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Os conflitos interpessoais na escola e a aprendizagem da convivência. Telma Vinha Faculdade de Educação Unicamp

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(1)

Os conflitos interpessoais na

escola e a aprendizagem da

convivência

Telma Vinha

Faculdade de Educação – Unicamp

(2)

Que futuro adulto gostaríamos de

formar?

A formação de pessoas autônomas e que

resolvam seus conflitos por meio do

diálogo, está sempre presente nos

objetivos dos professores, nos projetos

pedagógicos das escolas...

(3)

Percepção de um aumento dos conflitos

interpessoais nas escolas – por educadores,

alunos e pais

(Leme, 2006; Biondi, 2008)

• tema recorrente na mídia, em reuniões de estudo e de formação de professores

(4)

Perguntamos aos educadores: quais as maiores

dificuldades presentes no cotidiano escolar?

10,17% 48,31% 12,71% 12,71% 16,10% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Ausê ncia de Dificuldade s

Indisciplina, agre ssividade e violê ncia

Re lação e ntre família e e scola

Falta de inte re sse

Dificuldade s associadas à me todologia e /ou pre ocupação do profe ssor e m se faz e r e nte nde r

Figura 1: Dificuldades apontadas pelos professores no cotidiano na escola.

(5)

O conflito é visto como algo antinatural

• construtivismo: conflito é necessário ao desenvolvimento

• restrição aos atos e não aos sentimentos

• autorregulação, descentração, coordenação de perspectivas, aprendizagem valores e regras

• ênfase no processo

(6)
(7)

Charlot (2002) - destaca três tipos diferentes de violência:

• a violência na escola, aquela que se produz na

instituição como resultado da violência que existe fora de seus muros

• a violência da escola

• uma violência institucional, simbólica, que os próprios jovens suportam por meio da maneira como a instituição e seus agentes o tratam:

• modo de composição das classes, de atribuição de notas, de orientação, palavras desdenhosas dos adultos, atos injustos, regras abusivas...

• a violência à escola, aquela dirigida diretamente à instituição e aos que a apresentam

(8)

• pesquisas indicam que não há aumento da incidência de violência “duras” (aquelas que são reguladas pelo código penal) entre os alunos

• ações que atacam a lei com uso da força ou ameaça usá-la: lesões, extorsão, tráfico de droga na escola, agressões físicas, furto

• porém, há o crescimento de pequenas infrações, agressões, insultos, desrespeito, desobediência às normas, ou seja, principalmente “incivilidades”

(La Fábrica do Brasil, 2001; Nakayma,1996; Leme, 2006; Debarbieux, 2006; Lucatto, 2012; Ramos, 2013).

(9)

Violência escolar

• Dados do Ministério da Educação (MEC) tabulados pela Fundação Lemann e pela Meritt Informação Educacional

• Participantes:

• professores de Língua Portuguesa e Matemática que dão aulas para alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental que responderam a questionário

aplicado durante a Prova Brasil

• 2011 - foram 224.743 mil docentes • 2007 – por volta de 295.000 docentes

(10)

• Foram agredidos fisicamente por estudantes dentro de colégios

• 2011 - 4.195 (1,9%)

• 2007 - 6.677 (2,3%)

• Relataram casos de agressão física contra aluno cometida por professor na escola em que atuavam

• 2011 - 3.327 (1,5%)

• 2007 - 4.197 (1,62%)

(11)

• Relataram que viram alunos frequentaram a escola portando arma de fogo

• 2011 - 1.929 (0,85%)

• 2007 - 3.247 (1,14%)

• Relataram que houve casos de alunos que entraram na escola com facas e canivetes

• 2011 - 9.079 (4,04%)

• 2007 - 14.855 (5,17%)

(12)

• Existe sim violência escolar, mas em menor numero do que o alardeado

• Debarbieux - a violência desorganizadora surge do “inesperado”

(13)

Incivilidades

 são as microviolências ou as pequenas agressões do cotidiano que se repetem constantemente, tais

como:

 andar pela sala, incomodar os outros, cochichar, falta de pontualidade, conversa a margem do que se está tratando em classe, entretenimento com objetos

impróprios para atividade e momento,

comportamentos irritantes, desordem, enfrentamento, indelicadeza, barulho, impolidez, apelidos,

zombarias, grosserias, empurrões, levantar, empurrar, jogar objetos, gargalhar, gritar, demonstrar

(14)

 São atentados cotidianos e recorrentes ao direito de cada um se ver respeitado ou pequenas

infrações à ordem estabelecida, tais como a falta de polidez, as transgressões dos códigos de boas maneiras ou da ordem, diferenciando-as de

condutas criminosas ou delinquentes

 a incivilidade não contradiz, nem lei, nem o regimento interno do estabelecimento, mas as regras de boa convivência - rompem com

expectativas do que pode estar sendo esperado como boa conduta social

“... Essa b... de texto aqui?”

(15)

(7º ano)

A classe com muito ruído, alunos em pé, gritando, não se escuta uma conversa em tom mais baixo. A professora vai andando e segurando os braços dos alunos que

estão em pé, abaixando-os fazendo com que se sentem. Ela se volta para frente da turma e começa a explicar o conteúdo e dizer que era para fazer a atividade que

estava colocada na lousa, mas o barulho não permite que seja ouvida, pouquíssimos alunos prestam atenção. Profª: - Gente, vamos sentar, vamos sentar...

Ninguém a ouve. A classe continua no maior barulho. Duas alunas se aproximam da professora para

perguntar se a proposta era para ser realizada em

dupla ou individualmente. Ela responde para todos da classe:

(16)

Profª: - Gente, tá escrito na lousa, vocês sabem ler! Alguns alunos jogam pedacinhos de papel nos outros

colegas. Apesar de ver a brincadeira, a professora não realiza nenhuma intervenção. Quando os

alunos querem pedir licença para os colegas para ver o que está escrito na lousa. Gritam:

- LICENÇA!

Ninguém escuta o pedido destes alunos sobre sair da frente da lousa, ou se os ouvem, ignoram. A maioria não faz atividade, continua conversando e

(17)

Transgressão

• é o comportamento contrário ao regulamento

interno da escola (mas não ilegal do ponto de vista da lei):

• abstenção, uso de celular, ficar fora da sala, cabular aula...

(18)

Bullying

• Possui 5 características principais:

• ocorre entre pares – desigualdade de poder • há intenção do(s) autor(es) em ferir

• são atos repetidos contra um/mais constantes alvos

• há uma espécie de concordância no alvo sobre o que pensam dele (por isso há crianças obesas que são alvos e outras não)

• há um público que prestigia as agressões (os

ataques de bullying são escondidos dos adultos, mas nunca dos pares)

(19)

Pesq.: Você disse que não gosta de algumas coisas na sua sala, o que você não gosta?

Aluno: Alguns alunos ficam me xingando, outros ficam me batendo, dando “esses”... como se fala, que a pessoa cai?

Pesq.: Rasteira?

Aluno: Rasteira, isso, exato! Aí a gente cai, ficam xingando, batendo na

gente, entra na sala enchem o saco e a gente não consegue fazer a lição. Pesq.: E eles xingam de quê?

Aluno: Ah... de gay filho da puta.

Pesq.: E o que você faz quando eles te xingam?

Aluno: Eu falo que vou falar pra coordenadora, eles me ameaçam... então a gente fica com medo porque a mãe não tem tempo de vir aqui, né?

Pesq.: Como você se sente na hora que te xingam?

Aluno: Ah eu me sinto muito “ruim” porque as pessoas não tem educação pela gente. Eles querem “se achar” só porque são mais velhos que a gente... mais maiores né?

(aluno do 7º ano)

(20)

Indisciplina

• são ações e situações variadas, mas que compartilham alguma forma de desordem nas relações pedagógicas, capazes de interferir nas condições de aprendizagem • está relacionada a ruptura do contrato social da

aprendizagem (Garcia, 2006)

• tanto pelo aluno quanto pelo professor

• a indisciplina atravessa a relação professor-aluno

• não engloba somente uma questão de comportamento - o “bom comportamento” nem sempre é sinal de disciplina, pois pode indicar apenas uma adaptação aos esquemas da escola, simples conformidade ou mesmo, apatia diante das circunstâncias

(21)

Em geral encontra-se na escola (e em muitas pesquisas):

• a indisciplina é tudo aquilo que incomoda o professor

• só é considerado “disciplina” quando o professor está desimpedido para “ensinar o conteúdo”

(22)

• Estudos demonstram que os educadores se sentem intimidados e desmotivados diante das constantes situações de indisciplina, incivilidades e conflitos, além de despreparados para lidar (Tardeli, 2003; Vinha, 2004; Tognetta & Vinha, 2007)

• A concepção sobre os conflitos do professor e,

conseqüentemente, o tipo de intervenção realizada, interfere nas interações entre os alunos e no

desenvolvimento socioafetivo dos mesmos transmitindo mensagens que dizem respeito à moralidade

(23)

Pesquisas sobre os conflitos interpessoais na

escola

(Vinha, 2003; Tognetta e Vinha, 2007)

Independente do tipo de conflito ele é visto como

algo antinatural

 “paz é ausência de conflitos”

Esforços em três direções: conter, evitar e

“ignorar”

(24)

Daiane começou a brigar na sala de aula

com o Jorge porque ele a chamou

novamente de “cabelo de cerol”.

- Um estava dando tapa no outro, a

professora foi separar, recebeu um tapa

sem querer da Daiane. Então ela foi

suspensa. Afinal, bateu na professora!

(25)

 conflitos entre pares:

 “brincadeiras da idade”

 quando os conflitos (mesmo desrespeitosos) são vistos como “incivilidades” poucas vezes são feitas intervenções

(26)

(7º ano)

A professora de Matemática começa a aula dizendo que está sem paciência. Os alunos estavam conversando alto e continuam.

Enquanto coloca uma atividade na lousa, dois alunos começam a brincar de dar tapas um no outro. Eles dão risadas. De repente um deles começa a dar canetada na cabeça do outro que diz para

parar. O colega não pára e por fim desfere um tapa no olho do outro. O colega que recebeu o tapa diz: “me deixa quieto” e

abaixa a cabeça. O agressor se afasta e muda de lugar. Os colegas que presenciaram dizem:

- Oh, professora, ele deu um tapa no olho dele, é sério! A professora responde:

- Eles não estavam se provocando lá embaixo? Agora que se virem! E continua a aula normalmente. O aluno que recebeu o tapa ficou

com o olho vermelho e em silêncio, cabisbaixo, durante toda a aula.

(27)

...um aluno passava e puxava o lápis do colega, dando, em seguida, um tapa em sua cabeça – (7 º ano). Depoimento:

Às vezes o pessoal começa a fazer a lição aí passa um aluno correndo, esbarra nos cadernos e aí risca tudo. Dependendo do que você estava fazendo tem que começar tudo de novo, como aconteceu comigo, teve uma vez que eu estava fazendo lição na sala de aula, aí um aluno saiu correndo, e aí foi com tudo com a mão na minha mesa e eu estava bem no fim já. Aí falei pro

professor:

- Oh ele riscou.

Meu colega respondeu: - Foi sem querer...

Professor não disse nada.

(28)

• Há tipos diferentes de conflitos interpessoais, com naturezas distintas que requerem intervenções

também diferenciadas: violência, bullying,

transgressões, incivilidades, indisciplina*, etc.

• independente do tipo de conflito em geral são todos tratados como (Lucatto, 2012; Licciardi, 2010; Ramos, 2010, Tognetta, 2010):

• “indisciplina” – no sentido de atrapalhar o equilíbrio da classe e o trabalho com conteúdos (contidos)

“Aqui nesta sala não se fala palavrão! Sua mãe não te deu educação?”

(29)

(5º ano)

Bom dia mamãe

Por favor conversar com o VIC sobre seu comportamento em sala pois está brincando na hora de fazer atividades (por

exemplo dando cadernada na cabeça do outro). Peço sua ajuda e colaboração

Ass. do responsável:________________________

Professora

(30)

• ao visar somente a restauração da harmonia da aula perdida, o controle da classe ou da sua

“autoridade”, o professor não realiza intervenções construtivas que auxiliem os alunos a

compreenderem a necessidade do respeito, da coordenação de perspectiva e sentimentos e do diálogo na relação entre os iguais.

• com essa atitude, indiretamente, transmite a

mensagem de que o respeito a uma autoridade é mais importante do que o respeito entre iguais.

(31)

Formas de controle diferente nas escolas publicas e

privadas

Ramos, 2010; Dedeschi, 2011; Ferreira e Vinha, 2011

públicas: indiferença

incivilidade predomina

(32)

Apesar de intrinsecamente relacionados no cotidiano, a

distinção possibilita intervenções diferenciadas - exemplos: • briga com agressão física – violência – regulação dos

impulsos (autocontrole) – diálogo - círculos restaurativos, alunos mediadores

• atrasos constantes – transgressão – conversa individual – vários alunos: conversa em assembleia

• zoação – respeito - incivilidade – conversa com

envolvidos – grupo: assembleia, tendo o foco na boa

convivência no grupo e contrato social da aprendizagem • não realização da pesquisa/leitura para trabalho de

grupo - indisciplina - discutir com base no contrato da

(33)

• agressões repetidas contra um aluno – bullying - o olhar para todos os envolvidos no problema:

• o autor

• ter seus comportamentos sancionados e ser chamado a reparar

• também precisa de ajuda: não sabe se sensibilizar com a dor do outro e tem uma hierarquia de valores invertida • o alvo

• é preciso autorrespeito - precisa de ações que o fortaleçam • o espectador

• é preciso que se indigne

• ser chamado a participar do problema quando é público

(34)

Jornal Agora São Paulo

10/04/2013

“Crescem casos de

violência

em escolas estaduais

de SP”

O número de casos de

indisciplina

,

brigas

,

vandalismo, furtos, roubos e outros delitos

registrados em escolas estaduais da capital mais

do que dobrou em dois anos. Foram 2.154

ocorrências escolares registradas em 2010,

contra 5.378 casos no ano passado, segundo

dados da Secretaria de Estado da Educação...

(35)
(36)

Pesquisa realizada pela Apeoesp e o Instituto

Data Popular

(2013)

• 1.400 docentes de Escolas Estaduais de São Paulo

• Os professores consideram como violência escolar: • agressão verbal/xingamento 62%

• agressão física 43% • falta de educação/respeito/valores 33% • problemas familiares/postura dos pais 20%

• bullying 12%

• mau comport./conflitos entre alunos 11%

(37)

• 57% dos professores consideram as escolas em que atuam um espaço violento

• 95% dos docentes acreditam que os alunos são os principais autores da violência escolar

(desconsideram a violência da escola)

• A principal causa da violência nas escolas é:

• 74% - a falta de respeito, de valores e de educação pelos alunos

• 49% - a educação em casa

(38)

Estudos sobre a perspectiva dos professores e alunos

sobre os conflitos

(Tognetta, Busch,Vidigal, Vinha, 2009; Silva, 2011)

• Estudantes e professores (6º e 9º ano)

• os professores acreditam que frequentemente os

conflitos que ocorrem entre os alunos são

solucionados

1/3 dos alunos dizem que muitos conflitos

não

(39)

motivos da não intervenção dos professores

nos desentendimento entre pares (segundo

os alunos):

desinteresse (“não ligam”)

“não sabem o que fazer”

(40)

• conforme vão crescendo os adolescentes

relatam cada vez menos aos adultos os

conflitos que vivenciam entre os pares

• além da vergonha e do receio de serem

censurados ou punidos

consideram que a forma como os adultos

lidam, em geral, piora o problema, gerando

novos desentendimentos e, não raro,

fazendo com que se sintam expostos, que

decaiam aos olhos dos colegas, provocando

ainda mais vergonha

(41)

• A maioria dos jovens consideram que são

frequentes os conflitos com a autoridade

(professor, diretor, funcionário)

a maior parte dos professores considera que

são poucos

nos conflitos entre adultos e adolescentes:

• os alunos consideram que as soluções são geralmente unilaterais - satisfatórias

principalmente para apenas um dos envolvidos, a autoridade

(42)

• Tem sido constatado que diante dos conflitos interpessoais os professores acabam por agir de maneira intuitiva e improvisada, pautando suas intervenções principalmente no senso comum

• cada um seu modo utiliza qualquer estratégia que acredita ser útil para lidar com o problema como: dar notas baixas, ameaçar, punir, conversar, gritar, advertir, acusar, censurar, excluir ou até mesmo ignorar...

• Na prática as intervenções da escola têm surtido pouquíssimos efeitos

(43)

• Os mesmos conflitos ocorrem cotidianamente, repetem-se ao longo dos meses...

• Não há um planejamento visando a qualidade das relações interpessoais na escola

• Os educadores parecem não perceber a contradição entre os objetivos que possuem e a qualidade do

ambiente sociomoral e das intervenções que predominam nas escolas

• Esses procedimentos em longo prazo trazem

consequências, geralmente opostas as desejadas pela escola...

(44)

O jovem tem apresentado dificuldades para

(Rego,

2006; Weber, 2005; Leme, 2006; Vicentin, 2008; Carina, 2008, Menin, 2010)

• emitir opiniões, argumentar e ouvir perspectivas diferentes sem sentir-se ameaçado

• tomar decisões

• identificar e expressar seus sentimentos sem causar dano aos outros

• coordenar perspectivas em ações efetivas

• baixo índice de habilidade social

• resolver seus conflitos de forma cooperativa,

respeitosa, justa e satisfatória para os envolvidos

(45)

• Dificuldades para utilizar a assertividade como estilo predominante em situações de conflitos

• Deluty - estilos de resolução: submisso, agressivo e assertivo

• a maior tendência é de estilo de resolução submisso

ex: “não reaja”, “não arranje confusão”; “melhor

não dizer nada”

(46)

submisso assertivo agressivo submisso/agressivo assertivo/submisso assertivo/agressivo 0 10 20 30 40 50 60 %

Estratégias de resolução de conflitos em ambas as

escolas - jovens de 11 e 15 anos de idade - Vinha, Machado e Massari (2012)

(47)

 Mais do resolver o problema, deve-se ir além refletindo profundamente nas causas,

principalmente na qualidade das relações entre as pessoas na escola, das regras, da forma como se lidam com os conflitos e do trabalho com o

conhecimento: clima escolar

(48)

Clima escolar

(Thiébaud, 2005)

• refere-se às qualidades de vida e de comunicação percebidas pelos membros uma escola

• corresponde a sua atmosfera, a valores, atitudes e sentimentos partilhados pelos atores da escola, assim como a relações sociais e com o

conhecimento

• Essa percepção que os membros da organização têm

de como eles são tratados e os papéis na relação com os outros é um elemento essencial do bom

funcionamento da escola, influenciando na

qualidade da vida ou da experiência escolar dos alunos em duas dimensões:

(49)

• na aprendizagem/escolarização:

• a motivação, a indisciplina e o rendimento escolar

• na socialização/convivência:

• problemas como os conflitos, a violência física e verbal entre alunos e entre alunos e professores, o vandalismo, o roubo, o consumo e venda de

drogas e outros comportamentos de risco

• quando o clima escolar é negativo pode

representar um fator de risco da qualidade de vida escolar, contribuindo para o sentimento de

mal-estar e favorecer o aparecimento da violência

(50)

 O ambiente autoritário, inconsistente ou

omisso, favorece sentimentos de injustiça e de desrespeito, reações agressivas e

desavenças

 Algumas questões são necessárias:

• São comuns situações de desrespeito e maus tratos entre os alunos?

(51)

• Como é a qualidade das relações entre os professores e alunos?

• Está havendo situações de exposição e críticas aos estudantes?

• Como a escola tem lidado com os conflitos e maus tratos?

• Quando os alunos ou adultos se sentem

humilhados, expostos ou injustiçados, quais

espaços possuem na escola para o diálogo, para colocarem o fato, tendo a certeza de que serão efetivamente ouvidos e que ações serão tomadas para restaurar a dignidade, a justiça e o respeito?

(52)

 É necessário coerência entre os profissionais da escola com relação a concepção e intervenção nos conflitos

 A qualidade do clima escolar é fundamental para que estes procedimentos tenham êxito. Para tanto é

necessário:

 estabelecer relações de confiança, cooperação e respeito mútuo (senso de comunidade)

 propiciar possibilidades de participação ativa no conhecimento (experiência de aprendizagem

colaborativa)

 oferecer de espaços de participação efetivos

(construção coletiva da organização da convivência na escola – sentir-se “pertencente”)

(53)

 É preciso haver também:

 clareza e consistências nas regras

• poucas e necessárias

• princípios que as sustentem

• participação dos alunos

 clareza, coerência e justiça na aplicação das sanções (equidade)

• evitar sanções expiatórias

• quando necessário preferir as sanções por reciprocidade

(54)

OS ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO

 Os oferecimentos de espaços de participação efetivos visam mediar os conflitos, melhorar o

convívio escolar, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da cooperação, além de prevenir a violência

 os círculos restaurativos (conflitos privados)

 as assembleias (conflitos públicos)

 Intervenção por meio dos iguais – alunos

protagonistas (supervisionadas): alunos ajudantes, alunos mediadores...

(55)

• Para “melhorar” o problema da violência e

conflitos da escola os educadores sugerem

maior controle, punições e rigor

(Malta Campos, 2008; Udemo, 2009)

83% defenderam medidas mais duras em

relação ao comportamento dos alunos

67,4% disseram que deveria chegar a

(56)

 47% propuseram a contratação de mais

funcionários como inspetores e psicólogos

 52% defendem o policiamento intensivo e permanente

 55% sugerem a implantação de projetos de conscientização e valorização da escola

envolvendo pais, alunos e comunidade em geral.

(57)
(58)

Assim, para conter os conflitos:

aumento de regras, punição e controle

contratação de mais funcionários

solicitam o retorno da disciplina de moral/ética

nas escolas

ética vacina e não remédio – autorregulação

a escola se isenta de revisão interna – lamenta a

“estrutura” familiar, sociedade, a personalidade

do alunos

(59)

Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no

Brasil - (dados de 2008 a 2011)

• 206.000 vítimas de homicídio em 4 anos

• o número de vítimas no Brasil superou os mortos nos 12 maiores conflitos armados no mundo

entre 2004 e 2007

• ao todo 170.000 mil pessoas morreram nos confrontos de Iraque, Sudão, Afeganistão,

Colômbia, República Democrática do Congo, Sri Lanka, Índia, Somália, Nepal, Caxemira, Paquistão e Israel

(60)

• Diferentemente destas regiões, o Brasil não enfrenta "disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, conflitos de fronteira ou atos terroristas" que justifiquem o alto número de mortos.

• A dimensão continental do país também não pode ser apontada como razão para o total de vítimas, já que "o Brasil, com sua taxa de 27,4 homicídios

por 100 mil habitantes, supera largamente os

índices dos 12 países mais populosos do mundo".

• Uma em cada três mortes juvenis é produto de disparo de arma de fogo - maior causa de

(61)

"A cultura da violência é muito acentuada no Brasil. A capacidade de negociação dos conflitos é baixa, a violência é frequentemente usada para a

solução dos problemas. A maioria dos homicídios

no país não está relacionada à droga, e sim a essa cultura. São crimes banais. E o Estado não cumpre seu papel de preservar os setores da sociedade mais vulneráveis: jovens, mulheres, moradores de periferia."

Waiselfisz (coordenador do estudo)

Causas da violência segundo o Mapa da Violência -2013

(62)

Borges (2011)

• 31 jovens de dois núcleos

• Relatos sobre vítimas de assassinatos que estes adolescentes conheceram ou ouviram falar

Obteve 168 respostas diferentes

• 105 vítimas (62,5%) eram conhecidas dos jovens

• 46 vítimas (27,38%) eram seus parentes

• 14 vítimas (8,33%) eram amigas

(63)

• É preciso refletir sobre a manutenção deste modelo de educação que, além de gerar desgastes nas

relações entre professores e alunos, em nada contribui para que os jovens desenvolvam a autorregulação moral

• Até quando serão ignoradas estas questões nos cursos de formação, deixando o professor

despreparado e inseguro para lidar com essas situações tão presentes em qualquer escola?

(64)

Considerações Finais:

• Quando os alunos não podem tomar decisões, nem mesmo discutir problemas e situações que estão envolvidos, torna-se mais difícil desenvolver um sentimento de pertencimento pelo grupo, pelo bem estar comum, ter um comportamento responsável

• O conflito sempre vai existir... contudo, nas escolas mais cooperativas, abertas ao diálogo, onde se

estabelece uma relação de respeito mútuo, tais

problemas são lidados de outra forma, reduzindo a agressividade e favorecendo o desenvolvimento do autorrespeito e do respeito pelo outro

(65)

“O problema não é fazer desaparecer da escola a

agressividade e o conflito, mas regulá-los pela

palavra e não pela violência - ficando bem

entendido que a violência será bem mais

provável, na medida em que a palavra se tornar

impossível.

O que está em jogo é também a capacidade de a

escola e seus agentes suportarem e gerarem

situações conflituosas, sem esmagar os alunos

sob o peso da violência institucional e

simbólica”.

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