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Unidade: O desenvolvimento da antropologia e das ciências Unidade sociais I: no ocidente

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                  Unidade I:

Unidade: O desenvolvimento

da antropologia e das

ciências sociais no ocidente

 

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Unid ade: O d e se nvolvim e n to da antrop o logia e da s ci ênci a s so ciai s no o c ide n te  

Unidade: O desenvolvimento da Antropologia e das Ciências

Sociais no ocidente

O desenvolvimento das Ciências Humanas e Sociais

As Ciências Humanas e Sociais distinguem-se das ciências formais e das ciências da natureza por elegerem o Homem como objeto central de suas investigações. Sendo assim, distinguem, essencialmente, o Homem das coisas naturais e dos fenômenos formais defendendo que essa distinção deveria levar a formas também distintas de abordagem e investigação filosófico-científica.

Verificam-se três formas básicas de realizar essas investigações, para três períodos distintos, que são assim designados:

DESIGNAÇÃO PERÍODO CARACTERÍSTICAS

Humanismo Séc. XV Diferenciando-se por ser racional e livre, o Homem era compreendido como o centro do universo, destinado a dominar e controlar a natureza e a sociedade.

Positivismo Séc. XIX O progresso humano era tributado ao progresso das ciências. O mesmo grau de empirismo que gozavam as ciências formais e da natureza poderia ser empreendido para o estudo do Homem e das sociedades como fato. Sendo assim, passam a ser objetos de investigação científica: família, trabalho, religião, Estado etc.

Historicismo Final do séc. XIX e início do XX

Aprofundou a percepção das diferenças entre Homem e natureza como objetos de estudo, sendo assim, entre ciências naturais e ciências humanas. Focou seus esforços compreensivos no estudo do progresso humano.

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Verificamos no quadro, que durante o séc. XIX, as áreas de conhecimento que tiveram como foco de suas investigações o Homem tenderam ao cientificismo que impregnava a perspectiva positivista. Decorre daí a segmentação ou a compartimentação das ciências em áreas que se preocupavam com uma dimensão restrita do Homem. Essa segmentação ordenou a organização de distintas áreas de saber científico e, por conseguinte, de diferentes disciplinas que passaram a compor o repertório das Ciências Sociais:

Sociologia

Estudo das relações interindivíduos conformando grupos sociais e instituições, bem como as relações entre grupos e instituições entre si. Estudo da divisão da sociedade em segmentos; da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito etc.

Economia

Estudo das atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços, a distribuição de renda em sociedade, a política salarial, a produtividade etc.

Antropologia

Estudo do Homem e suas obras, sendo assim, suas manifestações materiais e imateriais de cultura. Estudo dos tipos de organização familiar, religiões, matrimônio e o que quer que se refira a práticas culturais.

Política

Estudo da interação política em sociedade, dos princípios do poder político, bem como da formação e do

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A Antropologia como Ciência Social e seus campos de atuação

Vários autores concordam com que a Antropologia teria nascido no séc. V a.C., no berço da civilização grega, quando Heródoto (considerado também o “pai da História”) passou a descrever as culturas dos povos circundantes à Grécia, tornando-se então, também, o “pai da Antropologia”.

Houve, posteriormente, contribuições consubstanciais de cronistas, viajantes, soldados e mercadores que com seus relatos sobre outras

culturas cooperaram com o estudo do Homem e de sua cultura.

No séc. XIX, com a descoberta de fósseis e com o desenvolvimento de técnicas para sua datação (produto do desenvolvimento maior das ciências) houve relevante progresso nos estudos antropológicos, culminando na sua sistematização como ciência após a apresentação da teoria evolucionista de Charles Darwin, no livro “A origem das espécies”, publicado em 1859.

Apesar de ter alcançado

o status de ciência há

aproximadamente um século, a Antropologia, até muito pouco tempo, estava limitada ao estudo somente dos aspectos evolutivos do

Homem, como mensuração e estudo de

fósseis por exemplo,

Portrait of Herodotus by Andre Thevet

A print from 1585 of Herodotus, the Greek father of history.

IMAGEM: © Michael Nicholson/Corbis FOTÓGRAFO Michael Nicholson COLEÇÃO Historical  

Darwin's finches and title page of The Origin of Species

Ornithological sample of Darwin's finches placed on the title page of the 1st edition of Charles Darwin's The Origin of Species. 1859.

IMAGEM: © Frans Lanting/Corbis Tobacco Card Illustration of Charles

Darwin

A tobacco card from Ogden's Leaders of Men series. The cards were included in packs of Ogden's cigarettes.

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passando a abranger mais recentemente outros aspectos, como seu comportamento coletivo e estrutura social.

Com base na própria origem etimológica da palavra “antropologia”, em que “antropo” significa “Homem” e “logos” significa “conhecimento”, podemos defini-la como a área de estudo do Homem, procurando investigá-lo desde sua dimensão física e biológica até o seu papel como membro de grupos organizados, como se situa e interage no convívio social.

Assim, a antropologia tem a finalidade de entender cientificamente o ser humano a partir das seguintes abordagens:

 Ciência social:

o compreende o Homem como ser social, vivendo em grupos;

 Ciência humana:

o aborda os aspectos gerais do Homem, como sua história, hábitos e demais aspectos;

 Ciência natural:

o dirigi seus estudos para os aspectos evolutivos do Homem.

A disciplina tem como objeto “o Homem e suas obras” e como objetivo “compreender toda a humanidade”, ela torna-se uma ciência extremamente ampla e abrangente e, em razão disso, além de estudar aspectos evolutivos e anatômicos do Homem, vê-se obrigada naturalmente a estudar suas diferentes organizações sociais, bem como o seu papel dentro dessas organizações.

O objeto de estudo da Antropologia pode ser definido então como o Homem e suas obras. Desta forma, sua atuação não está limitada no tempo, pode ir desde as organizações sociais primitivas e ágrafas até as mais complexas e recentes. Há um notável interesse de antropólogos por grupos sociais mais simples e suas dinâmicas de preservação cultural, como as comunidades rurais que não tenham sofrido efeitos de culturas dominantes a

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ponto de descaracterizar sua constituição cultural; porém os estudos antropológicos não se limitam a apenas um tipo de organização social.

O antropólogo se lança à pesquisa de campo no intuito de estudar o Homem e seus diferentes grupos e organizações sociais, estando aí as principais colaborações de antropólogos no estudo do Homem através do tempo. Nunca nenhuma outra ciência teve um objetivo tão abrangente: compreender a humanidade como um todo. Portanto, toda a história do Homem, sua cultura, estrutura social e obras são de interesse do antropólogo.

Tratando-se de uma ciência com um campo tão vasto de estudo no tempo e no espaço, a antropologia possui divisões e subdivisões em seus diferentes campos de interesse. Pode-se definir seu campo de interesse como sendo: de aspecto biológico, como Antropologia Física ou Biológica; de aspecto sócio-cultural, como a antropologia Social e Cultural; e de aspecto filosófico, como Antropologia Filosófica.

Dentro da Antropologia, segundo seus dois principais campos de atuação, encontramos duas distinções fundamentais:

 Antropologia Física ou Biológica:

o Preocupa-se em estudar o Homem a partir de seus aspectos físicos e evolutivos, buscando entender suas diferenças raciais, aspectos fisiológicos e estrutura anatômica. Desenvolveram-se dentro desse campo de interesse, diferentes subáreas:

o Paleontologia humana - estudo da origem e da evolução humana através da análise de fósseis intermediários entre os primatas e o Homem moderno;

o Somatologia - trata da diferença de aspectos físicos e sexuais do Homem (metabolismo, adaptação etc.);

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o Estudos comparativos do crescimento – ramo mais abrangente da Somatologia que estuda as diferenças físicas em razão de fatores externos como: alimentação, exercícios físicos, maturidade sexual etc.;

o Raciologia - estuda as diferentes raças dos Homens e suas miscigenações, classificando-as;

o Antropometria – procede a mensuração de medidas do corpo humano e seus diferentes estágios evolutivos.

 Antropologia Social e Cultural:

o É o campo mais abrangente da Antropologia e estuda as diferentes manifestações culturais do Homem sob distintos aspectos, cultura esta adquirida por processos de aprendizagem que constituem também objeto de estudo desse campo. Seu objetivo foca a relação problemática entre o comportamento instintivo (hereditário e que se opõe ao conceito de cultura) e o adquirido (por aprendizagem). Subdivide-se em:

 Arqueologia – Preocupa-se

primordialmente com o estudo de sociedades antigas, que não deixaram registro na forma escrita e que podem ser recuperadas por meio de artefatos.

Trata-se da reconstituição de culturas por meio da

recuperação de artefatos

Howard Carter and Lord Carnarvon at Opening of King Tutankhamun's Tomb

Howard Carter and Lord Carnarvon at the opening of King Tutankhamun's tomb in the Valley of the Kings, Egypt, 1922. Screen print from a photograph.

IMAGEM: © PoodlesRock/Corbis LOCAL Thebes, Egypt

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que tenham resistido à ação do tempo. Cabe ao arqueólogo proceder e desenvolver métodos de escavação para a recuperação desses artefatos. Por sua vez, a Arqueologia divide-se em:

 - Arqueologia Clássica: trabalha na reconstituição de civilizações letradas;

 - Antropologia arqueológica: estuda civilizações extintas, dos primórdios da cultura.

 Etnografia – foca seus estudos nas comunidades primitivas ou ágrafas, de organização simples, procurando distanciar-se de estudos sobre grupos complexos e tecnologicamente desenvolvidos; podendo, porém, ainda nos dias de hoje, estudar sociedades e grupos rurais, de certa forma isolados e que ainda não sofreram mudanças que viessem a adequá-los a essas sociedades complexas;

 Etnologia – Estuda as diferenças culturais e os processos de funcionamento e mudança dessas culturas. Enfatiza a relação Homem e meio-ambiente como fator determinante de certos tipos de cultura;

 Linguística – é o ramo da Antropologia mais independente dos demais. Trata-se do estudo das línguas e seu acompanhamento com uma grande variedade de culturas;

 Folclore - estuda a cultura material e espiritual espontânea e de dimensão temporal e espacial limitada, ou seja, restrita no seio de determinada organização cultural. É de aparecimento espontâneo e se verifica tanto em sociedades rurais quanto urbanizadas, tanto em

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sociedades simples quanto complexas;

 Antropologia Social – Estuda as diferentes formas de organização social e grupos sociais, preocupando-se, entre outros aspectos, em identificar os fatores que as regem na vida social (família, economia, política, religião, jurídico etc.);

 Cultura e personalidade - estuda as relações entre cultura e a personalidade dos indivíduos. Toma como ponto de partida que o Homem não seria somente receptor e produtor de cultura; mas elemento determinante de mudança dessa mesma cultura.

O Homem como objeto de estudo na Antropologia

O Homem é não só um ser vivo, mas também um ser social; isto é, existe não tão somente no ambiente físico, mas fundamentalmente no ambiente social, cercado por outros indivíduos que, assim como ele, detêm não apenas necessidades biológicas, mas necessidades sociais.

A vida humana, como acontece em grupos, está eivada de relações sociais, produto da interação interindivíduos, competindo ou colaborando pelos mesmos bens em natureza ou em sociedade. Dessas relações, derivam práticas e estruturas: econômicas, políticas, religiosas, educacionais, familiares etc.

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O Homem é tomado, portanto, na sua dimensão de vida coletiva, em sociedade. Por sua vez, essas sociedades se dividem entre simples (povos indígenas, sociedades tribais etc.) e complexas (tecnologicamente avançadas, politicamente estruturadas etc.).

Tipo de sociedade Características

Simples  Numericamente pequenas;

 Economia natural (coleta, pesca, caça);  Sistema de parentesco (família);

 Tecnologia simples (força física: humana ou animais domésticos);

 Religião complexa ou simples. Complexas  Industrializadas;

 Predominantemente urbanas;

 Politicamente centralizadas e complexas;  Regidas pelo direito positivo;

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Ciências afins

Como vimos, o objeto de estudo da Antropologia assume a dimensão do Homem em sua vida coletiva, essa, por sua vez, subdivide-se em várias dimensões. Isso porque a vida social cotidiana é tanto política, quanto econômica, religiosa, familiar e educacional.

Essa variedade e diversidade de

aspectos faz com que a Antropologia necessite da colaboração de outras áreas de saber e de outras ciências que possam corroborar com seus estudos. Sendo assim, não é possível à Antropologia, sozinha, compreender fenômenos que são, por natureza, pertencentes a outras áreas de conhecimento, como:

 Ciências Sociais:

Sociologia, História, Psicologia, Geografia, Economia, Ciência Política etc;

 Ciências Biológicas ou Naturais:

Biologia, Genética, Anatomia, Fisiologia, Embriologia, Medicina etc;

 outras ciências que, em aspectos gerais, servem à Antropologia: Geologia, Zoologia, Botânica, Química, Física, Economia Política, Geografia Humana e Direito.

Passemos, então, a tratar das principais interações que a Antropologia mantém com ciências afins, para que não se confundam e que estejam nítidas suas especificidades no tratamento, por vezes, do mesmo objeto,

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primeiramente com a Psicologia.

Ambas as ciências têm um objeto comum: o comportamento humano; porém, a Antropologia estuda o comportamento grupal, enquanto a Psicologia estuda primordialmente o comportamento do indivíduo. Ambas colaboram entre si na identificação dos fatores variantes do comportamento.

Em relação às interações mantidas com a Economia Política, é fundamental levar em consideração que todo grupo social, do mais simples ao mais complexo, tem sua própria estrutura econômica e política, sendo, portanto, essencial a colaboração entre essas ciências para o completo entendimento de diferentes estruturas sociais.

Também a História auxilia permitindo a reconstituição de culturas já extintas, servindo de base para estudos antropológicos. Ainda anotamos a Geografia Humana que estuda a mudança do meio ambiente por influência direta do Homem e de suas inovações culturais; além do estudo do meio físico tribal. E a Biologia que contribui sobremaneira com a Antropologia física ajudando a compreender os aspectos evolutivos sob o prisma genético e anatômico, entre outros.

A origem e o tratamento dos dados em Antropologia

O conhecimento científico depende essencialmente de dados e informações para que sejam analisados com rigor metodológico e constituam conhecimento empírico. Como dados e informações precisam ter precisão e serem dotados de confiabilidade, todas as ciências elaboram procedimentos complexos e rigorosos com a finalidade de obter informações interpretando-as e analisando-as de forma organizada, sistemática e sempre tornando possível a comprovação das afirmações feitas a respeito de qualquer assunto.

As possibilidades de bases informativas que contenham dados consubstanciais para as análises em Antropologia são variadas: desde suportes tridimensionais, objetos, documentos escritos, oralidade, até rituais,

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danças e costumes, estão no universo de possibilidades de análise do antropólogo. Fazem parte ainda do seu cotidiano de pesquisa duas etapas primordiais do método de análise de suas bases informativas:

 Observar: definir as características do fenômeno pesquisado;

 Classificar: situar no tempo e no espaço e determinar os aspectos essenciais do fenômeno.

Na qualidade de Ciência Social e Humana, a Antropologia, em seus dois campos de estudo – físico e social - lança mão de métodos e técnicas de trabalho para o tratamento e análise dos dados coletados, muitas vezes utilizados concomitantemente. Dentre esses métodos, destacamos os mais recorrentes:

 Método histórico

Consiste na investigação de eventos do passado para compreender o modo de vida do presente;

 Método estatístico

Consiste, a partir dos dados coletados, em sua transposição para termos quantitativos, exibidos em gráficos, tabelas e quadros explicativos. Pode ser utilizado tanto no campo físico quanto social;

 Método etnográfico

Consiste no levantamento de dados descritivos de comunidades ágrafas ou rurais e de pequena escala; refere-se, primordialmente, a aspectos culturais de formações sociais de tipo simples;

 Método comparativo ou etnográfico

É amplamente utilizado tanto pela Antropologia Física como Cultural e consiste na comparação de dados para a situação temporal e espacial de determinado dado físico ou cultural.

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 Método monográfico ou estudo de caso

É um método de estudo aprofundado de determinado caso ou grupo social sob todos os aspectos. Permite o estudo de instituições, processos culturais e todos os setores da cultura;

 Método genealógico

Consiste no estudo da estrutura social por meio do sistema de parentescos, estrutura familiar e matrimonial, a partir da reconstituição genealógica de determinado indivíduo ou grupo situando-o dentro de uma estrutura social;

 Método funcionalista

Procura agrupar um aspecto funcional de determinada cultura estudada.

No aspecto físico, as técnicas de pesquisa da Antropologia são: mensuração e datação. Já na Antropologia Cultural, o antropólogo desenvolve técnicas de observação de campo: observação direta, entrevista e formulários.

Na técnica de observação direta o pesquisador, valendo-se de todos os seus sentidos, pode empreendê-la de forma:

 Sistemática: observada sistematicamente em determinado espaço de tempo. Divide-se em:

o Direta – pessoalmente no local de investigação; o Indireta – por meio de outras pessoas;

 Participante: o antropólogo deve permanecer no local de investigação o tempo necessário para a compreensão total da cultura sob estudo. Deve utilizar um diário de campo e valer-se de todos os meios de registro das informações coletadas (fotografias, vídeos etc);

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entrevistado, portador das informações que deverão ser coletadas para depois serem investigadas.

A entrevista pode ser:

 Dirigida: segue um roteiro pré-estabelecido;

 Não dirigida ou livre: não há um roteiro pré-estabelecido e o entrevista é levado a manifestar suas ideias espontaneamente.

O formulário é uma técnica de coleta de dados em que o pesquisado preenche de próprio punho as informações pretendidas pelo pesquisador. Trata-se de um instrumento muito mais dinâmico e que privilegia informações quantitativas ou cuja qualidade possa ser expressa ou assinalada de forma rápida, facilitando a quantificação dos resultados.

O conceito de evolução aplicado à Antropologia

Em ciência, nada é definitivo. Aquilo que se pensa verdade hoje pode ser desconstruído por uma teoria científica futura que imponha outra verdade, de igual forma passível de desconstrução. Não que a ciência não produza saberes exatos sobre os seus objetos de investigação, a questão é que nenhum desses conhecimentos é absoluto.

O conceito de evolução, que já foi tomado como verdade absoluta até extremos inimagináveis, também se insere nessa categoria. É largamente aplicado à Antropologia e é produto do impacto da publicação das teses de Charles Darwin, em especial, a da perpetuação dos mais aptos; amplamente difundida no séc. XIX e que teve imensa influência nas ciências sociais durante todo o séc. XIX e início do XX.

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A concepção darwinista de evolução nunca apregoou que o Homem fosse descendente dos macacos (como é dito no senso comum); mas que os primatas mamíferos (chipanzé, gorila, orangotango e o Homem) possuem o mesmo descendente comum. Sendo assim, o Homem seria também um primata; mas dentre os mencionados, o único que teria sofrido um processo de humanização.

Esse processo teria assistindo às seguintes etapas evolutivas:

PITECANTROPOS ERECTO (homem-macaco em pé)

6 milhões de anos NEANDERTAL CRO-MAGNON

HOMO SAPIENS SAPIENS 40 mil anos

Essas datações foram obtidas por meio de restos esqueletais

Illustration showing Evolution of Man

Título original: Comparison of Skeletons and Vertebrates, Showing Evolution of Similarities.

IMAGEM: © Bettmann/CORBIS COLEÇÃO Bettmann

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localizados em sítios arqueológicos e submetidos às técnicas de datação de fósseis por C (carbono quatorze), cujo grau de confiabilidade oscila entre 5700 anos, e o processo de datação com Argônio-Potássio, com precisão de até milhões de anos.

A Antropologia rácica e seu fracasso explicativo

A Antropologia possui uma dimensão teórica e uma dimensão prática, sendo a teórica o estudo puro de todo o conhecimento passível à compreensão da humanidade. No campo prático é necessário do antropólogo o conhecimento das posições teóricas que fundamentam e orientam sua atuação na compreensão de problemas.

Ocorre que, desde o século XIX, quando a Antropologia foi sistematizada como ciência; até hoje, diferentes nortes teóricos deram a essa ciência formas distintas de ver o Homem e de fazer a própria Antropologia.

O séc. XIX, com a difusão da teoria darwinista de perpetuação dos mais aptos na evolução das espécies, emprestou da Biologia à Antropologia, do darwinismo biológico para o darwinismo social, a falsa convicção de que o Homem estaria dividido em raças, o que permitiria dizer que, qualificando-as, seria possível dizer de raças superiores e inferiores e, pior, dotar a medicina de meios seletivos para ou aniquilar aqueles entendidos como inferiores ou inviabilizar sua reprodução.

A Antropologia rácica está no contexto também do chamado darwinismo social, que emprestou para regimes de terror como o nazismo, na primeira metade do séc. XX, argumentos pseudo-científicos para os assassinatos em massa que empreenderam de 1933 a 1945.

Estudiosos da questão, como a historiadora Anita Novinsky, identificam que não há fronteiras rácicas entre os homens, senão geográficas e culturais; e

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que valores, comportamentos e morais são socialmente construídos, não dados hereditariamente. Há, portanto, uma só raça entre os homens: a raça humana.

Mas o ponto de inflexão dessa Antropologia rácica, que nascia no contexto de validação científica da própria Antropologia, foi a publicação da obra de Franz-Boas e a difusão de sua nova teoria: a do relativismo; em dois de seus textos fundamentais: “A Mente do

Homem Primitivo”, publicado em 1938, e "Raça, Linguagem e Cultura”, de 1940.

Boas, criticando duramente a percepção da Antropologia rácica de que diferenças culturais seriam determinadas biologicamente e que seria possível escalonar culturas entre mais evoluídas e

menos evoluídas; entre melhores e piores; entre belo e feio; demonstrou que se trata de sistemas culturais construídos socialmente, sem obedecer a critérios como hereditariedade. Isso para dizer que irmãos gêmeos, separados quando bebês e criados em culturas completamente distintas, incorporariam os valores, morais, hábitos e costumes relativos aos grupos nos quais estivessem inseridos, jamais adotariam um sistema cultural diverso por haver alguma programação biológica para isso.

Mais do que isso, de Franz-Boas a Antropologia incorporou a ideia de relativismo cultural.

420 x 296 33k jpg

-www.usp.br/.../jusp747/ilustras/ilustra0304e.jpg

Veja a imagem

em: www.usp.br/.../arquivo/2005/jusp747/pag0304.htm

Portrait of American Anthropologist Franz Boas

Título original: World famous Anthropologist, Dr. Franz Boas, professor at Columbia University.

IMAGEM: © Bettmann/CORBIS DATA DA FOTOGRAFIA março de 1941 COLEÇÃO Bettmann

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Relativismo cultural

A relatividade cultural ensina que o Homem e sua cultura devem ser estudados sob o aspecto de sua própria cultura; ou seja, que os padrões de bem e de mal, moral e imoral, belo e feio, certo e errado, justo e injusto não devem ser estudados sob o ponto de vista da cultura do antropólogo ou de qualquer outra cultura dominante, mas sim do prisma daquela cultura que está sendo estudada, por mais estranhos que pareçam.

Desses pressupostos resultam outros três:

 Direito à autonomia tribal

Os grupos humanos têm o direito de manter sua cultura preservada e desenvolvê-la, sem influência nenhuma externa; mesmo tratando-se de sociedades tribais, rurais, isoladas ou ágrafas;

 Valores culturais

Os valores de determinados grupos não devem ser julgados e modificados por outra sociedade dominante sob a pena de agredir desmedidamente a cultura dominada; devendo-se analisar os valores de determinada cultura sob o ponto de vista dos integrantes dessa cultura;

 Etnocentrismo

Segundo a Antropologia não existem grupos ou culturas inferiores ou superiores que outras, mesmo que algumas detenham mais recursos tecnológicos e outras sejam consideradas primitivas, elas são diferentes. Seria um erro adotar uma postura etnocêntrica e julgar uma cultura como superior ou inferior a outra.

 

   

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Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Rodrigo Medina Zagni Revisão Textual:

Profª Dra. Patrícia Silvestre Leite Di Iório                     www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000

São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000

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