• Nenhum resultado encontrado

INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DERMATOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DERMATOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO

OTITE ALÉRGICA EM CÃES E GATOS

FLORIANÓPOLIS 2012

(2)

ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO

OTITE ALÉRGICA EM CÃES E GATOS

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós Graduação em Dermatologia Veterinária de Animais de Companhia pelo Instituto Qualittas de Pós Graduação.

Professor Orientador: Marconi Rodrigues de Farias

FLORIANÓPOLIS 2012

(3)

RESUMO

Na prática veterinária, a doença do sistema oto-vestibular é uma das enfermidades mais comumente diagnosticadas nos cães e gatos. Animais de estimação com otopatia nem sempre apresentam doença auditiva primária. As otopatias podem ser secundárias a uma dermatopatia pruriginosa por exemplo. Neste trabalho será feito um relato sobre as otites de causas alérgicas, sua definição, etiologia, diagnóstico, sintomas e tratamento. Quando o animal apresenta uma otite crônica com freqüente recidiva é importante que o médico veterinário avalie cuidadosamente a pele deste paciente para determinar a possível causa. A otite externa recorrente é provavelmente um sinal de problema dermatológico que necessita ser identificado e corrigido, e não uma doença confinada exclusivamente nos canais auditivos.

Palavras-chave: Otite Alérgica em Cães e Gatos; Otopatias Alérgicas; Otite Externa Crônico-recorrente.

(4)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Figura 1- Anatomia da orelha canina. Fonte: Spreull (1964)...07

(5)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...05

2. OTITE ALÉRGICA EM CÃES E GATOS...06

2.1 Definição e Classificação...06 2.2 Etiologia...07 2.3 Epidemiologia...08 2.4 Sinais Clínicos...09 2.5 Métodos Diagnósticos...10 2.6 Tratamento...12 2.7 Prognóstico...15 3. CONSIDERAÇÕES GERAIS...16 4. REFERENCIAS...17

(6)

1 INTRODUÇÃO

Na prática veterinária, a doença do sistema oto-vestibular é uma das enfermidades mais comumente diagnosticadas nos cães e gatos. Aproximadamente 15 a 20% de todos os pacientes caninos e 6 a 7% de todos os pacientes felinos possuem algum tipo de doença neste sistema, desde um eritema suave até uma severa otite média. (GOTTHELF, 2007). Segundo LEITE (2000), dados referentes aos principais estados brasileiros demonstram que cerca de 8 a 15% dos atendimentos de cães estão relacionados com quadros de otite externa clínica. Para este autor, quase 40% dos cães com dermatopatias demonstram algum comprometimento do aparelho oto-vestibular. Muitos proprietários desconhecem a otite em seus animais de estimação e estes muitas vezes só apresentam sinais clínicos quando a doença das orelhas torna-se severa. (GOTTHELF, 2007). Ao avaliar um paciente com otite externa, é importante determinar a causa e os fatores predisponentes e perpetuantes da otite. A otite externa não é mais vista como uma doença isolada do canal auditivo, mas sim uma síndrome que freqüentemente reflete uma doença dermatológica sistêmica. (ROSYCHUK, 1994; JACOBSON, 2002).

(7)

2. OTITE ALÉRGICA EM CÃES E GATOS

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A orelha canina e felina é uma estrutura delicada e que tem particularidades. Antes de pensar em classificações de otites e de etiologias envolvidas no processo, deve-se entender a fisiologia peculiar deste órgão responsável tanto pela audição como pelo equilíbrio.

Procedendo a entrada da orelha temos o pavilhão auricular, que apresenta em sua estrutura proeminências e reentrâncias bem definidas que são pontos de referência anatômica. O pavilhão auricular é rigidamente ereto no gato, ao contrário do cão, que compreende uma placa cartilaginosa que é ligeiramente convexa no aspecto exterior e côncava na superfície interna. Este segmento de pele, envolvendo cartilagem, apresenta-se com várias conformações e com diferentes graus de recobrimento piloso, variando conforme a definição racial dos animais. A orelha externa, que internamente é limitada pela membrana timpânica e segue até o meio externo pelo conduto ou canal auditivo, é a região mais envolvida nos processos otológicos. Seu formato peculiar aliado a seu revestimento muito semelhante à pele normal, cria um “problema fisiológico”. (LUCAS R., 2007).

Células descamativas e secreções glandulares formam o cerume, o qual é transportado para cima e para fora do canal auditivo pelo processo de “limpeza” da migração de células epiteliais (PATEL, 2010).

O meato acústico externo de um cão saudável não pode ser considerado estéril, pois ali habitam microrganismos variados, tais como estafilococos coagulase positivos, estreptococos e Malassezia pachydermatis (KISS, 1997).

A otite pode, ainda, ser dividida em dois grupos: 1) eritematosa e ceruminolítica, e 2) supurativa. A primeira é definida pela presença de eritema e aumento da produção de cerúmen, sendo observada a presença de bactéria e/ou levedura no exame citológico. A otite supurativa é determinada pela presença de pus, sendo observadas bactérias e polimorfonucleados no exame citológico. (HARVEY et al., 2004).

(8)

Figura 1- Anatomia da orelha canina, desde o pavilhão externo a cavidade timpânica. Fonte: Spreull (1964)

2.2 ETIOLOGIA

As causas subjacentes ou fatores que levam a otite externa em cães e gatos podem ser divididos em três grupos principais: fatores predisponentes, causas primárias e fatores perpetuantes.

Os fatores predisponentes são aqueles que colocam o paciente num maior risco de desenvolver uma doença auditiva. Dentre eles podemos citar: estenose, excesso de pelo, produção excessiva de cerúmen, traumas do canal auditivo, obstruções por tumores, pólipos ou excesso de tecido de granulação. Estas condições favorecem a colonização e invasão pelos microrganismos residentes e transitórios. Existe uma variedade de bactérias comensais e leveduras que colonizam o canal auditivo, incluindo a Malassezia spp, estafilococos

(9)

coagulase-negativos, estreptococos, Micrococcus, Actinetobacter e outros. Sob circunstâncias normais, estes microrganismos não são patogênicos e provavelmente cumprem um importante papel na ocupação de nichos microbianos, e em conseqüência prevenindo a colonização por microrganismos mais patogênicos. (GOTTHELF, 2007.)

As causas primárias são os fatores que causam a inflamação inicial no interior do canal auditivo. As doenças alérgicas consideradas causas primárias de otite externa em cães e gatos são: a dermatite atópica, a hipersensibilidade à trofoalérgenos, a dermatite alérgica a picada de pulga (DAPP), a alergia a medicamentos e a dermatite por contato. A causa mais comum de otite externa recorrente é a dermatite atópica. Até 86% dos cães atópicos desenvolvem otite externa. A dermatite atópica é razoavelmente bem caracterizada nos cães e consideravelmente menos caracterizada nos gatos. (GROSS et al, 2009).

Os fatores perpetuantes surgem secundariamente de um processo primário, evitando a resolução e resultando da continuação da doença. Inflamações de longa duração na orelha causam uma hiperplasia glandular, aumento da produção de cerúmen, aumento da descamação e redução da migração das células epiteliais, resultando no acúmulo da secreção auricular. Dentre os fatores perpetuantes destacam-se: a infecção bacteriana secundária, a infecção leveduriforme, as alterações patológicas crônicas, a ruptura da membrana timpânica, a otite média, e os erros no tratamento (LOGAS, 1994; LEITE, 2000).

2.3 EPIDEMIOLOGIA

Machos e fêmeas apresentam a mesma predisposição ao desenvolvimento da otite externa. Em relação às espécies, os cães são mais predispostos do que os gatos, no aparecimento dessa doença, principalmente quando relacionadas as alergias. Nos felinos, a maior incidência de otite externa esta relacionada à presença do ácaro Otodectes cynotis.

Em relação a espécie canina, as raças mais acometidas são as que apresentam tipos de orelhas que resultam no aumento da umidade no interior do canal auditivo. Raças com orelhas caídas e cães que vivem em climas úmidos e quentes estão sob maior risco. Os Sharpeis também são predispostos devido ao

(10)

canal auditivo ser congenitamente estenosado com o pavilhão auricular que fecha a abertura do canal auditivo. Raças como Poodles podem também ter um risco alto devido à presença de muitos pelos no canal auditivo (PATEL, 2010). Quando se considera a predisposição racial, há uma prevalência muito maior de otite em cães da raça Cocker Spaniel, bem como alterações proliferativas mais significativas no canal auditivo (WHITE e POMEROY, 1990). A partir dessa informação, ANGUS et al. (2002) deduziram que deveria haver nessa raça mais do que um fator predisponente que justificasse o maior número de casos de otite que em outras raças com orelhas pendulares, como Setters Irlandeses ou Beagles. Através de exames histológicos de tecidos do canal auditivo, foi verificado que cães Cocker Spaniel têm uma resposta tecidual mais exacerbada ao estímulo inflamatório que as outras raças, o que determinaria maior tendência ao desenvolvimento de otites crônicas. Alem disso, Labradores e Cocker Spaniels, mesmo quando saudáveis, possuem maior quantidade de glândulas apócrinas do que os cães de outras raças. A quantidade de glândulas apócrinas é consideravelmente maior em cães com otite, o que demonstra haver uma relação entre a infecção e predomínio dessas glândulas. (STOUT-GRAHAM et AL, 1990).

A otite externa secundária à dermatite trofoalérgica é bastante comum em cães com menos de um ano de idade apresentando quadro de otite externa crônica, ou em cães mais velhos com início agudo de otite sem histórico prévio de problemas auditivos (LOGAS, 1994). Cães e gatos com menos de 6 meses de idade com otite aguda bilateral e sem evidência de ácaros ou corpo estranho em canal auditivo é provável que tenham hipersensibilidade alimentar.

2.4 SINAIS CLÍNICOS

Balançar de cabeça, prurido, evidência de autotraumatismos (escoriações, hematoma aural, dermatite úmida aguda), corrimento otológico, odor fétido, edema e dor. O prurido é provavelmente a causa mais comum de lesões no pavilhão auricular em cães e gatos. O prurido do pavilhão auricular é causado mais frequentemente por otite externa (por exemplo, sarna otodécica, corpo estranho, otite externa por

(11)

Malassezia spp e dermatite atópica) ou doenças faciais (por exemplo, intertrigo, hipersensibilidade à trofoalérgenos, dermatite atópica e conjuntivite).

O prurido resulta em alopecia do pavilhão auricular, escoriações e formação de crostas. O eritema da parte côncava do pavilhão auricular é observado em mais de 50% dos casos de dermatite atópica em cães e é o único sintoma durante um ano ou mais, antes do desenvolvimento de outros sintomas, em pelo menos 3% dos casos caninos. Essa inflamação crônica pode levar a infecções secundárias, bacterianas ou por levedura (SCOTT, 2006). Ocorre normalmente liquenificação e o engrossamento da parte côncava do pavilhão auricular. A seborréia e a dermatite por Malassezia spp. são complicações comuns. A otite externa, queilite e conjuntivite são também encontradas freqüentemente na dermatite atópica canina e também causam prurido e trauma do pavilhão auricular.

Nos casos iniciais, apenas o pavilhão externo e o canal auditivo vertical estão afetados, sendo que o canal auditivo horizontal só é comprometido quando a doença progride e permite a infecção bacteriana secundária (LOGAS, 1994).

A apresentação clínica da dermatite atópica é bastante diferente em gatos. A otite externa, e o trauma do pavilhão auricular relacionado, são incomuns e até mesmo raros. A dermatite atópica em felinos é uma causa primária comum do prurido não lesional da face, pescoço e pavilhão auricular. Sarna otodécica e dermatite trofoalérgica são diagnósticos diferenciais para dermatite atópica nessa espécie (GOTTHELF, 2007).

2.5 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

O primeiro procedimento diagnóstico que deve ser realizado em pacientes com queixa de otite é a otoscopia. (LYNETTE, 2004). Uma avaliação completa da otite externa crônica envolve alguns dos seguintes procedimentos: avaliação citológica da secreção auricular de ambos os canais auditivos e da bula timpânica,

se houver evidência de otite média; cultura bacteriana e antibiograma; avaliação radiográfica, ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética dos canais auditivos e bulas timpânicas; limpeza completa e exame manual ou vídeo otoscópio dos canais auditivos; avaliação completa de doenças subjacentes,

(12)

incluindo hemograma, bioquímica sérica, quando necessário, testes dietéticos e teste cutâneo intradérmico ou ELISA. (PATEL, 2010). O exame citológico de qualquer corrimento auricular deve ser um procedimento padrão quando frente a uma otite externa.

O canal auditivo externo de cães e gatos contêm um pequeno número de bactérias residentes normalmente. Coagulase-negativo Staphylococcus spp., Staphylococcus coagulase-positiva spp. e Streptococcus spp., são as bactérias mais freqüentemente isoladas dos canais auditivos normais. Qualquer bactéria encontrada na presença de leucócitos deve ser considerado patológico (GOTTHELF, 2007).

Ocasionalmente, leveduras do gênero Malassezia spp. podem ser encontradas no canal auditivo normal. Grande número de leveduras será observado em casos de otite externa por Malassezia spp. A citologia é a ferramenta mais utilizada para diferenciar entre a colonização residente normal e um super crescimento. A estimativa citológica dos números pode fornecer um guia para o clínico, entretanto, no final, a decisão para o tratamento da otite por Malassezia spp.

depende de uma combinação de achados citológicos, da severidade dos sinais clínicos, da história anterior de otite fúngica e da resposta à terapia prévia em cada paciente individualmente. (GOTTHELF, 2007).

Cocos e bacilos podem ser vistos na otite bacteriana e não é incomum o achado de uma ampla variedade de microrganismos. Se uma infecção por bacilos estiver presente, amostras para cultura bacteriana e teste de sensibilidade devem ser feitos antes do início da terapia. A presença de neutrófilos e bacilos fagocitados é muito sugestiva de infecção por Pseudomonas aeruginosa (PATEL, 2010). Após identificação bacteriana, o clínico deve determinar se há monocultura de apenas um tipo morfológico ou infecção mista presente e, em seguida, descrever a morfologia bacteriana observada. A presença de cocos grandes arranjados em pares ou tétrades é a morfologia típica de Staphylococcus spp.; cocos pequenos em pequenas correntes são característicos de Streptococcus e Enterococcus spp. Mesmo com diretrizes, a cultura laboratorial é necessária para uma especificação definitiva. (GOTTHELF, 2007).

(13)

Radiografia da bula pode ser útil na avaliação de otite externa crônica e ajuda na decisão entre o problema ser tratado com medicamentos ou ser indicada a cirurgia. Doença da orelha externa pode resultar em calcificação das cartilagens auriculares e estreitar o canal auricular externo. Na orelha média, a avaliação completa da bula consiste em projeções ventrodorsal, rostrocaudal de boca aberta, lateral e oblíquas direita e esquerda. Alterações compatíveis com otite média incluem aumento da densidade ar da bula, espessamento, lise ou irregularidade da parede de uma ou ambas as bulas. (PATEL, 2010).

2.6 TRATAMENTO

O tratamento da otite externa consiste na identificação dos fatores predisponentes, primários e perpetuadores, além da limpeza do canal auditivo, terapia tópica adequada, terapia sistêmica quando necessária, educação do proprietário, acompanhamento do paciente, terapia de manutenção e terapia preventiva. (ROSYCHUK, 1994; JACOBSON, 2002).

A princípio, a terapia das otites caninas pode parecer simples, principalmente quando se considera o grande número de produtos tópicos destinados a cumprir essa função. Os objetivos do tratamento são: a limpeza e secagem completa das orelhas; tratar infecções específicas; reduzir a inflamação; melhorar a ventilação do canal auditivo pela resolução da estenose, remover o excesso de pelos, corrigir as causas predisponentes e causas primárias de doenças otológicas.

A terapia para otite canina externa pode ser iniciada após o exame citológico da secreção auricular. A presença de quantidades excessivas de células leveduriformes de Malassezia pachydermatis no exame citológico prediz a infecção por essa levedura muito antes da cultura micológica, que só pode ser obtida 24 horas a quatro dias após a semeadura (ROSYCHUK, 1994). Há grande variação na literatura quanto ao melhor antifúngico para tratamento da malassezioze ótica. No estudo de KISS at al. (1997a), a levedura Malassezia pachydermatis mostrou-se sensível aos seguintes antifúngicos, em ordem crescente de eficácia: nistatina,

(14)

miconazol, clotrimazol, econazol e cetoconazol. NAKANO et al. (2005), no Japão, verificaram que as sensibilidades in vitro da Malassezia pachydermatis ao cetoconazol, à terbinafina e à nistatina foram semelhantes. EICHENBERG et al. (2003), no Rio Grande do Sul, obtiveram 100% de sensibilidade in vitro ao itraconazol, 97,6% ao fluconazol, e 96,3% ao cetoconazol.

O uso de acaricida é essencial para o combate do ácaro Otodectes cynotis, sendo mais comumente utilizado o tiabendazol e o diazinon, ambas drogas com efeito residual limitado, requerendo aplicação regular por no mínimo 10 dias até se completar o ciclo, uma vez que o produto não atinge os ovos, atuando apenas nas larvas e ácaros adultos (CURTIS, 2004).

Ao se planejar um protocolo terapêutico para um cão com otite externa, deve-se levar em consideração um possível efeito ototóxico das substâncias envolvidas. Um agente ototóxico é definido como qualquer substância que possa induzir à perda da audição ou à ocorrência de distúrbios do equilíbrio, devido lesões às estruturas das orelhas médias e ou internas (MERCHANT, 1994). As drogas ototóxicas mais comumente usadas na rotina veterinária são: antibióticos aminoglicosídeos (estreptomicina, gentamicina, neomicina), outros antibióticos (cloranfenicol, eritromicina, polimixina B), antissépticos (álcoois, clorexidine, iodo), entre outros. (NUTTALL, 2004)

Os produtos para limpeza otológica podem ser ceruminolíticos, surfactantes, espumantes, adstringentes ou anti-sépticos, podendo ter agentes antiinflamatórios incorporados (ROSYCHUK, 1994). São considerados produtos ceruminolíticos os óleos orgânicos e solventes (propilenoglicol, lanolina, glicerina e óleo mineral), comumente incluídos em produtos de limpeza otológica com a função de amolecer e dissolver o cerúmen. São indicados para orelhas com média quantidade de cerúmen e com membranas timpânicas intactas. (GRIFFIN,1996).

Produtos surfactantes auxiliam na emulsificação do cerúmen, sendo indicados tanto para otites ceruminosas como purulentas. Já os produtos detergentes são mais irritantes, sendo contra-indicados quando há ruptura da membrana timpânica. (GRIFFIN, 1996).

(15)

Em alguns casos, quando há infecção bacteriana secundaria é necessário a realização de terapia antibacteriana tópica e sistêmica. Quando já existe uma otite média, será necessário, sob anestesia geral, a lavagem do canal auditivo externo e bula timpânica. A seleção da terapia tópica e sistêmica deve ser baseada nos testes de cultura e antibiograma. A resistência bacteriana é um grande problema no qual pode ser necessário o uso de antibióticos não licenciados (PATEL, 2010).

A medicação sistêmica em pacientes com otite externa geralmente está reservada para os casos crônicos ou recidivantes, devendo sempre estar associada à medicação tópica.

O glicocorticóide tem grande valor no tratamento da otite externa. Eles reduzem o edema, a hiperplasia, as secreções glandulares e esfoliações, tornando o canal auditivo menos favorável aos microrganismos. Prednisolona deve ser administrada na dosagem de 1 a 4 mg/kg/dia, dependendo da gravidade das alterações patológicas, pelo período de 1 a 3 semanas. Uma vez que o edema e a inflamação tenham diminuído e o lúmen tenha retornado ao diâmetro normal, a terapia deve ser gradualmente retirada. (PATEL, 2010).

Havendo comprometimento da membrana timpânica, como por exemplo mudança em sua coloração, uma miringotomia será necessária. Para esse procedimento, as vias aéreas deverão estar protegidas para evitar a aspiração de qualquer líquido que possa atravessar a orelha média em direção à região da faringe oral, através da tuba auditiva. Se a membrana timpânica estiver rompida o paciente apresenta otite média (LYNETTE, 2011).

A cirurgia deve ser considerada como último recurso quando o tratamento médico for ineficaz. É importante lembrar que com a ressecção de ambos, canal auditivo lateral e do canal auditivo vertical, a técnica remove cronicamente os tecidos acometidos, mas os problemas de pele subjacentes ainda precisarão de diagnóstico e tratamento (PATEL, 2010).

(16)

2.7 PROGNÓSTICO

O prognóstico para os casos de otite alérgica em cães e gatos é reservado já que a doença possui alto grau de recidiva. Além disso, os resultados da terapia com produtos otológicos que normalmente combinam mais de um princípio ativo, buscando muitas vezes atingir fungos e bactérias simultaneamente, quando utilizados à revelia, sem a realização prévia de cultura microbiana e do devido antibiograma, poderá tornar o microrganismo envolvido na infecção, resistente ao antimicrobiano contido no produto. Um animal com histórico recorrente de otite externa pode vir a desenvolver otite média (GOTTHELF, 2004).

(17)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A otite externa relacionada aos processos alérgicos é muito comum nos cães e frequente em algumas raças específicas. Na espécie felina a otite externa esta mais relacionada à presença do ácaro Otodectes cynotis e a Hipersensibilidade alimentar do que a Dermatite atópica.

Tratamento bem sucedido de otite requer precisão e identificação da causa primária, dos fatores perpetuantes e predisponentes. Anamnese e exame clinico completo é importante para um diagnostico adequado. Avaliar se o paciente é um nadador regular, se há evidência de doença endócrina, exposição a outros animais, sugerindo uma doença contagiosa, se há evidência de prurido em outras áreas do corpo. Um adequado exame clínico, e realizações de exames complementares, são imprescindíveis. É importante ressaltar que a pele que reveste o conduto auditivo externo é susceptível as mesmas doenças que afetam o resto do corpo. Por isso o tratamento da otite externa relacionada à Dermatite Atópica, tanto em cães como em gatos, para se obter o controle da patologia é necessário que a causa primária, nesse caso a Atopia, seja também seriamente tratada.

(18)

REFERÊNCIAS

GOTTHELF, Louis. Doenças do Ouvido em Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca, 2007.

KISS, G.; RADVAYI, S.Z.; SZIGETI, G. New combination for the therapy of canine otitis externa. I- Microbiology of otitis externa. J. Small Anim. Pract., v.38, p.51-56, 1997.

LOGAS, D.B. Diseases of the ear canal. Veterinary Clinic of North American Small Animal Practice. v.5, n.24, p. 905, 1994.

LUCAS, R. Higienização das Orelhas de Cães: Quando e Como? Rev. Nosso Clínico, a.10, n. 58, p. 6-8, 2007.

LYNETTE K. Cole. Otoscopic evaluation of the ear canal. Vet Clin Small Anim, v 34, p. 397-410, 2004.

LEITE, C.A.L Entendendo a otite externa de cães e gatos: um guia prático para o profissional veterinário. 2a.ed. Universidade Federal de Lavras : Lavras, 40p., 2000b.

MERCHANT, S.R. Ototoxicity. Veterinary Clinic of North American Small Animal Practice. v.24, n.5, p. 971-979, 1994.

NUTTALL, T.; COLE, L. Ear cleaning: the UK and US perspective. Veterinary Dermatology. v. 15, p.127-136, 2004.

PATEL, Anita; et al. Dermatologia em Pequenos Animais. Série Clínica Veterinária na Prática, p. 323-330. Sauders: Rio de Janeiro, 2010.

ROSYCHUK, R.A.W. Management of otitis externa. Veterinary Clinic of North American Small Animal Practice. v. 24, n.5, p.921-951,1994.

ROSSER, E.J. Jr. Diagnosis of food allergy in dogs. Journal of American Veterinary Medical Association. v.2, n. 15, p. 259-262, 1993.

(19)

ROUGIER, S.; BORELL, D.; PHEULPIN, S.; WOEHRLE, F.; BOISRAME, B. A comparative study of two antimicrobial/anti-inflammatory formulations in the treatment of canine otitis externa. Veterinary Dermatology v.5, n.16, p.299-307, 2005.

SCOTT, D; et al. Muller & Kirk´s: Dermatologia en Pequeños Animales. 6 ed. Buenos Aires: Inter-Médica, 2002

Referências

Documentos relacionados

autor, as manifestações populares carnavalescas como os cordões, ranchos e blocos eram estratégias e artimanhas utilizadas pelos populares como meio de resistência,

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Um tratamento de câncer infantil em que os cui- dadores são acompanhados pelo serviço de psicologia, pode tornar o tratamento um processo menos ambiva- lente de se vivenciar,

“concordo moderadamente”, mas na terceira o maior número de registros foi na assertiva “concordo muito”. O segundo passo metodológico foi a entrevista de devolução,

Serpentine, alstonine et sempervirine, medicaments inhibant specifiquement les cellules cancéreuses et tumorales.. The African species of Strychnos.Part.II .The

O Custeio Baseado em Atividade nas empresas de prestação de serviço, assim como na indústria, envolve os seguintes passos: os recursos consumidos são acumulados por

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e