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ENTENDEU OU QUER QUE DESENHE? : UM ESTUDO ACERCA DA POSSIBILIDADE DE ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

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Academic year: 2021

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“ENTENDEU OU QUER QUE DESENHE?”: UM ESTUDO ACERCA DA

POSSIBILIDADE DE ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL ATRAVÉS DO

DESENVOLVIMENTO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

FRANCESCHI, Wilker Marcos1

Grupo de Reflexão Docente n. 17 – Experiências de História Local para um Ensino de História Pluriepistêmico.

Resumo:

Neste texto apresentamos os resultados parciais obtidos no decorrer de pesquisa realizada no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História. Este estudo aborda dois temas ainda subexplorados pela academia, são eles a utilização de histórias em quadrinhos no processo de ensino-aprendizagem de história e o ensino escolar de história local. Nossa pesquisa propõe uma reflexão acerca da possibilidade do desenvolvimento de histórias em quadrinhos, pelos professores de História, para serem utilizadas como ferramentas pedagógicas no processo de ensino-aprendizagem de história local. Para alcançar tal objetivo estamos desenvolvendo um vasto estudo bibliográfico, consultando importantes autores (nacionais e internacionais) que desenvolvem estudos nas áreas de histórias em quadrinhos (EISNER, MCCLOUD, QUELLA-GUOYT); ensino de história (BITTENCOURT, CAINELLI, SCHMIDT) e história local (BARROS, GOUBERT). Ao final de nosso curso, juntamente com a dissertação, apresentaremos um guia destinado aos docentes da Educação Básica que desejem desenvolver histórias em quadrinhos narrando a história da localidade onde lecionam. Apesar de nossa pesquisa ainda se encontrar em estágio inicial, acreditamos que ao final de nossos trabalhos conseguiremos comprovar o potencial pedagógico da utilização de histórias em quadrinhos no processo de ensino-aprendizagem de história local.

Palavras-chave: Ensino de História; História em Quadrinhos; História Local.

1. Introdução

Este texto irá expor os resultados parciais obtidos, até o presente momento, através de

pesquisa de dissertação realizada no ProfHistória2.

Nosso projeto de pesquisa foi elaborado a partir da dificuldade encontrada por mim e por muitos de meus colegas professores em tornar a aprendizagem de História significativa para os alunos da segunda etapa do Ensino Fundamental. Uma tarefa hercúlea, pois para alcançar tal objetivo, primeiro faz-se necessário desconstruir a imagem deturpada que muitos deles

1 Graduado em História; mestrando do ProfHistória UFRRJ; professor da rede municipal de Porto Real/RJ.

wilkerbm@yahoo.com.br

2 ProfHistória é nome pelo qual ficou popularmente conhecido o Mestrado Profissional em Ensino de História

oferecido em rede nacional e coordenado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), cujo objetivo é proporcionar formação continuada aos professores de História que atuam na Educação Básica.

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edificaram sobre esta disciplina, ao longo da primeira fase do Ensino Fundamental. Onde as aulas de história muitas vezes são guiadas pelo calendário cívico e pela narrativa histórica tradicional, a qual elenca apenas os grandes feitos de heróis do passado, deixando à margem diversos agentes históricos anônimos.

Algo importante que devemos nos atentar acerca do ProfHistória é que este programa de pós graduação stricto sensu não forma mestres em “História”, mas sim mestres em “Ensino de História”. Este detalhe, que pode parecer sem grande importância para alguns, tem uma grande relevância nas propostas de pesquisas desenvolvidas por seus alunos, pois o ProfHistória não apenas propõe, como torna obrigatório, o diálogo entre as disciplinas de “História” e de “Pedagogia”. Sendo assim, as pesquisas desenvolvidas pelos mestrandos devem se atentar não somente aos aspectos epistemológicos da História, mas também àqueles referentes à “Pedagogia”, disciplina responsável pelos estudos na área do ensino-aprendizagem.

Além destas duas áreas mais gerais (História e Pedagogia), nossa pesquisa também propõem um estudo mais atento acerca de duas temáticas mais específicas e que acreditamos

ainda serem subexploradas pela academia, são elas a “utilização de histórias em quadrinhos3 no

processo de ensino-aprendizagem de história” e o “ensino escolar de história local”.

2. HQs e história local, um diálogo possível?

É notório o apelo que as HQs exercem junto às crianças e adolescentes. Sem sombra de dúvidas, é essa popularidade entre o público escolar que tem levado diversos professores do Ensino Fundamental e Médio a utilizarem essa mídia como ferramenta pedagógica. Atualmente, muitos pesquisadores da área acadêmica também vêm desenvolvendo pesquisas sobre as possibilidades do uso das HQs no ensino escolar. Essa, com certeza, é uma tendência irreversível e que vem crescendo substancialmente nos últimos anos.

Ainda que grande parte destas produções verse sobre as potencialidades das HQs no ensino sejam fruto do trabalho de pesquisadores ligados aos cursos de Letras ou de Pedagogia, vem se observando um crescimento considerável de pesquisas conduzidas por pesquisadores oriundos dos cursos de História. Somemos a isso o fato da produção de HQs com conteúdo

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histórico ter crescido substancialmente nos últimos anos, tanto em nível mundial, quanto nacional.

Vejamos a seguir alguns exemplos de HQs que possuem temática histórica: “Asterix” (1968), criada pela dupla francesa Albert Uderzo e René Goscinny, que conta a história do povo gaulês e sua luta de resistência às invasões romanas; “Maus” (2005), obra do quadrinista Art Spiegelman, através da qual o autor descreve a história de seu pai, um judeu que sobreviveu ao confinamento no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial; “Angola Janga” (2017), do quadrinista Marcelo D’Salete, que narra a história do Quilombo de Palmares, importante símbolo da resistência escrava no Brasil colônia; “Dom João Carioca” (2007), da historiadora Lilia Moritz Schwarcz e do cartunista Spacca, que conta a história da transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808 sobre o ponto de vista de Dom João, então príncipe regente de Portugal; “As barbas do imperador” (2013), mais uma obra da parceria entre Schwarcz e Spacca, que acompanha a história do imperador Dom Pedro II.

Apesar do evidente crescimento, tanto do número de pesquisas acadêmicas, quanto de produções de HQs com temática histórica, acredito que ainda estejamos longe de esgotar as possibilidades pedagógicas das histórias em quadrinhos.

Em seu livro “A Importância do ato de ler”, Paulo Freire (1989) afirma que o educador deve levar em consideração os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos para que a aprendizagem se torne significativa para eles. Posto isto, concluímos que a história ensinada nas escolas deve ser definida a partir dos interesses e das necessidades dos alunos.

Foi então que, inspirados nas palavras de Paulo Freire, optamos por desenvolver um trabalho que colocasse a história local em evidencia. A escolha desta temática visa aproximar os alunos de seu objeto de estudo, levando-os a se perceberem enquanto agentes históricos e membros da comunidade local, tornando assim a aprendizagem de História muito mais

significativa para os estes. Pois, como afirma o autor Luis Carlos Borges da Silva:

O fundamental é tornar as aulas mais prazerosas, levando os alunos a perceberem que sua própria vida já é uma grande história e que o conhecimento histórico pode ser elaborado por todos, independentes de qualquer aspecto social, político, econômico e cultural (SILVA, 2013. p. 10).

Acreditamos que ao aliarmos um meio de comunicação como a HQ, que possui um grande apelo junto ao público escolar, com um conteúdo histórico que seja significativo para os

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alunos, como é o caso da história local, possamos despertar em nossos educandos um maior interesse pela História.

Posto isto, demos início a uma intensa pesquisa bibliográfica com o objetivo de realizar uma reflexão acerca das vantagens e desvantagens do uso de HQs no processo de ensino-aprendizagem de História. Através desta pesquisa pretendemos avaliar as possibilidades de utilização das HQs enquanto instrumentos pedagógicos a serem usadas no ensino escolar de história local.

A fim de alcançar os objetivos acima elencados consultamos as obras de importantes autores das áreas de histórias em quadrinhos (EISNER, MCCLOUD, QUELLA-GUOYT); ensino de história (BITTENCOURT, CAINELLI, SCHMIDT) e história local (BARROS, GOUBERT), com os quais dialogaremos nos parágrafos a seguir.

2.1. História em quadrinhos

Já faz muito tempo que as HQs se tornaram um objeto presente no cotidiano dos brasileiros, assim como diversos outros meios de comunicação, de tal modo acreditamos que seja relativamente fácil para nós identificarmos uma HQ, porém como afirma Quella-Guyot:

tudo se complica quando se tenta estabelecer uma definição que precise ao mesmo tempo suas formas e limites. Por certo existem definições, e em grande número, mas elas têm a indelicadeza de não parecer necessariamente umas com as outras (QUELLA-GUOYT, 1990, p. 63).

Vejamos agora algumas definições de HQ dadas pelos maiores estudiosos deste tema. Comecemos então pela definição de Will Eisner, um dos mais prestigiados teóricos dos quadrinhos, o qual define as HQs como sendo “uma forma artística e literária que lida com a disposição de figuras ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia” (EISNER, 2010, p. IX). Já Scott McCloud, outra grande referência internacional no estudo das HQs, descreve estas como sendo “imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador” (MCCLOUD, 1995, p. 20).

Évelyne Sullerot propõe que as HQs são “uma engenhosa combinação imagem-texto em que a linguagem só desempenha o papel exactamente limitado que goza na vida: o da palavra” (SULLEROT apud MARNY, 1970, p. 275). Enquanto isso, o professor Dr. Didier Quella-Guyot

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irá definir as HQs como “uma arte narrativa que sugere o desenrolar de uma ficção por meio de uma sucessão de imagens fixas (em oposição ao desenho animado) e organizadas em sequências (em oposição ao desenho humorístico)” (QUELLA-GUYOT, 1990, p. 64).

Um dos pioneiros do estudo dos quadrinhos no Brasil, Antônio Luiz Cagnin define a HQ como “um sistema narrativo formado de dois códigos de signos gráficos: a imagem, obtida pelo desenho e a linguagem escrita” (CAGNIN, 1975, p. 25). Ao contrário de Cagnin (formado em letras) que destaca a questão da narrativa dos quadrinhos, Campos e Lomboglia (ambas com formação em artes) enaltecem o componente artístico da HQ ao afirmar que esta é “uma forma de expressão artística constituída por dois tipos de linguagem: a linguagem gráfica (a imagem) e a linguagem verbal (o texto)” (CAMPOS e LOMBOGLIA, 1989, p. 14).

Apesar de todas estas definições elencadas acima e de muitas outras não citadas, ainda não se chegou a um consenso sobre qual seria a definição ideal, pois de acordo com Nobu Chinen, “para cada conceito existe pelo menos um argumento que o contradiz” (CHINEN, 2011, p. 7). Segundo o autor:

as histórias em quadrinhos são complicadas de se definir porque nenhum de seus elementos constitutivos é obrigatório, ou seja, podem existir HQs sem balões, sem textos e mesmo sem os quadrinhos. Podem ter várias vinhetas ou apenas uma [...] (CHINEN, 2011, p. 7).

Independente de qual seja a melhor definição de HQ, algo que não se pode contestar, segundo Palhares (2008, p. 11) é o fato de ela ser um eficiente veículo de comunicação. De acordo com Severo & Severo, as HQs despertam verdadeira paixão e encantamento tanto nas crianças, quanto nos jovens e por isso é encarada hoje “como um importante elemento a ser considerado no processo ensino-aprendizagem” (SEVERO e SEVERO, 2015, p. 1).

Diante destas afirmações buscamos uma literatura mais específica, que discorresse sobre a utilização das HQs no ensino de História, foi então que nos deparamos com as obras de Marcelo Fronza e Selma de Fátima Bonifácio, autores que possuem interessantes trabalhos acerca da utilização das histórias em quadrinhos no ensino de História.

Ao discorrer sobre as HQs, o professor Fronza afirma que estas são “narrativas históricas visuais que permitem a investigação de como os jovens percebem, interpretam, se orientam e se motivam historicamente no fluxo temporal entre o passado, o presente e as expectativas de futuro” (FRONZA, 2017, p. 121).

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6 2.2. História local

Julgamos ser de extrema importância que os alunos se percebam como agentes históricos, que tanto interferem, quanto sofrem com as ações de terceiros nos rumos da história. Segundo Fagundes e Garcia esta:

percepção (de agente histórico) por parte do aluno só acontecerá se seu conhecimento histórico estiver fundamentado e contextualizado, situação que atingimos ao trabalhar história local, uma vez que esta é a experiência histórica mais próxima da realidade do aluno (FAGUNDES e GARCIA, 2014, p. 18).

Partindo desta premissa, nosso trabalho visa propiciar todo o know how necessário para que os docentes possam levar para os seus alunos um pouco da história de sua comunidade, de forma que estes sejam capazes de enxergar a si, a seus familiares, amigos e vizinhos como partícipes da história e não como meros observadores.

O estudo da localidade (na qual se encontram inseridos tanto o aluno, quanto a sua escola), bem como de sua história, é algo altamente preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, como podemos verificar no trecho a seguir:

A preocupação com os estudos de história local é a de que os alunos ampliem a capacidade de observar o seu entorno para a compreensão de relações sociais e econômicas existentes no seu próprio tempo e reconheçam a presença de outros tempos no seu dia-a-dia (BRASIL, 1997, p. 40).

Porém, tendo em vista que toda história é a história de um lugar, o que viria a ser essa tal história local? Objetivando sanar tal dúvida, iremos apresentar a seguir, algumas definições de história local elaboradas por historiadores e pesquisadores da área da educação.

Marcia de Almeida Gonçalves afirma que a história é um conceito polissêmico e, por extensão, a história local também o é. Isto posto, a autora define a história local como sendo, “em intrínseca complementariedade, conjunto de experiências e sujeitos em lugar, e também, o conhecimento sobre o conjunto dessas experiências” (GONÇALVES, 2012, p. 177).

Enquanto isso Joana Neves declara que a história local deve ser compreendida em “todos os sentidos decorrentes do uso da palavra história: processo histórico, a ciência da história e a historiografia, considerados da perspectiva de um determinado local” (NEVES, 1997, p. 14).

Porém, as definições acima não esclarecem qual seria exatamente este “local” abordado nas pesquisas de “história local”, sendo assim buscamos em Pierre Goubert uma definição mais específica de história local, a qual o autor define como sendo:

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aquela que diga respeito a uma ou poucas aldeias, a uma cidade pequena ou média (um grande porto ou uma capital estão além do âmbito local), ou a uma área geográfica que não seja maior do que a unidade provincial comum (como um county inglês, um contado italiano, uma Land alemã, uma bailiwick ou pays francês) (GOUBERT, 1988, p. 70).

No entanto, é importante salientar que a definição de Goubert reflete uma realidade tipicamente europeia, como pode ser percebido através dos exemplos dados pelo autor, nos quais ele se refere à territórios alemães, franceses, ingleses e italianos. Tanto as dimensões territoriais, quanto as divisões político-administrativas dos países europeus, diferem das brasileiras. Sendo assim continuamos buscando por outras definições de história local que se adequassem melhor às características do território brasileiro e, consequentemente, à nossa proposta de trabalho.

Foi então que entramos em contato com a obra da historiadora e educadora Maria Aparecida Leopoldino Tursi Toledo, que assim como Goubert, também irá apresentar uma definição mais objetiva dos limites da história local, fixando-se em critérios político-administrativos. De acordo com a autora, história local trata-se de:

uma modalidade de estudos históricos que, ao operar em diferentes escalas de análises, contribui para a construção de processos interpretativos sobre as diferentes formas de como os atores sociais se constituem historicamente. Ou seja, interessa-se pelos modos de viver, coletivos e individuais, dos sujeitos e grupos sociais situados em espaços que são coletivamente construídos e representados, na contemporaneidade, pelo poder político e econômico, sob a forma estrutural de “bairros” e “cidades” (TOLEDO, 2010, p. 751).

Contudo, será nos escritos de Geraldo Balduíno Horn e Geyso Dongley Germinari que encontraremos uma definição de história local mais próxima de nossa proposta. De acordo com estes autores a história local é aquela história “que desenvolve análises de pequenos e médios municípios, ou de áreas geográficas não limitadas e não muito extensas” (HORN e GERMINARI, 2010, p. 118).

Antes de findar nossas discussões acerca da história local e, em específico, do espaço “local”, gostaríamos de apresentar uma definição de local encontrada por nós nos escritos de Ercília Gonçalves Costa. Ao se referir ao “espaço local” a pesquisadora define este como sendo não somente o município, “mas também o bairro, o quarteirão, a aldeia em que cada indivíduo vive”, segundo a autora é através do nível local que “a democracia pode efectivamente ser participativa e se consegue a mobilização política” (COSTA, 2006, p. 47).

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Porém, apesar das definições de história local apresentadas acima, não pretendemos engessar ou limitar o trabalho do professor/pesquisador ao estabelecer as fronteiras político-administrativas como única opção de recorte espacial no trabalho com história local. Acreditamos que este recorte deverá ser realizado de acordo com as necessidades da pesquisa. Portanto, o professor/pesquisador poderá escolher contar tanto a história de um bairro, quanto de um conjunto de bairros específicos, bem como de um distrito, de um município ou até mesmo de um território que se estenda entre dois ou mais municípios.

Mais importante que o recorte espacial que será adotado pelo professor/pesquisador, ao elaborar a sua HQ, é entender os benefícios que o estudo desta história local poderá trazer para o processo de ensino/aprendizagem de seus alunos. De acordo com Paim e Picolli o ensino de história local é extremamente importante, pois ao tratar das especificidades do local pode-se “apresentar aos alunos uma história que parta de um acontecimento ou de um cotidiano que eles conhecem empiricamente e, assim, estudar e relacionar os acontecimentos locais com os acontecimentos globais” (PAIM e PICOLLI, 2007, p. 114). Enquanto isso, Tauã Carvalho de Assis e Suelly de Assis Pinto afirmam que o trabalho com história local propicia o ensino “de uma história mais plural, democrática e inclusiva” (ASSIS e PINTO, 2019, p. 11). Marlene Cainelli e Maria Auxiliadora Schmidt corroboram com este pensamento ao afirmar que “o trabalho com a história local pode ser instrumento idôneo para a construção de uma história mais plural, menos homogênea, que não silencie a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos da História” (CAINELLI e SCHMIDT, 2004, p. 113).

3. Considerações finais

Como já citado anteriormente, a nossa pesquisa ainda se encontra em estágio inicial de desenvolvimento, porém acreditamos que ao final de nossos trabalhos conseguiremos comprovar o enorme potencial pedagógico das HQs no processo de ensino-aprendizagem de história local.

O grande diferencial do ProfHistória é o fato de conciliar a pesquisa científica desenvolvida pela academia com a prática desenvolvida pelos professores da Educação Básica em suas salas de aula. Uma importante característica deste programa é que ao final do curso, além da dissertação, o aluno também deverá apresentar um “produto” o qual possa ser utilizado tanto na capacitação de professores, quanto na prática diária da sala aula. Destarte,

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apresentaremos como produto final de nossa pesquisa um guia com orientações de como os docentes de História da Educação Básica poderão desenvolver HQs sobre a história da localidade onde lecionam.

Referências

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