DISLEXIA e Transtornos de Aprendizagem
Intensivo I – Janeiro/2019
DISLEXIA:
DEFINIÇÃO, PRINCIPAIS SINTOMAS e ALTERAÇÕES NEUROBIOLÓGICAS E FUNCIONAIS
Maria Inez Ocanã De Luca
Psicóloga
Especialização em Neuropsicologia
Pós-Graduada em Aprendizagem – Foco em Saúde Mestre em Psicologia da Saúde
Membro da Equipe Multidisciplinar da ABD desde 2002 Diretora de Cursos e Eventos na ABD
Professora convidada em Cursos sobre Dislexia e Transtornos de Aprendizagem Membro da CEDA – Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem
E-mail: inezdelucapsi@gmail.com
www.dislexia.org.br AssociacaoBrasileiradeDislexia
Em 1878 – Adolph kussmaul – Word Blindness – cegueira para palavras Em 1887 – Rudolf Berlin – Cunhou o termo Dislexia
Em 1896, Pringle Morgan e Hinshelwood utilizaram a expressão “cegueira verbal” ao descrever as dificuldades de um paciente de 14 anos aparentemente incapaz para a leitura, porém com muita habilidade em matemática.
Em 1917 James Hinshelwood publicou um livro chamado “Cegueira Verbal Congênita” que discorria sobre adultos com problemas de leitura e escrita, neste caso, em decorrência a lesões cerebrais.
Porém dificuldades semelhantes também eram encontradas em crianças sem lesões evidentes, o que levou este autor a sugerir que estes problemas poderiam ter uma origem orgânica com possível transmissão hereditária (IANHEZ; NICO, 2002).
Em 1925, um estudo nos Estados Unidos para se determinar quais eram os motivos para o encaminhamento de crianças para o serviço de saúde mental, observou que dificuldades relacionadas à leitura, escrita e soletração estavam entre os mais freqüentes. Samuel T. Orton interessou-se por este resultado e realizou vários estudos com cérebros humanos post-mortem. Seus primeiros achados o levaram a atribuir o problema com a leitura a distúrbios de dominância cerebral (IANHEZ; NICO, 2002).
O INÍCIO
1978 – Hier et. Al.
1980 – Ashkenazi
1981 – Haslam et. Al.
1990 – Larsen et. Al.
1990 – Hynd et. Al.
1985 – Galaburda et. Al.
Referências em pesquisas sobre dislexia
Atualmente
Silvia Ciasca Simone Capellini Fernando Capovilla Ricardo Lima Alessandra Seabra Eliseu Coutinho Cintia Salgado ABD Galaburda Genevere Eden Jose Artigas-Palares Andrea Facoetti Angela Nicolson J. Stein Rafael Pereira IDA 45
Ao longo dos anos, muitos termos foram usados para nomear dislexia do desenvolvimento, incluindo cegueira para palavras congênita, cegueira congênita familiar,
amnésia visualis verbis, analfabia parcial, bradiclexia, alexia congênita, dislexia constitucional, psicolexia, tifolexia congênita, dislexia congênita, atraso no
desenvolvimento da leitura, retardo de leitura primário ou específico e strephosymbolia. Em resumo, do ponto de vista cognitivo e comportamental, a dislexia do
desenvolvimento é uma síndrome heterogênea
caracterizada pela falha inesperada no reconhecimento de palavras, levando à incapacidade de obter um estilo de leitura fluido e sem esforço. Além da dificuldade em
reconhecer palavras, em ler fluentemente, os pacientes também têm problemas com ortografia, compreensão de leitura e raciocínio matemático.
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita. As dificuldades podem aparecer na leitura e na escrita, soletração e ortografia, fala e compreensão e em matemática. Problemas no processamento visual e auditivo podem aparecer, distinguindo os disléxicos como um grupo que apresenta dificuldade no processamento de linguagem. Isso significa que pessoas disléxicas têm dificuldade em traduzir a linguagem ouvida ou lida para o pensamento, ou o pensamento para a linguagem falada ou escrita. Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. As alterações comportamentais e emocionais são consequências do problema, pois a dislexia não é uma doença e sim um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem.
(Silva EAM. 1º Caderno de projetos de pesquisa em Psicopedagogia. São Paulo: Faculdades Integradas Campos Salles;2003.)
DEFINIÇÃO 2003
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica (genética e hereditária).
É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração.
Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no
componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades consideradas na faixa etária e persistem apesar da inteligência normal e oportunidade escolar.
• 2003 (Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere Eden, Jack
Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey and Thomas Viall) in
DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica a Dislexia como:
Um distúrbio de aprendizagem especifico (DEA), como sendo um
tipo de desordem
neurodesenvolvimental que compromete a capacidade para aprender habilidades acadêmicas específicas (de ler, de escrever ou de aritmética), que são a base de
Os critérios de diagnóstico do DSM-V para as DEA:
Características-chave da DEA (pelo menos um dos seis sintomas de dificuldades de aprendizagem têm de persistir por pelo menos seis meses, mesmo após intervenções extras ou instruções específica).
1- Imprecisa ou lenta leitura de palavra (dificuldade em falar a palavra, adivinhação de palavras);
2- Dificuldade de compreensão do que está sendo lido (lê o texto mas não entende a sequência da leitura, não entende os significados);
3-Dificuldade na soletração (pode somar, subtrair, omitir ou substituir vogais e consoantes);
4- Dificuldade na expressão escrita (parágrafo com pouca organização, expressa suas ideias com falta de clareza);
5- Dificuldade em dominar o sentido do número e de fazer cálculos (não entende os números, sua magnitudes, suas relações, conta nos dedos ou em voz alta, não consegue fazer contas de cabeça);
6-Dificuldade com raciocínio matemático (Tem grave dificuldade em aplicar conceitos matemáticos ou procedimentos para resolver
CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) F 81.0 - Transtorno específico de leitura
Nota: A característica essencial é um comprometimento específico e significativo do desenvolvimento das habilidades da leitura, não atribuível exclusivamente à idade mental, a transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas
comprometidas. O transtorno específico da leitura se acompanha freqüentemente de dificuldades de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que
apresentam um transtorno específico da leitura tem freqüentemente antecedentes de transtornos da fala ou de linguagem. O transtorno se acompanha comumente de transtorno emocional e de transtorno do comportamento durante a escolarização. Inclui:
Dislexia de desenvolvimento Leitura especular
Retardo específico da leitura Exclui:
Alexia SOE (R48.0)
Dificuldades de leitura secundárias a transtornos emocionais (F93.-) Dislexia SOE (R48.0)
11
•CID 11 (
https://icd.who.int/browse11/l-m/en)
•6A03 Developmental learning disorder
•Developmental learning disorder is characterized by
significant and persistent difficulties in learning academic skills, which may include reading, writing, or arithmetic. The individual’s performance in the affected academic skill(s) is markedly below what would be expected for chronological age and general level of intellectual functioning, and results in significant impairment in the individual’s academic or
occupational functioning. Developmental learning disorder first manifests when academic skills are taught during the early school years. Developmental learning disorder is not due to a disorder of intellectual development, sensory
impairment (vision or hearing), neurological or motor
disorder, lack of availability of education, lack of proficiency in the language of academic instruction, or psychosocial
12
O transtorno de aprendizagem do desenvolvimento é
caracterizado por dificuldades significativas e persistentes no aprendizado de habilidades acadêmicas, que podem incluir
leitura, escrita ou aritmética. O desempenho do indivíduo na (s) habilidade (s) acadêmica (s) afetada (s) está nitidamente abaixo do que seria esperado para a idade cronológica e nível geral de funcionamento intelectual, e resulta em prejuízo significativo no funcionamento acadêmico ou ocupacional do indivíduo. O transtorno do aprendizado do desenvolvimento manifesta-se primeiro quando as habilidades acadêmicas são ensinadas durante os primeiros anos escolares. Transtorno do
aprendizado do desenvolvimento não é devido a um distúrbio de desenvolvimento intelectual, deficiência sensorial (visão ou audição), distúrbio neurológico ou motor, falta de
disponibilidade de educação, falta de proficiência na língua de
13
6 A03.3 – Developmental learning disorder with other specified impairment of learning
O transtorno do aprendizado do
desenvolvimento com outro comprometimento especifico da aprendizagem é caracterizado por dificuldades significativas e persistentes no
aprendizado de habilidades acadêmicas diferentes da leitura, da matemática e da expressão escrita.
Deve-se excluir tanto para o 6A03 quanto para 6A03.3:
14
Ainda temos:
6A02
– Autism Spectrum Disorder
6A03.2 – Developmental learning disorder in
mathematics
6A03.Z
– Developmental learning disorder
unspecified
6A04 – Developmental motor coordination
disorder
Alterações neurobiológicas e
funcionais na dislexia
Métodos
Para o conhecimento sobre a neurobiologia da Dislexia os métodos a seguir tem contribuído significantemente:
Ressonância Magnética estrutural e funcional (fMRI) Eletroencefalografia (EEG)
Potenciais relacionados a eventos(ERPs) Magnetoencefalografia (MEG)
Eletrofisiologia
Imagem por tensor difusão
Eles nos mostram as regiões cerebrais mais consistentemente envolvidas na leitura.
Relação letra/som- -Giro Frontal inferior -Córtex Parietal inferior -Giro Fusiforme
Consciência Fonológica- -Giro Frontal inferior E
-Giro Temporal superior -Giro Temporal médio -Giro Fusiforme
Nomeação Rápida- -Lobo temporal esquerdo
-Cerebelo
Conhecimento de vocabulário (disnomias)-H dominante E Córtex Frontal Córtex Parietal Córtex Temporal Córtex Motor Córtex Visual
Memória Verbal de Curto prazo (working memory)
Córtex Parietal posterior Tálamo
Caudado
•
A dislexia é genética e hereditária
(Pioneiros Orton, Hinshelwood
P.L. Anderson, R. Meier-Hedde, E.L.Grigorenko, F.B. Wood, M.S. Meyer, J.E. Pauls, L.A. Hart, D.L. Pauls B.F. Pennington
R.L Astrom, S.J. Wadsworth, R.K. Olson, E.G. Willcutt, J.C. Defries R.M. Kirkpatrick, L.N. Legrand, W.G. Iacono, M. McGue
C.M. Stein, Q. Lu, R.C. Elston, L.A. Freebaim, A.J. Hansen, L.D. Shriberg, et al. Entre outros)
•
Alterações cromossômicas: 1, 2, 3, 6, 7, 17 e 18.
(Poligênica e Multifatorial).
(Markhan, 2002; Saviour e Ramachandra, 2006, Salles e Navas, 2017 M. Rabin, X.L. Wen, M. Hepbum, H.A. Lubs, E. Feldman, R. Duara J. Tzenova, B.J. Kaplan, T.L. Petryshen, L.L. Field
T. Faberheim, P. Raeymaekers, F.E. Tonnessen, M. Pedersen, L. Tranebjaerg, H.A. Lubs A.M. Galaburda, J. Lo Turco, F. Ramus, R.H. Fitch, G.D. Rosen
Entre Outros)
Ação do hormônio testosterona:
•
Ectopias
(deslocação ou posição anômala de células),
•
Microgírias (malformações) e
•
Displasias (desorganização de neurônios).
(Stein, 2001) (Galaburda e Kemper, 1979); (Humphreys e col., 1990 e Stein, 2001) (Fitch e col., 1994)
•
Quadros alérgicos. A testosterona está diretamente
envolvida no crescimento do cérebro e o excesso ou a
sensibilidade à este hormônio pode causar ectopias e
ação negativa sobre o sistema imune.
(Bakker, 2008)
• Simetria hemisférica.
Disléxicos carecem de especialização hemisférica para leitura e escrita e outras habilidades linguisticas.
Alguns podem apresentar lateralização à direita para estas habilidades.
É comum entre disléxicos a lateralidade mista ou cruzada.
(Galaburda, 1983; Galaburda e col. 1987; Pennington e col., 2000; K. Lehongre, B. Morillon, A. Giraud, F. Ramus; C. Steinbrink, K. Groth, T. Lachmann, A. Riecker; H. Park, G. Badzakova-Trajkov, K. Waldie; S. Illingworth, D.V. Bishop)
Diminuição da área de superfície do cérebro e do volume de massa cinzenta no lobo frontal.
Pode estar relacionado a alterações no dobramento cortical. (área responsável pela expressão da linguagem)
25
•
Menor volume de massa cinzenta cortical
principalmente no lobo temporal esquerdo.
Área importante para capacidade auditiva de
memória de curto prazo.
(M.F. Casanova, J. Araque, J. Giedd, J.M. Rumsey, F.M. Richardson, S. Ramsden, C. Ellis, S. Bumett, O. Megnin, C. Catmur, et al.; C. Steinbrink, K. Vogt, A. Kastrup, H. Muller, F.D. Juengling, J. Kassubek, et al)
•
Distribuição da atividade cerebral não habitual durante
a leitura (utilização de áreas cerebrais de forma diferente
entre disléxicos e bons leitores).
(Bakker, 2008; Eden e col., 1996; Eden e Zeffiro, 1998; Joseph e col., 2001; Nicolson e Fawcett, 2008; Pestun e col., 2002; Sauer e col., 2006; Turkeltaub e col., 2002; Karni et Al.)
Não foram encontradas diferenças Funcionais entre pacientes Disléxicos Superdotados e não Superdotados.
(Gilger et al.)
• Tomografia por emissão de positrons – PET scan
Detecta e avalia a distribuição tridimensional de um contraste administrado por via venosa.
Disléxicos mostraram aumento da ativação do giro frontal inferior esquerdo durante tarefas fonológicas.
(O.Dufor, W. Semiclaes, L. Sprenger-Charolles, J. Démonet) M. MacSweeney, M.J. Brammer, D. Waters, U. Goswami)
Reduzida ativação da área occipitotemporal
esquerda durante a leitura.
(McCrory, A. Mechelli, U. Frith, C.J.Price)
•
Uma das teorias que explicam a dislexia:
Déficit Fonológico
Dificuldade na representação e evocação dos sons.
(Ramus, 2001)•
Lentificação do processamento auditivo.
(Galaburda e Kemper, 1979; Stein e Walsh, 1997)
•
Componentes atípicos de potenciais evocados
auditivos e presença de anomalias no
processamento auditivo cortical e falta de
lateralização cerebral para sinais acústicos.
• (K. Giraud, A. Trébuchon-Da Fonseca, J.F. Démonet, M. Habib, C. Liégeois-Chauvel; K. Giraud, J.F. Démonet, M. Habib, P. Marquis, P. Chauvel, C. Liégeois-Chauvel)
•
Déficit cerebelar.
•
Outra das teorias que explicam a Dislexia
. (Nicolson e col., 2001)•
Falha ou demora na aquisição de habilidades
(cognitivas e motoras).
(Nicolson e Fawcet, 2008)•
Pobre domínio tátil.
(Saviour e Ramachandra, 2006)
ASPECTOS VISUAIS
Outra das teorias para explicar a dislexia:
Déficit no Sistema Magnocelular
Os caminhos magnocelulares são importantes
para a atenção espacial e também para o foco
da atenção).
(Schulte-Korne e col., 2004; Solan e col., 2007; Stein, 2001 e Wilmer e col., 2004)
•
Lentificação do processamento visual.
(Galaburda e Kemper, 1979, Stein e Walsh, 1997)
• Dois sistemas trabalham as informações espaciais e temporais: Magnocelular e Parvocelular.
• Parvocelular: informação espacial e percepção de cores.
• Magnocelular: percepção temporal e sensibilidade ao
43
Disléxicos apresentam Células do sistema
Magnocelular do NGL 27% menores e quantidade menor.
•
Menor ativação cerebral nas áreas visuais para
processar alvos em movimento (as diferenças ficam
mais evidentes quanto mais rápida for a tarefa).
(Facoetti e Turatto, 2000; Facoetti e col., 2003; Visser e col., 2004) (Eden e col., 1996; Livingstone e col., 1991)
• Déficits do movimento sacádico e instabilidade binocular.
Causando visão instável e sobreposição de imagens (letras que se mexem).
(Breitmeyer e Breier, 1994; Stein, 2001)
• Déficits do movimento sacádico e instabilidade binocular.
Causando visão instável e sobreposição de imagens (letras que se mexem).
(Breitmeyer e Breier, 1994; Stein, 2001)
•
Déficits na percepção de contraste e cor.
(Antes pensava-se em daltonismo)
(Stein, 2001)COR
• 90% dos neurônios parvocelulares apresentam resposta preferencial na presença de cores
vermelho/verde.
• O sistema magnocelular tem células com
mecanismos que inibem a resposta a estímulos de cor vermelha. A luz vermelha causaria a supressão da resposta espontânea destas células.
• O sistema magnocelular é mais sensível às variações de luminância.
- Os disléxicos apresentaram tempos de reação maiores do que controles no experimento I com o alvo branco em fundo preto.
- O mesmo não aconteceu no experimento II (com alvo verde em fundo vermelho).
- Tempo de reação 4 milisegundos maior entre disléxicos em média
- A tentativa de melhorar o tempo de reação poderia levar a um maior número de erros entre os disléxicos.
(DE LUCA, M. I. O. Dislexia e Atenção. Dissertação de mestrado em psicologia da Saúde)
Pesquisas mais recentes.
Uso do exame de tractografia para levantar
hipótese (mais eficiente em adultos porque a
criança ainda está em formação estrutural)
Ressonância Magnética que avalia as conexões
intra e inter hemisféricas.
Vê estrutura e déficit de feixes de neurônios.
Nos disléxicos fascículo arqueado esquerdo reduzido
(que se liga à área de Broca)
Fascículo Arqueado: os sulcos são mais superficiais nos disléxicos. Tamanho mais tênue e matéria branca menos densa. Menor Mielinização.
Quanto menor volume mais dificuldade de fazer adição fonêmica. (Nadine Gaab, 2017)
A habilidade da leitura envolve principalmente o
chamado “Triângulo de Leitura” (
Nadine Gaab, 2017):-
Giro frontal inferior
-
Cortex Parieto Temporal
-
Temporo Occiptal
Não se deve procurar um único fator responsável por
todas as manifestações do distúrbio, mas sim
pequenas
alterações
de
diferentes
funções
cognitivas que compõem o processamento das
informações sob diferentes formas (auditiva, visual,
tátil, motora, etc).
A condição multifatorial da dislexia está em acordo com as pesquisas de Ramus (2001); Hulslander e colaboradores (2004); Stuart e colaboradores (2001); Stein (1997); Nicolson e Fawcett (2008); Saviour e Ramachandra (2006), Laasonen e colaboradores (2001).
Resumindo:
Dislexia existe
É caracterizada por alterações
Neurobiológicas e funcionais
É genética e hereditária
Traz consequências na aprendizagem
como um todo e também na vida social e
laboral.
Como a dislexia, segundo Artigas-Pallares (2009), pode
se apresentar como um conjunto de
dificuldades em
competências de âmbitos distintos
, sua melhor
conceituação poderia envolver o conceito de uma
desvantagem adaptativa
ante uma exigência cultural
particularmente
dependente
deste
tipo
de
habilidade para a leitura e escrita.
A leitura não é uma função inata. Ela deve ser aprendida. Até a idade média poucos eram alfabetizados.
Foram observadas diferenças em relação à
estas dificuldades, considerando-se a
língua na qual o disléxico foi alfabetizado.
58
-
Línguas com maior relação letra som, mais
transparentes (como o finlandês e o italiano)
existe
uma
maior
facilidade
para
a
aprendizagem.
-Línguas logográficas (chinês e japonês) nos
disléxicos existem alterações nas áreas que
processam formas.
•
Língua com baixa relação letra-som, ou
seja menos transparentes, como o inglês,
onde temos muitas palavras irregulares as
dificuldades são maiores dificuldades. A
língua inglesa é composta por 40 sons,
mas estes sons podem ser pronunciados
INCIDÊNCIA
Segundo a OMS cerca de 8% da população mundial é disléxica de ambos os sexos.
Atualmente não se fala em diferenças quantitativas entre os gêneros.
-questões hormonais -aborto
-diferenças de funcionamento cerebral
APRENDIZAGEM
“Aprender é processar. É como o cérebro
vai
receber,
usar,
armazenar,
manipular,
associar, repassar e expressar a informação.
É modulada por fatores intrínsecos
(genéticos)
e
extrínsecos
(experiências
e
ambiente).
Gera
modificações
funcionais
e
comportamentais”.
Tendo em vista tantas alterações
neurobiológicas e funcionais quais são
os sintomas.
SINAIS NA IDADE PRÉ-ESCOLAR
DISLEXIA DE DESENVOLVIMENTO:
Ela é chamada assim porque a natureza das dificuldades vai se alterando a medida que a criança cresce.
Sinais que indicam criança de risco na fase pré-escolar:
Histórico familiar
18 meses - pode ter dificuldades em estabelecer o controle motor para a marcha.
24 meses - com atraso da aquisição da fala (a aquisição pode ter sido lenta).
3 anos - podem persistir alguns problemas motores e notar-se alguma dificuldade em produzir certos sons, ou em ordená-los corretamente para
6 anos
(criança de risco)
- dificuldades em fazer a relação letra (grafema) e som (fonema).
- dificuldades em lembrar-se das palavras e das rimas. - apresentam disnomias
- não pintam dentro do contorno.
- apresentam dificuldade para andar de bicicleta, amarrar cadarço, dançar, jogar futebol.
- imaturidade
- fraco desenvolvimento da atenção
- pouco interesse por atividades de ler e escrever
- começam a apresentar problemas de comportamento na escola.
SINAIS NA FASE ESCOLAR
NA LEITURA
Evita livros
Dificuldade na aquisição e automação da leitura e
escrita
Substituição e omissão de letras, sílabas e palavras
Falta de estratégia para ler palavras novas
Leitura lenta. Falta expressividade. Uso de muitas
pausas. Falta ritmo. Falta entonação. Entrecortada,
trabalhosa e não fluente.
Medo acentuado de ler em voz alta
Não percebe seus erros
NA ESCRITA
Dificuldade para copiar de livros ou lousa
Troca e omissão de letras, sílabas e palavras
Junção e aglutinação de palavras
Separação indevida.
Disgrafia
Disortografia
Coordenação motora fina ruim para desenhos e
recortes, porém muitas vezes apresentam boa
Em geral
Lento e cansa-se rapidamente
Dificuldade com as lições, que se tornam intermináveis Tarefas em sala de aula incompletas
Necessita de um tempo maior para elaborar a resposta Dificuldades na percepção da passagem do tempo
Dificuldade com esportes coletivos, coordenação motora ampla e fina
São literais e têm dificuldades para compreender piadas, duplo sentido e mensagens subliminares.
Preferem filmes dublados.
Dificuldade com a memória imediata:
Recados Instruções longas Nomes Datas Listas Nº de telefone 72
Dificuldade em memorizar seqüências:
tabuada, os dias da semana, os meses do ano, o alfabeto Os disléxicos fazem roteiros diferentes para resolução de problemas
Na matemática, por exemplo:
7 x 3 = 21
5 x 3 = 15
2 x 3 = 6
Total = 21
Ainda na MATEMÁTICA:
Dificuldade:
estruturar operações (necessitam do concreto)
compreensão do enunciado
desenho geométrico
discalculia
DIFICUDADE COM LÍNGUA ESTRANGEIRA
-Apresentam disnomias: usam palavras para substituir as que não lembram, nomeiam por função ou por
similaridade sonora.
-Dificuldade para nomear lateralidade. Muitos
apresentam lateralidade mista ou cruzada.
- Dificuldade para:
manusear mapas, dicionários,
lista telefônica e
para ler horas em relógio de ponteiros
DIFICULDADES ESPECÍFICAS
1. Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: f-v; t-d; p-b;
2. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; p-b; b-q; d-b; d-p; n-u; w-m; a-e;
3. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u etc.;
4. Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla;
5. Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferentes
significados: soltou-salvou; era-ficava;
6. Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso por
7. Repetições de sílabas, palavras ou frases;
8. Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler;
9. Excessiva fixação do olho na linha;
10. Soletração defeituosa; reconhece letras isoladamente; porém, sem poder organizar a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto “palavra por palavra”;
11. Problemas de compreensão;
12. Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais; 13. Ilegibilidade da letra;
14. Em geral, as dificuldades do disléxico no reconhecimento das palavras obrigam-no a realizar uma leitura decifratória. Como dedica seu esforço à tarefa de decifrar o material, diminuem significativamente a velocidade e a compreensão necessárias
DISLEXIA EM ADULTOS
Sintomas apresentados por adultos:
Dificuldades para ler:Leitura não necessariamente lenta, mas ainda com uma certa dificuldade em determinadas palavras
Muitas vezes com dificuldades em respeitar ponto e vírgula
Podem perder a linha que estão lendo, necessitando de apoio, seguindo com o dedo, régua ou marca texto
Ainda pulam letras, palavras, invertem, omitem, aglutinam
Parecem ter problemas de visão, pois queixam-se que as letras se mexem
Necessidade de ler e reler para ter compreensão
Muitas vezes necessitam ler em voz alta para poder entender e gravar melhor
Outras vezes ler em voz baixa para poder entender
E com frequência preferem que outras pessoas leiam para eles. Dificuldade com a escrita:
Por ter tido a vida toda letra feia, sua letra se transforma em cursiva, misturada com letra de forma
Podem ainda escrever errado e necessitar da ajuda usando o corretor ortográfico para seus textos e mensagens.
Questões emocionais como ansiedade e depressão.
Por vezes utilização de drogas podendo chegar à criminalidade.
A longo prazo:
Menores índices de escolarização
Renda menor
Menor estabilidade no emprego
Sub emprego
Problemas de adaptação psicossocial.
(Parson & Bynner, 2005) Apud Salles e Navas, 2017
É um diagnóstico de exclusão.
O diagnóstico é feito por uma
Equipe Multidisciplinar e
Interdisciplinar
.
Estão envolvidos profissionais
das áreas de: Neurologia,
Psicologia, Fonoaudiologia,
Psicopedagogia, Oftalmologia,
Otorrinolaringologia, entre outros.
Relatório escolar também é solicitado.
Diagnóstico
83
Destacar a Importância e a Relevância
da correta avaliação.
Multidisciplinar e interdisciplinar.
Identificar de forças e fraquezas.
COMORBIDADES
•
TDAH
•
Discalculia
•
Disortografia
•
Disgrafia
•
Alterações do Processamento Auditivo e visual
•
Traços de Ansiedade
Não é doença, portanto não há remédio
Há acompanhamento ou intervenção:
-Fonoaudiológica
-Psicopedagógica
-Psicoterápica, se for o caso
-Psicomotricista
-Terapia ocupacional
- Medicamentoso somente se houver
comorbidade
INTERVENÇÃO
86
Destacar ainda a importância da Intervenção.
O quanto mais precoce Melhor.
SONS EDUCAÇÃO PALAVRAS SOLETRAÇÃO LEITURA MATEMÁTICA VIDA CARREIRA
A dislexia pode afetar
89
Conclusão
A Dislexia é caracterizada por alterações
neurobiológicas estruturais de origem genética.
Principalmente nas regiões onde são processadas as informações relacionadas à leitura, escrita e
compreensão da leitura.
Levam a diferença no funcionamento cerebral que leva uma lentificação do processamento das informações visuais e auditivas em geral causando dificuldades na expressão destas habilidades que estão diretamente relacionadas à leitura e escrita e como consequência dificuldades na compreensão de textos. (Inez De Luca) E nem todos são iguais.
“O circuito básico para a conexão de
letras e sons está rompido no disléxico,
então eles desenvolvem outros sistemas
neurais e passam a depender deles não
apenas para a leitura mas também para a
solução de problemas. Talvez vejam as
coisas de maneira diferente, de forma
mais criativa, pensando de maneira
incomum”.
(J. Artigas-Palares)
• BAKKER, D. O cérebro e a dislexia.
• BREITMEYER, B. G., BREIER, J. I. Effects of bachground color in reaction time to stimuli varying in size and contrast: Inference about human M channels.
• DE LUCA, M. I. O. Dislexia e Atenção. Dissertação de mestrado em psicologia da Saúde.
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“VOCÊ NÃO PODE PROVAR UMA DEFINIÇÃO.
O QUE VOCÊ PODE FAZER É MOSTRAR QUE ELA FAZ SENTIDO.” Albert Einstein
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