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ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

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Academic year: 2021

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A RELEVÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA PARA O

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

Evandro Geraldo Ferreira Borges

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A RELEVÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA PARA O

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

Evandro Geraldo Ferreira Borges1

Este trabalho aborda, de forma sintética, aspectos cruciais que

permeiam o exercício da Atividade de Inteligência no âmbito de um

Estado Democrático de Direito.

Palavras-chave: Inteligência; atividade; segredo; informação; sigilo.

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Assistente Militar de Inteligência na Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais no Grupo de Combate ao Crime Organizado e na Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos.

Graduado no Curso de Formação de Oficiais pela Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.

Especialista em Estudos da Criminalidade e Segurança Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em Operações de Inteligência pela Agência Brasileira de Inteligência.

Especialista em Segurança Pública pela Escola de Governo – Fundação João Pinheiro. Graduando em Direito pela Escola Superior Dom Helder Câmara.

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A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA PARA O

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

A Inteligência no Brasil nunca esteve tanto em voga como em tempos atuais. Para alguns é ela uma solução; para outros um resquício do regime autoritário vigente em outrora; há ainda os que a veem como um mal necessário; mas há também aqueles que a reconhecem como ferramenta de ação e proteção do Estado.

Com passagens memoráveis e atuais do ponto de vista da ciência militar, Sun Tzu (1999), relata, dentre tantas outras, que “[...] o que possibilita ao soberano inteligente e ao bom general atacar, vencer e conquistar coisas além do alcance de homens comuns é a previsão.”

A previsão mencionada é a mesma que permite, v.g., a Polícia prover a segurança da sociedade, combater a criminalidade qualificada, o chamado Crime Organizado, e proporcionar uma assessoria de melhor qualidade, que reduza incertezas.

No entanto, para melhor compreensão, é preciso pensar a Inteligência enquanto gênero e, ainda mais importante, compreendê-la dentro de cada uma das suas áreas de atuação, dentro de cada uma das suas especificidades, diferenciando-as e atribuindo a cada uma delas o seu devido grau de importância e valor agregado para uma nação.

A Inteligência pensada sob a ótica governamental, para tomada de decisões estratégicas, é entendida como Inteligência de Estado. Com o recrudescimento da criminalidade, somado à extinção do antigo Serviço Nacional de Informações - SNI e a falta de legitimidade da Agência Brasileira de Inteligência – ABIN para coordenar um sistema em âmbito nacional, fragmentou-se a execução desta atividade. Assim, seu emprego sai do âmbito conceitual da Segurança Nacional, do processo decisório de Governo, para tomar conotações mais incisivas no plano da Segurança Pública, nascendo inicialmente a chamada “Inteligência Policial”.

Em tempos atuais, muitos são os inimigos da sociedade e do Estado Democrático de Direito. Apesar disto, não temos aqui como escopo diferenciar o inimigo enquanto ameaça à Segurança Nacional ou ameaça interna como, v.g., o crime organizado, sua transnacionalidade etc., mas tratá-lo como gênero e fortalecer a condição relativa à proteção coletiva e individual dos membros de uma sociedade, enquanto uma ameaça genérica.

Na verdade, é preciso ressaltar a dimensão do emprego e importância da Atividade de Inteligência para um Esta do Democrático de Direito, como ferramenta à disposição dos interesses coletivos, sem com isto se descurar dos limites impostos pela Constituição Federal e pelas leis infraconstitucionais.

As maiores democracias do mundo, sem exceção, possuem serviços de inteligência. O ponto que salta aos olhos é que quanto mais desenvolvido o país, mais importância se dá aos órgãos encarregados de desempenhar a atividade.

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Em tempos de globalização a Informação deixou de ser componente para ser a ferramenta de ação, para assumir seu lugar no primeiro plano na atitude gerencial e administrativa, seja no público ou no privado, e sua qualificação é cada vez mais necessária, dada a imensa disponibilidade e informalidade no estabelecimento de fontes.

Antes, a busca do dado negado era o grande objetivo dos órgãos de inteligência. Atualmente, tal busca ainda prevalece, mas, com o advento da globalização e a criação de ferramentas como a Internet, o acesso à informação foi democratizado a ponto de vivermos “tempos de desinformação pela informação”.

Tamanha a variedade de fontes e dados disponíveis, hoje o trabalho dos analistas reveste-se de maior complexidade ainda, pois enquanto em épocas passadas a grande dificuldade era o acesso à informação pretendida, hoje a grande dificuldade é processar, analisar, triar a informação válida e proveniente de fonte segura.

O processo de gestão pública passa por revoluções, onde métodos antes somente empregados na área privada passam a permear a administração pública e, por conseguinte, a necessidade de informação torna-se fator determinante para o sucesso de políticas públicas e ações de governo.

A maior oferta de serviços e a gestão por resultados fortalecem o desenvolvimento de ações que, invariavelmente, acabam por depender de informação qualificada, em tempo oportuno e privilegiada.

A importância desta atividade para um Estado como o Brasil deve ser analisada em ambos os contextos, interno e externo. Assim, ter um Sistema de Inteligência eficiente fortalece o Estado, seu governo e protege os seus conhecimentos, entendidos estes últimos não só pelas informações estratégicas de governo ou bélicas, mas toda forma de conhecimento que exprima importância econômica, política, biológica e tecnológica para o contexto deste Estado, v.g., a exploração do pré-sal; a depuração de urânio; as biodiversidades; tecnologias em desenvolvimento no âmbito privado; até mesmo a aquisição de aviões-caças etc.

Muitas pessoas possuem opiniões pouco fundamentadas sobre a matéria, na maioria das vezes superficiais, optando por reduzir a discussão sobre temas correlatos à Inteligência, a falácia e a discursos demagógicos, prestando com isto um desserviço para o país.

Trata-se de uma questão de soberania e sustentabilidade em qualquer cenário a proteção e produção de informações que levem o país a se reafirmar enquanto Estado e Nação.

O limite para o seu exercício será sempre a lei. Num Estado Democrático de Direito não há que se falar em ser a Atividade de Inteligência uma ameaça, pois ela se presta a dar-lhe sustentação e sobrevida, respaldando as decisões de seu governo e os interesses de seu povo. Trata-se, portanto, de uma “Atividade de Estado”.

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REFERÊNCIAS

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