• Nenhum resultado encontrado

DOCE BALANÇO. Novela de Antonio Figueira. Escrita por. Antonio Figueira. Personagens deste capítulo: D. GIGI ALBERTO CECÉU

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DOCE BALANÇO. Novela de Antonio Figueira. Escrita por. Antonio Figueira. Personagens deste capítulo: D. GIGI ALBERTO CECÉU"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

DOCE

DOCE

DOCE

DOCE

BALANÇO

BALANÇO

BALANÇO

BALANÇO

Novela de Antonio Figueira

Escrita por Antonio Figueira

Personagens deste capítulo:

SORAIA SENHORINHA

MARCELÃO MONTEIRO PRADO TIOS DE CECÉU MARCOS

ZÉ URBANO GERMANO TATIANA D. CARMEN D. GIGI ALBERTO VOSKOPOULUS ISADORA CECÉU

(2)

CENA 1 - PENSÃO PRIMAVERA - SALA - INT. - NOITE

APÓS TROCAR ALGUMAS PALAVRAS COM MARCELÃO, ZÉ URBANO E ALBERTO SEGURARAM AS ALÇAS DO CAIXÃO PARA LEVÁ-LO PARA A CAMIONETA. FOI NESSE MOMENTO QUE A ENTRADA NO RECINTO DE UM CASAL DE MEIA IDADE CHAMOU A ATENÇÃO DO PLAYBOY E DE TODOS OS PRESENTES NO VELÓRIO, TOMADOS DE SURPRESA. SORAIA APROXIMOU-SE E, APÓS TROCAR ALGUMAS PALAVRAS COM OS RECÉM-CHEGADOS, DIRIGIU-SE A MARCELÃO.

SORAIA - Seu Marcelão, eles são tios do Cecéu. Souberam da morte do sobrinho e vieram providenciar o entêrro.

O CASAL APROXIMOU-SE DO CAIXÃO. A MULHER, VESTIDA DE PRETO, COLOCOU UM BUQUÊ DE FLORES SOBRE O “DEFUNTO”, ENQUANTO ENXUGAVA UMA LÁGRIMA COM UM LENÇO.

MARCELÃO - (aproximando-se) Os senhores me desculpem, mas já estamos levando o corpo para ser enterrado em Itapetininga, no mausoléu da família, a pedido de uma tia que mora lá.

O HOMEM OLHOU À SUA VOLTA E BALANÇOU A CABEÇA, COMO SE JÁ CONHECESSE A HISTÓRIA.

TIO DE CECÉU - Mausoléu da família? Que família? A família dele somos nós, que somos seus tios. E não tem mausoléu nenhum! Tia de Itapetininga? Ah, é a Biloca. Tá caduca!

MARCELÃO COMEÇOU A FICAR PREOCUPADO. APROXIMOU-SE DO CAIXÃO E FICOU NOVAMENTE SIMULANDO REZAR, A CABEÇA SOBRE AS MÃOS E ESTAS AGARRANDO NAS BORDAS DO CAIXÃO.

MARCELÃO - Rapaz, fica firme aí dentro que o negócio engrossou! (falou por entre dentes) Seus parentes querem enterrar você aqui mesmo! Vou sair pra tomar umas providências. Mas volto. Não saia daí, ouviu?

(3)

CENA 2 - PENSÃO PRIMAVERA - EXT. - NOITE.

DUAS HORAS MAIS TARDE, MARCELÃO ESTACIONOU A CAMIONETA EM FRENTE À PENSÃO, SALTOU E ENTROU NO PRÉDIO, APRESSADO. IA SUBINDO AS ESCADAS, MAS RETROCEDEU , SURPRESO. O CAIXÃO ESTAVA SENDO TRANSPORTADO PARA UM CARRO FUNERÁRIO.

MARCELÃO - (estremecendo, correu até Zé Urbano, atônito) O que é isso, Zé... pra onde tão levando o caixão?

Zé URBANO - O doutor Monteiro Prado, patrão do Cecéu, foi muito caridoso, seu Marcelão. Chamou a funerária e tomou todas as providencias para a remoção do corpo para a capela do São João Batista.

MARCELÃO - (aflito) Mas que é isso, já vão levando assim! (não se conteve e começou a gritar) Esperem! Esperem! Quero ver o rosto do meu amigo! Por favor, abram o caixão! Alguns segundos, só...

OS HOMENS PARARAM. ARRIARAM O CAIXÃO NA CALÇADA E ABRIRAM A TAMPA. NESSE EXATO MOMENTO, CECÉU EMPURROU A TAMPA PARA LONGE, LEVANTOU-SE E SAIU CORRENDO NO MEIO DA NOITE. FOI UM DESESPÊRO GERAL. DONA GIGI, SORAIA E TATIANA GRITARAM, APAVORADAS. OS CARREGADORES VOARAM PARA O RABECÃO.

TATIANA - Meu Deus! Virgem Santíssima! Ressuscitou! (soltou um grito agudo e caiu desmaiada nos braços de Zé Urbano). DONA GIGI - Mas o que aconteceu, meu Deus? Ele tava vivo... e iam enterrá-lo vivo!

SORAIA - Que horror! Valha-me Deus!

ZÉ URBANO - Caramba! Nunca vi um morto correr tanto! Olha lá! Ele sumiu!

(4)

CENA 3 - PENSÃO PRIMAVERA - SALA - INT. - NOITE.

INSTANTES MAIS TARDE, PASSADO O PÂNICO, MONTEIRO PRADO, ISADORA, MARCELÃO, DONA GIGI, ZÉ URBANO, SORAIA E ALBERTO TENTAVAM ENCONTRAR UMA RESPOSTA PARA O ACONTECIDO.

MONTEIRO PRADO - É síncope cardíaca. É a única explicação. Ainda bem, Marcelão, que você teve a feliz idéia de pedir pra abrirem o caixão.

ISADORA OLHOU DESCONFIADA PARA MARCELÃO. A COISA NÃO ESTAVA LHE CHEIRANDO BEM.

CORTA PARA:

CENA 4 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. - NOITE.

MARCELÃO ENTROU EM SEU APARTAMENTO E DEIXOU-SE CAIR NO DIVÃ, EXAUSTO, SOB O OLHAR CURIOSO DE VOSKOPOULUS.

VOSKOPOULUS - E então, correu tudo bem? Conforme planejaram?

MARCELÃO - Voskô, eu preciso de uma dose de uísque, pra dar uma relaxada depois desse estresse todo...

PRONTAMENTE, O MORDOMO PREPAROU O UÍSQUE E SERVIU O PATRÃO.

MARCELÃO - Sabe, Voskô, tenho medo que esse negócio dê bode. Os jornais, com certeza, vão noticiar amanhã, e devem querer saber qual foi o médico que deu o atestado de óbito. Aí, vão ver que não tem atestado nenhum. Como é que vamos sair dessa? “ALELUIA!” “”ALELUIA!” TOCARAM A CAMPAINHA. O MORDOMO FOI VER QUEM ERA.

(5)

VOSKOPOULUS - Caramba, seu Marcelão, é o falecido...

CECÉU ENTROU, AINDA ASSUSTADO.

CECÉU - Que confusão maluca você arrumou pra mim, meu velho! Por pouco fui enterrado vivo! Meu coração ainda tá disparado!

MARCELÃO - Senta aí, Cecéu! Tivemos muita sorte. Por pouco não fomos descobertos. Mas o importante é que você se livrou do Pé de Anjo. Não era essa a nossa intenção? (e gozando o amigo, divertido) Velho, na carreira que você deu eu pensei que fôsse parar em São Paulo!

CECÉU - (cara de pavor) Nem me lembra disso, cara! Ainda me vejo dentro daquele caixão, cercado de flores e louco de vontade de espirrar... e pior foi quando fecharam a tampa em cima de mim! Deu um desespêro, vontade de gritar e pular dali...

MARCELÃO E VOSKOPOULUS NÃO SE AGUENTAVAM DIANTE DA SITUAÇÃO TRAGICÔMICA E SEGURAVAM-SE PARA NÃO GARGALHAR.

MARCELÃO - (ficou sério, caindo em si) Sabe, meu velho, vão descobrir a farsa. O jeito é sumirmos os dois. Eu e você sumiremos uns dias, tá?

CORTA PARA:

CENA 5 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA DE JANTAR - INT. - NOITE.

SENHORINHA ACABARA DE SERVIR O JANTAR. MONTEIRO PRADO ESTRANHOU AO VER APENAS UM PRATO À MESA. MONTEIRO PRADO - Malu não vai jantar?

SENHORINHA - (sacudindo a cabeça, ar de preocupação) Não. E também não almoçou.

(6)

MONTEIRO PRADO - Outra crise... isso me deixa arrasado... Senhorinha, ela lhe fez alguma confidência? Disse por que está tão deprimida?

SENHORINHA - Doutor, ela se abriu comigo... (indecisa) eu não sei se devo...

MONTEIRO PRADO - Se sabe de alguma coisa, por favor, não me esconda nada, Senhorinha. Tanto quanto você, eu só quero ajudar minha filha.

SENHORINHA - Eu receio... que ela esteja apaixonada, Dr. Monteiro. E está sofrendo por esse motivo.

MONTEIRO PRADO - Apaixonada? Tem certeza? Mas... por quem?

SENHORINHA - Por um padre! Aquele que ia casar com a pobre da Diana... O nome dele é padre Marcos.

MONTEIRO PRADO - (enrugou a testa, surprêso) Que loucura é essa... ! Tem certeza disso, Senhorinha?

SENHORINHA - (confirmou com a cabeça) Só estou lhe contando porque ela precisa de ajuda, doutor! Já estou ficando preocupada. Ela pode até adoecer, se insistir em não comer nada! Tá trancada no quarto, desde ontem!

MONTEIRO PRADO LEVANTOU-SE E CAMINHOU EM CÍRCULOS, PREOCUPADO.

MONTEIRO PRADO - Meu Deus... eu tenho que fazer alguma coisa... mas o quê?

SENHORINHA - (sugeriu) Por que não conversa com esse rapaz? Quem sabe ele pode ajudar...

MONTEIRO PRADO - Isso! É isso mesmo que eu vou fazer! Boa idéia, Senhorinha!

(7)

CENA 6 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - ESCRITÓRIO - INT. - TARDE.

MONTEIRO DOBROU CUIDADOSAMENTE O SEU JORNAL DA TARDE E O COLOCOU SOBRE A MESA.

SENHORINHA - Com licença, doutor. O padre Marcos acabou de chegar.

MONTEIRO PRADO - Ótimo, Senhorinha. Mande-o entrar. MARCOS ENTROU. MONTEIRO PRADO SORRIU, CORDIAL. MARCOS - Boa tarde, Doutor Monteiro. Estou aqui atendendo seu chamado...

MONTEIRO PRADO - Agradeço por ter vindo. Eu precisava conversar com você, meu rapaz. É sobre seu futuro.

MARCOS - Desculpe, mas eu não sei por que o senhor se preocupa com meu futuro.

MONTEIRO PRADO - (sorriu levemente) A razão é óbvia. Você e Malu...

A SITUAÇÃO ERA CONSTRANGEDORA PARA AMBOS.

MARCOS - Óbvia... Doutor Monteiro Prado, precisamos ser claros. Se o senhor imagina que eu e sua filha temos qualquer tipo de ligação amorosa, está inteiramente equivocado. Para mim, ela é apenas uma moça que foi amiga de minha noiva. E como fomos ambos duramente atingidos pela mesma tragédia, isso estabeleceu um elo entre nós.

MONTEIRO PRADO - Nada mais?

MARCOS - Nada mais. Sinto ter que falar assim, mas é bom que as coisas fiquem claras.

(8)

MONTEIRO PRADO - (secamente) Pois bem, já que estamos falando com essa franqueza, eu lhe pergunto: e quanto a ela, também não está presa a você por nenhum outro sentimento além desse?

MARCOS - (embaraçado) Bem... eu não sei o que dizer... HOUVE UMA PAUSA. A SEGUIR, APROVEITANDO-SE DA INDECISÃO DO RAPAZ, O BANQUEIRO PUXOU-O PARA UM CANTO DA SALA.

MONTEIRO PRADO - Eu tenho algumas revelações a lhe fazer... Malu é motivo de grande preocupação para mim. Minha filha já esteve internada num sanatório. A morte de Diana foi um choque muito grande para ela. E agora, se sofresse mais outra desilusão... Isto é, se você lhe disser não, vai praticar uma crueldade maior do que aquela que foi praticada contra Diana...

MARCOS - (profundamente abalado) O senhor tem mais alguma coisa a me dizer?

MONTEIRO PRADO - Não...já lhe disse tudo. Só lhe peço que reflita um pouco sobre as minhas palavras. Nada mais.

MARCOS - Com licença!

MARCOS RETIROU-SE, DEIXANDO O BANQUEIRO IMERSO EM SEUS PENSAMENTOS.

CORTA PARA:

CENA 7 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. - NOITE.

GERMANO E D. CARMEN FITARAM, CURIOSOS, O RAPAZ QUE ACABARA DE ENTRAR.

D. CARMEN - Chegou na hora certa, Marcos. Acabei de servir o jantar.

(9)

GERMANO - Foi tudo bem na casa do Dr. Monteiro?

MARCOS - (ainda abalado, expressão sombria) Eu não vou jantar. Desculpem-me. Se não se importam, eu vou para o quarto... D. CARMEN - (insistiu) Marcos! Vai dormir sem comer nada? Olha, eu fiz estrogonofe de frango; sei que você gosta...

MARCOS - (parou à porta do quarto e sorriu, com ar cansado) Fico muito grato pela gentileza, D. Carmen, mas agora, só preciso de um banho e descansar um pouco. Boa noite.

MARCOS ENTROU NO QUARTO E FECHOU A PORTA ATRÁS DE SI. D. CARMEN FITOU O MARIDO, INDIGNADA.

D. CARMEN - Eu não lhe disse, Germano? Essa dona vai dar em cima dele até acabar com ele, como fez com Diana!

GERMANO - (recriminou) Para de falar assim da Malu, coitada! Ela é uma boa moça...

D. CARMEN - (cortou) Boa moça, pois sim! Vocês, homens, são uns bobos mesmo! Tão fáceis de ser enganados... (T) Mas, nada como um dia atrás do outro pra mostrar que eu tou com a razão!

FIM DO CAPÍTULO 24

Referências

Documentos relacionados

Este estudo tem como objectivo caracterizar a contabilidade e controlo de gestão nas unidades hoteleiras de Portugal, identificando as técnicas tradicionais e

Este estudo tem como objectivo caracterizar a contabilidade de gestão nas unidades hoteleiras da Região Oeste, identificando as técnicas de contabilidade de gestão que são

O Secretário da Receita Federal do Brasil expediu a Instrução Normativa nº 1.540, alterando a Instrução Normativa RFB nº 1.234, de 2012, que dispõe sobre a retenção de

"Os sinais para conhecer a Igreja verdadeira são estes: a pregação pura do evangelho; a administração pura dos Sacramentos, tal como foram ins- tituídos por Cristo; a

E como Deus é sempre levado infalivelmente ao melhor, ainda que não seja levado a isso necessa- riamente (senão por uma necessidade moral), nós somos sempre levados

Pode-se constatar que a Teologia marsiliana, saber este referido como ciência (DP II, XXIV, § 5), destinar-se-ia a regular os atos humanos voluntários controlados imanentes,

No casamento de Amanda de Sanson Castelo Branco Lino e Alessandro Tadeu de Simone, em 28 de dezembro de 2013, a noiva estava com uma barriguinha de seis meses e meio de

Na teologia política marsiliana, o próprio Jesus Cristo teria assumido e titularizado o Poder coercivo da lei divina, o que Lhe possibilitava o controle dos atos humanos