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Manuel Maria Barbosa du Bocage: tradutor de Torquato Tasso

Autor(es): Pires, Daniel

Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra

URL

persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/42395

Accessed : 14-Jun-2021 16:06:16

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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Nova Série Nº

15

201

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Estudos Italianos em Portugal

200 anni di regno: notas sobre o segundo centenário do nascimento de Giuseppe Verdi

Maria José Borges, Verdi e o gosto pela ópera italiana

em Portugal no século XIX

Jorge Vaz de Carvalho, Fortuna de Verdi no teatro de

São Carlos de Lisboa nos séculos XIX e XX

Antonio Rostagno, Il canone verdiano in Portogallo.

Formazione e funzioni

Marco Beghelli, La Traviata di Lisbona: note quasi

autobiografiche attorno a un bicentenario

José Manuel de Vasconcelos, O reino dos limites: a ópera

verdiana no contexto oitocentista

Roberto Gigliucci, Religiosità di Verdi

José Barreto, O fascismo e o salazarismo vistos por

Fernando Pessoa

Giuseppina Raggi, La scenografia come architettura:

Niccolò Nasoni e la Torre dos Clérigos

Copia Omaggio

ISSN 0870-8584

10

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MANuEL MARIA bARbOSA Du bOCAGE TRADUTOR DE TORQUATO TASSO

nainfância e naadolescência Bocage frequentou, na sua

terra natal, a então vila de Setúbal, a escola oficial. Teve uma formação predominantemente humanística, como era co-mum na época. Dela fazia parte o estudo da língua e cultura portuguesas, do latim e do francês, conhecimentos por ele judiciosamente aplicados no seu labor literário.

As primícias no domínio das letras de Bocage, ao que pa-rece, circunscreveram-se à composição de poesia lírica. Mais tarde, cultivou praticamente todos os géneros poéticos da época – o epicédio, o elogio, a elegia, a canção, o idílio, a endecha, a cantata, a cantiga, entre outros –, fazendo igual-mente incursões pelo drama. Estamos em presença de uma obra que, apesar da brevidade da vida do seu autor – faleceu aos 40 anos –, se espraia por 7 volumes. Referimo-nos aos seis volumes que a tradição assinala e àquele que contempla a poesia erótica, burlesca e satírica, da responsabilidade de Ino-cêncio Francisco da Silva, dados à estampa, respectivamente, em 1853 e 1854.

Menos conhecida é uma outra vertente da sua activida-de activida-de escritor: a tradução. Trilhou este caminho pedregoso esporadicamente no início da sua carreira; com frequência, depois de ser libertado da reclusão que lhe foi infligida por alegadamente subscrever textos ímpios, a qual teve lugar nos anos de 1797 e 1798. À sua lavra pertencem versões dos clás-sicos greco-latinos, bem como de escritores italianos, france-Est.Ital.Port., n.s., 10, 2015: 147-152

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148 Estudos Italianos em Portugal

ses, ingleses e espanhóis: Ovídio, Virgílio, Moscho, Museu, La Fontaine, Racine, Voltaire, Castel, Metastásio e Tasso, en-tre outros.

A poesia épica foi fonte de inspiração para Bocage no final da sua existência, tal como para os escritores do Romantis-mo, corrente literária que a sua obra abertamente prenuncia. Com efeito, há notícia de que iniciou a composição de algu-mas epopeias, as quais, por não atingirem a qualidade que o seu grau de exigência impunha, num acesso de turbulência, foram por ele destruídas. Delas restaram excertos breves que Nuno Álvares de Pato Moniz deu a conhecer em Verdadeiras

inéditas, Obras poéticas de [...], tomos IV e V (1813-1814),

publicação póstuma que constitui uma resposta inequívoca a uma edição descuidada e incorrecta, feita com objectivos economicistas, da autoria de Desidério Marques Leão, livrei-ro de Lisboa, intitulada Obras poéticas de M. M. de Barbosa

du Bocage (1812-1813).

O seu interesse pela poesia épica revelou-se igualmente quando optou por traduzir excertos de duas composições –

La Colombiade e Gerusalemme Liberata. A decisão de verter a

primeira para o português – um elogio eloquente a Cristóvão Colombo – encerra motivos de carácter literário e afectivos, porquanto foi composta pela sua tia-avó, Madame du Boca-ge. Constitui, por outro lado, uma homenagem a esta cultora das letras, interlocutora epistolar de Voltaire, o intelectual comummente apontado como o principal catalisador da fi-losofia do Iluminismo. A afectividade também terá estado presente na eleição de Torquato Tasso e da sua obra: as afini-dades electivas entre ambos são evidentes – o génio poético, uma vida atribulada e a vivência do cárcere.

A tradução dos cantos IX e XX da epopeia Gerusalemme

Liberata data sensivelmente de 1803 e foi publicada no ano

seguinte em Poesias de Manuel Maria de Barbosa du Bocage, obra dedicada à Marquesa de Alorna que é vulgarmente co-nhecida por terceiro tomo das Rimas.

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Obra aberta 149 A empatia inequívoca de Bocage está igualmente patente em vários poemas seus, os quais são enriquecidos por epígra-fes retiradas da obra do poeta italiano. Evoquemo-las: - No idílio Mágoas amorosas de Elmano (1805): «Oh for-tunati miei dolci martiri, / s’impetrerò che, giunto seno a seno, / l’anima mia nella tua bocca io spiri!» (de Gerusalemme

Liberata, canto II);

- Na epístola Elmano a Gertrúria (1791): «Pasce l’agna l‘erbette, il lupo l’agne, / ma il crudo Amor di lagrime si pas-ce.» (de Aminta);

- No epicédio A Olinta (1794): «Colei di gioia trasmutos-si, e rise, / e in atto di morir lieto, e vivace / dir parea: s’apre il Cielo, io vado in pace» (de Gerusalemme Liberata);

- Num poema dedicado à Marquesa de Alorna (1804): «À Cantora imortal, Deusa da lira»: «Queste mie carte in lieta fronte accogli / che quasi in voto a te sacrate io porto» (de

Gerusalemme Liberata);

Numa nota ao elogio a António José de Paula, é citado um verso da Gerusalemme Liberata: «[...] pare / che guerra porte, e non tributo al mare.»

Precederam Bocage, em Portugal, na tradução da

Geru-salemme Liberata dois autores: António Rodiguez de Matos

(1682) e Pedro de Azevedo Tojal, que assinou duas edições, datadas de 1733 e de 1738.

Bocage não tinha um conhecimento profundo da língua italiana. Terá optado portanto por uma edição francesa, lín-gua que dominava com mestria, fazendo jus às suas origens, pois era neto de um oficial da marinha francês, oriundo da Normandia, Gilles Hedois du Bocage. Poderá ter utilizado aquela que foi publicada, no ano de 1780, em Rouen, cidade natal da célebre poetisa e tradutora de Milton, Madame du Bocage. Terá a tia-avó contemplado o jovem poeta com um exemplar da obra de Tasso e, eventualmente, com a sua obra

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150 Estudos Italianos em Portugal

La Colombiade, que ele traduziu parcialmente na sequência

do seu falecimento? Eis uma hipótese credível, reforçada pelo seguinte excerto do prefácio de As Plantas de Richard Cas-tel, poema didáctico traduzido pelo escritor setubalense em 1801:

Versos balbuciei co’a voz da infância; vate nasci, fui Vate, inda na quadra em que o rosto viril, macio e tenro, semelha o mimo de virgínea face. Daniel Pires

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Obra aberta 151 Segue il buon genitor l’incauto

stuolo

de’ cinque, e Solimano assale e cinge; e in un sol punto un sol consiglio, e un solo

spirito quasi, sei lunghe aste spinge. Ma troppo audace il suo maggior figliuolo

l’asta abbandona e con quel fer si stringe,

e tenta in van con la pungente spada che sotto il corridor morto gli cada.

Ma come a le procelle esposto monte,

che percosso da i flutti al mar sovraste, sostien fermo in se stesso i tuoni e l’onte

del ciel irato e i venti e l’onde vaste, cosí il fero Soldan l’audace fronte tien salda incontra a i ferri e incontra a l’aste,

ed a colui che il suo destrier percote tra i cigli parte il capo e tra le gote.

Seguem o pai sublime os cinco incautos,

o enorme Solimão salteiam, cingem, e num só ponto um só arbítrio, e quase

um espírito só, seis lanças vibra. Mas, cegamente afoito, o de mais anos

sacode a sua ao chão, co’ Turco cerra,

e tenta em vão co’a penetrante espada derribar-lhe sem vida o grão ginete.

Porém, qual monte exposto às tempestades,

qual monte sobranceiro ao mar que o fere,

suporta, firme em si, trovões, e raios, os indignados Céus, ondas, e ventos: assim o audaz Soldão a altiva fronte tem fixa contra os ferros, contra as hastes,

e àquele que o ginete lhe golpeia, entre as faces, e os olhos fende o rosto.

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152 Estudos Italianos em Portugal Aramante al fratel che giú ruina porge pietoso il braccio, e lo sostiene.

Vana e folle pietà! ch’a la ruina altrui la sua medesma a giunger viene, ché ’l pagan su quel braccio il ferro inchina

ed atterra con lui chi lui s’attiene. Caggiono entrambi, e l’un su l’altro langue

mescolando i sospiri ultimi e ’l sangue.

Quinci egli di Sabin l’asta recisa, onde il fanciullo di lontan l’infesta, gli urta il cavallo addosso e ’l coglie in guisa

che giú tremante il batte, indi il calpesta.

Dal giovenetto corpo uscí divisa con gran contrasto l’alma, e lasciò mesta

l’aure soavi de la vita e i giorni de la tenera età lieti ed adorni.

Rimanean vivi ancor Pico e Laurente, onde arricchí un sol parto il genitore: similissima coppia e che sovente esser solea cagion di dolce errore. Ma se lei fe’ natura indifferente, differente or la fa l’ostil furore: dura distinzion ch’a l’un divide dal busto il collo, a l’altro il petto incide.

Aramante ao irmão, que vai caindo, piedoso estende o braço em que o sustenta:

piedade louca, e vã, que ao dano alheio une tragicamente o próprio dano. O Pagão contra o braço o ferro inclina,

E o que a ele se atém com ele aterra: Caem ambos, um sobre outro desfalecem,

E misturam, morrendo, os ais, e o sangue.

Eis, de Sabino a lança espedaçando, com que o moço gentil de longe o infesta, lhe arremessa o cavalo, e de arte o colhe,

que por terra, tremendo, o deita, o pisa.

Do delicado corpo adolescente sai a alma a grande custo, e deixa riste

da vida as auras plácidas, os dias ledos, e ornados de mimosa idade.

Vivos Pico e Laurente inda restavam, com que um só parto os pais enriquecera, par florecente, igual, que tantas vezes origem fora de suave engano! mas se os fez Natureza indistinguíveis, já dif’rentes os faz a hostil braveza: Oh dura distinção! Em um divide do busto o colo, ao outro o peito rasga.

Referências

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