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O PROFESSOR FRENTE AOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM - TAs E ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM - DAs

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O PROFESSOR FRENTE AOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM - TAs E ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM - DAs

CAMARGO, Lilian F. M. SERENATO, Maiara

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Há necessidade de conhecer os procedimentos metodológicos do professor junto aos alunos com transtornos e dificuldade de aprendizagem, considerando a aprendizagem não é linear nem homogênea. Este trabalho teve por objetivo investigar a relação ensino-aprendizagem com alunos que possuem dificuldades e transtornos de aprendizagem, e compreender a importância do professor no processo de ensino-aprendizagem. Dentro desta perspectiva, esta pesquisa vai buscar subsídios entre os teóricos da educação como Piaget, Vygotsky e Wallon. Para atender aos objetivos propostos, na pesquisa de caráter exploratório utilizou-se de questionário semi-estruturado para coleta de dados, com uma amostragem de vinte e um professores da rede municipal e particular de Ponta Grossa, que atuam nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Os resultados demonstraram a grande freqüência de TAs e DAs em nossas escolas; constatou-se que é no ambiente escolar que, na maioria das vezes, estas características são percebidas e a forte influência do professor no processo ensino-aprendizagem. Conclui-se que, embora um número significativo dos entrevistados afirme identificar dificuldades de aprendizagem e elaborar estratégias diversificadas para superá-las, muitos demonstraram a necessidade de maior conhecimento e do apoio de outros profissionais frente as TAs e DAs.

Introdução

Considerando o processo de ensino-aprendizagem, tem sido objeto de estudos atualmente e, sendo a educação um fator de transformação do ser humano, torna-se importante contribuir em aspectos que favoreçam o entendimento sobre o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, através de investigações dos problemas educacionais.

O professor como integrante da relação triadica, professor-aluno-conhecimento, deve estar apto a conhecer como se processa esse aprendizado, quais os fatores relevantes, as características evolutivas e as variações das ditas normalidades no processo de aprendizagem dos alunos.

Este artigo resulta do sub-projeto desenvolvido na disciplina de Psicologia de Educação II no ano de 2008 na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

A pesquisa tem um cunho exploratório utilizou como instrumento um questionário semi-estruturado, que foi aplicado a 21 professores da rede municipal e particular de Ponta Grossa, que atuam nas primeiras séries do Ensino Fundamental, procurando identificar, além da concepção dos professores em relação à dificuldade e transtornos de aprendizagem, o índice de alunos que são considerados com dificuldade e transtornos de aprendizagem, se escola oferta algum procedimento para auxiliar os alunos com dificuldade e transtornos de aprendizagem.

Concepções de Aprendizagem

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A aprendizagem é um processo que torna os seres humanos capazes de modificar seu comportamento de modo relativamente rápido, de uma forma mais ou menos permanente, de tal modo que não tenha que ocorrer freqüentemente, em cada nova situação. (GANGNÉ, 1980, p. 5) A corrente psicogenética, que tem Piaget como seu principal precursor, evidencia as estruturas cognitivas e o estímulo como propulsor da aprendizagem. O indivíduo nasce com estrutura genética para a aprendizagem e durante seu desenvolvimento, sua evolução intelectual, passa por estágios pré-determinados de acordo com a idade dos indivíduos.

O papel do professor como um organizador:

O educador continua indispensável, a título de animador, para criar as situações e armar os dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para organizar, em seguida, contra-exemplos que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções demasiado apressadas. (PIAGET, 2005, p. 15).

Nessa perspectiva, a ação do professor é a de preparador de experiências significativas aos alunos, e estas devem ser preparadas a partir do conhecimento que o professor deve ter em relação ao desenvolvimento intelectual de seus alunos.

Outra concepção de aprendizagem, numa perspectiva sócio-cognitiva é proposta por Vygotsky. A aprendizagem é vista com um processo que sempre inclui relações entre indivíduos, mesmo que a presença do outro não seja física, esta pode se manifestar através dos objetos, do modo como o ambiente está organizado. (OLIVEIRA, 1996, p. 57).

Muito antes de a criança ter acesso à educação formal ela aprende. Ela é inserida em uma sociedade, em uma cultura, através da mediação da família. Segundo Vygotsky, as relações sociais se convertem em funções psicológicas através da mediação, quando se dá a internalização, ou seja, a reconstrução interna de uma operação externa, de atividades e comportamentos sócio-histórico e cultural. E essa mediação acontece através do uso de instrumentos e signos.

Vygotsky reconhece que o caráter educativo da transmissão da bagagem cultural também determina o desenvolvimento do indivíduo, a psicologia dialética valoriza e ressalta a instrução, a transmissão educativa, a atividade tutorada, mais do que a atividade experimental realizada pela criança somente.

A concepção sócio-cognitiva também considera a interação entre o indivíduo que aprende, os outros e o ambiente, entretanto o faz de forma diferente. Nessa interação, a linguagem é considerada como fator essencial para a aprendizagem.

Na concepção de Wallon, o fundamental a questão da afetividade, é este o ponto essencial para que o processo de ensino-aprendizagem seja mais produtivo e satisfatório, tanto para o professor (pólo do ensino) quanto para o aluno (pólo da aprendizagem). Em sua abordagem considera o individuo como um todo. Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano.

As atividades pedagógicas e os objetos, assim, devem ser trabalhados de formas variadas. Numa sala de leitura, por exemplo, a criança pode ficar sentada, deitada ou fazendo coreografias da história contada pelo professor. Os temas e as disciplinas não se restringem a trabalhar o conteúdo,

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mas a ajudar a descobrir o eu no outro. Essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.

Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem

Atualmente, há uma grande preocupação, em relação às dificuldades e transtornos de aprendizagem dos alunos, afinal a dimensão ensino-aprendizagem norteia o trabalho em sala de aula e muitas vezes representam um desafio ao professor do ensino regular.

Os termos Dificuldade e Transtorno de Aprendizagem podem parecer semelhantes, mas existem algumas diferenças fundamentais que interferem na compreensão dos mesmos.

Os manuais internacionais de diagnóstico (CID-10 e DSM-IV) preferem utilizar o termo transtorno, pois entendem que o termo dificuldade é muito amplo e genérico, e que transtorno é mais específico. [...] dificuldades podem surgir de vários fatores não intrínsecos nem decorrentes de disfunção do sistema nervoso central, diferentemente do transtorno que é específico e intrínseco. Uma dificuldade pode originar-se de um transtorno, mas este não se origina de uma dificuldade. (PISACCO, 2008, p.6).

Os transtornos de aprendizagem acontecem quando algumas disfunções neurológicas podem interferir na recepção, integração ou expressão da informação, caracterizando-se em geral, uma discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e sua realização escolar.

Os manuais internacionais apresentam basicamente três tipos de transtornos específicos da aprendizagem: transtorno da leitura, transtorno da matemática e transtorno da expressão escrita. Os alunos com transtornos de aprendizagem podem ser brilhantes na resolução de alguns problemas, mas apresentar problemas na resolução de outros. Atualmente, acredita-se na origem dos Transtornos de Aprendizagem a partir de distúrbios na interligação de informações em várias regiões do cérebro, os quais podem ter surgido durante o período de gestação. (PISACCO, 2008, p. 10)

Existem fatores sociais que também são determinantes na manutenção dos problemas de aprendizagem, e entre eles o ambiente escolar e contexto familiar são os principais componentes desses fatores. Quanto ao ambiente escolar, é necessário verificar a motivação e a capacitação da equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno-família, a proposta pedagógica, e o grau de exigência da escola, que, muitas vezes, está preocupada com a competitividade e põe de lado a criatividade de seus alunos.

Uma criança pode ser identificada como inapta para a aprendizagem típica quando não alcançar resultados proporcionais aos esperados para seu nível de idade e

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capacidade, mesmo quando lhe são proporcionadas experiências de aprendizagem adequadas a esses mesmos níveis, e não houver comprometimento físico.

As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer quando o aluno tem algum impedimento ou incapacidade para a aprendizagem da leitura, escrita, do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais.

Dentre os vários conceitos sobre DA, o mais aceito internacionalmente é da IDEA (Individuals with Disabilities Education Act) do National Advisory Committee on the Handicapped of the U.S. Office of Education (Comite Nacional de Consultoria para o deficiente da Agência de Educação dos Estados Unidos):

As crianças com dificuldades de aprendizagem especiais (específicas) possuem uma desordem em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou uso da linguagem falada ou escrita. Estas dificuldades podem manifestar-se por desordens na recepção da linguagem, no pensamento, na fala, na leitura, na escrita, na soletração ou na aritmética. Tais dificuldades incluem condições que têm sido referidas como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia, afasia de desenvolvimento, etc. Elas não incluem problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiência visual, auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagem ambiental. (USOE, 1968, p.34).

Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são resultados dessas condições ou influências. (PISACCO, 2008, p. 3)

Resultados

A partir das conceituações sobre o que é aprendizagem, dificuldade e transtorno, pode-se perceber a grande influência do educador no processo de ensino-aprendizagem. Este é como um observador externo, que pode reconhecer se houve aprendizagem quando observa a ocorrência da mudança comportamental e também a permanência desta mudança.

Os resultados evidenciaram grande freqüência de TAs e DAs em nossas escolas, pois 100% dos entrevistados afirmaram que tem e/ou tiveram alunos com dificuldades e/ou transtornos de aprendizagem. Constatou-se que é no ambiente escolar que, na maioria das vezes, estas características são percebidas, pois 19 marcaram que a descoberta destas foi com a sua própria observação, 5 através da família e 1 pela equipe pedagógica.

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Com isso percebe-se a grande influência do professor no processo de ensino-aprendizagem e na identificação de dificuldades. Apesar das concepções teóricas apontarem algumas definições diferentes, elas tem algo em comum o destaque a presença do professor, trazendo terminologias diferentes, como mediador e professor, porém acreditando que ele influencia e transforma o processo de ensino-aprendizagem.

O processo ensino-aprendizagem é o recurso fundamental do professor: sua compreensão, e o papel da afetividade nesse processo, é um elemento importante para aumentar a sua eficácia, bem como para a elaboração de programas de formação de professores. (ALMEIDA e MAHONEY, 2005, p.1)

Os resultados apontaram que a maioria dos professores sabe das dificuldades e identificam-nas: 13 professores responderam que sabiam o tipo de D.A. / T.A que seus alunos apresentavam, entretanto 7 colocaram que não sabiam e apenas um não respondeu. Um número bastante significativo e que demonstra a necessidade de reconhecer as dificuldades que os alunos têm, pois algumas exigem um atendimento especial, no qual o professor precisa estar preparado e adotar uma metodologia adequada.

Piaget (2005) coloca que o insucesso escolar em determinada disciplina pode ser causado por uma passagem rápida para a estrutura qualitativa dos problemas, ou seja, é provável que o professor não tenha considerado o desenvolvimento psicológico da criança ou do adolescente, limitando-se somente ao conhecimento da ciência a ser ensinada.

Fica evidenciado que, na perspectiva piagetiana, o professor deve também ser conhecedor e estudioso do processo de desenvolvimento cognitivo de seus alunos e que o conhecimento a ser ensinado e a forma como as crianças aprendem devem ser igualmente considerados pelo professor ao planejar e coordenar as atividades de aprendizagem de seus alunos.

No que se refere aos procedimentos de ensino adotados para ajudar os alunos com dificuldades e transtornos de aprendizagem, a pesquisa demonstrou que 13 professores elaboravam estratégias diversificadas para ensinar esses alunos e pediam auxilio para profissionais mais capacitados (pedagogos, psicólogos); 8 responderam que elaboravam estratégias para esses alunos; e a mesma quantidade colocaram que pediam auxilio para profissionais. Das respostas ofertadas, uma não foi marcada, que seria a opção de deixar esses alunos exclusos da turma. Pode-se constatar que não há um descaso com os alunos que possuem D.As e T.As.

Pensar no professor em compromisso com a educação, significar entender que seus alunos têm suas individualidades e suas necessidades, procurando atende-las com metodologias adequadas. Buscando sempre renovar seus conhecimentos e inovar a sua ação docente em beneficio da aprendizagem do aluno.

Conclusão

Os resultados obtidos revelam que os professores buscam meios para promover a aprendizagem dos alunos que apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem, contudo, o

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esforço e a motivação do professor, que aparece como mediador do conhecimento, não basta, faz-se necessário a promoção de cursos de capacitação e formação continuada para a equipe de educadores e também da equipe pedagógica tornando o ambiente escolar adequado ao desafio de alcançar êxito no desenvolvimento cognitivo de alunos com dificuldades de aprendizagem. Enquanto o professor busca subsídios para favorecer a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos é preciso o comprometimento das instituições na formação da equipe docente para que os alunos sejam atendidos em suas especificidades.

Levando em conta o fato de que o contexto escolar está em constante mudança e transformação e que é cada vez mais freqüente a incidência de alunos com transtornos de aprendizagem, percebe-se que os professores entrevistados estão tentando acompanhar estas mudanças socioculturais dentro das suas possibilidades e dos recursos que lhes são oferecidos para atender as necessidades de seus alunos, através de procedimentos e metodologias diferenciados na elaboração de seus planos de aula. E quando o professor não consegue atingir seus objetivos através desta estratégia, vai à busca de ajuda da família do aluno, da equipe pedagógica e de profissionais especializados, sem desistir do compromisso de educar para a cidadania.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. R., MAHONEY, A. A. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: Contribuições de Henri Wallon. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/psie/v20/v20a02.pdf. Acessado no dia: 12/11/2008

GANGNÉ, R. M. Princípios essenciais da aprendizagem para o ensino. Porto Alegre: Editora Globo, 1980

MARQUES, O. A aprendizagem na mediação social do aprendido e da docência. 3 ed. Brasília: Editora Unijuí, 2006

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Pensar a educação: contribuições de Vygotsky. In: CASTORINA, José Antonio. Piaget – Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1996.

NATIONAL JOINT COMMITTEE FOR LEAMING DISABILITIES. Collective perspectives on issues affecting learning disabilities: position papers and statements. Austin: PRO-ED, 1994.

PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? 17. ed. José Olympio Editora: 2005

PISACCO, Nelba M. T. Aprendizagem - Contribuições da Neurologia e da Psicopedagogia. Material complementar para a disciplina de Psicologia. 2008

VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: LEONTIEV. Psicologia e Pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do conhecimento. São Paulo: Centauro, 2003.

Referências

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