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EIXO TEMÁTICO: RECURSOS NATURAIS, SUSTENTABILIDADE E APROPIAÇÃO DO ESPAÇO. ANALISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA LAGOA DO BANANA CAUCAIA-CEARÁ BRASIL

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Academic year: 2021

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EIXO TEMÁTICO: RECURSOS NATURAIS, SUSTENTABILIDADE E

APROPIAÇÃO DO ESPAÇO.

ANALISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA LAGOA DO BANANA –

CAUCAIA-CEARÁ – BRASIL

Rodolfo Anderson Damasceno Góis - Graduando em Geografia – Universidade Federal do Ceará – Fortaleza/Ceará – rodolfoheavy@hotmail.com

Eciane Soares da Silva – Graduanda em Geografia – Universidade Federal do Ceará – Fortaleza/Ceará – ciane.geo@hotmail.com

João Luis Sampaio Olimpio – Graduando em Geografia – Universidade Federal do Ceará – Fortaleza/Ceará - joao.luis_ce@hotmail.com

Edson Vicente da Silva – Pós-doutor em Geografia – Universidade Federal do Ceará – Fortaleza/Ceará – cacau@ufc.br (ORIENTADOR)

Resumo

Os ambientes lacustres situados no litoral do Brasil, em geral sofrem com o uso desordenado do espaço, devido principalmente à especulação imobiliária, como é o caso da Lagoa do Banana, área foco do estudo. A lagoa localiza-se no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, próximo às praias de Icaraí, Tabuba e Cumbuco, estando a 22,82 km, em linha reta, da Capital, Fortaleza. Possui uma área de 84,18 ha, distando 1,15 km do mar. A área em estudo apresenta uma rica paisagem natural que é alvo da forte especulação imobiliária, que se desenvolve sem um planejamento adequado, acarretando na degradação sócio-ambiental, e influindo em desequilíbrios ecológicos, alterações paisagísticas e redução da qualidade de vida das populações nativas. A partir desse quadro constata-se a importância do estudo para avaliar o cenário que constitui o local. Com intuito de identificar e analisar os impactos sócio-ambientais decorrentes das formas de uso na Lagoa do Banana, a pesquisa pretende diagnosticar e propor soluções mitigadoras. Como referencial metodológico empregou-se a analise geoambiental com intuito de definir, analisa e mapear as unidades geoambientais existentes na área e avaliar os impactos presentes em cada uma das mesmas, indicando suas causa e conseqüências. Também realizaram-se trabalhos de campo para a devida checagem das condições geoambientais, sendo empregadas entrevistas com os moradores da região e revisões bibliográficas. Utilizou-se do software Autodesk Map 2005 e imagens do satélite QUICKBIRD, adquiridas no Google Earth para a realização do mapeamento das unidades de paisagem, em nível de geossistemas, da Lagoa do Banana. Como principais produtos obtidos na pesquisa destacam-se, os mapas de feições geoambientais e de localização/tipologia de impactos. Acompanhando essas informações cartográficas, estão o diagnostico ambiental, bem como uma proposta de mitigação de impactos e de recuperação ambiental.

Palavras-chaves: Impactos ambientais, especulação imobiliária, ambientes lacustres.

Abstract

Environments Lake located on the coast of Brazil, in general suffer from the uncontrolled use of space, mainly due to speculation, as is the case of Lagoa do Banana area focus of study. The lagoon is located in the municipality of Caucaia, Metropolitan region of Fortaleza, near beaches

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Icaraí, Tabuba and Cumbuco, with 22 2,82 km in a straight line, the capital, fortress of 84, 18 ha, are 1, 15 km from the sea. The study presents a rich natural landscape that is strong speculation, which develops without an appropriate planning, leading to degradation socio - environmental, and influindo in imbalances ecological changes landscape and reduced quality of life for native. From this context notes the importance of study to assess the scenario that is the location. With a view to identify and analyse the socio - environmental impacts arising from the ways to use in Lagoa do Banana search you want to diagnose and propose solutions mitigating. How referential methodological used to analyze geoambiental with a view to define, analyses and map the drives geoambientais in the area and assess the impacts in each, indicating their causes and

consequences. Also conducted fieldwork for a proper conditions geoambientais checagem, being employed interviews with residents of the region and bibliographical reviews. Had software Autodesk Map 2005 and images satellite QuickBird, acquired in Google Earth to achieve the mapping units landscape level geossistemas, Lagoa do Bananas. Main products obtained in the search include, maps internationalization features geoambientais and location / typology of impacts. In line with this information cartographic are the environmental epidemiology, together with a proposal of mitigation impacts and recovery environment.

Keywords: environmental impacts, speculation, Lake environments. Introdução

Nas últimas décadas a atividade turística cresceu bastante e junto com ela a procura por paisagens de beleza cênica singular. O mercado imobiliário, atendendo aos anseios de uma procura por paisagens naturais, oferece terras próximas a tais espaços. A rápida ocupação de áreas naturais acarreta em uma nova configuração paisagística e que em muitas vezes leva a degradação do ambiente. A lagoa do Banana localiza-se no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, próximo às praias de Icaraí, Tabuba e Cumbuco, estando a 22,82 km, em linha reta, da Capital do estado. A área em estudo apresenta uma rica paisagem natural que é alvo da forte especulação imobiliária que se desenvolve sem um planejamento adequado, acarretando na degradação sócio-ambiental, e influindo em desequilíbrios ecológicos, alterações paisagísticas e redução da qualidade de vida das populações nativas. A partir desse quadro, constata-se a importância do estudo para avaliar o cenário que constitui o local. Com intuito de identificar e analisar os impactos sócio-ambientais decorrentes das formas de uso na Lagoa do Banana, a pesquisa pretende diagnosticar e propor soluções mitigadoras.

Metodologia Aplicada na Pesquisa

Esta pesquisa utilizou como referencial teórico metodológico análise geoambiental da paisagem, possibilitando uma abordagem sobre os constituintes do espaço geográfico existente na

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Lagoa do Banana e no seu entorno. Procurou contribuir para o diagnostico e o planejamento ambiental, buscando um uso dos recursos naturais de forma mais sustentável. Empregou-se a metodologia geossistêmica, onde a paisagem é analisada em uma configuração holística em que os elementos naturais, sociais, econômicos e culturais que a compõem são percebidos de forma integrada, de modo que cada um dependente e é influenciado pelos demais. O entendimento do termo paisagem é imprescindível para o estudo das interrelações e da dinâmica destes elementos. De acordo com, BERTRAND a paisagem é:

... uma determinada porção do espaço, resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que reagindo dialeticamente uns com os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpetua evolução. (BERTRAND, 1972, p. 141).

A paisagem é a representação do geossistema, ela é o resultado da estrutura, das interrelações e da dinâmica do espaço que formará o geossistema, dando-o uma feição particular. (Troppmair e Galina, 2006).

Geossistema, nesse trabalho, é entendido a partir da concepção de Bertrand (1972) em que o estudo do espaço geográfico resulta das combinações locais dos elementos constituintes do potencial ecológico aliado à exploração biológica e ação antrópica proporcionando um estágio de evolução em relação ao clímax que o caracteriza. O autor ainda trabalha dentro do conceito de geofáceis, como unidade integrada dos geossistemas, com nível de detalhamento maior e que apresenta homogeneidade fisionômica encontrando-se numa mesma fase de evolução.

A partir destes conceitos foi possível compreender o quadro existente no local em estudo, em que a paisagem atual é o resultado da remodelação da paisagem natural por fatores socioeconômicos, que estão atuando desde as últimas décadas até o presente, e que absorvem e subordinam a bela paisagem natural da Lagoa do Banana.

Também realizaram-se trabalhos de campo para a devida checagem das condições geoambientais, sendo empregadas entrevistas com os moradores da região e revisões bibliográficas. Utilizou-se o GPS eTrex garmin, software Autodesk Map 2005 e imagens do satélite QUICKBIRD, adquiridas no Google Earth para a realização do mapeamento das unidades de paisagem, em nível de geofácies, da Lagoa do Banana.

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Resultados e Discussões

A área de estudo do presente trabalho localiza-se no município de Caucaia, sendo integrante da Região Metropolitana de Fortaleza. Apresenta uma população total de 316.906 habitantes, dos quais 90% estão inseridos na zona urbana (IBGE, 2007). A Lagoa do Banana encontra-se na sede deste município, na costa oeste do estado do Ceará, entre as coordenados UTM 9.599.500 e 9.597500 de latitude sul e 527.500 e 526.500 de longitude oeste, zona 24. O acesso pode ser realizado através da BR-222, e posteriormente, seguindo a CE-085 passando pela localidade de Garrote ou pela CE-090. Percurso esse que passa pelas praias de Icaraí, Tabuba e Cumbuco, estando a 22,82 km, em linha reta, da Capital, Fortaleza. Possui uma área de 84,18 ha e distando 1,15 km do mar. Abaixo o mapa de localização da Lagoa do Banana.

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A área em estudo está totalmente inserida em litológias sedimentares cenozóicas, sobrepostas aos terrenos cristalinos do Pré-Cambriano, apresentando grande variedade de estruturas geológicas. As mais representativas são a Formação Barreiras, datadas do plio-pleistoceno, e as formações quaternárias, nas quais se insere as dunas, as paleodunas, as areias marinhas e os depósitos flúvio-lacustres. Deve se considerar que área em estudo não esta locada sobre o Complexo Gnáissico-migmatito (estrutura litológica ao sul da Lagoa do Banana), e com relação a hidrografia, os seus afluentes intermitentes têm suas nascentes nesta unidade litológica (Lacerda e Lima Jr, 2008).

Há variações na configuração geomorfologica local do entorno da Lagoa do Banana. As unidades geomorfologicas encontradas na área foram: Tabuleiros Costeiros, que se desenvolvem sobre a Formação Barreiras apresentado como características um relevo aproximadamente plano, intercalado com setores suave ondulados, e altitude pouco expressiva; a Planície Flúvio-Lacustre da Lagoa do Banana, sendo a única feição a estar em contato direto com este corpo hídrico, possuindo uma planície de inundação que o margeia. Essa unidade de paisagem mais degradada devido a maior ocupação antrópicas. Na pesquisa in locu, foi identificado que em determinados pontos a inexistência da mata ciliar.

Os campos de dunas são unidades geomorfológicas formados por sedimentos quaternários, incosolidados e sem a presença de vegetação. Encontram-se ao norte da Lagoa do Banana, dunas móveis do tipo transversais, apresentam relevo fortemente ondulado. No local analisado ocorrem tentativas de fixação das dunas móveis através de vegetação pioneira ou com o uso de obstáculos; na retaguarda das dunas recentes ocorrem paleodunas, caracterizadas por possuir relevos moderadamente ondulados onde os processos pedogenéticos são marcantes. São dunas edafizadas, ocorrendo vegetações típicas destes ambientes (Cajueiro, murici, salsa etc), como também espécie introduzidas (pequenos cultivos, gramados, coqueiros, mangueiras).

Durante o trabalho foi constatado a presença de três classes de solos, sendo eles: os Neossolos Quartzarênicos, caracterizados por compreender solos arenosos, essencialmente quartzosos, muito profundo, excessivamente drenados, forte a moderadamente ácidos e de baixa a muito baixa fertilidade natural. Ocorrem na zona litorânea e pré-litorânea, associado aos campos de dunas, a faixa de praia e a coberturas da Formação Barreiras. Os Argilossolos Vermelho-Amarelos Distróficos, compreendendo solos com um horizonte B textural, não hidromórficos, constituídos de argilas do grupo 1:1, são ácidos e possuem baixa fertilidade natural. Eles ocorrem

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na zona pré-litorânea, associados à Formação Barreiras. E por fim os Neossolos Flúvicos originários da deposição fluvial ou lacustre recente, caracterizados por apresentar um horizonte A superficial sobreposto a camadas que não guardam relações pedogenéticas entre se. São profundos a muito profundos, imperfeitamente drenados e ricos em nutrientes, possuindo grande potencial agrícola. (Lemos, 1996)

A vegetação predominante no local corresponde ao Complexo Vegetacional Litorâneo subdividido em Vegetação Psamófila de Dunas e vegetação subperenifolia, mais a vegetação ciliar e de várzea das planícies lacustres e fluviais. Na primeira unidade encontra-se espécies a salsa-da-praia (Ipomoea pescaprae) e o cipó-de-praia (Remirea marítima). Associado as paleodunas encontramos uma vegetação de porte mais arbóreo e algumas espécies que foram introduzidas, sendo plantas frutíferas (coqueiros, mangueiras). A vegetação subcaducifolia de tabuleiro Floresta de Tabuleiro é composta por espécies como o cajueiro (Anacardium occidentale), o angelim (Andira Getusa) e o pau d’arco roxo (Tabebuia caríba). Contudo o quadro atual mostra que as matas ciliares forma bastante desmatadas durante o processo de ocupação da planície lacustre, restando poucos locais onde ocorre este tipo de vegetação (Queiroz, 2003).

A localização geográfica do município de Caucaia situa-se próxima a Linha do Equador, possibilita a ocorrência elevadas temperaturas medias anuais elevadas, entre 25°C e 27°C, com baixas amplitudes térmicas anuais e a insolação constante e elevada durante o ano todo. O principal sistema atmosférico causador de instabilidade pluviais é a ZCIT, que atua de fevereiro a maio, formando a estação chuvosa para todo o estado. A média anual de precipitação é de 1254,7 mm. Os ventos alísios trazem umidade e amenizam as temperaturas. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia - FUNCEME e o Instituto de Pesquisa Econômica do Ceará - IPECE o clima do município é Tropical Quente Semi-Árido.

A Lagoa do Banana pertence à microbacia do rio Cauípe, possui dois afluentes intermitentes, cujas nascentes estão a sul e sudeste da lagoa. Estes riachos interligam sazonalmente a Lagoa do Banana a outros corpos lacustres da região, como a Lagoa do Damião, formando um sistema flúvio-lacustre nesta ocasião. As águas subterrâneas acumulam-se em sedimentos inconsolidados a pouco consolidados, os primeiros encontram-se em locais favoráveis a recarga, como nas margens dos riachos e lagoas e nas dunas, apresentam alta porosidade, permeabilidade e facilidade para a exploração. Também forma-se o Aqüífero Barreiras, nos

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tabuleiros onde o potencial de exploração menor, devido a sua constituição mais argilosa, o que reduz a sua permeabilidade. A vista panorâmica da Lagoa do Banana, está destacada na figura 01.

Figura 02: Vista da paisagem da Lagoa do Banana e dos seus elementos constituintes.

As Unidades Geoambientais da Área em Estudo.

Para a delimitação das unidades geoambientais utilizou-se como critério principal às unidades do relevo, pois as formas geomorfológicas são mais facilmente identificadas. Soares (1998) citado por Silva (2008), expõem que:

O destaque feito à geomorfologia como fator básico de integração é devido tanto ao seu grau de “estabilidade” como pela maior facilidade de se

identificar, delimitar e interpretar os comportamentos topográficos e as funções de modelado nele contido e conduzir a uma condição parcial de integração através das condições morfo-estruturais, morfo-pedológicos, morfo-climáticos e hidro-morfológicos. (SOARES 1998 apud SILVA 2008)

Deste modo, foram identificados no entorno da lagoa do Banana, dois grandes grupos de unidades geoambientais, a saber: os Glacis Pré-litorâneos e a Planície Litorânea. Nos primeiros são encontrados os Tabuleiros Costeiros, que se desenvolvem sobre a Formação Barreiras apresentado como características um relevo aproximadamente plano, intercalado com setores

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suave ondulados, com caimento topográfico para o norte e altitude pouco expressiva, entorno de 30 metros.

Os Tabuleiros são ambientes estáveis onde os processos pedogenéticos predominam e as condições topográficas não apresentam restrições à ocupação humana e a agro-pecuária, contudo a pouca fertilidade natural é um fator limitante. Também apresenta-se a Planície Flúvio-Lacustre na Lagoa do Banana, sendo a única feição a estar em contato direto com este corpo hídrico, possuindo uma planície de inundação que o margeia. É a unidade geomorfológica que mais sofre interferências antrópicas, pois a ocupação dos restaurantes e das casas de veraneio ocorre sobre esta feição. Em trabalho de campo, foi constatado que as planícies em questão estão profundamente alteradas, a exemplo disso pode ser citada a ocorrência de matas ciliares somente em pontos isolados, além disso, essas áreas são naturalmente férteis e propicias ao cultivo, porém a ocupação das várzeas por edificações e pelo próprio custo de aquisição da terra impede que tais práticas se realizem.

A Planície Litorânea é formada por estruturas sedimentares Tércio-quaternárias, apresentado uma grande quantidade de unidades geomorfológicas, as mais representativas são os campos de dunas e a faixa de praia. Ao norte da Lagoa encontram-se dunas móveis do tipo transversais. No local analisado ocorrem tentativas de fixação das dunas móveis através de vegetação pioneira e adaptada às condições do meio ou com o uso de obstáculos (folhas de carnaúba e coqueiro). Na retaguarda das dunas recentes ocorrem paleodunas, caracterizadas por possuir relevos moderadamente ondulados onde os processos pedogenéticos são marcantes. São dunas edafizadas, ocorrendo espécies vegetais típicas destes ambientes (cajueiro, murici, guajirú, etc), como também espécie introduzidas (pequenos cultivos, gramados, coqueiros, mangueiras).

Impactos Ambientais Constatados

Ao longo das últimas décadas a lagoa do Banana vem sofrendo sérios impactos socioambientais, provocados pela ocupação desordenada deste espaço, que modificou a configuração da paisagem natural. Tais alterações são resultados dos novos processos de valorização das regiões costeiras e no caso especifico da Lagoa do Banana, tal fato é representado pela implantação de restaurantes e de residências secundárias pertencentes a populações

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abastadas, cujas origens remontam a capital ou a estrangeiros, notadamente portugueses e espanhóis, que sustentam estas residências para uso sazonal nos fins de semana e feriados.

No decorrer dos últimos anos as regiões litorâneas brasileiras passam por um processo de valorização. No estado do Ceará isso se refletiu nas estratégias de valorização da imagem das paisagens litorâneas, auxiliado pela mídia e pelo Governo do Estado. Dantas (2002) citado por Pereira (2006) expõe que “na década de 1970 a valorização da zona de praia pelo veraneio provoca movimento peculiar na escala da estrutura urbana do Ceará”.

Dantas(2002) expõe que:

“... o veraneio ocupa, inicialmente, as praias vizinhas [em relação a capital, Fortaleza] notadamente a do Icaraí, Cumbuco, em Caucaia e a praia do Iguape em Aquiraz”.

A partir do periodo referida o litoral de Caucaia passa por um processo de ocupação desordenado, fruto de um planejamento pautado na atração de turistas e veranistas e que põem em segundo plano os modos de vidas das populações nativas e a dinâmica dos elementos da paisagem, muitas vezes confrontando-se com a legislação ambiental vigente. No caso da Lagoa do Banana este problema agrava-se, devido à especificidade do espaço, composto por uma diversidade fatores atrativos a aqueles atores. A paisagem cênica combina a própria lagoa, as praias próximas, as dunas, as serras, além da proximidade da capital. Tal quadro permitiu que a especulação imobiliária se implantasse no local, provocando profundas alterações na qualidade de vida dos antigos habitantes e o surgimento de impactos ambientais de ordem negativa e consequentemente alterações na dinâmica dos elementos constituintes da paisagem.

A especulação imobiliária atraiu indivíduos que adquiriram no entorno da lagoa, construindo mansões no interior da planície lacustre, locais onde anteriormente havia mata ciliar, ou seja, sobre as Áreas de Preservação Permanente da Lagoa do Banana. De acordo com a Resolução CONAMA n° 303/02 e a Lei Federal 4.773/65, a lagoas com mais de 20 ha, como é caso da Lagoa do Banana, devem possuir uma APP de 100m de largura. Na região as novas construções não respeitaram a legislação ambiental, a mata ciliar foi desmatada, gerando uma diversidade de impactos negativos nas unidades ambientais, entre elas pode citar a perda de biodiversidade local, alterações no clima local, intensificação da erosão e assoreamento do leito.

Outro impacto negativo, e que atinge a comunidade local foi à expropriação e as mudanças do modo de vida da população nativa, tendo em vista que a pressão da especulação

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imobiliária levou grande parte a vender os seus terrenos, migrando para outros bairros ou mesmo para a capital. Os que permaneceram tiveram seu modo de vida alterado, pois a mudança no uso do espaço, com a introdução do veraneio, incorporou estes atores. As atividades tradicionais, como a agricultura e a pesca, foram substituídas pelo emprego sazonal em restaurantes e pela atividade de caseiro, esta última engloba não só único individuo como também incorpora toda a sua família, exercendo funções de cozinheira, lavadeira e arrumadeiras.

Além disso, a população que permaneceu teve o acesso à lagoa restringido, pois os terrenos localizados as margens da mesma estão quase que na totalidade dentro de propriedades particulares dos veranistas, além disso, estes constroem muros e cercas que adentram a lagoa. A população nativa e os turistas são obrigados a acessarem os restaurantes a fim de poderem utilizar a lagoa como lazer, ou para pescar. Contudo esta prática encontra-se em decadência, pois além do fato das dificuldades de acesso ao corpo hídrico, a inicial poluição ameaça a vida aquática e consequentemente a produtividade da atividade, observar a figura 02.

Figura 03: Lagoa do Banana. Detalhe dos muros adentra a lagoa e impedem a circulação

A implantação de restaurantes e residências secundárias amplificou o problema da falta de saneamento básico na região, tendo em vista que o aumento populacional e a crescente urbanização, não foi acompanhado pelo oferecimento de serviços de abastecimento de água, coleta de esgoto e de lixo. A amplificação da produção de resíduos sólidos e líquidos pode causar

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sérios risco a qualidade ambiental da lagoa do Banana, pois a população utiliza-se de forças sépticas para armazenar estes resíduos, entretanto este recursos pode acarretar a contaminação do lençol freático que abastece a lagoa e os poços que abastecem os habitantes da região. Além disso, a irregularidade da coleta de lixo agrava a situação, pois o lixo fica exposto ou é queimado.

Outra pratica comum da lagoa são os passeios de jet-skis e lanchas, essa atividade vem modificando as características físico-químicas da água que sofreu alterações relevantes devido ao despejo de diesel e óleo pelos motores de tais equipamentos. De acordo com SILVA (2000), as águas da lagoa do Banana apresentam teores de fósforo total, óleos e graxas superiores as valores determinados pela Resolução CONAMA n° 20/86, de modo que este recurso hídrico encontra-se inapropriado à balneabilidade. A autora conclui que a frequência de banhista e esquiadores associado à presença de residências e de restaurantes próximos ao corpo hídrico são os fatores causadores da poluição. Recentemente, a Guarda Costeira, proibiu a circulação desses equipamentos por gerar risco de acidentes aos banhistas, entretanto não há fiscalização possibilitando a permanência dessas atividades de forma irregular.

Conclusões

Os impactos verificados na lagoa do Banana são preocupantes tanto em termos ambientais quanto sociais, pois a especulação imobiliária gerou a expropriação da população local, restringiu o acesso à lagoa e provocou alterações nos fluxos de energia e matéria no interior das unidades ambientais. A forte ocupação na região norte da lagoa é preocupante por não haver saneamento básico, o esgoto é despejado em fossas sépticas, podendo atingir o lençol freático que abastece a lagoa e a população. É interessante que a população local e veranista se unam para reivindicar saneamento básico e coleta de lixo regular. Quanto à questão das lanchas e jet-ski é necessário que haja fiscalização efetiva da marinha com intuito de evitar acidentes envolvendo banhistas. Em relação à administração municipal ao de Caucaia, os órgãos municipais responsáveis, no caso o Instituto de Meio Ambiente de Caucaia – IMAC, devem atuar, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado – SEMACE, com o intuito de realizar fiscalizações efetivas na área. a fim de garantir que as áreas de APP sejam respeitadas. É necessário realizar uma abordagem voltada para a Educação Ambiental no sentido de alertar a população, tanto a nativa, turista e veranista, da importância desse recurso natural.

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Referências Bibliográficas

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: esboço metodológico. Caderno de Ciências da Terra. São Paulo, n.13, 27 p. 1972.

PEREIRA, A. Q. Urbanização e Veraneio Marítimo no Ceará. In: DA Silva, J. B. et at. Litoral e Sertão: natureza e sociedade no nordeste brasileiro. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2006.

SILVA, G. S. da. Caracterização Físico-Química e Bacteriológica das águas da Lagoa do Banana de acordo como os padrões da Resolução N° 20/86 do CONAMA para Controle Hídrico. 2000. Trabalho de Conclusão do Curso (Monografia). Curso de Química Industrial, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2000.

TROPPMAIR, H.; GALINA, M. H. GEOSSISTEMA. Mercator – Revista de Geografia da UFC. Fortaleza, ano 5, número 10, p. 79-89, 2006.

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