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ANÁLISE DO SETOR SIDERÚRGICO BRASILEIRO

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Academic year: 2021

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A

NÁLISE DO

S

ETOR

S

IDERÚRGICO

B

RASILEIRO

COM A

M

ETODOLOGIA DE

M

ATRIZ

I

NSUMO

-P

RODUTO1

Igor L. Moreira2 Carlos Tadao Kawamoto3 Frederico Araujo Turolla4

RESUMO

Este trabalho faz uma análise do setor siderúrgico brasileiro através da metodologia da Matriz Insumo-Produto (MIP). Para tanto, utiliza-se um ferramental dentro do contexto macroeconômico desenvolvido por Wassily Leontief, a Matriz Insumo-Produto. Em primeiro lugar, o trabalho faz uma breve apresentação da história recente do setor siderúrgico no Brasil. Em seguida, o trabalho desenvolve os elementos fundamentais da metodologia de manipulação da MIP. Finalmente, são identificados pontos para pesquisa sobre a aplicação da MIP à estratégia de negociação comercial do Brasil frente à formação da Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA.

Os anos oitenta marcaram o esgotamento do modelo de substituição de importações que vigorou nas décadas anteriores. De forma tardia, somente no início dos anos noventa o país começou a perseguir uma nova agenda, baseada em maior atenção aos aspectos de competitividade, produtividade, eficiência, qualidade, redução do Estado, entre outros. Esse novo consenso foi implantado de forma gradual - embora incompleta e muitas vezes atabalhoada - durante os anos noventa.

Entre os avanços mais importantes que ocorreram a partir dos anos noventa, destacam-se a substituição do controle de preços por um moderno sistema de defesa da concorrência e regulação, a implementação de um amplo programa de desestatização de empresas estatais e a ampliação do grau de abertura da economia. Em meados da década, o Plano Real constituiu um marco fundamental na medida em que permitiu a estabilização da inflação crônica que assolou a economia brasileira durante décadas. A estabilização teve como coadjuvante principal a estratégia de apreciação da taxa de câmbio. Embora tenha permitido um amplo movimento de modernização da indústria nacional através da importação de máquinas e equipamentos mais modernos, o câmbio artificialmente apreciado gerou acumulação de desequilíbrios macroeconômicos e uma forte pressão competitiva sobre a indústria nacional.

Sob o ponto de vista das empresas, esse conjunto de movimentos pode ser entendido como uma mudança em direção a um ambiente de competição aberta, em âmbito global. Ao contrário do ambiente anterior, em que a ênfase era dada à produção voltada para um mercado cativo e autárquico em relação ao resto do mundo, no novo ambiente os aspectos de eficiência da produção e de competitividade passaram a ser vitais para a sobrevivência Reduziu-se sensivelmente a possibilidade que foi institucionalizada em épocas anteriores de realização de socorro estatal de última instância para setores ineficientes. Além disso, a própria reordenação setorial que

1

Artigo aceito para apresentação e publicação nos anais do II Encontro Científico da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (II EC-CNEC), Varginha, 9-10 de julho de 2004

2

Bacharelando do curso de Ciências Econômicas das Faculdades Oswaldo Cruz

3

Professor do curso de Economia das Faculdades Oswaldo Cruz

4

(2)

acompanha qualquer movimento de abertura econômica mudou as feições da economia brasileira.

Nesse novo contexto dos anos noventa, o setor siderúrgico despontou como uma força competitiva da economia brasileira. Considerado como setor estratégico no modelo anterior, o setor foi o primeiro da lista de alvos do Programa de Nacional de Desestatização lançado em 1991. Entretanto, a privatização do setor se iniciou ainda no final dos anos oitenta, com a transferência de quatro usinas de médio porte ao setor privado. A partir dos anos nove nta, sob operação privada, o setor manteve sua eficiência e sobreviveu às pressões do novo ambiente, logrando competir em âmbito internacional mesmo sofrendo restrições no acesso aos principais mercados externos.

A análise setorial ganha importância nesse contexto de maior competição. O principal desafio setorial dos próximos anos é a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A perspectiva de reorganização setorial e espacial de vários setores econômicos nos países que participarão do processo de integração continental impõe o entendimento das cadeias produtivas, visando a um desenho do processo que assegure menores custos, ou maiores benefícios, em termos de produção e de emprego. Nesse contexto, a análise de insumo-produto desponta como uma metodologia com elevado potencial de subsídio à análise das negociações brasileiras no processo de integração, bem como na avaliação dos impactos de possíveis negociações. Este trabalho faz um esboço de uma análise da cadeia siderúrgica com base nessa metodologia.

1. Breve Histórico do Setor Siderúrgico Brasileiro5

O setor siderúrgico brasileiro tem como marco histórico o estado de Minas Gerais (que até hoje é o estado com maior representatividade no cenário siderúrgico nacional) onde fora instalada a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira pelo consórcio belgo-luxemburguês e empresários locais que já em 1917 criaram a Companhia Siderúrgica Mineira. A segunda planta da Belgo-Mineira foi instalada em meados de 1935 em João Monlevade tornando-se a maior siderúrgica integrada a carvão vegetal do mundo. Com uma capacidade inicial de 50 mil toneladas e após todas as unidades instaladas em 1943, sua capacidade produtiva dobrou, atingindo 100 mil toneladas de aço, onde aproximadamente um terço da produção era de trilhos e o restante de arame farpado. Após sucessivas expansões a planta de João Monlevade representa ainda a principal planta da empresa.

Com o inicio das operações da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional em 1946, Volta Redonda (RJ), proporciona ao Brasil a maior usina produtora de aço integrada a coque da América Latina com uma capacidade de 270 mil toneladas, tornando a CSN pioneira na produção de aço plano, laminados (a quente e a frio) e produtos revestidos (exemplo, folhas-de- flandres e chapas galvanizadas). Conforme relatado por MANGABEIRA (1993, p.65), o que estava implícito na construção de uma usina siderúrgica do porte da CSN (nesse período, os equipamentos utilizados pela usina eram superiores ao encontrados na siderurgia européia) era o impulso para fomentar o desenvolvimento do parque industrial no Brasil. No intervalo de 1924 a 1946, o Brasil obteve um salto da produção siderúrgica de 4,5 mil para 342 mil toneladas, sendo que a Belgo-Mineira era detentora de aproximadamente 70% desse volume.

Durante a década de 50, impulsionado pela criação do BNDE - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - atual BNDES -, passando então a contar com um

5

Esta seção baseia-se nos seguintes documentos: “Estudo da Competitividade de Cadeias Integradas no Brasil: Impactos das zonas de livre comércio – Cadeia Siderurgia”, Campinas, 2002 e “BNDES 50 Anos – Histórias Setoriais - O Setor Siderúrgico”, BNDES, 2002.

(3)

agente proporcionando recursos financeiros de cunho estratégico governamental, o setor siderúrgico obteve uma evolução notória. Confirma-se a prioridade do Estado quanto ao setor siderúrgico e que agora é repassado ao então BNDE, como tentativa de viabilizar a estratégia de independência industrial que objetivava o Governo nesse período.

Ainda na década de 50 e mais especificamente em 1956, duas gigantes surgem no cenário siderúrgico contando com participações fundamentais do BNDES. A primeira foi instalada em Cubatão: Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista, ao qual coube ao BNDES completar a participação acionária iniciada pelo Estado de São Paulo e que ao longo de doze anos, proporcionou ao Banco (BNDES) o controle de mais de 58% do seu capital, e completando o total, 23,3% do Estado de São Paulo e o restante disseminado entre o Tesouro Nacional e outras companhias mistas e grupos privados. Em 1975 o BNDES deixa de ser controlador da principal controlador da Cosipa, onde assumiria a Siderbrás.

A segunda, instalada em Minas Gerais, foi a Usiminas – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (joit-venture nipo-brasileira). Neste caso, coube ao BNDES completar um capital iniciado pela iniciativa privada liderada por um consórcio de empresas japonesas, representando 40% do todo. Dado o inicio das operações com o alto- forno 1 em 1962, o BNDES já era detentor de mais de 24% do capital ordinário da Usiminas, contra 23.9% de participação do Estado de Minas Gerais, a Nippon Usiminas com 40%, a Companhia do Vale do Rio Doce com 9% e outros acionistas com 2,5%. Segundo o próprio BNDES (2002, pag. 2), após consecutivos aportes para viabilizar o projeto inicial de 500 mil toneladas por ano, tornou-se acionista majoritário da usina (em 1960, chegou-se a uma cifra de US$ 2,6 bilhões de investimentos).

De fato, o que se observou foram resultados pouco favoráveis ao setor siderúrgico brasileiro, onde coincidiram-se as entradas tanto da Usiminas quanto da Cosipa em um momento de estagnação econômica, em pleno Plano de Estabilização Econômica – o Plano Trienal (1963-65).

As particularidades observadas no setor siderúrgico nacional conduzem em uma característica marcante:

“...a constituição de uma siderúrgica por capitais privados ou por governos estaduais, e quando o empreendimento já se tornara irreversível e diante da insuficiência de recursos financeiros, a responsabilidade era transferida para o governo federal ou para o banco de desenvolvimento estatal BNDE [BNDES]" DE

PAULA, 1998, P. 227, citado em UNICAMP, 2002 P. 74.

Dentre os importantes acontecimentos no que se diz respeito ao setor siderúrgico nacional, vale mencionar que em 1963 é fundado o IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia, passando reunir e representar as empresas produtoras de aço. Além desta, em 1968 surgiu o Consider – Conselho Consultivo da Indústria Siderúrgica, implementando algumas propostas do GCIS – Grupo Consultivo da Indústria Siderúrgica que fora criado em 1962. Em 1970 o Consider é transformado em um Conselho Deliberativo denominado de Conselho Nacional da Indústria Siderúrgica e em 1974, denominado de Conselho de Não-Ferrosos e Siderurgia. Coube ao Consider estabelecer as políticas globais do setor (BNDES, 2002 p. 3).

Após a exposição de um trabalho elaborado pelo Consider em 1971, foi criado o I Plano Nacional Siderúrgico – PNS, propondo algumas ações que basicamente eram:

ü Aumento da capacidade de produção de aço brasileiro de 6 milhões de toneladas/ano em 1970 para 20 milhões de toneladas/ano em 1980;

ü Criação de uma holding das companhias estatais denominadas Brassider;

ü Criação de uma comissão para o desenvolvimento do setor privado, coordenando e expandindo este segmento;

(4)

ü Criação do Funasi – Fundo Nacional de Siderurgia, visando o financiamento do setor.

Evolução da Produção Siderúrgica no Brasil

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 Anos Toneladas

Produção Aço Bruto Produção de Laminados

Fonte: Ipea

No ano de 1972, três grandes companhias siderúrgicas estatais CSN, Cosipa e Usiminas foram responsáveis por 52,8% de um total de 6,5 milhões de toneladas. Ainda neste ano, a representatividade brasileira chegou a 1% do total mundial na produção de aço e foi posicionada como o 17° maior produtor. Ainda nessa década e graças ao II PND – II Plano de Desenvolvimento Econômico o setor siderúrgico continuou a ser prioridade por parte do governo federal, e no período compreendido entre 1974 a 1980, foram investidos US$ 13,5 bilhões na indústria, onde 77% desse montante foi destinado a holding estatal Siderbrás6. Contudo, no início de 1980 o Brasil já tinha duplicado sua produção de aço bruto, atingindo um montante de 15,3 milhões de aço bruto e subindo para o 10° colocado no ranking de volume de produção.

A holding estatal Siderbrás – Siderurgia Brasileira S/A foi criada em 1974 afim de coordenar e controlar a produção siderúrgica estatal. Houve então um repasse por parte do BNDES dos controles acionários que representavam um total de ativos de 19% do patrimônio líquido do Banco para o sistema Siderbrás. A constituição das participações do BNDES nas usinas era a seguinte: 73% na Usiminas, 87% na Cosipa e 93% na Cofavi.

Ainda com relação à década de 70, dado os incentivos por parte do governo federal via planos estratégicos, como o I PND (1972 – 1974) e II PND (1975 – 1979), os recursos direcionados ao setor siderúrgico e metalúrgico representavam 35% dos investimentos que foram programados para o setor industrial. Além disso, no período de 1977 a 1979, um indicativo de 15% da formação bruta de capital fixo da economia

6

Segundo UNICAMP, 2002 P. 75, a Siderbrás controlou inicialmente sete empresas siderúrgic as, sendo elas: CSN, Usiminas, Cosipa, Cofavi, Cosim, Usiba e Piratini.

(5)

brasileira era a comprovação de que o setor siderúrgico era uma diretriz de política econômica estabelecida pelo governo federal.

Nos anos 807, dada crises internacionais que foram imputadas diretamente a economia brasileira, o reflexo que incidiria diretamente sobre o setor siderúrgico não poderia ser diferente. A crise da dívida pública externa gerou uma representativa diminuição da demanda interna por aço, e todo o excedente da produção brasileira foi colocada para o resto do mundo com retornos muito menores ao que se verificava, objetivando a continuidade da produção e a posição brasileira no mercado externo. Por exemplo, em 1982 houve uma redução na ordem de 15% da produção em comparação a 1980. A tabela a seguir demonstra a variação dos principais indicadores da siderurgia brasileira na década de 80.

Contudo, a década de 80 ainda gozou da entrada de algumas das maiores usinas nacionais, agregando a participação estatal via Siderbrás. Foram elas: CST -Companhia Siderúrgica de Tubarão (Vitória, ES), Mendes Jr e Açominas (Ouro Branco, MG). Constata-se uma expressiva queda nos investimentos destinados a siderurgia, como por exemplo, no intervalo de 1980 a 1983 fora destinado uma cifra de US$ 2,3 bilhões de média anual para investimentos, já no período de 1984 a 1989, esse volume caiu para US$ 500 milhões. Isso foi dado a crise do Estado brasileiro, forçado a diminuir o repasse de recursos para o setor, afim de proporcionar modernização do parque industrial. Esse movimento negativo distanciou o modelo siderúrgico nacional do que se observava no resto do mundo quanto a produtividade, qualidade e no limite, competitividade, forçando uma mudança radical que se observaria num curto lapso de tempo.

Em 1988 a Consider foi extinta, reflexo da atual estagnação do modelo siderúrgico nacional. O controle estatal era um mecanismo ultrapassado quanto políticas de eficiência e, além disso, influenciado por decisões políticas que não geravam externalidades positivas para o traquejo e eficiência no mercado competitivo. As exigências advindas do mercado já não eram mais prontamente atendidas, e no mesmo ano de 1988 inicia-se um dos mais complexos períodos de desestatização da economia brasileira.

2. A Desestatização do Setor Siderúrgico

Segundo BNDES, 2001 p. 4, o setor siderúrgico brasileiro possuía antes da privatização as seguintes características:

7

A década de 80 também é vista na literatura como “a década perdida”.

Indicadores da Siderurgia Brasileira - anos 80

1980 1982 1984 1986 1988 1990 Produção (milhões de ton) 15,34 13 18,39 21,23 24,66 20,57

% Produção na América Latina 53,2 48,7 55,3 56,7 58,2 53,8

Vendas Internas (milhões de ton) 10,71 8,84 9,33 12,52 11,08 8,61

Exportações (milhões de ton) 1,5 2,39 6,46 6,14 10,92 9

Faturamento (US$ Milhões) nd nd 6.081 7.069 9.905 10.627

Investimentos (US$ Milhões) 2.713 2.224 509 548 496 494

Produtividade (base 1980) 100 75 118 118 131 122

Número de Empregados (mil) 135 127,5 137,9 151,3 151,8 132,7 Fonte: IBS

(6)

ü setor altamente endividado; ü parque industrial desatualizado; ü limitações de investimentos; ü gestão burocrática e/ou política; ü limitações comerciais;

ü baixa autonomia de planejamento e estratégia; e ü alto passivo ambiental.

O que se verificava então era um setor engessado dado a ineficiência de controle estatal, gerando graves entraves ao processo de desenvolvimento econômico nacional.

O início da privatização do setor siderúrgico é datado em 1988 e seu término em 1993. Usualmente, divide-se o processo de desestatização em dois grandes blocos, compreendendo o primeiro em 1988 a 1989, onde as usinas de pequeno porte foram privatizadas e o segundo e principal bloco compreendido no período de 1991 a 1993, onde as grandes usinas foram privatizadas, conforme tabela a seguir.

O resultado desse complexo processo de desestatização foi uma cifra de US$ 5,6 bilhões, alcançando US$ 8,2, segundo o BNDES, ao se considerar a transferência de dívidas que às então estatais possuíam.

Após a privatização, o que se observa é um crescimento e fortalecimento do setor, que agora pode usufruir das vantagens comparativas8 dada a maior eficiência que a gestão privada começa lhe proporcionar. A entrada dos agentes externos na produção, comercialização e conseqüente competição no mercado do aço brasileiro foi extremamente benéfica para os consumidores, tanto que os produtos siderúrgicos começaram a ser praticados com um preço menor e por produtos de qualidade muito superior ao que se disponibilizava anteriormente.

Segundo BNDES, 2001 p. 5,os principais ganhos obtidos após a desestatização do setor siderúrgico foram em suma, os seguinte:

ü início de nova etapa de desenvolvimento;

ü melhorias de performance nas áreas administrativa, financeira e tecnológica; ü profissionalização das administrações;

ü reorientação das gestões para obtenção de resultados;

ü fortalecimento das empresas como grupos empresariais (compatíveis com a abertura econômica);

ü participação em novos investimentos no exterior e em parcerias com clientes;

8

Para maiores detalhes, ver KRUGMAN, Paul R.. Economia Internacional – Teoria e Política. 5ª Ed. Editora: Makron Books, 2003. Cap. 2 p 13-39.

Empresas Siderúrgicas Privatizadas no Brasil

Empresas Data do Leilão Receita de Venda Dívida TransferidaResultado Geral Principais Compradores

Usiminas 24/10/91 1941,2 369,1 2310,3 Bozano Cosinor 14/11/91 15 - 15 Gerdau Piratini 14/02/92 106,7 2,4 109,1 Gerdau CST 16/07/92 353,6 483,6 837,2 Bozano, CVRD e Unibanco

Acesita 22/10/92 465,4 232,2 697,6 Previ, Sistel e Safra

CSN 02/04/93 1495,3 532,9 2028,2

Bamerindus, Vicunha, Docenave, Bradesco, Itaú

Cosipa 20/08/93 585,7 884,2 1469,9 Anquila e Brastubo

Açominas 10/09/93 598,6 121,9 720,5 Cia. Min. Industrial

TOTAL - 5561,5 2626,3 8187,8

(7)

ü redução de custos;

ü elevação da produtividade; ü acesso ao mercado de capitais;

ü desenvolvimentos de processos e produtos para atendimento ao cliente;

ü definição de novos investimentos em modernização e atualização tecnológica e meio ambiente;

ü investimentos em logística e infra–estrutura;

ü autonomia para planejamento e estratégia de atuação; ü estratégias comerciais mais agressivas; e

ü melhoria dos indicadores de resultados.

Esses aspectos são em sua grande maioria observados no setor siderúrgico atual, que dada a conjuntura, talvez passe por novos processos de reestruturação para novamente se adaptar as necessidades dos mercados, principalmente os mercados externos.

3. Aplicações da Matriz Insumo-Produto

A análise de insumo-produto foi desenvolvida por Wassily Leontief nos anos 30 do século passado. Segundo MONTORO 1994, a Matriz Insumo-Produto pode ser um instrumental de grande valia para a prática de política e programação econômica. Sua afirmação é sustentada na medida que um planejador, que pode ser identificado com o Estado, tem amplo conhecimento das relações econômicas e tem na sua função-objetivo a geração de alocações eficientes dos recursos escassos da sociedade, necessite reordenar a produção de um setor de bem ou serviço e saber quais serão os impactos decorrentes de tal movimento.

Isso implica dizer que, dado um efetivo aumento da produção de um único setor pode-se prontamente estimar as necessidades dos outros setores, e as políticas disseminadas e estabelecidas para toda cadeia produtiva (tanto os setores quanto os sub-setores) seriam igualmente reordenadas e/ou efetivamente reprogramadas para atender com maior eficiência a economia. Portanto, para que as programações setoriais e intersetoriais que em suma são estabelecidas pelo Estado terem um real ganho de eficiência e prontidão aos mecanismos econômicos, destaca-se a importância da Matriz Insumo-Produto.

Porém, ao passo em que se tem economias de mercado, onde as decisões são obrigatoriamente descentralizadas quanto as unidades produtivas, não há necessidades evidentes para se programar as produções setoriais. O mercado sinaliza para os agentes as decisões que ora fossem do “centralizador” ou gestor de políticas econômicas intersetoriais. Os preços e os lucros decorrentes de tal bem ou serviço seriam os indicadores para que se aumentem ou diminuam os níveis de oferta no mercado.

A matriz insumo-produto pode ser útil na formação de indicadores de análise para os eventuais “gargalos” e deficiências do setor Esse movimento pode ser exemplificado da seguinte maneira: suponha que uma política na distribuição de renda elevasse o consumo em determinados setores em relação a outros; ou que ainda, em um programa de habitação os consumos sejam elevados de forma diferenciada entre os setores. Nesses casos, a disponibilidade de informações e cálculos intersetoriais via matriz insumo-produto seria se grande utilidade.

Já para FEIJÓ et. al (2003) , a matriz insumo-produto é usualmente direcionada para os cálculos de:

1- Modelo de Produção: será permitido a obtenção do valor da produção necessária para atender uma variação da demanda final pré-determinada, ou seja, dado uma variação (em um setor n) de magnitude x no vetor-coluna fi (demanda final), iremos

(8)

obter o quanto, tanto o setor n, quanto os outros setores n-1 terão que produzir para satisfazer a relação.

2- Modelo de Preços: será permitido mensurar o impacto sobre os preços setoriais de variações no pessoal ocupado (entende-se como pessoal ocupado o vetor- linha Remunerações na MIP); mede o impacto de variações nos componentes do valor adicionado ou nas importações sobre o nível de preços das atividades.

Contudo, as análises que podem decorrer do estudo da matriz insumo-produto não se limitam ao exposto (ver FEIJÓ et al, 2003).

4. Hipóteses do mode lo matriz insumo-produto

Basicamente, a análise proveniente dos estudos da matriz insumo-produto elaborada por Leontief, através de uma versão “estática”, refere-se a questão de: “qual a

quantidade produzida deve-se adotar cada uma das ‘n’ industriais de uma economia para que a demanda pelos diferentes produtos seja exatamente satisfeita” (CHIANG,

1982).

Para tanto, é necessário levar em consideração algumas hipóteses essenciais para a realidade do modelo. Serão adotadas as seguintes:

a) cada indústria produz apenas uma mercadoria homogênea (admiti-se o caso de duas mercadorias produzidas em conjunto, desde que em proporções fixas entre si); b) cada indústria utiliza uma razão fixa de insumos (ou combinação de fatores) para

produção do seu produto;

c) a produtividade em todas as indústrias está sujeita a rendimentos constantes de escala, de modo que dada uma variação dos insumos numa proporção ‘y’, o produto irá variar nessa proporção.

Além das três hipóteses citadas, é importante dizer que a principal critica ao modelo matriz insumo-produto refere-se ao fato de em todo o seu plano de análise ocorre de maneira estática9, não levando em consideração a mudança ou variação dos coeficientes técnicos

5. Abertura e estruturação do Modelo Matriz Insumo -Produto10 Identidade s Econômicas MIP:

1) Produção ≡ consumo intermediário (intersetorial) + VA na última etapa + impostos indiretos11 + importações12.

2) Produção ≡ uso intermediário (de um único setor) + consumo final do mesmo setor – importações

3) VA ≡ soma das rendas primárias Onde,

Identidade 1: é a composição da produção fundamentada através da ótica dos custos,

representando então o consumo intersetorial (consumo entre os setores que compõem a MIP) que é necessário para se produzir.

Identidade 2: reflete o quanto é destinado para o uso intermediário, ou seja, o quanto os

setores intermediários irão utilizar da produção do setor analisado para composição de

9

Para maiores detalhes ver CHIANG (1982, p. 373-542)

10

Esta seção é em grande parte baseada em FEIJÓ... [et. al.]. Contabilidade Social – O Novo Sistema de Contas Nacionais do Brasil. 2ª ed. 2003.

11

Impostos indiretos é definido como os impostos que as empresas terão de recolher para poder produzir.

12

(9)

sua própria produção. O termo Importações que está sendo deduzido no esquema não se faz necessário para o caso brasileiro, uma vez que encontra-se nas publicações de matriz insumo-produto apenas o consumo de origem nacional.

Identidade 3: o valor adicionado representa a somatória das rendas primárias, onde

encontra-se: remunerações + excedente operacional bruto + impostos sobre a produção.

A Álgebra das Identidades

Algebricamente, notamos as identidades da seguinte forma:

Identidade 1 ij ij ij n i ij i

g

mi

IInd

y

g

=

+

'

+

+

'

, onde

g

i => produção (pela ótica dos custos)

n

i ij

g

=> somatória do consumo intermediário (intersetorial)

'

ij

mi

=> importações

ij

IInd

=> impostos indiretos

y'

ij => valor agregado na última etapa (VA)

Identidade 2

+

=

i n i ij i

g

f

g

, onde i

g

=> produção (pela ótica dos destinos)

n

i ij

g

=> somatória do consumo intermediário (intersetorial)

f

i => consumo de i como final

Identidade 3

imp

EOB

emun

(10)

i

g

=> produção

emun

R

=> remunerações (ou salários)

EOB

=> excedente operacional bruto

imp

=> importações

Coeficiente Técnico

O modelo desenvolvido por Leontief admite a relação intersetorial dos agentes, ou seja, o consumo dos insumos em determinada atividade (ou setor) e a produção total dessa atividade (ou setor) seria invariável. A denominação estabelecida pelo autor ficou conhecida como coeficiente técnico de produção e foi notado sendo aij. A relação então

é dada por: j ij ij

g

g

a

=

, onde: ij

a

=> Coeficiente Técnico. O primeiro subscrito refere-se ao insumo e o segundo ao

produto. Portanto, no nosso caso, o coeficiente técnico indica quanto do i-ésima setor é usada para a produção de cada unidade do j-ésima setor.

ij

g

=> Valor da produção da atividade i consumido na atividade j;

j

g

=> Valor total da produção da atividade j.

A variação dessa relação (isto é, do coeficiente técnico) é interpretada como sendo uma variação tecnológica dentre as atividades, onde predominaria um aumento ou uma diminuição das relações entre consumo e produção dos setores observados. Conclui-se então que a principal critica ao modelo está justamente nesse aspecto, face a imobilidade ou estática de tal relação técnica.

A pauta desse estudo é fincada então na delimitação do curto prazo para análise, ou seja, dado que o aspecto tecnologia apesar de ser mencionado não é devidamente tratado no modelo matriz insumo-produto, o objetivo e a resposta que o modelo irá nos proporcionar é uma relação de curto prazo mediante uma simulação qualquer, seja em uma variação da demanda intermediária ou seja numa variação da produção total de um setor, por exemplo. A representação será exclusivamente técnica, onde o grau de detalhamento da estrutura de contas nacionais tratadas na MIP permitirá a observação dos importantes aspectos micro e macroeconômicos que regem uma economia, aliadas as necessidades conjunt urais de tal.

(11)

i j ij i

g

f

g

=

+

e i j j ij i

a

g

f

g

=

.

+

Então podemos escrever matricialmente que:

F

g

A

g

=

.

+

F

g

A

g

.

=

F

g

A

I

)

(

=

F

.

)

(

)

(

)

(

I

A

−1

I

A

g

=

I

A

−1 , portanto:

. F

A

I

g

=

(

)

1

Onde:

)

(

I

A

-1

=> Matriz de Leontief;

g

=> Produção necessária para atender a demanda F

Notação dos elementos matriciais

Para efeito didático, denominamos as letras maiúsculas para representar as matrizes e as letras minúsculas para representar os vetores (coluna). Os vetores-linha serão notados com apóstrofo (X’), sendo um vetor transposto.

A = Matriz a = vetor-coluna a’ = at = vetor- linha

6. A Tabela de Transações da MIP

A visualização dos fluxos entre as diferentes atividades econômicas é possível através da Tabela de Transações. Para tanto, utiliza-se do seguinte esquema básico: Tabela de Transações

(12)

A tabela é dividida em quatro quadrantes que representam as identidades econômicas. Para a identidade 1, os quadrantes I e III, para identidade 2, os quadrantes I e II e finalmente para identidade 3, o quadrante III.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística utiliza-se da mesma notação para publicar a MIP e até a presente data, a última matriz que fora divulgada foi em 1996. Utilizaremos esta como base para o desenvolvimento dos cálculos apresentados neste trabalho, além das limitações do modelo.

7. Considerações Finais e Pontos de Pesquisa

A análise de Insumo-Produto permite uma visão integrada de um setor ou cadeia produtiva e permite a identificação dos impactos de um choque exógeno sobre esse setor. Essa metodologia serve como um instrumento de bom potencial na análise dos efeitos e do potencia l nas negociações de processos de integração comercial entre países, como no caso da formação da ALCA. Entretanto, apesar de sua importância em termos de políticas públicas, a metodologia permanece sub-utilizada, em parte devido à defasagem da publicação e conseqüente atualização dos dados primários pelo IBGE. Mesmo assim, sob certas hipóteses é possível construir cenários de integração econômica e introduzí- los como choques exógenos em um sistema de insumo-produto, permitindo identificar impactos multi-setoriais de estratégias de negociação comercial. Um ponto importante da agenda de pesquisas é a identificação desses possíveis choques e a sua introdução na MIP do setor siderúrgico, avaliando-se seus efeitos prováveis.

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Referências

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