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PARECER/CSA-RJ/05-2012

EMENTA: Análise da Lei nº 12.688/2012 quanto aos

dispositivos relativos ao Programa de Estímulo à

Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior—PROIES e demais questões atinentes ao ensino superior contidas na Lei.

I. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS DO PARCELAMENTO

1. Trata-se de parecer que tem por escopo analisar o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior—PROIES, instituído pela Lei nº 12.688, de 18 de Julho de 2012.

2. O referido programa, em linhas gerais, consiste em moratória de débitos

tributários federais e parcelamento em até 180 meses com a possibilidade de quitação de até 90% destas parcelas através de bolsas de estudo. Tal programa apresenta objetivos claros e perseguidos ao longo de todo texto legal, quais sejam:

a) viabilizar a manutenção dos níveis de matrículas ativas de alunos;

b) exigir das entidades qualidade no ensino de acordo com resultados positivos das avaliações usadas pelo MEC;

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d) ampliar a oferta de bolsas de estudo integrais para estudantes de cursos graduação.

3. Segundo informações da Receita Federal, o setor educacional privado tem

uma dívida tributária em torno de 15 bilhões de reais. As entidades mantenedoras com endividamento tributário e sem CND - Certificado Negativo de Débitos Fiscais e que ainda não aderiram ao PROUNI, não tem como fazê-lo, pois um dos requisitos para aderir ao PROUNI é justamente ter a CND. Da mesma forma, as Mantenedoras que estão no PROUNI e que não têm CND, correm o risco de no próximo termo de adesão não ter como renovar sua inscrição no PROUNI e no caso do FIES não obter e recompra.

4. O endividamento tributário cria uma série de restrições para as instituições de ensino superior, inclusive nos aspectos regulatórios, conforme estabelece o Decreto nº 5.773, de 2006:

Art. 15. O pedido de credenciamento deverá ser instruído com os

seguintes documentos:

I - da mantenedora:

a) atos constitutivos, devidamente registrados no órgão competente,

que atestem sua existência e capacidade jurídica, na forma da

legislação civil;

b) comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas

Jurídicas do Ministério da Fazenda - CNPJ/MF;

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c) comprovante de inscrição nos cadastros de contribuintes estadual

e municipal, quando for o caso;

d) certidões de regularidade fiscal perante as Fazendas Federal,

Estadual e Municipal;

e) certidões de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo

de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

f) demonstração de patrimônio para manter a instituição;

g) para as entidades sem fins lucrativos, demonstração de aplicação

dos seus excedentes financeiros para os fins da instituição mantida;

não remuneração ou concessão de vantagens ou benefícios a seus

instituidores, dirigentes, sócios, conselheiros, ou equivalentes e, em

caso de encerramento de suas atividades, destinação de seu

patrimônio a outra instituição congênere ou ao Poder Público,

promovendo, se necessário, a alteração estatutária correspondente;

e

h) para as entidades com fins lucrativos, apresentação de

demonstrações financeiras atestadas por profissionais competentes;

5. Importante registrar que no caso das entidades mantenedores com sede em São Paulo e Rio de Janeiro, estão dispensadas de tal obrigação, em função das referidas decisões judiciais, abaixo, as quais apresentam-se fax de trechos destas:

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6. Logo de início é fundamental ressaltar que o PROIES é um programa que pode ser interessante para entidades que estejam em dificuldades financeiras, mas ao mesmo tempo bastante restrito e com implicações seríssimas para as instituições que aderirem ao parcelamento, devendo ser encarado como algo que deve se planejar, se iniciar e ir até o fim, posto que as consequências da saída após adesão de forma voluntária e ou involuntária são nefastas, como se demonstrará.

7. Desta forma, não se está tratando de uma repactuação de dívida genérica e abrangente e sem maiores consequências que não financeiras em caso de descumprimento, como foi o caso do REFIS. Como será visto adiante, a adesão ao PROIES, além de demandar cauteloso planejamento prévio, implicará em perda considerável de autonomia gerencial e financeira e risco real de inviabilização operacional em caso de exclusão.

II. DOS CONCEITOS

I.1 DO PLANO DE RECUPERAÇÃO TRIBUTÁRIA

9 Destacamos abaixo o Art. 4º. da Lei 12.688/2012, que institui o PROIES:

Art. 4o O PROIES será implementado por meio da aprovação de plano de recuperação tributária e da concessão de moratória de dívidas tributárias

federais, nos termos dos arts. 152 a 155-A da Lei no 5.172, de 25 de

outubro de 1966, em benefício das entidades de que trata o art. 3o que estejam em grave situação econômico-financeira.

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8. O primeiro ponto a ser abordado neste parecer envolve o chamado plano de recuperação tributária, elemento essencial para a adesão e manutenção da entidade no PROIES.

9. Em que pese o diploma ora analisado ser de natureza tributária e em certos aspectos educacional, o legislador utiliza a todo o momento conceitos oriundos do direito empresarial. No caso do plano de recuperação tributária, a inspiração evidente está na recuperação da sociedade empresária, regulada pela Lei n. 11.101, de 9 de Fevereiro de 2005, que garante benefícios especiais às empresas em dificuldades em contrapartida à perda significativa de sua autonomia financeira e gerencial.

10. Tal como lecionado por Fábio Ulhôa Coelho1, nem toda empresa merece

ou deve ser recuperada. A reorganização de atividades econômicas é custosa. Em outros termos, somente as empresas viáveis devem ser objeto de recuperação. Deve mostrar, em outras palavras, que tem condições de devolver à sociedade brasileira, se e quando recuperada, pelo menos em parte o sacrifício feito para salvá-la.

11. Nesse sentido, com foco na preocupação do crescente do passivo tributário das IES e considerando que em face da natureza jurídica de tais instituições (grande parte é associação ou fundação) e consciente da extrema regulação que tais instituições sofre, o Executivo teve o mérito de encontrar uma forma destas entidades terem legalmente uma forma de recuperação administrativa e em combinação com seu órgão regulador (MEC).

12. Ressalta-se que o plano de recuperação implicará necessariamente numa

análise de cada curso, vagas a serem oferecidas, cortes e investimentos que serão necessários em função de reconhecimento ou renovação de reconhecimento de curso, ou mesmo de recredenciamento da Instituição em função do que estabelece a Lei do SINAES. Importante apontar que este plano terá como base a situação econômico-financeira e

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regulatória, inclusive considerando que será ou serão objeto(s) de oferta de vagas somente o( s) curso(s) da instituição com conceito(s) positivo(s).

13. A possibilidade de repactuação de débitos tributários proposta pela Lei nº 12.688/2012 envolve e significativos benefícios, como também restrições.. Tais vantagens, não obstante, só poderão ser gozadas por entidades que cumprirem as rígidas prerrogativas estabelecidas pelo diploma, dentre elas o cumprimento de plano de recuperação tributária. 14. Conforme extraído do texto legal, o plano apresentado deverá ser calcado em estudos e projeções contábeis, devendo conter os seguintes elementos:

a) projeção da receita bruta mensal e os respectivos fluxos de caixa até o mês do vencimento da última parcela do parcelamento;

b) relação de todas as dívidas tributárias objeto do requerimento de moratória;

c) a relação de todas as demais dívidas;

d) a proposta de uso da prerrogativa de quitação do parcelamento através do oferecimento de bolsas e sua viabilidade, tendo em vista a capacidade de autofinanciamento.

15. Além de representar uma radiografia total da situação

econômico-financeira da entidade, a comprovação da capacidade de autofinanciamento especificada pelo item “d” é de fundamental importância e deverá ser fornecida por auditoria externa especialmente contratada para este fim.

16. Alerte-se que os estudos para o pagamento de 90% da parcela de 1/180

avos mensal com bolsas fornecidas ao PROIES deve levar em consideração o fato que pode não existir demanda de bolsistas suficientes para tanto em todos os cursos, realidade que se apresenta por exemplo no PROUNI, já instalado desde de 2005

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I.2 DA MORATÓRIA

17. Dispõe o Art. 4º. da Lei n. 12.688/2012 c/c art. 6º. Parágrafo Único que a instituição do PROIES acarretará a moratória de 12 meses de dívidas tributárias federais vencidas até 31 de Maio de 2012.

18. Paulo de Barros Carvalho2 define moratória como sendo uma dilação do intervalo de tempo estipulado para implemento de uma determinada prestação. Desta maneira, com a moratória, a parte credora terá o prazo de pagamento de sua dívida ampliado.

19. No caso aqui analisado, os tributos vencidos até 31 de Maio de 2012 serão consolidados na data do requerimento e só se iniciarão o pagamento da primeira parcela no 13ª mês após a PGFN deferir a moratória e o parcelamento, com a aprovação do plano de recuperação apresentado..

I.3 DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS FEDERAIS

20. Tal como delineado pelo parágrafo único do Art. 6º. da Lei 12.688/2012, poderão ser incluídas no PROIES todas as dívidas tributárias federais da mantenedora da IES, na condição de contribuinte ou responsável, no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, vencidas até 31 de Maio de 2012.

21. Desta forma, todo tipo de tributo federal, incluindo impostos e

contribuições, poderão ser repactuados. Não obstante, tendo em vista o âmbito exclusivo

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da PGFN, não será possível a inclusão de débitos oriundos do Tribunal de Contas da União – TCU.

22. A previsão de inclusão na moratória de dívidas onde a entidade é mera

responsável tributária abre espaço para a quitação, por exemplo, de impostos retidos na fonte e INSS parte do empregado, o que possui implicações favoráveis inclusive esfera criminal, tendo em vista a incidência de apropriação indébita no caso de não recolhimento destes tipos de tributos.

23. Saliente-se que a existência de outros parcelamentos não serão empecilhos para adesão ao PROIES, na forma do artigo 22 da Lei, de modo que o PROIES admite a concomitância com outros parcelamentos ou a migração daqueles para o PROIES, conforme planeja o aderente, mas todas essas situações devem constar no plano de recuperação, já que a adimplência do corrente (inclusive prestações de parcelamentos concomitantes) é condição para manutenção no Programa.

I.4 GRAVE SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

24. Como já foi informado, não se está tratando de um programa de

parcelamentos genérico e abrangente como foi o caso da série Refis. Apenas serão admitidas no PROIES entidades de ensino superior em grave situação econômico-financeira.

25. A fórmula encontrada pelo legislador para a definição desta gravidade está na divisão do montante integral das dívidas tributárias federais vencidas até 31/05/2012 pelo número de alunos matriculados nas IES vinculadas à mantenedora, de acordo com os dados disponíveis do Censo da Educação Superior em 31/05/2012. Caso esta operação

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resulte em valor igual ou superior a R$ 1.500,00, a entidade estará em grave situação econômico-financeira e apta a aderir ao PROIES.

26. Importante reiterar que o número de matrículas a ser utilizado não deverá ser aquele verificado quando da realização do cálculo, mas sim o disponível no Censo de Educação Superior na data de 31 de Maio de 2012. A utilização de base de dados de matrícula equivocado resultará em dados inconsistentes e aptos a trazer gravosas consequências à IES.

III. DA ADESÃO E DA MANUTENÇÃO DA IES AO PARCELAMENTO

27. O requerimento de moratória e adesão ao PROIES deverá ser apresentado na unidade local da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN até 31 de Dezembro de 2012, acompanhado dos seguintes documentos:

a) requerimento com a fundamentação do pedido;

b) estatutos sociais e atos de designação e responsabilidade de seus gestores; c) demonstrações financeiras e contábeis, nos termos da legislação

aplicável;

d) parecer de empresa de auditoria independente sobre as demonstrações financeiras e contábeis;

e) plano de recuperação econômica e tributária em relação a todas as dívidas vencidas até 31 de maio de 2012;

f) demonstração do alcance da capacidade de autofinanciamento ao longo do PROIES, atestada por empresa de auditoria independente, considerando eventual uso da prerrogativa disposta no art. 13;

g) apresentação dos indicadores de qualidade de ensino da IES e dos respectivos cursos;

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h) relação de todos os bens e direitos, discriminados por mantidas, bem como a relação de todos os bens e direitos de seus controladores, administradores, gestores e representantes legais, discriminando a data de aquisição, a existência de ônus, encargo ou restrição de penhora ou alienação, legal ou convencional, com a indicação da data de sua constituição e da pessoa a quem ele favorece; e

i) a alteração dos controladores, administradores, gestores e representantes legais da mantenedora da IES implicará nova apresentação da relação de bens e direitos prevista no inciso VIII.

28. Além dos documentos de praxe e do plano de recuperação tributária já

analisado, importante ressaltar que o pedido de adesão ao PROIES demandará a apresentação de vasta documentação financeira envolvendo não só a entidade como de seus representantes.

29. Tal exigência denota um potencial interesse em futuros redirecionamentos de cobranças para os gestores da entidade em caso de exclusão do parcelamento. Tal medida, entretanto, deverá respeitar o disposto pelo Art. 135 do CTN3 e não poderá ser adotada de forma arbitrária e com intento meramente arrecadatório. Contudo, ressalte-se que certamente, em caso de exclusão a PGFN irá direcionar as execuções contra pessoas e todos os bens informados, sem sequer atentar as disposições do mencionado artigo 135 do CTN.

3Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados;

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30. Ao contrário do previsto pelos textos anteriores da Medida Provisória nº 559, de 2012, e do Projeto de Lei de Conversão nº 13, de 2012, as entidades controladas por grupos estrangeiros ou pessoas residentes no exterior poderão participar do PROIES.

31. A manutenção das IES no parcelamento demanda extremo cuidado e zelo

por parte das entidades e está adstrita ao cumprimento de exigências contábeis, administrativas, regulatórias e tributárias, dentre elas:

a) não atraso de três parcelas, consecutivas ou não, ou de uma parcela, estando pagas todas as demais;

b) regular recolhimento de todos os tributos federais não inclusos na moratória, o que implica dizer que a partir de Junho de 2012, todos os tributos deverão ser recolhidos tempestivamente, inclusive parcelamentos concomitantes;

c) integral cumprimento do plano de recuperação;

d) demonstração periódica da capacidade de autofinanciamento e melhora da gestão da IES, considerando a possiblidade das bolsas PROIES serem efetivamente ofertadas e utilizadas;

e) manutenção dos indicadores de qualidade exigido pelo MEC;

f) submissão ao MEC, independente da natureza da mantenedora, à criação, expansão, modificação e extinção de cursos, além de ampliação ou diminuição de vagas.

g) submissão à prévia aprovação do MEC de quaisquer aquisições, fusões, cisões, transferência de mantença, unificação de mantidas ou descredenciamento voluntário;

h) manutenção da adesão ao PROUNI com oferta exclusiva de bolsas integrais;

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j) e manutenção da adesão ao Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC).

32. Como se vê, os requisitos para manutenção no PROIES abrangem

praticamente todas as esferas de atuação de uma mantenedora de entidade de ensino superior e outorga ao MEC poderes de fiscalização quase que absolutos.

33. É importante salientar que tais medidas estão em consonância com a ideia de plano de recuperação, na esfera judicial a empresa aderente tem a gerência de um interventos, no modelo criado pela Lei em comento, o MEC passa a funcionar quase como um interventor e a instituição abre mão de qualquer planejamento ou projetos de expansão em favor do fiel cumprimento do plano de recuperação apresentado.

34. Perceba-se também o grau de comprometimento da vida financeira da

instituição com os programas do Governo: PROUNI só bolsa integral, FIES 100% aberto a demanda e adesão ao FGEDUC, no limite poderíamos ter uma instituição aderente funcionando 100% com bolsas do PROUNI, do PROIES e participantes do FIES, com limitação de sua autonomia administrativa.

35. Ressalta-se que o Ministério da Educação tem considerado de forma

equivocada o IGC e CPC como indicadores de qualidade. Com efeito, caso a Instituição venha tirar um IGC 2, pelo contido na norma, poderá perder o beneficio do parcelamento e no caso de CPC negativo não poderá ofertar vagas do curso, assumindo toadas as consequências devastadoras de tal fato.

36. Observa-se que nestes casos, as Universidades e Centros Universitários

estão renunciando à autonomia universitária prevista no Art. 207 da Constituição Federal e na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. De acordo com a Lei n. 12.688/2012, as

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Universidades e Centros Universitários ficam equiparados às Faculdades, em flagrante descumprimento e desrespeito ao já citado princípio da autonomia universitária. Porém, trata-se de um Programa de adesão, e assim, a instituição deverá avaliar se deve ou não assumir tal restrição.

37. Em que pese a previsão de autorização prévia do MEC para operações

societárias como fusões e cisões, o Art. 18 da Lei n. 12.688/2012 é expresso ao dispor que na hipótese de extinção, incorporação, fusão ou cisão da optante, a moratória será revogada e o parcelamento, rescindido. Desta forma, recomendamos que entidades que tenham intenção de implementar estas operações que não ingressem no PROIES.

IV. DAS CONSEQUÊNCIAS DA EXCLUSÃO DO PROIES

38. Não se pode tratar o PROIES como um simples parcelamento e fazer o que

muitos contribuintes fizeram no passado, aderir já sabendo que não iria concluir o parcelamento, apenas para se ganhar tempo. Tal estratégia em relação ao presente programa além dos riscos de execução imediata da dívida trazem consequências diretas para o próprio negócio mantido pela IES, na medida que a saída voluntária ou involuntária do Programa redundará no descredenciamento da IES.

39. Ora, veja-se o disposto no Art. 20 da lei aqui analisada:

Art. 20. Em relação ao disposto nos incisos III e IV do art. 8o, o MEC fará, periodicamente, auditorias de conformidade com os padrões estabelecidos e, se for o caso, representará à PGFN para a revogação da moratória concedida por descumprimento ao disposto nesta Lei e procederá à instauração de processo administrativo de

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descredenciamento da instituição por descumprimento do disposto no inciso III do art. 7o da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

§ 1o A rescisão do parcelamento por qualquer motivo ensejará abertura de processo de supervisão por descumprimento do disposto no inciso III do art. 7o da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

§ 2o Para os fins de que trata o caput, a PGFN informará ao MEC o montante consolidado da dívida parcelada nos termos do art. 10, bem como o regular cumprimento das obrigações dispostas nos incisos I e II do art. 8o.

40. Ou seja, a Legislação entende a saída do programa (sem a finalização do pagamento de todas as parcelas) como uma declaração de incapacidade de autofinanciamento (inciso III do art. 7o da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e

determina a imediata abertura de processo de supervisão para materializar o descredenciamento da IES.

41. Perceba-se ainda, que é possível verificar que haverá comunicação entre o Ministério da Educação e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, de forma que, qualquer descumprimento das condições estipuladas, sejam elas de natureza regulatória/educacional ou tributária, resultará na exclusão do parcelamento e instauração de processo administrativo de descredenciamento da instituição, em bom português, quem não pagar as parcelas corretamente, não pagar os tributos correntes em dia, tiver avaliações negativas perante o MEC, ou descum0prir qualquer outra regra do PROIES será excluído do programa e responderá a supervisão que vise o seu descredenciamento.

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42. Alerte-se ainda em relação às instituições filantrópicas o fato de que a origem dos seus passivos ser originados na divergência de entendimento sobre sua condição de imune a impostos e contribuições sociais perante a Fazenda Pública. Tal divergência não será superada com a adesão ao PROIES, tal fato gera insegurança quanto a solução de parcelar o passivo até 31/5/2012 no bojo do PROIES, isso porque como continuará a existir divergência sobre o gozo das imunidades, a instituição sempre correrá o risco de ser acusada de inadimplência do corrente, sendo excluída por esse motivo do parcelamento com todas as consequências citadas anteriormente.

V. DAS CONDIÇÕES DO PARCELAMENTO

43. A repactuação proposta pelo PROIES pressupõe o pagamento dos débitos

inscritos no requerimento de moratória em até 180 prestações mensais e sucessivas, devidas a partir do 13º mês subsequente à concessão da moratória.

44. As parcelas são reajustadas anualmente e aumentam de valor até a 144ª.

prestação, quando então passam a reduzir até chegarem ao valor pago no segundo ano do parcelamento. A forma de cálculo das prestações está delineada pelo Art. 10º. Parágrafo Ùnico da Lei 12.668/20124.

4 Art. 10. Os débitos discriminados no requerimento de moratória serão consolidados na data do requerimento e

deverão ser pagos em até 180 (cento e oitenta) prestações mensais e sucessivas, a partir do 13o mês subsequente à concessão da moratória.

Parágrafo único. Cada prestação do parcelamento será calculada observando-se os seguintes percentuais mínimos aplicados sobre o valor da dívida consolidada, acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao fim do prazo da moratória até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado:

I - da 1a a 12a prestação: 0,104% (cento e quatro milésimos por cento); II - da 13a a 24a prestação: 0,208% (duzentos e oito milésimos por cento);

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45. Será admitida a inclusão de débitos remanescentes de parcelamentos ativos, tais como PAES, PAEX, REFIS e REFIS DA CRISE e o simples requerimento de adesão ao PROIES incidirá em confissão de dívida e instrumento hábil para permitir a cobrança judicial ou extrajudicial.

46. O deferimento ou indeferimento do pedido deverá ser veiculado até o último dia útil do mês subsequente à apresentação do requerimento pelo titular da unidade regional da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, sob pena de deferimento automático sob condição resolutiva. Ou seja, caso haja inércia da Procuradoria, o pedido será deferido, mas poderá ser posteriormente cancelado em caso de descumprimento dos requisitos previstos pela Lei n. 12.688/2012.

47. Na hipótese de indeferimento do requerimento de adesão, em observância ao princípio constitucional do contraditório e ampla defesa, caberá recurso em 30 dias ao Procurador-Geral da Fazenda Nacional.

III - da 25a a 36a prestação: 0,313% (trezentos e treze milésimos por cento);

IV - da 37a a 48a prestação: 0,417% (quatrocentos e dezessete milésimos por cento); V - da 49a a 60a prestação: 0,521% (quinhentos e vinte e um milésimos por cento); VI - da 61a a 72a prestação: 0,625% (seiscentos e vinte e cinco milésimos por cento); VII - da 73a a 84a prestação: 0,729% (setecentos e vinte e nove milésimos por cento); VIII - da 85a a 144a prestação: 0,833% (oitocentos e trinta e três milésimos por cento); IX - da 145a a 156a prestação: 0,625% (seiscentos e vinte e cinco milésimos por cento); X - da 157a a 168a prestação: 0,417% (quatrocentos e dezessete milésimos por cento); XI - da 169a a 179a prestação: 0,208% (duzentos e oito milésimos por cento); e XII - a 180a prestação: o saldo devedor remanescente.

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48. Com o deferimento do pedido de inclusão no PROIES, as mantenedoras deverão realizar a oferta das bolsas PROIES em sistema eletrônico de informações mantido pelo MEC, a cada semestre do período do parcelamento, de modo similar ao PROUNI.

IV.2 BOLSAS PROIES

49. A grande vantagem do parcelamento aqui analisado está na possibilidade

do pagamento de até 90% do valor das prestações mensais mediante a utilização de certificados de emissão do Tesouro Nacional, emitidos em contrapartida às chamadas bolsas PROIES concedidas pelas mantenedoras para estudantes de cursos superiores não gratuitos com avaliação positiva conduzida pelo MEC.

50. Para tanto, no momento da adesão as entidades deverão cumprir os

seguintes requisitos:

a) adesão ao Programa Universidade para Todos (PROUNI), instituído pela Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, com oferta exclusiva de bolsas obrigatórias integrais;

b) adesão ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), sem limitação do valor financeiro destinado à concessão de financiamentos, nos termos e condições estabelecidos pela Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001;

c) adesão ao Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC), criado a partir da Lei no 12.087, de 11 de novembro de 2009, nos termos e condições que regulamentam aquele Fundo.

51. Cabe observar, que a instituição que venha aderir ao PROIES, deverá

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receita comprometida com o FIES, dependendo assim do calendário da recompra em caso de superar o endividamento com o pagamento dos tributos.

52. Com relação ao PROUNI, importante ressaltar que as entidades deverão

ofertar apenas bolsas integrais para ser admitidas no PROIES. Caso as bolsas PROUNI até então emitidas sejam parciais, deverá haver a alteração no cadastro do programa para que a oferta passe a ser exclusivamente de bolsas integrais, respeitadas as condições já estabelecidas com os alunos já selecionados no PROUNI.

53. As bolsas PROIES serão concedidas de acordo com o previsto na Lei do

PROUNI (Lei n. 11.096/2005), notadamente no que diz respeito ao perfil socioeconômico dos candidatos, devendo ser integrais para aqueles com rendimento de até um salário-mínimo e meio e podendo ser parciais (25% e 50%) no caso de rendimentos até três salários-mínimos.

54. Tal como no caso do PROUNI, é possível observar que o público-alvo das

bolsas PROIES será restrito, de forma que o planejamento financeiro da entidade deverá incluir a avaliação do número potencial de bolsas PROIES que serão efetivamente utilizadas.

55. Importante lembra que em 2011, o Executivo, por intermédio da Lei n.º

12.341/2011, proporcionalizou a concessão da isenção de tributos ao preenchimento de vagas. A alegação é de que a isenção total, mesmo sem o preenchimento das vagas previstas no PROUNI estava incorreto.

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56. Ora, se a alteração da Lei nº 11.096, de 2005, foi motivada por falta de preenchimento de vagas do PROUNI, com o PROIES, se não forem alteradas as regras de ingresso, a base de alunos continuará a mesma e assim, não haverá oferta de vagas que suporte a demanda de PROUNI e PROIES.

57. A questão posta no parágrafo anterior foi levada ao relator do projeto da Lei n. 12.688/2012 na Câmara e a sugestão foi no sentido de que se ampliasse a base de alunos com acesso ao PROUNI. Para isto, foi proposta a como alteração dos parâmetros de renda, diminuição de numero de pontos do Enem de 400 pontos para 300-350 pontos, e admissão de alunos que tenham estudado parcialmente em escolas privadas, mas que estivessem nas condições de renda per capita de um salário mínimo. Em que pese à razoabilidade dos argumentos, estas sugestões não foram acatadas, ficando apenas a promessa que tais critérios iam ser modificados no futuro.

58. O valor de cada bolsa de estudo corresponderá ao encargo educacional

mensalmente cobrado dos estudantes sem direito a bolsa, considerando-se todos os descontos regulares e de caráter coletivos oferecidos pela instituição, inclusive aqueles concedidos em virtude de seu pagamento pontual.

59. O montante do certificado a ser emitido pelo Tesouro Nacional

corresponderá ao total de bolsas de estudo concedidas no mês imediatamente anterior multiplicados pelo valor de cada bolsa de estudo. Estes certificados não serão transferíveis e não poderão ser utilizados para outra finalidade se não a quitação das parcelas envolvendo o programa instituído pela Lei n. 12.688/2012.

60. Caso o certificado exceda ao percentual máximo de 90% das parcelas

mensais, as mantenedoras poderão utilizar o saldo remanescente para quitação das prestações vincendas, sempre respeitados os 10% mínimos de quitação em moeda corrente.

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61. Ainda que pressuponha a adesão ao PROUNI, as bolsas concedidas neste programa não se confundem com as bolsas PROIES, de forma que não poderão ser contabilizadas as bolsas do PROUNI para fins de pagamento das prestações envolvendo a Lei n. 12.688/2012.

62. No que se refere ao FGEDUC, cumpre salientar que se trata de fundo

voltado a cobrir os riscos das mantenedoras envolvendo contratos do FIES, tendo em vista sua participação como devedoras solidárias. Cumpridos determinados requisitos listados pela Portaria Normativa n. 01, de 22 de Janeiro de 20125, a garantia do FGEDUC será de 80% do valor das operações de financiamento.

63. Um dos motivos para a inclusão de exigência de adesão ao FGEDUC seria

a baixa procura das entidades pelo fundo, o que gerou descontentamento por parte do Ministério da Educação, notadamente por conta da desobrigação de fiadores para estudantes no caso de participação no FGEDUC.

V I . DE M AI S MODI F I C AÇ ÕE S VE I C UL ADAS NA LE I 12.688/2012

5 § 1º O risco das mantenedoras poderá ser coberto parcialmente pelo Fundo de Garantia de Operações de Crédito

Educativo (FGEDUC), autorizado pela Medida Provisória nº 501, de 8 de setembro de 2010, e constituído nos termos do estatuto aprovado em assembléia de cotista, quando se tratar de financiamento concedido a estudante: (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 20 de outubro de 2010).

I - matriculado em curso de licenciatura; (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 20 de outubro de 2010). II - que possua renda familiar mensal bruta per capta de até um saláriomínimo e meio; (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 20 de outubro de 2010).

III - bolsista parcial do Programa Universidade para Todos (ProUni) que optar por inscrição no FIES no mesmo curso em que é beneficiário da bolsa. (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 20 de outubro de 2010).

(23)

64. O Art. 23 da Lei 12.688/2012 altera a redação da Lei n. 11.128, de 28 de Junho de 2005, que exige a apresentação de CND para adesão ao PROUNI. Com as modificações, as entidades terão até 30 de Setembro de 2012 para apresentar a certidão de quitação fiscal, o que indica que o MEC possivelmente abrirá novo prazo de adesão ao PROUNI, antes dos prazos finais do PROIES.

65. Outra modificação legislativa relevante envolve a alteração do Art. 17 da Lei n. 12.101, de 27 de Novembro de 2009, que permite compensar no exercício subsequente com acréscimo de 20% as gratuidades exigidas para fins de certificação da entidade com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEAS, agora independentemente do mínimo anteriormente exigido de 17%, ou seja, mesmo que a entidade só tenha apresentado 10% de gratuidades poderá renovar o CEAS na forma da nova redação do artigo 17 da Lei nº 12101/09.

66. Além de prever a assinatura de um Termo de Compromisso elaborado pelo

MEC a ser rigorosamente cumprido sob pena de cancelamento da certificação, esta compensação passa a ser válida também no âmbito das gratuidades do PROUNI, outra novidade que além de dirimir dúvidas existentes na redação anterior permite ainda interpretar a possibilidade de que aplicação desse favor legal em processos de renovação anteriores à própria Lei nº 12.101/09, protocolados com base na Lei nº 11.096/05.

67. Com relação às entidades não integrantes do sistema federal de ensino,

ainda que tenham sido excluídas do PROIES, o Art. 25 indica a possibilidade de que optem pela migração para este sistema até 30/09/2012, de modo a possibilitar sua participação no programa instituído pela Lei n. 12.688/2012.

(24)

68. Por último, cabe trazer no quadro infra os principais prazos informados pela Lei nº 12.688/12 de interesse das Instituições de Ensino Superior interessadas na adesão ao PROIES:

Data Evento

31/05/2012 -Data máxima de vencimento das

dívidas a serem incluídas no PROIES;

-Data a ser considerada para o cálculo do número de matrículas disponíveis no Censo de Educação Superior

30/09/2012 -Data limite para adesão das

entidades não integrantes do sistema federal de ensino a este sistema, de forma a participarem do PROIES.

-Prazo para apresentação dos documentos de regularidade fiscal para quem está no PROUNI

(25)

requerimento de moratória na unidade da PGFN do estabelecimento sede da mantenedora, bem como de todos os documentos aplicáveis.

VIII. DISPOSIÇÕES FINAIS

69. Entendemos que, dependendo da situação da entidade, esta pode ser uma boa oportunidade para repactuação dos débitos tributários federais vencidos até 31/05/2012, já que além da moratória de 12 meses, será possível a quitação dos tributos mediante o oferecimento de bolsas de estudo PROIES, de forma que apenas 10% das parcelas mensais precisariam ser quitadas em moeda corrente.

70. Não obstante, tal como ressaltado ao longo desta parecer, o PROIES não deve ser encarado como um novo REFIS, já que as condições de adesão e manutenção no programa são extremamente restritas e a exclusão da mantenedora deste parcelamento resultará, virtualmente, na inviabilidade de sua operação, com o descredenciamento do IES.

(26)

71. Todos os procedimentos aqui detalhados deverão ser analisados e seguidos com extrema cautela. Recomenda-se a contratação de profissionais e auditorias capacitadas, já que é fundamental a elaboração de um plano de recuperação tributária fidedigno e apto a ser cumprido.

72. Para isso, é necessário um estudo profundo das condições financeiras da entidade, certificando o atendimento de todos os pré-requisitos de adesão e da viabilidade de autofinanciamento e manutenção dos índices educacionais ao longo de toda a repactuação. Ademais, é importante que seja analisada a situação regulatória da Instituição e considerar que em caso de não preenchimento de vagas em bolsas PROIES, o pagamento do percentual não preenchido deverá ser feito em moeda corrente.

Rio de Janeiro, 25 de Julho de 2012.

José Roberto Covac OAB nº 93.102

Kildare Araújo Meira

OAB/DF n.º 15.889

Thiago Graça Couto

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