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Processo 334/10.6TVLSB-C.L1-2 Data do documento 10 de fevereiro de 2011 Relator Henrique Antunes

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA | CÍVEL

Acórdão

DESCRITORES

Arresto > Recurso > Poderes da relação > Condição > Indeferimento liminar > Caso julgado formal

SUMÁRIO

I. Como o sistema português de recursos se organiza segundo o modelo de reponderação e não de reexame, ao requerente da providência cautelar de arresto não é lícito pedir, no recurso, tutela cautelar para direito diverso daquele que alegou na instância recorrida.

II. Os poderes de controlo da Relação no tocante à decisão da matéria de facto da 1ª instância não devem ser actuados se os factos cujo julgamento é impugnado não forem relevantes para nenhum dos enquadramentos jurídicos possíveis do objecto do recurso.

III. A condição aposta num negócio jurídico só se tem por verificada se tiver sido impedida pela parte a quem prejudica, competindo ao beneficiário dela a prova de que a contraparte interferiu, contra bona fide, no seu iter formativo.

IV. Sobre a decisão de indeferimento in limine da petição inicial da providência cautelar de arresto, com fundamento na insuficiência da alegação nela contida relativamente a um dos seus pressupostos – o justo receio de perda da garantia patrimonial – não se forma caso julgado formal, no tocante ao outro dos pressupostos exigidos pela lei para o seu decretamento: a probabilidade da existência do crédito a probabilidade da existência do crédito relativamente ao qual se teme a perda daquela garantia.

TEXTO INTEGRAL

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa:

1. Relatório.

“A” propôs, na 5ª Vara Cível, 1ª secção, de Lisboa, contra “B” – Investimento Imobiliário SA, providência cautelar especificada de arresto preventivo, pedindo que se ordenasse o arresto das acções representativas de 100% do capital social de “C” – Empreendimentos Turísticos e Imobiliários SA, de três

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prédios rústicos desta, de três prédios urbanos da primeira, do direito de crédito, no valor de € 5 871 786,05, resultante do accionamento da garantia bancária emitida, no dia 6 de Dezembro de 2005, pela Caixa Geral de Depósitos a favor da requerida e do saldo e/ou valores de qualquer conta de depósito bancário que aquela possua em qualquer instituição de crédito.

Fundamentou esta pretensão cautelar no facto de, no dia 15 de Outubro de 2004, ter vendido à requerida, pelo preço de € 16 899 043,72, 666 700 acções ao portador – das quais 40 000 foram logo entregues àquela e as restantes depositadas em conta escrow no Banco Internacional de Crédito - com o valor nominal unitário nominal de € 4,99, representativas do capital de “C” – Empreendimentos Turísticos e Imobiliários SA, proprietária, nessa data, de três prédios rústicos, com 30, 20 e 113ha, sitos na freguesia do ..., Município de ..., preço de que foi pago, logo na mesma data, € 1 000.000, tendo-se convencionado que o remanescente seria pago em três prestações de € 5 871 786,05, € 1 560 000,00 e 8 467 257,67, até 60 dias após a emissão favorável de declaração de impacto ambiental (DIA) para os prédios de 30, 20 e 113 ha, respectivamente, de a requerida ter inviabilizado a condição de pagamento ao ter deixado caducar a declaração de impacto ambiental relativa ao prédio de 30 ha, e a informação prévia favorável relativamente ao prédio de 20 ha, que não se encontra livre de ónus e encargos e ao ter permitido a diminuição da ara bruta do prédio de 113 ha, não tendo diligenciado pela obtenção do licenciamento do projecto de aldeamento turístico e desvalorizando-o por via do destaque nele realizado, pelo que é credor da requerida pelas quantias de €10 027 257,67, relativa ao preço em falta, e de € 224 401,45 referente às despesas com a garantia bancária emitida, a seu pedido, pela CG de Depósitos, a favor da requerida, para assegurar a devolução da quantia de €5 971 786,05 que lhe foi paga por aquela, sem prejuízo de uma indemnização por perdas e danos, e de ter receio fundado de perda da garantia daqueles créditos, dado que as informações de que dispõe relativamente à situação da requerida, são indicadoras de uma situação de diminuta liquidez, porquanto todos os projectos imobiliários que aquela tem em desenvolvimento, que têm associadas elevadas hipotecas, são-no, em quase todas as situações, através de sociedades nas quais possuiu uma participação.

Todavia, a petição inicial foi, com fundamento em não vir invocada factualidade concreta de que permita concluir ser justificado o receio do requerente em perder a garantia patrimonial do seu crédito, indeferida in limine.

Esta Relação, porém, por acórdão de 4 de Maio de 2010, julgou procedente o recurso ordinário de apelação interposto pelo requerente da decisão de indeferimento liminar, revogou esta decisão e substituiu-a por outra que convide o requerente a aperfeiçoar o requerimento inicial.

O requerente ofereceu, então, nova petição inicial – na qual, modificou a sua pretensão, através da eliminação do pedido de arresto dos prédios rústicos propriedade de “C” SA - e, produzida, na 11ª Vara Cível, 2ª secção, Lisboa para o qual o processo da providência foi, entretanto, remetido para apensação ao da causa principal, a prova testemunhal proposta pelo requerente, foi proferida sentença que, depois de observar que não se verifica o requisito da provável existência do crédito do requerente, não ordenou a providência.

Apelou, naturalmente, o requerente, pedindo que se ordene a providência.

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pródigas conclusões:

A) Em 29/01/2010 o Requerente apresentou Procedimento Cautelar de Arresto contra a Requerida “B” -INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO, S.A. que foi distribuído à 5a Vara, 1 a Secção do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

B) Por Despacho de 05/02/2010 veio aquele Tribunal indeferir liminarmente tal providência por considerar que: "(...) não vem invocada factualidade concreta de que permita concluir ser justificado o receio de o ora requerente perder a garantia patrimonial do seu crédito.";

C) Conforme consta do Despacho, então posto em crise, são dois os requisitos do decretamento do arresto: a provável existência do crédito e o receio, justificado, por parte do credor, de perda da garantia patrimonial do crédito;

D) Por discordar do entendimento sufragado naquele Despacho, o ora Recorrente interpôs, para este Venerando Tribunal, em 03/03/2010, recurso de Apelação.

E) A 7.a Secção Cível deste Venerando Tribunal, em 04/05/2010, acordou que: "Pelo exposto, acorda-se em julgar procedente a apelação, revogando-se a decisão recorrida, substituindo-a por outra que convide o requerente a aperfeiçoar o requerimento inicial."

F) Como, entretanto, o Requerente tinha dado entrada, em juízo, com a petição inicial da acção principal, os autos da Providência Cautelar de Arresto, após baixarem, foram apensos àquela acção, a correr termos pela l la Vara, 2a Secção, do mesmo Tribunal da Comarca de Lisboa.

G) O Despacho do qual, então se recorreu, e que veio a ser substituído, pôs apenas em crise a não verificação, no caso concreto, do receio justificado, por parte do credor, de perda da garantia patrimonial do seu crédito.

H) Veio o Tribunal a quo, destafeita e por Despacho de 18/1112010, considerar que "(...) não se verifica o requisito da provável existência do crédito do requerente. Pelo exposto, não ordeno a providência."

I) Com efeito, aquando da prolação do primeiro Despacho que recaiu sobre a Providência Cautelar de Arresto, considerou o Juiz a quo não estar verificado o segundo requisito de que depende a decretação do Arresto, ou seja, o receio justificado, por parte do credor, de perder a garantia patrimonial do crédito. J) Uma vez suprida a incompleição da matéria de facto relativa ao mesmo, Veio o mesmo Tribunal a quo, agora noutro juízo, considerar não verificado o primeiro requisito de que depende a decretação do Arresto, ou seja, a provável existência do crédito.

L) O que importa saber é se a decisão do M° Juiz da 5.a Vara, 1.a Secção, no que tange à verificação do primeiro requisito de que depende a ordenação da Providencia Cautelar de Arresto, transitou em julgado, pelo que nada mais há a fazer do que respeitar o que foi nele decidido, ou se essa decisão tomada não forma caso julgado, sendo, então, possível ao Tribunal a quo, agora pela 11.a Vara, 2.a Secção, pôr em causa o que foi decidido no despacho de indeferimento liminar quanto ao primeiro requisito, voltando a apreciá-lo,

M) Considerando-o não verificado e, em consequência, não ordenando a Providência Cautelar;

N) Entende o Recorrente que a decisão tomada no primeiro despacho formou caso julgado formal, pelo que, tendo a mesma transitado, precludiu a possibilidade de a Ma Juiz a quo voltar a poder apreciá-lo, pondo a sua verificação em crise;

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O) Assim, em princípio e regra geral, proferida uma sentença ou um despacho, o seu conteúdo decisório não pode mais ser alterado (artigo 666°, n° 1, do CPC), a não ser em sede de recurso; se este não for interposto, podendo sê-lo, essa decisão (imodificável) torna-se obrigatória dentro do processo (artigo 672° do CPC).

P) No caso em análise, o primeiro juiz que se pronunciou sobre a Providência Cautelar de Arresto proferiu, assim, um juízo sobre a relação jurídico - processual.

Q) Formulado o referido juízo, a pessoa (o juiz) que o proferiu ou outra que a substituísse não o poderia alterar, não se poderia, mais tarde, vir dizer o contrário ou, sequer, diferente (artigo 666°, n° 1, do CPC): mal ou bem já julgou uma vez a questão.

R) Não tendo, recaído recurso sobre esta parte do Despacho proferido pela 5.a Vara, aquele transitou em julgado, tendo-se consolidado definitivamente a decisão.

S) A decisão transitou em julgado, ou seja, tornou-se obrigatória dentro deste processo, não podendo já ser alterada, quer na primeira instância, quer em qualquer outra.

T) Assim sendo, entende o Recorrente que a Mª Juiz a quo, da 11ª Vara, 2ª Secção, por formação de caso julgado formal quanto à verificação do primeiro requisito de que depende a ordenação do arresto, não podia, ao contrário do que fez, dele conhecer,

U) Devendo, outrossim, avaliar da verificação ou não, do segundo requisito e único que fora posto em crise no anterior Despacho recorrido.

V) Nestes termos, deve ser revogada a decisão proferida pela Ma Juiz a quo, sendo substituída por outra que determine o conhecimento tão-só da verificação ou não do segundo requisito de que depende a ordenação do arresto, ou seja, se da prova produzida e constante nos autos se mostra sumariamente demonstrado, conforme se impõe nesta fase processual, o receio, justificado, por parte do credor, de perder a garantia patrimonial do seu crédito,

W) Ou Ser, de imediato, decretado o arresto, por os autos disporem de todos os elementos necessários para o efeito.

X) Sem conceder em quanto fica dito e porque o dever de patrocínio impõe tal cautela, caso este Venerando Tribunal venha a entender de modo diferente, sempre se dirá que não assiste razão em quanto foi decidido havendo incorrecta e insuficiente decisão sobre a matéria de facto constante da decisão sob censura. Y) Nada disse a Ma Juiz a quo quanto aos seguintes factos, que resultaram provados da prova documental e testemunhal produzida, e cuja apreciação releva de modo determinante na apreciação e valoração do cumprimento do contrato, dos autos, pelas partes:

* Art° 58° da p.i.: "atendendo à caducidade da mesma e ao âmbito da alegada "reformulação", o projecto do P...A... voltou ao início, tornando ineficaz e inútil tudo o que anteriormente havia sido promovido no processo. "facto que resultou provado pelos documentos 9 a 11 e pelo depoimento da testemunha “D” -conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...-.

* Art° 59° da p.i.: "Tudo quanto foi feito perdeu os seus efeitos e os serviços competentes, designadamente a Secretaria de Estado do Ambiente e o ICN B irão apreciar os actuais projectos como novos, seguindo todo o procedimento de AIA (Avaliação de Impacte Ambiental) legalmente imposto" - facto que resultou provado pelos documentos 9 a 11 e pelo depoimento da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus

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Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...;

Art° 60° da p.i.: "Havendo necessidade de voltar a requerer a emissão de uma nova DIA para o P...A... "-facto que resultou provado pelo depoimento da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...;

Art° 61° da p.i.: "E também a necessidade de reconhecimento de interesse público ao projecto, nos termos legais" - facto que resultou provado pelo depoimento da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/1.0/2010, com a referência ...;

Art° 64° da p.i.: "O Requerente, até meados de Dezembro/09, desconhecia esta situação, uma vez que a Requerida, ao longo de cinco anos, e não obstante todas as insistências que nesse sentido aquele lhe formulou, não lhe forneceu quaisquer informações concludentes sobre o estado do processo, apesar das insistências que o Requerente foi efectuando" - facto que resultou provado pelos documentos 14 e 15 e pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...;

Art° 65°- "Nem lhe deu os meios que dariam ao requerente a possibilidade de aceder a essas informações, conforme, aliás, previsto na cláusula IS", n.° 1 do Contrato " - facto que resultou provado pelo documento 15 e pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...;

Art° 66°- "Vendo-se o Requerente, com todas as dificuldades inerentes por não ser "dono do processo ", na contingência de ter que obter as informações junto dos diversos serviços da Câmara Municipal de ..., ICNB e da Secretaria de Estado do Ambiente" - facto que resultou provado pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...;

A testemunha “E” referiu que era ele que ía junto destes organismos tentar obter informações sobre o andamento dos processos, uma vez que a Requerida nada dizia. Contudo, a obtenção de informações era muito difícil, quando conseguia que lhe dissessem alguma coisa.

Art° 67°- "A Requerida ocultou ao Requerente a caducidade da DIA." - facto que resultou provado pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ... e da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...;

Art° 115°- "Ascendendo a mencionada "Reclamação de Créditos" do BES a €50.403.658,97, à qual estão afectas as propriedades da “C”, SA por via da mencionada escritura de mútuo com hipoteca de 05/12/2005 e demais contratos celebrados entre a Requerida e aquele Banco "- conforme doc. 58;

Art° 127°-"Em 28.11.2007, o Requerente enviou à Requerida a carta que se junta como doc. 62, na qual, para além da descrição de alguns, e apenas de alguns, dos factos acima referidos, se menciona que "algumas das actuações entretanto assumidas por V. Exas. -- “B” ou “C” -- condicionam o (...) cumprimento [do Contrato], nos termos previstos "- Facto provado de acordo com o doc. 62.

Art° 139°- "Nesta carta [datada de 15 de Janeiro de 2010 referida em 24 dos factos provados], a Requerida, pela primeira vez, vem dar conhecimento ao Requerente de factos e informações que, até então, nunca lhe havia comunicado, com a inerente gravidade."- facto que resultou provado pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 1311012010, com

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a referência ...;

Art° 140°- Nessa carta, "No que respeita à propriedade dos 30ha, a Requerida, com relevância, vem informar duas situações:

a) Que efectuou em 19.01.2007, o requerimento ao Senhor Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional para reconhecimento de interesse público ao "Aldeamento Turístico P...A...";

b)Tendo o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR) indeferido este pedido em 20.07.2007, conforme doc. 66 que se junta, ou seja, aproximadamente uma semana antes de findar o prazo de validade da DIA (10-08-2007)."- Facto que resultou provado pelo doc. 65 e pelo depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13110/2010, com a referência ...;

* Art° 146° a 148°- "O cumprimento de uma das condicionantes da DIA favorável (condicionada) emitida em 10/08/2005 ficou definitivamente inviabilizado em 20/07/2007, comprometendo definitivamente a emissão da DIA e os pressupostos ao abrigo dos quais foi emitida e entregue a própria Garantia .- facto que resultou provado pelo doc. 66 e pelo depoimento da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...;

* Art° 154°- "Não foi dado qualquer conhecimento ao Requerente que o pedido de prorrogação foi indeferido por Despacho do Senhor Secretário de Estado do Ambiente de 07/09/2007, comunicado à Requerida, na mesma data"- facto que resultou provado pelo doc. 67, pelo depoimento da testemunha “D”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ... e da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...;

* Art° 176°- "Entretanto, a Requerida interpelou a Caixa Geral de Depósitos, solicitando que esta instituição lhe pague a quantia de €5.871.786, 05, ao abrigo da Garantia, conforme refere no ponto 3.5 da sua carta de Janeiro. "- facto provado pelo doc. 65.

* Art° 180° e 181°- "Em 26.02.2008 teve lugar uma reunião entre as partes, na sequência da carta do Requerente de 28/11/2007, e a solicitação deste, nessa data já tinha sido recusado o RIP e caducado a DIA relativamente ao prédio de 30ha, não tendo a Requerida prestado qualquer informação a esse respeito". -facto provado pelo doc. 65 e depoimento da testemunha “E”, conforme gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...;

* Art° 254°- " Quanto ao envolvimento financeiro entre a Requerida e o Banco Espírito Santo:

No âmbito da reclamação de créditos que o BES apresentou na acção executiva que respeitou à “C”, aquele reclamou a quantia de 50.403.658, 97 €- doc. 58;

Sobre os imóveis supra identificados estão constituídas hipotecas para garantia das operações financeiras da Requerida, junto daquela instituição bancária que ascendem a um montante máximo assegurado de €126.230.948,87 (cento e vinte e seis milhões, duzentos e trinta mil, novecentos e quarenta e oito euros e oitenta e sete cêntimos - docs. 13 a 209;

* Acções executivas Alínea o) Processo: .../09.6YYLSB, Lisboa - Juízos de Execução, l ° Juízo - 2° Secção, Execução Comum, dívida civil, Sentença condenatória Judicial, 30.047,02 €, Exequente “F”; (facto provado pelo DOC 211.

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Z) Estes são os concretos pontos da matéria de facto sobre os quais o Tribunal a quo se não pronunciou, mas que resultaram provados e dos quais importa retirar as necessárias consequências jurídicas: a imputabilidade à Requerida da caducidade da DIA condicionada e da não aprovação dos projectos para as outras duas propriedades da “C”;

AA) Ainda com relevância para a decisão da causa, o Tribunal a quo não considerou que tivesse ficado provado, ainda que sumariamente, o seguinte facto: "A Requerida não forneceu ao Requerente quaisquer informações sobre o estado do processo"

BB) E a convicção do Tribunal , quanto a este ponto da matéria derivou do "(...)facto de ser feita referência no aditamento ao contrato de fls. 189 a 191, datado de 27 de Março de 2009, à dispensa administrativa ou judicial, da declaração de interesse público, o que indicia que, pelo menos a 27 de Março de 2009, o requerente conhecia o estado do processo relativo ao P...A... (...).

CC) Este entendimento é contrário à prova constante e produzida nos autos, designadamente o depoimento da testemunha “D” (gravação áudio no Habilus Media Studio, em 21/10/2010, com a referência ...) e do prestado pela testemunha “E” (gravação áudio no Habilus Media Studio, em 13/10/2010, com a referência ...)

DD) Quanto à referência que é feita, no aditamento ao contrato, de 27 de Março de 2009, à "dispensa administrativa ou judicial, da declaração de interesse público", a mesma resultou do facto de a Requerida informar o Requerente que ainda estava a aguardar decisão quanto à acção judicial que corre termos pelo processo n° .../05.3 BELSB (artigo 46° da p.i.) do qual deu conhecimento, onde é pedida a dispensa da declaração de interesse público (ou RIP),

EE) Conforme também já constava do texto da garantia bancária que o Requerente entregou à Requerida em 06 de Dezembro de 2005 - cfr. facto 7. dos "factos provados";

FF) Se a Requerida alguma vez tivesse prestado qualquer informação ao Requerente, quanto ao indeferimento do RIP, não teria aquele tido necessidade de ir perguntar esse facto ao ICN B, tendo confiado na informação - errada - que lhe foi dada, que, à posteriori, e por consulta do segundo processo que corre termos no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, veio a apurar não corresponder à verdade;

GG) Assim sendo, deve ser dado como provado que a "Requerida não deu ao requerente quaisquer informações sobre o estado do processo ", contrariamente ao entendido pelo Tribunal a quo.

HH) O Tribunal a quo considerou que in casu "não se verifica o requisito da provável existência do crédito do requerente ", não ordenando, em consequência, a providência.

II) Em suma, o Tribunal a quo considerou que a emissão das Declarações de Impacte Ambiental não constitui condição suspensiva; o negócio celebrado produziu os seus efeitos; a emissão das Declarações de Impacte Ambiental tem a ver com o vencimento das três últimas prestações do preço; mesmo que a eventual caducidade da Declaração de Impacte Ambiental condicionada quanto ao P...A... e a não emissão das Declarações de Impacte Ambiental quanto aos outros dois aldeamentos turísticos fosse imputável à requerida, não podia o requerente exigir o pagamento das prestações em falta;

JJ) O Tribunal a quo entendeu que resulta do estipulado pelas partes que a consequência para a não aprovação dos projectos dos aldeamentos turísticos, a não emissão das Declarações de Impacte Ambiental ou a não dispensa da declaração de interesse público até 31 de Dezembro de 2009 é a seguinte:

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considera-se resolvido o contrato, com a obrigação de restituição de tudo o que houver sido prestado pelo outro outorgante.

KK) Discorda o Requerente, em absoluto, deste entendimento.

LL) A emissão das DIA não constitui condição suspensiva da produção de efeitos do negócio celebrado entre as partes porquanto, na verdade, e como diz o Tribunal a quo, as acções representativas do capital social da “C” transmitiram-se definitivamente para a Requerida nos termos do contrato celebrado,

MM) Mas constitui condição de pagamento das três últimas prestações de pagamento do preço;

NN) Sendo que a perfeição do negócio jurídico só ocorreria após a emissão das DIA relativas às três propriedades da “C”;

00) Só com a emissão das três Declarações de Impacte Ambiental o preço acordado entre as partes seria totalmente pago e só após o pagamento da totalidade do preço, a requerida receberia e poderia movimentar, sem limitações, a totalidade das acções representativas do capital social da “C” que adquiriu ao Requerente, conforme cláusula QUINTA do contrato;

PP) O pagamento das três últimas prestações do preço, pela Requerida ao Requerente, e a movimentação da totalidade das acções da “C” que aquela adquiriu a este, ficaram, assim, inequivocamente subordinadas à verificação de um acontecimento futuro e incerto, nos termos do previsto no artigo 270.° do Código Civil (CC);

QQ) No caso em apreço, a verificação da condição suspensiva da qual dependia o pagamento do resto do preço - emissão da DIA- estava dependente de um acto de terceiros, maxime o Ministério do Ambiente, mas também e sobretudo da Requerida que, por ser a única a ter o domínio e controlo total da “C”, tinha que ter desenvolvido um conjunto de procedimentos, que não desenvolveu;

R) Porém, e ainda que assim não se considerasse, andou mal o Tribunal a quo quando, equacionando a imputabilidade à Requerida da eventual caducidade da DIA condicionada quanto ao P...A... e a não emissão das DIA quanto aos outros dois aldeamentos turísticos, entendeu que a consequência seria a consagrada no contrato, pelas partes, ou seja, "considerar-se resolvido o contrato, com a obrigação de restituição de tudo o que houver sido prestado pelo outro outorgante ".

SS) Tal consequência foi consagrada pelas partes, no contrato, para o caso da não emissão das DIA derivar de FACTO NÃO IMPUTÁVEL A QUALQUER DAS PARTES, designadamente à Requerida “B” uma vez que foi esta a parte que ficou obrigada a desenvolver e entregar todos os projectos e demais necessário com vista à emissão da DIA;

TT) Essa previsão contratual já não terá aplicação no caso de incumprimento da sua obrigação por parte da Requerida;

UU) O Tribunal a quo, em suma, considerou que a consequência da não emissão da DIA quer fosse imputável à Requerida quer não lhe fosse imputável teria sempre a mesma consequência, isto é, a restituição das acções ao Requerente contra a restituição de tudo quanto tivesse sido entretanto pago pela Requerida;

VV) Sendo que este entendimento não levou sequer em conta quanto resultou demonstrado relativamente à desvalorização sofrida pelas acções da “C” resultante da caducidade da DIA condicionada e da não aprovação dos outros dois projectos turísticos previstos para as outras duas propriedades daquela.

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WW) Sendo imputável à Requerida, como o é manifestamente, conforme resulta dos factos dados como provados pelo Tribunal a quo e daqueles cuja apreciação e alteração ora se requer - número 51 desta peça - , a caducidade da Declaração de Impacte Ambiental condicionada quanto ao P...A... e a não emissão das Declarações de Impacte Ambiental quanto aos outros dois aldeamentos turísticos, assiste ao Requerente o direito a exigir o pagamento das prestações do preço em falta.

XX) Nos termos do art. 275.°, n.° 2 do Código Civil, "se a verificação da condição for impedida, contra as regras da boa fé, por aquele a quem prejudica [neste caso, a Requerida “B”]", a condição "tem-se por verificada",

YY) Donde ser legalmente atendível o pedido do Requerente ao peticionar o pagamento do resto do preço em falta, correspondente às três últimas prestações;

ZZ) Por último, entendeu o Tribunal a quo que "resolvido o contrato , a requerida tem a obrigação de restituir as acções e não os imóveis que pertenciam à “C”, sendo de salientar que o eventual crédito que o requerente possa ter por as acções terem diminuído de valor em virtude da actuação da requerida não está em causa neste procedimento cautelar".

AAA) Discorda, igualmente, o Requerente, deste entendimento.

BBB) Tendo o Requerente, na acção principal formulado o competente pedido;

CCC) Face ao supra alegado resulta demonstrada a existência do crédito do Requerente, sendo certo que, na actual fase, o juízo a formular quanto a ordenar ou não a providência tem que ter em conta as diversas soluções plausíveis de Direito;

DDD) Uma vez que a apreciação que é feita da prova e dos factos é apenas sumária, tem o Tribunal que considerar, em questões de maior complexidade como a presente, as diferentes soluções plausíveis de Direito que ao caso possam vir a ser aplicadas.

EEE) Independentemente da natureza que este crédito, a final, venha a assumir, seja por via do direito que lhe venha a assistir a receber as acções da “C”, seja do pagamento do respectivo preço em falta, seja de uma eventual indemnização por diminuição do valor daquelas acções;

FFF) Também em oposição ao que consta do Despacho recorrido, sendo imputável à Requerida o incumprimento do contrato dos autos, assiste ao Requerente o direito a ser reembolsado das despesas que suportou com a emissão da garantia bancária;

GGG) Assim sendo, o Tribunal a quo violou as seguintes disposições legais: artigos 237°, 270°, 275°, n.° 2, 334.°, 405° e 762°, n° 2 todos do Código Civil

2. Factos relevantes para o conhecimento do objecto do recurso.

2.1. O requerente produziu, na petição inicial, entre muitíssimas outras, estas alegações:

- Art° 58° da p.i.: "atendendo à caducidade da mesma e ao âmbito da alegada "reformulação", o projecto do P...A... voltou ao início, tornando ineficaz e inútil tudo o que anteriormente havia sido promovido no processo.

- Art° 59° da p.i.: "Tudo quanto foi feito perdeu os seus efeitos e os serviços competentes, designadamente a Secretaria de Estado do Ambiente e o ICN B irão apreciar os actuais projectos como novos, seguindo todo o procedimento de AIA (Avaliação de Impacte Ambiental) legalmente imposto".

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- Art° 61° da p.i.: "E também a necessidade de reconhecimento de interesse público ao projecto, nos termos legais".

- Art° 64° da p.i.: "O Requerente, até meados de Dezembro/09, desconhecia esta situação, uma vez que a Requerida, ao longo de cinco anos, e não obstante todas as insistências que nesse sentido aquele lhe formulou, não lhe forneceu quaisquer informações concludentes sobre o estado do processo, apesar das insistências que o Requerente foi efectuando".

Art° 65°- "Nem lhe deu os meios que dariam ao requerente a possibilidade de aceder a essas informações, conforme, aliás, previsto na cláusula IS", n.° 1 do Contrato".

Art° 66°- "Vendo-se o Requerente, com todas as dificuldades inerentes por não ser "dono do processo ", na contingência de ter que obter as informações junto dos diversos serviços da Câmara Municipal de ..., ICNB e da Secretaria de Estado do Ambiente".

- Art° 67°- "A Requerida ocultou ao Requerente a caducidade da DIA."

- Art° 115°- "Ascendendo a mencionada "Reclamação de Créditos" do BES a €50.403.658,97, à qual estão afectas as propriedades da “C”, SA por via da mencionada escritura de mútuo com hipoteca de 05/12/2005 e demais contratos celebrados entre a Requerida e aquele Banco "

- Art° 127°-"Em 28.11.2007, o Requerente enviou à Requerida a carta que se junta como doc. 62, na qual, para além da descrição de alguns, e apenas de alguns, dos factos acima referidos, se menciona que "algumas das actuações entretanto assumidas por V. Exas. -- “B” ou “C” -condicionam o (...) cumprimento [do Contrato], nos termos previstos”.

- Art° 139°- "Nesta carta [datada de 15 de Janeiro de 2010 referida em 24 dos factos provados], a Requerida, pela primeira vez, vem dar conhecimento ao Requerente de factos e informações que, até então, nunca lhe havia comunicado, com a inerente gravidade."-

- Art° 140°- Nessa carta, "No que respeita à propriedade dos 30ha, a Requerida, com relevância, vem informar duas situações:

a) Que efectuou em 19.01.2007, o requerimento ao Senhor Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional para reconhecimento de interesse público ao "Aldeamento Turístico P...A...";

b) Tendo o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR) indeferido este pedido em 20.07.2007, conforme doc. 66 que se junta, ou seja, aproximadamente uma semana antes de findar o prazo de validade da DIA (10-08-2007)."

Art° 146° a 148°- "O cumprimento de uma das condicionantes da DIA favorável (condicionada) emitida em 10/08/2005 ficou definitivamente inviabilizado em 20/07/2007, comprometendo definitivamente a emissão da DIA e os pressupostos ao abrigo dos quais foi emitida e entregue a própria Garantia.

- Art° 154°- "Não foi dado qualquer conhecimento ao Requerente que o pedido de prorrogação foi indeferido por Despacho do Senhor Secretário de Estado do Ambiente de 07/09/2007, comunicado à Requerida, na mesma data"

- Art° 176°- "Entretanto, a Requerida interpelou a Caixa Geral de Depósitos, solicitando que esta instituição lhe pague a quantia de €5.871.786, 05, ao abrigo da Garantia, conforme refere no ponto 3.5 da sua carta de Janeiro. "

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- Art° 180° e 181°- "Em 26.02.2008 teve lugar uma reunião entre as partes, na sequência da carta do Requerente de 28/11/2007, e a solicitação deste, nessa data já tinha sido recusado o RIP e caducado a DIA relativamente ao prédio de 30ha, não tendo a Requerida prestado qualquer informação a esse respeito". - Art° 254°- " Quanto ao envolvimento financeiro entre a Requerida e o Banco Espírito Santo: No âmbito da reclamação de créditos que o BES apresentou na acção executiva que respeitou à “C”, aquele reclamou a quantia de 50.403.658, 97 €.

Sobre os imóveis supra identificados estão constituídas hipotecas para garantia das operações financeiras da Requerida, junto daquela instituição bancária que ascendem a um montante máximo assegurado de €126.230.948,87 (cento e vinte e seis milhões, duzentos e trinta mil, novecentos e quarenta e oito euros e oitenta e sete cêntimos.

* Acções executivas Alínea o) Processo: .../09.6YYLSB, Lisboa - Juízos de Execução, l ° Juízo - 2° Secção, Execução Comum, dívida civil, Sentença condenatória Judicial, 30.047,02 €, Exequente “F”; (facto provado pelo DOC 211.

2.2. O tribunal de que provém o recurso decidiu a matéria de facto nestes exactos termos:

1 - Requerente e requerida subscreveram documento denominado "contrato de compra e venda de acções e de créditos", datado de 15 de Outubro de 2004, do qual consta o seguinte:

"Primeiro Outorgante: “A”, ... E:

Segunda Outorgante: “B” - Investimento Imobiliário, S.A Considerando que:

A) O primeiro outorgante é titular de seiscentas e sessenta e seis mil e setecentas acções, ao portador, no valor nominal de € 4,99 cada uma, correspondentes a 66,67% do capitai social da sociedade anónima “C” -EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E IMOBILIÁRIOS, S.A com o capital social integralmente subscrito e realizado em dinheiro de € 4.990.000,00 (quatro milhões novecentos e noventa mil euros);

B) A sociedade identificada no Considerando A) é proprietária de um prédio rústico, denominado Casal ... -A... - sito na freguesia do ..., concelho de ..., descrito na Conservatória do Registo Predial de ... sob o n2 ..., com 300.000 m2 (trezentos mil metros quadrados), que confronta do norte com caminho púbico, do sul e poente com “C” - EMPREENDIMENTOS TURISTICOS E IMOBILIÁRIOS, S.A., do nascente com caminho público, “G”, “H”, “I” e “J”, inscrito na matriz sob o artigo ... da Secção AA, o qual foi desanexado do prédio descrito sob o n9 ..., freguesia do ..., na Conservatória do Registo Predial de ...;

C) A sociedade identificada no considerando A) é proprietária de um prédio rústico, denominado Casal ..., sito na freguesia do ..., concelho de ..., descrito na Conservatória do Registo Predial de ..., com 200.000 m2 (duzentos mil metros quadrados), inscrito na matriz sob o artigo ...;

D) A sociedade identificada no Considerando A) é proprietária de um prédio rústico, denominado Casal ..., sito na freguesia do ..., concelho de ..., descrito na Conservatória do Registo Predial de ... sob o n2 ..., com 1.130.000 m2 (um milhão cento e trinta mil metros quadrados), inscrito na matriz sob o artigo ...;

E) Foi já aprovado o licenciamento de um aldeamento turístico no prédio identificado no considerando B), faltando a Declaração de Impacto Ambiental favorável;

F) Foi já requerido o licenciamento de um aldeamento turístico relativamente ao prédio identificado no Considerando C), em conformidade com o PDM de ..., aguardando-se deliberação camarária; ...

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M) O Primeiro Outorgante declara que tem conhecimento que a “C”, S.A. é proprietária de um prédio urbano sito no Largo ..., n9s 10, 11 e 13, freguesia do ..., concelho de ..., que se encontra hipotecado a favor do Sr. “L”, para garantia do valor de € 748.196,85 que este terá mutuado àquela, desconhecendo o Primeiro Outorgante as características desse mútuo, mas apurou que este valor não consta dos registos contabilísticos da Sociedade “C”;

N) Constitui pressuposto essencial da vontade de contratar da “B” que venham a estar aprovados os Projectos dos Aldeamentos Turísticos a implementar nos prédios identificados nos Considerandos B), C) e D) e que sejam emitidas as respectivas Declarações favoráveis de Impacto Ambiental; ...

Q) Foi proposta, por “M”, e está pendente contra a “C” e outro, uma acção judicial que corre os seus termos no Tribunal Judicial de Almada, 3° Juízo Cível, sob o número .../2002, em que o valor do pedido é de 40.652.028,00 de euros;

R) O Primeiro Outorgante declara que não teve qualquer intervenção na forma de condução da acção judicial identificada no Considerando Q), que é anterior à sua condição de accionista da “C”, S.A., desconhecendo em absoluto o patrocínio que tem vindo a ser feito;

é, livremente e de boa fé, celebrado e reciprocamente aceite o presente Contrato de Compra e Venda de Acções e de Créditos que se rege pelos termos e condições constantes das cláusulas seguintes:

PRIMEIRA

Pelo presente contrato o PRIMEIRO OUTORGANTE vende à SEGUNDA OUTORGANTE, que lhe compra, livres de quaisquer ónus ou encargos ou responsabilidades e com todos os inerentes direitos e obrigações, seiscentas e sessenta e seis mil e setecentas acções, correspondentes a 66,67% do capital social da sociedade identificada no Considerando A) do presente contrato de compra e venda, bem como todos os seus direitos de crédito sobre essa sociedade, incluindo os emergentes de empréstimos por si feitos na qualidade de accionista.

SEGUNDA

1. O preço da referida compra e venda de acções e de créditos é de € 16.899.043,72 (dezasseis milhões oitocentos e noventa e nove mil e quarenta e três euros e setenta e dois cêntimos) e será pago da seguinte forma:

a) € 1.000.000, 00 (um milhão de euros) com a assinatura do presente contrato, a título de sinal e princípio de pagamento, do qual dá quitação;

b) € 5.871.786,05 (cinco milhões oitocentos e setenta e um mil setecentos e oitenta e seis euros e cinco cêntimos) até sessenta dias após a emissão favorável da Declaração de Impacto Ambiental para o prédio identificado no Considerando B), desde que seja aprovada uma área de construção de 45.000 m2;

c) € 1.560.000,00 (um milhão quinhentos e sessenta mil euros) até sessenta dias após a emissão favorável da Declaração de Impacto Ambiental para o prédio identificado no Considerando C), desde que seja aprovada uma área de construção de 10.000 m2;

d) € 8.467.257,67 (oito milhões quatrocentos e sessenta e sete mil duzentos e cinquenta e sete euros e sessenta e sete cêntimos) até sessenta dias após a emissão favorável da Declaração de Impacto Ambiental para o prédio identificado no Considerando D), desde que seja aprovada uma área de construção de 50.000 m2.

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2. Caso a área de construção aprovada para qualquer um dos prédios seja diversa (superior ou inferior) da definida nas alíneas do número anterior, o preço a pagar em cada momento variará em função da diferença de metros quadrados aprovados, sendo 2/3 de € 266,86 por cada metro quadrado.

QUINTA

1. Pelo presente contrato a propriedade das referidas acções transmite-se definitivamente do PRIMEIRO OUTORGANTE para a SEGUNDA OUTORGANTE, tendo sido entregues os respectivos títulos representativos das acções ora vendidas.

2. Apesar de a SEGUNDA OUTORGANTE poder exercer sem limitações todos os direitos de accionista da “C”, as acções representativas do capital social desta são, nesta data, depositadas in escrow numa conta de valores mobiliários do Banco Internacional de Crédito da titularidade da “B”, só podendo ser movimentadas na sua totalidade mediante comprovativo do pagamento da totalidade do preço devido ao Primeiro Outorgante, nos termos da cláusula segunda, sem prejuízo do disposto no número 4 desta cláusula e do disposto nas cláusulas sétima, oitava e nona.

3. Excepciona-se do disposto no número anterior a entrega de 40.000 (quarenta mil) acções, correspondentes a 4% do capital social da “C” e correspondentes a um valor de 1.000.000,00 de euros, que ficam desde já livres e na posse da SEGUNDA OUTORGANTE.

4. O Banco Internacional de Crédito entregará à “B”, logo que esta o solicite, as acções correspondentes ao proporcional dos montantes pagos ao Primeiro Outorgante.

SEXTA.

1. A “B” obriga-se a, no prazo máximo de 4 meses após a assinatura do presente contrato, apresentar o Projecto de Aldeamento Turístico, de acordo com o PDM, para o prédio identificado no Considerando D). 2. A “B” obriga-se a, no prazo máximo de 4 meses após a aprovação do Projecto de Aldeamento Turístico para o prédio identificado no Considerando D), a apresentar os projectos de especialidade e a requerer a emissão da Declaração favorável de Impacto Ambiental.

3. A “B” obriga-se a, no prazo máximo de 4 meses após a aprovação do Projecto de Aldeamento para o prédio identificado no Considerando C), a apresentar os projectos de especialidade e a requerer a emissão da Declaração favorável de Impacto Ambiental.

SÉTIMA

Caso a Declaração favorável de Impacto Ambiental do prédio identificado no Considerando B), cujo Estudo de Impacto Ambiental já foi solicitado às autoridades competentes, não tenha ainda sido emitida, após um prazo de 6 meses contado da assinatura do presente contrato, observar-se-á o disposto na cláusula décima e décima primeira.

OITAVA

Caso não haja ainda decisão sobre o Projecto de Aldeamento Turístico ou caso a Declaração favorável de Impacto Ambiental do prédio identificado no Considerando C) não tenha ainda sido emitida, após um prazo de 18 meses contado da assinatura do presente contrato, observar-se-á o disposto na cláusula décima e décima primeira.

NONA

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identificado no Considerando D) ou caso não tenha ainda sido emitida a Declaração favorável de Impacto Ambiental, após o decurso do prazo de 30 meses contado da assinatura do presente contrato, observar-se-á o disposto na clobservar-se-áusula décima e décima primeira.

DÉCIMA

1. Se, no prazo de quatro anos e seis meses a contar da assinatura deste contrato (ou seja, dois anos após o prazo previsto na cláusula nona), não ocorrer nenhuma das aprovações, bem como não for emitida nenhuma das Declarações favoráveis de Impacto Ambiental referidas no Considerando N), este contrato tem-se por resolvido, ficando cada um dos outorgantes obrigado a, no prazo de 30 dias, restituir tudo o que lhe houver sido prestado pelo outro outorgante.

2. No caso previsto no número anterior, o Banco Internacional de Crédito deverá restituir ao Primeiro Outorgante as acções da “C” que por ele lhe foram confiadas, mediante exibição de comprovativo de devolução, pelo Primeiro Outorgante à Segunda Outorgante, do montante de € 1.000.000,00 (um milhão de euros) e mediante comprovativo do pagamento de um montante igual a 2/3 das eventuais dívidas que hajam sido pagas pela “C”.

DÉCIMA PRIMEIRA

1. Tendo havido, no prazo de dois anos a contar dos respectivos prazos, previstos nas cláusulas sétima, oitava e nona, aprovação do Projecto de Aldeamento Turístico e Declaração favorável de Impacto Ambiental relativamente a qualquer um dos prédios identificados nos Considerandos B), C) e D), mas não os tendo havido quanto a algum outro desses mesmos prédios, a Segunda Outorgante fica obrigada a formar a vontade da “C” no sentido de transmitir, para o primeiro outorgante, a propriedade de 2/3 do prédio sobre o qual não haja recaído a aprovação e a Declaração favorável referidas.

2. A transmissão mencionada no número anterior será efectuada por escritura pública de compra e venda, pelo preço de € 1.000.000,00 e no prazo de 6 meses, contado do fim do prazo de dois anos referido no número anterior.

4. A SEGUNDA OUTORGANTE deverá notificar o PRIMEIRO OUTORGANTE de que pretende que seja transmitida a favor deste a propriedade do prédio rústico sobre o qual não recaiu a respectiva aprovação de Projecto de Aldeamento Turístico e Declaração favorável de Impacto Ambiental, com uma antecedência mínima de 30 dias relativamente à data da celebração da respectiva escritura pública.

5. O Banco Internacional de Crédito deverá, mediante a apresentação da escritura pública de transmissão do prédio, ou do instrumento notarial de protesto, caso o PRIMEIRO OUTORGANTE ou quem este indicar não compareça à escritura pública, entregar à SEGUNDA OUTORGANTE as acções correspondentes. DÉCIMA TERCEIRA

1. Todos os membros dos órgãos sociais da “C” actualmente em exercício de funções renunciam aos respectivos cargos, comprometendo-se a SEGUNDA OUTORGANTE a, de imediato, proceder à eleição dos novos membros dos corpos sociais, tudo consignando em acta de assembleia geral da “C” e mandando proceder aos competentes registos.

DÉCIMA QUINTA

1. O Primeiro Outorgante tem a faculdade de indicar um técnico à sua escolha para acompanhar o decurso do processo conducente à aprovação dos Projectos de Aldeamento Turístico e à emissão das Declarações

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favoráveis de Impacto Ambiental.

2. A Segunda Outorgante assume a obrigação de informar o Primeiro Outorgante de todas e quaisquer negociações e/ou acordos que a “C” venha a efectuar relativamente à acção judicial referida no Considerando O)".

2 - A 10 de Agosto de 2005, foi emitida, relativamente ao projecto de aldeamento turístico do P...A..., Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada, constando da mesma o seguinte: "A circunstância deste projecto afectar a integridade do Sítio PTCON0010 - Arrábida/Espiche) - face aos objectivos de conservação do mesmo, tendo levado, por esse facto, à formulação de conclusões negativas na avaliação de impacte ambiental, determina que a presente DIA favorável condicionada não prejudique o cumprimento da exigência prevista no n9 10 do artigo 102 do Decreto-Lei n2 140199 de 24 de Abril, na redacção dada pelo Decreto-Lei n9 4912005, de 24 de Fevereiro".

3 - Por ofício datado de 21 de Abril de 2009, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade informou o Sr. Presidente da Câmara Municipal de ... que "a Declaração de Impacte Ambiental emitida à data, em 10 de Agosto de 2005, relativamente ao projecto do P...A... caducou em Agosto de 2007".

3 - A 20/10/2008, foi remetido ao Gabinete do Sr. Secretário de Estado do Ambiente aquilo que a “C” denominou de "nova versão do Aldeamento Turístico do P...A...".

4 - Foi remetido ao Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade o projecto de reformulação a 6/03/2009, por ofício da Câmara Municipal de ....

5 - Por ofício datado de 21 de Abril de 2009, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade informou o Sr. Presidente da Câmara Municipal de ... que "a Declaração de Impacte Ambiental emitida à data, em 10 de Agosto de 2005, relativamente ao projecto do P...A... caducou em Agosto de 2007" e que "deverá o projecto de alterações relativo ao Aldeamento Turístico P...A... agora apresentado ser analisado como um novo processo em sede de Avaliação de Impacte Ambiental".

6 - A requerida apenas se dispôs a pagar ao requerente a quantia de € 5.871.786,05 se o requerente lhe entregasse uma garantia bancária de idêntico valor.

7 - O requerente, confiando que a requerida tudo faria para cumprir e ultrapassar as condicionantes da DIA, acedeu a entregar à requerida a garantia bancária emitida a 6 de Dezembro de 2005 do seguinte teor: "A Caixa Geral de Depósitos, S.A presta por este meio e a solicitação de “A”, ..., garantia bancária a favor de “B” - Investimento Imobiliário, S.A nos termos seguintes:

A presente garantia destina-se a assegurar a devolução da quantia de € 5.871.786,05 (cinco milhões oitocentos e setenta e um mil setecentos e oitenta e seis euros e cinco cêntimos), respeitante ao pagamento que o Beneficiário efectua, nesta data, ao Cliente, da segunda prestação do preço devido pela compra e venda de acções e de créditos da Sociedade “C” - EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS E IMOBILIÁRIOS, S.A conforme alínea b) do número 1 da Cláusula Segunda do contrato de Compra e Venda de Acções e de Créditos, celebrado entre o Beneficiário e o Cliente em 15 de Outubro de 2004.

A CGD obrigou-se a entregar ao Beneficiário a quantia assegurada se o Beneficiário a solicitar e simultaneamente invocar o seguinte: que o Cliente a não restituiu no prazo de trinta dias decorridos sobre a interpelação escrita daquele a este para o fazer, por o prédio rústico denominado Casal ... - A... - sito na Freguesia do ..., Concelho de ..., descrito na Conservatória do Registo Predial de ... sob o n2 ..., com

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300.000 m2 (trezentos mil metros quadrados), não ter sido objecto, no prazo de 3 anos, de declaração de interesse público a que alude o n2 10 do art. 102 do Decreto-Lei n2 140/99, de 24 de Abril".

8 - O Requerente, na sequência e de acordo com solicitação para esse efeito feita pela Requerida, acedeu em prorrogar a garantia, o que fez nas datas de 4.11.2008, de 6.4.2009, 6.7.2009 e de 2.10.2009.

9 - Os custos da garantia ascendem a €224.401,45.

10 - O Requerente, por carta datada de 28.03.2007, enviou à Requerida comprovativos das despesas inerentes à emissão da Garantia e das respectivas renovações, solicitando o pagamento da quantia de € 60.483,00.

11 - Requerente e requerido subscreveram documento datado de 27 de Março de 2009, denominado "Aditamento ao Contrato de Compra e Venda de acções e de créditos celebrado em 15 de Outubro de 2004", do qual constam as seguintes cláusulas:

"Primeira

A “B” e o primeiro outorgante acordam alterar o teor do n2 1 da cláusula Décima do contrato de compra e venda de acções e de créditos celebrado em 15.10.2004, a qual passa a ter a seguinte redacção:

Se, até 31.12.2009, não ocorrer nenhuma das aprovações, bem como, não for emitida nenhuma das Declarações favoráveis de Impacto Ambiental referidas no Considerando N) e ainda não for proferida., ou não for, administrativa ou judicialmente, dispensada a declaração de interesse público a que se refere o Decreto-Lei n2 140/99, de 24 de Abril (com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n2 49/2005, de 24 de Fevereiro) relativamente ao prédio descrito no Considerando B), este contrato tem-se por resolvido, ficando cada um dos outorgantes obrigado a, no prazo de 30 dias, restituir tudo o que houver sido prestado pelo outro outorgante.

Segunda

1 - O Primeiro Outorgante obriga-se a que seja prorrogado por mais um trimestre, ou seja, até 06 de Julho de 2009, o prazo de validade da garantia bancária número ..., emitida em 06/12/2005 pela Caixa Geral de Depósitos, a favor da “B” - Investimento Imobiliário, SA, que já anteriormente foi prorrogado por Aditamento de 04 de Novembro de 2008.

2 - O prazo de validade da referida garantia bancária, referida no número anterior, poderá ser novamente prorrogado, por períodos iguais e sucessivos de três meses, até ao termo da vigência do Contrato de Compra e Venda de Acções e de Créditos.

3 - A “B” obriga-se a pagar ao Primeiro outorgante o valor correspondente às despesas suportadas com a garantia bancária identificada no ponto anterior, até ao montante máximo de 1% (um por cento) do valor da garantia bancária, e o imposto de selo devido pelas renovações, será até ao limite máximo de 9.000,00 euros na totalidade das renovações, caso a mesma não venha a ser accionada e caso o contrato de compra e venda de acções e de créditos não venha a ser resolvido.

4 - As quantias devidas nos termos do número anterior desta cláusula serão pagas até ao termo da vigência do Contrato do qual este Aditamento faz parte integrante".

12 - Por ofício datado de 16 de Abril de 2007, a Câmara Municipal de ... informou o requerente, relativamente ao P...P..., que "o processo... diz respeito a um pedido de Informação Prévia para viabilidade de construção de Aldeamento Turístico de 4 *"; que "foram consultadas a D.G.T. a DRAOT-LVT e o ICN que

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emitiram parecer favorável"; que "em Fevereiro de 2004 na sua reunião de dia 18 a Câmara deliberou igualmente emitir parecer favorável"; e que "o pedido de Informação Prévia tendo a validade de 1 ano já se encontra caducado".

13 - Por ofício datado de 16 de Abril de 2007, a Câmara Municipal de ... informou o requerente, relativamente ao Casal ..., que "o processo... diz respeito a um pedido de Informação Prévia para viabilidade de construção de Aldeamento Turístico"; que "foram consultadas a D.G.T. a DRAOT-LVT e o ICN que emitiram parecer desfavorável"; e que "decorre ao abrigo dos art. 1002 e 1012 do CPA prazo para o requerente produzir alegação".

14 - No dia 5 de Dezembro de 2005, por escritura pública, o Banco Internacional de Crédito, a requerida e a “C” celebraram acordo pelo qual o referido Banco concedeu à Requerida "um financiamento sob a forma de conta-empréstimo no valor de doze milhões de euros" e a “C” deu de hipoteca ao Banco os prédios descritos na Conservatória do Registo Predial de ... sob os n2s ..., ... e ... em "caução e garantia do bom pagamento do financiamento... concedido à... “B”... e de todas e quaisquer responsabilidades que a referida sociedade tenha ou venha a ter perante o Banco...seja qual for a forma que revistam".

15 - Da escritura consta a seguinte cláusula: "a execução, arresto, penhora ou alienação dos imóveis hipotecados... importarão a imediata exigibilidade de todas as responsabilidades garantidas".

16 - A hipoteca em questão veio a ser registada na Conservatória do Registo Predial de ... com data de 20.04.2006, constando do registo, como montante máximo garantido, o valor de €15.630.000.

17 - Na acção referida no Considerando Q) mencionado no ponto 1, foi lavrada transacção a 16.11.2006 pela qual a “C” se obrigou a pagar a “M” a quantia de € 500.000,00, em 4 prestações no valor de € 125.000,00, cada uma.

18 - “M” instaurou execução contra a “C”, no decurso da qual foram penhorados os prédios referidos no ponto 1 e registadas tais penhoras entre 31.01.2008 e 21.02.2008, para garantia do valor de € 251.583,32. 19 - Na execução referida no ponto 18, o Banco Espírito Santo, como sucessor do Banco Internacional de Crédito, apresentou, a 15 de Julho de 2008, reclamação de créditos no valor de € 50.403.658,97, invocando a hipoteca referida nos pontos 14 e 16.

20 - A 26 de Novembro de 209, foi paga a quantia exequenda.

21 - A 15.5.2007, foi registada a desanexação de um prédio, a que passou a corresponder o n2 13034, com 30.000m2, para "arredondamento de extremas do prédio descrito sob o n2 ... do ...".

22 - A 23 de Novembro de 2009, a requerida enviou ao requerente carta pela qual solicitava a restituição do montante de € 5.871.786,05 por o prédio descrito na Conservatória do Registo Predial de ... sob o n2 ... não ter sido objecto, no prazo de três anos sobre a emissão da Declaração de Impacte Ambiental, da declaração de interesse público.

23 - O Requerente remeteu à Requerida, a 18 de Dezembro de 2009, carta pela qual comunicou que considerava que esta incumpriu definitivamente o contrato e interpelava a requerida para pagar a quantia de € 10.027.257,67 correspondente ao resto do preço em falta.

24 - Por carta datada de 15 de Janeiro de 2010, a requerida respondeu à carta do requerente referida no ponto 23, recebeu uma carta/resposta da Requerida, à sua carta de 18/12/2009, que se junta como doc. 65.

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25 - A 20 de Julho de 2007, o Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional indeferiu o pedido de reconhecimento do interesse público quanto ao aldeamento turístico P...A.... 26 - A 2 de Outubro de 2007, por Despacho do Senhor Secretário de Estado do Ambiente foi indeferido o pedido de prorrogação do prazo de validade da Declaração de Impacte Ambiental, constando do despacho o seguinte:

"a) A assumpção da legalidade da exigência do cumprimento do estabelecido no n9 10 do artigo 102 do Decreto-Lei n9 140/99 de 24/4, foi feita, desde logo, por este ministério em Abril de 2006, nos termos da contestação apresentada junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa (Processo n2 .../05.3BELSB), estando assim, desde essa data, perfeitamente esclarecida a posição desde ministério;

b) A exigência de cumprimento da legislação citada na alínea anterior decorre do facto da execução do projecto em questão afectar a integridade do Sítio PTCON0010 - Arrábida/ Espichei - face aos objectivos de conservação do mesmo, tendo levado, por esse facto, à formulação de conclusões negativas na avaliação de impacte ambiental -, tal como foi reiterado no nosso ofício n2 3680, de 07-09-07;

c) Desde a notificação da DIA proferida em 10 de Agosto de 2005 que o proponente poderia ter intentado, antes da instauração da acção judicial ou já na pendência do processo .../05.3BELSB, uma providência cautelar de suspensão de eficácia dessa mesma DIA, sendo certo que, a obter provimento na mesma, teria obstado à sua caducidade e tornar-se-iam despiciendas todas as outras diligências que elenca no requerimento inicial e em sede da audição prévia dos interessados;

d) Os riscos do proponente não ter lançado mão do mecanismo processual judicial referido na alínea anterior, como podia, não podem ser, seguramente, imputados a este ministério;

Considerando ainda que Sua Excelência, o Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, por despacho de 20/07/2007, entendeu não estarem reunidas as condições para o reconhecimento, por despacho conjunto, da necessidade de realização do projecto em apreço por razões imperativas de reconhecido interesse público, nos termos referidos no n2 10 do artigo 102 do DL 140/99, de 24 de Abril, reconhecimento esse que é - conforme posição manifestada desde logo por este ministério na contestação mencionada na alínea a) do considerando anterior - condição legal sine qua non para que o mesmo possa ser realizado;

Determino:

1 - O indeferimento do pedido de prorrogação do prazo de validade da Declaração de Impacte Ambiental por mim proferida em 10 de Agosto de 2005, relativa ao projecto "Aldeamento Turístico do P...A...", por considerar que não foi apresentada justificação atendível para a necessidade de ultrapassar os prazos previstos na lei".

27 - Um dos projectos imobiliários que a requerida teve em curso, denominado "P... V..." foi objecto de várias acções judiciais com pedidos de restituição do sinal em dobro.

28 - No âmbito destes processos a Requerida, entre Fevereiro e Março de 2010, foi efectuando algumas transacções judiciais.

29 - A requerida tem dívidas fiscais que ascendem a quantia não inferior a € 205.000,00.

30 - A requerida, na declaração de IRC respeitante ao ano de 2009, inscreveu prejuízos para efeitos fiscais na ordem dos € 12.000.000,00.

(19)

31 - Encontram-se registados a favor da Requerida centenas de imóveis sitos, entre outros concelhos, em I..., P... e C..., sobre os quais incidem diversas penhoras e hipotecas, a saber:

- hipoteca a favor do Banco Internacional de Crédito para garantia do empréstimo concedido à requerida no valor de € 8.421.360,00;

- hipoteca a favor do Banco Internacional de Crédito para garantia de abertura de crédito concedido à requerida no valor de € 1.500.000,00;

- penhora para garantia da quantia exequenda de € 446.451,23 que “N” pretende haver da requerida; - hipoteca a favor da Fazenda Nacional para garantia do pagamento de IRC relativo ao exercício do ano de 2006 no valor de € 874.195,78;

penhora para garantia da quantia exequenda de € 401.159,45 que “O” pretende haver da requerida; - hipoteca a favor do Banco Espírito Santo para garantia de empréstimo bem como de todas e quaisquer responsabilidades contraídas ou a contrair, nomeadamente sob a forma de empréstimo, empréstimo renda-certa, abertura de crédito, facilidade de descoberto em conta de depósitos à ordem, descontos de letras e livranças, garantias bancárias, fianças e avales, no montante máximo assegurado de € 56.170.000,00; - hipoteca a favor do Banco Espírito Santo para garantia das obrigações que advêm ou possam advir em virtude de quaisquer contratos de natureza bancária em direito permitidos, já celebrados ou que venham a ser celebrados, nomeadamente os relacionados com quaisquer garantias como sejam fianças ou garantias bancárias de qualquer tipo, os relacionados com letras, livranças, bem como com todas e quaisquer formas de financiamento ou concessão de crédito, regulado, ou não, em legislação especial, como sejam mútuos, aberturas de crédito, descobertos em conta, financiamentos externos, bem como as restantes operações financeiras nas quais seja ou venha a ser interveniente, no montante máximo assegurado de € 20.550.000,00;

- penhora para garantia da quantia exequenda de € 336.772,87 que “P” pretende haver da requerida; - penhora para garantia da quantia exequenda de € 53.737,45 que “Q” - Fornecimento e Obras Públicas, Lda. pretende haver da requerida;

- hipoteca a favor do Banco Espírito Santo para garantia de abertura de crédito no valor de € 30.000.000,00.

32 - A requerida tem pendentes, contra si, as seguintes acções executivas:

Processo .../08.2YYLSB, do 32 Juízo 3? Secção dos Juízos de Execução de Lisboa Dívida: € 310.880,00 -Exequente “R”;

- Processo .../08.3YYLSB, - Juízos de Execução de Lisboa, 1° Juízo - 3? Secção, Dívida: 401.159,45, Exequente “O”;

- Processo: .../08.8YYLSB, Juízos de Execução de Lisboa, 32 Juízo - 3? Secção, Dívida: € 168.669,00, Exequente “S”;

- Processo: .../09.6YYLSB, Juízos de Execução de Lisboa, 1° Juízo - 3? Secção, Dívida: € 25.479,44, Exequente “T”;

- Processo: .../09.6YYLSB, Juízos de Execução de Lisboa, 29 Juízo - 1? Secção, Dívida: € 78.126,26 €, Exequente “U”.

(20)

factos:

1 - O accionista titular das restantes acções representativas do capital social da “C” procedeu à venda à “B” das acções de que era titular naquela sociedade.

2 - “V” e requerida celebraram acordo pelo qual foram depositadas em "escrow account" 626.700 acções representativas do capital social da “C”.

3 - A requerida não efectuou o pedido de reconhecimento do interesse público.

4 - A requerida reagiu contra o despacho no que à necessidade de reconhecimento do interesse público respeita, propondo acção administrativa especial de impugnação, actualmente em fase de recurso no Tribunal Central Administrativo.

5 - A requerida não efectuou pedido de prorrogação da DIA antes do termo do respectivo prazo. 6 - A Requerida não forneceu ao requerente quaisquer informações sobre o estado do processo. 7 - O requerente pagou a quantia exequenda no valor de € 170.000,00.

8 - A requerida tem colhido, desde 2004, os frutos naturais existentes nas propriedades, designadamente mandando proceder à apanha e venda das pinhas, cujo rendimento, só no ano de 2009, ascendeu a, aproximadamente, €100.000,00.

9 - A requerida propôs acção de impugnação judicial da decisão de não prorrogação do prazo de validade da DIA.

10 - Os pagamentos que a requerida efectuou aos promitentes-compradores foram-no com o dinheiro proveniente da quantia de € 5.871.786,05 respeitante à garantia bancária que a Caixa Geral de Depósitos honrou mediante depósito autónomo efectuado a favor da requerida em Fevereiro de 2010.

11 - Alguns credores avançaram com o pedido de insolvência da requerida junto do Tribunal de Comércio de Lisboa.

12 - A requerida tem pendentes contra si as acções declarativas identificadas no artigo ...- da petição inicial aperfeiçoada.

2.3. O decisor da 1ª instância adiantou, para justificar o julgamento referido em 2.2. esta sumária motivação:

No que toca à matéria de facto dada como sumariamente provada, a convicção do tribunal teve na sua base os documentos de fls. 59 a 72, 77 a 91, 102 a 138, 151 a 296, 299 a 302, 307 a 328, 2929 a 2945, 1670 a 2908, 2951 a 2954, 2911 a 2917 e 2970 a 3004 e nos depoimentos das testemunhas “D” e “X”, testemunhas que depuseram com conhecimento dos factos relativos ao projecto do Aldeamento Turístico do P...A... por, à data dos factos, trabalharem no Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, respectivamente. __ Para além dos factos que ficaram prejudicados pela matéria de facto dada como provada, a matéria de facto dada como não provada encontra a sua explicação no facto de não ter sido junto documento no qual tenha sido reduzido a escrito o acordo alegado no artigo 311 da petição inicial aperfeiçoada; no facto de o documento de fls. 92 a 101 não se encontrar assinado; no facto de não ter sido junto certidão judicial comprovativa de ter a requerida instaurado acção de impugnação do despacho que considerou necessário o reconhecimento do interesse público e acção de impugnação do despacho de indeferimento do pedido de prorrogação do prazo de validade da DIA; no facto de ser feita referência no aditamento ao contrato de fls.

(21)

189 a 191, datado de 27 de Março de 2009, à dispensa, administrativa ou judicial, da declaração de interesse público, o que indicia que, pelo menos a 27 de Março de 2009, o requerente conhecia o estado do processo relativo ao P...A..., sendo de salientar que a posição do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade quanto à caducidade da Declaração de Impacte Ambiental é diferente da posição da requerida; no documento de fls. 293 a 296 do qual resulta que foi a “Z” quem pagou a “M”; na ausência de prova dos factos vertidos nos pontos 8, 10 e 12 da matéria de facto dada como não provada; e no facto de não ter sido junta certidão judicial comprovativa dos pedidos de insolvência.

3. Fundamentos.

3.1. Delimitação objectiva do âmbito do recurso.

Além de delimitado pelo objecto da acção e pelos eventuais casos julgados formados na instância recorrida e pela parte dispositiva da decisão impugnada que for desfavorável ao impugnante, o âmbito, subjectivo ou objectivo, do recurso pode ser limitado pelo próprio recorrente. Essa restrição pode ser realizada no requerimento de interposição ou nas conclusões da alegação (artº 684 nºs 2, 1ª parte, e 3 do CPC).

Nas conclusões da sua alegação, é lícito ao recorrente restringir, expressa ou tacitamente, o objecto inicial do recurso (artº 684 nº 2 do CPC). Porém, se tiver restringido o objecto do recurso no requerimento de interposição, não pode ampliá-lo nas conclusões[1].

Tendo em conta a finalidade da impugnação, os recursos ordinários podem ser configurados como um meio de apreciação e de julgamento da acção por um tribunal superior ou como meio de controlo da decisão recorrida.

No primeiro caso, o objecto do recurso coincide com o objecto da instância recorrida, dado que o tribunal superior é chamado a apreciar e a julgar de novo a acção: o recurso pertence então à categoria do recurso de reexame; no segundo caso, o objecto do recurso é a decisão recorrida, dado que o tribunal ad quem só pode controlar se, em função dos elementos apurados na instância recorrida, essa decisão foi correctamente decidida, ou seja, se é conforme com esses elementos: nesta hipótese, o recurso integra-se no modelo de recurso de reponderação[2].

No direito português, os recursos ordinários visam a reapreciação da decisão proferida, dentro dos mesmos condicionalismos em que se encontrava o tribunal recorrido no momento do seu proferimento.

Isto significa que, em regra, o tribunal de recurso não pode ser chamado a pronunciar-se sobre matéria que não foi alegada pelas partes na instância recorrida ou sobre pedidos que não hajam sido formulados. Os recursos são meios de impugnação de decisões judiciais – e não meios de julgamento de julgamento de questões novas[3].

Excluída está, portanto, a possibilidade de alegação de factos novos - ius novarum nova – na instância de recurso. Em qualquer das situações, salvaguarda-se, naturalmente, a possibilidade de apreciação, em qualquer grau de recurso, da matéria de conhecimento oficioso[4].

Face ao modelo do recurso de reponderação que o direito português consagra, o âmbito do recurso encontra-se objectivamente limitado pelas questões colocadas no tribunal recorrido pelo que, em regra, não é possível solicitar ao tribunal ad quem que se pronuncie sobre uma questão que não se integra no objecto da causa tal como foi apresentada e decidida na 1ª instância.

Referências

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