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RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA FAUNA TERRESTRE DA USINA HIDRELÉTRICA SÃO DOMINGOS

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RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA

FAUNA TERRESTRE DA USINA

HIDRELÉTRICA SÃO DOMINGOS

Espécie de réptil endêmica do bioma Cerrado (Coleodactylus brachystoma) registrado na área de influência da UHE São Domingos em abril de 2014.

6ª Campanha – Fase pós-enchimento

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 3 1. EQUIPE TÉCNICA ... 4 2. INTRODUÇÃO ... 6 3. OBJETIVOS ... 8 4. METODOLOGIA ... 9 4.1 Área de estudo ... 9 4.2 Procedimentos Metodológicos ... 9 4.2.1 Herpetofauna ... 10 4.2.2 Avifauna ... 17 4.2.3 Mastofauna... 21 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 27 5.1 Herpetofauna ... 27 5.2 Avifauna ... 35 5.3 Mastofauna ... 58 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 65 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 68 ANEXOS ... 78

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APRESENTAÇÃO

O presente relatório apresenta os resultados obtidos durante as seis campanhas do Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre referente à fase de pós-enchimento da Usina Hidrelétrica (UHE) São Domingos, empreendimento localizado no rio Verde, na divisa das cidades de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, Mato Grosso do Sul.

O Monitoramento da Mastofauna Não Voadora, Avifauna e Herpetofauna compõe o “Programa de Monitoramento e Conservação da Fauna Silvestre”, que teve início durante a fase de pré-enchimento da UHE São Domingos. O Programa segue as diretrizes e determinações do Projeto Básico Ambiental (PBA) do empreendimento e é composto pelo monitoramento dos quatro grupos de vertebrados terrestres (Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos), com periodicidade trimestral entre as campanhas de campo.

Este relatório contém a descrição das atividades desenvolvidas durante as seis campanhas de campo do monitoramento pós-enchimento (para todos os grupos da fauna), que se iniciou em 2013, ano em que foram realizadas quatro campanhas nos períodos de 20 a 25 de fevereiro de 2013 (primeira campanha, estação chuvosa), 5 a 9 de maio de 2013 (segunda campanha, estação seca), 22 a 26 de julho de 2013 (terceira campanha, estação seca) e 14 a 18 de outubro (quarta campanha, estação chuvosa). As duas primeiras campanhas do segundo ano de monitoramento (2014) foram realizadas nos períodos de 20 a 24 de janeiro (quinta campanha, estação chuvosa) e 07 a 11 de abril (sexta campanha, estação seca), respectivamente. O presente documento inclui as metodologias utilizadas para a coleta de dados e análise preliminar dos resultados obtidos.

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1. EQUIPE TÉCNICA

Nome do Profissional

Registro no

Conselho Formação Responsabilidade no projeto

Fernando Henrique Martin Gonçalves 072522/01-D Biólogo, Mestre e Doutorando em Ecologia e Conservação PPGEC/UFMS

Responsável pelos estudos de campo e elaboração do relatório de Mastofauna Mauricio Neves Godoi _ Bacharel em Ecologia (UNESP), Mestre e Doutorando em Ecologia e Conservação (UFMS)

Responsável pelos estudos de campo e elaboração do relatório de Avifauna

Camila Aoki 054178/01-D

Bióloga, Mestre e Doutora

em Ecologia da

Conservação (UFMS)

Co-responsável pelo

monitoramento da Avifauna

Paulo Landgref Filho 047883/01-D

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas, Mestre em Ecologia e Conservação

Responsável pelos estudos de campo e elaboração do relatório de Herpetofauna José Antonio da Silva

Menezes

_

Auxiliar de campo Auxílio na campanha de campo Renato Martins de

Oliveira

_

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_________________________________________

Fernando Henrique Martin Gonçalves – Biólogo, CRBio N° 072522/01-D Coordenador Geral de Campo e Responsável pelo Monitoramento da Mastofauna

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2. INTRODUÇÃO

Comunidades de diversos organismos podem sofrer mudanças ao longo do tempo através da perda ou surgimento de espécies e também pela alteração na densidade ou abundancia de suas populações (Hero & Ridgway, 2006). Monitoramentos de comunidades e populações podem ser entendidos como uma importante estratégia para se averiguar e compreender as alterações às quais estão submetidas as comunidades de fauna estudadas. Hartmann et al. (2008) afirmam que o monitoramento das populações em seus habitats são essenciais para o planejamento e efetivação de ações que visam minimizar os impactos provocados por qualquer empreendimento. Neste sentido, o monitoramento biológico constitui um instrumento de grande importância no processo de mitigação de impactos ambientais provocados por empreendimentos potencialmente impactantes (Yoccoz et al. 2001).

A Usina Hidrelétrica (UHE) São Domingos está instalada no rio Verde no limite dos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, inserida nos domínios do bioma do Cerrado. Estudos atribuem ao Cerrado o título de maior, mais diversificada e mais ameaçada savana tropical do mundo (Silva & Bates, 2002). Este bioma, conhecido como um conjunto de fisionomias campestres, florestais e savânicas presentes no Brasil Central, é o segundo maior bioma brasileiro, ocupando 21% do território nacional, sendo superado em tamanho apenas pela Amazônia (Klink & Machado, 2005).

A biodiversidade do Cerrado apresenta números impressionantes. No que diz respeito à herpetofauna, sabe-se que a fauna de anfíbios e répteis constituem um dos grupos menos estudados dentro do bioma, ainda assim, a riqueza de espécies conhecida para seus domínios corresponde a um número expressivo dentre os biomas brasileiros (Klink & Machado, 2005).

Nas últimas décadas os anfíbios e répteis vêm ganhando destaque mundial devido a sua alta sensibilidade a alterações ambientais (Feder & Burggren, 1992) e por possuírem importante posição em cadeias alimentares (e.g. Marques et al. 1998, Machado & Bernarde, 2006), são considerados indicadores em potencial de alteração ambiental (e.g. Vitt et al. 1990, Heyer et al. 1994, Marques et al. 1998, Bastos et al. 2003, Uetanabaro et al. 2008), desta forma, informações sobre esses grupos podem fornecer respostas eficientes sobre a situação de determinado ambiente (Vitt et al. 1990, Tocher et al. 1997).

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7 Quanto ao grupo das aves, a riqueza de espécies conhecida para o Cerrado chega a 856 espécies distribuídas em 64 famílias, sendo que 777 destas espécies (90,7%) são residentes e se reproduzem no domínio (Silva & Santos, 2005). Segundo Silva (1995c), a alta diversidade de aves do Cerrado se deve a forte influência e às interações bióticas históricas com domínios fitogeográficos adjacentes, especialmente a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica.

A instalação e operação de Usinas Hidrelétricas (UHE’s) têm um impacto direto sob a avifauna das regiões afetadas, seja pela perda e fragmentação de habitats naturais ribeirinhos, tanto florestais quanto abertos, seja pelo aumento na abundância de algumas espécies em áreas vizinhas não alagadas, já que estas podem receber um contingente populacional de aves vindas das áreas alagadas.

Em relação à mastofauna, o Brasil é o país com a maior diversidade de mamíferos do mundo, contendo um valor aproximado de 530 espécies descritas (Costa et al. 2005). A maior parte das ordens de mamíferos existentes no Brasil é representada por espécies de médio e grande portes, normalmente com mais de 1kg de massa corporal. Entretanto, mais de 50% das espécies de mamíferos brasileiros possuem pequeno tamanho corpóreo, sendo representados especialmente por roedores, marsupiais e morcegos (Eisenberg & Redford 1999).

Pequenos mamíferos não voadores, constituído por pequenos roedores e marsupiais, representam um dos mais ricos e diversificados grupos de mamíferos em quaisquer ecossistemas. Embora a fauna de pequenos mamíferos não voadores do Brasil seja relativamente bem conhecida quando comparada a outros grupos taxonômicos, poucas áreas têm sido amostradas adequadamente e listas locais de espécies normalmente encontram-se incompletas (Voss & Emmons 1996), embora tais informações sejam de suma importância para o manejo e conservação da fauna local.

O estado de Mato Grosso do Sul, por exemplo, se constitui em uma lacuna de conhecimento sobre a presença e distribuição das espécies de pequenos mamíferos não voadores (Vieira & Palma 2005). Até o momento, no estado em questão, são conhecidos ao menos 34 espécies de pequenos mamíferos não voadores, sendo 12 marsupiais e 22 pequenos roedores (Alho et al. 2000; Mauro & Campos 2000; Rodrigues et al. 2002; Cáceres et al. 2007; Cáceres et al. 2008a).

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8 Estudos de monitoramento da fauna, segundo Alho (2003), tem por função determinar a composição da comunidade, determinar as abundâncias relativas e identificar as possíveis alterações de densidade, constituindo assim de uma importante ferramenta para gerar subsídios para o conhecimento da dinâmica biológica natural das espécies monitoradas e para o esclarecimento das relações que se estabelecem entre os impactos advindos do empreendimento e as populações animais existentes em sua área de influência.

3. OBJETIVOS

O objetivo deste estudo é dar prosseguimento ao levantamento e monitoramento da fauna silvestre presente nas áreas de influência da UHE São Domingos como parte integrante dos estudos que visam avaliar e monitorar os potenciais impactos ambientais das atividades da referida UHE sob a fauna da região.

Dentre os objetivos específicos, destacam-se

 Inventariar a fauna de anfíbios, répteis, aves e mamíferos não voadores na área de influência do empreendimento;

 Complementar dados acerca da distribuição das espécies de vertebrados registradas;

 Registrar os dados de ocorrência, abundância, riqueza e diversidade das espécies de vertebrados diagnosticadas na área de estudo;

Ressaltar o status de conservação, endemismo, habitat preferencial, estrutura trófica e interesse econômico das espécies de vertebrados registradas;

 Analisar os padrões de diversidade e abundância das espécies para cada ambiente amostrado, relacionando a ocorrência das mesmas com seus papéis ecológicos;

 Definir espécies de vertebrados bioindicadoras que permitam detectar modificações ambientais nos diferentes habitats estudados;

 Discutir ações de manejo que visem minimizar e mitigar os impactos ambientais das atividades da UHE sob a fauna da região, garantindo assim sua conservação no longo prazo.

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4. METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

A UHE São Domingos está instalada no rio Verde, na divisa das cidades de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, Mato Grosso do Sul. O rio Verde está sob influencia da Bacia do Rio Paraná e a área onde está instalada a UHE São Domingos está localizada em uma região naturalmente dominada pelo bioma Cerrado. Atualmente, em grande parte da paisagem da região predominam atividades agropecuárias e plantações de Eucalyptus, sendo que os remanescentes de vegetação natural encontram-se fragmentados e isolados. Deve-se destacar que o Cerrado é considerado um dos hotspots, que são áreas de grande relevância ecológica em função da grande diversidade de espécies, alta proporção de espécies endêmicas e alto grau de ameaça, devendo ser estudados e conservados em relação a toda a sua diversidade biológica (Myers et al. 2000).

Na área de influência da UHE São Domingos podem ser observadas diversas fitofisionomias tais como mata ciliar, mata aluvial, mata estacional semidecidual, veredas, cerradão e cerrado stricto sensu, além de formações antrópicas como pastagens e açudes. As fitofisionomias estão em diversos níveis de regeneração e conservação, cuja maioria encontra-se comprometida pela ação antrópica e de animais domésticos como bovinos, eqüinos e outros.

4.2 Procedimentos Metodológicos

O monitoramento da fauna silvestre da fase pós-enchimento da UHE São Domingos é realizado em campanhas de cinco dias de campo, com periodicidade trimestral, de forma a contemplar as estações seca e chuvosa. Todos os grupos da fauna alvo do monitoramento (herpetofauna, avifauna e mastofauna) tiveram suas campanhas de campo realizadas concomitantemente. O período de realização das campanhas de monitoramento pós-enchimento já realizadas é apresentado no Quadro 01.

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10 Quadro 01 - Período e respectiva estação sazonal das campanhas de campo já realizadas referentes

ao Programa de Monitoramento e Conservação da Fauna Silvestre da UHE São Domingos (fase pós-enchimento), municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Ano de

Monitoramento Amostragem Período Estação

1º Ano

1ª campanha 20 a 25 de fevereiro de 2013 Chuvosa

2ª campanha 5 a 9 de maio de 2013 Seca

3ª campanha 22 a 26 de julho de 2013 Seca

4ª campanha 14 a 18 de outubro de 2013 Chuvosa

2º Ano 5ª campanha 20 a 24 de janeiro de 2014 Chuvosa

6° campanha 07 a 11 de abril de 2014 Seca

Os pontos e os métodos de amostragem empregados foram os mesmos nas seis campanhas de monitoramento. A descrição detalhada dos procedimentos metodológicos é apresentada a seguir para cada grupo da fauna.

Todas as atividades de captura, manipulação, coleta e transporte de animais silvestres descritas nesse documento foram licenciadas por meio da Autorização Ambiental para Captura, Coleta e Transporte de Fauna Silvestre emitida pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) Nº 002/2012 (Processo nº 23/105014/2012, válida até 24/10/2014).

4.2.1 Herpetofauna

Os pontos de amostragem da herpetofauna foram escolhidos no intuito de se contemplar as principais fitofisionomias presentes na área de influência do empreendimento. Foram selecionados nove pontos, os mesmos amostrados durante a fase de pré-enchimento.

De forma geral os ambientes presentes na área de influência da UHE São Domingos apresentam-se descaracterizados, sendo a maioria convertidos em pastagem, não estando conservadas as matas ciliares. A maioria dos corpos d’água amostrados é utilizada para dessedentação do gado, sendo esta a principal causa de assoreamentos, descaracterização da vegetação marginal e formação de pequenos barramentos (Fotos 1 a 9). As coordenadas

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11 dos pontos amostrados no monitoramento da Herpetofauna são apresentadas no Quadro 02.

Quadro 02 - Pontos de amostragem do monitoramento da herpetofauna (fase de pós-enchimento)

nas áreas de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Legenda: BALT – Busca Ativa Limitava por tempo; AQ – Armadilha de queda.

Ponto de amostragem Coordenadas Geográficas (UTM – 22K) DATUM - SAD 69 Altitude (m) Descrição do Ambiente Metodologias Aplicadas Procura Ativa 1 0271803/ 7784476 350 Área alagada na margem direita, formando um pequeno brejo BALT Procura Ativa 2 0271763/ 7781639 339 Mosaico de ambientes: Mata aluvial, Mata ciliar,

brejo BALT Procura Ativa 3 0271847/ 7784303 348 Área alagada na margem direita, formando um pequeno brejo BALT Procura Ativa 4 0273635/ 7783997 377 Represa em um córrego com vegetação herbácea e arbustiva bem estratificada BALT Procura Ativa 5 0271759/ 7784701 351 Represa de nascente com vegetação herbácea e arbustiva bem estratificada BALT

Procura Ativa 6 0273792/ 7781898 355 Campo úmido BALT

Pitfall 01 0267786/ 7781037 371 Remanescente de Cerradão AQ Pitfall 02 0273861/ 7783765 388 Remanescente de Cerradão AQ Pitfall 03 0274162/ 7781689 380 Remanescente de Cerradão AQ

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12 Foto 1 – Procura Ativa 1 Foto 2 – Procura Ativa 2

Foto 3 – Procura Ativa 3 Foto 4 – Procura Ativa 4

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Foto 7 – Pitfall 01 Foto 8 – Pitfall 02

Foto 9 – Pitfall 03

Em geral os estudos da herpetofauna que visam inventariar a comunidade utilizam-se de diversos métodos de captura conjugados, devido à grande diversidade de formas, tamanho, hábitos, hábitats e horários de atividade das espécies de répteis e anfíbios (Heyer et al. 1994). Neste estudo foram conjugados três métodos de amostragens: armadilhas de interceptação e queda (Cechin & Martins, 2000), busca ativa limitada por tempo (Heyer et al. 1994) e zoofonia (Scott Jr. & Woodwarr, 1994), cada um deles apresentando maior eficiência para determinados grupos, visando assim uma melhor caracterização da comunidade herpetofaunística. Complementarmente a estas metodologias, também foram registradas espécies por encontros oportunísticos. Segue a descrição de cada método.

Armadilhas de queda com cerca-guia (Pitfall traps com drift-fences, Cecchin & Martins, 2000): Em cada um dos pontos de amostragem denominados Pitfall 01, 02 e 03 (Quadro 02) foi instalado uma linha de armadilhas (Fotos 10 e 11) composta por cinco baldes

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14 (capacidade de 60 litros) enterrados com a abertura ao nível do solo, arranjados em formato linear e interligados por cerca de direcionamento de lona plástica de 30m (5m entre os baldes e 5m antes do primeiro e depois do último balde) de comprimento e 80cm de altura, com a extremidade inferior enterrada no solo, cerca de 10cm, para evitar que os animais pudessem passar por baixo do anteparo (Figura 01; Fotos 10 e 11). Este método é muito utilizado para amostragem de espécies terrestres, fossoriais e semifossoriais de pequeno e médio porte, sendo importante na amostragem de lagartos e no complemento das amostragens de serpentes. No caso de anfíbios, as armadilhas de interceptação e queda possibilitam o registro de espécies que raramente são encontradas quando outros métodos empregados são utilizados (Campbell & Christman, 1982). O conjunto de armadilhas ficou acionado por intervalo de tempo de cinco dias em cada campanha de campo, sendo realizadas vistorias, para observações e registros a cada 12 horas. O esforço amostral por campanha foi de 120 horas, totalizando 720 horas para as seis campanhas (24 horas x 5 dias x 6 campanhas).

Foto 10 – Armadilha de queda instalada no ponto Pitfall 02.

Foto 11 – Armadilha de queda instalada no ponto Pitfall 03.

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15 Busca ativa limitada por tempo (Heyer et al. 1994): Busca ativa ou procura visual limitada por tempo é um método bastante generalista e amplamente utilizado em levantamento para amostragem de vertebrados. Esta metodologia permite o registro de espécies que se deslocam pouco, espécies arborícolas, que raramente descem ao chão e o registro de espécies que raramente são amostradas em armadilhas de queda.

No estudo da herpetofauna da UHE São Domingos a busca ativa limitada por tempo foi empregada nos pontos 1 a 6 (Quadro 02). As buscas foram realizadas durante o período diurno e noturno, através de caminhadas assistemáticas, vasculhando os ambientes onde os animais habitualmente se abrigam (em cavidades de árvores, entre frestas de rochas, sob rochas e troncos, no solo, na serapilheira, nas moitas de bromélias e ao longo de vegetação marginal dos cursos d’água).

As coletas noturnas tiveram início pouco antes do ocaso e término entre 22:00h e 23:00h. A primeira metade da noite constitui o período de pico das atividades reprodutivas da maioria das espécies de anuros (Cardoso & Martins, 1987; Prado & Pombal Jr, 2005). A duração da coleta em cada ponto foi de 50 minutos a fim de padronizar o esforço amostral, além disso, eram feitos censos de carro no trajeto entre os pontos de coleta, buscando identificar eventuais espécimes observados nas estradas e suas imediações, para complementação do trabalho. Durante o dia, as áreas de amostragem eram visitadas a fim de se registrar qualquer ocorrência de répteis por encontro visual (Heyer et al., 1994).

Zoofonia (Scott Jr. & Woodwarr, 1994): Este método consiste na identificação das espécies de anuros através das vocalizações emitidas pelos machos, realizadas em períodos de atividade reprodutiva. A identificação de todas as espécies foi realizada em campo. A zoofonia foi realizada nos pontos de procura ativa, sítios propícios para a reprodução, com presença de água em abundância. Este método permite o registro de espécies de anuros de tamanhos diminutos, que são dificilmente registrados por busca ativa e também permite inferir a época reprodutiva das espécies.

Encontros oportunísticos (Sawaya, 2003): Esse tipo de registro de espécies é amplamente utilizado em trabalhos herpetofaunísticos, pois contribui consideravelmente com a listagem de espécies de uma dada área (Sawaya, 2003). Essa metodologia registra os espécimes vivos ou mortos que são encontrados durante a realização de outra atividade que não as outras metodologias supracitadas (por exemplo, durante o deslocamento pelas

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16 estradas que ligam os pontos) e os animais encontrados por pesquisadores de outras equipes, quando a descrição pelos mesmos permite a identificação dos espécimes. Quando estes encontros eram realizados nos pontos de monitoramento, o registro era dado a este ponto. Porém quando era realizada fora dos pontos de coleta, mas dentro influência da usina registrava-se somente o dado de presença (sem localização).

Os espécimes registrados através das metodologias supracitadas foram catalogados em cadernetas de campo, onde foram anotados os seguintes dados: data do registro, identificação da espécie, ponto de amostragem, descrição do habitat e microhabitat e metodologia de registro. Quando possível, os espécimes encontrados também foram fotografados.

Para o auxílio na identificação taxonômica dos anfíbios foi utilizado o “Guia de Campo dos Anuros do Pantanal Sul e Planaltos de Entorno” (Uetanabaro et al. 2008) e “Amphibian Species of the World” (Frost, 2012). Para a determinação taxonômica das espécies de répteis foi utilizado “Serpentes do Pantanal” (Marques et al. 2005), o catálogo eletrônico para lagartos do cerrado de G. Colli & L. O. Oliveira (http://www.unb.br/ib/zoo/grcolli/guia/guia.html) e Giraudo (2001). A nomenclatura utilizada para a classificação das espécies segue aquela proposta por Segalla et al. (2012) e Bérnils & Costa (2012). As espécies de anfíbios e répteis foram enquadradas nas categorias de ameaça em nível nacional (MMA, 2008) e global (IUCN, 2013).

Para as análises de diversidade foram utilizados os dados de composição, riqueza e abundância dos anfíbios e répteis registrados em cada ponto de coleta. Dessa maneira, foram calculados:

A) Índice de Shannon-Wiener (H', logaritmo base e), estima a diversidade de variáveis categóricas em uma dada população, avaliando os aspectos da riqueza e equitabilidade, os quais dizem respeito ao número de categorias da variável em questão e as proporções de cada umas destas, respectivamente. É calculado através da seguinte fórmula:

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17 Onde:

pe= Abundância relativa da espécie e (pe=ne/N)

ne= Número de indivíduos da espécie e

N= Número total de indivíduos S= Número Total de espécies

B) Índice de equitabilidade de Pielou (J), expressa a maneira pela qual o número de indivíduos está distribuído entre as diferentes espécies, isto é, indica se as diferentes espécies possuem abundâncias semelhantes ou divergentes.

J=H’/lnS

Onde:

H’= Índice de diversidade de Shannon S= Número Total de espécies

Para determinar a “suficiência amostral” foi utilizada a curva de acumulação de espécies, também designada por “curva do coletor”, para as comunidades de anfíbios e répteis.

4.2.2 Avifauna

No estudo da avifauna procurou-se manter as áreas de amostragem utilizadas durante o monitoramento da fase de pré-enchimento da UHE São Domingos, dando continuidade ao monitoramento destas áreas durante a fase de operação do empreendimento. Desta forma, foram mantidas oito áreas de amostragem distribuídas em diferentes fisionomias vegetais presentes no entorno da UHE. Porém, em função de dificuldades de acesso causadas pela formação do reservatório, não foi possível acessar duas destas áreas, a área A3 e o ponto P4 (Quadro 03).

Foram amostradas diferentes fisionomias vegetais naturais e antrópicas como forma de aumentar a probabilidade de encontro do maior número possível de espécies de aves presentes na região. Na área onde foi instalada a UHE ocorrem florestas ripárias na forma de matas de galeria, matas aluviais e veredas de Buriti (Mauritia flexuosa), brejos e campos úmidos adjacentes, manchas de cerradão (savana florestada), cerrado stricto sensu (savana

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18 arborizada) e pastagens ativas e abandonadas em diferentes estágios de regeneração (Fotos 12 a 15). No Quadro 03 são apresentadas as coordenadas e principais fisionomias vegetais presentes nas áreas de amostragem utilizadas para o monitoramento da avifauna da UHE São Domingos.

Quadro 03 - Pontos de amostragem do monitoramento da avifauna (fase de pós-enchimento) nas

áreas de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Pontos de Amostragem Coordenadas Geográficas (UTM) – 22K DATUM - SAD 69 Altitude (m) Descrição do Ambiente Metodologias Aplicadas

A1 22 K 0275050 / 7783550 413 Cerrado s.s., cerradão, mata

aluvial e brejos Transectos

A2 22 K 0273792 / 7781879 360 Cerrado s.s., mata aluvial e

brejos Transectos

A3 22 K 0268873 / 7786349 366 _ _

A4 22 K 0274161 / 7781705 382 Cerradão, cerrado s.s. e

pastagens Transectos

P1 22 K 0271908 / 7784380 362 Cerrado s.s., cerradão, mata aluvial e brejos

Pontos de escuta P2 22 K 0273636 / 7784064 376 Cerrado s.s., cerradão, mata

aluvial e brejos

Pontos de escuta P3 22 K 0273710 / 7778352 327 Mata ciliar, cerradão, brejos e

pastagens Transectos

P4 22 K 0271164 / 7787019 351 _ _

Foto 12 – Ponto A1, com extensas áreas de

cerradão, cerrado s.s., além de brejos e veredas.

Foto 13 – Ponto A2, com brejos, matas aluviais e

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19 Foto 14 – Ponto P3, com mata ciliar, cerradão e

brejos.

Foto 15 – Ponto A4, com pequeno fragmento de

cerrado s.s. e cerradão.

O esforço amostral para avifauna em cada campanha da fase pós-enchimento foi de pelo menos 24 horas, totalizando 144 horas de amostragem considerando as seis campanhas. As amostragens foram realizadas no início das manhãs, das 05:30h – 09:30h, e no fim das tardes, das 16:00h – 18:00h, já que nestes períodos a maioria das espécies de aves está ativa, o que facilita o maior número de registros. As aves foram registradas por visualização e vocalização, com auxílio de binóculos Nikon Monarch 10 x 42 mm, câmera fotográfica Canon EOS 7D com lente Canon 100-400 mm, gravador digital Olympus LS10 e microfone direcional Sennheiser ME66. A identificação das espécies foi feita com o auxílio de guias de campo (Souza, 2002; Sigrist, 2007; Van Perlo, 2009).

A amostragem qualitativa e quantitativa das espécies de aves foi realizada através da aplicação de dois métodos conjugados: o censo por observação direta (transectos), empregado pelas manhãs nas áreas de amostragem A1, A2, P3 e A4, e pontos de escuta conduzidos no fim das tardes, nos pontos P1 e P2.

Censo por observação direta: este método, também chamado de transecção, consiste em caminhar ao longo de áreas de amostragem pré-determinadas anotando todas as espécies observadas ou ouvidas, além do número de indivíduos registrados, evitando contar um mesmo indivíduo duas vezes (Develey, 2004; Rodrigues et al ., 2005).

Pontos de escuta: este método é aplicado com o observador parado em um ponto pré-determinado, quando ele então anota todas as espécies de aves observadas ou ouvidas,

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20 além do número de indivíduos registrados, em um raio de 50 m em torno do ponto durante 20 minutos consecutivos (Develey et al. 2004).

Nos dois métodos adotados, para as espécies que vivem em grandes bandos, como andorinhas e algumas espécies de psitacídeos, o número mínimo de indivíduos observados foi anotado. Através destes métodos também foram anotados dados de riqueza observada e abundância das espécies em cada área de amostragem, bem como para toda a área sob influência da UHE São Domingos.

A ordenação taxonômica e nomenclatura científica seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). Foram apontadas as espécies de aves ameaçadas de extinção no Brasil (Silveira & Straube, 2008 in MMA, 2008) e em nível global (Birdlife International, 2009; IUCN, 2013). O reconhecimento de espécies endêmicas do Cerrado segue Silva (1995b, 1997)e de espécies endêmicas da Mata Atlântica segue Goerck (1997) e Brooks et al . (1999). Adicionalmente, foram apontadas espécies de aves características da Floresta Amazônica (Silva, 1996) e do Chaco (Straube et al ., 2006b) que expandem sua distribuição geográfica até a Bacia do Alto Rio Paraná. A classificação das espécies quanto ao comportamento migratório segue o CBRO (2011) para as que realizam migrações intercontinentais.

As espécies de aves foram classificadas quanto às categorias tróficas de acordo com o principal item alimentar consumido, adaptado de Karr et al. (1990) (Quadro 04) e também classificadas em três categorias quanto à sensibilidade às perturbações ambientais (Stotz et al., 1996), considerando-se como A as de alta sensibilidade, M as de média sensibilidade e B as de baixa sensibilidade. Também foram classificadas em três categorias quanto à dependência de ambientes florestados, de acordo com SILVA (1995a) (Quadro 05).

Quadro 04 – Categorias utilizadas para classificar as espécies de aves quanto ao hábito alimentar. Categorias de Hábito

Alimentar Definição/Características

Insetívora (I) Predomínio de insetos e outros artrópodes.

Onívora(O) Consumem diversos tipos de alimentos (Insetos/artrópodes e/ou pequenos vertebrados e/ou frutos e/ou sementes).

Frugívora (F) Predomínio de frutos.

Granívora (G) Predomínio de sementes de gramíneas.

(21)

21 Categorias de Hábito

Alimentar Definição/Características

Carnívora (C) Predomínio de vertebrados capturados vivos na dieta

Necrófagos (N) Consomem animais mortos

Piscívoros (P) Alimentam-se de peixes;

Malacófagos (M) Alimentam-se de moluscos.

Quadro 05 – Categorias utilizadas para classificar as espécies de aves quanto à dependência

florestal.

Grau de Dependência Características

Independente

Espécies que ocupam, alimentam-se e reproduzem preferencialmente na vegetação aberta como fisionomias naturais de Cerrado (campo limpo, campo rupestre) ou áreas antropizadas

como pastagens.

Semi-Dependente Espécies que ocupam, alimentam-se e reproduzem tanto em ambientes abertos como em ambientes florestais. Dependente

Espécies que ocupam, alimentam-se e reproduzem principalmente em ambientes florestais (matas de galeria,

cerradão e matas secas).

4.2.3 Mastofauna

A rede de amostragem para mastofauna não voadora foi composta ao longo da área diretamente afetada e indiretamente afetada pela UHE São Domingos, abrangendo estações de monitoramento previamente identificadas como de interesse para a fauna terrestre (Quadro 06, Fotos de 16 a 20). Também foram obtidos registros de forma oportunista no entorno destas estações em diferentes momentos de deslocamento pela área de estudo. A Área 4 foi contemplada com a metodologia de censos e procura por rastros e vestígios e os resultados foram analisados separadamente, uma vez que a área em questão foi utilizada para obtenção de dados complementares.

(22)

22 Quadro 06 - Coordenadas geográficas e fitofisionomia das estações amostrais utilizadas para o

monitoramento da Mastofauna nas áreas de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Área Denominação dos Pontos / Metodologia utilizada Coordenadas Geográficas (UTM) – 22K DATUM - SAD 69 Descrição do Ambiente Área 1

Ponto 01 (Cerrado s.s.) 0267786 / 7781037 Estrada entre margem esquerda do Rio Verde

Live trap 1 0267786 / 7781037 Cerrado Strictu Senso

Pitfall 1 0267780 / 7781037 Fragmento de Cerrado em regeneração

Área 2

Ponto 02 (Cerradão) 0273643 / 7783942 Estrada entre Cerradão e área alagada

Live trap 2 0273643 / 7783765 Cerradão em estagio de recuperação, com áreas de pastagens próxima

Pitfall 2 0273861 / 7783765 Cerradão em estagio de recuperação, com áreas de pastagens próxima

Camera trap 2 0271864 / 7784349 Mata ciliar em córrego afluente ao Rio Verde

Área 3

Ponto 3 (Campo

sujo - cerradão) 0274109 / 7781640

Áreas abertas entre cerradão, alagados e campos sujos

Live trap 3 0273673 / 7781635 Cerrado

Pitfall 3 0274109 / 7781640 Cerradão

Camera trap 1 0274224 / 7781765 Borda de Cerradão

Área 4 Ponto 4 (Cerradão) 267022 / 7796529 Cerradão

Foto 16 – Área 1: Cerrado “Strictu Senso”. Foto 17 – Área 2: Cerradão em estágio avançado de

(23)

23 Foto 18 – Área 3: Cerradão. Foto 19 – Cerrado “campo sujo” próximo à base da

Polícia Militar Ambiental.

PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES

A amostragem de pequenos mamíferos não voadores foi realizada através do método de captura com armadilhas (Live trap) do tipo chapa de metal fechado (Sherman). Em cada campanha foram utilizadas 20 armadilhas em cada uma das três estações amostrais, pelo período de cinco dias.

As armadilhas foram dispostas em duas transecções por estação de amostragem e cada transecção com cinco postos de captura equidistantes entre si aproximadamente 15 metros. Cada estação contou com duas armadilhas: uma no solo e outra no sub-bosque (altura em média de 1,5 a 2 m) (Fotos 20 e 21). As armadilhas foram iscadas com uma mistura de banana, bacon e óleo de fígado de bacalhau (emulsão Scotti®).

O esforço de amostragem é calculado a partir do número de armadilhas X número de dias em que as mesmas permaneceram acionadas. Dessa maneira, em cada campanha foi empregado um esforço de 100 armadilhas-dia por estação (20 armadilhas x 5 dias). Considerando todas as estações de amostragem e somando as seis campanhas tem-se um esforço amostral de 1800 armadilhas-dia (100 armadilhas-dia x 3 estações x 6 campanhas).

Para complementação do trabalho foi considerada a amostragem com armadilhas de interceptação e queda (Pitfall traps), instaladas nas estações para amostragem da herpetofauna (ver metodologia 4.2.1 Herpetofauna). Essas armadilhas permaneceram ativas

(24)

24 pelos cinco dias consecutivos da campanha em cada estação amostral, totalizando 30 dias para as seis campanhas.

Foto 20 – Armadilha de metal disposta no solo. Foto 21 – Armadilha de metal no sub-bosque.

Os indivíduos de pequenos mamíferos não voadores foram identificados quanto à espécie, classe etária, sexo e condição reprodutiva. Foram tomadas suas medidas biométricas padrão e massa corporal (obtida com o uso de dinamômetros - Pesola®). Cada espécime capturado foi marcado com um brinco numerado (National Band and Tag Company®).

Após o anilhamento os indivíduos capturados foram soltos no próprio local de captura. A marcação realizada permite a posterior individualização dos espécimes capturados. Os dados coletados durante a captura dos exemplares foram anotados em fichas individuais e, posteriormente, informatizados em planilha de dados.

MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE

O monitoramento das espécies de mamíferos de médio e grande porte foi realizado através de procura ativa de registros diretos, como visualizações, vocalizações e carcaças, e indiretos, através de pegadas, tocas e fezes. Os animais avistados foram identificados e quando possível, fotografados. As carcaças, pegadas, tocas e fezes encontradas foram fotografadas e identificadas ao menor nível taxonômico possível. Os rastros e outros vestígios foram identificados segundo Lima Borges & Tomás (2004) e Mamede & Alho (2008). A classificação taxonômica adotada neste trabalho segue Reis et al. 2011.

(25)

25 Adicionalmente, foram utilizadas duas armadilhas fotográficas (camera-traps) que são equipamentos compostos por uma câmera fotográfica digital e um sensor passivo para detecção de calor e movimento (passive motion detection), que quando acionado, dispara a câmera. As armadilhas fotográficas foram instaladas em duas estações de amostragem (Quadro 06, Foto 22) e programadas para funcionamento durante 24 horas por dia, sem interrupções, durante os cinco dias de cada campanha. O esforço de amostragem para esse método foi calculado considerando o número de câmeras instaladas multiplicado pelo número de dias e horas em que estas permaneceram acionadas. Em cada estação de amostragem foi empregado um esforço de 5 cameras-dias, totalizando 10 cameras-dia por campanha e 60 cameras-dia considerando as seis campanhas. O esforço total para as seis campanhas foi de 1440 horas (2 cameras x 24 horas x 5 dias x 6 campanhas).

Foto 22 – Camera trap instalada para registro de mamíferos de médio e grande porte.

A abundância das espécies de mamíferos foi expressa a partir do número de indivíduos registrados nas armadilhas fotográficas ou identificados através de vestígios em uma dada estação de amostragem. Deve-se ressaltar que o esforço amostral empregado na procura de vestígios foi padronizado para todas as estações amostrais em termos de tempo de procura e área percorrida.

Usou-se o índice de diversidade de Shannon para cálculo da diversidade nas áreas (diversidade local). Este índice, comumente utilizados em estudos de fauna, é determinado pela seguinte fórmula:

(26)

26 Onde:

pi = proporção de indivíduos na espécie i.

pi = ni/N, número de indivíduos pertencentes à espécie i em relação ao total de indivíduos

registrados, fornecendo a proporção da espécie i no local.

Com o objetivo de determinar o quão representativa foi a amostragem em relação à comunidade de mamíferos não voadores presente na área de estudo, foi construída a curva do coletor baseada no número cumulativo de espécies encontradas em função do esforço amostral empregado (dias de amostragem). A riqueza de espécies também foi estimada pela média do estimador Jackknife 1, calculado por meio do software EstimateS Versão 8.2 (Colwell, 2011).

(27)

27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Herpetofauna

Durante a sexta campanha de monitoramento da Herpetofauna da UHE São Domingos foram registradas seis espécies, sendo cinco de anfíbios e apenas uma de réptil (Quadro 07). Este resultado se deu pela ocorrência de baixas temperaturas registradas na área do empreendimento nos dias de amostragens (15°C durante a madrugada). Anfíbios e répteis são ectotérmicos (a temperatura do corpo varia de acordo com a temperatura do meio), portanto, quanto menor for a temperatura do ambiente, menores serão as atividades destes animais (busca de alimento e principalmente reprodução). Estes animais são mais facilmente encontrados no verão, período em que as temperaturas e umidade se encontram altas, aumentando assim o tempo de busca e a oferta de alimento.

O grande número de espécies de anfíbios em comparação aos répteis pode ser resultado de características intrínsecas destes grupos. Anfíbios, de modo geral, são mais fáceis de serem observados, pois se encontram em grande número na época reprodutiva, momento em que os machos vocalizam (coaxam) para a atração de fêmeas para o acasalamento (Bastos et al., 2003), tornando-se mais visíveis e ocasionando a identificação, já que a vocalização é específica.

Já em relação aos répteis, a grande mobilidade de lagartos e serpentes e a diversidade de substratos que utilizam para suas atividades podem ter influenciado no baixo número de registros obtidos durante as amostragens, pois são fatores que dificultam o encontro dos mesmos. Soma-se a isso o fato de não haver métodos de atração e/ou captura que sejam completamente eficientes e por não possuírem hábitos ligados diretamente à água (com exceção de quelônios e jacarés) (Strüssmann et al., 2000).

Nenhuma das espécies registradas durante a sexta campanha se encontra inserida na lista das espécies ameaçadas de extinção em nível Nacional (MMA,2008) e/ou Internacional (IUCN, 2013).

(28)

28 Quadro 07 - Espécies de herpetofauna registradas durante as seis campanhas do Monitoramento da Herpetofauna realizadas nas áreas de

influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do rio Pardo, MS. Legenda: PA: Procura Ativa; Categoria de Ameaça segundo: Nacional (MMA, 2003), Mundial (IUCN, 2013 e CITES 2013): LC – Pouco preocupante, C1 – Listada no apêndice I da CITES, C2 – Listada no apêndice II da CITES, EN – Endêmico do bioma Cerrado, Hábitat: BR - Brejo, RP – Represamento, CM – Campo úmido, CD – Cerradão. Microhabitat: VA – Vegetação Arbustiva, VAB – Vegetação Arbórea, NS – Nível do Solo, NA – Nível d’água.

Taxa Nome popular Ponto de amostragem Campanha

Categoria de Ameaça Hábitat Microhábitat Amphibia – Anura Família Hylidae (10)

Dendropsophus elianae (Napoli & Caramaschi, 2000) Perereca PA3, PA5 1ª, 5ª LC RP, BR NA

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Perereca PA4, PA5 4ª, 5ª LC RP, BR NA

Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) Perereca PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

PA6 1ª, 4ª, 5ª, 6ª LC RP, BR NA, VA

Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt & Lütken,

1862″1861″) Perereca PA3, PA5 1ª LC RP, BR VA, NS

Dendropsophus sanborni (Schmidt, 1944) Perereca PA4, PA6 1ª, 4ª, 5ª, 6ª LC RP, BR VA, NS Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Perereca PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

PA6

1ª, 2ª, 4ª, 5ª,

6ª LC

RP, BR,

CM VAB, VA

Hypsiboas punctatus (Schneider, 1799) Perereca-verde PA3, PA4, PA5, PA6 1ª, 5ª LC RP, BR VAB, VA Hypsiboas raniceps Cope, 1862 Perereca-amarela PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

PA6 1ª, 4ª, 5ª, 6ª LC RP, BR VAB, NS

Phyllomedusa azurea Cope, 1862 PA2 5ª LC BR VA

Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) Perereca PA2, PA3, PA4, PA5, PA6 1ª, 4ª, 5ª LC RP, BR VAB, NS

Família Leiuperidae (5)

Eupemphix nattereri Steindachner, 1863 Rã-do-cerrado PA1, PA2, PA3, PA5 5ª LC RP, BR,

CM NS, NA

Physalaemus centralis Bokermann, 1962 Rã PA1, PA3, PA5 1ª, 4ª, 5ª LC RP, BR NS, NA Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã-cachoro PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

PA6, Pitfall 3 1ª, 4ª, 5ª LC RP, BR NS, NA

Pseudopaludicola mystacalis (Cope, 1887) Rãzinha PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

(29)

29 Taxa Nome popular Ponto de amostragem Campanha

Categoria de Ameaça

Hábitat Microhábitat

Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887) Rãzinha PA3 4ª LC BR NS

Família Leptodactylidae (6)

Leptodactylus chaquensis (Cei, 1950) Rã-manteiga PA1, PA2, PA3, PA4, PA5 1ª, 4ª, 5ª, 6ª LC RP NS, NA Leptodactylus diptyx Boettger, 1885 Rãzinha PA3, PA4, PA5, PA6 1ª, 4ª, 5ª LC BR NS, NA Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Rã-bicuda PA1, PA2, PA3, PA4, PA5,

PA6 1ª, 4ª, 5ª LC RP, BR NS, NA

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Rã-pimenta PA3, PA4 1ª, 4ª LC BR NS, NA

Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) Rã-tijolo PA3, PA4, PA6 4ª, 5ª LC BR NS, NA Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862) Rã-gota PA1, PA2, PA3, PA5 1ª, 4ª, 5ª LC BR NS, NA

Família Microhylidae (1)

Elachistocleis cesarii (Miranda Ribeiro, 1920) Rãzinha PA2, PA4, PA5 1ª, 4ª, 5ª LC BR NS Reptilia – Squamata

Família Gymnophthalmidae (1)

Micrablepharus maximiliani (Reinhardt & Luetken, 1862)

Lagartinho-do-rabo-azul Pitfall 2 1ª LC CD NS

Família Sphaerodactylidae (1)

Coleodactylus brachystoma (Amaral, 1935)

Lagartixa-escorpião Pitfall 3 6ª EN CD NS

Família Teiidae (1)

Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango Pitfall 2 5ª LC CD NS

Reptilia – Crocodylia

Família Alligatoridae (1)

Caiman latirostris (Daudin, 1802)

Jacaré-do-papo-amarelo PA5 2ª, 4ª C1 RP NA

Reptilia – Squamata

Família Boidae (1)

(30)

30 Considerando os dados das seis campanhas, tem-se o registro de 27 espécies da herpetofauna, sendo 22 de anfíbios e cinco de répteis (Quadro 07), distribuídas em nove famílias. Hylidae foi a família que apresentou o maior número de espécies, 10 no total, o que representa 37% dos registros, seguida de Leptodactylidae com seis espécies (22,2%) e Leiuperidae com cinco espécies (18,5%). As demais famílias apresentaram apenas uma espécie (Figura 02).

A maior representatividade específica destas famílias é um padrão para assembleias de anuros da região Neotropical (Duellman, 1999). Resultados semelhantes foram encontrados em trabalhos realizados nos Biomas da América do Sul, que também registraram a predominância desta família, p. ex. na Caatinga (Rodrigues, 2003), Cerrado (Strüssmann, 2000; Brandão & Peres-Júnior, 2001; Bastos et al., 2003; Uetanabaro et al., 2006; 2007; Vaz-Silva et al.; 2007), no Pantanal Mato-grossense (Strüssmann et al. 2000, Uetanabaro et al. 2008) e Chaco (Bucher, 1980; Brusquetti & Lavilla, 2006).

Figura 02 –Contribuição relativa de cada família na comunidade de anfíbios e répteis registrada na área de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Hylidae desponta como a maior família de anuros brasileira com 355 espécies, seguida por Leptodactylidae com 75 e Leuperidae com 58 espécies, em um total de 20 famílias em todo Brasil (Segalla et al., 2012). A dominância dos hilídeos pode estar ligada ao fato dos mesmos possuírem adaptações evolutivas, discos ou lamelas adesivas, que lhes permitem

(31)

31 ocupar com sucesso um maior número de microhabitas disponíveis no ambiente (Cardoso et al., 1989), como por exemplo gramíneas e árvores presentes na margem dos corpos d’água encontradas na área de influência da usina.

Em contrapartida, a maioria das espécies da família Leptodactylidae e Leiuperidae possui maior resistência a alterações ambientais produzidas pelo homem e os girinos parecem suportar um grau de poluição não aceitável por outras espécies de anuros (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001, Maneyro et al. 2004).

A quinta campanha foi a que apresentou a maior riqueza (20 espécies), seguida da primeira e quarta campanhas, ambas com 18 espécies. Já a segunda e terceira foram as que apresentaram as menores riquezas (Figura 03).

As campanhas que registraram o maior número de espécies foram realizadas no período chuvoso. Este resultado é um padrão comum para a anurofauna Tropical, uma vez que em regiões com sazonalidade bem marcada (característica da área de estudo) a ocorrência da maioria das espécies é registrada na estação chuvosa (e.g. Bertoluci & Rodrigues 2002, Prado et al. 2005). Resultados semelhantes foram encontrados em outras regiões do país tais como na região Sul (e.g. Bernardes 2007, Conte & Machado 2005, Conte & Rossa-Feres 2006), Sudeste (e.g. Bertoluci & Rodrigues 2002, Grandinetti & Jacobi 2005) e no Nordeste (Arzabe 1999), demonstrando que a ocorrência dos anfíbios anuros (grupo de maior número de espécies para o monitoramento) é fortemente afetada por fatores abióticos.

Segundo Duellman & Trueb (1986) a influência do clima na ocorrência de comunidades de anuros de regiões tropicais é determinada principalmente pela distribuição e pelo volume de chuvas. Já Pombal (1997) afirma que não há um único fator influenciando a ocorrência das espécies, mas sim um conjunto de fatores climáticos.

Já as campanhas menos ricas foram realizadas em períodos de estiagem. Durante este período a ocorrência de baixas temperaturas e baixa umidade relativa do ar pode causar o desidratação e morte de muitos indivíduos. Como adaptação, algumas espécies podem entrar em estivação enterrando-se o suficiente na lama de modo a evitar o congelamento, outras podem se arrastar para dentro de troncos em decomposição ou para debaixo de

(32)

32 folhas, sendo ambas as estratégias capazes de providenciar calor suficiente para evitar as condições adversas. No entanto esses comportamentos dificultam o registro das espécies.

Figura 03 – Riqueza (número de espécies) registrada em cada uma das seis campanhas do

monitoramento da herpetofauna (pós-enchimento) na área de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Reunindo os dados das seis campanhas, observa-se que as maiores riquezas foram registradas nos pontos PA3, PA5 e PA4, respectivamente. Já no ponto Pitfall 01 não foi registrada nenhuma espécie (Figura 04, Tabela 01).

Os pontos com maiores abundâncias foram o PA5, com 351 indivíduos, e PA4, com 266 indivíduos (Tabela 01). O ponto PA5 se destaca em relação aos demais, pelos maiores valores de riqueza e abundância e o ponto PA3 pela alta diversidade. Estes pontos possuem em comum a diversidade de microhabitats. Todos estão inseridos em um mosaico de ambientes, tais como ambientes úmidos (brejo), formações de mata, pastagens, represamento, com presença de poáceas em sua margem (local propício a reprodução dos anuros). De acordo com Silvano & Pimenta (2003), a diversidade de microhabitats é um fator importante para determinar o número de espécies ocorrentes em um determinado ambiente.

(33)

33 Cabe ressaltar a alta equabilidade registrada nos pontos PA2 e PA6, indicando menor dominância de espécies nesses locais, o que contribuiu para os bons resultados do parâmetro de diversidade, juntamente com a riqueza de espécies.

Figura 04 – Número de espécies registradas em cada ponto de amostragem considerando os dados

das seis campanhas do monitoramento de anfíbios e répteis na área de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Tabela 01 - Parâmetros de diversidade calculados a partir dos dados das seis campanhas de

monitoramento da herpetofauna (fase pós-enchimento) nas áreas de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS. Legenda: PA: Pontos de Procura ativa, PIT: Pontos de instalação de Pitfalls. Em negrito os maiores valores encontrados.

Parâmetros Analisados PA1 PA2 PA3 PA4 PA5 PA6 PIT1 PIT2 PIT3

Riqueza de Espécies 10 13 19 15 19 11 0 2 2

Abundância absoluta 105 105 205 266 351 100 0 2 2

Diversidade de Shannon (H') 2,009 2,391 2,652 2,157 2,651 2,241 0 0,693 0,693

Equabilidade (E') 0,872 0,932 0,901 0,797 0,9 0,935 0 1 1

A curva do coletor (Figura 05), construída com os dados coletados durante as seis campanhas do monitoramento da Herpetofauna da UHE São Domingos, continua inclinada, devido ao registro de uma nova espécie, durante a 6° campanha (Coleodactylus brachystoma) (Figura 06). A não estabilização da curva do coletor, com acréscimo de espécies novas a cada campanha, é um indício de que a amostragem ainda não é

(34)

34 representativa. Em todo caso, a estabilização total da curva é bastante difícil, pois muitas espécies raras costumam ser adicionadas após muitas amostragens, sobretudo em regiões tropicais. O mais comum encontrado nos estudos de curto prazo é uma curva em ascensão, mas com tendência à estabilização, o que indica que embora existam outras espécies na área, a amostra é representativa.

Figura 05 – Curva do coletor construída com os dados das seis campanhas de monitoramento

da herpetofauna (fase pós-enchimento) realizadas na área de influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS.

Durante as seis campanhas de monitoramento da herpetofauna da UHE São Domingos registrou-se apenas uma espécie endêmica para o bioma Cerrado (Colli et al., 2002): a lagartixa-escorpião (Coleodactylus brachystoma) (Foto 23). Nenhuma das espécies registradas está ameaçada de extinção em nível Nacional (MMA, 2008) e/ou Internacional (IUCN, 2013). Cabe ressaltar que Phyllomedusa azurea, registrada na 5ª campanha, consta como Deficiente em Dados na IUCN (2013). Essa espécie de anfíbio possui distribuição no Brasil Central na região correspondente aos biomas do Pantanal e Cerrado, ocorrendo nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, se estendendo até o leste da Bolívia, Paraguai e norte da Argentina (Frost, 2012). Os estudos acerca da espécie ainda são escassos, destacando a publicação de Freitas e Colaboradores de 2008.

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35 Duas espécies estão inseridas nos apêndices da Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Flora and Fauna – CITES (2012). No apêndice I está a espécie Caiman latirostris. Esta categoria inclui espécies que estão em um maior grau de perigo e cujo comércio é proibido, exceto quando a importação é para fins não comerciais, por exemplo, para a pesquisa científica. No apêndice II está a espécie Eunectes murinus. Esta categoria inclui todas as espécies que embora não estejam ameaçadas de extinção no momento, podem vir a ficar, se o comércio de tais espécies não for regulamentado.

Foto 23 – Coleodactylus brachystomaespécie endêmica do bioma Cerrado, registrado pela primeira vez durante as campanhas de monitoramento, na área de influência da UHE São Domingos, Água Clara, MS.

5.2 Avifauna

Nas seis campanhas de campo realizadas até o momento nas áreas de influência da UHE São Domingos (pós-enchimento) foram obtidos 2853 registros de 193 espécies de aves, pertencentes a 25 ordens e 52 famílias. Destes valores, foram obtidos 440 registros de 124 espécies na primeira campanha, 481 registros de 102 espécies na segunda campanha, 385 registros de 95 espécies na terceira campanha, 553 registros de 130 espécies na quarta campanha, 492 registros de 112 espécies na quinta campanha e 411 registros de 101 espécies na sexta campanha. Os menores valores de abundância e riqueza de espécies obtidos na terceira campanha se explicam pelo frio intenso durante a realização deste campo, prejudicando a amostragem de aves, já que várias espécies reduziram sua atividade durante este período.

(36)

36 (20 espécies), e as mais abundantes Thraupidae, Tyrannidae e Psittacidae (Quadro 08). A curva de rarefação não tendeu a estabilização (Figura 06) e a riqueza observada nestas seis primeiras campanhas também não se aproxima da riqueza estimada pelo Jacknife 1 (Tabela 02; Figura 07). Estes resultados indicam que ainda há muitas espécies de aves ainda não amostradas na área de estudo mas, certamente, com a continuidade do monitoramento, novas espécies serão adicionadas a lista, representando melhor a comunidade local de aves.

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37 Quadro 08 - Composição, distribuição e abundância das espécies de aves registradas durante as seis campanhas do monitoramento pós-enchimento nas

áreas sob influência da UHE São Domingos, municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, MS. Legenda: RO (Registros oportunistas); AT (Abundância Total); * (Espécies ameaçadas de extinção), nível nacional e/ou global. Endemismo: CE (endêmicas do Cerrado), MA (endêmicas da Mata Atlântica); CT (Categorias Tróficas): I (insetívoro), O (onívoro), F (frugívoro), G (granívoro), NT (nectarívoro), C (carnívoro), P (piscívoro), N (necrófago), M (malacófago); SP (Sensibilidade às perturbações ambientais): B (baixa), M (média), A (alta); DAF (Dependência de ambientes florestados): 1 (independente), 2 (semidependente), 3 (dependente).

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

RHEIFORMES Rheidae

Rhea americana* ema O B 1 1 1 10 12

TINAMIFORMES Tinamidae

Crypturellus undulatus jaó F B 3 2 3 1 2 8

Crypturellus parvirostris inhambu-chororó O B 1 2 3 2 7

Rhynchotus rufescens perdiz O B 1 1 1 1 3

Nothura maculosa codorna-amarela O B 1 1 2 3

ANSERIFORMES Anatidae

Cairina moschata pato-do-mato O M 1 3 3

Amazonetta brasiliensis ananaí O B 1 2 22 24

Dendrocygna viduata irerê O B 1 2 1 3

GALLIFORMES Cracidae

(38)

38

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Crax fasciolata mutum-de-penacho F A 3 8 4 2 14

CICONIIFORMES Ciconiidae

Jabiru mycteria tuiuiú P M 1 2 2

SULIFORMES Phalacrocoracidae

Phalacrocorax brasilianus biguá P B 1 6 6

Anhingidae

Anhinga anhinga biguatinga P M 1 1 1 1 3

PELECANIFORMES Ardeidae

Tigrisoma lineatum socó-boi P M 1 1 2 2 5

Butorides striata socozinho P B 1 1 1 2

Bubulcus ibis garça-vaqueira I B 1 3 82 85

Ardea cocoi garça-moura P B 1 2 2

Ardea alba garça-branca-grande P B 1 1 1 2

Egretta thula garça-branca-pequena P B 1 1 1 2

Syrigma sibilatrix maria-faceira I M 1 2 6 10 4 4 26

Threskiornithidae

Mesembrinibis cayennensis coró-coró I M 2 7 6 2 4 19

Theristicus caudatus curicaca I B 1 2 13 5 12 4 36

CATHARTIFORMES Cathartidae

(39)

39

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela N M 1 2 4 1 7

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta N B 1 2 1 3

Sarcoramphus papa urubu-rei N M 2 1 1

ACCIPITRIFORMES Pandionidae

Pandion haliaetus VN águia-pescadora P M 1 1 1

Accipitridae

Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza C M 3 2 2

Elanus leucurus gavião-peneira C B 1 1 1

Accipiter striatus gavião-miudo C M 2 2 2

Ictinia plumbea sovi I M 2 1 2 1 4

Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo C M 2 1 1

Heterospizias meridionalis gavião-caboclo C B 1 1 1 2 4

Urubitinga coronata* águia-cinzenta C A 1 2 2

Rupornis magnirostris gavião-carijó C B 1 5 2 5 3 15

Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco C M 1 1 6 2 5 14

GRUIFORMES Rallidae

Aramides cajaneus saracura-três-potes I A 2 2 2 4

Porzana albicollis sanã-carijó I M 1 3 6 7 16

Laterallus melanophaius sanã-parda I B 2 2 2

Pardirallus nigricans saracura-sanã I M 2 1 1

CHARADRIIFORMES Charadriidae

(40)

40

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Vanellus chilensis quero-quero I B 1 6 12 4 8 30

Recurvirostridae

Himantopus melanurus pernilongo-de-costas-branca 2 2

COLUMBIFORMES Columbidae

Columbina talpacoti rolinha-caldo-de-feijão G B 1 7 3 16 7 33

Columbina squammata fogo-apagou G B 1 20 23 22 8 73

Claravis pretiosa pararu-azul F M 2 3 3

Patagioenas picazuro asa-branca F M 2 16 6 7 12 41

Patagioenas cayennensis pomba-galega F M 3 2 2 2 1 7

Zenaida auriculata pomba-de-bando G B 1 1 3 4

Leptotila verreauxi juriti-pupu F B 2 4 2 4 10

CUCULIFORMES Cuculidae

Piaya cayana alma-de-gato I B 2 2 1 3 6

Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado I B 2 1 1 2

Crotophaga ani anu-preto I B 1 24 30 44 23 121

Guira guira anu-branco I B 1 6 26 17 49

STRIGIFORMES Strigidae

Glaucidium brasilianum caburé C B 2 1 1 2 1 5

Athene cunicularia coruja-buraqueira I M 1 8 5 13

NYCTIBIIFORMES Nyctibiidae

(41)

41

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Nyctibius griseus mãe-da-lua I B 2 1 1

CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae

Chordeiles nacunda corucão I B 1 1 1

Hydropsalis albicollis bacurau I B 2 4 3 7

Hydropsalis torquata bacurau-tesoura I M 2 1 1

APODIFORMES Apodidae

Tachornis squamata andorinhão-do-temporal I B 1 4 1 6 11

Trochilidae

Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado NT B 2 3 1 4

Eupetomena macroura beija-flor-tesoura NT B 1 4 1 3 2 10

Antracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta NT B 2 3 1 1 5

Chrysolampis mosquitus beija-flor-vermelho NT B 1 2 2

Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho NT B 2 1 2 2 5

Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde NT M 2 1 2 3

Hylocharis chrysura beija-flor-dourado NT B 2 10 6 5 5 26

Amazilia fimbriata beija-flor-de-gargante-verde NT B 2 1 1

TROGONIFORMES Trogonidae

Trogon surrucura MA surucuá-variado O M 3 1 1

Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha O M 3 1 1

CORACIIFORMES Alcedinidae

(42)

42

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Megaceryle torquata martim-pescador-grande P B 1 1 1 2 1 5

Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno P B 2 1 1 1 3

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde P B 2 4 1 5

Momotidae

Momotus momota udu-de-coroa-azul O M 3 3 8 2 13

GALBULIFORMES Galbulidae

Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva I B 2 5 2 3 10

Bucconidae

Nystalus striatipectus rapazinho-do-chaco I M 2 1 2 3

Nystalus chacuru joão-bobo I M 1 3 4 4 3 14

PICIFORMES Ramphastidae

Ramphastos toco tucano-toco O M 2 18 11 11 11 51

Pteroglossus castanotis araçari-castanho O A 3 4 6 10

Picidae

Picumnus albosquamatus pica-pau-anão-escamado I B 2 2 3 2 7

Melanerpes candidus bilro I B 2 13 2 8 2 25

Veniliornis passerinus picapauzinho-anão I B 2 7 2 2 4 15

Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado I B 2 5 4 9

Colaptes campestris pica-pau-do-campo I B 1 2 8 9 2 21

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca I B 2 2 2 1 1 2 8

Campephilus melanoleucus pica-pau-de-topete-vermelho I M 3 4 2 5 11

(43)

43

TAXON NOME POPULAR CLASSIFICAÇÃO PONTOS AMOSTRAIS AT

CT SP DF A1 A2 P3 A4 RO

Cariamidae

Cariama cristata seriema O M 1 11 8 12 9 40

FALCONIFORMES Falconidae

Caracara plancus carcará O B 1 4 3 8 5 4 24

Milvago chimachima carrapateiro I B 1 5 5 3 2 15

Herpetotheres cachinnans acauã C B 2 2 2 4

Falco sparverius quiriquiri I B 1 1 1 2 4 8

Falco femoralis falcão-de-coleira C B 1 4 4

PSITTACIFORMES Psittacidae

Ara ararauna arara-canindé F M 2 9 12 21 4 2 48

Diopsittaca nobilis maracanã-pequena F M 2 15 15

Psittacara leucophthalmus periquitão-maracanã F B 2 5 8 13

Eupsittula aurea jandaia-estrela F M 1 20 29 12 7 68

Brotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo F M 2 10 10 20

Alipiopitta xanthops* CE papagaio-galego F M 1 7 59 3 4 73

Amazona aestiva papagaio-verdadeiro F M 3 16 18 12 12 58

PASSERIFORMES Thamnophilidae

Thamnophilus doliatus choca-barrada I B 2 6 9 6 4 25

Thamnophlius pelzeni choca-do-planalto I B 3 27 15 2 18 62

Taraba major choró-boi I B 2 1 1 2

Referências

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