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ARTIGO 483, PARÁGRAFO II DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II PROF. TOURINHO

ALUNA: SELMA MARIA R. DE A. ALVES

ARTIGO 483, PARÁGRAFO II DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Petrolina, setembro 2013

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O artigo 483 do CPP

O artigo 483 do Código de Processo Penal trata do sistema de quesitação como procedimento de julgamento pelo corpo de jurado nos crimes contra a vida. Tal sistema sofreu alteração com a entrada em vigor da lei 11.689/08.

A lei 11.689/08 nasceu com o fim específico de adequar o procedimento do Tribunal do Júri aos dias atuais, no entanto, desde sua origem mostrou-se eivada de incorreções, deixando-a em desacordo com diversos princípios elencados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

As mudanças são inevitáveis e de extrema relevância, pois a sociedade está em constante transformação e as regras hoje vigentes nem sempre conseguem

responder de maneira satisfatória e digna a nova demanda. Porém, ao buscar adaptar as regras aos novos tempos é indispensável haver uma reflexão da prática dentro dos tribunais e não apresentar medidas imediatistas, e até certo ponto paliativas, frente a acontecimentos que possuíram grande destaque na mídia e apelo popular. Pois, a instituição constitucional do Tribunal do Júri vem para alcançar de forma efetiva a finalidade de garantir a participação da população nos crimes dolosos contra a vida, deve buscar formas para que a os jurados ajam de forma a cumprir sua finalidade sem desrespeitar os preceitos constitucionais.

O dispositivo em questão, estabelece que: Esse dispositivo estabelece que:

Art. 483 - Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:

I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação;

III – se o acusado deve ser absolvido;

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V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.

§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado.

§ 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação:

O jurado absolve o acusado?

Destaca-se que o legislador ordinário, neste preceito legal, quis simplificar a tarefa de quesitação durante a votação, facilitando a vida dos jurados, mas essa tarefa gerou várias polêmicas no tocante a sua aplicação. As dúvidas são concernente à parte da quesitação que busca saber sobre as causas de isenção de pena. Este dispositivo tem sido a causa das nulidades no procedimento do Júri posto que o corpo de jurado consegue a íntima convicção sem necessidade de fundamentação quanto às conclusões com fundamento apenas na abordagem dos aspectos fáticos do julgamento.

Prescreve o novo art. 481, caput, CPP que os jurados respondem sobre a matéria de fato e sobre a hipótese de absolvição do réu. Fica delimitada a construção dos quesitos para esses dois fatores que definem o julgamento, isto é, o juízo de valor acerca da responsabilidade penal do acusado e seu formato legal, exclusivamente com uma abordagem a premissas do fato.

A vantagem da proposição feita ao jurado pelo modo indagativo e afirmativo possibilita maior alcance e sentido da projeção interrogativa, evitando-se o raciocínio por exclusão e oblíquo, inerente à versão negativa.

A distinção evita a cumulação de aspectos do mesmo acontecimento, que devem ser enxergados de modo fragmentado, para que de etapa em etapa se atinja o todo, sem

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percalços ou açodamento, que gere incompatibilidades. A não obediência a esse parâmetro é a fonte para a proclamação de respostas com apoio em raciocínio ou conclusões distorcidas, como pode acontecer com as qualificadoras no homicídio. Do dispositivo surge o fenômeno da chamada falsa maioria, compreendida como um resultado artificial produzido suficientemente pela imprecisão da redação do quesito, ocultando ou dissimulando a real intenção do Conselho de Sentença.

O art. 483, incisos I a IV, CPP disciplina a ordem e sequência dos quesitos, abandonando a regra anterior de se perguntar primeiramente aos jurados sobre a materialidade do fato, ou seja, a respeito da própria existência do episódio que tem relevância penal e em seguida, com a resposta positiva, a pesquisa em torno do vínculo do réu com os fatos.

A afirmação sobre a existência dos fatos e o vínculo da autoria ou participação, exige a deliberação em torno da responsabilidade penal do acusado em julgamento, dizendo de maneira reiterada o § 2º, art. 483, CPP, que a resposta afirmativa por mais de 03 jurados, aos quesitos relativos aos incisos I e II, art. 483, CPP acarreta, a formulação do quesito absolutório: O jurado absolve o acusado? Isto pode ocorrer se houver a concentração de todas as teses defensivas em um único quesito, qual seja, o jurado absolve o acusado?, tal como inserido no inciso III do artigo 483 do Código de Processo Penal, o réu pode ser absolvido por falsa maioria de votos.

Essa introdução significa a grande tentativa de revolucionar o Júri, pois agrega todas as teses defensivas, cujo acatamento leva à absolvição, para serem decididas pelo Conselho de Sentença. Não se inclui por óbvio, a tese da negativa da autoria ou participação, porque sua localização é no 2º quesito (art. 483, II, CPP). Tudo que envolver isenção de pena ou exclusão do crime deve ser resolvido nessa fase, aí englobando até os excessos das excludentes que não sejam puníveis, o que permite aos jurados um melhor aparelhamento para lidar com a compreensão fática para construírem a solução que desejam apontar sobre o julgamento.

Verifica-se a impossibilidade de prever a indagação genérica no questionário diante da sustentação da negativa de autoria pela defesa, porque traduziria indevida repetição de alegação dos jurados, em desprestígio ao princípio do contraditório.

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Então, nos casos de alegação das dirimentes, deve o Magistrado, Presidente da Sessão, explicitar aos Jurados e desdobrar o quesito, formulando outro(s) concernente(s) à respectiva causa de antijuridicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, Flora Ferreira De. Uma Análise do Artigo 483 do Código DE Processo Penal sob a luz dos princípios constitucionais. Florianópolis. 2009.

Jurídico, conteúdo. CPP - Art. 483 - Do Questionário e sua Votação. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.4239>. Acesso em: 14 set. 2013. A falsa maioria do inciso III e § 2º do art. 483 do Código de Processo Penal. Lei nº 11.689/2008. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/11484/a-falsa-maioria-do-inciso-

iii-e-2o-do-art-483-do-codigo-de-processo-penal#ixzz2f4tODBfs http://jus.com.br/artigos/11484/a-falsa-maioria-do-inciso-iii-e-2o-do-art-483-do-codigo-de-processo-penal#ixzz2f4sV7pbd. Acesso em 14 de set. de 2013.

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A matemática, ciência divinamente exata, explica como a vontade de diferentes jurados votando isoladamente, em franca minoria, pode virar dois, três ou quatro votos, maioria, no resultado final do julgamento. O exemplo adiante facilitará o entendimento.

João, num caso fictício, policial militar, foi denunciado e pronunciado por ter no dia 09.06.2008 efetuado dois disparos contra a civil Maria, levando-a ao óbito. Submetido a julgamento, a defesa sustentou quatro teses em plenário: a) Legítima Defesa Real Própria, b) Legítima Defesa Real de Terceiro, c) Estrito Cumprimento do Dever Legal e d)

Obediência à Ordem Não Manifestamente Ilegal de Superior Hierárquico. Colhida a manifestação dos Senhores Jurados e depois de confirmadas autoria e materialidade delitiva, passou-se para votação das teses defensivas. O Jurado n. 1 foi favorável à primeira tese de defesa e todos os demais a rejeitaram. Na segunda tese, o Jurado n. 2 acolheu o argumento defensivo, não sendo seguido pelos demais. Na terceira, o Jurado n. 3 entendeu estarem presentes os requisitos do estrito cumprimento do dever legal, não sendo seguido pelo demais. Na quarta tese, só o Jurado n. 4 acatou o argumento de que o policial atuou segundo ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, os

demais a refutaram.

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Qual o resultado? Colhendo-se os votos na metodologia anterior, na qual a matemática continua a ser ciência exata, todas as teses de defesa teriam sido rejeitadas por maioria de seis votos contra uma minoria de um voto em cada uma delas. O réu teria sido, portanto, condenado. [09] A Soberania da manifestação dos Senhores Jurados teria sido respeitada, tudo conforme apregoa a Constituição.

E agora? Com a metodologia do recém editado artigo 483 do Código de Processo Penal ocorreria o mesmo? A resposta é NÃO. Tal artigo, em relação ao exemplo apresentando e que é possível ocorrer com muita freqüência, criou-se uma FALSA MAIORIA. Explicamos: com a concentração de todas as teses defensivas em um único quesito, qual seja, o jurado absolve o acusado?, tal como inserido no inciso III do artigo 483 do Código de Processo Penal, o réu seria absolvido pela FALSA MAIORIA DE QUATRO VOTOS, CONTRA A IGUALMENTE FALSA MINORIA DE TRÊS VOTOS.

Em nosso exemplo, cada um dos quatro primeiros jurados votou pelo reconhecimento de diferentes teses de defesa, ao final, aquilo que seria um voto minoritário contra seis para cada uma das linhas defensivas, num passe de mágica, magia negra, diríamos nós, virou quatro e o réu foi absolvido. [10] A soberania dos veredictos fustigada.

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