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Ilmos. Srs. Murilo Ferreira Diretor Presidente Companhia Vale do Rio Doce S/A Avenida Graça Aranha, 26 Rio de Janeiro/RJ CEP Brasil

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Academic year: 2021

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407 W. Koch St. / Bozeman, MT 59715 U.S.A. / + (406) 586-8294 / www.edlc.org / info@edlc.org Ilmos. Srs.

Murilo Ferreira Diretor Presidente

Companhia Vale do Rio Doce S/A Avenida Graça Aranha, 26

Rio de Janeiro/RJ CEP 20030-900 Brasil

Alexandre Almeida

Presidente Novelis América do Sul Novelis do Brasil Ltda.

Av. Das Nações Unidas, 12551 15º andar Brooklin Novo São Paulo/SP

CEP 04578-000 Brasil

10 de agosto de 2011 Prezados Srs. Murilo Ferreira e Alexandre Almeida,

O Centro Legal de Defensores do Meio Ambiente (EDLC) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede nos Estados Unidos, que se presta assessoria jurídica a indivíduos e comunidades que lutam contra a degradação ambiental e seus impactos negativos sobre os direitos humanos. O EDLC colabora com parceiros locais com vistas a responsabilizar a empresas e governos em casos de violações aos direitos humanos.

Escrevemos em nome dos atingidos pela UHE Candonga/Risoleta Neves para chamar a atenção da Vale e da Novelis do Brasil para a necessidade de formulação e implementação de um Programa de Reativação Econômica, o qual deve ser elaborado e executado com a participação da comunidade atingida pelo empreendimento.

Fomos informados que desde a concessão da Licença de Operação (LO), diversas condicionantes socioambientais foram descumpridas pelo Consórcio Candonga, entre elas a que determina a implantação de um Programa de Reativação Econômica, como parte do Plano de Assistência Social (PAS).

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Nesse sentido, ao haver constatado o descumprimento de referidas condicionantes, o Conselho Estadual de Assistência Social de Minas Gerais (CEAS/MG), no âmbito das atribuições legais que lhe conferem a Lei Estadual 12.626/96, revogou sua resolução anterior, do ano de 2003, que havia considerado comprovada a implantação do PAS. A resolução 355/2011 do CEAS, publicada no diário oficial de Minas Gerais em 26 de março de 2011, foi tomada após visita a São Sebastião do Soberbo, onde o que encontrou foi “[d]esemprego e situação de empobrecimento crescente dos atingidos”.1 O Consórcio Candonga recorreu dessa decisão em 8 de abril de 2011, mas o recurso não foi provido.

Em sua decisão de 1º de Julio de 2011, o CEAS não apenas confirmou sua decisão do dia 26 de março de 2011, mas também descreveu como, durante os últimos dez anos, o Consórcio Candonga teve inúmeras oportunidades para colocar em prática o Plano de Reativação Econômica, mas continuamente deixou de fazê-lo, sem nenhuma justificativa.2

As observações do CEAS com relação à situação de empobrecimento enfrentada pelos atingidos pela UHE Candonga são compatíveis com as questões levantadas pela Justiça Global no relatório que enviou em 2004 ao Relator Especial sobre o Direito a uma Moradia Adequada, intitulado: “Atingidos e Barrados – As

violações de direitos humanos na hidrelétrica Candonga”.

2 A decisão do CEAS de 1º de Julio afirma que: 1) o PAS da UHE Candonga/Risoleta Neves foi o primeiro a

ser avaliado pelo CEAS desde a aprovação da Lei 12812/1998; 2)a UHE Candonga/Risoleta Neves inundou completamente o distrito de São Sebastião do Soberbo; a comunidade atingida era conformada por 296 pessoas, ou aproximadamente 127 famílias; 3) o PAS foi aprovado em 2001 com condicionantes; 4) o CEAS realizou visitas às áreas afetadas em 2003 e constatou que seis condicionantes importantes não haviam sido cumpridas. O PAS foi aprovado outra vez com condicionantes pela Resolução 29/2003; 5) o CEAS recebeu varias denuncias após a publicação da Resolução 29/2003; 6) o CEAS constatou que as denuncias eram fundadas, inclusive sobre o fato de que o Programa de Reativação Econômica não havia sido discutido com a comunidade, e revogou a Resolução 29/2003; 7) em dezembro de 2003 o PAS foi aprovado pela Resolução 39/2003 com 11 condicionantes. A aprovação condicional se deu em razão da expectativa de que o Consorcio iria cumprir com suas obrigações enquanto operava a UHE; 8) o relatório entregue pelo Consórcio em 2004 não comprovou que ações haviam sido tomadas com vistas à implementação do Programa de Reativação Econômica; 9)vários aspectos levaram o COPAM a suspender a LO concedida em 2004. Com vistas a resolver o problema foi sugerida a criação de quatro comissões; 10) em maio de 2005 foi realizada uma reunião com os representantes do Consorcio Candonga na que ficou claro que o Programa de Reativação Econômica não havia sido implementado a partir de janeiro de 2004 como havia sido previsto; 11) em junho de 2005 o CEAS enviou um relatório à Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente no qual afirmou que o Programa de Reativação Econômica não havia sido implementado e requereu fossem tomadas as medidas apropriadas tendo em vista o descumprimento das condicionantes da licença; 12) em abril de 2010 foi realizada outra reunião com o Consorcio Candonga na qual o CEAS oficialmente requereu a comprovação de que o Programa de Reativação Econômica havia sido implementado; 13) nenhum dos relatórios apresentados pelo Consórcio comprovaram que o Programa tenha sido implementado.

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Considerando que a Licença de Operação da hidrelétrica depende da comprovação pelo CEAS da implementação do PAS, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º da Lei Estadual 12812/983, pode-se concluir que a UHE Candonga/Risoleta Neves não cumpre com todos os requisitos legais para operar.

Como deve ser de seu conhecimento, a falta de cumprimento das condicionantes da LO também está sendo questionada judicialmente por meio de várias ações civis públicas. Em uma dessas ações4 o Tribunal de Justiça de Minas Gerais anulou a Licença de Operação da UHE Candonga, justamente em razão da falta de implementação das condicionantes da licença, que incluem a elaboração e implementação de um Programa de Reativação Econômica para os atingidos pelo empreendimento.

O fato de que o Consórcio não tenha implementado o Plano de Assistência Social e nem o Programa de Reativação Econômica depois de tantos anos parece indicar que a Vale e a Novelis do Brasil não teriam interesse em cumprir com suas obrigações com relação às famílias que tiveram que deixar suas casas, terras e formas de vida para possibilitar a construção da usina.

Além de violar a legislação brasileira, a atitude do Consórcio Candonga neste caso contradiz todas as diretrizes internacionalmente reconhecidas5 para situações de deslocamento forçado de comunidades. Referidas diretrizes são unânimes em afirmar que os responsáveis pelo deslocamento devem proporcionar aos atingidos uma condição de vida igual, ou melhor, do que a que tinham antes do deslocamento forçado. A Política Operacional OP 710 do BID, por exemplo, somente considera que a compensação e

3 Art. 5º - A concessão de licenciamento ambiental aos Empreendimentos públicos ou privados de

aproveitamento hídrico de que trata esta lei depende da apresentação de estudos ambientais que incluam plano de assistência social aprovado pelo CEAS. (...) § 2º- A licença de operação - LO - fica condicionada à comprovação, pelo CEAS, da implantação do plano de assistência social.

4 Processo -1.0521.04.032157-7/006(1); Numeração Única: 0321577-74.2004.8.13.0521. Publicação:

22/02/2011

5 Veja-se, por exemplo, a Política Operacional OP 4.12 do Banco Mundial, disponível em:

http://www.worldbank.org/resettlement, ou ainda as diretrizes da OCDE, de 1992, disponíveis em: http://www.oecd.org/dataoecd/37/27/1887708.pdf. Ambos os documentos possuem o aval das Nações Unidas por meio do parágrafo 18 da Observação Geral nº 7 do Comitê de Direitos Econômicos Sociais e Culturais, sobre o Direito a uma Moradia Adequada (U.N. Doc. E/1999/22). Veja-se também a Política Operacional OP -710 do Banco Interamericano de Desenvolvimento, disponível em:

http://www.iadb.org/es/acerca-del-bid/reasentamiento-involuntario-6660.html.

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reabilitação dos atingidos são justas e adequadas quando é possível assegurar que, no período mais curto de tempo, as populações deslocadas tenham:

• um padrão mínimo de vida e acesso à terra, aos recursos naturais e aos serviços (tais como água potável, saneamento, infra-estrutura comunitária e títulos de propriedade da terra) pelo menos equivalente aos níveis anteriores ao reassentamento;

• logrado recuperar-se de todas as perdas causadas pelas dificuldades de transição; • uma perturbação tão limitada quanto possível das suas redes sociais, oportunidades

de emprego e produção e acesso aos recursos naturais e instalações públicas; e • acesso às oportunidades de desenvolvimento econômico e social.

De acordo com a informação que recebemos da comunidade atingida, o Consórcio Candonga tem insistido em impor aos atingidos uma série de projetos ineficientes, sem participação comunitária e que não resultam na esperada geração de renda.

A esse respeito gostaríamos de recordar-lhes que a participação não é apenas um direito das comunidades atingidas, mas também uma estratégia que permite se atinjam melhores resultados, porque inclui a opinião daqueles que conhecem a realidade local. Por isso mesmo, as diretrizes para casos desse tipo recomendam processos participativos. A Política Operacional OP 4.12 do Banco Mundial, por exemplo, recomenda sejam desenvolvidos “métodos e procedimentos mediante os quais as comunidades identificarão e escolherão as possíveis medidas de mitigação ou compensação que se deverão aplicar àqueles que sofram os impactos adversos e procedimentos mediante os quais as comunidades que sofreram os impactos possam decidir entre as opções existentes”. Nesse sentido os atingidos pelo empreendimento já sabem quais projetos lhes interessa sejam colocados em prática no âmbito do Programa de Reativação Econômica: os que foram identificados com o apoio da Universidade Federal de Viçosa.

Face ao exposto, é urgente que o Consórcio Candonga tome as medidas necessárias para implementar, de maneira adequada o Programa de Reativação Econômica no âmbito do PAS. Para tanto, é imprescindível que as decisões relativas ao Programa sejam tomadas com a participação da comunidade atingida, de forma a atender e respeitar seus interesses e aspirações. Os planos e programas a ser implementados devem, ademais, cumprir com seus objetivos de gerar renda e melhorar as condições de vida dos atingidos pelo empreendimento.

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Esperamos uma pronta resposta da Vale e da Novelis do Brasil indicando as medidas que se comprometem a tomar com vistas à resolução das questões aqui levantadas. Esperamos que o Consórcio Candonga trate do Programa de Reativação Econômica com a seriedade que o tema requer e atue com rapidez para cumprir com suas obrigações legais com relação aos atingidos pela UHE Candonga/Risoleta Neves.

Atenciosamente,

Diretor Executivo

Environmental Defender Law Center

407 W. Koch St. / Bozeman, MT 59715 Estados Unidos Tel. + (406) 586-8294 / www.edlc.org / info@edlc.org

C/C

Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho

Presidente, Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS Rua Guajajaras, 40, 24º andar, Centro

Belo Horizonte/MG, CEP 30.160-100 Telefax: (31) 32 22 96 73

Email: ceasmg@yahoo.com.br Leonardo Sorbliny Schuchter

Superintendente, SUPRAM Zona da Mata Rodovia Ubá-Juiz de Fora, KM 02, Horto Florestal, CEP 36.500-000 Caixa Postal 181. Minas Gerais Tel. (32) 35 39 27 00

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Augusto Henrique Lio Horta

Presidente da URC / COPAM Zona da Mata Cidade Administrativa, Bairro Serra Verde Edifício Minas 2º andar - CEP: 30630-900 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil gabineteadjunto@meioambiente.mg.gov.br Vania.sarmento@meioambiente.mg.gov.br

Sif Thorgeirsson

Gerente, Projeto de Responsabilidade Legal Corporativa Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos

thorgeirsson@business-humanrights.org

Amanda Romero Medina

Pesquisadora e Representante para a América Latina e o Caribe Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos

Referências

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