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KEY WORDS: learning of writing; rising of vowels; phonetic variables; rural speech; linguistic atlas.

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Academic year: 2021

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IMPORTANCIA DO ATLAS LINGOISTICO NOENSINO/APRENDIZAGEM DA ESCRITA NA ESCOLA

ABSTRACT: After realizing the existence of prejudices on the part of the students in relation to the language spoken by their teachers and vice-versa, that may cause difficulties in the teaching/learning of writing in school, my aim, in this work, is to show how the Linguistic Atlas can contribute to overcome these dificulties.

KEY WORDS: learning of writing; rising of vowels; phonetic variables; rural speech; linguistic atlas.

o

problema abordado neste trabalho parte das dificuldades de aprendizagem da lingua portuguesa escrita, pelos alunos, desde que se iniciam na alfabetiza~o, mostrando a importincia dos Atlas Lingiiisticos para 0ensino/aprendizagem da escrita

nas escolas. Tem-se apresentado, como condicionantes destas dificuldades, os principais fatores: a) dificuldades na coordena~o motora; b) diferenca entre a fala do aluno e a escrita padrio da escola, aos quais pode-se acrescentar: c) a fala do professor, diferente da fala do aluno, mas tambem diferente da propria escrita; d) tipos de registros, mais nipidos ou menos nipidos, na fala do professor e do aluno; e) preconceitos do professor em rela~o

a

fala do aluno e vice-versa.

Em rela~o

a

velocidade da fala, Chambers & Trudgill (1980: 4) responsabilizaram-na pelas dificuldades de compreensao entre falantes de dois ou tres dialetos da lingua inglesa, nos diversos niveis de velocidade da fala, .mais nipida, ou menos nipida. Os mesmos autores, p. 10, ao discutirem dificuldades de aprendizagem das criancas da india, criticam 0fato de que estas criancas sejam consideradas falantes

de ingles, implicando, com isso, que tenham tambem de falar, ler, escrever e serem examinadas em lingua inglesa. E desabafam, dizendo que estas criancas falham porque as autoridades educacionais nao reconhecem as variedades da lingua na alfabetiza~o.

Tarallo (1995: 93) alerta para estas diferencas, afirmando que, no Brasil, "a fala distensa" (menos nipida) "tal qual empregada no territ6rio nacional aponta para uma serie de varia~ no sistema fonol6gico nas comunidades de fala ja examinadas".

(2)

Labov .(r972: 3) aponta, como responsavel pelo fracasso escolar, 0

desconhecimento, por parte de falantes do Ingles nao padriio, das regras do sistema padriio e, ao mesmo tempo,0desconhecimento, por parte dos professores e autores de

livros didciticos,do uso das regras do Ingles nao padriio.

Acrescento aqui que muitos professores, no Brasil, nao sO desconhecem as regras da modalidade nao padriio do aluno, como tambem as regras de sua propria fala em sala de aula, aquelas especialmente nao conscientes e que sao, portanto, 1130 monitoradas

pelo falante, as que mais problemas apresentam na alfabetiza~ao, por serem caracteristicamente regras variaveis na comunidade. Defendo a tese de que esta questlio precisa ser melhor estudada.

A pesquisa de Tarallo (1995: 119) mostra que as diferen~s entre a fala nao padrao e a fala padriio encontram-se na fonologia e no lexica e nao sao conscientes na comunidade. Isto sugere que se considere importante conscientizar os professores destas diferen~ entre variantes da lingua para que eles possam atuar, de fonna mais adequada, no ensino da escrita, passando a compreender melhor 0 aluno, quais as

dificuldades b3sicas, em cada caso, como orientli-lo. Assim,0professor precisa

tomar-se consciente,1130 sOdos diversos registros do aluno, como tambem dos seus proprios

registros.

Chego aqui a urn ponto de vista que defendo: 0 de estimular nos cursos de

Letras a realiza~o de descri~s das variantes faladas da lingua portuguesa do maior nUmeropossivel de localidades de seu estado. Os Atlas Lingiiisticos sao ideais para a consecu~o destes objetivos.

Tarallo (1995: 2), resenhando parte do trabalho de Labov (1972b: 26) destaca urn dos resultados que merecem ser considerados aqui. Segundo sua afi~o. a de Labov, a fala monitorada (cuidada, menos rapida) do negro pouco escolarizado reflete a fala nao monitorada (descuidada, mais rapida) do branco, seu professor. Afinna~o esta que pode ser considerada uma atitude preconceituosa.

Com 0 intuito de procurar descobrir, para tentar desmistificar, possiveis

atitudes preconceituosas deste tipo no Brasil, realizei uma pesquisa (VIEIRA: 1994), oportunidade em que comparei a fala, em tres velocidades, de urn estudante universitario, com 80 infonnantes semi-alfabetizados, de 80 localidades da zona rural do Estado de Santa Catarina. Mostrei, ao contrario do observado por Labov com as crian~ negras de sua pesquisa. que a fala do semi-alfabetizado, monitorada, menos rapida, apresenta-se com urn percentual menor de variantes do que a prOpria fala tambem monitorada, menos rapida do Professor. A percentagem de varia~o da fala menos rapida do semi-alfabetizado (Diveldo aluno) fica situada no ponto mais baixo de uma escala, onde urn pouco mais acima, se situa a fala menos rapida, do universitario (Diveldo professor); finalmente, a fala mais rapida do universitario no ponto mais alto desta escala.

Apesar disso, 0preconceito existe no Brasil, onde, para 0 professor, 0 aluno

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professor, e cheia de variantes, mais proxima da fala tambem MO monitorada do professor (aquele que "sabe tudo", na concepcrao do aluno). Considero este tipo de preconceito como responscivel por grande parte das dificuldades de aprendizagem da lingua escrita na escola.

Uma explica~ sobre 0 preconceito foi aventada por VIEIRA (1994), da

seguinte forma e a partir de urn exemplo. 0 problema esti nas pressuposi~s preconceituosas e divergentes que aluno e professor fazem a respeito urn do outro e de sua propria fala, tendo em vista as diversas realizar;Oesnos vanos registros de cada falante, seja professor, seja aluno.

VIEIRA (1977), nurn traba1ho com dados do Projeto Atlas Lingiiistico-Etnognifico da Regiao Sui (ALERS), mapeou uma area fonetica de alta freqiiencia da elevar;ao das vogais atonas lei 10/, e outra bem definida com quase nenhuma elevar;ao. Naquele trabalho, foi observado que a area com alta elevar;ao (cf. ANEXO I, parte escura da carta) coincide com a area cujos falantes sao monolingues, descendentes de lusos. 0 portugues e sua lingua materna, mais afeta

a

variar;ao.

Ao passo que area com pouca elevar;ao (parte clara da carta) coincide com informantes bilingues (cf. ANEXO 2, parte clara da carta) que rem0portugues como

sua segunda lingua. 0 fato explicou-se porque estes falantes eram filhos de imigrantes (alemaes, italianos. poloneses). Os pais ensinavam em casa. a seus filhos. somente a lingua de seu pais de origem, pois.0 portugues. eles aprenderiam na escola. Nesta

epoea, havia proibir;ao no Brasil de escolas que ensinassem linguas estrangeiras. E assim, este portugues, aprendido na escola a partir da escrita, com preocupar;ao da epoea de "se falar como se escreve". apresentou-se com menor freqiiencia de elevar;ao de lei 10/, do que no resto do Estado.

o

aluno atuaI. descendente destes imigrantes, ao dirigir-se ao professor, procura falar0mais correto possivel, mais pausadamente. Sua fala e monitorada, com

menos variantes, mais conservadora, mais parecida com a escrita. Ele entra na escola e. pressupondo que a fala do professor e a "correta" (e isto e. muitas vezes confirmado pelo proprio professor. que numa atitude preconceituosa, costuma dizer que 0 aluno

fala errado. e0aluno acredita nisso). passa a prestar atenr;ao na fala do professor para

"aprender0correto" e0ve pronunciar [I] [u], em vez de lei 10/, em final de voc3bulos

como lpentel e lponto/.

Temos, na escrita do aluno urn fate interessante: mesmo que0aluno fale estes

voc3buIos com lei 101 final (pente e ponto), ele os escreve com [I] [u], como ouve0

professor falar. Por outro lado. mesmo que0professor fale estes vocabuIos com [I] [u],

inconscientemente. eleMO entende porque0aluno "escreve errado", com[i] [u]. e risca

de vermelho0trabalho do aluno. Este, por sua vez,MO entende0 porque da correr;ao,

uma vez que usou, na escrita, a fala "correta" do professor. A confusao se estabelece no ensino.

Aqui entra a funr;ao dos atlas lingiiisticos que se preocupam em descrever as variantes mais significativas da lingua falada nas diversas localidades, seja zona

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urbana, seja zona rural, levando em conta as variaveis sexo, faixa etaria, escolaridade, registros, etc. A Geolingiiistica nos permite elaborar atlas lingiiistico das localidades que, alem de nos dar a conhecer as variadas formas da lingua, tern condi¢es de nos mostrar0caminho para se buscar explica~Oespara 0fato, tentando relaciona-Io com a

historia das coloniza~Oes, etinias, regiOes geognificas, migra~, imigra¢es e sua expansao ao longo de todo0territorio alvo, nas vanas epocas de sua ocu~o.

De posse do conhecimento destas variantes, cabe ao professor, conscientizar-se de que nao existe 0 "certo" eo "errado" em materia de fala, e que,

a

escola cabe

mostrar isto ao aluno. A fala do professor e a do aluno, em seus varios registros, sao variantes de urn mesmo sistema lingiiistico e cabe ao professor ensinar-lhe a variante, oral e escrita, padrao da escola, para que 0aluno possa comunicar-se como cidadao,

sem traumas nem discrimina¢es ou preconceitos de ambas as partes.

Ademais, nada melhor do que a escola para procurar retardar a natural evolucao da lingua, em beneficio do acervo de nossas bibliotecas que detem os mais diversos conteudos dos vanos ramos da Ciencia, Medicina, Quimica, Fisica, etc. Estes conhecimentos foram adquiridos ao longo dos secuIos e sao indispensaveis para nossa propria sobrevivencia. Todavia, poderiam tornar-se ilegiveis, ao melhor leitor, depois de sucessivas reformas ortognificas, ao longo dos tempos, em decorrencia de uma indesejada e desenfreada evolueao da fala, ate mesmo a da escola. Vejo portanto, a escola, na figura do professor, como urn fator de contencao desta evolu~o desenfreada da lingua. 0 aluno tern0direito de aprender urn tipo muito importante de variante,

falada e escrita, a da escola, aquela que e comurn a todos os cidadaos, indispensaveis para0exercicio de sua propria cidadania, no cumprimento de seus direitos e deveres,

sem traumas, nem discrimina¢es, mas sempre com respeito as variedades regionais, ou locais, ou de registro.

Os resultados das pesquisas aqui apresentados com exemplificacao de urn fato muito simples, mas muito serio, refletem a impoI13ncia de se tomar providencias quanto

a

conscientizacao do professor de sua propria fala como a do proprio aluno, alertando-se para desmistifica~Oes de atitudes preconceituosas a respeito da lingua (variantes da lingua e registros do professor em relacao aos do aluno e vice-versa). Indica-se a preocupa~o que deveriam ter os professores com0insentivo

a

elabora~ao

de atlas lingiiisticos nos cursos de Letras, e recomenda-se a necessidade do mapeamento de todas as localidades de cada Estado. Tais estudos podem abranger as variantes diat6picas das zonas rural e urbana, levando em considera~o as variaveis: faixa etaria, Divel social, sexo, escolaridade e registro dos informantes. 0 conhecimento do maior nUmero de variantes, por parte do professor, e condi~o indispensavel para urn ensino mais produtivo e menos desgastante em relacao a variante da escola, tanto escrita, quanto oral.

(5)

RESUMO: Constatada a existenda de preconceitos dos alunos em referenda

a

lingua falada por seus professores e vice-versa, capazes de ocasionar dificuldades no ensino/aprendizagem da escrita na escola, objetivo, neste trabalho, mostrar como os Atlas Lingilisticos podem contribuir para superar estas dificuldades.

PALA VRAS-CRA VE: aprendizagem da escrita; elevat:;Qo de vogais; variantes foneticas; fala rural; atlas lingilistico.

ANEXO 1

E1evacao de /0/ em silaba atona postonica, por falantes de Portugues da zona rural em 80 localidades do Estado de Santa Catarina

ANEX02

Lingua(s) falada(s) pe100s informante(s) da zona rural em 80 localidades do Estado de Santa Catarina (dados de 1990-92).

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L

CHAMBERS, lK.,TRUDGILL,P. (1980).Dialectologie. Cambridge Cambridge Universiyty, 218 p.

LABOV, W. (l972b) Linguage in the Inner City. Philadelphia. University of Pensylvania Press.

TARALLO. F. L. (1995) A Sociolingiiistica na (da) alfabetiza~ao, in Delta, Sao Paulo,Y.U, n.1, p.91-133, fey. 1995.

VIEIRA H. G. ( 1994) 0 papel da Dialetologia na aprendizagem da escrita. Trabalho apresentado na II Semana de Pesquisa da UFSC, Florianopolis, Pro-Reitoria de Pesquisa e pos-Gradua~ao.14 ps.

__ (1997b) Variantes Geolingiiisticas das vogais lEI 101no Portugues de Santa Catarina. XVIII CELLIP - Centro de estudos Lingilisticos e Litenirios do Parana .. Universidade Estadual do Oeste do Parana, CascaveL 10 p. no prelo.

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