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Mortalidade de crianças e adolescentes no Distrito Federal e região do Entorno (RIDE): condições de vida e desigualdades intra-urbanas *

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Mortalidade de crianças e adolescentes no Distrito Federal e

região do Entorno (RIDE): condições de vida e

desigualdades intra-urbanas

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Angela Raquel de Araújo Pereira♣♣ Marília Miranda Forte Gomes♣♣ Marina Harumi Okubo♣♣ Ana Maria Nogales Vasconcelos♣♣

Palavras-chave: mortalidade, infantil, adolescência, violências, desigualdades intra-urbanas

Resumo

Entre as Unidades Federativas do Brasil, o Distrito Federal destaca-se como aquela que apresenta um dos mais elevados índices de desenvolvimento humano (IDH=0,844). No que se refere ao aspecto saúde, o Distrito Federal caracteriza-se pela redução dos níveis de mortalidade infantil nas décadas de 1980 e 1990, alcançando valores relativamente baixos, quando comparados com outras Unidades da Federação (em torno de 16 por mil em 2000). O presente trabalho tem como objetivo analisar a mortalidade infantil (neonatal e posneonatal) e infanto- juvenil (entre 1 e 19 anos), segundo estruturas por causas de mortes e condições socioeconômicas, evidenciando as desigualdades de ntro do Aglomerado urbano do Distrito Federal (Distrito Federal e Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal - RIDE). Foram utilizados os dados dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM) e sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, e do Censo Demográfico 2000 (IBGE) para a caracterização socioeconômica e demográfica dos 21 municípios que compõem a RIDE e do Distrito Federal segundo Regiões Administrativas. O Aglomerado urbano foi dividido em quatro sub-regiões: 1) centro do DF, 2) cidades consolidadas no DF, 3) cidades de assentamentos recentes no DF, e 4) RIDE. Se, de um lado, os indicadores agregados mostram condições de vida e níveis de mortalidade bastante favoráveis para o Distrito Federal, por outro lado, ao considerar níveis geográficos mais detalhados, observam-se enormes desigualdades socioeconômicas que observam-se refletem nos níveis e estruturas por causas da mortalidade entre crianças e adolescentes.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

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Mortalidade de crianças e adolescentes no Distrito Federal e

região do Entorno (RIDE): condições de vida e

desigualdades intra-urbanas

∗∗

Angela Raquel de Araújo Pereira♣♣ Marília Miranda Forte Gomes♣♣ Marina Harumi Okubo♣♣ Ana Maria Nogales Vasconcelos♣♣

Introdução

Entre as Unidades Federativas do Brasil, o Distrito Federal destaca-se como aquela que apresenta um dos mais elevados índices de desenvolvimento humano (IDH=0,844). No que se refere ao aspecto saúde, o Distrito Federal caracteriza-se pela redução dos níveis de mortalidade infantil nas décadas de 1980 e 1990, alcançando valores relativamente baixos, quando comparados com outras Unidades da Federação (em torno de 15 por mil em 2000). O presente trabalho tem como objetivo analisar a mortalidade infantil (neonatal e posneonatal) e infanto- juvenil (entre 1 e 19 anos), segundo estruturas por causas de mortes e condições socioeconômicas, evidenciando as desigualdades dentro do Aglomerado urbano do Distrito Federal (Distrito Federal e Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal - RIDE). Para tanto, são utilizadas as informações dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM) e sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde e Censo Demográfico 2000.

O Aglomerado Urbano de Brasília

Formação e composição

Na Região Centro-Oeste localiza-se a Unidade Federativa do Distrito Federal onde se encontra Brasília, cidade de caráter especial, por ter sido criada por meio de uma decisão governamental para ser a capital do Brasil. O que também a torna diferente é o fato de ter sido planejada, já sendo determinado, inclusive, o destino do uso das terras urbanas. Apesar de a formação de um aglomerado urbano já estar prevista no planejamento da capital, Brasília insere-se no processo de urbanização brasileiro não apresentando uma dinâmica muito diferenciada das demais metrópoles do Brasil (Hogan, 2001).

Brasília foi construída durante a década de 1950, fase de intensa industrialização substitutiva de importações, com a produção de bens de consumo, intermediários e de capital. Nessa época, mudanças nas estruturas sociais e o processo de urbanização se intensificam

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

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com o surgimento de pequenos e médios centros urbanos no interior que necessitavam de pontos de articulação, uma vez que o próprio sistema urbano se criara desarticulado (Barbosa Ferreira, 1985).

Brasília, portanto, surge não como ponto central de um mercado, mas sim implantada numa área até então de baixa densidade demográfica onde o fluxo populacional foi de tal porte durante a construção da capital que, a partir dos primeiros trabalhadores, cerca de 500, em 1956, a população passa para 12.700 em 1957, e na inauguração da cidade já contava com uma população de mais de 127.000 habitantes (IBGE, 1956 e 1960). A cidade caracteriza-se como um mercado consumidor urbano de grande potencial, já que sua função de capital garantia uma população de funcionários com poder aquisitivo elevado e também como apoio e ponto de partida para a expansão da ocupação do centro-norte brasileiro.

A população da cidade duplicou entre 1959 e 1960, fato atribuído à migração provocada pela intensificação das obras para que fosse cumprida a data da inauguração. Em 1972, a CODEPLAN (Companhia de Desenvolvimento do Planalto) estimou em 145.462 moradores imigrantes e em 8.816 a contribuição do incremento vegetativo. Como a cidade que estava sendo construída já tinha sua função definida e o destino das moradias definido (para a população ligada ao funcionalismo público), a população migrante formava favelas e acampamentos no espaço em construção. Para evitar o crescimento desordenado do centro foram criados núcleos periféricos quase que simultaneamente à cidade, começando em 1958 com o Núcleo Bandeirante e Taguatinga. Em 1960, o IBGE já registrava a expansão de Sobradinho e o início do Gama. Em 1970, essa periferia abrigava 66% da população urbana do Distrito Federal, encontrando-se aí também 91% das mais baixas taxas de renda bruta familiar do aglomerado (Barbosa Ferreira, 1976). Fica evidente o processo de separação espacial por renda, tão comum nas maiorias das metrópoles urbanas br asileiras.

A divisão política-administrativa do Distrito Federal compreende os núcleos centrais e as cidades periféricas. Em 2000, 19 Regiões Administrativas2 formavam o Distrito Federal: Lago Norte, Lago Sul, Cruzeiro, Guará, Taguatinga, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo, Gama, Santa Maria, Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, São Sebastião e Brasília, o núcleo urbano planejado, conhecido como Plano Piloto.

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Dados relativos ao ano de 2000. A partir de 2001 as Regiões Administrativas do Distrito Federal passam a serem divididas em vinte e cinco RA’s devido ao surgimento de novas regiões e desmembramentos de antigas, passando a ser dividido em: Paranoá, Plano Piloto, Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Planaltina, Sobradinho, Taguatinga, Samambaia, Cruzeiro, São Sebastião, Recanto das Emas, Santa Maria, Candangolândia, Lago Sul, Lago Norte, Riacho Fundo, Águas Claras, Riacho Fundo 2, Sudoeste, Octogonal, Varjão, Sobradinho 2

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Figura 1

Distrito Federal e suas Regiões Administrativas

Fonte: CODEPLAN

A partir das décadas de 1980 e 1990 intensifica-se a expansão da ocupação dos municípios limítrofes ao Distrito Federal que surgem como fenômeno irreversível de expansão e constituição de periferia regional do DF (tabela 1). Porém sua constituição é diferenciada das demais periferias metropolitanas, uma vez que a ocupação desses novos espaços tem uma função eminentemente residencial, com características de municípios-dormitórios, gerando assim o constante deslocamento do tipo pendular por parte dos habitantes dos municípios mais afastados (Hogan, 2001).

A preocupação em se institucionalizar e delimitar a área de influência do Distrito Federal surge já na década de 70, marcando assim o surgimento da chamada “região do entorno”. Mais recentemente, em fevereiro de 1998, foi instituída a Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno (RIDE), que corresponde à área de influência mais direta do DF, com características de região metropolitana. A RIDE é formada pelos municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás e Vila Boa no Estado de Goiás e de Unaí e Buritis no Estado de Minas Gerais.

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Características demográficas e socio-econômicas

Saúde

Para efeito de exemplificação do que ocorre na área de saúde, comparou-se o número de leitos para internação em estabelecimentos de saúde segundo resultados da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária realizada pelo IBGE em 2002.

Como podemos observar na Tabela 2, a infra-estrutura de saúde está concentrada no Distrito Federal, sobretudo a de esfera pública. “A relação estreita entre o DF e o seu Entorno (trabalho, educação e serviços de saúde) e a concentração de serviços públicos de saúde na DF fazem com que a população residente no Entorno busque assistência médica no núcleo do Aglomerado” (Vasconcelos, 2003).

Crescimento Populacional

No Distrito Federal durante o período de 1970-1980, a população cresceu a uma taxa de 8,2% ao ano, no período de 1980-1991, o ritmo de crescimento foi de 2,8%, mantendo-se no período de 1991-2000, representando uma redução de aproximadamente 65%. Já no Entorno, entre 1970 e 1980, a taxa de crescimento verificada foi de 9,1%, ou seja, 250% superior ao período anterior cujo crescimento foi de 2,6%. Em 1991, a população desta região era de 303.850 habitantes, passando a ser 608.039 no ano de 2000. Esse aumento em números absolutos representou ganho anual acima de 30.000 habitantes no período de 1991-2000.

Total Federal Estadual Municipal Total SUS

Distrito Federal 4797 3023 540 2483 - 1774 461

Região Integrada de Desenvolvimento do

Distrito Federal e Entorno 1079 395 - 34 361 684 535

% do Distrito Federal 81,6 88,4 100 98,6 - 72,2 46,3

Fonte: IBGE, Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária, 2002.

Leitos para internação em estabelecimentos de saúde, por esfera administrativa, segundo unidade geográfica. Distrito Federal e Região do Entorno. 2002.

Tabela 2

Público Privado

Local Total

Distrito Entorno Distrito Entorno

Federal Imediato Federal Imediato

1960 70.070.457 140.164 38.860 3 -

-1970 93.139.037 537.492 50.445 2,9 14,4 2,6

1980 119.002.706 1.176.935 120.797 2,5 8,2 9,1

1991 146.825.475 1.601.094 303.860 1,9 2,8 8,7

2000 169.799.170 2.051.146 608.039 1,6 2,8 8,2

Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1960-2000

Brasil Brasil

Ano

Tabela 1 1960-2000.

População e taxa de crescimento anual. Brasil, Distrito Federal e Entorno Imediato de Brasília

Taxa de crescimento anual (%) População

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Ao se tomar alguns municípios do Entorno, verificam-se taxas de crescimento bastante elevadas. Santo Antônio do Descoberto, por exemplo, passou de 35.509 habitantes em 1991 para 107.672 em 1996. Planaltina de Goiás também aumentou consideravelmente seu contingente populacional no período de 1991 a 1996: sua taxa de crescimento foi de 9,2% ao ano. Crescimento este, muito superior quando comparado ao do DF, de 2,6% ao ano.

O crescimento populacional da Região do Entorno foi determinado pela manutenção da imigração interestadual em direção ao DF e pelos movimentos migratórios intraregionais representados basicamente pelo fluxo de pessoas que deixam o centro da Região em direção aos municípios goianos e mineiros limítrofes às Regiões Administrativas de Distrito Federal (Hogan, 2001).

Renda e Escolaridade

O Distrito Federal apresenta um nível de desenvolvimento socio-econômico elevado em relação à média nacional. De acordo com o recenseamento de 2000, a renda média mensal dos chefes de família no DF, em torno de US$ 800,00, era 2,3 vezes mais elevada que a renda média nacional, que era de US$ 350,00. Por outro lado, 39,9% dos chefes de família do DF tinham menos de 11 anos de estudo, no entanto esta proporção era somente de 21,7% a nível nacional.

De acordo com a Tabela 3, a renda média mensal de um chefe de família no Centro do DF que compreende Brasília, Lago Norte, Lago Sul e Cruzeiro, era em 2000, 2,3 vezes mais elevada que a média das cidades consolidadas no DF (Gama, Guará, Taguatinga, Candangolândia, Sobradinho e Núcleo Bandeirante) e 5,2 vezes mais elevada do que a cidades de assentamento recentes no DF (Brazlândia, Ceilândia, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria e São Sebastião). Em relação ao Entorno esta diferença é bem mais acentuada, com um renda média mensal quase sete vezes menor que a do Centro do DF.

Quanto ao nível de escolaridade dos chefes de família, o Censo de 2000 revela fortes disparidades. Enquanto que 83,4% dos chefes residentes no Centro do DF tinham no mínimo 11 anos de estudo, esta proporção era de 53,5% para as cidades consolidadas no DF, 22,5% para as cidades de assentamento recente no DF e somente 13,6% para a Região do Entorno.

De um modo geral, a população residente na Região do Entorno apresenta um perfil socioeconômico próximo da Região compreendida pelas cidades de assentamento recentes no DF e inferior à média nacional.

Proporção de chefes de famílias com no mínino 11 anos de estudos

Centro do DF 2066,79 100.0 83,4

Cidades consolidadas no DF 905,12 43,8 53,5

Cidades de assentamentos recentes no DF 393,68 19,0 22,5

Distrito Federal 801,45 38,8 39,9

Região do Entorno 300,38 14,5 13,6

Brasil 349,77 16,9 21,7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 Base: Centro do DF = 100

Tabela 3

Regiões Renda em US$ Índice de renda

Renda média mensal do chefe de família (em US$) e proporção de chefes com no mínimo 11 anos de estudos por Região. Distrito Federal. 2000

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Análise da mortalidade infantil

Taxas de mortalidade infantil

A mortalidade infantil é utilizada como um indicador de avaliação das condições de saúde e de vida da população (Simões, 2002). A Taxa de Mortalidade Infantil corresponde ao risco que um nascido vivo tem de vir a falecer antes de completar um ano de idade.

Comparando as regiões pelo qual dividiu-se o Aglomerado Urbano, o que podemos observar é que as Regiões das Cidades consolidadas no DF, das Cidades de assentamentos recentes no DF e da RIDE apresentam características semelhantes entre si, ligeiramente diferentes da Região Central do DF.

Na Região do Centro do DF, a participação da mortalidade neonatal na infantil foi de 75% entre 1999 e 2001. Nas Regiões das Cidades consolidadas no DF e nas Cidades de assentamentos recentes no DF, esta participação esteve em torno de 70% e para a RIDE, foi de 68,8%. Isto indica que os óbitos se concentram nas primeiras semanas de vida das crianças, principalmente nos primeiros sete dias, e as mortes são principalmente por causas genéticas e causas ligadas ao parto.

Este fato ressalta a importância de acompanhar a mãe desde o início de seu período gestacional, não deixando de se preocupar com os fatores ligados ao meio em que a criança viverá, tais como condição de saneamento, nutrição, etc.

Causas de mortalidade em crianças menores de um ano

As quatro regiões em estudo apresentam semelhantes estruturas por causas de morte básicas para os óbitos menores de um ano. As principais causas de morte estão ligadas a algumas afecções originadas no período perinatal, seguidas de malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas.

Causas Infecciosas

Sistemas Respiratório Doenças do período perinatal Anomalias Comossômicas. e mal fomações congênitas Causas externas

Maldefinidas Outras

Fonte: DATASUS - MS - SIM

20,94 7,40 3,44 5,73 6,88 6,25 49,38 4,12 3,70 6,64 4,79 5,13 54,08 21,53 4,34 2,75 7,38 4,63 4,05 53,98 22,87 3,13 1,25 56,25 31,25 2,50 0,63 5,00 Tabela 4

Mortalidade proporcional por causas para menores de um ano segundo as sub-regiões do Distrito Federal e Região de Entorno (RIDE).

Centro do DF Cidades consolidadas Cidades de assentamento RIDE

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Vale ressaltar a ocorrência de causas de morte por inalação de conteúdo gástrico, principalmente, nas Cidades consolidadas no DF e nas Cidades de assentamentos recentes no DF, evidenciando a falta de informação no que se refere aos cuidados do recém-nascido. Chama a atenção a causa de mortalidade ligada à desnutrição protéico calórica nas Cidades consolidadas no DF, nas Cidades de assentamentos recentes no DF e na RIDE, sendo que, nas Cidades de Assentamento recente no DF, o número de óbitos chega a ser nove vezes maior que na Região Central do DF.

Análise das causas de mortalidade entre crianças maiores de um ano e adolescentes.

Na faixa etária de 1 a 4 anos, as causas externas representam as principais causas de morte entre as mulheres das regiões do Centro do DF, Cidades consolidadas no DF e na RIDE (33,3% , 41,18% e 30,34% dos casos respectivamente) enquanto que nas Cidades de assentamento recente no DF a causa básica são as doenças infecciosas com 21,25% dos casos. Ainda em relação às mulheres, é importante ressaltar o alto índice de mortalidade nas regiões do Centro do DF e nas Cidades consolidadas por malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas, que proporcionalmente equivale quase ao dobro de óbitos pela mesma causa nas Cidades de assentamento recente e na RIDE.

As causas externas também são as principais causas de morte para o sexo masculino em todas as regiões ao longo dos anos de 1999, 2000 e 2001. Outras causas de morte contribuem significativamente para a mortalidade deste grupo etário: no Centro do DF, 18,18% dos óbitos foram ocasionados por complicações no sistema respiratório (sendo superior às demais regiões); nas Cidades de assentamento recente no DF, 15,25% foram ocasionados por doenças do sistema nervoso e para a RIDE as doenças infecciosas e parasitárias são representadas por 7,87% dos casos.

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens

Infecciosas 7,69 8,70 0,00 3,45 5,95 6,17 3,37 4,96 Neoplasias 30,77 17,39 14,71 10,34 13,10 5,56 5,62 13,22 Sistema Nervoso 7,69 8,70 14,71 6,90 10,71 5,56 11,24 5,79 Sistema Circulatório 7,69 0,00 2,94 1,72 7,14 3,09 1,12 2,48 Sistema Respiratório 15,38 4,35 5,88 5,17 4,76 4,32 4,49 1,65 Anomalias 0,00 0,00 2,94 5,17 2,38 4,32 7,87 4,96 Causas externas 30,77 52,17 44,12 56,90 46,43 61,73 48,31 59,50 Maldefinidas 0,00 0,00 5,88 3,45 0,00 3,09 11,24 4,13 Outras 0,00 8,70 8,82 6,90 9,52 6,17 6,74 3,31

Fonte: DATASUS - MS - SIM

Tabela 6

Causas de mortalidade proporcional na faixa etária de 5 a 14 anos segundo as sub-regiões do Distrito Federal e Região de Entorno (RIDE) e o sexo.

Causas Centro do DF

Cidades consolidadas Cidades de assentamento

RIDE

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Para a faixa etária de 5 a 14 anos, observa-se, no Centro do DF, maior incidência de óbitos femininos causados por neoplasias (30,77%) seguida pelas causas externas (30,77%) enquanto que para os homens a mortalidade por causas externas representa mais de 50% dos casos. Este último fato também é observado nas demais regiões, chegando a ultrapassar os 60% nas Cidades de assentamento recente no DF.

Para a faixa etária de 15 a 19 anos, observa-se, nos óbitos femininos no Centro do DF, maior concentração da mortalidade por neoplasias e doenças do sistema respiratório. Nas outras sub-regiões, as causas de morte estão mais distribuídas entre os capítulo da CID 10, mantendo-se entretanto altos índices de mortalidade por causas externa em todas as regiões do estudo. Para os óbitos masculinos as causas básicas de mortalidade são novamente externas, representando 75,86% dos óbitos no Centro do DF. Proporção esta que se eleva à medida em que se afasta do centro, chegando a 86,15% das causas de morte da RIDE,

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens

Infecciosas 7,69 8,70 0,00 3,45 5,95 6,17 3,37 4,96 Neoplasias 30,77 17,39 14,71 10,34 13,10 5,56 5,62 13,22 Sistema Nervoso 7,69 8,70 14,71 6,90 10,71 5,56 11,24 5,79 Sistema Circulatório 7,69 0,00 2,94 1,72 7,14 3,09 1,12 2,48 Sistema Respiratório 15,38 4,35 5,88 5,17 4,76 4,32 4,49 1,65 Anomalias 0,00 0,00 2,94 5,17 2,38 4,32 7,87 4,96 Causas externas 30,77 52,17 44,12 56,90 46,43 61,73 48,31 59,50 Maldefinidas 0,00 0,00 5,88 3,45 0,00 3,09 11,24 4,13 Outras 0,00 8,70 8,82 6,90 9,52 6,17 6,74 3,31

Fonte: DATASUS - MS - SIM

Tabela 7

Causas de mortalidade proporcional na faixa etária de 15 a 19 anos segundo as sub-regiões do Distrito Federal e Região de Entorno (RIDE) e o sexo.

Causas Centro do DF

Cidades consolidadas Cidades de assentamento

RIDE

no DF recente no DF

Para todas as faixas etárias, do estudo em questão, é importante ressaltar a mortalidade proporcional por causas maldefinidas principalmente na RIDE que chega, por exemplo, a ter 11,24% dos óbitos femininos de 5 a 14 anos sem especificação da causa de morte, enquanto que no Centro do DF, com exceção dos primeiros quatro anos de vida, praticamente não há óbitos sem definição de causa de morte e nas Cidades consolidadas e nas de assentamento recente no DF estes mesmos valores não ultrapassam 6% do total dos óbitos. Tal fato, deixa evidente a falha na informação que ocorre nas localidades com infra-estrutura mais carente.

Mortalidade entre crianças maiores de um ano e adolescentes por causas

externas

Uma característica que vem sendo evidenciada no Brasil é o efeito do peso das causas externas (agressões, acidentes de transporte, etc.) sobre a estrutura da mortalidade por idade. Esse conjunto de causas de morte tem aumentado seu peso na estrutura geral da mortalidade,

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sistematicamente a partir dos anos 80, afetando, sobretudo, os adolescentes e jovens brasileiros do sexo masculino (Simões, 2002).

Considerando a faixa etária com idades compreendidas entre 1 e 4 anos, durante o período de 1999 a 2001, de acordo com o Sistema de Mortalidade do Ministério da Saúde, as principais causas de morte para o sexo feminino em todas as regiões compreendidas neste estudo são por afogamento e acidentes de transporte. Para o sexo masculino a situação é parecida. Nas faixas etárias entre 5 e 14 anos, os acidentes de transporte são a principal causa de morte para o sexo feminino, sendo superior nas Cidades consolidadas no DF com 60%. Enquanto acidentes de transporte são causas principais de morte entre homens das Cidades consolidadas, as de Assentamento recente e a RIDE (em média 38% dos casos), a principal causa de morte são as agressões com 33% dos casos.

A faixa etária de 15 a 19 anos merece um destaque especial por apresentar proporção de óbitos masculinos elevada. As principais causas de morte são por agressões, seguidas de acidentes de transporte para ambos os sexos nas quatro regiões. Entre as mulheres do Centro do DF e da RIDE, observam-se, também, causas de morte por suicídio. Entre os homens, 81% das causas externas são representadas por agressões nas Cidades de assentamento recente e os acidentes de transporte equivalem a 50% das mortes no Centro do DF.

Conclusões

A população residente na região do Entorno apresenta um perfil socio-econômico mais próximo das localidades mais pobres do DF;

Em relação aos jovens, observou-se que uma proporção importante deste segmento populacional, do sexo masculino e feminino, morre por causas externas, particularmente aqueles que compõem a faixa etária entre 15 e 19 anos de idade. Essas mortes precoces ampliam o número de anos de vida perdidos, com repercussões na redução da esperança de vida ao nascer.

Torna-se, portanto, de fundamental importância a adoção de ações e a tomada de atitudes práticas, por parte da sociedade civil brasileira e das autoridades públicas nacionais, estaduais e municípios de modo a solucionar um problema tão grave, como é o caso específico do fenômeno da violência.

Assim, Simões (2002), em seu estudo sobre mortalidade brasileira, fornecem alguns indicativos em termos de “orientação de políticas” para a área:

• Combate da violência deve localizar-se principalmente na prevenção primária, do que simplesmente cuidar dos atos violentos, ou seja, observar padrões, fatores de risco e causas, desenhar e avaliar intervenções e implantar programas locais efetivos (Souza, 1993);

• Desenvolvimento de pesquisas e programas, com o envolvimento de instituições governamentais juntamente com a iniciativa privada;

• Treinamento e qualificação de pesquisadores;

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• Políticas educacionais voltadas para o esclarecimento da população, quanto à necessidade de valorização do cidadão.

A implementação desse conjunto de políticas, por certo, em muito ajudaria na redução e até na eliminação dos custos sociais elevados, evitando a morte de um contingente importante de indivíduos no momento em que deveria começar a contribuir produtivamente.

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