Processual Penal I
Inquérito Policial (art. 4º a 23 - CPP)
Unidade III- Inquérito Policial (arts. 4º a 23-CPP)1 - Conceito de Inquérito
Capez - “...é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e de sua autoria , a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.”
Mirabete - “...é todo o procedimento policial destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa, em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, ...”
Nucci – “...é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria.”
Natureza : procedimento de caráter administrativo; não é processo, por isso não se aplicam os princípios do contraditório e da ampla defesa.
Objeto: a apuração de fato que configure infração penal e respectiva autoria, para servir de base à ação penal (formação de convicção do MP) ou às providências cautelares (colheita de provas urgentes). Reunião de provas preliminares suficientes para apontar com relativa firmeza a ocorrência de um delito e seu autor.
Destinatário Imediato: MP (titular da ação penal pública) e ofendido (titular da ação penal privada).
Destinatário Mediato: juiz (recebimento da inicial e decretação de medidas cautelares).
2 - Polícia Judiciária
“A polícia é uma instituição de direito público destinada a manter a paz pública e a segurança individual” – art. 144, CF/88
Duas funções: administrativa (caráter preventivo) e judiciária (caráter repressivo) Órgãos Policiais (art. 144) – polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia
ferroviária federal, polícias civis e polícias militares e corpos de bombeiros militares; Polícia administrativa (ou de segurança) - CELSO A. BANDEIRA DE MELLO - é a
atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação, ora fiscalizadora, ora preventiva, ora
repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção (non facere), a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais / CAPEZ
caráter preventivo; objetiva impedir a prática de atos lesivos; atua com discricionariedade; independe de autorização judicial;
Polícia judiciária - é a polícia vinculada à Administração Pública (Poder Executivo), mas posta a serviço do Judiciário, destinada à preparação da ação penal (o que faz, principalmente, através do inquérito policial e da execução de atos urgentes), bem como ao cumprimento de requisições, de interesse ao processo penal, emanadas do Judiciário e do Ministério Público. / CAPEZ - função auxiliar à justiça; atua quando os atos que a polícia administrativa pretendia impedir não foram evitados; finalidade de apurar as infrações penais e suas respectivas autorias para fornecer ao titular da ação penal elementos para propô-la; âmbito estadual: polícias civis; âmbito federal : polícia federal.
Poder de Polícia - é uma faculdade da Administração Pública, um conjunto de atribuições da Administração Pública, indelegáveis aos particulares, tendentes ao controle dos direitos e liberdades das pessoas, naturais ou jurídicas, a ser inspirado nos ideais do bem comum, e incidentes não só sobre elas, como também em seus bens e atividades.
Conselho Nacional de Segurança Pública / Conasp – Decreto nº 2.169/97, alterado pelo Decreto nº 3.215/99; responsável pela Política Nacional de Segurança Pública. Funções Principais – a) preparação da ação penal; b) execução de atos
urgentes, c) cumprimento de requisições.
Vinculação à Administração Pública – a serviço do Judiciário
Polícia Civil – art. 144, § 4º, CF - A segurança pública é exercida através dos seguintes órgãos: § 4.ºÀs polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares / art. 4º CPP–“ a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”.
Polícia Federal – art. 144, § 1º, CF - A segurança pública é exercida através dos seguintes órgãos: § 1.º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; ... IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”.
Atribuições excepcionais da Polícia Federal – Lei nº 10.446/02
a) requisitos:
a.1) repercussão interestadual ou internacional a.2) necessidade de repressão uniforme
b) crimes (art. 1º):
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro por motivação política ou quando praticado em razão da função pública da vítima
II – cartel (art. 4º, Lei n.º 8.137/90)
III – violação a direitos humanos a que o Brasil se comprometeu a reprimir
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado
par. único – outros casos, por ordem do MJ
c) atribuições concorrentes com a da Polícia Civil
Vinculação à Administração Pública – a serviço do Judiciário
Investigações particulares – não encontram respaldo; a Lei 399/57 permite colheita de informações comerciais ou particulares, mas veda a prática de atos privativos das autoridades policiais (art. 3º).
Empresas de prestação de serviço de segurança privada – Portaria nº 922/95 c/c Portaria nº 277/98, do Diretor do Departamento de Polícia
Federal.
Ministério Público – para Mirabete tem legitimidade para proceder investigações e diligências, conforme determinarem as leis orgânicas estaduais; a matéria está em discussão no STF, aonde está sendo argüida a incompetência do MP (Inquérito nº 1968-2/DF – não pode presidir o IP, mas pode conduzir investigações próprias). Guarda Nacional – depende de regulamentação de Lei, art. 144, § 8º.da CF. Controle Externo – função institucional do Ministério Público Federal, art. 129, VII,
c/c art. 128, § 5º da CF; não há hierarquia, mero controle in genere, no sentido de verificar se estão sendo corretamente apurados os fatos materiais e empregados os métodos legais para a sua completa elucidação.
3- Competência e atribuição
Deve ser entendida como o poder conferido a alguém de conhecer determinados assuntos; a atribuição para presidir o inquérito é outorgada aos delegados de polícia de carreira;
Fixação: pelo lugar da consumação da infração (ratione loci) ou pela natureza da infração (ratione materiae);
Quando necessário, o delegado poderá solicitar por precatória ou rogatória a cooperação da autoridade local;
No Distrito Federal e nas comarcas com mais de uma circunscrição policial, a autoridade competente poderá ordenar diligências em outras circunscrições, independentemente de precatórias ou requerimentos, até que apareça a autoridade competente; (art. 22, CPP)
A atribuição para lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade que efetivou a prisão; atos subseqüentes - local em que o crime se consumou. Ex : caseiro do lago sul (assassinato da jovem Cláudia Dalari);
O art. 5º, LIII, da CF/88, não se aplica às autoridades processuais – não processam e nada sentenciam;NÃO HÁ DELEGADO NATURAL
A falta de atribuição não invalida os atos praticados;
Não há delegado natural ou nulidade dos atos praticados fora da circunscrição da autoridade policial;
Não há qualquer nulidade em inquérito policial presidido por autoridade incompetente, nem possibilidade de relaxamento de prisão pos esse motivo.
4-Finalidade
A apuração de fato que configure infração penal e respectiva autoria para servir de base à ação penal ou ás providências cautelares.
5-Inquéritos Extrapoliciais
Art. 4º, parágrafo único do CPP - previsão de outras formas de inquérito ; Ex.: CPI / CPMI (inquérito parlamentar – art. 58, § 3º, CF c/c Lei nº
1579/52), IPM (competência da justiça militar), Judicial (crime falimentar – art. 103 ss – NÃO EXISTE MAIS – NOVA LEI DE FALÊNCIAS), Civil
público (MP - proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos – Lei nº 7.347/85), Inquérito ou
Procedimento Administrativo(apuração de ato de improbidade
administrativa – Lei nº 8429/92), STF (cometido em sua sede ou
dependências – art. 43, RISTF e art. 58, RISTJ), Câmara do Deputados
ou Senado Federal(cometido em suas dependências, nos casos em que o
regimento interno dispuser - prisão em flagrante e realização de inquérito pela própria casa), lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade judiciária para crime cometido na sua presença ou contra ela,
Tribunal/Órgão competente ou Procurador-Geral de Justiça - infração
penal por parte do MP (art. 20, par. Único, LONMP) ou
Magistrado (art. 33, par. Único, LONM) no curso das investigações. 6-Características
6.1-Procedimento escrito
Todas as peças do inquérito serão, num só processo, reduzidas a escrito ou datilografadas e rubricadas pela autoridade. (art. 9º, CPP)
Todas as informações, diligências e procedimentos devem estar escritas para verificar se foram realizadas todas as diligências necessárias para propositura da Ação Penal
Na verdade trata-se de expediente, pois não tem um rito estabelecido no CPP, descreve-se apenas as peças que lhe darão início.
6.2-Discricionário
Administrativo – em face da natureza dos atos praticados por seu Presidente (Delegado de Polícia).
Ausência de contraditório;
A polícia tem a faculdade de operar ou deixar de operar suas atribuições; pode deferir ou indeferir pedidos do indiciado ou ofendido; controle jurisdicional – habeas corpus, mandado de segurança e outros remédios específicos.
Pode decidir quais diligências deverão ser realizadas a fim de verificar as informações do Inquérito Policial. Não é absoluta.
6.3-Natureza Cautelar
não tem um fim em si mesmo, destinando-se a dar elementos ao MP, seu destinatário imediato para que possa oferecer a denúncia.
Função garantidora para impedir que alguém seja processado sem a presença de elementos mínimos indicativos da autoria
6.4-Sigiloso
Finalidade de proteger as pessoas e evitar pré-julgamento
Forma de garantia da intimidade do investigado, resguardando-se seu estado de inocência; (art. 20, CPP)
Não se estende ao MP nem à autoridade judiciária;
O advogado pode consultar o IP, mas em caso de sigilo, não poderá acompanhar a realização de atos procedimentais; entendimento diverso recente pelo STJ; (art. 7º, XIII e XIV, do Estatuto da OAB)
STJ – somente pode ter acesso após a realização de diligência em curso (interceptação telefônica)
STF (1ª Turma) – pode ter acesso; somente verá as diligências já incorporadas ao IP; não pode a autoridade policial restringir as peças de acesso ao advogado (HC-82354/PR); uso de HC (liberdade do indiciado) ao invés de MS (direito líquido e certo do advogado), o
manejo do HC encontra fundamento no STF (HC 87827/RJ - Sepúlveda) e no STJ (HC, Nilson Naves, Informativo nº 309)
6.5-Obrigatoriedade
A instauração do IP é obrigatória diante de uma notícia de uma infração penal (ressalva-ação penal pública condicionada ou privada); (art. 5º, I, CPP);
6.6-Indisponibilidade
Após sua instauração não pode ser arquivado pela autoridade policial. (art. 17, CPP), que deverá recolher todas as informações disponíveis e enviá-la ao órgão competente;
6.7- Inquisitivo
não permite ao indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa
As atividades persecutórias concentram-se nas mãos de uma única autoridade, que prescinde da provocação de qualquer pessoa para, podendo e devendo agir de ofício, empreender com discricionariedade, as atividades necessárias ao esclarecimento do crime e da sua autoria;
É secreto e inquisitivo, não se aplicando os princípios do contraditório e da ampla defesa; presidido pela autoridade policial;
Exceção: o instaurado pela Polícia Federal, a pedido do Ministro da Justiça, visando à expulsão de estrangeiro (art. 70, da Lei 6815/80)
6.8-Provisoriedade
seu fim se esgota com a colheita dos elementos probatórios de autoria e materialidade
se colhem Pode decidir quais diligências deverão ser realizadas a fim de verificar as informações do Inquérito Policial. Não é absoluta.
7-Valor Probatório
Seu conteúdo é informativo, servindo para dar os elementos necessários ao MP e ao ofendido para propositura da ação penal;
STJ - mera peça informativa, não podendo amparar a condenação; Não há contraditório e ampla defesa, nem presença de um juiz de direito.
Provas periciais – contém em si maior dose de veracidade, ordem técnica, mesmo valor das provas produzidas em juízo; (EXCEÇÃO)
8-Vícios
Não acarretam nulidade processual;
Eventual nulidade poderá apenas gerar a invalidade e a ineficácia do ato: auto de prisão em flagrante como peça coercitiva, busca e apreensão, reconhecimento pessoal.
9-Juizados Especiais
Substituído pelo termo circunstanciado: boletim de ocorrência circunstanciado, lavrado pela autoridade policial, no qual constará uma narração sucinta dos fatos, indicação da vítima, do autor e das testemunhas (máximo de três). Seguindo boletim médico ou prova equivalente;
Após a lavratura do termo, este será encaminhado ao Juizado Especial Criminal; Não haverá cognição coercitiva (prisão em flagrante) quando o autor se
comprometer a comparecer ao Juizado.
10-Dispensabilidade
Não é fase obrigatória podendo ser dispensado pelo MP ou ofendido se já existirem elementos suficientes para propositura da ação penal; (arts. 27, 39 § 5º e 46 § 1º, todos do CPP)
Para ser dispensado é necessário demonstrar a verossimilhança da acusação. Deve haver um mínimo de elementos de convicção.
11-Incomunicabilidade
Art. 21 CPP - será de três dias e somente decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento do MP ou da autoridade policial; para Mirabete não foi recepcionada pela CF/88;
Pode ser imposta quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação exigir;
Não se aplica ao advogado ou defensor
Para Mirabete e Jurisprudência não cabe posto que não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988
STJ – julgado de 2001 (RHC-11124/RS), reconheceu a inconstitucionalidade
12-Notitia Criminis
Conhecimento espontâneo ou provocado por autoridade policial de um fato aparentemente criminoso.
a) cognição direta ou imediata (espontânea ou inqualificada) - a autoridade policial toma conhecimento do fato infringente da norma por meio de suas atividades rotineiras, de jornais, da investigação feita pela própria polícia judiciária, por comunicação feita pela polícia ostensiva, por meio de denúncia anônima.
b) Cognição indireta ou mediata (provocada ou qualificada) - a autoridade policial toma conhecimento por ato jurídico de comunicação formal do delito (art. 5º, II ou § 3º, do CPP). Exemplos: delatio criminis - delação, requisição da autoridade judiciária ou do MP ou Ministério da Justiça e a representação do ofendido;
c) Cognição coercitiva (prisão em flagrante). Em que a notícia se dá com a apresentação do autor do fato, modo de instauração comum a qualquer espécie de infração.
13-Autores e destinatários
Muitas pessoas estão autorizadas a apresentar a notitia criminis à autoridade competente. Pode ser oferecida por meio de requerimento do ofendido ou de seu representante ou representação em caso de ação penal pública condicionada;
Delatio Criminis simples - qualquer do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação penal pública incondicionada poderá comunicá-la (verbalmente ou por escrito) à autoridade policial que verificando a procedência, instaurará o inquérito; não há solicitações.
Notitia Criminis inqualificada - notícia anônima, o inquérito somente será instaurado após uma verificação preliminar que resultar positiva;
Juiz – quando tiver notícia da prática de um crime (ação pública incondicionada), deve comunicar o fato ao MP ou requisitar diretamente a instauração de inquérito; Pessoa no cargo de função pública - se tiver conhecimento de crime de ação penal
pública tem o dever de comunicar a crime à autoridade competente; também se aplica ao médico ou aos profissionais sanitários desde que não haja exposição do paciente a procedimento criminal (a não comunicação constitui infração penal); Crimes falimentares - síndico ou qualquer credor;
Ministro da Justiça - a notitia criminis por requisição nos crimes contra a honra do Presidente da República ou Chefe do Governo estrangeiro ou contra autoridades nos crimes praticados através da imprensa e nos crimes praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do Brasil;
Serviço de postagem ou telegrama – a autoridade administrativa deve dar notitia criminis ao Ministério Público Federal;
Crimes contra a ordem tributária e de contrabando ou descaminho - o auditor fiscal deve dar anotitia criminis ao Ministério Publico Federal;
Lei 8.666/1993 (licitação e contratos) – os magistrados, membros de tribunais de contas ou titulares integrantes do sistema de controle interno dos órgãos integrantes do sistema de controle interno de qualquer dos
poderes devem remeter ao Ministério Público as cópias e documentos necessários ao oferecimento da denúncia;
Decreto n.º 983/1993 – Colaboração entre órgão e entidades da Administração Pública Federal com o Ministério Público Federal na repressão a todas as formas de improbidade administrativa;
CPP – a notícia do crime deve ser dirigida à autoridade policial (art. 5º, II, §§ 3º e 5º), ao Ministério Público (arts. 27,39 e 40) ou, excepcionalmente, ao juiz (art. 39); Crime Militar – autoridade militar competente (art. 7º do CPPM );
Crimes de responsabilidade de Governadores de Estado – dirigido às Assembléias Legislativas;
Crimes de responsabilidade do Presidente da República – dirigido à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal.
14 – Instauração do Inquérito Policial
Pode ser instaurado – de ofício, por portaria da autoridade e pela lavratura de flagrante, mediante representação do ofendido, por requisição do juiz ou do Ministério Público e por requerimento da vítima, por delação.
Ação Penal Pública Incondicionada
a) Ofício - tomando conhecimento da ocorrência de crime, a autoridade policial deve instaurar o procedimento respectivo – art. 5º, inciso I;
b) Requisição (ordem) da autoridade judiciária ou do MP – art. 5º, inciso II, primeira parte. Arts. 27,39 e 40 do CPP.
c) Requerimento da vítima – art. 5º, inciso II, segunda parte. Conterá: i) a narração do fato, com todas as suas circunstâncias; ii) a individualização do indiciado ou de seus sinais característicos e as razões da convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; iii) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência, art. 5, § 1º, CPP);
d) Comunicação verbal – é a forma mais comum de notícia do crime prestada pela vítima ou terceiro, cabendo a autoridade policial reduzir a termo as declarações do comunicante;
e) Prisão em flagrante –
Ação Penal Pública Condicionada
f) Representação da vítima – art. 5º, § 4º, CPP. É um pedido-autorização em que o
interessado manifesta o desejo de que seja proposta a ação penal pública e, portanto, como medida preliminar, o inquérito policial. Pode ser dirigida à autoridade policial, ao juiz ou ao órgão do MP. Declaração escrita ou oral, que
deve conter os elementos necessários e suficientes para apuração do fato e da autoria (arts. 5º, § 1º e art. 39, § 2º, CPP). Está sujeito à decadência.
g) Requisição do Ministro da Justiça – crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, do CP), de crimes contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, par.único, CP) ou contra esta e outras autoridades quando praticados através da imprensa (art. 23, I, c/c art. 40, I, a, Lei de Imprensa). Não exige formalidades especiais. Não está sujeito a prazo de decadência.
Ação Penal Privada
h) Requerimento da vítima / ofendido ou de seu representante legal - a instauração de inquérito depende de requerimento escrito ou verbal, reduzido a termo, do ofendido ou de seu representante legal. Não exige formalidades, mas é necessário o fornecimento de elementos indispensáveis à instauração do IP (art. 5º, § 1º, CPP); art. 30, c/c art. 34 – ofendido ou seu representante legal, maior de 18 anos; Mulher casada – art. 35 – não precisa do assentimento do esposo; i) Em caso de prisão em flagrante, o auto só pode ser lavrado quando requerida,
verbalmente ou por escrito, a instauração do inquérito pela vítima ou outra pessoa que tenha qualidade para a propositura da ação
j) Encerrado o inquérito, os autos serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serem entregues ao titular da ação mediante traslado;
k) O inquérito deverá ser instaurado em um prazo que permita a sua conclusão e o oferecimento da queixa antes do prazo decadencial do art. 38 CP (seis meses). Observação – o inquérito não pode ser instaurado em caso de: i) ser atípico o
fato; ii) estar extinta a punibilidade; iii) for a autoridade policial incompetente para a instauração, iv) não forem fornecidos os elementos necessários para se proceder as investigações; v) bis in idem, ou seja, a pessoa a ser indiciada já foi anteriormente absolvida ou condenada pelo fato criminoso.
Recusa da autoridade policial à instauração do inquérito quando oferecido
requerimento do ofendido – deve enviar seu inconformismo ao Ministério Público ou ao Juiz
15 – Peças Inaugurais do Inquérito
Portaria – ex-offício (ação penal pública incondicionada), peça singela, na qual a autoridade policial tem o dever de instaurar o IP, descrevendo o fato delituoso, esclarecendo as circunstâncias conhecidas, determinando as primeiras diligências e classificando o delito;