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Ocupação humana na Amazônia: A articulação e o papel das localidades na rede urbana

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Ocupação humana na Amazônia:

A articulação e o papel das

localidades na rede urbana

Carolina Moutinho Duque de Pinho, Silvana Amaral, Maria Isabel Sobral Escada

A dinâmica de ocupação humana na Amazônia recente, dentre várias característi-cas, destaca-se pelo processo de urbanização intenso que passou nos últimos 40 anos. O urbano Amazônico estende-se para além das cidades integrando também outras formas sócio-espaciais, as localidades - qualquer grupamento populacional, incluin-do vilas, distritos, povoaincluin-dos, comunidades ribeirinhas etc- por meio de redes de transporte, financeiras e de informações insere-se na rede urbana Amazônica. Nesse trabalho propõe-se caracterizar a articulação das localidades com as cidades a partir da utilização de um conjunto de técnicas de análise de redes sociais aplicado à área de estudo das comunidades Ribeirinhas do Baixo Tapajós. A partir de dados coleta-dos em campo em entrevistas com líderes comunitários foram analisadas seis redes: Educação, Posto de saúde, Hospital, Bens de Consumo, Produção, e Transportes. A partir da análise da estrutura destas redes concluiu-se que as linhas de transporte são de fundamental importância para a circulação de mercadorias e que nessas redes há uma hierarquização de centralidades, com algumas localidades emergindo como centros locais na região; que independentemente do nível de serviço é a distância que determina a escolha do hospital para os ribeirinhos e que as redes de educação e saúde são descentralizadas como é previsto pelo planejamento governamental.

A dinâmica de mudança de uso e cobertura da terra pode ser melhor compreendida com o estudo da histó-ria recente de ocupação do território amazônico. Mesmo na Amazônia, a ocupação tem um caráter predomi-nantemente urbano. A caracterização dos padrões sócio-espaciais desta ocu-pação constitui uma ferramenta

im-portante para o planejamento territo-rial da região e políticas públicas para o seu desenvolvimento e conservação da biodiversidade e serviços ecossistê-micos.

Atualmente classificar um lugar como urbano ou rural é uma tarefa complexa, pois os lugares podem

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as-Pinho et al.

e funções urbanas e rurais. Elemen-tos característicos de ocupação rural, como por exemplo, a produção de hortaliças, podem ocorrer no períme-tro urbano de cidades, assim elemen-tos urbanos como indústrias e acesso à internet atualmente também podem ser encontrados em áreas rurais. Esta complexidade também se manifesta na Amazônia, só que com padrões de ocupação distintos dos observados em outras regiões do país.

Na Amazônia - além da ocupação adensada em grandes cidades como observado em outras regiões do país, observa-se um padrão de ocupação mais difuso no qual pequenas locali-dades distantes das sedes municipais se articulam com as cidades da região a partir de redes de estradas, quase sempre muito precárias, e de rios. As-sim, a ocupação na Amazônia é aden-sada em algumas cidades, é dispersa em um grande número de localidades, como comunidades ribeirinhas, assen-tamentos etc e articulada por estradas e rios1.

A complexa estrutura de ocupação da Amazônia impõe alguns desafios para o planejamento. Se grande parte da população vive a muitos quilôme-tros da sede do seu município, como planejar, priorizar políticas públicas que atendam localidades distantes a mais de 200, 300 km da sede do muni-cípio? Onde construir uma nova escola ou posto de saúde em uma região de localidades ribeirinhas com acesso de transporte limitado à sede do

municí-pio? Qual a localidade tem potencial de servir a um número maior de habitan-tes em localidades próximas? Estas são algumas das perguntas que o entendi-mento da ocupação urbana Amazônica pode ajudar a responder.

O conceito de urbanização extensi-va2 se adequa bem à realidade amazôni-ca, onde modos de vida urbanos podem ser identificados mesmo em áreas que seriam tradicionalmente classificadas como rurais. Nesta perspectiva, há di-ferentes formas sócio-espaciais dentro de um mesmo município que repre-sentam o urbano amazônico. Cidades (sede do município), comunidades ri-beirinhas, agrovilas, projetos de assen-tamentos, reservas ambientais, reservas indígenas e até sede de fazendas, são exemplos de tipologias de ocupação do território que estão presentes nos mu-nicípios amazônicos3. O entendimento da urbanização na Amazônia é ainda insipiente. Em parte, pela ausência de métodos adequados para endereçar as particularidades do urbano na região. A adoção do conceito de urbanização extensiva, incluindo sua proposição do local como foco de análise, abre a possibilidade de utilizar a rede urbana (Box 1) como instrumento de análise da ocupação humana na Amazônia.

Para este estudo, aplicamos méto-dos derivaméto-dos da análise de redes so-ciais para o estudo da articulação das localidades Amazônicas com as cida-des da região como uma abordagem inovadora. Nesta nova abordagem ca-racterizamos as localidades e os fluxos

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Ocupação humana na Amazônia

B

OX

1. R

EDES URBANAS

Tradicionalmente, a rede urbana é definida como um conjunto articulado de cidades. Corrêa7, no entanto, introduziu uma maior flexibilidade para esta conceituação ao admitir espaços de diferentes naturezas em uma mesma rede urbana. No caso deste estudo as localidades podem ser inseridas na rede urbana como na figura abaixo. A rede urbana é definida pela existência de três carac-terísticas7:

1. A existência de uma economia de mercado na qual são realizadas trocas entre bens produzidos localmente e bens produzidos externamente;

2. A existência de pontos fixos no espaço, onde os negócios são defi-nidos, mesmo que de modo não contínuo. Tais pontos tendem a concentrar atividades relacionadas a esses negócios, como comércio, serviço e atividades de produção industrial. Esses pontos também podem concentrar atividades de produção do setor primário.

3. A existência de uma articulação mínima entre os pontos da rede, articulação que se dá no âmbito da circulação da produção.

Na rede urbana circulam pessoas, mercadorias, informação e dinheiro e cada um destes fluxos pode ser representado por uma rede diferente. Cada rede in-tegra de maneira particular o mesmo conjunto de localidades e cidades. Assim, uma mesma localidade pode assumir posições diferentes em redes distintas, por exemplo, uma localidade com posto de saúde, pode assumir uma posição central, em uma rede que represente o fluxo de pessoas que se deslocam em busca de serviços básicos de saúde. Por outro lado, esta mesma localidade pode apresentar uma posição periférica na rede que representa a comercialização da produção de gado.

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Pinho et al.

entre elas e selecionamos um conjunto de técnicas de análise que permitiram a descrição da estrutura das diferentes redes observadas.

Estas técnicas de análise foram apli-cadas à área de estudo do Baixo Tapa-jós, uma das regiões da Amazônia com maior dinâmica populacional recente. As redes de acesso a Educação, Postos de saúde, Hospitais, Transporte, Bens de consumo e Produção foram anali-sadas para estabelecer conexões entre localidades e cidades.

Analisando as redes dois padrões gerais de conexões muito distintos fo-ram observados (Figura 1). O primeiro padrão refere-se às redes de Educação e Posto de Saúde (Figura 1A) que são menos densas e mais descentralizadas, com conexões se direcionando para cidades e localidades configurando sub -redes. O segundo padrão foi observa-do nas redes de Hospitais (Figura 1B), Transporte, Bens de Consumo e Pro-dução que deram origem a redes mais densas, ou seja, com maior número de conexões, e centralizadas, concentran-do concentran-dos deslocamentos em direção às cidades da região.

R

EDES FRAGMENTADAS

: E

DUCAÇÃO E

P

OSTOS DE SAÚDE

O baixo grau de coesão é a carac-terística mais marcante das redes de Educação e Postos de Saúde. Estas redes são caracterizadas pela ocor-rência de sub-redes, ou componentes fracos (i.e. grupos de localidades

co-nectadas entre si e descoco-nectadas do restante do grupo). A estrutura dessas redes além de fragmentada é também descentralizada, confirmando a estra-tégia do planejamento governamental de descentralizar espacialmente os serviços de atenção básica de saú-de e educação. Foram isaú-dentificados centros locais que atendiam a outras localidades na vizinhança mais pró-xima, caracterizando principalmen-te deslocamentos de curta distância. Nestas redes, a maioria dos relacio-namentos se dá entre as localidades.

A rede de Posto de Saúde (Figura 1a) possui quatro sub-redes enquanto a de Educação possui sete. A primeira é mais coesa que a segunda devido ao menor número de comunidades ser-vidas por posto de saúde do que por escola.

R

EDES CENTRALIZADAS

: H

OSPITAIS

,

T

RANSPORTES

, B

ENS DE CONSUMO E

P

RODUÇÃO

Enquanto Educação e Posto de Saúde apresentaram redes descentra-lizadas as demais redes tiveram com-portamento oposto. Essa centralização teve a cidade como maior foco. No entanto, a cidade a que cada localida-de se conectou, localida-depenlocalida-deu localida-de critérios como proximidade e qualidade dos serviços oferecidos e variou de acordo com a rede em questão.

Na rede de Hospitais (Figura 1b) os únicos pontos da rede que recebem conexões são as cidades, pois apenas

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Ocupação humana na Amazônia

Pindobal Porto Novo Maguari São Domingos Jamaraquá Acaratinga Jaguarari Pedreiro Piquiatuba Marituba Marai Nazaré (Belterra) Tauari Pini Taquara Prainha Itapaiúna Jutuarana Paraíso Itapuama Uruará

São Francisco do Godinho

Tavio Fordlândia

Nova Esperança (Lago do Cupu) Cauçu-Epá

São Tomé (Lago do Araipá) Santarenzinho Lago do Pireira Monte Cristo Nazaré Paraná-Mirim Pauini São Fco. Cach. do Americano

Ipiranga 2 Ipaupixuna I Independência II Castanho Pedra Branca Paraná do Moreira

Nossa Sra. Aparecida

Barreiras Cury-Teça Curitimbo Brasília Legal Uricurituba Santa Cruz Daniel de Carvalho Vista Alegre (Mucum)

Tumbira Apacê Escrivão Pinhel Cametá Nova Vista Boim Paraná Pixuna Muratuba Suruacá Vista Alegre do Muratuba

Joarituba

Vista Alegre do Capixauã

Aveiro Belterra Itaituba Rurópolis Santarém Pindobal Porto Novo Maguari São Domingos Jamaraquá Acaratinga Jaguarari Pedreiro Piquiatuba Marituba Marai Nazaré (Belterra) Tauari Pini Taquara Prainha Itapaiúna Jutuarana Paraíso Itapuama Uruará

São Francisco do Godinho

Tavio Fordlândia

Nova Esperança (Lago do Cupu) Cauçu-Epá

São Tomé (Lago do Araipá) Santarenzinho Lago do Pireira Monte Cristo Nazaré (Rurópolis) Paraná-Mirim Pauini São Fco. Cach. do Americano

Ipiranga 2 Ipaupixuna I Independência II Castanho Pedra Branca Paraná do Moreira

Nossa Sra. Aparecida

Barreiras Cury-Teça Curitimbo Brasília Legal Uricurituba Santa Cruz Daniel de Carvalho Vista Alegre (Mucum)

Tumbira Apacê Escrivão Pinhel Cametá Nova Vista Boim Paraná Pixuna Muratuba Suruacá Vista Alegre do Muratuba

Joarituba

Vista Alegre do Capixauã

Aveiro

Belterra Itaituba

Rurópolis

Santarém

Figura 1. Redes de acesso a (a) postos de saúde e (b) hospitais. As linhas

re-presentam conexões entre cidades (texto em vermelho) e localidades (texto em cinza). Cada região delimitada representa um município. Note que as conexões em qualquer uma das redes não respeitam limites municipais.

(a) Postos de saúde

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Pinho et al.

elas possuem hospitais. O padrão de conexões dessa rede obedeceu mais fortemente aos critérios de proximi-dade espacial e faciliproximi-dade de acesso. Os moradores das localidades, à pro-cura de hospitais, deslocam-se para as cidades mais próximas e/ou mais acessíveis ao local de sua residência, mesmo que o hospital procurado não ofereça os melhores níveis de serviços. Assim ocorrem situações como a de Itaituba, a segunda cidade em nível de serviços que recebe o maior número de conexões desta rede mesmo pos-suindo indicadores de qualidade hos-pitalar muito inferiores à Santarém, a primeira cidade em nível de serviços. Isso porque pacientes de Itaituba, Ru-rópolis e Aveiro procuram preferen-cialmente hospitais em Itaituba.

A rede de Transporte representa nes-te estudo uma aproximação das opor-tunidades e restrições de deslocamento às quais as localidades da região estão submetidas. Realizando-se a intersec-ção Hospital, Bens de Consumo e Pro-dução, com valores de sobreposição va-riando entre 60 e 75% para estas redes (Figura 2). Para as redes de Educação e Posto de saúde essa sobreposição é da ordem de 50%. Esta diferença de pa-drão entre as redes é reflexo da natureza das redes. Nas últimas duas redes como os deslocamentos são mais curtos, boa parte deles é feito por meio de trans-porte próprio em rabetas, motos ou até mesmo a pé. Já para a compra, venda e deslocamento são realizados por meio de transporte de linha, o qual foi repre-sentado aqui pela rede de Transporte.

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Ocupação humana na Amazônia

As redes de circulação de mercado-rias (Bens de Consumo e Produção) são as mais centralizadas. Para elas foi possível observar padrões bastante claros de centralidade e dependên-cia entre as localidades. Nessas redes a cidade é o destino preferencial das conexões, entretanto algumas locali-dades aparecem como centros locais sendo classificadas nas classes inter-mediárias do Índice de Conectividade (Box 2). Em outras palavras, apesar de ainda enviarem conexões a outros pontos das redes estas localidades já são pontos de referência de compras e venda de produção para algumas comunidades. Estas localidades com alguma centralidade aparecem em maior número na rede de Produção (Figura 3b) do que na rede de Bens de Consumo (Figura 3a), onde ob-serva-se que apenas as cidades são exclusivamente destinatárias (Figura 3a). Nessa rede (Figura3a) as cinco lo-calidades que são destino de compras possuem padrões diferentes de cone-xão. Brasília Legal, categorizada como predominantemente destinatária é a localidade que mais se destaca, pois polariza as compras de três localidades vizinhas e conecta-se a Itaituba e San-tarém, os dois centros de compra mais importantes da Região. Boim, Barrei-ras e Nazaré (Belterra) estão na classe equilibrada. Elas recebem apenas uma conexão, proveniente de localidades próximas e enviam também apenas uma conexão, de saída para a cidade mais próxima. Fordlândia é predomi-nantemente remetente recebendo

co-nexões de Uricurituba e recorrendo a Santarém e Aveiro para compras.

Na rede de Produção (Figura 3b), Rurópolis aparece inusitadamente como um ponto conectado. Este fato é explicado pelo papel de Fordlândia, que integra as demais localidades pre-dominantemente remetentes e expor-ta seus produtos para todas as cidades da região, inclusive para Rurópolis, por via terrestre. As demais localida-des predominantemente remetentes recebem produção de uma localida-de vizinha e enviam para Santarém e Aveiro.

Enquanto na rede de Bens de con-sumo as localidades predominante-mente remetentes apenas enviavam e recebiam uma única conexão, na rede de Produção (Figura 3b) as localida-des localida-desta classe vendem seus produtos para mais de um destino. Barreiras e Brasília Legal se configuram como preferencialmente destinatárias na rede de Produção, sendo destaque nesta rede. Barreiras exporta sua pro-dução para Itaituba e recebe produtos de duas localidades. E Brasília Legal além de vender seus produtos para Itaituba e Santarém recebe a produ-ção de cinco localidades diferentes, estabelecendo-se como uma localida-de central nas relocalida-des localida-de circulação localida-de mercadorias. Brasília Legal possui um dos maiores rebanhos bovino das lo-calidades estudadas e recebe gado de corte de outras cinco localidades. O volume de comercialização de gado é pequeno e intermitente, os

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morado-Pinho et al.

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OX

2. C

ENTRALIDADE EM FUNÇÃO DO

Í

NDICE DE CONECTIVIDADE

(I

C

)

O padrão de relacionamento entre localidades pode definir a centralidade de cada ponto. Essa centralidade pode ser hierarquizada por meio do Índice de Conectivi-dade (Ic)8 que é baseado na quantificação do número de conexões enviadas e rece-bidas pelos pontos das redes. Segundo o Ic as localidades podem ser classificadas em seis categorias:

Isoladas: Não se conectam a outras localidades, acessando ou oferecendo produ-tos, serviços ou infraestrutura;

Exclusivamente remetentes: Só enviam conexões, são localidades totalmente de-pendentes de outras localidades e/ou cidades.

Predominantemente remetentes: Recebem algumas conexões mas predominan-temente enviam conexões a outros pontos da rede. São localidades ainda depen-dentes de outros pontos da rede mas em um grau menor.

Equilibradas: Possuem enviam e recebem a mesma quantidade de conexões, ou seja, utilizam uma quantidade de produtos, serviços ou infraestrutura igual a que oferecem a outras localidades.

Predominantemente destinatárias: Enviam algumas conexões, mas predominan-temente recebem conexões. Oferecem uma quantidade maior de produtos, servi-ços ou infraestrutura do que utilizam de outras localidades e/ou cidades.

Exclusivamente destinatárias: Só recebem conexões, são localidades ou cidades que são independentes dos outros pontos da rede e que ao mesmo tempo oferecem melhores serviços públicos e condições de comercialização de mercadorias e trans-portes, centralizando as relações das redes.

A aplicação desta categorização à redes geográficas, como as deste estudo, permite a hierarquização das localidades em uma escala que se inicia em localidades ex-clusivamente remetentes (i.e localidades que são completamente dependentes de serviços e comercialização de mercadorias) até o extremo da escala que são as loca-lidades exclusivamente destinatárias (localoca-lidades e ou cidades com grande nível de centralização de serviços e comercialização de mercadorias e que são independen-tes das demais). Entre esindependen-tes dois extremos, três classes definem centralidades com graus de dependência variados.

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Ocupação humana na Amazônia

Pindobal Porto Novo Maguari São Domingos Jamaraquá Acaratinga Jaguarari Pedreiro Piquiatuba Marituba

Marai Nazaré (Belterra)

Tauari Pini Taquara Prainha Itapaiúna Jutuarana Paraíso Itapuama Uruará

São Francisco do Godinho Tavio Fordlândia

Nova Esperança (Lago do Cupu)

Cauçu-Epá São Tomé (Lago do Araipá)

Santarenzinho Lago do Pireira Monte Cristo Nazaré (Rurópolis) Paraná-Mirim Pauini

São Fco. Cach. do Americano Ipiranga 2 Ipaupixuna I Independência II Castanho Pedra Branca Paraná do Moreira

Nossa Sra. Aparecida Barreiras Cury-Teça Curitimbo Brasília Legal Uricurituba Santa Cruz Daniel de Carvalho

Vista Alegre (Mucum) Tumbira

Apacê Escrivão Pinhel

Cametá Nova Vista Boim Paraná Pixuna Muratuba Suruacá

Vista Alegre do Muratuba Joarituba

Vista Alegre do Capixauã

Aveiro Belterra Itaituba Rurópolis Santarém Pindobal Porto Novo Maguari São Domingos Jamaraquá Acaratinga Jaguarari Pedreiro Piquiatuba Marituba

Marai Nazaré (Belterra)

Tauari Pini Taquara Prainha Itapaiúna Jutuarana Paraíso Itapuama Uruará

São Francisco do Godinho Tavio Fordlândia

Nova Esperança (Lago do Cupu)

Cauçu-Epá São Tomé (Lago do Araipá)

Santarenzinho Lago do Pireira Monte Cristo Nazaré (Rurópolis) Paraná-Mirim Pauini

São Fco. Cach. do Americano Ipiranga 2 Ipaupixuna I Independência II Castanho Pedra Branca Paraná do Moreira

Nossa Sra. Aparecida Barreiras Cury-Teça Curitimbo Brasília Legal Uricurituba Santa Cruz Daniel de Carvalho

Vista Alegre (Mucum) Tumbira

Apacê Escrivão Pinhel

Cametá Nova Vista Boim Paraná Pixuna Muratuba Suruacá

Vista Alegre do Muratuba Joarituba

Vista Alegre do Capixauã

Aveiro Belterra

Itaituba Rurópolis

Santarém

Isolado Excl. Remetente Predom. Remetente Equilibrado Predom. Destinatário Excl. Destinatário

Figura 3. Categorização das localidades e cidades segundo Índice de conexão para

as redes de (a) Bens de Consumo e (b) Produção.

(a) Bens de consumo

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Pinho et al.

res das localidades criam gado como uma espécie de poupança e só ven-dem o quando estão em dificuldades financeiras. Mesmo que sem um fluxo constante, Brasília Legal constitui-se em um centro local de escoamento da produção vendendo gado para Itaitu-ba e Santarém.

D

IMENSÕES DO ESPAÇO URBANO NA

A

MAZÔNIA

Estudos anteriores discutiram o papel das localidades mas partiam do pressuposto que estas eram um dos estágios de evolução para a formação de cidades4,5. A localidade era enten-dida como uma futura cidade, tanto em um modelo teórico de transição rural-urbano6 quanto em um modelo de ocupação com características ur-banas5. Diferentemente, este trabalho pressupõe um olhar para as localida-des como parte integrante de uma rede urbana local que pode ser ana-lisada a partir das diferentes redes de circulação de pessoas e mercadorias. O estudo da estrutura destas redes e da posição relativa das localidades em cada uma destas redes permitiu iden-tificar as restrições e oportunidades que o tecido urbano local oferece a cada localidade. Neste contexto po-de-se utilizar a análise como subsídio ao planejamento governamental para priorizar ações nos pontos mais vul-neráveis das redes.

R

ECOMENDAÇÕES

A relação entre transporte e existên-cia de conexão foi analisada a partir da simples interseção de redes. Recomen-da-se que para trabalhos futuros seja realizado um teste estatístico para veri-ficar se há tendência de multiplicidade de relações, ou seja, para verificar qual a probabilidade real de dois tipos de conexões acontecerem conjuntamente em uma rede6.

No presente estudo avaliaram-se as redes apenas sob a perspectiva das lo-calidades. Seria interessante avaliar me-lhor o papel das cidades nas redes de localidades. Recomenda-se assim que em estudos futuros seja realizada coleta de dados nas cidades para verificar se há padrões de conexões partindo destas para as localidades.

Não existem dados disponíveis por localidade nas bases do IBGE e nem em outras bases oficiais de dados do governo, como Ministério da Saúde e Educação. Na Amazônia, onde as in-formações por município são insufi-cientes para o entendimento do proces-so de urbanização estes dados precisam ser coletados por meio de trabalhos de campo em entrevistas a informantes chaves e representantes das lideranças locais, o que resulta em custos altos em planejamento, passagem, combustível, equipe etc. Seria interessante um esfor-ço governamental para disponibilizar os dados no nível de localidade, uma vez que os dados são coletados, apenas não organizam e nem disponibilizam as informações nesse nível.

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Ocupação humana na Amazônia

R

EFERÊNCIAS

1. CORRÊA, R L (2006). In: Estudos Sobre Rede Urbana 336

2. MONTE-MÓR, R L (2004).A Rela-ção Urbano-Rural no Brasil Contem-porâneo. II Semin. Int. sobre Desen-volv. Reg.

3. CARDOSO, A C D & LIMA, J J F de. Tipologias e Padrões de Ocupação Urbana na Amazônia Oriental: pra que e para quem? In: CARDOSO, A. C. D. (Ed). O Rural e o Urbano na Amaz. Difer. olhares em Perspect. Be-lém: EDUFPA, 2006 p. 215

4. BECKER, B K (1978).Uma Hipótese sobre a Origem do Fenômeno Urbano numa Fronteira de Recursos no Brasil. Rev. Bras. Geogr. 40, 160–184

5. GUEDES, G, COSTA, S & BRON-DÍZIO, E (2009). Revisiting the hie-rarchy of urban areas in the Brazilian Amazon: a multilevel approach. Popul. Environ. 30, 159–192

6. SKVORETZ, J & AGNEESSENS, F (2007). Reciprocity, Multiplexity, and Exchange: Measures. Qual. Quant. 41, 341–357

7. CORRÊA, R L. A Rede Urbana. (Edi-tora Ática, 1994).

S

OBRE AS

A

UTORAS

Carolina Moutinho Duque de Pi-nho é Geógrafa, (UFRJ), mestre e doutora em Sensoriamento Remoto (INPE). Áreas de interesse em nização da Amazônia, geografia urba-na e planejamento e gestão territorial com o subsídio de geotecnologias.

Silvana Amaral é ecóloga, (UNES-P-RC), mestre em Sensoriamento remoto (INPE), e doutora em Infor-mação Espacial (POLI-USP). Área de interesse em biodiversidade e ocupa-ção humana na Amazônia Brasileira, por sensoriamento remoto, geoinfor-mação e modelagem ambiental.

Maria Isabel Sobral Escada Ecóloga doutorado em sensoriamento remoto. Área de interesse em geotecnologias, Ecologia da paisagem, Padrões espaço temporais de uso e cobertura da terra, Uso de recursos e serviços ecossistêmi-cos, Monitoramento de florestas.

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Pinho et al.

P

ARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO

Publicações

AMARAL, S, ANDRADE, P R, ESCADA, M I S, ANDRADE, P R, ALVES, P A, PINHEIRO, T F, PINHO, C M D, MEDEIROS, L C C, SAITO, É A, RABE-LO, T N. Da canoa à rabeta: estrutura e conexão das comunidades ribeirinhas no Tapajós (PA). Pesquisa de Campo Jun/Jul de 2009. São José dos Campos: INPE, 2009. 30 p. (INPE-16574-RPQ/827). Disponível em: <http://urlib.net/8JMKD-3MGP8W/3637K42>.

ESCADA, M I S, DAL’ASTA, A P, SOARES, F R, ANDRADE, P R, PINHO, C M D, MEDEIROS, L C C, CAMILOTTI, V L, DOS SANTOS, J N A, FER-REIRA, V C, AMARAL, S. Infraestrutura, serviços e conectividade das comu-nidades ribeirinhas do Arapiuns, PA. São José dos Campos: INPE, 2013. 121 p. (sid.inpe.br/mtc-m19/2013/04.29.14.32-RPQ). Disponível em: <http://urlib. net/8JMKD3MGP7W/3E2NF9P>.

PINHO, C M D de. Analise das redes de localidades ribeirinhas amazônicas no te-cido urbano estendido: uma contribuição metodológica. Doutorado em Sensoria-mento Remoto. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. INPE. São José dos Capos – SP. 156p. (2012). Disponível em: <sid.inpe.br/mtc-m19/2012/04.19.04.13-TDI>

Disponibilidade de dados

Registros fotográficos georreferenciados das expedições de campo estão disponíveis em http://www.obt.inpe.br/fototeca/fototeca.html

Os dados e mapas produzidos por este estudo podem ser consultados no site do projeto: http://cenariosamazonia.inpa.gov.br

Referências

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