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Área temática 03: Democracia, Democratização e Qualidade da Democracia. Júlia Moreira de Figueiredo 2, UFMG Maria Luiza Moreira Duarte 3, UFMG

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Percepções políticas dos democratas brasileiros satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia numa leitura comparativa entre os anos de 2013 e

20151

Área temática 03: Democracia, Democratização e Qualidade da Democracia

Júlia Moreira de Figueiredo2, UFMG Maria Luiza Moreira Duarte3, UFMG

Trabalho preparado para sua apresentação no 9º Congresso Latino-americano de Ciência Política, organizado pela Associação Latino-americana de Ciência Política

(ALACIP). Montevideu, 26 ao 28 de julho de 2017.

1 Agradecemos a atenção e sugestões de Eleonora Schettini Cunha, a paciência e enorme ajuda de

Leonardo Souza Silveira e a perspicaz leitura de Ricardo Fabrino Mendonça.

2 julia_figueiredo10@hotmail.com 3 malu.moreira07@yahoo.com.br

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Resumo:

A recente crise política no Brasil trouxe uma série de questionamentos. Entre as tentativas interpretativas a eles, atribui-se às Jornadas de Junho de 2013 um importante papel no rompimento do campo político de participação social no país, como destaca Avritzer (2016). Somado a isso, dados do Índice de Confiança Social a respeito da confiança em instituições políticas sinalizam uma queda na confiança entre os anos de 2012 e 2013 e um decréscimo maior ainda entre 2014 e 2015. Instigadas por esses acontecimentos, investigamos, através dos bancos de dados do Latinobarômetro, como se deram as percepções dos democratas brasileiros em dois momentos importantes da política brasileira – 2013 e 2015 – em torno de variáveis associadas a percepções subjetivas quanto à democracia e política, análise da conjuntura do país, confiança em instituições, exercício dos direitos políticos e engajamento político, percepção de noções relacionadas à corrupção e avaliação econômica do país e de bem-estar pessoal. Mais especificamente, analisamos os dados à luz de uma divisão entre democratas brasileiros satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia, dadas as possibilidades frutíferas em se investigar como se relacionam fenômenos como apoio à democracia, satisfação com a democracia e confiança nas instituições (Del Porto, 2016; Moisés et al, 2008). Ressaltamos, assim, a relevância de se explorar como responderam os democratas brasileiros, satisfeitos e insatisfeitos com a democracia, importantes perguntas relacionadas à política e democracia, e como isso pode nos fornecer interessantes respostas à crise política.

Palavras-chave: percepções subjetivas quanto à democracia; crise política;

desconfiança nas instituições; satisfação com o funcionamento da democracia

Abstract:

The recent political crisis in Brazil has brought many questions. Among the attempts to interpret them, the June 2013 Journeys are assigned an important role in breaking the political field of social participation in the country, as Avritzer (2016) points out. In addition, “Índice de Confiança Social” data on trust in political institutions indicate a decline in confidence between 2012 and 2013 and a further decline between 2014 and 2015. Inspired by these events, we investigate, through the Latinobarómetro data, the perceptions of the Brazilian democrats in two important moments of Brazilian politics - 2013 and 2015 - about variables associated with subjective perceptions about democracy and politics, analysis of the country's situation, confidence in institutions, political rights and political engagement, perception of notions related to corruption, and economic evaluation of the country and personal well-being. More specifically, we analyze the data in the light of a division between satisfied and dissatisfied Brazilian democrats, given the fruitful possibilities of investigating how phenomena such as support for democracy, satisfaction with democracy and trust in institutions are related (Del Porto, 2016; Moisés et al, 2008). We emphasize, therefore, the relevance of exploring how the Brazilian democrats, satisfied and dissatisfied with democracy, answered important questions related to politics and democracy, and how this can provide us with interesting answers to the political crisis.

Key words: subjective perceptions about democracy; political crisis; distrust in

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Apoio à democracia num cenário de desconfiança nas instituições, insatisfação com a democracia e crise política e institucional

A adesão à democracia é uma variável de crescente importância para a ciência política e diversos estudos têm buscado mensurá-la (Moisés, 2008; Fuks et al, 2016). Sua relevância reside na capacidade explicativa que oferece em contextos de crise institucional e instabilidade democrática. Consoante a isso, observa-se, no Brasil, um cenário de crise política e institucional (Avritzer, 2016), marcado por baixa confiança nas instituições políticas, como diagnostica uma visão cronológica dos dados do Índice de Confiança Social (ICS). Soma-se a esse cenário a publicização cada vez maior de escândalos de corrupção e ascensão de polarizações radicais no espectro ideológico-político.

Outros estudos demonstram a ambivalência dos brasileiros no apoio à democracia (Moisés, 2008), uma tentativa válida de mensuração dessa variável, ainda que estudos mais recentes questionem o olhar centralizado para os ambivalentes e/ou autoritários, buscando enriquecer a mensuração da adesão à democracia mudando o foco para os democratas (Fuks et al, 2016), orientação que esse artigo procura seguir.

Alvo de muita reflexão, também, é o fenômeno da satisfação com a democracia (Del Porto, 2016; Moisés et al, 2008). Existiria uma lacuna acerca da associação existente entre apoio à democracia, desconfiança nas instituições e insatisfação com a democracia, e evidente dificuldade de conceitualização e operacionalização dessa relação. Seguimos, assim, as orientações encontradas em Moisés et al (2008), a respeito das distintas dimensões supostas pelo fenômeno de apoio ao sistema democrático, e consideramos a diferença empírica entre cada um desses fenômenos.

Nesse sentido, esse artigo é um esforço a ser somado às tentativas interpretativas dos conturbados e imprevisíveis momentos vividos pela política brasileira recentemente. Orientadas pela questão paradoxal trazida por Moisés (2005), do apoio dos brasileiros à democracia em consonância com a desconfiança nas instituições democráticas4, e pela relevância do fenômeno da satisfação com a democracia, investigamos como se deram as percepções dos democratas brasileiros em dois momentos importantes da política brasileira – 2013, no ápice das Jornadas de Junho, e

4 Dados recentes mostram queda nesse apoio: segundo o Estadão, dados do Latinobarômetro indicam que

o apoio à democracia no Brasil caiu 22 pontos percentuais em 2015, o maior registro de queda na América Latina. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,apoio-a-democracia-no-brasil-cai-22-pontos-diz-pesquisa,10000073814>

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4 no 2015 pós-eleitoral da, até então, presidenta Dilma Rousseff – em torno de variáveis organizadas em seis blocos de análise, que expressam percepções subjetivas quanto à democracia e política, análise da conjuntura do país, confiança em instituições, exercício dos direitos políticos e engajamento político, percepção de noções relacionadas à corrupção e avaliação econômica do país e de bem estar pessoal. Mais especificamente, analisamos os dados à luz de uma divisão entre democratas brasileiros satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia.

Na primeira seção, trazemos, para fins de contextualização, uma leitura dos dados do Índice de Confiança Social, realizado anualmente pelo Ibope, que nos permite afirmar a centralidade dos anos de 2013 e 2015 para a queda na confiança nas instituições. Em seguida, conduzimos uma análise comparativa dos bancos de dados do Latinobarômetro, também referente aos anos de 2013 e 2015. Interessa-nos mais prontamente, portanto, compreendercomo a satisfação e a insatisfação dos democratas brasileiros com a democracia são afetadas no recente cenário de crise institucional e política, a partir de uma leitura comparativa entre os anos de 2013 e 2015.

Por fim, destacamos o caráter exploratório e descritivo desse artigo. A partir de dados analisados em dois momentos tão importantes para a política brasileira, buscamos tecer conclusões em torno do tema e acrescentar novas pedras ao esforço interpretativo de uma importante lacuna analítica da política brasileira nos últimos anos.

O cenário da desconfiança nas instituições políticas brasileiras: uma visão cronológica do Índice de Confiança Social

Para melhor caracterizar o tom da desconfiança nas instituições, trazemos os dados do Índice de Confiança Social (ICS) referentes às principais instituições políticas5. Calculado desde 2009, pelo IBOPE, o ICS é realizado anualmente, sempre no mês de julho e conta com uma escala de confiança que varia de 0 a 100, representando 100 o índice máximo de confiança6; os valores estão inseridos numa escala, em que 100 representa muita confiança; 66, alguma confiança; 33, quase nenhuma confiança e 0

5 Para uma visualização cronológica completa do ICS, de 2009 a 2015, para todas as instituições, acesse

<http://ibopeinteligencia.com/imgs/texto/1.jpg>

6 A amostra é composta por um total de 2.002 entrevistas, realizadas em 142 municípios. O intervalo de

confiança é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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5 nenhuma confiança. Ao todo, 18 instituições são avaliadas, e o índice é calculado, também, para a confiança em pessoas e grupos sociais.

Gráfico 1: Visão cronológica do Índice de Confiança Social das principais instituições políticas

Fonte: elaboração própria

O gráfico 1 mostra a evolução do índice de confiança nas principais instituições políticas de 2009 a 2015. Uma primeira observação é que, ainda que as instituições, exceto a Presidência da República, apresentem nos primeiros anos uma tendência equilibrada na perda de confiança, todas elas perdem pontos no período avaliado, se formos considerar a variação total do período, que será explicada mais adiante. A que menos perde pontos é o Poder Judiciário. Mais que isso: não registra quedas bruscas de confiança, e representa a menor queda entre todas as instituições em períodos críticos de perda de confiança como 2012-2013 (de 53 para 46) e 2014-2015 (de 48 para 46).

A instituição que registra a maior perda de confiança é a Presidência da República7. Os períodos de maior queda registram decréscimo de 21 pontos em 20138 e 20 pontos em 2015. Em seis anos, a instituição política na qual os brasileiros mais confiavam passa a ser a segunda que gera menos confiança, empatada com o Congresso

7 Das instituições políticas, era a melhor cotada entre as instituições políticas: índice de 66 pontos em

2009.

8 Importante lembrar que as entrevistas são realizadas sempre no mês de julho. Ou seja, em 2013, os

dados foram coletados um mês após as jornadas de junho.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Governo da cidade onde mora Eleições, Sistema eleitoral Governo Federal

Presidente da Republica Congresso Nacional Partidos políticos

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6 Nacional e perdendo somente para os Partidos Políticos. Esses eram em 2009, e continuam a ser, a instituição que menos gera confiança nos brasileiros, registrando uma queda brusca do índice de 30 pontos em 2014 para 17 em 2015, o que acrescenta evidências aos achados de Fuks e colaboradores (2016) que atribuem a representação política como a dimensão da democracia que apresenta maior déficit de legitimidade. Na figura abaixo, relacionamos o decréscimo real de cada instituição política no período 2009-2015.

Tabela 1: Variação da confiança em instituições políticas entre 2009 e 2015

INSTITUIÇÃO VARIAÇÃO NO PERÍODO 2009-20159

Poder judiciário -6 Sistema eleitoral/Eleições -20 Governo municipal -22 Governo Federal -27 Congresso Nacional -27 Partidos políticos -31 Presidente da República -48

Fonte: elaboração própria

É importante assinalar, ainda, quedas muito maiores de confiança no período 2014-2015, o que pode ser reflexo das eleições presidenciais de 201410, tendência que vai contrária a uma relativa recuperação da confiança de instituições no período 2013-2014. Outro dado interessante é que a confiança nas eleições e no sistema eleitoral caminhava com um significativo aumento no período 2009-2010 (de 49 para 56). Desde então, entretanto, registrou quedas de confiança constantes, resultando num índice de 33 em 2015. O momento de maior queda foi entre 2014 e 2015, com um decréscimo de 10

9 Esse cálculo foi feito levando em consideração tanto a perda quanto o ganho de confiança de um ano

para o outro. Ao final, somaram-se as perdas e delas subtraíram-se os ganhos de confiança, resultando numa variação negativa. Ou seja, mesmo que houvesse quedas seguidas de pequenos ganhos, o resultado final é negativo para todas as instituições políticas.

10 Aliás, a instituição política que registrou maior queda nesse período foi a da Presidência, com um

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7 pontos11. Esse dado caminharia no sentido de certo rompimento em relação à dimensão da adesão normativa ao voto (Fuks et al, 2016), que, como apontam os autores, era um ponto comum de apoio dos democratas brasileiros.

Gráfico 2: Média do ICS para instituições políticas de 2009 a 2015

Fonte: elaboração própria

Por fim, o gráfico acima traz uma média para a confiança nas instituições aqui apresentadas no período 2009-2015. Esses dados confirmam que, de fato, há uma tendência à desconfiança nas instituições políticas. Ou seja, mesmo que diante de uma perda de confiança o ano subsequente registre leve recuperação, ela nunca é suficiente para deixar a confiança num saldo positivo, caso somemos perdas e ganhos.

Metodologia

O presente estudo deu-se a partir de uma leitura comparativa entre dados contidos nos bancos do Latinobarômetro em 2013 e 2015. O Latinobarômetro é um estudo de opinião pública, aplicado anualmente em 18 países da América Latina. Para o esse estudo, fez-se uma seleção inicial, a partir do banco original, para os casos

11 Reforçando a nota anterior, a última eleição presidencial no país ocorreu em outubro de 2014 e foi

muito disputada entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Talvez a vitória de Dilma tenha contribuído não só para a queda da confiança na presidência, mas também no sistema eleitoral. 48 51 46 47 38 41 29 0 10 20 30 40 50 60 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

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8 pertencentes ao Brasil, o que resultou numa amostra de 1204 casos em 2013 e de 1250 casos em 2015. Os dados utilizados nesse estudo foram analisados a partir do software IBM Statistics 20.

Ainda em uma seleção dos dados, fizemos um esforço para a escolha apenas de variáveis idênticas em ambos os anos, já que o estudo do Latinobarômetro pode variar de um ano para outro, acrescentando ou suprimindo algumas questões. Todos os dados, entretanto, foram gerados e analisados a partir dos bancos em separado, tendo sido eles reunidos e sistematizados ao fim do processo através do preenchimento de uma planilha descritiva para os testes estatísticos realizados.

Selecionadas as variáveis idênticas, percebemos que elas eram de dois tipos: escalares (com escalas de 1 a 10) e não escalares, podendo essas ser binárias ou multivariadas. Dada nossa pergunta de pesquisa, observamos que, para as variáveis escalares, seria adequada uma análise descritiva comparativa entre os anos; utilizamos, para isso, um gráfico de barras empilhado, que nos permite observar as distribuições por grupos de democratas satisfeitos e insatisfeitos, grupos esses que foram delimitados através das questões “Apoio a Democracia” e “Satisfação com o funcionamento da democracia”. Para as variáveis restantes, que compõem grande parte do banco, o método utilizado foi o teste de proporções (teste T de uma amostra), com intervalo de 95% de confiança. Para isso, tivemos que recodificar todas as variáveis em “1” e “0”. A descrição de cada variável encontra-se no anexo desse artigo.

Dado nosso interesse numa análise comparativa não somente entre anos, mas também entre os grupos de democratas satisfeitos e insatisfeitos, foi necessária a aplicação dos testes, para cada banco, em dois momentos diferentes: em um primeiro momento, filtramos o banco para “democratas” e “satisfeitos”, gerando os resultados que compõem uma das tabelas na seção a seguir. Em outro, filtramos o banco para “democratas” e “insatisfeitos”, cujos resultados compõem outra tabela, que também será apresentada posteriormente.

As variáveis analisadas nos bancos foram divididas em seis blocos principais de análise, que expressam: (1) Percepções subjetivas quanto à democracia e política, (2) Análise da conjuntura política no país, (3) Confiança nas instituições, (4) Exercício dos direitos políticos/Engajamento político, (5) Percepções de questões relacionadas à corrupção e (6) Satisfação com a vida pessoal e análise econômica pessoal e do país. A relação de cada variável que compõe os blocos também se encontra no anexo desse artigo.

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9 Por fim, decidimos por suprimir o “perfil do respondente” como um bloco, dadas as preocupações com a extensão desse artigo. Ele seria composto por sexo, região geográfica, faixa de idade, classe social subjetiva e auto posicionamento ideológico. Entretanto, evitando perder uma noção geral do perfil do nosso respondente, apresentamos, abaixo, uma breve descrição, por ano, grupo (democratas satisfeitos e insatisfeitos) sexo, região geográfica e faixa de idade.

O ano de 2013 terá 171 respondentes enquadrados no perfil democrata satisfeito com a Democracia. Desses, 52% são do sexo masculino. Acerca desses entrevistados, concentram-se na região sudeste (34,5%), seguidos por respondentes da região nordeste do país (27,5%). Além disso, esses respondentes, em sua maioria, enquadram-se nas faixas etárias entre 40 aos 44 anos (11,7%) e 30 aos 34 anos (10,5%). Nesse mesmo ano, o perfil democrata insatisfeito com a Democracia terá 406 casos de correspondência, sendo 50,5% dos respondentes pertencentes ao sexo masculino. Desses entrevistados, 50,7% se encontram na região sudeste, além de deterem em sua maioria faixas etárias entre 20 aos 24 anos (12,8%) e 30 aos 34 anos (12,8%). Assim sendo, o ano de 2013, em uma leitura entre democratas satisfeitos e insatisfeitos com a Democracia no país, terá em sua maioria, respondentes que se afirmam insatisfeitos e que pertencem a grupos etários mais jovens com pertença aos sexos equilibrada.

Já no ano de 2015, observam-se 202 respondentes enquadrados no perfil de democratas satisfeitos, sendo 56,4% pertencentes ao sexo masculino. A região sudeste concentra 42,6% desses respondentes. No tocante às faixas etárias, há 16,3% de 25 aos 29 anos e 14,1% entre 35 e 39 anos. Nesse mesmo ano, o perfil do respondente democrata e insatisfeito com a Democracia terá a presença de 469 respondentes, com uma pertença ao sexo masculino de 50,1% e com uma maior concentração na região sudeste (48,4%), expressa principalmente pelas capitais de São Paulo e Belo Horizonte (37,5%). Acerca da faixa etária, observamos que os respondentes se concentram nas faixas entre 20 aos 29 anos (23,2%) e 35 aos 39 anos (12,2%). Dessa forma, observa que o ano de 2015 terá em sua maioria respondentes democratas insatisfeitos com a Democracia, sendo estes em sua maioria jovens de até 29 anos.

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Uma leitura comparativa: democratas satisfeitos e insatisfeitos com a democracia entre os anos de 2013 e 2015

Como nos mostram os dados do ICS, há um cenário de desconfiança nas instituições políticas brasileiras. Sinalizam, ainda, que houve perdas de confiança mais significativas de 2012 para 2013, recuperação em 2014, e nova queda brusca em 2015. Dada a relevância desse cenário, portanto, trazemos os dados do Latinobarômetro referentes aos anos de 2013 – tendo sido os dados coletados no mês de junho desse ano, ou seja, no fervor das Jornadas de Junho - e de 2015 – com dados coletados entre janeiro e fevereiro, período pós-eleitoral. Consideramos de suma importância uma análise comparativa entre esses anos, sobre como respondiam os democratas brasileiros questões sensíveis a percepções acerca de democracia, política e confiança em instituições, considerando a centralidade do fenômeno da satisfação com o funcionamento da democracia.

Nossa leitura dos dados inicia-se com um detalhamento dos percentuais dos democratas satisfeitos e insatisfeitos em 2013 e 2015. Consideramos democratas aquele que responderam que a frase que estão mais de acordo é “A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo”, ficando de fora desse estudo aqueles que responderam “Em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um democrático” e “Tanto faz a pessoas como eu um regime autoritário ou um regime democrático”. Em seguida, apresentamos uma leitura dos testes de proporções e leituras descritivas por blocos de análise.

a) Democratas satisfeitos e insatisfeitos: percentuais em 2013 e 2015

Buscando um levantamento dos percentuais dos democratas satisfeitos e insatisfeitos, apresentamos uma breve leitura descritiva. Nesse sentido, em 2013, sem o filtro dos “democratas”, os brasileiros insatisfeitos somam 72,7%, enquanto que os satisfeitos somam 27,3%. Gerando o resultado somente para os democratas brasileiros, a amostra cai praticamente à metade (de 1204 para 584), mas os percentuais permanecem muito semelhantes: 70,36% dos democratas brasileiros estão insatisfeitos com a democracia, enquanto que 29,64% estão satisfeitos, como ilustrado abaixo.

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11 Fonte: elaboração própria Já em 2015, observa-se um percentual de 77,5% de brasileiros insatisfeitos, se comparado aos 22,5% satisfeitos. Em relação aos democratas brasileiros, a amostra válida cai de 1167 para 671, permanecendo as porcentagens muito semelhantes: insatisfeitos somam 69,90%; já satisfeitos somam 30,10%, grupo que comporta um aumento um pouco maior, de 7,6%, para os democratas, como mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 4: democratas satisfeitos e insatisfeitos em 2015

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b) Uma leitura dos Blocos de análise

O levantamento dos dados contidos nos blocos de análise deu-se através da realização de testes de proporções de uma amostra, realizados separadamente para cada ano. Ao fim, compomos uma tabela que compara tanto os anos, como os grupos (democratas satisfeitos e insatisfeitos). Para as variáveis escalares, foi feita uma análise descritiva, auxiliada por gráficos de barras empilhados. Apresentamos abaixo os resultados, por bloco de análise.

• Bloco 1: Percepções subjetivas quanto à democracia e política

Esse bloco é composto por três variáveis, que se encontram na tabela abaixo. Nela, apresentamos a média do teste de proporções, para cada ano e cada grupo (democratas satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia), e o intervalo de confiança, de 95%.

Tabela 2: Teste de proporções para o Bloco 1

Fonte: elaboração própria

Em 2013, referente à variável “A política é complicada”, o percentual de satisfeitos e insatisfeitos que acham que a política é complicada e não se compreende é praticamente o mesmo (em torno de 56%). A proximidade a algum partido político entre os satisfeitos é maior (26%) que entre os insatisfeitos (15%). Por fim, aqueles que concordam com a frase “a democracia pode ter problemas, mas é o melhor sistema de

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T A política é complicada 55,26% (,5024 - ,6029) 58,08% (,5354 - ,6261) Proximidade de algum partido político 15,71% (,1213 - ,1929) 24,35% (,2043 - ,2827) A democracia pode ter problemas mas é o melhor sistema de governo 89,85% (,8698 - ,9292) 89,15% (,8630 - ,9200)

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T A política é complicada 56,96% (,4916 - ,6477) 52,79% (,4576 - ,5982) Proximidade de algum partido político 26,79% (,2002 - ,3355) 27,86% (,2161 - ,3411) A democracia pode ter problemas mas é o melhor sistema de governo 96,39% (,9352 - ,9925) 94,06% (,9077 - ,9735)

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13 governo” chega próximo ao percentual de 100% entre os satisfeitos, mas nem tanto entre os insatisfeitos (89%). A decisão de incluir essa variável na realização dos testes, mesmo com o banco filtrado somente para os democratas, manteve-se com a justificativa de observar as variações entre ambos os grupos, que de fato, se observa.

Já para o ano de 2015, observa-se, para “A política é complicada”, que um percentual menor de satisfeitos parece encontrar dificuldades com a política (52% em relação aos 58% dos insatisfeitos), ainda que o percentual para ambos os grupos seja relativamente alto. O sentimento de proximidade a algum partido político revela-se com variação menor ainda entre os grupos (27% dos satisfeitos sentem alguma proximidade, em comparação com os 24% dos insatisfeitos). O percentual daqueles que concordam com a frase “a democracia pode ter problemas, mas é o melhor sistema de governo”, é mais alto entre os satisfeitos (94%) do que entre os insatisfeitos (89%).

Quanto às variações entre ambos os grupos, não se observa algo significativo, ambos apresentando percentuais muito semelhantes. O elemento “ano” também não parece ser grande diferenciador, com uma leve ressalva para o sentimento de proximidade a algum partido, que, dentro do grupo dos insatisfeitos, aumenta quase 10% de 2013 para 2015. Portanto, o bloco de percepções subjetivas quanto à democracia e política não parece ser um elemento diferenciador nem entre os democratas satisfeitos e insatisfeitos, nem entre os anos.

• Bloco 2: Análise da conjuntura política do país

A primeira variável do bloco “Análise da conjuntura política do país” se refere à escala de quão democrático é o país. Essa escala varia de 01 a 10, em que o primeiro valor significa “Não é democrático”, e o último é dado como “É totalmente democrático”. Os gráficos abaixo mostram em quais valores concentram-se os dois grupos (democratas satisfeitos e insatisfeitos), por ano.

Gráfico 5: escala “quão democrático é o país” nos anos de 2013 (à esquerda) e 2015 (à direta)

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14 Fonte: elaboração própria

Em 2013, observa-se que há uma concentração expressiva, tanto dos democratas satisfeitos, como dos insatisfeitos, nos valores mais próximos a 10. A maior concentração dos satisfeitos (25,1%) está na escala 08. Já o maior percentual dos insatisfeitos (16,7%) localiza-se na escala 06, ainda que haja percentuais muito próximos a esse (16,5% na escala 08 e 15,8% na escala 05). Assim sendo, observa-se uma concentração de respostas em valores superiores a 05, considerado média na escala. Já em 2015, o cenário é um pouco distinto, com o crescimento de avaliações mais baixas na escala, principalmente entre os insatisfeitos (01 a 04 soma 37,1% nos insatisfeitos, enquanto que 12,5% nos satisfeitos). Os maiores percentuais dos satisfeitos estão nas escalas “08” (20,8%) e “07” (18,3%). Já dos insatisfeitos, estão na escala “05” (25,8%), valor de referência central para a escala, e “04” (14,1%).

Portanto, em um comparativo entre os anos de 2013 e 2015, no primeiro ano a concentração de respostas dava-se a valores superiores a 05 na escala, valor central escalar, o que indica uma inclinação positiva para a percepção de quão democrático é o país, tanto para os satisfeitos, como para os insatisfeitos. Entretanto, o ano de 2015 terá uma nova configuração dos resultados, onde, apesar de ainda haver uma concentração positiva de respostas quanto a uma percepção de quão democrático é o país, os valores são mais deslocados para distribuições iguais ou abaixo de 05, ainda que isso se destaque mais para os insatisfeitos, que para os satisfeitos.

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15 Já abaixo, encontra-se uma tabela que organiza os testes de proporções para o restante das variáveis desse bloco.

Tabela 3: Teste de proporções para o Bloco 2

Fonte: elaboração própria

Em 2013, a imagem do progresso do país é majoritariamente a de progresso para os satisfeitos (54%) e de estagnação para os insatisfeitos (46%). Os percentuais relativos à visão de retrocesso variam pouco entre ambos os grupos. A aprovação da gestão do governo sofre grande mudança de um ano para o outro, estando em 80% para os satisfeitos, e em 52% para os insatisfeitos. Por fim, a avaliação da segurança cidadã no país é majoritariamente considerada como ruim para ambos os grupos, ainda que com grandezas distintas (47% dos satisfeitos e 61% dos insatisfeitos), com maior variação entre os grupos numa visão otimista da segurança cidadã (boa): mais que o dobro dos satisfeitos.

Para 2015, os satisfeitos percebem que o país está mais progredindo que retrocedendo, contrariamente aos insatisfeitos, que enxergam o retrocesso frente ao progresso. É majoritária a visão de ambos, entretanto, de que o país está estagnado. Ainda no mesmo bloco, temos que o percentual dos satisfeitos que aprovam a gestão do governo liderado pelo presidente (47%) é mais que o dobro da aprovação dos insatisfeitos. Quanto à avaliação da segurança cidadã no país, ambos os grupos concordam que ela é majoritariamente ruim, havendo relativo equilíbrio nas outras avaliações.

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T Imagem do progresso do país está progredindo 31,27% (,2672 - ,3581) 11,37% (,0848 - ,1427) está estagnado 49,63% (,4473 - ,5453) 52,36% (,4781 - ,5691) está em retrocesso 19,11% (,1525 - ,2296) 36,27% (,3188 - ,4065) Aprovação da gestão do governo 52,85% (,4785 - ,5785) 21,68% (,1787 - ,2549) Avaliação da segurança cidadã no país Boa 8,37% (,0567 - ,1108) 4,08% (,0228 - ,0588) Regular 30,30% (,2581 - ,3478) 27,68% (,2361 - ,3176) Ruim 61,33% (,5657 - ,6609) 68,24% (,6400 - ,7248)

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T Imagem do progresso do país está progredindo 54,17% (,4655 - ,6178) 28,36% (,2207 - ,3464) está estagnado 33,93% (,2670 - ,4116) 47,76% (,4080 - ,5473) está em retrocesso 11,90% (,0696 - ,1685) 23,38% (,1794 - ,2983) Aprovação da gestão do governo 80,12% (,7399 - ,8625) 47,12% (,3998 - ,5426) Avaliação da segurança cidadã no país Boa 18,13% (,1230 - ,2396) 8,42% (,0455 - ,1228) Regular 34,50% (,2731 - ,4170) 36,14% (,2946 - ,4282) Ruim 47,37% (,3981 - ,5493) 55,45% (,4853 - ,6236)

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16 Nesse bloco fica claro o peso do ano pras duas primeiras variáveis, principalmente numa variação interna entre os satisfeitos: esses, em 2015, atingem valores semelhantes dos insatisfeitos em 2013. De 2013 para 2015, cai praticamente pela metade, em ambos os grupos, a percepção de que o país estava progredindo, aumentando, especialmente entre os insatisfeitos, a visão de que o país está em retrocesso. Também a aprovação da gestão do governo cai praticamente pela metade, em ambos os grupos e anos.

• Bloco 3: Confiança nas instituições e nas pessoas

O terceiro bloco refere-se à confiança nas instituições políticas (congresso, governo, Judiciário, partidos políticos e Estado) e nas pessoas, cujos testes de proporções para a opção “Confia” estão representados na tabela abaixo.

Tabela 4: Teste de proporções para o Bloco 3

Fonte: elaboração própria Em 2013, a ordem de confiança nas instituições varia a depender do grupo. Para os satisfeitos, as três instituições nas quais mais se confia são o Poder Judiciário, o Estado e o governo (64%, 62% e 61% respectivamente). Em seguida, temos o congresso (37%) e os partidos políticos (26%). Já entre os insatisfeitos, além da ordem, os valores são muito diferentes. As três instituições nas quais mais se confia são o Estado, o Poder Judiciário e o governo (44%, 35% e 29% respectivamente), seguidos por congresso (19%) e partidos políticos (14%). Por fim, a confiança entre as pessoas varia pouco

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T Confiança no Congresso 37,50% (,3010 - ,4490) 34,17% (,2752 - ,4082) Confiança no governo 61,68% (,5423 - ,6913) 34,00% (,2738 - ,4062) Confiança no Poder Judiciário 64,63% (,5724 - ,7203) 48,22% (,4118 - ,5526) Confiança nos partidos políticos 26,47% (,1977 - ,3317) 16,00% (,1088 - ,2112) Confiança no Estado 62,57% (,5525 - ,6990) 41,29% (,3443 - ,4816) Confiança nas pessoas 7,78% (,0368 - ,1189) 13,37% (,0863 - ,1810)

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015 Teste T Teste T Confiança no Congresso 19,55% (,1567 - ,2344) 15,65% (,1232 - ,1899) Confiança no governo 29,46% (,2499 - ,3392) 14,44% (,1123 - ,1765) Confiança no Poder Judiciário 35,75% (,3103 - ,4047) 30,24% (,2604 - ,3444) Confiança nos partidos políticos 14,64% (,1117 - ,1811) 7,30% (,0493 - ,0976) Confiança no Estado 44,03% (,3916 - ,4890 22,20% (,1840 - ,2599) Confiança nas pessoas 4,79% (,0268 - ,0689) 5,16% (,0314 - ,0718)

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17 entre os grupos, e é extremamente baixa (7% para os satisfeitos e 4% para os insatisfeitos).

Já em 2015, o cenário é distinto. A confiança nas instituições e pessoas revela a mesma ordem de preferência entre ambos os grupos, mas com claras diferenças de grandeza: em ambos, a confiança no poder judiciário é maior que nas outras instituições, seguida pela confiança no Estado; no congresso e no governo (com valores muito próximos), nos partidos políticos e, por fim, nas pessoas. Entre os satisfeitos, a confiança nas instituições é mais que o dobro entre os insatisfeitos, com exceções para o poder Judiciário, que é a instituição com percentual de confiança mais aproximado entre ambos os grupos. Por fim, os satisfeitos confiam praticamente três vezes mais nas pessoas que os insatisfeitos.

Nesse bloco, tanto o ano, como os grupos importam. A confiança no Congresso, de 2013 para 2015, cai, mas muito pouco, o que pode ser reflexo de seus valores já estarem em percentuais mais baixos. Tanto para os satisfeitos, como para os insatisfeitos, a confiança no governo cai quase que pela metade, estando muito reduzida, também, a confiança no Estado. Os partidos políticos também possuem grande perda, quase que pela metade, em ambos os grupos. A confiança no poder judiciário sofre queda significativa entre os satisfeitos, mas não entre os insatisfeitos. Contrária à essa tendência, está a confiança nas pessoas, que praticamente dobra, entre os satisfeitos, de 2013 para 2015. Já entre os insatisfeitos, ela também aumenta, mas muito pouco.

• Bloco 4: Exercício dos direitos políticos/Engajamento político

A variável “Disposição a marchar e protestar por” também requer uma análise descritiva. A escala vai de 01 a 10, de onde 01 significa nada disposto e 10 significa muito disposto.

A primeira opção refere-se à disposição a marchar a protestar pelo aumento de salário e melhores condições de trabalho. Em 2013, ela está concentrada, em ambos os grupos, nos extremos, com um percentual maior para a escala 10. O maior percentual de satisfeitos (23,4%) e insatisfeitos (25,6%) encontra-se muito disposto (escala: 10) a manifestar por essa causa. No outro extremo, cerca de 18% dos satisfeitos e insatisfeitos encontram-se nada dispostos (escala: 01) a protestar por essa causa. Os percentuais

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18 restantes encontram-se maiores quando iguais ou maiores que 05. Também em 2015, a maior concentração está em “muito disposto” (29,2% para os satisfeitos e 32,8% para os insatisfeitos). Para os satisfeitos, os maiores percentuais restantes encontram-se na escala “8” (17,3%) e em nada disposto (12,4%). Já para os insatisfeitos, nas escalas nada disposto (17,7%) e “8” (12,6%).

Já a disposição a marchar e protestar pela melhoria da saúde e da educação também possui clara concentração nas escalas “muito disposto” (28,7% dos satisfeitos e 32,3% dos insatisfeitos); na escala “8”, com percentuais muito semelhantes a essa; e na escala “nada disposto” (14,6% dos satisfeitos e 16% dos insatisfeitos). Em 2015 a concentração em “nada disposto” é pouco menor em relação a 2013: 10,9% dos satisfeitos e 15,1% dos insatisfeitos. Os percentuais restantes também se encontram bem semelhantes a 2013, com a maior concentração em “muito disposto” (42,1% dos satisfeitos e 40,9% dos insatisfeitos), e na escala “8”.

Quanto à disposição a protestar pela defesa de direitos democráticos, temos, em 2013, um cenário interessante: as maiores concentrações, de ambos os grupos, estão nos extremos, com um maior percentual em “nada disposto” para os satisfeitos (21,1%), e em “muito disposto” para os insatisfeitos (19,7%). Entretanto, praticamente contraditório, é que a concentração dos insatisfeitos em “nada disposto” também é semelhante (17,7%) ao extremo oposto, assim como a dos satisfeitos em “muito disposto” (19,3%). Ainda que com percentuais menores, as maiores concentrações restantes estão a partir da escala “5”. Em 2015, há uma polarização um pouco menor, ainda que continue significativa. A disposição a protestar pela defesa de direitos democráticos é maior, entre os satisfeitos, em “muito disposto” (23,8%), seguido por “8” (15,3%) e “nada disposto” (11,9%). Também entre os insatisfeitos, é maior em “muito disposto” (29,2%) e em “nada disposto” (18,1%).

Portanto, quanto à disposição entre democratas satisfeitos e insatisfeitos a se manifestarem publicamente através de protestos, observa-se uma concentração de respostas em extremos em ambos os anos, havendo um claro aumento de 2013 para 2015 na disposição “10” em protestar pela melhoria da saúde e da educação, mas com um cenário equilibrado, entre os anos, quanto à defesa dos direitos democráticos, que permanece polarizada entre “nada dispostos” e “muito dispostos”. Ainda em relação a essa variável, ser insatisfeito importa: de 2013 para 2015, aumenta praticamente em 10 pontos percentuais a concentração em “muito disposto”.

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19

Tabela 5: Teste de proporções para o Bloco 4

Fonte: elaboração própria Em 2013, a frequência com que trabalha para um candidato ou partido político é a variável de maior diferenciação entre satisfeitos (20%) e insatisfeitos (7%). As restantes, encontram-se em percentuais aproximados, ainda que seja sempre maior entre os satisfeitos. Ter votado na última eleição presidencial também não demonstra grande diferença entre os grupos.

Já em 2015, as variações entre os grupos são ainda menores na variável relativa à frequência com que realiza uma das atividades descritas, sendo maior para trabalhar para um candidato ou partido. Ter votado na última eleição presidencial segue a mesma tendência de pouca variação, mas com um valor maior para os insatisfeitos.

Percebe-se, assim, que esse bloco não é um grande diferenciador nem entre os dois grupos, nem entre os anos. Esse resultado fica claro tanto para as variáveis escalares, como para as não escalares.

• Bloco 5: Percepções de questões relacionadas à corrupção

Para o Bloco 5, apresentamos, abaixo, um gráfico para variável escalar e tabela com teste de proporções para as variáveis nele inseridas.

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

Frequência com que:

trabalha para um candidato ou partido 20,47% (,1436 - ,2658) 15,92% (,1082 - ,2102) convence alguém de como pensa politicamente 23,53% (,1709 - ,2997) 26,87% (,2069 - ,3305) fala de política com

amigos 50,29% (,4272 - ,5786) 48,26% (,4129 - ,5523)

Votou na última

eleição presidencial 89,47% (,8483 - ,9412) 81,19% (,7575 - ,8662)

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

Frequência com que:

trabalha para um candidato ou partido 7,92% (,0528 - ,1057) 8,57% (,0602 - ,1111) convence alguém de como pensa politicamente 14,68% (,1120 - ,1815) 23,61% (,1974 - ,2747) fala de política com

amigos 41,58% (,3676 - ,4641) 50,11% (,4556 - ,5466)

Votou na última

(20)

20

Gráfico 6: Quão justificável é sonegar impostos em 2013 (à esquerda) e 2015 (à direita)

Fonte: elaboração própria

Em 2013, no grau de quão justificável é sonegar impostos, os dois grupos possuem majoritária concentração em “nada justificável” (50,3% para os satisfeitos e 53% para os insatisfeitos). Os percentuais restantes mostram-se muito pequenos, sendo que os maiores estão anteriores ou iguais à escala “5”.

Já em 2015, ambos os grupos possuem distribuições semelhantes, sendo nítida a concentração majoritária em “nada justificável” (47,5% dos satisfeitos e 50,5% dos insatisfeitos), e concentrações muito pequenas nos valores restantes, o maior sendo na escala “05” (10,4% dos satisfeitos e 9,8% dos insatisfeitos).

Conclui-se que a sonegação de impostos, apresenta, em ambos os anos, uma negação massiva entre os respondentes democratas satisfeitos e insatisfeitos. Entretanto, no ano de 2015, a indicação “Totalmente justificável” sofre um aumento de 6,8% em relação a 2013 entre os satisfeitos.

Para o restante das variáveis desse bloco, apresentamos, abaixo, uma tabela com os testes de proporções.

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Tabela 6: Teste de proporções para o Bloco 5

Fonte: elaboração própria Em 2013, as percepções relacionadas à corrupção, revelam que a corrupção é tida, em ambos os grupos, como o segundo maior problema do país. A maior preocupação é com a saúde, que concentra praticamente o dobro dos percentuais. Os problemas da política, para ambos também, possuem baixo percentual (3%). Perceber que aqueles que governam o país são um grupo de poderosos agindo em benefício próprio, é visão quase homogênea entre os insatisfeitos (91%). Já entre os satisfeitos, o percentual também é alto, ainda que consideravelmente menor (70%). Por fim, 45% dos satisfeitos percebem que as instituições progrediram algo em reduzir a corrupção nos últimos dois anos, valor que é praticamente a metade para os insatisfeitos.

Já em 2015, para os satisfeitos, o principal problema do país está relacionado à saúde, enquanto que, para os insatisfeitos, é a corrupção. Em relação aos líderes políticos, é alto o percentual, em ambos os grupos, para a visão que aponta que eles agem em benefício próprio, e não para o bem do povo, ainda que entre os insatisfeitos seja muito mais alto (cerca de 78% para os satisfeitos e de 91% para os insatisfeitos). Por fim, entre os satisfeitos acredita-se mais que as instituições estão progredindo algo no combate à corrupção nos últimos dois anos (27%) que entre os insatisfeitos (16%).

Também nesse bloco, o peso do ano é considerável, ainda que seja especificamente maior para o “grau de progresso das instituições em reduzir a corrupção

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

Problema mais importante do país corrupção 14,63% (,0917 - ,2010) 18,97% (,1342 - ,2453) problemas da saúde 34,15% (,2681 - ,4148) 23,59% (,1758 - ,2960) delinquência/segurança pública 13,41% (,0814 - ,1869) 10,26% (,0596 - ,1455) problemas da educação 6,71% (,0248 - ,1058) 8,21% (,0432 - ,1209) situação/problemas da política 3,05% (,0039 - ,0571) 6,15% (,0275 - ,0956)

Aqueles que governam são grupo de poderosos agindo em benefício próprio

70,55% (,6348 - ,7762)

78,28% (,7249 - ,8408)

Progresso das instituições em reduzir a corrupção nos últimos dois anos

45,18% (,3753 - ,5283)

27,69% (,2136 - ,3403)

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

Problema mais importante do país corrupção 12,69% (,0939 - ,1599) 27,35% (,2325 - ,3145) problemas da saúde 31,47% (,2687 - ,3608) 14,96% (,1141 - ,1792) delinquência/segurança pública 9,64% (,0672 - ,1257) 7,88% (,0540 - ,1036) problemas da educação 10,41% (,0738 - ,1343) 6,13% (,0392 - ,0833) situação/problemas da política 3,05% (,0134 - ,0475) 9,63% (,0691 - ,1234)

Aqueles que governam são grupo de poderosos agindo em benefício próprio

91,35% (,8856 - ,9414)

91,96% (,8946 - ,9445)

Progresso das instituições em reduzir a corrupção nos últimos dois anos

23,50% (,1933 - ,2767)

16,30% (,1289 - ,1971)

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22 nos últimos dois anos: algo”, entre os satisfeitos (de 45% em 2013, cai para 27% em 2015). Entre os insatisfeitos, a percepção de que a corrupção é o problema mais importante do país dobra de um ano para o outro.

• Bloco 6: Satisfação com a vida pessoal e análise econômica pessoal e do país Para o último bloco, apresentamos, abaixo, as tabelas com os testes de proporções.

Tabela 7: Teste de proporções para o Bloco 6

Fonte: elaboração própria

SATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

A distribuição de

renda é justa 28,57% (,2167 - ,3547) 13,00% (,0830 - ,1700) Satisfação com a vida 84,21% (,7869 - ,8973) 87,06% (,8239 - ,9174) Situação econômica pessoal atual Boa 56,14% (,4863 - ,6365) 47,03% (,4009 - ,5397) Regular 38,01% (,3066 - ,4536) 46,53% (,3690 - ,5347) Ruim 5,85% (,0230 - ,0940) 6,44% (,0302 - ,0985) Situação economia pessoal passada Melhor 57,40% (,4986 - ,6493) 36,50% (,2977 - ,4323) Igual 40,83% (,3334 - ,4831) 53,00% (,4602 - ,5998) Pior 1,78% (-,0024 - ,0379) 10,50% (,0621 - ,1479) Situação econômica pessoal futura Melhor 73,81% (,6709 - ,8053) 70,47% (,6397 - ,7696) Igual 24,40% (,1784 - ,3097) 23,83% (,1777 - ,2990) Pior 1,79% (-,0024 - ,0381) 5,70% (,0240 - ,0900) Satisfação com o funcionamento da economia 61,76% (,5439 - ,6914) 33,17% (,2657 - ,3976) Situação econômica atual do país Boa 44,05% (,3646 - ,5163) 22,39% (,1658 - ,2820) Regular 41,67% (,3413 - ,4920) 46,77% (,3981 - ,5372) Ruim 14,29% (,0894 - ,1963) 30,85% (,2441 - ,3729) Situação econômica passada do país Melhor 47,88% (,4018 - ,5558) 28,64% (,2231 - ,3498) Igual 35,15% (,2779 - ,4251) 42,71% (,3578 - ,4965) Pior 16,97% (,1118 - ,2276) 28,64% (,2231 - ,3498)

INSATISFEITOS COM A DEMOCRACIA

2013 2015

Teste T Teste T

A distribuição de

renda é justa 9,27% (,0641 - ,1213) 4,07% (,0227 - ,0587) Satisfação com a vida 69,21% (,6470 - ,7372) 76,12% (,7225 - ,7999) Situação econômica pessoal atual Boa 37,78% (,3304 - ,4252) 38,20% (,3377 - ,4263) Regular 51,11% (,4622 - ,5600) 49,79% (,4523 - ,5434) Ruim 11,11% (,0804 - ,1418) 12,02% (,0905 - ,1498) Situação economia pessoal passada Melhor 40,99% (,3618 - ,4580) 32,19% (,2793 - ,3645) Igual 45,43% (,4056 - ,5030) 51,07% (,4652 - ,5563) Pior 13,58% (,1023 - ,1693) 16,74% (,1334 - ,2014) Situação econômica pessoal futura Melhor 66,58% (,6193 - ,7124) 54,83% (,5019 - ,5947) Igual 27,89% (,2346 - ,3231) 28,99% (,2476 - ,3322) Pior 5,53% (,0327 - ,0778) 16,18% (,1274 - ,1961) Satisfação com o funcionamento da economia 7,90% (,0526 - ,1054) 4,33% (,0247 - ,0619) Situação econômica atual do país Boa 19,70% (,1582 - ,2359) 8,60% (,0604 - ,1116) Regular 46,55% (,4168 - ,5142) 34,62% (,3028 - ,3896) Ruim 33,74% (,2913 - ,3836) 56,77% (,5225 - ,6129) Situação econômica passada do país Melhor 26,98% (,2263 - ,3133) 16,85% (,1342 - ,2027) Igual 40,84% (,3603 - ,4566) 36,07% (,3168 - ,4046) Pior 32,18% (,2760 - ,3675) 47,08% (,4252 - ,5165)

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23 Em 2013, a percepção de “Quão Justa é a distribuição de renda” varia muito entre os grupos: 28% dos satisfeitos a percebem como justa, em comparação aos 9% de insatisfeitos. A satisfação com a vida entre os satisfeitos também é maior, ainda que a diferença para o outro grupo não seja tão grande. A satisfação econômica pessoal, varia entre atual, passada e futura. Nessa, há sempre uma perspectiva majoritária de melhoria, entre ambos os grupos, sendo muito rara a de piora. Quanto à situação passada, percebe-se que há uma visão de que ela era melhor, ainda que o percentual daqueles que acham que era igual é muito próximo a essa. Quanto à situação atual, há uma ordem inversa entre os grupos: para maior parte dos satisfeitos, ela é boa (56%); já para maior parte dos insatisfeitos, ela é regular (51%). Já a satisfação com o funcionamento da economia é excepcionalmente distinta: entre os satisfeitos, ela é praticamente 10 vezes maior (61%) que entre os insatisfeitos. Quando passamos para a avaliação da situação econômica atual do país, há, entre os satisfeitos, uma concentração entre os que acham que ela é boa (44%) e regular (41%). Já entre os satisfeitos, a concentração é entre os que acham a situação regular (46%) e ruim (33%). Numa visão da situação passada, entre os satisfeitos percebe-se que ela era melhor (47%); entre os insatisfeitos, igual (40%), com uma concentração alta para a visão de que ela era pior (32%).

Para o ano de 2015, há uma clara diminuição, em relação a 2013, nos satisfeitos que acham justa a distribuição de renda (13%). A satisfação com a vida não varia muito entre os grupos, mas melhora entre os insatisfeitos de 2013 para 2015. A percepção da situação econômica pessoal atual é parecida entre os grupos, ainda que esteja mais concentrada como boa (com 1% de diferença para a situação regular) para satisfeitos, e como regular para os insatisfeitos. Quanto à situação passada, percebe-se como igual entre ambos os grupos; a futura, expressa um otimismo maior para os satisfeitos, que a veem como melhor (70%) que entre os insatisfeitos (54%). A satisfação com o funcionamento da economia cai pela metade entre os satisfeitos de 2013 para 2015; entre os insatisfeitos, os valores permanecem muito parecidos em relação a 2013, ainda que caia para 4%. Entre os satisfeitos, a situação econômica atual do país é majoritariamente regular (46%); para o outro grupo, ela é ruim (56%). Já a situação passada, é mais percebida como igual entre os satisfeitos, e como pior entre os satisfeitos, tendência parecida ao ano de 2013.

Esse bloco apresenta grande peso no elemento ano e grupos no que diz respeito à variável “satisfação com o funcionamento da economia”. De um ano para o outro, os insatisfeitos não mudam muito sua percepção negativa, mas os satisfeitos, sim. Já as

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24 avaliações da situação econômica pessoal e da satisfação com a vida não possuem grandes impactos. De um ano para o outro, os satisfeitos percebem que a distribuição de renda no país está menos justa. Quanto à situação econômica atual do país, há, entre 2013 e 2015, uma fuga, entre os satisfeitos, de uma percepção mais otimista para uma intermediária e, entre os insatisfeitos, de uma percepção mais intermediária para uma negativa.

Conclusões

Dado o volume de informações, é necessária uma leitura final através do levantamento dos blocos. O primeiro bloco, de percepções subjetivas quanto à democracia e política não apresenta grandes diferenças entre os grupos e entre os anos.

No segundo, “análise da conjuntura política do país”, uma análise descritiva de quão democrático é o país praticamente não muda entre os satisfeitos, de 2013 para 2015. Já entre os insatisfeitos, há uma concentração maior no valor “05” e naqueles abaixo dele. Ainda dentro desse bloco, vemos o peso do ano numa visão mais negativa do progresso do país (aumentando a percepção de que ele está estagnado e em retrocesso), e caindo significativamente a aprovação da gestão do governo.

No bloco da confiança nas instituições políticas e em pessoas, as maiores quedas se dão na confiança no governo, no Estado e nos partidos políticos. Como a confiança na presidência da República está presente somente no banco de 2013, não foi possível identificar como a confiança nessa instituição varia entre os grupos, ainda que os dados do ICS nos alertam que essa instituição também é alvo de grande queda.

No quarto bloco, de exercício dos direitos políticos/engajamento político, uma análise descritiva das variáveis relacionadas a disposição a protestar por alguma causa mostra disposições semelhantes entre os anos no que diz respeito ao aumento de salário e melhores condições de trabalho, com os valores muito localizados nos extremos. Quanto à melhoria da saúde e da educação, há uma tendência de crescimento de 2013 para 2015 na disposição a protestar por essa causa mais aproximada ao valor 10. Já a disposição para protestar pela defesa de direitos democráticos, mostra uma polarização nos extremos em ambos os anos. Também chama atenção uma disposição maior à defesa desses direitos por parte dos insatisfeitos.

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25 O bloco das percepções relacionadas à corrupção demonstra peso maior no que diz respeito ao grau de progresso das instituições em reduzir a corrupção nos últimos dois anos, cuja percepção de que “algo” está sendo feito cai, nos dois grupos, de 2013 para 2015. Aumenta, também, a percepção de que os que governam o país são um grupo de poderosos agindo em benefício próprio, permanecendo, entre os insatisfeitos nos 91%. Enquanto que, em 2013, a corrupção ocupa o quarto lugar como problema mais importante no país, em 2015 ela assume o primeiro lugar.

O último bloco, de satisfação com a vida pessoal e análise econômica pessoal e do país há um grande peso do ano e dos grupos para a satisfação com o funcionamento da Economia. É significativo que, em 2013, 61% dos satisfeitos estejam satisfeitos com a economia, em comparação aos 7% de insatisfeitos satisfeitos com economia. Quanto ao ano, cai pela metade a satisfação com funcionamento da Economia entre os satisfeitos. Além disso, há uma percepção mais negativa da situação econômica do país de um ano para o outro.

Percebemos, assim, que nenhum bloco apresenta variações homogeneamente entre suas variáveis. Mas podemos destacar que os blocos de Análise da conjuntura política do país (com a queda na aprovação do governo e imagem do progresso do país), da Confiança nas instituições (com uma queda centralizada ao governo e ao Estado), das Percepções de questões relacionadas à corrupção (com a ascensão da corrupção, em 2015, como o maior problema do país, e a percepção de que nada se tem feito pelas instituições pela diminuição da corrupção) e, principalmente, da Análise econômica do país (centralizada na variável de satisfação com o funcionamento da Economia, com a queda mais significativa entre todas, principalmente no que diz respeito aos grupos) possuem achados significativos.

Como o último bloco demonstra, o elemento fortemente diferenciador entre satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia, seria a satisfação com o funcionamento da Economia. Entretanto, de um modo geral, e, como mostram as leituras dos blocos, os satisfeitos com o funcionamento da democracia tendem a ser quase sempre mais otimistas que os insatisfeitos. O elemento ano também se configura como importante, já que, de 2013 para 2015, o otimismo dos satisfeitos cai de modo significativo em praticamente todas as variáveis analisadas; o pessimismo dos insatisfeitos também aumenta.

Por fim, reconhecemos o caráter exploratório desse artigo. Ainda que nesse momento não seja possível identificar os elementos mais centrais para o atual cenário

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26 instável na política brasileira, esperamos ter mostrado uma direção para futuros estudos, além da necessidade de se olhar para os democratas satisfeitos e insatisfeitos com o funcionamento da democracia. Uma possibilidade em aberto, seria a de conduzir outro estudo relacionado aos ambivalentes e autoritários, buscando perceber qual seria a centralidade da variável de apoio a democracia. Aguarda-se, assim, também, a existência de novos estudos do Latinobarômetro, do ICS, entre outros, para que a relevância de uma visão ao longo do tempo torne-se mais clara.

Anexo

1) Percepções subjetivas quanto à democracia e política

Grau de acordo: a democracia pode ter problemas mas é o melhor sistema de governo A política é complicada

Proximidade a algum partido

2) Análise da conjuntura política do país

Escala: quão democrático é o país Imagem do progresso do país Aprovação da gestão do governo Avaliação da segurança cidadã do país

3) Confiança nas instituições

Confiança em: congresso nacional Confiança em: o governo

Confiança em: o Estado

Confiança em: poder judiciário Confiança em: partidos políticos

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27 Frequência com que:

trabalha para um candidato partido

convence alguém de como pensa politicamente fala de política com amigos

Disposição a marchar e protestar por:

aumento de salário e melhores condições de trabalho melhoria da saúde e educação

defender direitos democráticos

5) Percepções de questões relacionadas à corrupção

Problema mais importante do país

Aqueles que governam são grupo de poderosos agindo em benefício próprio Grau de progresso das instituições em reduzir a corrupção nos últimos dois anos Escala: Quão justificável é sonegar impostos

6) Satisfação com a vida pessoal e análise econômica pessoal e do país

Quão justa é a distribuição de renda Satisfação com a vida

Situação econômica pessoal atual Situação economia pessoal passada Situação econômica pessoal futura

Satisfação com o funcionamento da economia Atual situação econômica do país:

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28

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Referências

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