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1 carlos nuno granja

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Academic year: 2021

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2 chegaste primeiro carlos nuno granja

Penélope mantinha-se fiel. Ulisses, seu esposo, desaparecera fazia mais de dez anos. Partira com seus homens para a guerra com Troia e, desde então, nunca mais dele se soube. Andava triunfante por terras distantes a inventar ardilosos cavalos de madeira que o infiltrassem dentro de muralhas alheias. Penélope mantinha-se fiel. Não importava se estava Ulisses morto ou desaparecido, a combater na guerra ou a procurar os escritores do amanhã. Sabia que casara com destemido guerreiro, respeitado pelos homens e agraciado pelos deuses, escolhido na terra e nos céus para completar as mais difíceis missões. Num dia combatia, no outro carregaria os livros do conhecimento. Podiam vir príncipes e reis, mercadores e magnatas. Penélope mantinha-se fiel e assim continuaria.

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Exemplar n º :

CARLOS NUNO GRANJA

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Título: Chegaste primeiro Autor: Carlos Nuno Granja

Revisão: João Batista * Livros de Ontem Capa: Sílvia Mota Lopes

Paginação: Nádia Amante * Livros de Ontem ©2013, Livros de Ontem

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor 1ª edição: Fevereiro 2013

Tiragem: 100 exemplares Depósito Legal: ISBN:

Livros de Ontem

Rua João Ortigão Ramos, 34, 6ºF 1500 - 364 Lisboa • Portugal www.livrosdeontem.pt

CARLOS NUNO GRANJA

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9 carlos nuno granja

Prefácio

Só há uma poesia. A poesia dos poetas. Tudo o mais são prosas. Buracos de fechadura. Tramas. Cordéis. O meu amigo é poeta. Poeta desde a infância. Desde o primeiro lápis, do primeiro livro e da primeira lousa. Nasceu para lavrar palavras. E lavrando-as, dar-lhes tamanho. O tamanho das ideias e das emoções. As suas. Somente as suas. Sem influências cristalizadas. Sem influxos virtuais. Sem procuradores proclamados. Sem pretender parecer--se com nenhum outro de entre tantos outros. Desses que as marés levam e trazem, como bugalhos na cheia, completamente desorientados pelos seus próprios astro(lábios).

Não. O meu amigo é igual a si mesmo. É notório. Salta à vista. A sua poesia tem o seu rosto, o seu corpo, o seu olhar, a sua alma. Em suma, o perfil íntegro e integral do homem que é, do ser humano que preza ser. Caminheiro. Sim, perfil de caminheiro. Caminheiro de alturas, planuras e funduras. Físicas. Espirituais. Sociais. Lúdicas. E outras. Apaixonado, elétrico e lúcido. Consistente e permanentemente lúcido. Senhor de uma poesia sem cachecóis, frivolidades, receios, manias, subentendidos e… reticências.

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Alcançar no estro… Na humanidade… Na beleza... Na ternura… E na água!

Na água com que ele nos mata esta bendita sede de poesia. A sua encantadora poesia, pedaços seus e… nossos também. Sem peias nem pruridos.

«Pouco me importa o queixume mas não venham com azedume

é hora de poesia e tudo o mais que virá

… … … … …… … … … … …»

Ei-lo! Aí está ele, de pé, direito, inteiro, com a vida em dia – Vida de filho, de irmão, de marido, de pai, de professor, de cidadão pagador de impostos, de poeta… Ah! E também de ator… Ator comediante! –, dado à próxima passada…

Ah! As reticências… Sim. As muitas e descontraídas reticências…

«Detive-me tantas vezes...

a quente... a frio... em estado morno... ao vapor... em brasa... no forno... em torno... sem retorno... do que disse...

… … … ….»

Que dizer delas? Das reticências espalhadas pelos seus poemas… Há quem não lhes sobreviva e há quem não lhes ligue nenhuma. Outros demoram-se nelas a matutar: Serão ideias interrompidas? Nichos em becos sem saída? Fragilidades? Nós de garganta? Medos? Mágoas? Liberdades?

Bom, serão tudo isso, certamente, mas para mim, tenho-as como um modo seu de nos fazer passar pela torrente dos seus afetos, das suas cumplicidades, das suas convicções, dos seus clamores e das suas inquietações em segurança e tão tranquilamente quanto ele próprio.

Decididamente, são pedrinhas onde pomos os pés e, arrebatados, ganhamos asas para o alcançar... Sim, para o

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12 chegaste primeiro carlos nuno granja

Carlos. Amigo. Poeta. É-me impossível dizer mais. Há um perfume no ar que me arrasta pelos caminhos de luz que abriste nas «sombras do chão» desta terra e deste povo. Por isso…

Havemos todos de brindar ao teu Sol.

Manuel Ramos Costa Nada ameaça a sua caminhada. O meu amigo

poeta é superior a qualquer erupção destrutiva. Eu conheço-o e sei que é assim mesmo. Habituou--se a partir pedra em terreno minado. Calejou--se. FortaleceuCalejou--se. Nos passos. Nos gestos. Nas palavras. Nas obras.

É preciso lê-las. As obras. As suas obras.

E não é preciso ser-se elevado nem elevadíssimo para entrar no seu caminho. As suas palavras são compatíveis com as de qualquer pessoa. Palavras claras. Lavadas. Assertivas. Perfumadas. Com as quais facilmente nos identificamos, quer nos seus significados, quer nos seus sentimentos. E também no seu oxi(génio)!

Eu, quando o leio, sinto-me liberto. Liberto e desejoso de o encontrar noutro ponto mais adiante do seu caminho literário. Como agora, como esta tão amorosa dedicatória, «Ao Meu Sol», ao qual chego em primeiro, creio. E depois de mim, naturalmente, todos vocês, amigos, leitores e admiradores.

Submetamo-nos pois ao seu caloroso abraço. Abraço forte e sincero de quem ama o que faz e quer partilhar. As suas palavras. A sua poesia. Poesia que «gera sensações» e que nos surpreende ao virar de cada página… Com gosto!

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17 carlos nuno granja

Tua névoa

quando souberes o rumo deste meu destino acorda-me e adensa-me na tua névoa recorda-me do que não vivi

dá-me tréguas e sortes em trevos beijos demasiados

sussurra os segredos de nós dois e de todos nós

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Seiva

Mil pedaços de seiva deleitando a sede pura.

Eis que me resigno à minha eiva para me lançar no precipício dessa esfera dura.

Sinto-me penoso de trópicos de um globo invernoso.

Busco os chatos pólos de uma copa frondosa (passo-lhe o pente), onde me deite ou apenas me sente

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23 carlos nuno granja

Dar asas

nos penhascos das montanhas secretas há grutas desconhecidas entre

quedas de água de imensos metros

há lagos ao fundo para mergulhos insensatos há ramagens e arbustos que nascem bravos das correntes que atam as mãos e calam as bocas e vão sobejantes pelas margens vadias e paralelas às cobiças dos cardumes que se concentram para reclamar como se lhes fosse dada a oportunidade e lhes fosse feita a vontade

nos penhascos das serras medianas que inventam estimas para a falta de dor que compram atenção a um qualquer mercador também ele transeunte do equador

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24 chegaste primeiro carlos nuno granja

e dos planisférios rasgados entre ódio e amor há recantos pintados a óleo e azeite

há corpos como vieram ao mundo há bifaces e lâminas de pedras brilhantes eixos e simetrias dos corpos indexantes simplesmente com desejos de solidão e lhes fosse feita a vontade

nos penhascos de cordilheiras em camadas entre o brilho do sol que arde e as arcadas do ozono que se vai extenuando aos poucos surgem nativos e estrangeiros tão loucos que vão fugindo das sociedades modernizadas com vícios e valores que concentram os cifrões antes querem beijar a lua de uma só vez do que descer de novo e fazer o que não se fez

esperar esperar esperar

Referências

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