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COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO CONDOMINIAL PRESIDENTE OTÁVIO CELSO FURTADO NUCCI

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COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO CONDOMINIAL PRESIDENTE – OTÁVIO CELSO FURTADO NUCCI

Secretaria das Comissões – Praça da Sé, 385, 4.º andar – CEP: 01.001-902 – São Paulo/SP – Tel: 11 3291-8212 www.oabsp.org.br – e-mail: secretaria.comissoes@oabsp.org.br

São Paulo, 05 de maio de 2017.

Ilmo. Sr. Dr.

Otávio Nucci

Presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB-SP

Ref.: Cumulação das parcelas vincendas na execução forçada das despesas condominiais. Possibilidade.

I- Introdução

Incumbidos de analisar e apresentar fundamentos e posicionamento a propósito do assunto em epígrafe, nós, membros da Comissão de Direito Condominial da OAB-SP, apresentamos o seguinte estudo.

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COMISSÃO ESPECIAL DE DIREITO CONDOMINIAL PRESIDENTE – OTÁVIO CELSO FURTADO NUCCI

Secretaria das Comissões – Praça da Sé, 385, 4.º andar – CEP: 01.001-902 – São Paulo/SP – Tel: 11 3291-8212 www.oabsp.org.br – e-mail: secretaria.comissoes@oabsp.org.br

II- Desenvolvimento do tema

Uma das inovações trazidas pelo novo Código de Processo Civil (Lei Federal nº 13.105/15), que acaba de completar 1 (um) ano de vigência, foi o reconhecimento de que o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício é espécie de título executivo extrajudicial.1-2-3

Vale dizer que tal modificação, amplamente desejada pelos que atuam no mercado imobiliário, não é uma completa novidade, posto que antes da dinâmica trazida em 1973 pelo antigo Código de Processo Civil, a Lei nº 4.591/64 já estampava a possibilidade de que o condomínio se valesse da via executiva para recuperação dos seus créditos.4

1 Novo CPC

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: ...

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

2 “Apesar da divergência doutrinária sob a égide do CPC/1973 a respeito da executabilidade do documento previsto no inciso X do art. 784 do Novo CPC, o melhor entendimento era de que a cobrança promovida pelo condomínio em face do condômino exigia o ingresso de processo de conhecimento, não podendo o condomínio executar o condômino, em especial em razão da inexistência de contrato escrito reconhecido pelo devedor quanto ao débito, não servindo para tanto a convenção condominial.

Haveria executabilidade somente quando os encargos de condomínio viessem expressamente previstos em contrato escrito, como ocorre no contrato de locação, quando o locatário se compromete a pagar as verbas do condomínio e quando não o fazia permitia que o locador, em poder do contrato de locação ou outra prova documental que comprovava a relação jurídica de direito material locatícia, ajuizasse um processo de execução.

A novidade do Novo CPC muda tal cenário, passando agora a ser executável documento que comprove o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral. A previsão do art. 784, X, do Novo CPC vem no sentido do art. 12, § 2°, da Lei 4.591/1964, que prevê que cabe ao síndico arrecadar as contribuições competindo-lhe promover, por via executiva, a cobrança judicial das quotas atrasadas. Em novidade evidentemente voltada à proteção dos condôminos adimplentes, que tem que se cotizar para cobrir o inadimplemento do condômino devedor, garantindo assim o pagamento dos funcionários do condomínio e de despesas como de água e luz, dentre outras, o inciso X do art. 784 cria título executivo que não dependerá da participação do devedor em sua elaboração e muito menos de sua assinatura. No caso ora analisado bastará ao condomínio edilício ingressar com processo de execução contra o condomínio devedor instruindo sua petição inicial com cópia da convenção condominial e da ata da assembleia que estabeleceu o valor das cotas condominiais, ordinárias ou extraordinárias”. ASSUMPÇÃO, Daniel Amorim Neves. Novo Código de Processo Civil

Comentado artigo por artigo. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1.236.

3 “O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de

Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral, desde que documentalmente com provadas (art. 784, X).

Esse título executivo põe uma pá de cal no assunto deixando claro que não só o locador, munido de contrato escrito (art. 784, VIII), possui título executivo extrajudicial para cobrança do locatário das contribuições ordinárias e extraordinárias de condomínio edilício, mas também o próprio condomínio poderá fazê-lo com base em documentos que comprovem que as referidas despesas estejam previstas em convenção de condomínio ou aprovadas em assembleia geral”. ABELHA, Marcelo. Manual de execução

civil. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 209.

4 Lei nº 4.591/64

Art. 12. Cada condômino concorrerá nas despesas do condomínio, recolhendo, nos prazos previstos na Convenção, a quota-parte que lhe couber em rateio.

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De toda forma, é sabido que aexecução depende do descumprimento de obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo5, sendo nula a execução que não preencher tais atributos.6

Uma obrigação é líquida quando for facilmente aferível o valor da prestação; certa, quando não houver controvérsias da sua existência; e exigível, quando não depender de termo ou condição.7

Também é amplamente conhecido que o pagamento dos rateios condominiais é caracterizado como modalidade de obrigação de “prestação periódica” ou de “trato sucessivo”, isto é, prestações homogêneas, contínuas, de mesma natureza jurídica, com data certa de vencimento, que se repetem de modo sucessivo e periódico, sendo praxe no condomínio edilício que o pagamento seja feito mensalmente.

Na dinâmica sedimentada pelo CPC/73 os pedidos de cobrança de prestações vencidas tinham como pedido implícito as prestações vincendas, dada à aplicação do antigo art. 290, cujo correspondente no novo CPC é o art. 323:8

CPC/73

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

§ 2º Cabe ao síndico arrecadar as contribuições competindo-lhe promover, por via executiva, a cobrança judicial das quotas atrasadas.

5 Novo CPC

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.

Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.

6 Novo CPC

Art. 803. É nula a execução se:

I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;

7 “A obrigação cuja execução se postula deve ser certa. Significa isto dizer que só se pode promover a execução se todos os seus elementos constitutivos (credor, devedor e objeto) estiverem precisamente indicados.

Caso o bem jurídico que constitui o objeto da obrigação seja um bem fungível, que precisa ser quantificado, será exigida não só a certeza, mas também a liquidez, ou seja, a precisa determinação da quantidade devida. Não se considera ausente esta característica da obrigação exequenda, porém, se sua apuração depender apenas de simples operações aritméticas (art. 786, parágrafo único). Por fim, a obrigação exequenda deve ser exigível. A obrigação é exigível quando seu cumprimento não está sujeito a termo, condição ou algum outro elemento que não lhe seja essencial (como, por exemplo, um encargo)”.CÂMARA, Alexandre Freitas. O

novo processo civil brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 475.

8 “O art. 323 preserva a possibilidade admitida pelo art. 290 do CPC atual sobre a cumulação de pedidos relativos a obrigações sucessivas. Todas as prestações a elas relativas consideram-se incluídas no pedido. BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de

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Novo CPC

Art. 323 Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.

Dito de outro modo, na ação sobre cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, era considerado como incluídas no pedido aquelas que se vencerem no curso do processo, mesmo que não houvesse declaração expressa do autor a seu respeito.

Ou mais, em decorrência do caráter contínuo das despesas condominiais, as ações de conhecimento originárias na cobrança destes débitos, invariavelmente, incluíam as parcelas vincendas no decorrer da ação.9

Tal regra, de tão corrente, fez com que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo editasse súmula a respeito:

Súmula 13 do TJSP

Na ação de cobrança de rateio de despesas condominiais, consideram-se incluídas na condenação as parcelas vencidas e não pagas no curso do processo até a satisfação da obrigação. (Art. 290, do C.P.C.).

A edição do novo CPC e o reconhecimento da possibilidade de execução forçada dos créditos condominiais fez com que surgisse a polêmica sobre a continuidade da lógica até então aplicada tranquilamente às parcelas vincendas nas obrigações de trato sucessivo decorrentes de ação de conhecimento e, portanto, fundada em título executivo judicial.

9 "Direitos ainda inexistentes, mas suscetíveis de serem reconhecidos em condenações para o futuro são aqueles que, decorrendo de uma só e única relação jurídica substancial, vão se constituindo ao longo do tempo. Trata-se das obrigações de trato sucessivo, caracterizadas por relações jurídicas das quais emana a obrigação de realizar prestações múltiplas, ordinariamente periódicas (CPC, art. 290). Ordinariamente faleceria ao sujeito o legítimo interesse processual ao processo e ao julgamento de pretensões relativas a prestações futuras e, portanto, ainda inexigíveis (ausência de necessidade da jurisdição; supra. n. 544). Mas, estando elas ligadas a outras prestações já vencidas e, portanto, exigíveis, do inadimplemento destas o legislador extrai a razoável previsão de que também as futuras não serão honradas e, por esse motivo, confere ao sedizente credor a possibilidade de postular a condenação no alegado devedor por todas - vencidas e vincendas”. DINAMARCO,Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. 3. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 239/240.

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Indaga-se: na atualidade, será possível a inclusão as despesas condominiais vincendas? Ao executar as parcelas vencidas, estariam incluídas implicitamente também as que se vencerem no curso da execução? Seria o art. 323 do novo CPC compatível com o processo de execução, ou seria aplicável apenas ao processo de conhecimento? Os atributos “liquidez” ou “exigibilidade” do título estariam comprometidos caso se admitisse a execução das parcelas vincendas?

Por primeiro é preciso identificar o contexto que surge o art. 323 do novo CPC. Não há dúvida que sua aparição se dá em meio ao processo de conhecimento. Porém é um dispositivo que trata da formulação do pedido que deve constar de uma petição inicial:

Livro I – Do processo de conhecimento e do cumprimento de sentença Título I – Do procedimento comum

Capítulo II – Da petição inicial Seção II – do pedido

É certo que há petição inicial tanto no processo de conhecimento, como no processo de execução, sendo um tópico, portanto, de aplicação para todas as exordiais. E mesmo que assim não fosse, o que se diz apenas para efeito de argumentação, sua aplicação subsidiária estaria ressalvada pelo atual art. 771, parágrafo único do novo Código de Processo Civil (antigo 598 do CPC/73):

CPC/73

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento.

Novo CPC Art. 771...

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Ainda que a ação executiva tenha por objeto a cobrança de valores vencidos (obrigação certa, líquida e exigível), é imperativo invocar os arts. 318, parágrafo único10 e 771, parágrafo único, ambos do novo CPC, os quais possibilitam a aplicação subsidiária do procedimento comum às execuções.

Vale lembrar que na vigência do artigo CPC já havia o entendimento sobre a possibilidade de aplicação do então vigente art. 290 na execução forçada de título executivo extrajudicial, por força do mandamento do art. 598, como se observa da ementa abaixo do Superior Tribunal de Justiça:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. INCLUSÃO DOS ALUGUÉIS VENCIDOS INADIMPLIDOS NO CURSO DA DEMANDA. ART. 290 DO CPC. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE DÚVIDAS QUANTO AOS VALORES INADIMPLIDOS DEVIDOS.

1. Incluem-se na execução os débitos locatícios vencidos e inadimplidos no decorrer da demanda, nos termos do art. 290 do CPC.

2. Entendimento a que se chega ante a aplicação do art. 598 do CPC e a consagração dos princípios da celeridade e economia processual.

3. Recurso especial provido.

(REsp nº 1390324/DF – 3ª Turma - Rel. Min. João Otávio de Noronha – Julg. em 02/09/2014 - DJe 09/09/2014).

No mesmo sentido: AREsp nº 454.786/DF - Decisão Monocrática - Ministra Maria Isabel Gallotti.

Além do aspecto já apontado de interpretação sistêmica de artigos do novo CPC, a ementa acima revela outro forte argumento em prol da aceitação da cobrança das parcelas vincendas na execução forçada: os princípios da efetividade, celeridade e economia processual.

10 Novo CPC

Art. 318...

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

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Aos princípios mencionados o novo CPC deu ainda maior relevo, tendo em vista que o mesmo foi elaborado sob forte influxo constitucional, sendo revelador que seus artigos inaugurais tratem “das normas fundamentais do processo civil”.11

Aliás, a elaboração do novo CPC teve por norte justamente a realização de certos objetivos, a saber, dar maior harmonia constitucional, simplicidade, efetividade, coesão e justiça ao processo civil. A exposição de motivos elaborada pela Comissão de Juristas que gestou a nova lei nos informa a respeito:

Exposição de Motivos – novo CPC

“Há mudanças necessárias, porque reclamadas pela comunidade jurídica, e correspondentes a queixas recorrentes dos jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo país. Na elaboração deste Anteprojeto de Código de Processo Civil, essa foi uma das linhas principais de trabalho: resolver problemas. Deixar de ver o processo como teoria descomprometida de sua natureza fundamental de método de resolução de conflitos, por meio do qual se realizam valores constitucionais.

(...)

Com evidente redução da complexidade inerente ao processo de criação de um novo Código de Processo Civil, poder-se-ia dizer que os trabalhos da Comissão se orientaram precipuamente por cinco objetivos: 1) estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal; 2) criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais rente à realidade fática subjacente à causa; 3) simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por exemplo, o recursal; 4) dar todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado; e, 5) finalmente, sendo talvez este último objetivo parcialmente alcançado pela realização daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe, assim, mais coesão”.

Denegar a possibilidade de inclusão das parcelas vincendas nas ações de execução de cotas condominiais representará seríssimo retrocesso, que conspirará contra os princípios da economia, efetividade e celeridade evidenciados pela nova lei e decorrentes do texto constitucional, em especial o art. 5º, LXXVIII.12

11 Novo CPC

Art. 1º. O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.

12 Constituição Federal

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Ademais, a inclusão das parcelas condominiais vincendas não retira do título sua certeza, liquidez e exigibilidade, na medida em que o mesmo estará embasado em farta documentação (ata de assembleia contendo a aprovação orçamentária e Convenção do Condomínio disciplinando o assunto), hábil a justificar o crédito do condomínio correspondente às contribuições ordinárias e extraordinárias em aberto. O acréscimo das parcelas vincendas, portanto, é típico exemplo de aplicação do art. 786, parágrafo único, do novo CPC, posto que dependente, apenas, de simples apuração aritmética. Para tanto, será sempre oportuna à apresentação de cálculos atualizados no decorrer da demanda, para que o magistrado tenha ciência de quais prestações não foram adimplidas.

A prevalência do entendimento de que não é possível a execução das parcelas vincendas ocasionará o ajuizamento de novas e sucessivas execuções, com base num mesmo crédito e partes, ou seja, uma idêntica relação de direito material, o que contribuirá para sobrecarregar o Poder Judiciário, onerar o credor (condomínio) e beneficiar o devedor.

Outro resultado deletério de tal ponto de vista seria a morte da execução forçada das despesas condominiais, já que o condomínio credor passaria a optar por promover ação de cobrança pelo procedimento comum (art. 785 do novo CPC)13

, o que também serviria para congestionar ainda mais nossos tribunais, dada a costumeira demora do processo de conhecimento. Por óbvio, ambos os desdobramentos acima delineados, além dos prejuízos ao aparelho judicial e aos credores, significaria total frustação aos propósitos que levaram à criação do novo CPC.

Ciente dos aspectos acima apontados tendentes ao acolhimento da possibilidade de aplicação conjugada dos arts. 323 e 784, X, do novo Código Civil, há fartura de julgados sufragando dia a dia um posicionamento simpático à inclusão das parcelas vencidas e vincendas. Apesar, de não se tratar de um entendimento unânime, há uma linha majoritária de recentes julgados oriundos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo se mostram favoráveis à inclusão das parcelas vincendas nas ações de execução das despesas condominiais:

Ementa: Agravo de instrumento. Ação de execução. Despesas condominiais. Possibilidade de inclusão das parcelas vincendas. Inteligência do art. 323 do CPC/15. Medida que prestigia a efetividade da prestação jurisdicional e a economia processual. Precedentes. Decisão reformada. Recurso provido.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

13 Novo CPC

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

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Agravo de Instrumento 2030735-89.2017.8.26.0000 Relator(a): Walter Cesar Exner

Comarca: Guarulhos

Órgão julgador: 36ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 10/04/2017

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – DESPESAS CONDOMINIAIS – Artigo 784, VIII e X, do CPC/2015 – Possibilidade de inclusão das contas condominiais vencidas e não pagas no curso do processo – Inteligência do artigo 323, do CPC/2015 – Medida que prestigia a celeridade e economia processual – Decisão reformada – Agravo provido, nos termos do Acórdão.

Agravo de Instrumento 2037097-10.2017.8.26.0000 Relator(a): Claudio Hamilton

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 25ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 06/04/2017

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPESAS CONDOMINIAIS. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. À execução aplicam-se subsidiariamente as regras do processo de conhecimento (art. 771, § único, CPC/2015), consequentemente, as cotas condominiais vencidas e não pagas até o cumprimento da obrigação devem ser incluídas no valor da dívida, por força do art. 323, do CPC/2015. Decisão reformada. Recurso provido.

Agravo de Instrumento 2046355-44.2017.8.26.0000 Relator(a): Felipe Ferreira

Comarca: São Caetano do Sul

Órgão julgador: 26ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 06/04/2017

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Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – DESPESAS DE CONDOMÍNIO – AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – INCLUSÃO DE COTAS VINCENDAS – CABIMENTO – INTELECÇÃO DO ART. 784, INC. X, DO NCPC. As parcelas do rateio das despesas de condomínio, "ex vi legis", são título executivo extrajudicial. Logo, é desnecessário propor ação sob o procedimento comum para cobrar parcelas eventualmente não pagas. Também, não se pode olvidar que, mesmo na vigência do anterior diploma processual civil, este Sodalício já havia editado a Súmula nº 13, consagradora do viés hermenêutico no sentido de que "na ação de cobrança de rateio de despesas condominiais, consideram-se incluídas na condenação as parcelas vencidas e não pagas no curso do processo até a satisfação da obrigação". RECURSO PROVIDO.

Agravo de Instrumento 2229217-17.2016.8.26.0000 Relator(a): Antônio Nascimento

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 26ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 06/04/2017

Ementa: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - COTAS CONDOMINIAIS EM ATRASO - PRETENSÃO DO CONDOMÍNIO DE INCLUSÃO DAS PRESTAÇÕES VINCENDAS, ENQUANTO DURAR A OBRIGAÇÃO - POSSIBILIDADE - APLICAÇÃO DA REGRA DO ARTIGO 323 DO CPC - REFORMA DA DECISÃO QUE AFASTOU O CABIMENTO DA MEDIDA. AGRAVO PROVIDO.

Agravo de Instrumento 2258586-56.2016.8.26.0000 Relator(a): Andrade Neto

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 30ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 05/04/2017

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE COBRANÇA DE DESPESAS CONDOMINIAIS – INCLUSÃO DAS PARCELAS VINCENDAS - JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA APLICÁVEIS DESDE O VENCIMENTO DE CADA PARCELA. -Recurso provido.

Agravo de Instrumento 2051598-66.2017.8.26.0000 Relator(a): Edgard Rosa

Comarca: Guarulhos

Órgão julgador: 25ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 06/04/2017

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Ementa: Agravo de Instrumento. Insurgência contra decisão que não admitiu a inclusão de prestações condominiais vincendas no cálculo a ser apresentado pelo credor. Acolhimento das razões recursais em homenagem aos princípios da efetividade da prestação jurisdicional e celeridade processual. Recurso provido.

Agravo de Instrumento 2228053-17.2016.8.26.0000 Relator(a): Nestor Duarte

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 34ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 05/04/2017

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPESAS DE CONDOMÍNIO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DAS COTAS CONDOMINIAIS VINCENDAS, NOS TERMOS DO ART. 323 DO ATUAL CPC. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA SUBSIDIÁRIA DO ART. 318, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 323, E ART. 771, PARÁGRAFO ÚNICO, DO ATUAL CPC. PROVIDENCIA QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAL, EVITANDO-SE O AJUIZAMENTO DE DIVERSAS EXECUÇÕES, SEM QUE, COM ISSO, REPRESENTE AFRONTA AO DIREITO DO CONTRADITÓTIO E AMPLA DEFESA DO DEVEDOR. DECISÃO AGRAVADA REFORMADA. Agravo de instrumento provido, nos termos do acórdão. (G.N.).

Agravo de Instrumento 2039965-58.2017.8.26.0000 Relator(a): Cristina Zucchi

Comarca: Araçatuba

Órgão julgador: 34ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 05/04/2017

III- Conclusão

Por todo o exposto, é nossa opinião que na execução das despesas condominiais deve ser aceita como possível a inclusão das parcelas vencidas e vincendas, devendo o condômino devedor ser citado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das taxas condominiais vencidas anteriormente ao início da execução, bem como daquelas que se vencerem no seu curso.

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A prevalência de tal entendimento é fundamental para que o art. 784, X, do novo CPC não vire letra morta, evitando-se que o Poder Judiciário seja sobrecarregado com demandas injustificadas e o condomínio credor prejudicado com a demora e a ineficiência estatal.

Sugerimos, ademais, a atualização da Súmula 13 do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para que passe a conter a seguinte redação: “na execução forçada do rateio das despesas condominiais, consideram-se incluídas as parcelas vencidas, bem como as vincendas no curso do processo até a satisfação do crédito, de modo a se prestigiar a celeridade e a economia processual”.

É o nosso parecer, sub censura.

Cristiano De Souza Oliveira* João Paulo Rossi Paschoal* Lino Eduardo Araújo Pinto**

Paulo Caldas Paes* Rodrigo Karpat*

Membros Efetivos da Capital da Comissão de Direito Condominial *

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