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DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA. Testamento: 1) Conceito 2) Características 3) Regras fundamentais sobre o instituto

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DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Testamento:

1) Conceito

2) Características

(3)

1) CONCEITOS:

O conceito de testamento pode ser facilmente entendido pela leitura do

artigo 1.626 do Código Civil de 1916:”considera-se testamento o ato revogável

pelo qual alguém, de conformidade com a lei, dispõe, no todo ou em parte, do

seu patrimônio, para depois de sua morte.”

 é o ato pelo qual a pessoa do testador, utilizando-se somente de sua vontade

interior e atual, dispõe de seu patrimônio após a sua morte. Não devemos ter

a preocupação que aquela vontade expressa no testamento se modifique, já

que o testador pode sempre alterá-la.

Pontes de Miranda(1972):“Testamento (diz-se) é o ato pelo qual a vontade de

um morto cria, transmite ou extingue direitos. Porque “a vontade de um moto

cria” e não “vontade de um vivo, para depois da morte”? Quando o testador

quis ,vivia. Os efeitos, sim, como serem dependentes da morte somente

começa a partir dali. Tanto é certo que se trata de querer de vivo, que direitos

há (excepcionalíssimos, é certo) que podem partir do ato testamentário e

serem realizados desde esse momento. Digamos, pois, que o testamento é ato

pelo qual a vontade de alguém se declara para o caso de morte, com eficácia

de reconhecer, criar, transmitir ou extinguir direitos.

(4)

1)

CONCEITOS (cont.):

• Zeno Veloso (2007): “o testamento é um negócio jurídico principalmente

patrimonial; tipicamente, no sentido tradicional e específico, é um ato

de última vontade em que o testador faz disposições de bens, dá um

destino ao seu patrimônio, nomeia herdeiros, institui legatários, e isso

acontece, realmente, na grande maioria dos casos.

• Mª Helena Diniz: Testamento é o ato personalíssimo e revogável pelo

qual alguém, de conformidade com a lei, não só dispõe, para depois da

sua morte no todo ou em parte (art.1.857, caput, CC), do seu

patrimônio, mas também faz outras estipulações.

• É aquela que se dá em obediência à vontade do de cujo, vontade

estabelecida em testamento válido. Apesar do testamento, prevalecem

as disposições legais naquilo que constitua norma cogente, como

naquilo em que for omisso o testamento. (Fiuza, 2007, p.1035).

• Enciclopédia Saraiva de Direito: “Testamento é ato solene em que se

dispõe dos direitos para depois da morte. Destina-se o patrimônio ou

fazem outras declarações de natureza pessoal”

• José Fernando Simão: um negócio jurídico unilateral, personalíssimo e

revogável pelo qual o testador faz disposições de caráter patrimonial ou

não, para depois de sua morte.

(5)

Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por

testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte

deles, para depois de sua morte.

§ 1

o

A legítima dos herdeiros necessários não poderá

ser incluída no testamento.

§ 2

o

São válidas as disposições testamentárias de

caráter não patrimonial, ainda que o testador

somente a elas se tenha limitado.

Ex. constituir uma fundação (art. 62 CC) ou instituir

bem de família convencional (art.1.711 CC).

(6)

2) CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO:

I – Negócio jurídico unilateral: basta a vontade do declarante (testador) para

que o negócio produza efeitos jurídicos.

A aceitação ou renúncia dos bens

deixados manifestada pelo beneficiário do testamento é irrelevante

juridicamente.

II – Negócio jurídico gratuito ou benévolo: Não existe vantagem para o autor

da herança, ou seja, não há o sacrifício bilateral que identifica os negócios

jurídicos onerosos.

Não há qualquer remuneração ou contraprestação para a

aquisição dos bens ou direitos decorrentes de um testamento.

III - Negócio jurídico mortis causa: somente produz efeito após a morte do

testador. Antes da morte, o testamento é ato ineficaz, o que não prejudica a

sua validade, em regra.

IV – Negócio formal (solenidade): a lei contém todas as formalidades

necessárias à sua validade, particularmente quanto à modalidade assumida no

caso concreto. Faltando as formalidades ou havendo falhas, a sanção será a

nulidade do testamento, conforme art. 166, IV e V do CC.

Jurista Carvalho Santos que a revogabilidade é característica essencial do

testamento. A vontade do testador sai a andar, até que ele morra. É

ambulatória até à morte.

(7)

2) CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO (cont.)

V – Ato revogável: o testador pode revogá-lo ou modificá-lo a qualquer

momento. Qualquer cláusula prevendo a irrevogabilidade será

considerada NULA e não produzirá efeitos jurídicos.

Art. 1.858 - o testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a

qualquer tempo.

Em outras palavras, o testador, até sua morte, pode alterar sua vontade

– quando quiser e quantas vezes quiser – sem necessidade de

justificativa ou razão.

Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo

quando feito em testamento.

O reconhecimento de filhos é sempre irrevogável, mesmo quando

constante de testamento, que é, na essência revogável.

VI – Ato personalíssimo por excelência: Isso porque Ninguém poderá

testar conjuntamente em um mesmo instrumento ou por procuração.

Proibição expressa do testamento conjuntivo, conforme art. 1.863 CC:

Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo,

recíproco ou correspectivo.

(8)

DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por

testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte

deles, para depois de sua morte.

§ 1

o

A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser

incluída no testamento.

§ 2

o

São válidas as disposições testamentárias de caráter

não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se

tenha limitado.

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo

ser mudado a qualquer tempo.

Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de

impugnar a validade do testamento, contado o prazo da

(9)

CONDIÇÕES PARA A SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA:

a)Capacidade testamentária: é o conjunto de condições

necessárias que alguém possa, juridicamente dispor de

seu patrimônio por meio de testamento, ou ser por ele

beneficiado.

b)Não haver deserdação: Condição para receber bens do

falecido (capacidade testamentária passiva). A lei

permitiria a exclusão e tivesse praticado certos atos

contra o autor da sucessão. Os descendentes do

deserdado sucederão ao testador como se o excluído

morto fosse.

c) Observância de todas as formalidades legais nas

disposições testamentárias: Somente após o óbito do

testador é que se pode questionar a validade de seu

testamento; caso contrário, haveria pendência sobre

herança de pessoa viva.

(10)

CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA ATIVA

Art. 1.860. Além dos incapazes (art. 3º e 4º CC/02) não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.

Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.

Mª Helena Diniz: Impedidos de testar os menores de 16 anos e desprovidos de discernimento, por estarem impedidos de emitir vontade livre (Ex. pessoas com arteriosclerose, com mal de Alzheimer, com sonambulismo, com embriaguez completa e surdos e mudos que não puderem exprimir vontade, por não terem recebido a educação apropriada)

“Idade avançada, falência, analfabetismo (art. 1.865), surdez (art. 1.866), cegueira (art. 1.867) e enfermidade grave não inibem o indivíduo de testar (RT, 736:236; JTJ 194:169), pois já se decidiu que a ‘incapacidade mental do testador não pode ser deduzida de sua saúde física’

Os menores púberes, maiores de 16 anos, a lei admiti que façam testamento e sem qualquer assistência para o ato.

Não esquecer que pródigo pode testar, uma vez que a interdição somente atinge os atos de alienação direta dos bens, praticada em vida (art. 1.782 CC)

Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

A capacidade do testador determina-se pela data em que fez o testamento, assim que que incapacidade superveniente, esta não invalidará o testamento, uma vez que o testador estava em perfeito juízo quando o elaborou, nem o testamento de incapaz se validará com a superveniência da capacidade.

(11)

Art. 3

o

São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente

os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem

o necessário discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir

sua vontade.

Art. 4

o

São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira

de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por

deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por

legislação especial.

(12)

CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA PASSIVA

São capazes de receber por testamento todas as pessoas,

naturais ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador,

não havidas como incapazes (arts. 1.798 e 1.799)

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já

concebidas no momento da abertura da sucessão.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser

chamados a suceder:

I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo

testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;

II - as pessoas jurídicas;

III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo

testador sob a forma de fundação.

A prole eventual só compreende os filhos e não os netos da

pessoa indicada pelo testador.

(13)

FORMAS DE TESTAMENTO

- Ordinárias: Testamento público,

testamento cerrado e

testamento particular

Formas

- Especiais: testamento marítimo,

testamento aeronáutico e

testamento militar

(14)

HIPÓTESES PROIBIDAS DE TESTAMENTO:

1) Testamento comum/conjuntivo: constitui gênero,

sendo aquele celebrado por duas ou mais pessoas,

que fazem um único testamento

2) Testamento simultâneo: dois testadores, no

mesmo negócio, beneficiam terceira pessoa

3) Testamento recíproco: Realizado por duas pessoas

que se

beneficiam reciprocamente

, no mesmo ato.

4) Testamento correspectivo: os testadores fazem

em

um mesmo instrumento

disposições de

(15)

DAS MODALIDADES ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO

I)

DO TESTAMENTO PÚBLICO:

É o que traz maior segurança para as partes envolvidas, pois é levado a termo por um tabelião de notas ou por seu substituto, seguindo o que lhe dita o testador ou autor da herança, na presença de testemunhas idôneas ou desimpedidas.

a) Habilitação para testar publicamente:

- Poderá testar publicamente o indivíduo que puder declarar de viva voz sua vontade, e verificar, pela sua leitura, haver sido fielmente transcrita no testamento.

b) Requisitos essenciais do testamento público

O testamento deverá, sob pena de NULIDADE, SER:

b.1 – escrito por oficial público (tabelião ou seu substituto legal), em língua nacional em seu livro de notas, de conformidade com as declarações do testador, que pode servir-se de minuta, notas ou apontamentos;

b.2 – Presenciado por duas testemunhas idôneas, que assistam a todo o ato sem interrupção, vendo, ouvindo e compreendendo o testador, certificando-se de que o oficial público reproduziu exatamente o que ele queria

b.3 - Lido pelo tabelião em voz alta, depois de lavrado na presença do testador e das testemunhas, ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial, para que seja possível averiguar a conformidade do testamento com o que foi declarado pelo testador;

b.4 – Assinado pelo oficial, pelo testador, pelas testemunhas, seguidamente e em ato contínuo.

(16)

TESTAMENTO PÚBLICO

Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:

I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu

livro de notas, de acordo com as declarações do testador,

podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;

II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao

testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo

testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;

III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo

testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito

manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela

inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro

de notas,

(cujos espaços em branco vão sendo completados

pelo tabelião, conforme declarações feitas pelo testador)

desde

que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.

(17)

A jurisprudência superior tem sido mais branda em relação a observância dos requisitos formais do testamento público

TESTAMENTO. FORMALIDADES. EXTENSÃO.

Busca-se, no recurso, a nulidade de testamento, aduzindo o ora recorrente que a escritura não foi lavrada pelo oficial de cartório, mas por terceiro, bem como que as cinco testemunhas não acompanharam integralmente o ato. O tribunal a quo afirmou que não foi o tabelião que lavrou o testamento, mas isso foi feito sob sua supervisão, pois ali se encontrava, tendo, inclusive, lido e subscrito o ato na presença das cinco testemunhas. Ressaltou, ainda, que, diante da realidade dos tabelionatos, não se pode exigir que o próprio titular, em todos os casos, escreva, datilografe ou digite as palavras ditadas ou declaradas pelo testador. Daí, não há que declarar nulo o testamento que não foi lavrado pelo titular da serventia, mas possui os requisitos mínimos de segurança, de autenticidade e de fidelidade. Quanto à questão de as cinco testemunhas não terem acompanhado integralmente a lavratura de testamento, o TJ afirmou que quatro se faziam presentes e cinco ouviram a leitura integral dos últimos desejos da testadora, feita pelo titular da serventia. Assim, a Turma não conheceu do recurso por entender que o vício formal somente invalidará o ato quando comprometer sua essência, qual seja, a livre manifestação da vontade da testadora, sob pena de prestigiar a literalidade em detrimento da outorga legal à disponibilização patrimonial pelo seu titular. Não havendo fraude ou incoerência nas disposições de última vontade e não evidenciada incapacidade mental da testadora, não há falar em nulidade no caso. Precedente citado: REsp 302.767-PR, DJ 24/9/2001. REsp 600.746-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 20/5/2010

O julgado é louvável, pois a tendência moderna é de que o material prevaleça sobre o formal; que o concreto prevaleça sobre as ficções jurídicas.

(18)

Art. 1.865. Se o testador não souber (analfabeto), ou não puder assinar (paralisia, parkinson...), o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.

Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.

- Ocorrendo a morte do testador, quando o testamento for público, qualquer interessado, ... Art. 1.128. Quando o testamento for público, qualquer interessado, exibindo-lhe o traslado ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento.

Parágrafo único. O juiz mandará processá-lo conforme o disposto nos arts. 1.125 e 1.126.

Art. 1.129. O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará ao detentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a morte do testador, não se tiver antecipado em fazê-lo.

Parágrafo único. Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e apreensão do testamento, de conformidade com o disposto nos arts. 839 a 843.

Zeno Veloso: “deve-se evitar que terceiros tenham acesso livre ao testamento, que se trata de um ato que embora valido desde a data de sua confecção, só terá eficácia após a morte do testador. Não é razoável ,pois, só por que é chamado de ‘público’, que fique aberto, exposto, permitindo-se que qualquer pessoa tenha prévio conhecimento”

Projeto de Lei 699/2011, para se incluir um § 2º no art. 1.864 do CC, com a seguinte redação: “ A certidão do testamento público, enquanto vivo o testador, só poderá ser fornecida a requerimento deste ou por ordem judicial.

(19)

TESTAMENTO CERRADO

Testamento cerrado/secreto ou místico: testamento

elaborado pelo testador ou por pessoa a seu rogo,

aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal e cerrado

(fechado), lacrado, para ser aberto após a morte do

testador, razão pela qual as disposições testamentárias

permanecem secretas até tal momento.

• Forma de testamento pouco utilizado na prática

• Cultura brasileira

• Forma cerrada: é a mais solene de todas

• Grande interesse prático: permite ao testador manter

suas disposições em segredo.

(20)

Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por

outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será

válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal,

observadas as seguintes formalidades:

I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de

duas testemunhas;

II - que o testador declare que aquele é o seu testamento

e quer que seja aprovado;

III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação,

na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida,

ao testador e testemunhas;

IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião,

pelas testemunhas e pelo testador.

Parágrafo único.

O testamento cerrado pode ser escrito

mecanicamente

, desde que seu subscritor numere e

autentique, com a sua assinatura, todas as paginas.

(21)

Requisitos essenciais do testamento cerrado, conforme art. 1.868:

1 – Documento escrito pessoalmente pelo testador ou por pessoa a seu rogo;

2 – O testador deve pessoalmente entregar o testamento (a cédula) ao tabelião ou a seu substituto legal na presença de 2 testemunhas;

Será NULO o testamento que for entregue ao tabelião por terceiro, ou entregue a pessoa diversa do tabelião ou seu substituto legal, ou, ainda que não tiver sido entregue na presença de duas testemunhas. Ressalte-se que a entrega e a presença das testemunhas serão consignadas no testamento

3 – É da essência do testamento cerrado, que quando da entrega pelo testador ao tabelião ou seu substituto legal, aquele declare que o documento é seu testamento, e que deseja que seja aprovado, devendo partir do testador a declaração e o pedido. O tabelião fará as seguintes perguntas:

-”é este documento, que acaba de me entregar seu testamento?”, “deseja que seja aprovado?”

Basta que haja a declaração e o pedido, não importando se espontâneos ou como resposta ao questionamento do tabelião ou seu substituto legal.

4 – Após a declaração de que se trata de testamento e do pedido de aprovação, o tabelião deve, imediatamente, lavrar o auto de aprovação na presença de 2 testemunhas, o qual deverá ser lido para elas e para o testador. (art. 1.868, III)

5 – Após a leitura do auto de aprovação, este deverá ser assinado pelo tabelião, pelo testador e pelas testemunhas. (art. 1.868, IV)

O STJ decidiu que a assinatura do testador no auto de aprovação não dispensa a sua assinatura na cédula testamentária, ainda que aquele tenha sido lavrado imediatamente ao final desta.

Donizetti (2013) e Jurisprudência majoritária: A falta de assinatura do testador no auto de aprovação não invalida o testamento cerrado, desde que presente na cédula testamentária.

Cédula testamentária: documento escrito pessoalmente pelo testador ou por pessoa a seu rogo a fim de

(22)

Auto de aprovação de testamento cerrado

SAÍBAM quantos este público instrumento de aprovação de testamento virem, que aos ..,„ dias do mês de ,.,do ano de dois mil e „,,. (20.,), nesta cidade de , Estado de

, ao meu cartório compareceu GHX. (qualificar), acompanhado de duas testemunhas idôneas e capazes, adiante nomeadas e assinadas, de mim conhecidas, do que dou fé. E, em presença dessas testemunhas, as quais comigo se certifiquem que o mesmo testador, GHX, se encontrava em seu perfeito juízo e entendimento, me foi entregue esse papel, dizendo-me ser o seu testamento e disposição de última vontade, que há por bom, firme e valioso, escrito, datado e assinado do seu próprio punho (ou escrito por ... a quem rogou o testador que o fizesse), sem constrangimento ou coação de qualquer espécie, e que desejava fosse por mim aprovado, nas formas das Seis civis, para que surta os desejados efeitos jurídicos. Recebendo, como me cumpria, o dito papel, que escrito em________laudas, o examinei, sem ler, verificando não conter o mesmo qualquer entrelinhas, borrão, rasura, nem coisa que dúvida faca, e lho aprovei, observando todas as formalidades legais, do que dou fé. Feito isto, e antes de ser devolvido ao testador este testamento, será ele, depois de assinado o presente auto, e juntamente com este, cerrado, costurado e lacrado com pingos de lacre. E, para constar, escrevi este instrumento que o testador e as testemunhas (nome e qualificação}, a todo ato sempre presentes, vão assinar, depois de lhes ser lido voz alta por mim, , tabelião, que o escrevi e também assino, em público e raso. (Ass. do tabelião, lançamento de seu sinal público e as assinaturas do testador e das testemunhas.)

Anotação pelo tabelião no seu livro de notas da lavratura do instrumento de aprovação do testamento cerrado

(23)

Não se admite que a pessoa que não saiba ou não possa ler disponha de seus bens pela forma de testamento cerrado.

Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler.

O surdo-mudo pode testar pela modalidade cerrada.

Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.

A lei admite que o testamento cerrado seja escrito em língua nacional ou estrangeira. Obs. Se escrito em língua estrangeira, mas houver de ser executado no Brasil, cabe frisar que terá que ser traduzido por tradutor público juramentado.

Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo.

Obs. O fato de o próprio tabelião ter escrito o testamento a rogo do testador não o impede de aprová-lo.

Assinado o auto, o testamento aprovado deve ser cosido e cerrado (art. Art. 1.869), após o que será entregue ao testador,... Art. 1.874

Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue.

(24)

Não constando vício externo que torne o testamento

inválido ou suspeito de falsidade, o juiz o fará registrar

e ordenará seu cumprimento (art. 1.875 CC).

Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será

apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar,

ordenando seja cumprido, se não achar vício externo

que o torne eivado de nulidade ou suspeito de

falsidade.

No

procedimento

de

abertura,

registro

e

cumprimento do testamento cerrado não se admite a

alegação de vícios intrínsecos ou de validade de

disposições testamentárias, o que deve ser feito por

meio de ação declaratória de nulidade ou anulatória

do testamento, conforme o caso.

(25)

Abertura judicial do testamento cerrado: Morto o testador, e aberta a sucessão, o testamento cerrado deve ser entregue ao juiz para ser aberto, que rubricado pelo juiz e assinado pelo representante mencionará:

a) A data e o lugar em que o testamento foi aberto;

b) o nome do apresentante e como houve ele o testamento; c) a data e o lugar do falecimento do testador;

d) qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testamento.

observando-se o procedimento de abertura, registro e cumprimento previsto nos arts. 1.125 a 1.129 do CPC.

Não constando vício externo que torne o testamento inválido ou suspeito de falsidade, o juiz o fará registrar e ordenará que seja cumprido.

Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento, se lhe não achar vício externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade (art. 1.126, caput, CPC).

O testamento será registrado e arquivado no cartório a que tocar, dele remetendo o escrivão uma cópia, no prazo de 8 dias, à repartição fiscal (art. 1.126 P.Ú do CPC)

Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a assinar, no prazo de 5 (cinco) dias, o termo da testamentaria. Não havendo testamenteiro nomeado, estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão certificará a ocorrência e fará os autos conclusos, caso em que o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. (Art. 1.127).

(26)

DO TESTAMENTO PARTICULAR

Conceito: testamento particular ou privado ou hológrafo é

aquele que é escrito pelo próprio testador, sem maiores

formalidades.

Apesar de ser a forma mais fácil de ser concretizada, a

modalidade particular não tem a mesma segurança do

testamento público.

Requisitos:

• Escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico

• Se escrito de próprio punho: tem que ser lido e assinado por

quem o escreveu, na presença de pelo menos 3 testemunhas

que o devem subscrever.

• Se elaborado por meio mecânico: não pode conter rasuras ou

espaço em branco, devendo ser assinado pelo testador,

depois de tê-lo lido na presença de pelo menos 3

testemunhas que o subscreverão.

(27)

Civil e Processual Civil. Testamento particular. Assinado por quatro testemunhas e confirmado em audiência por três delas. Validade do ato. Interpretação consentânea com a doutrina e com o novo Código Civil, art. 1.876 §§ 1º e 2º. Recurso especial conhecido e provido. 1. Testamento particular. Artigo 1.645, II do CPC. Interpretação: Ainda que seja imprescindível o cumprimento das formalidades legais a fim de preservar a segurança, a veracidade e legitimidade do ato praticado, deve se interpretar o texto legal com vistas à finalidade por ele colimada. Na hipótese vertente, o testamento particular foi digitado e assinado por quatro testemunhas, das quais três confirmaram em audiência de instrução e julgamento. Não há, pois, motivo para tê-lo por inválido. 2. Civil, artigo 1.876 §§ 1º e 2º dispõe: “Não há falar em nulidade do ato de disposição de última vontade (testamento particular), apontando-se preterição de formalidade esapontando-sencial (leitura do testamento perante as três testemunhas), quando as provas dos autos confirmam, de forma inequívoca, que o documento foi firmado pelo próprio testador, por livre e espontânea vontade, e por três testemunhas idôneas, não pairando qualquer dúvida quanto à capacidade mental do de cujus , no momento do ato. O rigor formal deve ceder ante a necessidade de se atender à finalidade do ato, regularmente praticado pelo testador.” (STJ, Resp 701.917/SP)

"As testemunhas do testamento particular são inquiridas pelo juiz. Se forem contestes, acordes, sobre o fato da disposição, ou, ao menos sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado." (RICARDO FIUZA, Novo Código Civil Comentado, 1ª edição, Ed. Saraiva,

(28)

Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos.

Zeno Veloso: Com tal publicação em Juízo, tem início a fase de execução ou de eficácia do testamento hológrafo, presente uma confirmação judicial.

Após a morte do testador e a consequente abertura da sua sucessão, o testamento particular deve ser publicado em juízo, a pedido do herdeiro, legatário ou testamenteiro, devendo ser citados os herdeiros legítimos (art. 1.877 CC c/c art. 1.130 CPC). A petição inicial será instruída com a cédula do testamento particular.

Art. 1.130. O herdeiro, o legatário ou o testamenteiro poderá requerer, depois da morte do testador, a publicação em juízo do testamento particular, inquirindo-se as testemunhas que Ihe ouviram a leitura e, depois disso, o assinaram.

Parágrafo único. A petição será instruída com a cédula do testamento particular. Art. 1.131. Serão intimados para a inquirição:

I - aqueles a quem caberia a sucessão legítima;

II - o testamenteiro, os herdeiros e os legatários que não tiverem requerido a publicação;

III - o Ministério Público.

Parágrafo único. As pessoas, que não forem encontradas na comarca, serão intimadas por edital.

A nova versão do artigo 1.878, diminui o excesso de formalismo do testamento particular e aumenta o poder discricionário do juiz, minorando os inconvenientes anteriormente apontados. É que o critério do juiz preenche eventual vazio aberto pela ausência de outras testemunhas.

(29)

Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou,

ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias

assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado.

Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo

menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a

critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade.

Art. 1.133. Se pelo menos três testemunhas contestes reconhecerem que é

autêntico o testamento, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, o

confirmará, observando-se quanto ao mais o disposto nos arts. 1.126 e 1.127.

Testamento de emergência

: constitui forma simplificada de testamento

particular, conforme art. 1.879 CC.

Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento

particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas,

poderá ser confirmado, a critério do juiz.

Mª Helena Diniz aponta as hipóteses de viabilização jurídica:

a)

Situação anormal: incêndio, sequestro, desastre, internação em UTI,

revolução, calamidade pública;

b)

Situação em que é impossível a internação de testemunhas para o ato.

Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira,

contanto que as testemunhas a compreendam.

(30)

CODICILOS/PEQUENO ESCRITO/PEQUENO CODEX

José Fernando Simão (2010, p.321): Trata-se de ato de última

vontade simplificado, para o qual a Lei não exige tanta

solenidade em razão de ser o seu objeto considerado de menor

importância para o falecido e seus herdeiros.

DICIONÁRIO JURÍDICO UNIVERSITÁRIO (p. 144) "ato de última

vontade, pelo qual alguém faz disposições especiais sobre seu

enterro, dá pequenas esmolas, lega móveis, roupas ou jóias de

uso pessoal, não muito valiosas, nomeia ou substitui

testamenteiros. Em direito antigo, alteração ou anulação de um

testamento, por disposições adicionais a ele.“

Faz-se por meio de um documento informal, assim como uma

simples carta, e por isso se diz que é um instrumento particular/

hológrafo, isto é, escrito, datado e assinado pelo próprio

codicilante. Assemelha-se a um testamento, embora seja

geralmente menor e seja menos formal a sua feitura.

(31)

É possível fazer ainda disposição para celebração de uma

missa ou culto em nome do falecido

Art. 1.998. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros

legítimos, sairão do monte da herança; mas as de

sufrágios por alma do falecido só obrigarão a herança

quando ordenadas em testamento ou codicilo.

Pode fazer a reabilitação do herdeiro indigno por codicilo

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem

a exclusão da herança será admitido a suceder, se o

ofendido o tiver expressamente reabilitado em

testamento, ou em outro ato autêntico.

(32)

Art. 1.881.

Toda pessoa capaz de testar poderá

, mediante

escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições

especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a

certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos

pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias,

de pouco valor, de seu uso pessoal.

Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo

direito de terceiro, valerão como

codicilos

, deixe ou não

testamento o autor.

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão

nomear ou substituir testamenteiros.

Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes

revogam-se por atos iguais, e consideram-revogam-se revogados, revogam-se, havendo

testamento posterior, de qualquer natureza, este os não

confirmar ou modificar.

Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo

modo que o testamento cerrado

(33)

Ementa:

APELAÇÃO

CÍVEL.

AÇÃO

DECLARATÓRIA

DE

EXISTÊNCIA

DECODICILO. Caso em que os escritos deixados pelo autor da herança não

contêm características de um codicilo, senão de um rascunho de testamento.

Bens de valor elevado que não podem ser objeto de codicilo. NEGARAM

PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70040971335, Oitava Câmara Cível, Tribunal

de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 16/06/2011).

Ementa: EMBARGOS INFRINGENTES. SUCESSÕES. NÃO RECONHECIMENTO DA

VALIDADE DO CODICILO. PREVALÊNCIA DO TESTAMENTO CERRADO. Uma

simples anotação em papel, sem data ou assinatura da "de cujus", não pode

ser aceita como codicilo, por desobediência ao artigo 1881 , do Código Civil ,

devendo prevalecer o válido e regular testamento firmado. EMBARGOS

INFRINGENTES ACOLHIDOS, POR MAIORIA. (Embargos Infringentes Nº

70034580472, Quarto Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do RS,

Relator: Claudir Fidelis Faccenda, Julgado em 12/03/2010).

Ementa:

APELAÇÃO

CÍVEL.

AÇÃO

DECLARATÓRIA

DE

EXISTÊNCIA

DE CODICILO. Caso em que os escritos deixados pelo autor da herança não

contêm características de um codicilo, senão de um rascunho de testamento.

Bens de valor elevado que não podem ser objeto de codicilo. NEGARAM

PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70040971335, Oitava Câmara Cível, Tribunal

de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 16/06/2011)

(34)

CODICILOS

Finalidade:

• Legar móveis, roupas etc.

• Nomear ou substituir testamenteiro

• Reabilitar indigno

• Reconhecer filho

• Destinar verbas para o sufrágio (oração) de almas.

Revogação: por outro codicilo ou por testamento.

Obs. Testamento anulado não vale como codicilo

• Não precisa ser testemunhado

(35)

TE

ST

AMENT

OS E

SPE

CIAI

S

Requisitos Em caso de urgência Espécies Marítimo Militar Aeroportuário

(36)

DAS MODALIDADES ESPECIAIS DE TESTAMENTO

Requisito: em caso de urgência

Art. 1.886. São testamentos especiais:

I - o marítimo;

II - o aeronáutico;

III - o militar.

Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais

além dos contemplados neste Código.

- Rol taxativo e não exemplificativo

- Tartuce (2013): “ tais formas especiais quase ou nenhuma

aplicação prática têm, até porque encerram tipos bem

específicos, de difícil concreção no mundo real.”

(37)

Marítimo e

aer

onáutic

o

Testador em viagem

Impossibilidade de

desembarque em porto

Forma: pública ou

cerrada

Invalidade: feito com o

navio parado no porto

Prazo de validade: 90

dias

(38)

1.Testamento marítimo:

É feito em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar perante o comandante, com a presença de 2 testemunhas, podendo ser público ou cerrado.

Requisitos:

• Testador em viagem

• Impossibilidade de desembarque em porto

Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento público ou ao cerrado.

Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo.

Ficará sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo (art. 1.890 CC)

Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.

Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinária.

(39)

2. Testamento aeronáutico

Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial,

pode testar.

O registro será feito no diário de bordo.

Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou

comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante,

observado o disposto no artigo antecedente.

Ficará sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades

administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra

recibo averbado no diário de bordo (art. 1.890 CC)

Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o

testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subsequentes

ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária,

outro testamento.

Zeno Veloso: “os testamentos especiais podem perder a eficácia

(caducam pela decadência) se o testador não morrer na circunstância

que o justificou ou se decorrer certo tempo, quando supostamente

poderia ser elaborado testamento pela modalidade ordinária”

(40)

3. Testamento militar:

Podem se fazer valer da forma especial de testamento militar, os militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações cortadas.

 Pode se elaborado por escrito ou oralmente.

 O testamento militar poderá ser feito não havendo tabelião ou substituto legal, que será feito pelo comandante.

 Se o testador não puder (cego, doença incapacitante...) ou não souber (analfabeto) assinar o número de testemunhas passam a ser 3, sendo que uma delas por ele assinará.

Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas

em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas, poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas.

§ 1o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será

escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior.

§ 2o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo

respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.

§ 3o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele

que o substituir.

Tartuce (2013, p.1350): nem precisa dizer que tal forma não tem nenhuma aplicação concreta, pois são bem conhecidas nossas tradições militares.

(41)

Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento

de seu punho, contanto que o date e assine por extenso, e o

apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao

auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister.

Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se

apresente notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em

que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas

testemunhas.

Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o

testador esteja, noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar na

forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as solenidades

prescritas no parágrafo único do artigo antecedente.

Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando

empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente,

confiando a sua última vontade a duas testemunhas.

Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não

morrer na guerra ou convalescer do ferimento.

Trata-se do testamento militar nuncupativo, feito em viva voz. Não

terá efeito tal modalidade se testamento se o testador não morrer na

guerra ou não convalescer do ferimento.

(42)

M

ili

ta

r

Elaborado por militar

Forma pública

Comandante atuará como tabelião

Lavrado perante duas testemunhas

Testador não puder assinar: três testemunhas

Forma Cerrada

Testador entrega cédula ao auditor

Escrito pelo próprio punho ou a rogo

Número de testemunhas: duas

Nuncupativo

Viva voz

Número de testemunhas: duas

Cessa efeito havendo sobrevivência Prazo decadencial  90 dias (salvo a

(43)

DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Testamento

(características):

negócio

jurídico

unilateral, gratuito, mortis causa, solene, revogável,

personalíssimo.

Logo é um negócio jurídico diferenciado, com regras

específicas em livro próprio da codificação privada.

Assim, o testamento possui preceitos próprios a

respeito do seu conteúdo e de sua interpretação.

A seguir as regras:

Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário,

pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição,

para certo fim ou modo, ou por certo motivo.

(44)

1) NOMEAÇÃO de herdeiro (a título universal) ou legatário (a título

singular)

:

Obs. Se o testador tiver herdeiros necessários, impende frisar que

somente pode testar sobre a metade de seu patrimônio, vez que a outra

metade constitui a legítima que cabe àqueles herdeiros.

- Ato puro ou simples: sem imposição de qualquer cláusula, sem

qualquer limitação ou ônus

- Sob condição: com eficácia dependente de evento futuro e incerto

Ex. Deixo meus bens para André, contanto que este tenha se graduado

em um curso de nível superior ao tempo de minha morte.

- Para certo fim ou modo: ônus introduzido pela liberalidade (encargo)

Se impuser ao beneficiário uma contraprestação.

Encargo:

Se atribuo o cuidar de tal animal. É uma tarefa.

Nesse caso o testamenteiro, herdeiros ou qualquer interessado,

inclusive o MP se houver interesse público, poderão exigir o

cumprimento do ônus, conquanto o direito sucessório se repute

adquirido independentemente dele.

(45)

- Por certo motivo: razão de feição subjetiva (retributiva ou causal)

Não sendo necessário o testador declare o motivo, se o fizer e o motivo se

descobrir falso, a disposição testamentária poderá ser invalidada

.

Ex. Faço testamento em favor do meu filho André por ser ele o mais

esforçado dentre meus outros filhos.

Ex. Porque salvou a minha vida. Porque salvou a vida de meu filho. Porque

me libertou de meu cativeiro. Quando acompanhada da razão que a

determinou.

- A termo (evento futuro e certo)= Somente para fideicomisso

- Cláusula não escrita: o tempo em que deva começar ou cessar o

direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á

por não escrita.

*

O termo é considerado ineficaz quando inserido no testamento

.

Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e

simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.

Art. 1.898. A designação do

tempo em que deva começar ou cessar o

direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não

escrita

.

(46)

2) INTERPRETAÇÃO = Testador

A menção à vontade do testador guia a prevalência do aspecto

subjetivista

Zeno Veloso (2008, p. 2.089) Na esteira do que consta do art. 112

do CC: “Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção

nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem”

Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de

interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a

observância da vontade do testador.

“Testamento. Quinhão. Vontade do testador. Na interpretação de

cláusula testamentária, deve-se buscar a vontade do testador, a

teor do art. 1.899 do CC. Se o testador quis conferir ao legatário

determinada parte de um imóvel rural, onde fica a sede da

fazenda, não importa tal benesse em lhe contemplar com o todo o

imóvel, com maior quinhão que os demais herdeiros” (TJMG,

agravo 1.0123.02.002867-6/001, Capelinha, 7ª Câmara Cível, Rel.

Des. Edivaldo George dos Santos)

(47)

3) NULIDADE

-José Simão (2010, p. 332): “condição captatória é aquela em que a vontade do morto não é externada de forma livre, quer seja porque houve dolo quer porque houve pacto sucessório proibido pelo art. 426 do CC”

-Pessoa incerta (identidade não averiguada/determinar a identificação a terceiro) • Escolhas entre pessoas citadas

- Fixação do valor do legado a herdeiro ou a terceiro, atribuição que cabe ao

TESTADOR

-Beneficiar pessoas proibidas (art. 1.801 e 1.802): pessoas que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge ou companheiro, ou seus descendentes e irmãos; as testemunhas do testamento; o concubina do testador casado (salvo se separado há mais de 5 anos); o tabelião civil ou militar, ou... VISA MANTER A IDONEIDADE E A MORALIDADE TESTAMENTÁRIA

Art. 1.900. É nula a disposição:

I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;

II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;

III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;

IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.

Incisos I e II, o beneficiado pela herança testada deve ser pessoa determinada ou determinável, não se admitindo a absoluta indeterminação subjetiva.

(48)

4) PESSOA INCERTA, MAS DETERMINÁVEL

Art. 1.901. Valerá a disposição:

I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre

duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma

família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado;

II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia

de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem

determinar o valor do legado.

É possível que a pessoa beneficiada pelo testamento seja determinável, desde

que haja a especificação mínima. O que não se admite é a indeterminação

subjetiva absoluta.

Ato contínuo (desde que imediatamente).

5) DISPOSIÇÃO BENEFICIANDO POBRES

Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos

estabelecimentos

particulares de caridade, ou dos de assistência pública

, entender-se-á relativa

aos

pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte

, ou dos

estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em

mente beneficiar os de outra localidade.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão

sempre às públicas.

(49)

6) ERRO QUANTO A PESSOA DO HERDEIRO, LEGATÁRIO OU COISA

Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se.

O erro na designação anula a disposição, como ocorre nas demais modalidades de erro ou engano (art. 171, II CC), salvo se pelo contexto do testamento (...)

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente;

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. ERRO ACIDENTAL (art. 142 do CC)

Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

Ex. “Deixo meus carros para o meu motorista” os bens devem ir para o motorista e não para o caseiro.

7) NOMEAÇÃO DE HERDEIRO (2 OU +) = PARTILHA-SE

Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.

Utilização analógica do princípio Concursu partes fiunt que significa dizer que em obrigação divisível, concorrendo na mesma obrigação vários credores ou devedores, a obrigação se presume devida em tantas partes quantos sejam os credores ou devedores.

(50)

8) NOMEAÇÃO DE HERDEIRO INDIVIDUALMENTE E COLETIVAMENTE

Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.

Zeno Veloso (2008, p. 2.094): “A instituição é mista: certos herdeiros são nomeados

individualmente; Lygia, Odette; e outros são nomeados coletivamente: os filhos de Elias. Para cumprir o disposto neste artigo, a herança no exemplo dado, é dividida em três partes iguais: uma para Lygia, outra para Odette, e a terceira parte para os filhos de Elias, herdando estes por estirpe”.

9) INEFICÁCIA DE DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA

- Acessória= Segue a principal

Quando se torna nula a disposição principal, todas as acessórias tornam-se nulas também

Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador.

• Se o conteúdo de uma cláusula tiver o condão de prejudicar outras, a ineficácia de

uma cláusula contamina a outra.

• Trata-se de uma exceção à máxima pela qual a parte inútil do negócio em regra, não

prejudica a parte útil (art. 184 CC)

10) QUOTAS DE CADA HERDEIRO

Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária

Ex. Se o autor da herança testar 2 casa para um herdeiro e 2 casas para outro, restando ainda 3 casas, as últimas seguirão à sucessão legítima, que tem caráter subsidiário.

(51)

11) QUINHÕES DE ALGUNS HERDEIRO, MAS NÃO OS DE OUTROS

Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.

Ex. O autor da herança deixa 2 imóveis para um filho, três para outro. O testamento é feito também em favor de um terceiro filho, mas não determina quais são os seus bens. Se ainda restarem 2 casas, essas serão do terceiro filho, depois de asseguradas as quotas dos dois primeiros.

12) NÃO CAIBA AO HERDEIRO BEM CERTO E DETERMINADO

Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.

Ex. Meu filho José ficará com a propriedade dos meus direitos autorais, mas meu imóvel localizado no Goiabal, Amapá, não será transmitido ao meu filho José.

O bem (certo e determinado) que o testador não quis transmitir ao herdeiro deve ser partilhado entre os demais herdeiros do autor da herança.

13) ANULÁVEIS

Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação.

Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício.

(52)

14) CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE

Cláusula de inalienabilidade: veda a alienação do bem clausulado, seja por

venda, doação, dação em pagamento, transação hipoteca, penhor e outros.

Cláusula de incomunicabilidade: afasta a comunicação do bem, em qualquer

regime adotado, mesmo em comunhão universal

Cláusula de impenhorabilidade: impede que o bem seja penhorado, constrito

para garantir a execução.

Tais cláusulas podem ser temporárias ou vitalícias, sendo vitalícias, entende-se

que a morte do beneficiado extingue a eficácia da cláusula.

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de

liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.

Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua

alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante

autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre

os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.

“Testamento. Inalienabilidade. Com a morte do herdeiro necessário (art. 1.721

do CC), que recebeu bens clausulados em testamento, os bens passam aos

herdeiros deste, livres e desembaraçados. Art. 1.723 do Código Civil.” (STJ,

Resp 80.480/SP)

As cláusulas (inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade) devem

ser justificadas quando inseridas sobre a legítima, quota dos herdeiros

necessários.

(53)

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em

outros de espécie diversa.

§ 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens

gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros.

Para Zeno Veloso (2008, p. 2.034): “Mas não é só isso! o código exige que a causa seja ‘justa’, e a questão vai ser posta quando o estipulante já morreu, abrindo-se uma discussão interminável, exigindo uma prova diabólica, dado o subjetivismo do problema”

Os Tribunais afastam a incidência das cláusulas por entenderem não haver a citada justa causa.

“Arrolamento. Doação. Imposição de cláusula de impenhorabilidade. Retificação da doação, a fim de constar a justa causa da restrição a ser imposta. Necessidade. Não aceitação de cláusula genérica de justificação. Aplicação do art. 1.848 do Código Civil. Decisão mantida. Recurso desprovido.” (TJSP, Agravo de Instrumento 990.10.001924-4, Acórdão 528084, Limeira...)

“Doação. Cancelamento do gravame de inalienabilidade do imóvel. Art. 1.676 do Código Civil de 1916 que deve ser interpretado com temperamento. Doação que se tornou demasiado onerosa. Art. 1.848, caput, do Código Civil de 2002 que exige justa causa para previsão dessa cláusula. Aplicabilidade na hipótese. Inteligência do art. 2.042, do novo Código Civil. Restrição insubsistente. Recurso desprovido”. (TJSP, apelação com revisão 613.184.4/8, Acórdão 3499722...)

(54)

Por meio de autorização judicial e havendo justa causa é possível a alienação de bens clausulados, conforme art. 1.848 § 2º

“Cancelamento de cláusula abrangendo inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade incidentes sobre imóvel urbano. Morte dos doadores e instituidores da cláusula restritiva há mais de 14 anos. Manutenção do imóvel, difícil e custosa. Inexistência de razão para a permanência da restrição, que provoca prejuízo aos donatários maiores e capazes. Acolhimento do pedido de cancelamento do vínculo. Recurso provido” (TJSP, Apelação 994.09.319607-4, Acórdão 4647619, Rio Claro, ...)

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.

Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.

Súmula 49 do STF: A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens.

Obs: A cláusula de inalienabilidade é mais ampla. Quem diz inalienável quer dizer incomunicável e impenhorável.

Obs. Os bens de sucessão legítima só podem ser clausulados mediante indicação de justa causa; a parte disponível pode ser gravada livremente.

Art. 2.042. Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando aberta a sucessão no prazo de um ano após a entrada em vigor deste Código, ainda que o testamento tenha sido feito na vigência do anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916; se, no prazo, o testador não aditar o

testamento para declarar a justa causa de cláusula aposta à legítima, não subsistirá a restrição. Quando aberta a sucessão no prazo de um ano após a entrada em vigor do atual código (até 11/01/2004). Isso, ainda que o testamento tenha sido feito na vigência do CC/1916.

(55)

DOS LEGADOS

1)CONCEITOS:

Tartuce (2013): O legado constitui uma disposição específica

sucessória, realizada a título singular.

Normando (2004): É coisa certa e determinada deixada a alguém

denominado legatário, podendo ser em testamento ou codicilo

Hironaka (2007, p. 322/323): “entende-se o legado – segundo o

direito brasileiro – como a atribuição de certo ou certos bens a

outrem por meio de testamento e a título singular. Envolve, assim,

uma sucessão causa mortis que produzirá efeitos apenas com o

falecimento do testador. Consiste, sem dúvida, numa liberalidade

deste para com o legatário, o que não exige dizer que se deva sempre

traduzir em benefício para este último, já que pode ocorrer a vir a ser

o legado pelos encargos que acompanham ou mesmo vir a se

converter num ônus pesado demais para quem recebe.”

Wald (2002): O legado é coisa certa e determinada, integrante

da herança deixada pelo testador a alguém, a título singular

(56)

LEGADO

HERANÇA

Difere-se da herança porque nesta se transmite a

totalidade ou parte ideal do patrimônio do autor da

herança. Herdeiro nomeado também é diferente de

legatário

O legatário, por sua vez, é a pessoa que é

contemplada em testamento ou codicilo para suceder,

na titularidade do bem específico.

O herdeiro legítimo também pode ser legatário, ou

seja, recebe a parte ideal que lhe caiba na herança e

pode receber um legado – nesse caso, é chamado de

prelegatário ou legatário precípuo.

(57)

SUBLEGADO

Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou

legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem

(o sublegatário), não o cumprindo ele, entender-se-á

que renunciou à herança ou ao legado.

Os legados podem ser classificados em função de

seu objeto, o que é importante para o

disciplinamento de questões que podem se

materializar como fatos.

Referências

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