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UTILIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PARA PLANEJAMENTO FINANCEIRO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ORGANIZAÇÃO METALÚRGICA

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UTILIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PARA PLANEJAMENTO FINANCEIRO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ORGANIZAÇÃO METALÚRGICA

Michelli Ribeiro Plasido1

Vinícius Costa da Silva Zonatto2 RESUMO

Este estudo tem por objetivo elaborar uma estrutura gerencial de fluxo de caixa que auxilie uma organização industrial do ramo metalúrgico no processo de planejamento e controle de suas operações. A metodologia utilizada na pesquisa é caracterizada um estudo de caso, de natureza exploratória, com abordagem quantitativa dos dados. Inicialmente procurou-se conhecer o ambiente de controle e as atividades desenvolvidas pela organização. A seguir, de posse destas informações, procurou-se elaborar uma estrutura de fluxo de caixa, que subsidiasse o processo decisório da empresa. Os resultados encontrados indicam que a empresa não dispõe de controles financeiros adequados em seu processo de gestão. Desta forma, a partir do desenvolvimento da estrutura de fluxo de caixa proposta, conclui-se que a organização agregou valor em seu processo decisório.

Palavras-chave: Fluxo de caixa, Planejamento financeiro, Organização industrial

ABSTRACT

This study aims to develop a management structure for cash flow that helps an organization of the metallurgical industry in the process of planning and control of their operations. The methodology used in research is a featured case study, an exploratory approach, with quantitative data. Initially we tried to know the environment and control the activities of the organization. Then, in possession of information, we tried to prepare a cash flow structure, which subsidize the business decision-making. The results indicate that the company does not have adequate financial controls in its management process. Thus, from the development of the structure proposed cash flow, it is concluded that the organization has added value in their decision making.

Key-words: Cash flow, Financial planning, Industrial organization

1 Graduanda do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Dom Alberto

2 Professor Orientador, Doutorando em Ciências Contábeis e Administração e Mestre em Ciências

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1 Introdução

Em tempos de crise, uma das principais preocupações dos gestores está relacionada à manutenção das atividades da empresa, bem como, a viabilização dos negócios. Nesta fase, informações sobre o desempenho do caixa da empresa passam a ser analisadas como sendo o melhor instrumento de controle estabelecido pelo gestor.

Em alguns casos, vários gastos são cortados, mesmo que sejam necessários. A busca pela customização das operações e a contenção de despesas é preocupação rotineira nas organizações. No entanto, muitas destas decisões são tomadas sem a análise detalhada do seu impacto nas atividades da empresa.

Logo, torna-se necessário a identificação de um instrumento de controle, que proporcione informações tanto a respeito da saúde da empresa, bem como, proporcione ao gestor, efetuar um planejamento futuro de suas ações. Nesta perspectiva, um dos instrumentos de gestão que proporcionam tais abordagens é o fluxo de caixa.

O fluxo de caixa é um controle financeiro operacional fundamental para as organizações, que não diz respeito ao lucro, mas a quantidade de dinheiro que entra e sai da empresa, em um determinado período de tempo (diário, semanal e mensal). O fluxo de caixa mede a liquidez das operações da organização (ZDANOWICZ, 2002).

Por meio deste, torna-se possível a elaboração de um planejamento em relação ao futuro, ou seja, torna-se possível conhecer o momento adequado para aquisição de empréstimos (quando existir falta de caixa), assim como à hora certa de realizar aplicações (quando existir excesso de caixa).

Logo, decisões tomadas a partir da utilização do fluxo de caixa possuem maior consistência e tendem a fornecer maiores informações ao gestor em relação ao processo decisório. Contudo, nem todas as organizações conseguem utilizar tal instrumento de controle, em virtude de não manterem atualizadas as informações necessárias a geração do mesmo.

Neste contexto, este estudo tem por objetivo elaborar uma estrutura gerencial de fluxo de caixa que auxilie uma organização industrial do ramo metalúrgico no

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processo de planejamento e controle de suas operações. A questão problema que norteia a pesquisa é: De que forma é possível se realizar um controle gerencial de caixa, em uma organização comercial do ramo metalúrgico, visando às funções de planejamento e controle?

De forma mais específica, busca-se: a) caracterizar a empresa pesquisada; b) verificar como está estruturado o ambiente de controle financeiro na organização; c) a partir do desenvolvimento de uma estrutura de fluxo de caixa, analisar os resultados financeiros da empresa no período de 2008 a 2010; e, d) averiguar os principais desembolsos realizados neste período.

O estudo justifica-se por contribuir para com a organização, na melhoria do ambiente de controle financeiro, bem como, possibilita ao gestor projetar suas operações para o período seguinte. O trabalho está estruturado da seguinte forma: além desta introdução, a seguir, apresenta-se a fundamentação teórica utilizada no estudo; na seqüência, descrevem-se o método e os procedimentos da pesquisa; por fim, são apresentados os principais achados e as considerações finais do estudo.

2 Revisão da literatura

2.1 Contabilidade gerencial

As organizações necessitam de muitas informações para conseguir competir no mercado em que atuam. A contabilidade gerencial atua como um importante aliado dos administradores na gestão das organizações. Por meio desta, torna-se possível a obtenção de informações capazes de suportar o processo decisório das empresas.

Segundo Silva (2008) são os administradores os grandes responsáveis pela direção. Cabe a contabilidade fornecer as informações necessárias a subsidiar o processo decisório da mesma. Nesta perspectiva, Padoveze (2007) comenta que a Contabilidade Gerencial serve de auxilio aos gestores oferecendo maior número de informações possíveis e necessárias para que as organizações possam tomar as decisões adequadas e assim atingir seus objetivos.

As informações advindas da contabilidade gerencial não se referem a penas a dados financeiros, mas também informações relacionadas a índices de desempenho, qualidade, produtividade, custos de produção, que vão além das

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informações financeiras. Conforme Oliveira (2005, p. 36), a “contabilidade gerencial fornece as informações claras, preciosas e objetivas para a tomada de decisão”.

Contudo, todas estas informações de alguma forma impactam o fluxo de caixa da empresa. Logo, em relação à perspectiva financeira, percebe-se que esta por sua vez pode auxiliar o gestor no planejamento de suas ações, evidenciando assim sua real capacidade para a realização de projetos no curto e longo prazo. Assim sendo, por meio desta, pode-se obter vantagem competitiva para a empresa.

Neste contexto, pode-se verificar que, a partir da utilização da contabilidade gerencial, bem como da adoção de instrumentos de controle financeiro, torna-se possível deliberar sob as decisões de investimento e/ou financiamento que podem afetar as atividades da empresa.

2.2 Planejamento financeiro

O planejamento financeiro é um importante instrumento nas atividades da empresa, pois, oferece orientação para direção, coordenação e controle das providências a serem tomadas pela organização. Gitman (2004) enfatiza o planejamento de caixa e o planejamento de resultado como elemento fundamental para o planejamento financeiro.

Conforme Tung (1980), o planejamento financeiro apresenta as seguintes características: indicação para o futuro com projeções a curto e longo prazo; flexibilidade na aplicação com capacidade de ajustes a novas condições de forma ágil e eficaz; participação direta dos responsáveis onde os princípios da responsabilidade e da autoridade são criteriosamente observados no planejamento e controle financeiro.

Segundo o autor, um planejamento financeiro adequado proporciona as seguintes vantagens: disciplina nas operações; distinguir o que é supérfluo do que é realmente necessário; a participação dos colaboradores de todos os setores na elaboração de planos onde cada um sente a necessidade de atingir o lucro final e a administração do real e o orçado, possibilitando a identificação de erros nas previsos e sua correção imediata.

Gitman (2004), explica que um ingrediente básico no processo do planejamento financeiro de curto prazo é a previsão de vendas juntamente com os dados operacionais e financeiros da empresa. Com base nas previsões de vendas

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os administradores estimam os fluxos de caixa mensais. Para o autor, o planejamento financeiro de uma empresa concentra-se na previsão de vendas, pois, a partir delas são criados os planos de produção alternativos, levando em conta o tempo que será necessário para converter a matéria-prima em produto acabado com tipos e quantidades necessárias.

Da mesma forma, o planejamento financeiro possibilita a elaboração do orçamento de caixa, que proporciona a organização uma visualização ampla dos recursos disponíveis, para saber a melhor forma de sua utilização. Neste controle, são evidenciadas as previsões da organização dentro de um ano, a qual também pode ser sub-dividida em períodos mensais, o que proporciona ao gestor uma melhor avaliação do negócio (GITMAN, 2004).

Por sua vez, o planejamento de resultados funciona de forma diferente.

Enquanto o planejamento de caixa preocupa-se com a previsão de fluxos de caixa, o planejamento de resultados apoia-se nos conceitos do regime de competência para projetar o lucro e a posição financeira geral da empresa. Acionistas, credores e administradores da empresa dão grande atenção às demonstrações projetadas, ou seja, às projeções da demonstração do resultado do exercício e o balanço patrimonial (GITMAN, 2004, p. 101). Desta forma, as demonstrações projetadas passam a se tornar documentos que podem ser utilizados ao longo dos períodos como um instrumento de gestão, para se prever o desempenho e analisar os resultados, o que de alguma forma irá impactar no desempenho financeiro da organização, neste caso, medido pelo fluxo de caixa.

2.3 Fluxo de caixa como instrumento de gestão

Um dos processos importantes de gestão nas organizações é o fluxo de caixa. Por meio deste, é possível a empresa conhecer o volume de capital necessário para arcar com seus compromissos do dia-a-dia, e saber disciplinar os recursos para suprimento das necessidades de caixa e de investimentos.

Segundo Gitman (2004), o fluxo de caixa é o sangue da empresa tanto na gestão do dia-a-dia quanto no planejamento e na tomada de decisão estratégica. A empresa que não dispõe desse instrumento de gestão fica vulnerável a qualquer imprevisto, uma vez que pode não visualizar uma situação de falta de liquidez.

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O fluxo de caixa apresenta diversas informações ao gestor, permitindo a identificação dos fluxos operacionais, fluxos de investimento e fluxos de financiamentos. Nesta perspectiva, Zdanowicz (2002) explica que o fluxo de caixa proporciona uma visualização geral das atividades desenvolvidas pela empresa e sua movimentação financeira diária, otimizando a aplicação de recursos próprios e de terceiros nas atividades mais rentáveis.

Logo, de acordo com Quintana (2009), “o controle do fluxo de caixa ocorre a partir da comparação entre o valor projetado e o realizado”. A partir deste instante, torna-se necessário buscar identificar quais os motivos das variações do que foi projetado em relação aos valores efetivamente realizados, o que contribui no aprimoramento dos processos de planejamento, avaliação e controle.

Dentre as diferentes transações que afetam o caixa, Zdanowicz (2002) destaca: Grupo 1) transações que aumentam o caixa (disponível) da empresa; e, Grupo 2) transações que diminuem o caixa da organização. Segundo o autor, são exemplos de transações que aumentam o caixa, a integralização do capital pelos proprietários em dinheiro; empréstimos bancários e financiamentos oriundos das instituições financeiras; vendas de ativos não circulantes; outras entradas (juros recebidos, indenizações de seguros, recebimentos de clientes, etc.).

Em relação às transações que diminuem o caixa (disponível), o autor destaca: o pagamento de dividendos aos acionistas; pagamento de juros, correção monetária de dívidas; aquisição de itens do ativo não circulante; compra à vista e pagamento de fornecedores; pagamentos de despesas/custo; contas a pagar e outros.

Percebe-se a importância do fluxo de caixa para as organizações. Por meio deste, torna-se possível a realização de um planejamento mais consistente, que possibilite ao gestor, alimentar um melhor processo decisório. Logo, torna-se oportuno investigar a utilização do fluxo de caixa como instrumento de gestão, uma vez que este proporciona benefícios para a organização, motivação pela qual se realiza este estudo. A seguir descreve-se o método e os procedimentos do estudo.

3 Metodologia da Pesquisa

Este estudo trata de um trabalho exploratório que visa à proposição de um instrumento que servirá de orientação à gestão financeira do caso analisado. Inicialmente procurou-se identificar como está estruturado o ambiente de controle

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financeiro da organização, bem como, conhecer quais são as atividades desenvolvidas pela empresa.

A seguir, procurou-se elaborar uma estrutura de fluxo de caixa, que atendesse as necessidades da organização. De posse destas informações, realizou-se a análirealizou-se do derealizou-sempenho da empresa, no período compreendido entre os anos de 2008 a 2010.

A coleta de dados foi realizada mediante a realização de entrevistas, com observação participante e análise de documentos. A tabulação dos dados encontrados no estudo se deu a partir da construção de quadros e tabelas eletrônicas, desenvolvidas a partir do software Excel. Tendo em vista que o estudo proposto implementou uma ação prática na organização, esse também pode ser caracterizado como uma pesquisa ação.

Em relação à abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se como um estudo quantitativo. Como limitação do estudo destaca-se que nem todos os dados foram alcançados, razão pela qual os valores identificados no estudo podem se aproximar das estimativas realizadas pela empresa em determinado período. Os resultados da análise realizada são apresentados a seguir.

4 Análise e Interpretação dos Resultados da Pesquisa

4.1 Caracterização da empresa pesquisada

A empresa pesquisada é uma organização industrial, do ramo metalúrgico, localizada no município de Vera Cruz/RS. Fundada em 1994, a empresa possui mais de 15 anos de atuação no mercado, contando atualmente com nove colaboradores. De origem familiar, as principais atividades desenvolvidas pela empresa estão relacionadas à metalurgia, funilaria e prestação de serviços.

Os produtos que se destacam pelo volume de unidades comercializadas são grades, janelas, portas, telas e portões eletrônicos. Apesar do seu tempo de atuação na região, a empresa não possui missão e nem visão, porém, buscam o aperfeiçoamento da qualidade e inovação dos seus produtos e serviços, para assim satisfazer as diferentes necessidades de seus clientes. Os resultados da análise realizada são apresentados a seguir.

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4.2 Análise dos dados

4.2.1 Análise do ambiente de controle financeiro da organização

Inicialmente buscou-se analisar as principais dificuldades da empresa, através da realização de uma visita. Com esta foi possível identificar que a administração da organização não possuía informações sobre sua situação financeira para auxiliar a tomada de decisões. Também se verificou a falta de controles adequados, o que representa uma preocupação para os gestores. Assim sendo, optou-se por realizar este estudo na melhoria dos controles financeiros da organização.

Nesta perspectiva, o primeiro passo realizado foi implementar junto à empresa pesquisada um boletim de caixa descrevendo suas entradas e saídas de recursos diários. Por meio de reuniões e treinamentos, procurou-se sensibilizar os gestores e os membros da família que atuam na organização, a respeito dos benefícios que poderiam ser obtidos a partir da utilização destes controles.

Para a realização do boletim de caixa diário, inicialmente foi elaborado um modelo de planilha eletrônica, desenvolvida no software Excel, para se demonstrar aos gestores os saldos diários de caixa, obtidos a partir dos registros dos ingressos e desembolsos do mesmo. A seguir, procurou-se apurar os saldos da organização, evidenciando seu resultado por período.

Esta etapa da pesquisa foi realizada no período compreendido entre os meses de março e agosto de 2009 e teve duração de seis meses. Tais ações contribuíram para com a criação de uma nova cultura de controle na empresa. A seguir, procurou-se estabelecer uma estrutura adequada de fluxo de caixa, a fim de se apurar os resultados da organização.

4.2.2 Proposta de estrutura de fluxo de caixa gerencial

A segunda etapa da pesquisa consistiu no desenvolvimento de uma estrutura gerencial de fluxo de caixa, que atendesse as necessidades informacionais da organização. Para tanto, primeiramente procurou-se coletar junto à empresa pesquisada os dados relacionados ao desempenho desta no ano de 2008.

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De posse destas informações, procurou-se elaborar uma proposta de estrutura de fluxo de caixa, apresentando as movimentações diárias da evolução do caixa da empresa. Tais informações proporcionaram, dentre outras observações, a identificação dos dias com maior volume de vendas, o montante mensal das entradas e saídas, os pagamentos das compras de matéria-prima realizadas neste período, os salários e encargos sociais incidentes na empresa, os custos indiretos de fabricação que geraram desembolso financeiro pela organização; e as despesas pagas no período (despesas administrativas, com vendas, financeiras, com o pagamento de tributos e impostos), bem como todos os demais desembolsos realizados pela empresa neste período.

Para que fosse possível a apuração dos saldos do período, tornou-se necessário a classificação das contas da seguinte maneira: gastos com fornecedores, despesas administrativas, despesas com produção, pagamentos de salários e despesas com pessoal, simples nacional, despesas financeiras, gastos com publicidade e propaganda, e, retiradas de pró-labore. Para facilitar o entendimento dos gestores, procurou-se estabelecer definições de quais valores seriam agrupados em cada uma destas contas, como se observa na seqüência.

 Fornecedores: todas as compras de matéria-prima a despesas com

frete e outros como os pagamentos efetuados sem identificação.

 Despesas administrativas: todas as despesas com telefone, honorários

com contador, material de expediente, despesas diversas, despesas com viagem, segurança, prestação de veiculo adquirido.

 Despesas com produção: referente às despesas com aluguel, energia

elétrica, manutenção de máquinas e equipamentos e manutenção de veículo.

 Salários e despesas com pessoal: salários dos funcionários, INSS, FGTS, Unimed, e contribuição sindical.

 Despesas financeiras: todos os empréstimos obtidos junto a terceiros,

despesas bancárias e juros.

 Publicidade e propaganda: divulgação em rádio e guias telefônicos, patrocínio em jantares comunitários ou outros eventos sociais, confecção de camisetas, bonés, canetas personalizadas com o logotipo da empresa, anúncios em jornais e revistas.

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De posse destas informações foi possível se identificar o desempenho financeiro da empresa no exercício de 2008. Tendo em vista que os dados coletados foram tabulados após a conclusão deste período, foi necessário realizar algumas estimativas com os gestores da organização, para que fosse possível identificar os saldos de cada período, bem como se aproximar do resultado financeiro do mesmo.

Logo, destaca-se tal inferência, como uma limitação das análises realizadas neste período. Contudo, tendo em vista os propósitos desta abordagem (disciplinar os gestores e demonstrar os benefícios que podem ser obtidos a partir da utilização do fluxo de caixa), observa-se que tais ajustes necessários podem ser realizados sem comprometer os objetos do estudo.

Os resultados encontrados nesta etapa do estudo despertaram o interesse dos gestores em implementar a estrutura apresentada. A principal motivação destacada pelos mesmos está relacionada à possibilidade de melhoria no processo de gestão financeira da organização. Nesta perspectiva, procurou-se, a partir do fluxo de caixa implementado, acompanhar o desempenho da empresa, durante o período de 2009 e 2010. Os resultados desta análise são apresentados a seguir.

4.2.3 Análise do fluxo de caixa gerencial da organização

A próxima etapa da pesquisa consistiu na análise do desempenho financeiro da organização, no período objeto de estudo (2008 a 2010). O Quadro 1 apresenta a síntese desta investigação. Analisando-se o fluxo de caixa apresentado no Quadro 1, pode-se verificar que as receitas da organização reduziram neste período.

Por outro lado, observa-se que os pagamentos de fornecedores permaneceram constantes, o que indica uma redução da margem bruta da empresa no mesmo. De maneira geral observa-se ainda que todos os desembolsos realizados pela organização apresentaram crescimento no ano de 2010, se comparados aos valores pagos em 2009.

Outro item identificado a partir da análise do fluxo de caixa está relacionado aos elevados gastos com despesas financeiras. Nota-se que, no período analisado, que a organização destina um percentual representativo de suas receitas ao pagamento de despesas financeiras. Em média, 11,61% do total de recursos que ingressaram na organização foram consumidos no pagamento desta rubrica.

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A realização de empréstimos cada vez maiores, também é um indicador que preocupa na análise realizada. Desta forma, torna-se oportuno a verificação por parte dos gestores, de uma análise detalhada a respeito dos fatores que podem estar contribuindo para este desempenho na organização.

QUADRO 1- Fluxo de caixa elaborado na pesquisa

FLUXO DE CAIXA

ENTRADAS 2008 2009 2010

Receita 918.512,55 696.277,64 702.724,24

TOTAL DAS ENTRADAS 918.512,55 696.277,64 702.724,24

SAÍDAS FORNECEDORES 385.466,04 306.068,49 313.386,37 Matéria-prima 354.120,32 237.637,82 256.268,52 Frete 658,68 503,06 925,64 Outros 30.687,04 67.927,61 56.192,21 DESPESAS ADMINISTRATIVAS 26.886,17 25.987,92 33.563,93 Telefone 4.992,75 4.947,39 4.803,98 Honorários Contabilidade 2.638,50 2.547,70 5.013,60 Material de expediente 718,61 380,70 659,13 Despesas diversas 6.079,96 4.843,54 15.851,50 Despesas c/ viagem 1.539,10 1.812,00 184,00 Segurança 827,50 1.366,84 1.134,47 Prestação veículo 10.089,75 10.089,75 5.917,25 DESPESAS C/ PRODUÇÃO 44.088,54 27.131,83 34.053,63 Aluguel 17.500,00 13.172,00 12.248,12 Energia Elétrica 4.776,01 4.378,87 5.768,74 Manutenção de máquinas e equipamentos 988,20 - 618,00 Manutenção de veículo 20.824,33 9.580,96 15.418,77

SALÁRIOS E DESPESAS C/ PESSOAL 76.148,38 69.684,96 95.309,31

Salários 67.201,08 58.643,01 83.172,70 INSS 5.488,23 4.472,13 4.487,78 FGTS 1.898,19 4.512,15 4.953,32 Sindicato 467,68 681,73 1.646,76 Unimed 1.093,20 1.375,94 1.048,75 Simples Nacional 36.186,15 31.244,71 34.589,57 DESPESAS FINANCEIRAS 101.109,28 78.978,84 88.935,90 Despesas bancárias 4.739,54 4.333,36 11.512,17 Empréstimo 91.442,67 66.824,76 67.968,66 Juros 4.927,07 7.820,72 9.455,07 Publicidade e propaganda 1.341,55 1.876,00 3.550,49 Pró-labore 54.699,57 49.187,59 46.841,46 SALDO FINAL 725.925,68 590.160,34 650.230,66 DIFERENÇA 192.586,87 106.117,30 52.493,58 SALDO INICIAL - 273.173,93 453.228,38 Empréstimo 80.587,06 73.937,15 90.500,99 SALDO FINAL 273.173,93 453.228,38 596.222,95

De acordo com Zdanowicz (2002) o fluxo de caixa é uma ferramenta de gestão financeira que auxilia na visualização e no entendimento das movimentações financeiras da empresa em um determinado período de tempo. É o registro de toda entrada e saída de dinheiro. Por isso, ele é fundamental para se controlar os recursos à disposição da organização, os quais devem ser capazes de suportar os

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custos de operação, as necessidades de reposição de materiais (matérias primas) e a realização de investimentos.

Logo, sua utilização possibilita ao gestor a identificação de necessidades de financiamento. Os problemas financeiros não solucionados abalam a estabilidade e ameaçam a sobrevivência das pequenas empresas. Fluxo de caixa negativo, capital de giro insuficiente para a operação, inadimplência e cálculo equivocado de preços são alguns exemplos das dificuldades mais comuns no controle das finanças (QUINTANA, 2009).

5 Considerações finais

Quando se trata da situação financeira da empresa todas as avaliações são necessárias, principalmente para se identificar o que está levando a empresa a ficar sem liquidez. Nesta perspectiva, uma das formas de se identificar o desempenho financeiro em uma organização, é por meio da utilização do fluxo de caixa.

De acordo com Barbieri (1995, p. 17), o fluxo de caixa financeiro tem como “objetivo principal fornecer informações relevantes sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da empresa, durante certo período, propiciando informações relevantes sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa neste período”.

Na administração financeira, o fluxo de caixa é um dos principais instrumentos de controle gerencial, sendo considerado por Matarazzo (2003), como imprescindível na atividade empresarial e mesmo para pessoas as físicas que se dedicam a algum negócio. Por meio desse instrumento de controle gerencial é possível avaliar se a empresa é auto-suficiente no financiamento do seu giro, bem como prever sua capacidade de expansão com recursos próprios (OLIVEIRA; SPESSATTO; TOLEDO FILHO, 2009).

Neste contexto, este estudo teve por objetivo elaborar uma estrutura gerencial de fluxo de caixa que auxilie uma organização industrial do ramo metalúrgico no processo de planejamento e controle de suas operações. A metodologia utilizada na pesquisa é caracterizada como um estudo de caso, de natureza exploratória, com abordagem quantitativa dos dados.

Inicialmente procurou-se conhecer o ambiente de controle e as atividades desenvolvidas pela organização. A seguir, de posse destas informações, procurou-se elaborar uma estrutura de fluxo de caixa, que subsidiasprocurou-se o processo decisório

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da empresa. A empresa pesquisada é uma organização industrial, do ramo metalúrgico, que atua a mais de 15 anos com esta atividade.

Na empresa pesquisada não existia um controle de fluxo de caixa. O controle financeiro é realizado de forma manual, sem apuração dos resultados do período. Também se verificou a falta de controles adequados para a gestão financeira da organização, o que representa uma preocupação para os gestores.

A partir do desenvolvimento de uma estrutura de fluxo de caixa, procurou-se analisar também os resultados financeiros da empresa no período compreendido entre os anos de 2008 a 2010. Os resultados encontrados indicam que as receitas da empresa estão reduzindo período a período. Em contraponto, os desembolsos realizados pela organização apresentaram crescimento no ano de 2010, se comparados aos valores pagos em 2009. Outro item observado está relacionado à elevada dependência da organização por recursos de financiamento.

Desta forma, pode-se concluir que a estrutura de fluxo de caixa proposta agrega valor a organização. Por meio desta foi possível a identificação de uma série de inferências realizadas, que despertaram a atenção da organização. Logo, observa-se que ocorreu melhoria nos processos de gestão da organização.

Como recomendação a estudos futuros, sugere-se a replicação desta pesquisa em períodos futuros, a fim de se identificar se os problemas identificados neste estudo persistem ou se de fato ocorreu melhoria nos processos de planejamento, avaliação e controle da organização.

Também se sugere a realização de um levantamento junto a outras organizações que atuam nesta área, para se verificar como ocorre o processo decisório nestas empresas. Tais informações podem contribuir para com o entendimento de práticas de gestão, bem como fornecer informações sob características gerenciais de organizações que possuem melhor desempenho.

6 Referências

BARBIERI, G. Fluxo de Caixa: modelo para bancos múltiplos. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade), São Paulo: FEA/USP, 1995.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normais

brasileiras de contabilidade. Brasília: CFC, 2006.

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GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 2. ed. São Paulo: Habra, 2004.

MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

OLIVEIRA, E. L.; SPESSATTO, G.; TOLEDO FILHO, J. R. Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão: um estudo realizado em microempresas. In.: SEMEAD, 12, Anais... São Paulo: FEA/USP, 2009.

PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: Uma introdução à Prática Contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

QUINTANA, A. C. Fluxo de Caixa: Demonstrações Contábeis de acordo com a lei 11.638/07. Curitiba: Juruá Editora, 2009.

SILVA, C. S. Contabilidade Empresarial para Gestão de Negócios: Guia de Orientação Fácil e Objeto para Apoio e Consulta de Executivos. São Paulo: Atlas, 2008.

TUNG. N. H. Controladoria Financeira das Empresas: uma abordagem prática. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 1980.

ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de Caixa. Uma decisão de planejamento e controle financeiro. 9. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2002.

Referências

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