Desafio: Como Garantir Direitos com a Implantação da IN65 na UFRGS
AFIRMAÇÃO INICIAL: que a IN65 trás às Relações de Trabalho deformações importantes e danosas aos TAES e às funções públicas da UFRGS, rompendo não só com direitos construídos historicamente, garantidores de condições mínimas de dignidade do trabalho, mas precarizam elementos de condições de vida, ambiente, saúde, condições sociais e financeiras que são agressivas aos trabalhadores e destroem a capacidade pública do Ensino, Pesquisa e Extensão na UFRGS.
A abrangência da IN65 deve ser tratada em 4 abordagens, complementares entre si, que devemos tratar, obrigatoriamente:
- Legislação
- Humana e de Relação de Trabalho - Científica e Técnica
- Política
A IN 65, nós podemos agrupar em cinco grandes campos de desregulamentações garantidores de equilíbrio mínimo nas Relações de Trabalho de Servidores da UFRGS:
1 - Organização Sindical
2 - Organização e Gestão do Trabalho 3 - Carreira
4 - Saúde e Qualidade de Vida: - Condicionantes do Trabalho
- Condicionantes do Ambiente de Trabalh - Relações Profissionais e a Vida Pessoal 5 - Financeiras:
- Novas despesas - custos operacionais do trabalho (despesas do trabalho no domicílio: energia, internet, infraestrutura...
- Economia Pessoal – parcela de salário que se tornaram subsistência financeira
- extinção de cláusulas de auxílio – transporte, alimentação, Adicionais (trabalho noturno, insalubridade, periculosidade...)...
Esta modalidade de trabalho, fora dos ambientes da organização tem, em sua concepção, o objeto final do governo, com a implantação da lógica de Plataforma de Trabalho, a intenção de aumentar a produtividade, a terceirização, desenvolver o controle individual do trabalho, reduzir custos operacionais e de transferir responsabilidades sociais e assistenciais. Mas, além disso, quer garantir a maior disponibilidade do trabalhador, porque pode demandá-lo a qualquer hora, em qualquer lugar. Essa substituição dos trabalhos nos locais Sede das organizações faz com que impactos de substituição tecnológica e necessidades de adaptações sejam operadas fora dos ambientes de trabalho, não considerando as consequências com relação à saúde, condições de trabalho e qualidade de vida. Essa modalidade se coloca integralmente sob a responsabilidade do trabalhador, sem hora fixa ou limitada de trabalho, usando recursos próprios de computadores, notebooks, smartphones e tablets, em casa, em trânsito e com custo assumido unilateralmente, pela nova norma.
Para trabalhadores, essa modalidade parece oferecer uma maior flexibilidade de horário, comodidade no espaço de trabalho e redução de custos com transporte, entre outras ilusórias vantagens, chegando a propagandear um melhor o bem estar do teletrabalhador. Mas, na verdade, impacta em elementos importantes para a vida, para a saúde, nas finanças, bem como interfere diretamente nas Relações de Trabalho, que são originalmente de responsabilidade da UFRGS e que temos, enquanto trabalhadores estatutários, regidos pelo Regime Jurídico Único (vamos abrir um novo bloco na abordagem):
1. Altera a concepção do Regime de Trabalho (à Distância), com o objetivo de ampliar a abrangência para todes Servidores, em Trabalho Presencial e à Distância;
2. Distorce preceitos da Carreira, como os constantes no Artigo. 3º da Lei 11.091, PCCTAE, onde consta que a gestão dos cargos do Plano de Carreira observará os princípios e diretrizes: I - natureza do processo educativo, função social e objetivos do Sistema Federal de Ensino; II - dinâmica dos processos de pesquisa, de ensino, de extensão e de administração, e as competências específicas decorrentes; III - qualidade do processo de trabalho; IV - reconhecimento do saber não instituído resultante da atuação profissional na dinâmica de ensino, de pesquisa e de extensão; V - vinculação ao planejamento estratégico e ao desenvolvimento organizacional das instituições; VII – desenvolvimento do servidor vinculado aos objetivos institucionais; VIII - garantia de programas de capacitação que contemplem a formação específica e a geral, nesta incluída a educação formal; e X - oportunidade de acesso às atividades de direção, assessoramento, chefia, coordenação e assistência, respeitadas as normas específicas. Considerando que, conforme o Art. 22 do PCCTAE, as funções de acompanhar, assessorar e avaliar a implementação do Plano de Carreira é função da Comissão Nacional de Supervisão do Plano de Carreira.
3. Compromete a Avaliação de Desempenho Setorial, constante no Inciso IX, Art. 4º, da Lei 11.091, com relação à avaliação do desempenho funcional, enquanto processo pedagógico, realizada mediante critérios objetivos decorrentes das metas institucionais, referenciada no caráter coletivo do trabalho e nas expectativas dos usuários.
4. Compromete o acompanhamento permanente dos ambientes de trabalho pelo Sindicato, CIS e COSATs;
5. Com respeito ao Método, Organização e Gestão do Trabalho, compromete o que consta no Art. 8º, onde as atribuições gerais dos cargos que integram o nosso Plano de Carreira, em acordo com o ambiente organizacional, devem: I - planejar, organizar, executar ou avaliar as atividades inerentes ao apoio técnico-administrativo ao ensino; II - planejar, organizar, executar ou avaliar as atividades técnico-administrativas inerentes à pesquisa e à extensão nas Instituições Federais de Ensino; III - executar tarefas específicas, utilizando-se de recursos materiais, financeiros e outros de que a Instituição Federal de Ensino disponha, a fim de assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade das atividades de ensino, pesquisa e extensão das Instituições Federais de Ensino.
6. Falta de controle sobre a Jornada de Trabalho e Atendimento Virtual, considerando as características do trabalho nas funções remotas;
7. Falta de garantia das Condições Ambientais e de Qualidade de Vida, dado que os ambientes domiciliares não têm verificação de conformidade;
8. Não prever determinações sobre Condições de Saúde no Trabalho e laudos de Riscos Ambientais – PPRA e PCMSO;
9. Não garantir a Capacitação sobre os reais fazeres, em acordo com o Art. 10 do PCCTAE, onde aponta que o desenvolvimento do servidor na carreira dar-se-á, exclusivamente, pela mudança de nível de capacitação e de padrão de vencimento mediante, respectivamente, Progressão por Capacitação Profissional ou Progressão por Mérito Profissional, não abrangidos na modalidade não presencial;
10. Não apresentar consideração a condicionantes relativos à Pandemia e ao trabalho de Idosos e PCDs, não abrangidos pela IN65;
11. Não apontar a Responsabilidade pelos Custos de Implantação e Operação; 12. Inexistência de consideração de preceitos ergonômicos e com relação à NR 17; 13. Não apontar a necessidade de Apoio Tecnológico e Orientação Técnica permanentes
Referencial de Concepção e para as construções na Comissão IN65 UFRGS – Construção
Com relação às treze considerações feitas anteriormente, devemos propor:
1. Validade dos Regramentos da UFRGS: Os regramentos admitidos para a implantação da IN65 serão validados por assinatura pela Administração da UFRGS e ASSUFRGS Sindicato de Termo de Implantação do Trabalho à Distância regido pela IN65, anexo, tendo sua abrangência apenas para os Servidores em atividades na modalidade de Trabalho à Distância, quando fizerem tal opção. Opção de retornar ao trabalho presencial, quando da manifestação do servidor, por documento específico. Garante-se, assim, validade institucional e jurídica das nos Relações relativas ao Trabalho à Distância;
2. Carreira: seguir sobre os preceitos determinados pela Carreira definidos na Lei 11.091, PCCTAE.
3. Avaliação de Desempenho Setorial, conforme determinado pela Carreira definidos na Lei 11.091, PCCTAE;
4. Acompanhamento permanente dos processos e ambientes de trabalho pelo Sindicato, CIS e COSATs;
5. Método, Organização e Gestão do Trabalho, em acordo com os preceitos da Lei 11.091, PCCTAE
6. Controle sobre a Jornada de Trabalho e Atendimento Virtual a partir do sistema remoto de login – CPD/UFRGS;
7, 8 e 9. Condições Ambientais e de Qualidade de Vida, Riscos Ambientais e Ergonomia – NR17, construção de Programa Permanente de Capacitação com esses conteúdos, a partir de modelo de Análise Ergonômica do Trabalho – AET e consideração de conformidade ambiental com requisitos gerais determinados. Adequar as regulamentações, normas e legislações no diz respeito a acidentes e incidentes do(a) teletrabalhador(a), incluindo as Regulamentações das COSATs e FAIS, Portarias números 1992, de 19 de maio de 1997, e 3109, de 24 de novembro de 2000, UFRGS.
10. Pandemia, Idosos e PCDs, Construção de condicionantes legais e normativos não explicitados pela IN65;
11. Custos de Implantação e Operação, a UFRGS assume a responsabilidade por estes custos; 12. Capacitação específica, em acordo com o Art. 10 do PCCTAE;
Estratégia de Intervenção na Comissão IN65 UFRGS - Política
Sobre nossa intervenção na Comissão da UFRGS, devemos nos manter na posição de que a definição dos regramentos e efetiva implantação da IN65 sejam desenvolvidas somente após a pandemia, com amplo debate na base dos TAES na UFRGS.
Para concluir:
Se formos Institucionalizar a IN 65, se definirmos pelo entendimento de que devemos institucionalizar a IN 65 na UFRGS, que seja a partir desses referenciais e assinatura de um Termo com a ASSUFRGS que resguarde os Trabalhadores dessas desregulamentações de Relação de Trabalho, que retiram Direitos dos Trabalhadores e Responsabilidades da UFRGS e destroem os avanços democráticos que construímos como Carreira, Salário, Gestão e Organização do Trabalho, Saúde e Segurança para a Comunidade e, principalmente, a capacidade de enfrentamento a essa onda não democrática que estamos sofrendo no Brasil e na UFRGS.
O Sindicato, certamente, irá como sempre dialogar com toda a base e, nesse debate, precisamos proporcionar todos os conteúdos envolvidos, ouvir todas, todes e todos, particularmente as mulheres, em sua maioria com diferentes jornadas de trabalho, debatendo especialmente com os diferentes ambientes organizacionais e suas especificidades