITOS FORMAIS. 38. ˜ 6 CONSIDERAC ¸ OES FINAIS. 49. ˆ 7 REFERENCIAS. 50.

(10) 9. 1. ˜ INTRODUC ¸ AO. No Ensino M´edio ´e estudado o conceito de fun¸c˜ao exponencial, cujo dom´ınio ´e apresentado como sendo todos os n´ umeros reais, os quais englobam os inteiros, os racionais e os irracionais. Por´em, geralmente, s´ o s˜ ao definidas as potˆencias de expoentes inteiros ou racionais. V´arios livros did´aticos de Ensino M´edio abordam fun¸c˜ao exponencial simplesmente omitindo a extens˜ao para expoente irracional. O grau de dificuldade que apresenta a defini¸c˜ao de potˆencia de expoente irracional ´e o principal motivo para que tal t´ opico n˜ao seja estudado neste n´ıvel de escolaridade, n˜ao tendo sido inclu´ıdo no curr´ıculo do Ensino M´edio. Apesar desse empecilho, este trabalho de conclus˜ ao de curso se prop˜ oe a apresentar uma aula de potˆencia de expoente irracional para alunos da terceira s´erie do Ensino M´edio. Este trabalho est´ a dividido da forma que apresentamos a seguir. O cap´ıtulo 2 ´e composto das seguintes se¸c˜oes: objetivos, p´ ublico alvo, pr´e-requisitos, materiais e tecnologias, recomenda¸c˜ oes metodol´ogicas, dificuldades previstas, descri¸c˜ao geral e poss´ıveis desdobramentos. No cap´ıtulo 3 s˜ ao apresentadas as propriedades da potencia¸c˜ao e os conceitos de potˆencias de expoente natural, inteiro e racional. Al´em disso, ´e mostrado como alguns livros did´aticos da Educa¸c˜ ao B´ asica abordam o conceito de n´ umero irracional e como alguns livros do Ensino M´edio tratam, sem defini-las, as potˆencias de expoente irracional. No cap´ıtulo 4 ´e mostrada a aula sobre a potˆencia de expoente irracional para os estudantes da terceira s´erie do Ensino M´edio. No cap´ıtulo 5 ´e feita a demonstra¸c˜ao formal do que foi ensinado nessa aula, sendo portanto um conte´ udo que n˜ ao ´e apresentado aos alunos. O cap´ıtulo 6 trata da expectativa quanto ao rendimento dos alunos da terceira s´erie do Ensino M´edio em rela¸c˜ ao ` a aula de potˆencia de expoente irracional..

(11) 10. 2. 2.1. ˜ CONSIDERAC ¸ OES INICIAIS. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho de conclus˜ao de curso ´e apresentar ao aluno da terceira s´erie do. Ensino M´edio alguns conceitos de An´alise que possibilitem, nessa fase de aprendizado, o estudo de potˆencia de expoente irracional. Para tal, ´e necess´aria uma abordagem que permita ao aluno aprender conceitos cuja nota¸c˜ ao formal ´e mat´eria espec´ıfica do Ensino Superior. H´a uma lacuna no ensino de fun¸c˜ao exponencial, uma vez que o aluno aprende a tra¸car o gr´afico de fun¸c˜ oes exponenciais mas geralmente n˜ao tem contato com n´ umeros que s˜ao imagens de elementos irracionais do dom´ınio dessas fun¸c˜oes. Pretendemos preencher essa lacuna conceituando ideias matem´ aticas desconhecidas pelo aluno com uma terminologia que ele seja capaz de compreender, valendo-se dos conhecimentos adquiridos at´e essa s´erie. Portanto, a explica¸c˜ ao dos sucessivos passos dessa abordagem que prescinde do formalismo da linguagem matem´ atica ´e o objetivo desse trabalho. 2.2. ´ PUBLICO ALVO A proposta dessa aula de potˆencia de expoente irracional destina-se a estudantes da 3a s´erie. do Ensino M´edio. 2.3. ´ PRE-REQUISITOS Os conte´ udos que s˜ ao pr´e-requisitos para que os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio com-. preendam a aula sobre potˆencia de expoente irracional s˜ao: resolu¸c˜ao de equa¸c˜oes e inequa¸c˜ oes do 1o e do 2o grau, resolu¸c˜ ao de inequa¸c˜oes modulares, fun¸c˜ao quadr´atica, fun¸c˜ao exponencial e m´etodo de demonstra¸c˜ ao por absurdo. 2.4. MATERIAIS E TECNOLOGIAS Para o desenvolvimento da aula ´e necess´aria uma calculadora, pois algumas divis˜oes feitas. `a m˜ao consumiriam um tempo demasiado, sem nenhum ganho pedag´ogico..

(12) 11 2.5. ˜ ´ RECOMENDAC ¸ OES METODOLOGICAS S˜ao necess´ arios trˆes tempos de quarenta e cinco minutos para a aula sobre potˆencia de. expoente irracional para os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio.. 2.6. DIFICULDADES PREVISTAS A maioria dos alunos que chegam ao Ensino M´edio n˜ao est˜ao habituados a raciocinar, a des-. cobrir sozinhos as solu¸c˜ oes de determinados problemas, enfim tem pouca base para compreender conceitos matem´ aticos mais complexos presentes no Ensino M´edio. Sendo assim, ´e previs´ıvel que o desenvolvimento da aula de potˆencia de expoente irracional apresente aspectos que boa parte dos alunos tenha dificuldade de compreender. Justamente por isso ´e que o conceito de potˆencia de expoente irracional, que envolve a no¸c˜ao de limite de sequˆencia, ´e abordado na aula da forma menos formal poss´ıvel.. 2.7. ˜ GERAL DESCRIC ¸ AO A aula come¸ca com a revis˜ ao das propriedades da potencia¸c˜ao e da potencia¸c˜ao com expoente. racional. Em seguida, ´e mostrado como os n´ umeros irracionais e as potˆencias de expoente irracional s˜ ao abordados nos livros did´aticos. ´ importante que os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio entendam que cada n´ E umero real ´e igual ao limite de uma sequˆencia de n´ umeros racionais que converge para esse n´ umero real. 3, 000; ...), o n´ umero √ 5, 333; ...) e o n´ umero 2 ´e igual ao limite. Por exemplo, o n´ umero 3 ´e igual ao limite da sequˆencia (3, 0; 5, 333 . . . ´e igual ao limite da sequˆencia (5, 0;. 5, 33;. da sequˆencia (1, 4;. 1, 41421;. 1, 41;. 1, 414;. 1, 4142;. 3, 00;. 1, 414213; ...).. Assim, para podermos conceituar potˆencia de expoente irracional, ´e necess´aria inicialmente uma abordagem de n´ umero real (em particular, de n´ umero irracional) como o limite de uma sequˆencia. Para compreender essa defini¸c˜ao o aluno deve ser apresentado antes aos conceitos de sequˆencia e limite de sequˆencia. Ap´os definirmos sequˆencia, apresentamos alguns exemplos de sequˆencias convergentes e de sequˆencias divergentes para o aluno perceber a no¸c˜ao de limite de sequˆencia. Em seguida, definimos n´ umero irracional como sendo o limite de uma sequˆencia de racionais que converge para esse irracional. Apresentamos ent˜ao, na forma de propriedade das sequˆencias convergentes, a defini¸c˜ ao de limite de sequˆencia, sem formalizar demais, ou seja sem o uso das nota¸c˜oes no , ε. Tamb´em sem sermos rigorosos na formaliza¸c˜ao, definimos sequˆencia de Cauchy. Em seguida, apresentamos a defini¸c˜ao formal de potˆencia de expoente real, que engloba o.

(13) 12 caso de expoente irracional. Para que essa defini¸c˜ao proceda, mostramos que ax existe, sendo a um n´ umero positivo e ax o limite da sequˆencia aXn , onde Xn ´e uma sequˆencia de racionais que converge para o n´ umero real x. Antes dessa demonstra¸c˜ao, para ela ser poss´ıvel, apresentamos dois teoremas segundo os quais toda sequˆencia convergente ´e uma sequˆencia de Cauchy e toda sequˆencia de n´ umeros reais de Cauchy ´e convergente.. 2.8. POSS´ IVEIS DESDOBRAMENTOS Em um projeto de inicia¸c˜ ao cient´ıfica para alunos do Ensino M´edio, com boa base em. Matem´atica, seria interessante que, na aula de potˆencia de expoente irracional, se abordasse mais formalmente o conceito de limite de sequˆencia. Nesse caso, o cap´ıtulo 4 desse trabalho de conclus˜ ao de curso, a menos de algumas demonstra¸c˜oes, poderia fazer parte dessa aula. Pouqu´ıssimos col´egios no Brasil incluem limite, tanto de sequˆencia quanto de fun¸c˜ao, em sua matriz curricular do Ensino M´edio. Certamente, ´e muito proveitoso para o aluno que ingressa em uma faculdade da ´ area de Ciˆencias Exatas j´a ter obtido, durante o Ensino M´edio, algum tipo de conhecimento sobre limite. Quanto mais formalmente, melhor..

(14) 13. 3. ˜ NOS LIVROS DA EDUCAC ˜ BASICA ´ A POTENCIAC ¸ AO ¸ AO. No in´ıcio deste cap´ıtulo s˜ ao definidas as potˆencias de expoente natural, inteiro e racional e tamb´em s˜ ao apresentadas as propriedades da potencia¸c˜ao. Em seguida, ´e mostrado como alguns livros did´ aticos da Educa¸c˜ ao B´ asica abordam os n´ umeros irracionais. No final ´e apresentada a forma como alguns livros did´ aticos do Ensino M´edio tratam das potˆencias de expoente irracional, sem defini-las.. 3.1. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE NATURAL Sejam a um n´ umero real e x um n´ umero natural. Definimos a potˆencia de a de expoente. natural x como sendo o n´ umero: ax = a.a.a . . . a.a} {z | x fatores. 3.2. ˜ PROPRIEDADES DA POTENCIAC ¸ AO Devemos recordar as seguintes propriedades relativas `a potencia¸c˜ao: I) ax+y = ax .ay II) (ax )y = ax.y III) (a.b)x = ax .bx Vamos demonstr´ a-las: I) ax+y = ax .ay ax .ay = a.a . . . .a} . a.a . . . .a} = a.a . . . .a} = ax+y | {z | {z | {z xf atores II) (ax )y = ax.y. yf atores x + yf atores.

(15) 14 (ax )y = |ax .ax{z. . . ax} = a.a . . . .a} . a.a . . . .a} . a.a . . . .a} = axy | {z | {z | {z yf atores. xf atores xf atores xf atores |. {z. x . y f atores. }. III) (a.b)x = ax .bx x x (a.b)x = a . b . . . a . b} = a | . b . . . a{z | . a{z. . . . a} . b| . b{z. . . . b} = a .b. xf atores. xf atores. xf atores. As trˆes propriedades tˆem que valer n˜ao s´o para potˆencias de expoente natural, como para as de qualquer expoente real.. 3.3. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE INTEIRO Sejam a um n´ umero real n˜ ao nulo e x um n´ umero natural. Temos que a0 = 1, pois: a0+x = a0 .ax (usando a propriedade I) ax = a0 .ax a0 =. ax =1 ax. Como x ´e um n´ umero natural, −x ´e um inteiro negativo. Logo, se o expoente for um n´ umero 1 inteiro negativo, ent˜ ao a−x = x , pois: a ax+(−x) = ax .a−x (usando a propriedade I) a0 = ax .a−x 1= ax .a−x a−x =. 3.4. 1 , pois ax 6= 0 ax. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE RACIONAL. Sejam a um n´ umero real positivo, x um n´ umero natural e n um n´ umero natural maior que √ x n x 1. Ent˜ao a n = a , pois: x. ax = a n .n x. ax = (a n )n (usando a propriedade II) Extraindo a raiz de ´ındice n em ambos os membros, obtemos o resultado esperado..

(16) 15 x x ´e um n´ umero racional positivo, − ´e um racional negativo. Logo, se o expoente n n for um n´ umero racional negativo, ent˜ao: Como. a. −x n. x. 1 x , pois: an. = x. a− n + n = a0 = 1 x. x. x. x. a− n .a n = a− n + n = 1 (usando a propriedade I) x 1 x pois a n 6= 0 n a x 1 Logo, a− n = √ n x a x. a− n =. Devemos ressaltar que, no caso de expoente racional, h´a necessidade de se fazer a restri¸c˜ ao da base a ser positiva. Se consider´ assemos a possibilidade de a ser negativa, ter´ıamos determinadas √ 1 potˆencias de expoente racional que n˜ao seriam n´ umeros reais, como por exemplo (−4) 2 = −4.. 3.5. ´ NUMEROS IRRACIONAIS Vejamos agora como alguns livros did´aticos da Educa¸c˜ao B´asica apresentam os n´ umeros. irracionais. Observe que n˜ ao s˜ ao citados nem n´ umeros irracionais que n˜ao possuem uma lei de forma¸c˜ao e nem potˆencias de expoente irracional. Segundo Iezzi, G.; Dolce, O.; P´erigo, R. (1998, p.8), temos: Assim como existem n´ umeros decimais que podem ser escritos como fra¸c˜ oes, com numerador e denominador inteiros - os n´ umeros racionais, que acabamos de ver - h´ a os que n˜ao admitem tal representa¸c˜ao infinita peri´odica. Vejamos alguns exemplos: 1 - O n´ umero 0,212112111... n˜ao ´e d´ızima peri´odica, pois os algarimos ap´ os a v´ırgula n˜ao se repetem periodicamente. 2 - O n´ umero 1,203040... tamb´em n˜ao comporta representa¸c˜ao fracion´ aria, pois n˜ ao ´e d´ızima peri´odica. √ √ 3 - Os n´ umeros 2 = 1, 4142135..., 3 = 1, 7320508... e π = 3, 141592..., por n˜ ao apresentarem representa¸c˜ao infinita peri´odica, tamb´em n˜ao s˜ao n´ umeros racionais. Um n´ umero cuja representa¸c˜ao decimal infinita n˜ao ´e peri´odica ´e chamado de n´ umero irracional.. Segundo Machado, A. S. (1998, p.40), temos: H´ a n´ umeros que podem ser escritos na forma decimal com infinitas casas decimais e n˜ ao s˜ ao peri´odicos. Verifica-se que esses n´ umeros n˜ao s˜ao racionais (n˜ ao podem ser obtidos por divis˜ao de dois inteiros). Eles s˜ao denominados n´ umeros irracionais. S˜ ao exemplos de n´ umeros irracionais: √ 2 = 1, 4142135... √ 10 = 3, 1622776....

(17) 16 √ 4. 6 = 1, 5650845.... π = 3, 1415926... (raz˜ao entre o comprimento e o diˆametro de uma circunferˆencia) e = 2, 7182818284... (conhecido como n´ umero de Euler - Leonard Euler 1707/1783) √ 1 − 2 = −0, 4142135... −14, 123112311123.... Segundo Bianchini, E.; Paccola, H. (2004, p.50-51), temos: Os n´ umeros racionais tamb´em n˜ao s˜ao suficientes para indicar todas as situa¸c˜ oes. Considere, por exemplo, um quadrado de lado 1. Aplicando o teorema agoras, determinamos que a medida da diagonal desse quadrado ´e √ √de 2Pit´ 2(( 2) = 12 + 12 ). √ Mostremos que 2 n˜ao ´e um n´ umero racional. √ umeros p e q De fato, se 2 fosse racional, ent˜ao deveriam existir dois n´ √ √ p primos entre si, tal que 2 = , ou seja, p = q 2. q Elevando ambos os membros ao quadrado, temos p2 = 2q 2 . Logo p2 ´e par e consequentemente p ´e par, pois se p fosse ´ımpar, p2 tamb´em seria ´ımpar. Fazendo p = 2k(k ∈ Z), temos: 4k 2 = 2q 2 ⇒ 2k 2 = q 2 . Logo, q 2 ´e par e ent˜ao q ´e par. O fato de p e q serem pares nos mostra qua a suposi¸c˜ao de que p e q s˜ ao primos entre si ´e falsa. √ √ p p Logo, n˜ ao existe o n´ umero racional , tal que 2 = . Portanto, 2 n˜ ao q q ´e um n´ umero racional. De um modo geral, toda raiz cuja representa¸c˜ao decimal n˜ao ´e exata, assim como todo n´ umero cuja forma decimal n˜ao ´e exata nem peri´odica, n˜ ao s˜ ao n´ umeros racionais. A esses tipos de n´ umeros chamamos de n´ umeros irracionais. Vejamos outros exemplos de n´ umeros irracionais: a) Escritos na forma decimal: 0,373373337...; 0,412413414...; 2,121221222...; π = 3,14159 √ √ √ 2√ √ √ 4 b) Escritos na forma de radical : 5, − 3, 3 4, 6 5, 2, 23 3 O fato de sempre existir, entre dois n´ umeros racionais, um outro n´ umero racional n˜ ao significa que os n´ umeros racionais preencham completamente os pontos da reta num´erica, o que vale dizer que existem pontos da reta que n˜ ao representam n´ umeros racionais. A esses pontos associamos os n´ umeros irracionais.. 3.6. ˆ POTENCIA DE EXPOENTE IRRACIONAL Vejamos agora alguns exemplos da forma como alguns livros did´aticos do Ensino M´edio. tratam das potˆencias de expoente irracional. Observe que, em nenhum momento, essas potˆencias s˜ao definidas. Os livros citam simplesmente aproxima¸c˜oes dessas potˆencias, visto que a defini¸c˜ ao de potˆencia de expoente irracional envolve o conceito de limite de sequˆencia, que n˜ao ´e abordado.

(18) 17 nos livros did´ aticos da Educa¸c˜ ao B´ asica. Segundo Iezzi, G.; Dolce, O.; Murakami, C. (2004, p.21-22), temos: Dados um n´ umero real a > 0 e um n´ umero irracional α, podemos construir, com base nas potˆencias de expoente racional, um u ´nico n´ umero real positivo aα que ´e a potˆencia de base a e expoente irracional α. √. quais s˜ao os valores racionais Seja por exemplo a potˆencia 3 2 . Sabendo √ aproximados por falta ou por excesso de 2, obtemos encia os √ em correspondˆ valores aproximados, por falta ou por excesso de 3 2 (potˆencias de base 3 e expoente racional, j´a definidas): A1. A2. B1. 2. 31. 1, 4. 1, 5. 31,4. 31,5. 1, 41. 1, 42. 31,41. 31,42. 1, 414. 1, 415. 31,414. 31,415. 1, 4143 }. 1,4142 |3. 1. 1, 4142 |. {z √ 2. B2 32. {z √. 3. 31,4143}. 2. Defini¸c˜ ao Sejam a ∈ R, a > 0 e α um n´ umero irracional; consideremos os conjuntos: A1 = {r ∈ Q/r < α} e A2 = {s ∈ Q/s > α} Notemos que: a) todo n´ umero de A1 ´e menor que qualquer n´ umero de A2 ; b) existem dois racionais r e s tais que r < α < s e a diferen¸ca s − r ´e menor que qualquer n´ umero positivo arbitr´ario. Em correspondˆencia aos conjuntos A1 e A2 , consideremos os conjuntos B1 = {ar /r ∈A1 } e B2 = {as /s ∈A2 }. Se a > 1, demonstra-se que: a) todo n´ umero de B1 ´e menor que qualquer n´ umero de B2 ; b) existem dois n´ umeros ar e as tais que a diferen¸ca as - ar ´e menor que qualquer n´ umero positivo arbitr´ario. Nessas condi¸c˜oes, dizemos que ar e as s˜ao aproxima¸c˜oes por falta e por excesso, respectivamente, de aα e que B1 e B2 s˜ao classes que definem aα . Se 0 < a < 1, tudo acontece de forma an´aloga. Exemplos de potˆencias com expoente irracional: √. 2. √ 2 , 4 3,.  1+√2 √ √ √ √ 2 5π , , (7)1+ 2 , (7)− 2 , ( 2) 3 3. Se a = 0 e α ´e irracional e positivo, daremos a seguinte defini¸c˜ao especial 0α = 0 Observa¸c˜oes 1a ) Se a = 1, ent˜ao 1α = 1, ∀ α irracional..

(19) 18 2a ) Se a < 0 e α ´e irracional e positivo, ent˜ao o s´ımbolo aα n˜ao tem significado. √ √ √ √ Exemplos: (−2) 2 , (−5) 3 e (− 2) 3 n˜ao tem significado. 3a ) Se α ´e irracional e negativo (α < 0), ent˜ao 0α n˜ao tem significado. 4a ) Para potˆencias de expoente irracional s˜ao v´alidas as propriedades (P).. Segundo Dante, L. R. (2011, p.218), temos: √. 2 Vamos agora dar uma id´eia de como caracterizar, por √ exemplo, 2 . Tomamos as aproxima¸c˜oes racionais do n´ umero irracional 2, que s˜ao 1; 1, 4; 1, 41; 1, 414; ..., e temos definidas as potˆencias com expoente racional 21 ; 21,4 ; 21,41 ; 21,414 ; .... ` medida que: A 1; 1, 4; 1, 41; 1, 414; ... se aproximam de. √. 2,. 21 ; 21,4 ; 21,41 ; 21,414 ; ... se aproximam de 2. √. 2.. Usando a calculadora: 21 = 2; 21,4 = 2, 639015; 21,41 = 2, 657371; 21,414 = 2, 664749. Obtemos assim, por aproxima¸c˜ao de racionais, a potˆencia ax , com x irracional e a real positivo. Potˆencia com expoente real Lembrando-se que a uni˜ao dos n´ umeros racionais com os irracionais resulta nos n´ umeros reais, chegamos `as potˆencias com n´ umeros reais mantendo as propriedades j´a mencionadas. Observe algumas potˆencias com expoente real:. 3. 5 6. √. 2. 3. 7π. √. ( 3). √. 2.   √5 2 3.  −√2 1 2. 54. 7−2. . 2 2 5 − 3. 80. Segundo Iezzi, G.; Dolce, O.; Degenszajn, D.; P´erigo, R.; Almeida, N. (2010, p.170), temos: Vamos agora dar o significado `as potˆencias do tipo ax , em que a ∈ <∗+ e o expoente x ´e um n´ umero irracional.  √7 √ √ √ √ 1 2 5 3 Por exemplo: 2 , 2 , 10 , , 4− 5 , . . . 2 √. Seja a potˆencia 2 2 . √ Como 2 ´e irracional, vamos considerar aproxima¸c˜oes racionais para esse n´ umero por falta e por excesso e, com auxilio de uma calculadora cient´ıfica, obter o valor das potˆencias de expoentes racionais: √ Por falta 21 = 2 21,4 ∼ = 2, 639 21,41 ∼ = 2, 657 21,414 ∼ = 2, 6647 21,4142 ∼ = 2, 6651 .. .. 2∼ = 1, 41421356 Por excesso 22 = 4 √ √ 3 21,5 = 2 2 = 8 = 2 2 ∼ = 2, 828 1,42 ∼ 2 = 2, 675 21,415 ∼ = 2, 6665 21,4143 ∼ = 2, 6653 .. ..

(20) 19 √ Note que, `a medida que os expoentes se aproximam de 2 por valores racionais, tanto por falta quanto por encias tendem √ excesso, os valores das potˆ a um mesmo valor, definido por 2 2 , que ´e aproximadamente igual a 2,665. Seja a ∈ R, a > 0. J´ a estudamos os diferentes tipos de potˆencias ax com x racional ou irracional. Em qualquer caso ax > 0, isto ´e, toda potˆencia de base real positiva e expoente real ´e um n´ umero positivo. Para essas potˆencias continuam v´alidas todas as propriedades apresentadas nos itens anteriores deste cap´ıtulo..

(21) 20. 4. 4.1. ˆ PROPOSTA DE AULA SOBRE POTENCIA DE EXPOENTE IRRACIONAL. ˜ CONSIDERAC ¸ OES SOBRE A PROPOSTA DE AULA No Ensino Fundamental o aluno aprende que um n´ umero irracional ´e um n´ umero que possui. infinitas casas decimais, sem a ocorrˆencia de um per´ıodo, ou seja, sem que, a partir de uma ´ explicado para os determinada casa decimal, um ou mais algarismos passem a se repetir. E alunos que todo n´ umero irracional n˜ao pode ser escrito na forma de fra¸c˜ao com numerador √ √ e denominador inteiros. Alguns n´ umeros irracionais s˜ao exemplificados, como 2, 4 3, π e o √. n´ umero de Euler e. Por´em, n˜ ao s˜ ao nem citados pelos professores n´ umeros irracionais como 3. 2.. Dessa forma, o aluno conclui o Ensino Fundamental sem ter tido nenhum contato com potˆencias de expoente irracional. Na 1a s´erie do Ensino M´edio, as fun¸c˜oes exponenciais s˜ao apresentadas aos alunos. Como o dom´ınio das fun¸c˜ oes exponenciais ´e o conjunto dos n´ umeros reais, nessa etapa de suas vidas √. escolares os alunos deveriam ter contato com n´ umeros como 3. 2,. por´em deveriam ser alertados. pelo professor que a defini¸c˜ ao formal dessas potˆencias de expoente irracional lhes seriam apresentadas somente na 3a s´erie, quando eles estariam mais maduros para compreendˆe-la. Dessa forma, os alunos concluiriam o Ensino M´edio sem ficar com essa lacuna na aprendizagem da po√. tencia¸c˜ao, podendo, assim, n˜ ao s´ o determinar as primeiras casas decimais de 3 √. o significado de 3. 2,. como conhecer. 2.. Neste cap´ıtulo, apresentamos a proposta de aula sobre potˆencia de expoente irracional para os alunos da 3a s´erie do Ensino M´edio. Como o conceito de potˆencia de expoente irracional envolve a no¸c˜ ao de limite de sequˆencia, inicialmente conceituamos sequˆencia. Em seguida, ´e apresentada a id´eia de limite de sequˆencia, atrav´es de exemplos de sequˆencias convergentes, al´em de serem mostrados tamb´em exemplos de sequˆencias divergentes. Para podermos mostrar que a defini¸c˜ao de potˆencia de expoente irracional procede, s˜ao apresentadas duas propriedades (que correspondem aos conceitos de sequˆencia convergente e sequˆencia de Cauchy) e dois teoremas (que, juntos, correspondem ao Crit´erio de Cauchy). Finalmente, definimos potˆencia de expoente irracional e em seguida mostramos que tal defini¸c˜ao procede..

(22) 21 4.2. ˆ SEQUENCIAS. Definic ¸˜ ao 4.1. Seja A um conjunto qualquer. Uma sequˆencia de elementos de A ´e qualquer fun¸c˜ ao Ψ : N →A. Podemos denotar, mais informalmente, (X1 , X2 , X3 , ...) ou Xn como sendo uma sequˆencia de elementos de A, onde X1 = Ψ(1), X2 =Ψ(2), e assim por diante. Numa sequˆencia a ordem dos termos ´e relevante, ou seja, X1 ´e o primeiro termo, X2 ´e o segundo termo, e assim por diante. As sequˆencias podem ser expressas na forma expl´ıcita ou na forma recorrente. Exemplo 4.2. Seja a sequˆ encia (2, 4, 6, 8, ...). Observe que X1 = 2 = 2.1 , X2 = 4 = 2.2 , X3 = 6 = 2.3 e, de forma geral, o termo de ordem n ´e igual ao dobro de n, isto ´e, o “en´esimo” termo ´e igual ao dobro de n. Logo, podemos expressar essa sequˆencia, na forma expl´ıcita, da seguinte maneira: Xn = 2n. Por outro lado, podemos observar que o primeiro termo ´e igual a 2 e, a partir do segundo, cada termo ´e igual ao termo anterior acrescido de duas unidades. Logo, na forma recorrente, Xn ´e expressa da seguinte maneira: X1 = 2 e Xn+1 = Xn + 2 para n ≥ 1. 4.3. ˆ LIMITES DE SEQUENCIAS Existem sequˆencias Xn tais que, a medida que n aumenta, os valores de Xn cada vez mais. se aproximam de um determinado n´ umero real. Esse n´ umero ´e chamado de limite da sequˆencia e ´e representado por lim Xn ( lˆe-se limite de Xn quando n tende para o infinito). n→∞. Vejamos alguns exemplos de sequˆencias: Exemplo 4.3. Xn =. 1 n. 1 1 1 = 1; para n = 2, temos X2 = ; para n = 3, temos X3 = ; e, de 1 2 3 forma geral, cada termo ´e igual a fra¸c˜ao cujo numerador ´e 1 e o denominador ´e igual a ordem Para n = 1, temos X1 =. desse termo. Assim, temos: . 1,. Exemplo 4.4. Xn =. 1 , 2. 1 , 3. 1 , ... 4. . n n+1. 1 1 2 2 Para n = 1, temos X1 = = ; para n = 2, temos X2 = = ; para n = 3, temos 1+1 2 2+1 3 3 3 X3 = = ; e de forma geral, cada termo ´e igual a fra¸c˜ao cujo numerador ´e a ordem desse 3+1 4 termo e o denominador ´e igual ao sucessor do numerador. Assim, temos:.

(23) 22 . 1 , 2. 2 , 3. 3 , 4. 4 ... 5. . Para calcularmos o limite de uma sequˆencia, temos de descobrir para qual n´ umero ela se aproxima quando n tende para o infinito. Na pr´atica, devemos descobrir o que acontece quando n for muito grande. No exemplo 4.3, se tomarmos n = 1000000, teremos: 1 = 0, 000001. X1000000 = 1000000 Se tomarmos n = 1000000000, teremos: 1 = 0, 000000001. X1000000000 = 1000000000 Vemos que, a medida que n cresce, Xn vai se aproximando de zero. Intuitivamente, percebemos que o limite da sequˆencia Xn = Denotamos lim. n→∞. 1 ´e igual a zero. n. 1 = 0. n. No exemplo 4.4, se tomarmos n = 999999 teremos: 999999 X999999 = = 0, 999999. 1000000 Se tomarmos n = 999999999, teremos: 999999999 = 0, 999999999. X999999999 = 1000000000 Vemos que a medida que n cresce, Xn vai se aproximando de 1. n = 1. n→∞ n + 1. Intuitivamente, percebemos que lim. Devemos ter cuidado com o fato de que, para calcularmos o limite de determinadas sequˆencias, ´e necess´ario que utilizemos um valor exageradamente grande para n. Vejamos o pr´oximo exemplo. Exemplo 4.5. Xn =. 1 n − 999999. Vamos descobrir o limite dessa sequˆencia. Para tal temos que calcular o valor, n˜ao do milion´esimo termo, e sim de um termo de ordem muito mais elevada, por exemplo, o trilion´esimo. Vejamos: Tomando n = 1000000 temos X1000000 =. 1 = 1. 1000000 − 999999. Se tomarmos n = 1000000000000, teremos: 1 1 ∼ X1000000000000 = = = 0. 1000000000000 − 999999 999999000001 J´a podemos perceber que o limite dessa sequˆencia ´e 0, pois o denominador cresce indefinidamente, enquanto o numerador ´e fixo e igual a 1..

(24) 23 ˆ ˆ CONVERGENCIA DE SEQUENCIAS. 4.4. Quando o limite de uma sequˆencia ´e o n´ umero real L, dizemos que essa sequˆencia ´e convergente e ela converge para L. 1 1 = 0. Logo a sequˆencia Xn = converge para 0. n→∞ n n n n = 1. Logo a sequˆencia Xn = converge para 1. No exemplo 4.4 temos que lim n→∞ n + 1 n+1 No exemplo 4.3, temos que lim. Dizemos que uma sequˆencia ´e limitada superiormente quando existe algum n´ umero real A tal que nenhum termo da sequˆencia ´e maior que A. Analogamente, uma sequˆencia ´e limitada inferiormente quando existe algum n´ umero real B tal que nenhum termo da sequˆencia ´e menor que B. Uma sequˆencia ´e limitada quando ´e limitada superior e inferiormente. Quando uma sequˆencia n˜ ao converge para nenhum n´ umero real, dizemos que essa sequˆencia ´e divergente. Vejamos um exemplo de uma sequˆencia que diverge. A sequˆencia do exemplo 4.2 Xn = 2n diverge, pois, a medida que n cresce, Xn cresce indefinidamente. Observe que, por maior que seja um valor que fixarmos, teremos necessariamente um certo termo da sequˆencia a partir do qual todos os termos s˜ ao maiores do que esse valor fixado. Dizemos que essa sequˆencia tende a infinito e usamos a seguinte nota¸c˜ao: lim 2n = ∞. n→∞. Vamos analisar outras sequˆencias divergentes. Exemplo 4.6. Xn = 2n3 − 100n2 + 3n Todas as sequˆencias expressas por polinˆomios divergem, pois para valores suficientemente grandes de n, o termo de maior grau “comanda”, isto ´e, os outros termos ficam desprez´ıveis quando comparados a ele, n˜ ao importando os valores dos coeficientes. Uma maneira pr´atica de percebermos tal fato ´e colocando encia o termo de maior grau. Vejamos:  em evidˆ 50 3 ` medida que n cresce, − 50 e 3 se aproXn = 2n3 − 100n2 + 3n = 2n3 . 1 − + 2 . A n  2n n 2n2  50 3 ximam cada vez mais de zero e, assim, 1 − + 2 se aproxima de 1. Consequentemente, n 2n   50 3 3 2n . 1 − + 2 se torna cada vez mais pr´oximo de 2n3 , ou seja, os termos da sequˆencia n 2n se aproximam cada vez mais do termo de maior grau do polinˆomio que expressa a sequˆencia. Logo, visto que 2n3 cresce indefinidamente, isto ´e, visto que lim 2n3 = ∞, conclu´ımos que n→∞. lim 2n3 − 100n2 + 3n = ∞.. n→∞. Observe que essas duas sequˆencias, Xn = 2n e Xn = 2n3 − 100n2 + 3n, n˜ao s˜ao limitadas e por isso n˜ ao poderiam ser convergentes. Por´em n˜ao basta uma sequˆencia ser limitada para que seja convergente. Vejamos o seguinte exemplo. Exemplo 4.7. Seja a sequˆ encia (2, −3, 2, −3, 2, −3, ...). Essa sequˆencia ´e limitada superiormente por 2 e limitada inferiormente por −3, ou seja, nenhum termo dessa sequˆencia ´e maior que 2 e nenhum termo dessa sequˆencia ´e menor que −3..

(25) 24 Logo, essa sequˆencia ´e limitada. Por outro lado, a sequˆencia n˜ao se aproxima de um determinado n´ umero quando tomamos os termos de ordem cada vez maior. Observe que, como os termos de ordem ´ımpar (isto ´e, o 1o termo, o 3o , o 5o , e assim por diante) s˜ao todos iguais a 2 e os termos de ordem par (isto ´e, o 2o termo, o 4o , o 6o , e assim por diante) s˜ao todos iguais a −3, os termos da sequˆencia se alternam sempre entre 2 e −3. Assim, os termos n˜ao se aproximam cada vez mais de 2, bem como n˜ ao se aproximam de −3. Logo, essa sequˆencia n˜ao converge nem para 2, nem para −3 e nem para nenhum outro n´ umero, ou seja, ela diverge. Esse tipo de divergˆencia tamb´em ocorre com a sequˆencia do pr´oximo exemplo:   1 2 3 4 n n , ou seja, − , , − , , ... . Exemplo 4.8. Xn = (−1) . n+1 2 3 4 5 Essa sequˆencia ´e limitada tanto superiormente, quanto inferiormente, pois todos os seus termos s˜ao maiores que −1 e menores que 1. Al´em disso, os termos de ordem ´ımpar se aproximam de −1 e os termos de ordem par se aproximam de 1. Por´em, n˜ao podemos dizer que os termos se aproximam de 1, bem como n˜ ao ´e correto afirmar que os termos se aproximam de −1. Existem sequˆencias de n´ umeros racionais que convergem para n´ umeros irracionais. Vejamos o pr´oximo exemplo, no qual a sequˆencia ´e expressa na forma recorrente:   2 1 Exemplo 4.9. X1 = 2 e Xn+1 = . Xn + 2 Xn Todos os termos dessa sequˆencia s˜ao n´ umeros racionais, mas ela converge, como veremos √ adiante, para o n´ umero irracional 2. Observa¸c˜ ao: A origem dessa f´ ormula de recorrˆencia n˜ao pode fazer parte da aula de potˆencia de expoente irracional pelo fato de conter a no¸c˜ao de derivada. Vamos determinar os cinco primeiros termos dessa sequˆencia: X1 = 2 1 2 X2 = . 2 + 2 2 . . . =. 3 2. . 1 3 2  1 3 4 X3 = .  +  = . + 2 2 3 2 2 3 2 . . . 1 9+8 = . 2 6. . =. 17 12. . 1  17 2  1 17 24 X4 = .  + + = . 2 12 17 2 12 17 12 . . . . 1 = . 2. . 289 + 288 204. . =. 577 408. . 1  577 2  1 577 816 1 332929 + 332928 665857 X5 = .  + + = . = = .  2 408 577 2 408 577 2 235416 470832 408 Vamos agora com o aux´ılio de uma calculadora calcular os quadrados desses cinco primeiros . termos:. . . .

(26) 25 X12 = 4. X22 =. 9 = 2, 25 4. X32 =. 289 ∼ = 2, 006 ( X32 tem suas trˆes primeiras casas decimais iguais `as de 2, 006) 144. X42 =. 332929 ∼ = 2, 000006 (X42 tem suas seis primeiras casas decimais iguais `as de 2, 000006) 166464. 443365544449 ∼ = 2, 000000000004 (X52 tem suas doze primeiras casas decimais iguais 221682772224 a`s de 2, 000000000004). X52 =. Cabe lembrar que, se n˜ ao quisermos recorrer a um computador, devemos efetuar manualmente os c´ alculos do quadrado de 665857, do quadrado de 470832 e do quociente aproximado desses dois quadrados, que corresponde ao valor aproximado do quadrado de X5 , devido a quantidade de d´ıgitos de 443365544449 e de 221682772224 ser maior do que a suportada pela calculadora. ` medida que n cresce, Xn elevado ao quadrado se aproxima de 2, ou seja, lim X 2 = 2. A n n→∞. Como os quadrados dos termos da sequˆencia Xn se aproximam cada vez mais de 2, as ra´ızes √ quadradas desses quadrados, isto ´e, os termos de Xn , se aproximam cada vez mais de 2, ou √ seja, lim Xn = 2. n→∞. Sabemos que uma calculadora n˜ ao trabalha com fra¸c˜ao, e sim com o quociente do numerador pelo denominador da mesma. Se utilizarmos uma m´aquina de calcular de oito digitos e teclarmos 2 seguido da tecla de raiz quadrada, a m´aquina de calcular mostrar´a no seu visor, como resultado, 1, 4142135. Como 1, 41421352 = 1, 99999982358225 6= 2, o resultado n˜ao est´a correto. O fato da m´ aquina de calcular s´ o possuir oito d´ıgitos gera erros que tem de ser percebidos por parte do aluno. Se teclarmos “ 1, 4142135 X 1, 4142135 = ” teremos como resultado 1, 9999998 e n˜ao o correto, que seria 1, 99999982358225. Mesmo se utilizarmos um computador capaz de efetuar contas com n´ umeros que possuem uma grande quantidade de casas decimais, ainda assim √ √ o resultado que ele dar´ a para 2 n˜ ao estar´a correto, j´a que 2 n˜ao possui um n´ umero finito de casas decimais. Vejamos as opera¸c˜ oes que a m´ aquina de calcular de oito d´ıgitos efetua at´e mostrar o resutado √ de 2: X1 = 2.

(27) 26 1 2 X2 = . 2 + 2 2 . . 1 3 = .(2 + 1) = = 1, 5 2 2. 1 2 X3 = . 1, 5 + 2 1, 5 . . 1 2, 8333333 = . (1, 5 + 1, 3333333) = = 1, 4166666 2 2. 2 1, 4166666 + 1, 4166666. . 1 2, 8284313 = .(1, 4166666 + 1, 4117647) = = 1, 4142156 2 2. 2 1, 4142156 + 1, 4142156. . 1 2, 8284271 = .(1, 4142156 + 1, 4142115) = = 1, 4142135 2 2. 2 1, 4142135. . 1 2, 8284271 = .(1, 4142135 + 1, 4142136) = = 1, 4142135. 2 2. 1 X4 = . 2. . 1 X5 = . 2. . 1 X6 = . 2. . 1, 4142135 +. Por n˜ ao possuir mais casas decimais, a m´aquina simplesmente p´ara o processo de calcular os termos seguintes da sequˆencia. Equivocadamente, segundo a m´aquina, qualquer termo de ordem maior ou igual a cinco ´e igual a 1, 4142135. Por´em, sabemos que, na verdade, os termos v˜ao se tornando cada vez menores, mas sempre tais que seus quadrados s˜ao maiores do que 2. Pelo fato de “truncar” os n´ umeros que n˜ao cabem no seu visor, a m´aquina j´a compromete o processo de determinar corretamente os termos dessa sequˆencia logo no terceiro termo. Quando ela apresenta 1, 3333333 como o resultado da divis˜ao de 2 por 1, 5, j´a est´a sendo feita uma aproxima¸c˜ ao de um n´ umero que n˜ ao pode ser expresso com uma quantidade finita de casas decimais. A d´ızima 1, 333..., que ´e o resultado da divis˜ao de 2 por 1, 5, pode ser expressa como o limite da sequˆencia do pr´ oximo exemplo. Exemplo 4.10. X1 = 1, 3 e Xn+1 = Xn + 0, 1n .0, 3 Vamos determinar os primeiros termos dessa sequˆencia: X1 = 1, 3 X2 = 1, 3 + 0, 1 . 0, 3 = 1, 3 + 0, 03 = 1, 33 X3 = 1, 33 + 0, 12 . 0, 3 = 1, 33 + 0, 01 . 0, 3 = 1, 33 + 0, 003 = 1, 333 X4 = 1, 333 + 0, 13 . 0, 3 = 1, 333 + 0, 001 . 0, 3 = 1, 333 + 0, 0003 = 1, 3333 Podemos perceber que o termo de ordem k, ou seja, Xk possui k casas decimais, todas compostas pelo algarismo 3. Por outro lado, sabemos que 2 ÷ 1, 5 tem infinitas casas decimais com o algarismo 3. Logo, o limite dessa sequˆencia ´e exatamente o resultado da divis˜ao de 2 por 1, 5, ou seja lim Xn = 1, 333.... n→∞. 4.5. ˜ DE POTENCIA ˆ CONCEITUAC ¸ AO DE EXPOENTE IRRACIONAL Nessa se¸c˜ ao, ´e feita uma abordagem de n´ umero real que n˜ao ´e vista pelos alunos da Educa¸c˜ ao. B´asica. Em seguida, s˜ ao apresentadas duas propriedades e dois teoremas que ser˜ao utilizados.

(28) 27 na explica¸c˜ ao da coerˆencia da defini¸c˜ao formal de potˆencia de expoente irracional. Vamos inicialmente abordar os n´ umeros irracionais fazendo uma rela¸c˜ao com o conceito de limite de sequˆencia. Cada n´ umero real (e, consequentemente, cada n´ umero irracional) ´e igual ao limite de alguma sequˆencia de racionais que converge para esse n´ umero real. Por exemplo, o n´ umero. √ 2 ´e igual ao limite da sequˆencia do exemplo que segue.. Exemplo 4.11. (1, 4 ; 1, 41 ; 1, 414 ; 1, 4142 ; 1, 41421 ; ...) Essa sequˆencia ´e constru´ıda de seguinte forma: como 1, 42 = 1, 96 < 2 e 1, 52 = 2, 25 > 2, √ temos que a primeira casa decimal de 2 ´e 4 e assim o primeiro termo da sequˆencia ´e 1, 4; analogamente, como 1, 412 = 1, 9881 < 2 e 1, 422 = 2, 0164 > 2, temos que a segunda casa decimal √ de 2 ´e 1 e assim o segundo termo da sequˆencia ´e 1, 41 ; e da´ı em diante. Observe que cada termo dessa sequˆencia tem uma casa decimal a mais que o termo anterior, sendo que o termo √ √ de ordem n tem as n primeiras casas decimais de 2. Por isso o limite dessa sequˆencia ´e 2. √ Como j´ a vimos, 2 tamb´ em ´e igual ao limite da sequˆencia do exemplo 4.9,  3 17 577 665857 2, , , , , ... , 2 12 408 470832 √ que, do quarto termo em diante, oferece aproxima¸c˜oes melhores para 2 do que a sequˆencia . do exemplo 4.11. Observe, como j´ a vimos, que o quadrado do quarto termo da sequˆencia do exemplo 4.9 ´e aproximadamente igual a 2, 000006 (cuja diferen¸ca, em m´odulo, para 2 ´e igual a 0, 000006), enquanto que o quadrado do quarto termo da sequˆencia do exemplo 4.11 ´e igual a 1, 41422 =1,99996164 (cuja diferen¸ca, em m´odulo , para 2 ´e igual a 0, 00003836). J´a o quadrado do quinto termo da sequˆencia do exemplo 4.9 ´e aproximadamente igual a 2, 000000000004 (cuja diferen¸ca, em m´ odulo, para 2 ´e igual a 0, 000000000004), enquanto que o quadrado do quinto termo da sequˆencia do exemplo 4.11 ´e igual a 1, 414212 = 1, 9999899241 (cuja diferen¸ca, em m´odulo, para 2 ´e igual a 0, 0000100759). Vamos agora enunciar a primeira de duas importantes propriedades. Propriedade 4.12. Seja Xn uma sequˆencia que converge para um n´ umero real L. Ent˜ ao, a diferen¸ca, em m´ odulo, entre os termos da sequˆencia e L fica t˜ ao pequena quanto se queira, a partir de um determinado termo, ou seja, sempre existe um determinado termo da sequˆencia a partir do qual |Xn − L| ´e menor que qualquer n´ umero previamente estabelecido, por menor que esse seja. Vejamos alguns exemplos. J´a vimos que a sequˆencia do exemplo 4.3 Xn =. 1 converge para 0. n. Se quisermos que a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos de Xn e o seu limite, que ´e zero, 1 fique menor do que , devemos resolver a seguinte inequa¸c˜ao: 100

(29)

(30)

(31) 1

(32)

(33) − 0

(34) < 1 .

(35) n

(36) 100.

(37) 28 Como. 1 ´e sempre positivo, temos: n. 1 1 < n 100 n > 100. Logo, a partir do cent´esimo-primeiro termo, a diferen¸ca, em m´odulo, entre qualquer termo 1 de Xn e 0 ´e menor do que . 100 Agora, se quisermos que a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos de Xn e o seu limite, que 1 , devemos resolver a seguinte inequa¸c˜ao: ´e zero, fique menor do que 1000000

(38)

(39)

(40)

(41) 1 1

(42) − 0

(43) <

(44) 1000000 .

(45) n 1 ´e sempre positivo, temos: n 1 1 < n 1000000. Como. n > 1000000. Logo, a partir do milion´esimo-primeiro termo, a diferen¸ca, em m´odulo, entre qualquer termo 1 de Xn e 0 ´e menor do que . 1000000 Ser´a que j´ a podemos concluir que, a partir de um determinado termo, a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos de Xn e 0 fica t˜ao pequena quanto se queira? Veremos mais adiante que a resposta ´e n˜ ao. Vejamos outro exemplo. J´a vimos que a sequˆencia do exemplo 4.4 Xn =. n converge para 1. n+1. Se quisermos que a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos Xn e 1 fique menor do que devemos resolver a seguinte inequa¸c˜ao:

(46)

(47)

(48) n

(49) 1

(50)

(51)

(52) n + 1 − 1

(53) < 200 .. n n < 1, qualquer que seja n, pois n > 0 e n + 1 > n, temos − 1 < 0. n+1 n+1

(54)

(55)  

(56) n

(57) n n

(58)

(59) Assim,

(60) − 1

(61) = − −1 = 1− , visto que |a| = −a se a < 0. n+1 n+1 n+1 Como. Continuando a resolu¸c˜ ao da inequa¸c˜ao, temos: 1−. n 1 < n + 1 200. n+1−n 1 < n+1 200. 1 , 200.

(62) 29. 1 1 < n + 1 200. n + 1 > 200 n > 199. Logo a partir do ducent´esimo termo, a diferen¸ca , em m´odulo, entre qualquer termo de Xn 1 e 1 ´e menor que . 200 Se quisermos que a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos de Xn e 1 fique menor do que 1 , devemos resolver a seguinte inequa¸c˜ao: 5000000

(63)

(64)

(65) n

(66) 1

(67)

(68)

(69) n + 1 − 1

(70) < 5000000 . n n Como < 1, para qualquer valor de n, temos − 1 < 0. n+1 n+1

(71)

(72)

(73) n

(74) n

(75) Assim,

(76) − 1

(77)

(78) = 1 − . n+1 n+1. Continuando a resolu¸c˜ ao da inequa¸c˜ao, temos: 1−. n 1 < n + 1 5000000. n+1−n 1 < n+1 5000000 1 1 < n + 1 5000000. n + 1 > 5000000 n > 4999999. Logo, a partir do termo de ordem 5000000, a diferen¸ca, em m´odulo, entre qualquer termo 1 de Xn e 1 ´e menor do que . 5000000 Ainda n˜ ao podemos concluir que, a partir de um certo termo, a diferen¸ca, em m´odulo, entre os termos de Xn e 1 fica t˜ ao pequena quanto se queira. Veremos mais adiante o porquˆe. Para comprovarmos que estamos certos no c´alculo do limite de uma sequˆencia expressa na forma expl´ıcita, temos que utilizar a Propriedade 4.12..

(79) 30 n . Vimos que essa sequˆencia n+1 ach´assemos que lim Xn fosse igual a 0, 99.. Vejamos novamente a sequˆencia do exemplo 4.4 Xn = converge para 1. Suponhamos que,. erroneamente,. n→∞. Se quisermos descobrir a partir de qual termo dessa sequˆencia o m´odulo da diferen¸ca entre 1 , devemos resolver a inequa¸c˜ao abaixo: qualquer termo e 0, 99 ´e menor do que 10

(80)

(81)

(82)

(83) n

(84) < 1

(85) − 0, 99

(86) 10

(87) n+1. −. 1 n 1 < − 0, 99 < 10 n + 1 10. −n − 1 < 10n − 9, 9n − 9, 9 < n + 1 −n − 1 < 0, 1n − 9, 9 < n + 1 −n + 8, 9 < 0, 1n < n + 10, 9 Logo, −n + 8, 9 < 0, 1n. e. 0, 1n < n + 10, 9. −1, 1n < −8, 9. e. 1, 1n > 8, 9. 0, 9n > −10, 9. n>. e. 8, 9 89 = 1, 1 11. Logo, n >. −0, 9n < 10, 9. e n>−. 10, 9 109 =− 0, 9 9. 89 = 8, 090909..., ou seja, n ≥ 9. 11. Conclu´ımos que, a partir do nono termo, o m´odulo da diferen¸ca entre qualquer termo da n 1 sequˆencia Xn = e 0, 99 ´e menor que . Vejamos o que ocorre se quisermos que essa n+1 10 1 diferen¸ca, em m´ odulo, fique menor que : 100

(88)

(89)

(90) n

(91)

(92)

(93) < 1 − 0, 99

(94) n+1

(95) 100 −. 1 n 1 < − 0, 99 < 100 n + 1 100. −n − 1 < 100n − 99n − 99 < n + 1 −n − 1 < n − 99 < n + 1 −n + 98 < n < n + 100 Logo, −n + 98 < n e n < n + 100 −2n < −98. e n − n < 100. 2n > 98. 0n < 100. e.

(96) 31 n > 49. e. 0 < 100. Logo, n > 49, ou seja, n ≥ 50. Conclu´ımos que, a partir do quinquag´esimo termo, o m´odulo da diferen¸ca entre qualquer 1 n e 0, 99 ´e menor que . Vejamos o que ocorre se quisermos que termo da sequˆencia Xn = n+1 100 1 essa diferen¸ca, em m´ odulo, fique menor que : 1000

(97)

(98)

(99) n

(100) 1

(101)

(102)

(103) n + 1 − 0, 99

(104) < 1000. −. 1 n 1 < − 0, 99 < 1000 n + 1 1000. −n − 1 < 1000n − 990n − 990 < n + 1 −n − 1 < 10n − 990 < n + 1 −n + 989 < 10n < n + 991 Logo, −n + 989 < 10n 989 < 11n n>. 989 11. e. e. 10n < n + 991. 9n < 991. e n<. 991 9. 991 989 <n< , ou seja, 90 ≤ n ≤ 100. Conclu´ımos que n˜ao existe um termo a partir 11 9 1 do qual o m´ odulo da diferen¸ca entre qualquer termo da sequˆencia e 0, 99 ´e menor do que . 1000 Segundo a Propriedade 4.12, caso essa sequˆencia convergisse para 0, 99, esse termo teria que Logo,. existir. Para comprovar que essa sequˆencia n˜ao converge para 0, 99, poder´ıamos ter resolvido a seguinte inequa¸c˜ ao, sendo p um n´ umero positivo arbitr´ario:

(105)

(106)

(107) n

(108)

(109)

(110) <p − 0, 99

(111) n+1

(112). −p <. n − 0, 99 < p n+1. −pn − p < n − 0, 99n − 0, 99 < pn + p −pn − p < 0, 01n − 0, 99 < pn + p −pn − p + 0, 99 < 0, 01n < pn + p + 0, 99 Logo, −pn − p + 0, 99 < 0, 01n. e. 0, 01n < pn + p + 0, 99. (−p − 0, 01)n < p − 0, 99 e (0, 01 − p)n < p + 0, 99.

(113) 32 e consequentemente −p − 0, 01 < 0, a primeira inequa¸c˜ ao 0, 99 − p ´e equivalente a (p + 0, 01)n > 0, 99 − p. Logo, temos que: n > . Na segunda inep + 0, 01 qua¸c˜ao, se p for menor que 0, 01 ent˜ao 0, 01 − p > 0. Nesse caso essa inequa¸c˜ao fica p + 0, 99 . Assim, a primeira e a segunda inequa¸c˜oes, se p < 0, 01, impliequivalente a n < 0, 01 − p 0, 99 − p p + 0, 99 n cam em <n< . Logo, lim n˜ao pode ser igual a 0, 99 pois, se fosse, n→∞ n + 1 p + 0, 01 0, 01 − p dever´ıamos ter n maior que uma express˜ao envolvendo p, e n˜ao compreendido entre duas exNa linha anterior, como p > 0. press˜oes envolvendo p. Observe que, como afirma a Proposi¸c˜ao 4.12, se lim Xn = L, ent˜ao, por n→∞. menor que seja o n´ umero positivo p, sempre existe algum termo da sequˆencia Xn a partir do qual ocorre |Xn − L| < p, qualquer que seja n. Vamos agora mostrar que, de fato, o limite da sequˆencia do exemplo 4.3 ´e igual a 0, ou seja, 1 umero positivo arbitr´ario, temos que resolver a inequa¸c˜ao abaixo: lim = 0. Sendo p um n´ n→∞ n

(114)

(115)

(116) 1

(117)

(118) − 0

(119) < p

(120) n

(121) 1 −0 < p n 1 −p < < p n −p <. −pn < 1 < pn Logo, −pn < 1 pn > −1 n>. −1 p. e. e. 1 < pn. 1 <n p. e n>. 1 p. 1 Como 1 > −1 temos que n > . p Conclu´ımos que, dado um n´ umero positivo p, a partir do termo de ordem igual ao menor 1 1 n´ umero inteiro maior que , o m´ odulo da diferen¸ca entre qualquer termo da sequˆencia Xn = p n 1 e 0 ´e menor que p. Assim, fica provado que lim = 0. n→∞ n Vamos agora mostrar que de fato o limite da sequˆencia do exemplo 4.4 ´e igual a 1, ou seja, n lim = 1. Sendo p um n´ umero positivo arbitr´ario, temos que resolver a inequa¸c˜ao abaixo: n→∞ n + 1

(122)

(123)

(124) n

(125)

(126)

(127)

(128) n + 1 − 1

(129) < p n −1 < p −p < n+1 −pn − p < n − n − 1 < pn + p −pn − p < −1 < pn + p Logo −pn − p < −1 e −1 < pn + p.

(130) 33 −pn < p − 1 pn > −p + 1 n>. −p + 1 p. e. −pn < p + 1. e. pn > −p − 1. e. n>. −p − 1 p. Como −p + 1 > −p − 1 temos que n >. −p + 1 . p. Conclu´ımos que, dado um n´ umero positivo p, a partir do termo de ordem igual ao menor −p + 1 , o m´odulo da diferen¸ca entre qualquer termo da sequˆencia n´ umero inteiro maior que p n n e 1 ´e menor que p. Assim, fica provado que lim = 1. Xn = n→∞ n + 1 n+1 −0, 000001 + 1 0, 999999 Por exemplo, se p = 0, 000001, ent˜ao n > = = 999999, ou seja,n ≥ 0, 000001 0, 000001 n 999999 1000000. Observe que, se n = 999999, = = 0, 999999 e ent˜ao n + 1 1000000

(131)

(132)

(133)

(134) n

(135)

(136) ao ´e menor que p. Se n = 1000000,

(137) n + 1 − 1

(138) = |0, 999999 − 1| = |−0, 000001| = 0, 000001, que n˜

(139)

(140)

(141)

(142)

(143)

(144)

(145)

(146)

(147) n

(148)

(149) 1000000

(150)

(151) 1000000 − 1000001

(152)

(153)

(154) 1 ∼ 0, 000000999, que ´e menor que

(155)

(156)

(157)

(158)

(159)

(160)

(161)

(162) = =

(163)

(164) n + 1 − 1

(165)

(166) 1000001 − 1

(167) =

(168)

(169) 1000001 1000001

(170) p.. Consideremos novamente a sequˆ   encia do exemplo 4.9, expressa na forma recorrente por √ 1 2 X1 = 2 e Xn+1 = . Vimos, sem provar, que essa sequˆencia converge para 2. Xn + 2 Xn Como 1, 41421352 ∼ = 1, 999999824 < 2 e 1, 41421362 ∼ = 2, 000000106 > 2, temos que 1, 4142135 √ 665857 ∼ < 2 < 1, 4142136 . Como X5 = = 1, 414213562, temos que X5 possui suas sete primeiras √

(171)

(172) √ 470832

(173)

(174) casas decimais iguais as de 2 e por isso

(175) X5 − 2

(176) < 0, 0000001. Se quisermos que o m´ odulo da diferen¸ca entre os termos dessa sequˆencia e. √. 2 fique menor. do que, por exemplo, 0, 0000000000000000001, basta continuarmos calculando os termos subsequentes ao quinto termo de modo que, a partir de um determinado termo Xk , teremos, qualquer √ que seja n ≥ k, |Xn − 2| < 0, 0000000000000000001 . Podemos garantir que o m´odulo da di√ feren¸ca entre cada termo da sequˆencia e 2 se torna cada vez menor. Para provar isso, vamos √ mostrar que a sequˆencia ´e limitada inferiormente por 2 e ´e decrescente. Al´em disso, por ser decrescente, ela ´e limitada superiormente pelo seu primeiro termo, que ´e igual a 2. Estamos nos baseando na existˆencia de um teorema cujo enunciado ´e o seguinte: Teorema 4.13. Toda sequˆencia mon´ otona limitada ´e convergente. Observe que ser limitada significa ser limitada superior e inferiormente e ser mon´ otona significa ser n˜ ao decrescente (isto ´e, qualquer termo da sequˆencia ´e maior ou igual ao termo anterior) ou n˜ ao crescente (ou seja, qualquer termo ´e menor ou igual ao termo anterior). Note tamb´em que ser decrescente (isto ´e, qualquer termo da sequˆencia ´e menor que o termo anterior) ´e um caso particular de ser n˜ ao crescente..

(177) 34 Observa¸c˜ ao: A demonstra¸c˜ ao desse teorema foge ao escopo da aula para os alunos. Primeiro, veremos que a sequˆencia ´e decrescente. Para isto vamos mostrar que, para todo n´ umero natural n ≥ 1,. Xn+2 < Xn+1 . Observe que ficar´ a faltandomostrarmos   que X2 < X1 . 2 1 2 1 1 X1 + = 2+ = (2 + 1) = Essa prova, por´em, ´e imediata, pois como X1 = 2 e X2 = 2 X1 2 2 2 3 = 1, 5, temos que X2 < X1 . 2 1 2 Como Xn+1 = Xn + 2 Xn . 1 Xn+2 = 2 Como. . 1 X2 + 2 1 2 = . n e Xn+2 = Xn+1 + , temos que: 2 Xn 2 Xn+1. 1 Xn2 + 2 2.2Xn + 2 . 2 Xn Xn + 2. . !. 1 = 2. . !. 4Xn 1 Xn2 + 2 + 2 . . 2 Xn Xn + 2. 1 1 .a + .a = a podemos reescrever Xn+1 da seguinte forma: 2 2. 1 Xn+1 = 2. !. 1 Xn2 + 2 1 Xn2 + 2 4Xn 1 X2 + 2 . + . . Vamos mostrar que 2 < . n 2 Xn 2 Xn Xn + 2 2 Xn. e ent˜ ao teremos demonstrado que Xn+2 < Xn+1 , ou seja, que a sequˆencia ´e decrescente. 1 X2 + 2 4Xn ≥ . n . A sequˆencia ´e formada somente por 2 Xn + 2 2 Xn termos positivos, pois o primeiro termo ´e igual ao n´ umero positivo 2 e a soma, bem como a Suponhamos, por absurdo, que. divis˜ao, de n´ umeros positivos, resulta sempre em n´ umeros positivos. Considerando que 2Xn > 0, qualquer que seja n, e multiplicando os dois membros da inequa¸c˜ao acima por 2Xn obtemos 8Xn2 ≥ Xn2 + 2. Como Xn > 0, temos que Xn2 + 2 > 0. Xn2 + 2 Logo, segue que 8Xn2 ≥ (Xn2 + 2)2 . Como Xn > 0, temos que 8Xn2 > 0 e (Xn2 + 2)2 > 0. √. Logo, segue que. √ √ 8Xn ≥ Xn2 + 2 ⇒ Xn2 − 8Xn + 2 ≤ 0. O discriminante da equa¸c˜ao Xn2 −. 8Xn + 2 = 0 ´e igual a : 8 − 4.1.2 = 8 − 8 = 0. √ √ 8 2 2 √ = = 2. Como o coeficiente de Xn2 ´e igual a 1, que ´e um Logo, a u ´nica raiz ´e 2.1 2 √ n´ umero positivo, e o discriminante da equa¸c˜ao ´e nulo, temos que Xn2 − 8Xn + 2 > 0, qualquer √ que seja Xn 6= 2. Como a sequˆencia ´e formada por n´ umeros racionais, nenhum termo pode ser √ √ igual a 2, que ´e um n´ umero irracional. Logo, para todo Xn , Xn2 − 8Xn + 2 > 0. Chegamos √ 4Xn 1 X2 + 2 ≥ . n , implica em Xn2 − 8Xn + 2 ≤ 0. Conclu´ımos que a uma contradi¸c˜ ao, pois 2 Xn + 2 2 Xn 4Xn 1 Xn2 + 2 < . e, consequentemente, que a sequˆencia ´e decrescente. Xn2 + 2 2 Xn √ Agora vamos mostrar que a sequˆencia e limitada  ´  inferiormente por 2. Suponhamos, por √ √ √ 1 2 2 absurdo, que Xn+1 < 2, ou seja que Xn + < 2. Logo, Xn + < 2 2. 2 Xn Xn √ √ Como Xn > 0, temos que: Xn2 + 2 < 2 2Xn ⇒ Xn2 − 2 2Xn + 2 < 0. O discriminante da √ equa¸c˜ao Xn2 − 2 2Xn + 2 = 0 ´e igual a 8 − 8 = 0. Como o coeficiente de Xn2 ´e igual a 1, que √ ´e um n´ umero positivo, e o discriminante da equa¸c˜ao ´e nulo, temos que Xn2 − 8Xn + √ √ 2 ≥ 0. Chegamos a uma contradi¸c˜ao, visto que, se Xn+1 < 2, ent˜ao Xn2 − 8Xn + 2 < 0..

(178) 35 Conclu´ımos, ent˜ ao, que nenhum termo pode ser menor que √ limitada inferiormente por 2.. √. 2, ou seja, que a sequˆencia ´e. Vamos agora apresentar uma segunda importante propriedade. Propriedade 4.14. Dizemos que uma sequˆencia ´e de Cauchy se conseguimos tornar t˜ ao pequena quanto se queira a diferen¸ca, em m´ odulo, entre quaisquer dois termos de ordem maior ou igual a de um determinado termo, ou seja, uma sequˆencia ´e de Cauchy se, por menor que seja um n´ umero arbitr´ ario p, sempre existir algum termo Xk a partir do qual |Xn − Xm | < p, quaisquer que sejam n e m maiores ou iguais a k. 2 1 Xn + , ´e Por exemplo, a sequˆencia do exemplo 4.9, expressa por X1 = 2 e Xn+1 = 2 Xn de Cauchy, pois, como j´ a vimos: . . X1 = 2 X2 = 1, 5 17 , que ´e aproximadamente igual a 1, 4166666 12 577 X4 = , que ´e aproximadamente igual a 1, 4142156 408 665857 X5 = , que ´e aproximadamente igual a 1, 4142135. 470832. X3 =. Ent˜ao, se quisermos tornar menor que 0,01 o m´odulo da diferen¸ca entre quaisquer dois termos de ordem maior ou igual a de um determinado termo, basta escolhermos o terceiro para ser esse termo, pois, a partir dele, todos os termos s˜ao iguais `a soma de 1, 41 com valores menores que 0, 01 , ou seja, todos os termos, a partir do terceiro, possuem o algarismo 1 na casa das unidades, 4 na casa dos d´ecimos e 1 na casa dos cent´esimos. Assim, a diferen¸ca, em m´odulo, entre quaisquer dois termos, a partir do terceiro, ´e sempre menor que 0, 01. Por exemplo, |X3 − X5 | ∼ = 1, 4166666 − 1, 4142135 = 0, 0024531 < 0, 01. Analogamente, se quisemos tornar menor que 0, 00000000000000000001 a diferen¸ca, em m´odulo, entre quaisquer dois termos de ordem maior ou igual a de um determinado termo, devemos prosseguir calculando os termos seguintes ao quinto e, ent˜ao, em algum momento, as vinte primeiras casas decimais de um certo termo de ordem k ser˜ao iguais `as vinte primeiras do termo seguinte. Assim, teremos, a partir de Xk , a diferen¸ca, em m´odulo, entre quaisquer dois termos menor que 0, 00000000000000000001 (ou 10−20 ). Podemos perceber que a diferen¸ca, em m´odulo, entre quaisquer dois termos de ordem maior ou igual a de um determinado termo fica realmente t˜ao pequena quanto se queira, ou seja, a sequˆencia Xn acima ´e de Cauchy. Agora j´ a podemos apresentar a defini¸c˜ao formal de potˆencia de expoente real, que engloba o caso de expoente irracional..

(179) 36. Definic ¸˜ ao 4.15. Sejam a um n´ umero real positivo e x um n´ umero real. Seja Xn uma sequˆencia de n´ umeros racionais que converge para x. ax. Ent˜ ao, como a fun¸c˜ ao exponencial f (x) = ax ´e uma fun¸c˜ ao cont´ınua, temos que Xn = lim a . n→∞. Para essa defini¸c˜ ao fazer sentido, devemos demonstrar que a sequˆencia aXn converge para ax . Para essa demonstra¸c˜ ao, ainda vamos precisar dos dois teoremas que seguem. Teorema 4.16. Toda sequˆencia que possui a Propriedade 4.12, ou seja, que converge, possui obrigatoriamente a Propriedade 4.14, ou seja, ´e de Cauchy. A id´eia desse teorema ´e a seguinte: Seja Xn uma sequˆencia que converge para L. Para valores grandes de n, os termos Xn v˜ao cada vez mais se aproximando de L (Propriedade 4.12). Nesse caso eles est˜ ao, necessariamente, se aproximando uns dos outros (Propriedade 4.14).. Teorema 4.17. Toda sequˆencia de n´ umeros reais que possui a Propriedade 4.14, ou seja, de Cauchy, possui a Propriedade 4.12, isto ´e, converge. A id´eia desse teorema ´e a seguinte: Para valores grandes de n os termos Xn v˜ao se aproximando uns dos outros (Propriedade 4.14), ou seja, a diferen¸ca, em m´ odulo, entre quaisquer dois termos pode se tornar t˜ao pequena quanto se queira, a partir de um determinado termo. Assim, sempre existe um determinado termo a partir do qual todos os termos da sequˆencia possuem a mesma parte inteira e as mesmas primeiras n casas decimais, isto ´e, a diferen¸ca entre quaisquer dois desses termos ´e menor que 10−n . Ent˜ ao, conclu´ımos que os termos se aproximam de um mesmo n´ umero, que ´e o limite da sequˆencia. Logo, a sequˆencia converge (Propriedade 4.12). Vamos agora demonstrar que ax existe, isto ´e, aXn converge para ax . Como Xn converge para x, temos, pelo Teorema 4.16, que Xn ´e uma sequˆencia de Cauchy. Como Xn ´e de Cauchy, temos, para valores grandes de n, os termos de Xn se aproximando uns dos outros. Sendo r um n´ umero natural positivo arbitr´ario, temos, para valores grandes ∼ Xn . Como, para valores grandes de de n, que aXn+r ÷ aXn = aXn+r −Xn ∼ = a0 = 1, pois Xn+r = n, aXn+r ÷ aXn ∼ ao se = 1, temos que aXn+r ∼ = aXn . Logo, os termos da sequˆencia aXn tamb´em v˜ aproximando uns dos outros, ou seja, aXn ´e de Cauchy..

(180) 37 Sendo aXn uma sequˆencia de n´ umeros reais e de Cauchy, conclu´ımos, pelo Teorema 4.17, que aXn converge. Logo, provamos que, sendo a um n´ umero real positivo, x um n´ umero real e Xn uma sequˆencia de n´ umeros racionais que converge para x, o limite lim aXn existe. Vejamos porque esse limite n→∞. ´e igual a ax , ou seja, porque ax = lim aXn . n→∞. ` medida que os termos de Xn se aproximam de x, os termos de aXn se aproximam de ax . A Assim, como a fun¸c˜ ao exponencial f (x) = ax ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua, temos que o limite de aXn ´e igual a ax . √. Por exemplo, 2 2 = lim 2Xn , sendo Xn a sequˆencia que converge para n→∞   2 1 Xn + . X1 = 2 e Xn+1 = 2 Xn. √ 2 e ´e expressa por.

Referências

Documentos relacionados

Quando se comparou os resultados do presente estudo entre idosas ativas e sedentárias com relação aos medicamentos utilizados, conforme primeiro nível de classificação

O currículo de primeira infância da Nova Zelândia, Te Whāriki (MINISTRY OF EDUCATION, 1996), vê as crianças como “aprendizes competentes e confiantes” (MINISTRY OF

Os estudos da “Hipóteses do custo da reprodução” na natureza (Cram et al. 2015) são escassos na atualidade e uma das razões é a dificuldade de trabalho com animais em campo e a

a) Para as especialidades de acesso direto (Anestesiologia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Neurologia, Obstetrícia e Ginecologia, Ortopedia e Pediatria): Prova

PARTE III A TEMPESTIVIDADE DO PROCESSO SOB O ÂNGULO NORMATIVO E SUA DIMENSÃO CONFLITUAL Capítulo 4 A TRÍADE CONSTITUCIONAL DA TEMPESTIVIDADE (EM SENTIDO AMPLO): CELERIDADE,

Considerando tais fatos, iniciamos estudos neuroimunológicos da doença de Chagas experimental, a partir de análises histomoleculares da medula espinal de camundongos imunocompetentes

disponibilizava.. 1999, seus objetivos e, principalmente, melhorar o processo ensino-aprendizagem da disciplina, no que tange a introdução de novos assuntos no programa

Gimenes-Minasse, analisa a alimentação como elemento de diferenciação e competividade na conformação de destinos turísticos, bem como as alterações em hábitos