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Produtos mais procurados na quarentena têm alta 4 vezes maior do que a inflação

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Academic year: 2021

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Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Economia

- Página: B1 e B3 - Publicação: 04/11/20

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Produtos mais procurados na quarentena têm alta 4

vezes maior do que a inflação

Produtos mais procurados na quarentena têm alta 4

vezes maior do que a inflação

Levantamento mostra que, na média, preços de itens mais demandados

subiram 5,80% de maio a outubro, ante 1,35% do IPCA-15; no subgrupo que

reúne televisor, aparelhos de som e acessórios para informática, reajustes

chegaram a quase 18%

O Estado de S. Paulo 4 Nov 2020

Márcia De Chiara Douglas Gavras

O confinamento imposto pela pandemia mudou os hábitos de consumo dos brasileiros que se viram do dia para noite trancados em casa tendo de cozinhar, trabalhar, estudar, tudo no mesmo lugar. E o comportamento de compras desse “novo normal” se refletiu nos movimentos de preços, também turbinados pela disparada do dólar.

Os dez subgrupos de produtos e serviços que registraram as maiores altas de preços nos últimos seis meses foram os mais demandados pelo consumidor. Juntos subiram em média 5,80% no varejo, resultado equivalente a quatro vezes a inflação geral do período, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do (IBGE), que foi de 1,35%.

Isso é o que revela um levantamento feito, a pedido do Estadão, pelo economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Fabio Bentes. A intenção do estudo, que cruzou informações de vendas do varejo do IBGE com as variações de preços medidas pelo IPCA-15, foi avaliar onde estão as maiores e as menores pressões inflacionárias na pandemia. “A mudança repentina de hábito dos consumidores provocou um choque de preços relativos no IPCA-15 (a prévia da inflação oficial)”, diz Bentes. Isso significa que houve produtos que registraram aumento abrupto de demanda e as empresas não tiveram tempo para ajustar a oferta. O resultado foi a alta de preços. O outro lado da moeda é que, com a mobilidade reduzida, o consumo de produtos e serviços relacionados caiu e os preços também. O recuo dos dez subgrupos com as maiores quedas foi de 3,42%.

Casa. O levantamento mostra que o subgrupo que reúne TV, aparelhos de som e itens de informática foi o que teve a maior alta de preços. Entre maio e outubro, eles foram majorados em quase 18%. Bentes optou por fazer a análise a partir de maio porque logo no início da pandemia as empresas tinham estoque e o impacto da maior procura nos preços não seria tão evidente. O segundo subgrupo com a maior alta de preço também está relacionado com a moradia, foi de eletrodomésticos e equipamentos (8,88%), seguido por joias e bijuterias (7,2%). Móveis e eletrodomésticos foi o segmento cuja venda disparou com a pandemia e, na sequência, material de construção.

Fernanda Pacheco sentiu no bolso a inflação dos eletrônicos. Logo no início da pandemia, ela, que é editora de séries, teve de montar uma ilha de edição em casa. Em equipamentos e móveis gastou cerca de R$ 15 mil. Recentemente teve de comprar mais um HD (memória extra) e se surpreendeu. O produto, que tinha comprado por R$ 430, custava R$ 570. “O preço subiu bastante (32,5%).”

José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, que reúne fabricantes de eletroeletrônicos, admite que o setor reajustou em até 10% os preços nos últimos três meses por causa da alta dos insumos importados, impactados pelo dólar, e dos nacionais, principalmente plástico e aço. “Por mais que se faça esforço para entregar produto acessível, inevitavelmente a gente acaba tendo de colocar no preço final.”

Esses aumentos de preços não espantaram o consumidor, que foi às compras. “As vendas estão surpreendendo”, diz o supervisor-geral da Lojas Cem, José Domingos Alves. Desde que as 285 lojas especializadas em móveis e eletrodomésticos foram reabertas, as vendas têm crescido 30% sobre 2019.

Estrago. A comida no domicílio foi o quarto subgrupo com maior alta de preços no período, com elevação de 6,62%, diz o estudo. Entre os dez itens com maiores reajustes, oito foram alimentos. O limão lidera a lista (129,7%), seguido pelo óleo de soja (54%), arroz (42,6%). Mas aparecem tijolo (28,7%) e vinho (25,5%).

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Apesar de a alimentação não ser o subgrupo cujos preços mais subiram no período, essa é a cesta que provoca o maior estrago no orçamento das famílias e na inflação como um todo. “A sensação de mal estar causada pela inflação dos alimentos nos últimos meses é muito maior do que alta de preços da TV, som e artigos de informática”, diz o economista. É que o consumo de comida não pode ser adiado, independentemente da falta de renda. E pesa mais no bolso dos mais pobres.

‘Indexador’ informal, alimentos espalham alta nos

preços

Reajuste da comida ‘contamina’ outros itens e põe pressão sobre

indicadores de inflação

O Estado de S. Paulo 4 Nov 2020

Márcia De Chiara Douglas Gavras WILTON JUNIOR /ESTADÃO - 30/10/2020

Faltam clientes. Washington trabalha com turismo, mas os turistas ainda não voltaram

O grande risco de uma inflação provocada pelos alimentos é a rápida contaminação para outros preços. Assim como os combustíveis, os alimentos são preços de referência. Isto é, funcionam como uma espécie de indexador informal de outros preços e, por isso, contribuem para disseminar pressões altistas para as cotações dos demais produtos e serviços.

Em maio deste ano, menos da metade (45%) de todos os preços do Índice de Preços ao Consumidor Amplo- 15 ( IPCA-15) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentava alta. Seis meses depois, em outubro, quase dois terços dos preços (64%) capturados pelo indicador estavam subindo. Essa medida que avalia a fatia de preços em alta no índice de inflação como um todo é conhecida no jargão econômico como índice de difusão.

“A alta persistente dos preços dos alimentos está se difundindo no IPCA adentro”, alerta o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Na sua avaliação, esse é um grande risco. “Costumamos dizer que o alimento funciona quase como uma tarifa, isto é, as famílias dificilmente conseguem driblar essa alta de preços, que acaba se espalhando para outros preços da economia.”

Pressão cambial. Para a analista econômica Zeina Latif, os indicadores de inflação foram muito contaminados pela covid-19 e estavam artificialmente baixos. “A cesta do IPCA não estava refletindo um novo padrão de consumo. O que a gente observa é a pressão cambial aos poucos aparecendo”, ressalta.

Ela destaca também que o repasse dos preços no atacado estava baixo e começa a aparecer um pouco mais. “Há um potencial grande para aumento de produtos industrializados, em função do que está acontecendo no atacado. Quando a gente pega os bens finais no IPA (Índice de Preços do Atacado), tira combustível, produtos in natura, também estamos falando de uma variação de dois dígitos.”

Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, ao mesmo tempo que a pandemia levou ao aumento de diversos itens, com destaque para os alimentos, alguns preços agrícolas já estão antecipando uma possível superação da pandemia. “Além dos fatores internos, teve uma demanda muito forte de commodities, principalmente por parte da China, isso reduziu a oferta doméstica e os preços subiram.”

Para os próximos meses, Romão diz que “ninguém sabe se o auxílio emergencial é o empurrão ou o combustível do carro, que pode parar de andar quando o benefício chegar ao fim. A economia ainda vai sentir um tranco no primeiro trimestre do ano que vem.”

“A alta persistente nos preços dos alimentos está se difundindo no IPCA adentro.” ECONOMISTA-CHEFE DA CNC Fabio Bentes

Pressão sobre inflação é ‘temporária’, afirma BC

Para Copom, aumentos foram provocados pelo dólar forte, pela alta das

commodities e pelo auxílio emergencial

O Estado de S. Paulo 4 Nov 2020

Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues / GABRIELA BILO/ESTADÃO - 29/10/2020

Juros. Para BC, de Campos Neto, taxa deve ficar em 2%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, avalia que a “redução provisória na oferta”, com um “aumento ocasional na demanda”, provocou a alta nos preços de alguns produtos e a pressão sobre a

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inflação no País nos últimos meses.

A avaliação foi divulgada ontem na ata da mais recente reunião do Copom, realizada na semana passada, quando o BC manteve os juros básicos da economia (Selic) em 2% ao ano.

“Dessa forma, apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, diz a ata.

Para o colegiado que calibra a taxa básica de juros com o intuito de controlar a inflação, as pressões de aumento de preços de alimentos e produtos industriais foram provocadas por três fatores: a depreciação do real, a elevação de preços de produtos básicos com cotação internacional, conhecidos como commodities, e os programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial, criado pelo governo para o enfrentamento da covid-19.

Preços. “Por um lado, a normalização parcial dos preços ainda deprimidos deve continuar, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade”, diz o documento. O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação. Para 2021, ano no qual o BC já passou a mirar as decisões, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.

Segundo o Banco Central, no cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e dólar partindo de R$ 5,60, as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 3,1% para 2020, 3,1% para 2021 e 3,3% para 2022. Esse cenário, ainda de acordo com o Copom, supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2% ao ano, se eleva até 2,75% ao ano em 2021 e para 4,50% ao ano em 2022.

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