“O Cortiço”, de Aluísio Azevedo
“O Cortiço”, de Aluísio Azevedo:
1. Panorama histórico-cultural
2. Características temáticas e estilísticas
3. Contraste: Realismo x Naturalismo
4. O autor
1. Panorama Histórico-Cultural
• “O Cortiço” (1890)
• Pela concomitância, fala-se em
“Realismo-Naturalismo”
• Apogeu da Revolução Industrial: capital
industrial triunfa sobre o capital de
comércio
• Desenvolvimento do Capitalismo
• Burguesia ganha dinheiro e poder
• Movimento pendular das estéticas:
ROMANTISMO:
• Ímpeto Revolucionário
• Ênfase nas emoções
REALISMO:
• Preservação da ordem
• Guardem essas três palavras sobre a época:
–Ciência
–Progresso
–Razão
• TEORIAS:
a) Positivismo / Cientificismo
Origem em Augusto Comte; a Ciência ganha valor absoluto de verdade dentro da Filosofia
b) Materialismo
Limita-se ao palpável. Automaticamente, opõe-se à Metafísica e à Religião.
• TEORIAS:
c) Evolucionismo
Homem é produto da evolução natural, assim como todos os outros animais.
Dentro da Literatura, isso resulta na zoomorfização. d) Determinismo
Diz que o comportamento humano é determinado por 3 forças: biológicas, sociológicas/ambientais e históricas.
2. Características temáticas e
estilísticas
a) Objetivismo
– Preocupação em passar uma verdade exata (não só verossímil)
– Observação e Análise – Impressões sensoriais – Descrição
2. Características temáticas e
estilísticas
b) Impassibilidade
– O narrador busca uma posição neutra
– Personagens são “fotografadas” por dentro (Machado de Assis) ou por fora (Aluísio de Azevedo).
– Todas as ações das personagens são motivadas; nada é gratuito.
2. Características temáticas e
estilísticas
c) Personagens esféricas
– Em oposição ao Romantismo (personagens
planas)
– Personagens esféricas possuem profundidade psicológica
2. Características temáticas e
estilísticas
d) Temas contemporâneos
– Autor escreve sobre a época que está vivendo – Análise psicológica
2. Características temáticas e
estilísticas
e) Exaltação sensorial
– 5 Sentidos – Sexualização do amor – Banalização do sexoe) Trecho de “O Cortiço”:
O zunzum chegava ao seu apogeu. A fábrica de massas italianas, ali mesmo da vizinhança, começou a trabalhar, engrossando o barulho com o seu arfar monótono de máquina a vapor. As corridas até a venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de formigueiro assanhado. Agora, no lugar das bicas apinhavam-se latas de todos os feitios, sobressaindo as de querosene com um braço de madeira em cima; sentia-se o trapejar da água caindo na folha. Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro.
e) Trecho de “O Cortiço”:
O zunzum chegava ao seu apogeu. A fábrica de massas italianas, ali mesmo da vizinhança, começou a trabalhar, engrossando o barulho com o seu arfar monótono de máquina a vapor. As corridas até a venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de formigueiro assanhado. Agora, no lugar das bicas apinhavam-se latas de todos os feitios, sobressaindo as de querosene com um braço de madeira em cima; sentia-se o trapejar da água caindo na folha. Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro.
Na escrita...
Narrativa rápida, focada na ação
Narrativa lenta, focada na descrição de personagens e lugares Linguagem conotativa (metáforas) Linguagem denotativa (objetiva) Linguagem despreocupada Preocupação formal (clareza, gramática, etc)
3. Contraste:
REALISMO NATURALISMO
Romance documental Romance experimental Arte desinteressada, impassibilidade Arte engajada, de denúncia
(preocupações sociais e políticas) Busca o belo Detém-se nos aspectos mais torpes e
degradantes Reproduz o exterior (ambiente) e o
interior (psicológico)
Foca no exterior (ambiente)
Retrata e critica as classes mais altas, a alta burguesia urbana
Retrata as camadas inferiores
4. O autor: Aluísio de Azevedo
• Mais importante dos naturalistas brasileiros • Inaugurou o
movimento no Brasil • Contato forte com
portugueses
Os personagens
• João Romão: português ambicioso que funda o cortiço, a princípio ilegalmente, e junta muito dinheiro
• Bertoleza: escrava portuguesa com quem João Romão se casa
• Senhor Miranda e Estela: portugueses de classe elevada, não gostam do cortiço e nem se dão bem com João Romão. Sua relação representa a visão do autor sobre o sexo.
• Zulmira: filha de Miranda.
• Botelho: velho comparado com um urubu, e que mora de favor na casa de Miranda.
Os personagens moradores do cortiço:
• Pombinha: moça franzina que vira prostitua por causa de más influências
• Rita Baiana e Firmo: mulata faceira e malandro valentão
• Albino: rapaz afeminado que vive com as lavadeiras
• Jerônimo: português imigrante que vive com a mulher
• Machona: lavadeira gritalhona, “cujos filhos não se parecem uns com os outros”
Senta que lá vem história...
• João Romão, comerciante local, se amasia com Bertoleza. Ela trabalha pra ele que nem burro de carga. Ele forja uma carta de alforia falsa, e diz pros antigos donos que ela fugiu.
• Através do trabalho de Bertoleza e de pequenos furtos, eles expandem a propriedade e constroem um cortiço.
• Outro português, Miranda, vem morar com a esposa e a filha ao lado do cortiço. Eles não gostam da “pobralhada” que está se ajuntando.
• João Romão consegue também uma pedreira, junto ao cortiço, que lhe dá muito dinheiro.
• Dentre as inúmeras festas lá dentro, a sensualidade da dança de Rita Baiana faz Jerônimo perder a
cabeça.
• Firmo, enciumado e hábil na capoeira, abre a barriga de Jerônimo com uma navalha e foge. • Outro cortiço se forma na mesma rua. Os
moradores do primeiro cortiço, de sacanagem, os chamam de “Cabeça-de-Gato”; eles, por revide, são chamados de “Carapicus”.
• Firmo vai morar junto com os
Cabeças-de-Gato
• Jerônimo sai do hospital e arma uma
emboscada para Firmo. A emboscada
funciona, e Jerônimo mata Firmo a
Pauladas. Depois disso, Jerônimo larga a
mulher e foge com Rita Baiana.
• Começa uma briga pessoal entre os
moradores dos dois cortiços
• Há um incêndio que põe abaixo o cortiço de
João Romão.
• João Romão, endinheirado, reconstrói o
cortiço
• Mas agora ele quer realizar um sonho:
casar-se com uma mulher “de fina educação”
• Com um suborninho ao Botelho, João
Romão se aproxima de Miranda. Os dois,
por interesse, combinam seu casamento com
Zulmira, a filha do Miranda.
• João Romão arma um plano: ele manda um
aviso aos antigos proprietários de Bertoleza,
denunciando seu paradeiro.
• A polícia aparece na casa deles, para buscar
a escrava
• Ela, compreendendo seu destino, suicida-se,
cortando o ventre com a mesma faca que
estava usando pra cortar um peixe pra
refeição de João Romão.
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra
segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não
despachava, desembainharam os sabres.
Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e entes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lodo.
E depois emborcou para a frente, rungindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio
Características dessa cena:
• Exagero
• Escatologia
• Ironia
Características do livro “O Cortiço” (1890)
•Romance de Espaço
• Romance Social
• Crítica do capitalismo
selvagem
• Zoomorfização ou
Animalização do homem
Características do livro “O Cortiço” (1890)
•
Determinismo (raça,
meio, momento)
• Supervalorização do sexo
•Uso de tipos humanos
(João Romão, Albino,
Botelho)
Situação da mulher no romance
Ela é reduzida a três situações: a) Objeto: usada pelos homens
(Bertoleza)
b) Objeto e sujeito: é usada, mas também seduz e manipula (Rita Baiana)
c) Sujeito: as que se independem dos homens e viram prostitutas (Pombinha e Leonie)