• Nenhum resultado encontrado

DIAGNÓSTICO DA FERTILIDADE DE UM SOLO DE VÁRZEA DO SUL DE MINAS GERAIS VISANDO À CULTURA DO FEIJOEIRO 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DIAGNÓSTICO DA FERTILIDADE DE UM SOLO DE VÁRZEA DO SUL DE MINAS GERAIS VISANDO À CULTURA DO FEIJOEIRO 1"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

SUL DE MINAS GERAIS VISANDO À CULTURA DO FEIJOEIRO

1

ARNOLDO DAHER DE ALMEIDA JUNQUEIRA

2

MESSIAS JOSÉ BASTOS DE ANDRADE

3

ANTÔNIO EDUARDO FURTINI NETO

4

VALDEMAR FAQUIN

5

GUILHERME DAHER DE ALMEIDA JUNQUEIRA

6

RESUMO – Com o objetivo de identificar as principais

deficiências minerais para a cultura do feijoeiro

(Phaseo-lus vulgaris L.) em um solo Gleissolo Háplico de várzea

do município de Lambari/MG, foi realizado um experi-mento em casa-de-vegetação do Departaexperi-mento de Agri-cultura da UFLA, Lavras/MG. O material de solo foi cole-tado à profundidade de 0 a 20 cm e colocado em vasos de 3 dm3, cada qual com quatro plantas da cv. Pérola. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado com treze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos,

fundamentados na diagnose por subtração, foram: C1

(Completo 1, com calagem); C2 (Completo 1 - calagem +

Ca e Mg); C1-calagem; C1-N; C1-P; C1-K; C1-S; C1-B; C1

-Cu; C1-Zn; C2-Ca; C2-Mg e controle (solo original). O

so-lo estudado apresentou baixa fertilidade natural, mas bom potencial para a cultura do feijoeiro, se devidamente corrigido. Os fatores que mais limitaram a produção do feijoeiro nesse solo foram as omissões de calagem, de B e de P.

TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Gleissolo, feijão, Phaseolus vulgaris, adubação.

FERTILITY DIAGNOSIS OF A LOWLAND SOIL FROM SOUTHERN

MINAS GERAIS STATE FOR THE COMMON BEAN CROP

ABSTRACT – Aiming to identify the principal

nutritional limitations to common bean crop (Phaseolus

vulgaris L.) on lowland soil Haplic Gleysoil class of

Lambari, Minas Gerais State (MG), an experiment was carried out in greenhouse of the Agriculture Department at the Federal University of Lavras, Lavras/MG, using samples of the 0-20cm layer. Pots were used with 3 dm3 of soil and four plants of ‘Pérola’ cultivar. The experimental design was completely randomized with

thirteen treatments and four replications. The treatments, based on diagnosis by subtraction were as follows: C1

(Complete 1, with lime); C2 (Complete 1 - lime + Ca e Mg);

C1-lime; C1-N; C1-P; C1-K; C1-S; C1-B; C1-Cu; C1-Zn; C2

-Ca; C2-Mg and; control (original soil). This soil showed

low natural fertility, but when fertilized it had good potential for bean crop. The factors which withhold more in the growth and grain yield of common bean cultivation on the soil studied were lime, B and P.

INDEX TERMS: Gleysoil, common bean, Phaseolus vulgaris, fertilizer aplication.

INTRODUÇÃO

A cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) no Brasil ocupou, na safra 1999/00, uma área de 3.939.500 ha, com produção de 2.853.900 toneladas (CONAB,

2000). Além do caráter econômico, o feijão é um produto de importância social considerável, já que, além de fazer parte da cesta básica, é a principal fonte de proteínas p a-ra a população de baixa renda do País.

1. Extraído da dissertação de mestrado do primeiro autor, apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS/ UFLA, Caixa Postal 37 – 37200-000 – Lavras, MG.

2. Engenheiro Agrônomo, Ms, Travessa Guadalupe, 110, 37200-000 – Lavras, MG. ajunqueira@netsite.com.br 3. Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor Adjunto, Departamento de Agricultura/UFLA, bolsista CNPq,.

(2)

5. Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor Titular, Departamento de Ciência do Solo/UFLA, bolsista do CNPq, 6. Engenheiro Agrônomo.

A produção nacional de feijão, bem como a área ocupada, não aumentaram nos últimos sete anos (Agria-nual, 2001). Considerando o aumento da população e o conseqüente aumento na demanda por alimentos, serão necessárias alternativas para aumentar a produção de grãos. Nesse aspecto, os solos de várzea podem ser uma opção viável para a expansão da cultura do feijoeiro, aumentando a produção. Segundo Silva (1980), o apro-veitamento racional e intensivo das áreas de várzea pos-sibilita a condução de dois a três cultivos anuais, o que poderá aumentar a produção de alimentos básicos em até seis vezes, em comparação com índices obtidos em áreas não irrigadas.

Pelo fato de apresentarem características físico-químicas diferenciadas da maioria dos solos, os níveis críticos e demais parâmetros dos solos bem drenados não devem ser extrapolados para as várzeas. Abreu et al. (1987), por exemplo, estudando a disponibilidade de mi-cronutrientes em cinco solos de várzea de Minas Gerais, concluíram que houve falta de consistência na extrapo-lação de níveis críticos adotados em solos sob cerrado bem drenados para aqueles s olos, o que, segundo os au-tores, sugere a necessidade de melhor conhecimento não só dos fatores que afetam a disponibilidade, mas também sobre métodos de extração, correlação e calibra-ção para essa situacalibra-ção específica de solos.

Considerando a especificidade dos solos de vár-zea e o seu potencial para o aumento da produção de fe i-jão na região sul de Minas Gerais, objetivou-se com o presente estudo realizar o diagnóstico da fertilidade de um solo Gleissolo Háplico do município de Lambari, pro-curando identificar as suas principais limitações nutri-cionais para a cultura do feijoeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação no Departamento de Agricultura da Universi-dade Federal de Lavras, no período de maio a agosto de 1999. O material de solo utilizado foi coletado na camada superficial (0-20 cm de profundidade) de um solo de vár-zea pertencente à classe Gleissolo Háplico, no município de Lambari/MG. Resultados de análises de amostra des-se solo são apredes-sentados na Tabela 1.

Na condução do experimento, foram utilizados vasos de 3 dm3 de solo seco ao ar e passado em peneira de malha 5 mm. O delineamento experimental foi o intei-ramente casualizado, com quatro repetições. Os trata-mentos, em número de treze (13), basearam-se na

“técni-ca do elemento faltante” ou “diagnose por subtração” (Sanchez, 1976) e foram assim constituídos: C1

(Comple-to 1) = adubado com N, P, K, S, B, Cu, Zn e calagem; C2

(Completo 2) = C1 - calagem + Ca e Mg (fontes sulfato);

C1 - calagem; C1 - N; C1 - P; C1 - K; C1 - S; C1 - B; C1 - Cu;

C1 - Zn; C2 - Ca; C2 - Mg; Controle = solo original.

Para a obtenção dos diferentes tratamentos, os solos dos vasos receberam, quando pertinentes, as se-guintes doses de macro e micronutrientes, em mg dm-3: N=80, P=200, K=150, S=50, Ca=75, Mg=15, B=0,5, Zn=1,5 e Cu=5,0. Como fontes desses nutrientes, foram utiliza-dos os seguintes reagentes p.a.: KNO3, NH4NO3,

NH4H2PO4, Mg(NO3)2.6H2O, (NH4)2SO4, KH2PO4, H3PO4,

Ca(H2PO4)2.H2O, K2SO4, MgSO4.7H2O, CaSO4.2H2O,

H3BO3, CuCl2 e ZnCl2.2H2O.

Nos tratamentos que receberam calagem, a dose de calcário foi calculada para elevar a saturação por ba-ses para 70%, valor considerado adequado para a cult u-ra do feijoeiro em solos de várzea (Faquin et al., 1998), utilizando-se as fontes p.a. CaCO3 e MgCO3 na relação

4:1. Após a aplicação das quantidades de corretivo e das adubações, os materiais de solo foram homogeneizados e incubados por 15 dias.

Durante todo o período experimental, a umidade do solo foi mantida em torno de 60% do volume total de poros ocupados por água, por meio de pesagens diárias e adição de água desmineralizada.

Foram semeadas 8 sementes de feijoeiro cultivar Pérola por vaso, desbastando-se para 4 plantas, 10 dias após a emergência. Duas plantas foram colhidas no flo-rescimento (estádio R6), enquanto as outras duas foram

conduzidas até a maturidade fisiológica dos grãos (está-dio R9). Em ambas as coletas, a parte aérea das plantas

foi separada em hastes, folhas e grãos (este último ape-nas em R9), seca em estufa a 65-70ºC e pesada,

determi-nando-se o peso da matéria seca da parte aérea (hastes + folhas) e de grãos. No estádio R9, foram determinados

ainda o número de vagens por planta e o número de grãos por vagem.

Após tabulação dos dados, foi procedida a análi-se de variância com o emprego do pacote estatístico SISVAR versão 3.1 (Ferreira, 2000). Nos casos de signifi-cância do teste F, as médias foram comparadas pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratamentos influenciaram significativamente a produção de matéria seca da parte aérea (MSPA) no

(3)

florescimento (estádio R6). Na Tabela 2 são apresentados

os valores médios da produção de MSPA do feijoeiro. Inicialmente é necessário salientar que o solo original (tratamento controle) apresentou baixa capacidade de promover o crescimento do feijoeiro, haja vista o peque-no acúmulo de matéria seca constatado (apenas 20% em relação ao tratamento C1).

Observa-se pela Tabela 2 que a omissão de P na adubação causou maior redução de crescimento no fe i-joeiro, com médias que superaram, em valores absolutos, apenas a produção de matéria seca no solo original. De-ve ser lembrado que essa limitação do P ao crescimento

do feijoeiro ocorreu mesmo com teor de P no solo classi-ficado como muito bom (Tabela 1), corroborando, de cer-ta forma, a afirmativa de que as características dos solos de várzea diferem bastante das encontradas em solos bem drenados (Resende et al., 1997). De maneira geral, os solos de várzea apresentam alta capacidade de adsor-são de P e, segundo Novais & Smyth (1999), o extrator Mehlich I (padrão para análise de P em Minas Gerais) é muito sensível a esse fator, o que pode mascarar o resultado da análise química para P. Para Fageria & Santos (1998), estudos sobre calibração de P em solos de várzea são ainda muito limitados.

TABELA 1 – Características químicas e físicas de um solo Gleissolo Háplico coletado de 0-20 cm de profundidade em

várzea do município de Lambari, sul de Minas Gerais.

Característica Valor Interpretação

pH em água 4,9 Acidez elevada

P (Fósforo Mehlich I) 32,0 mg dm-3 Muito bom

K (Potássio Mehlich I) 90,0 mg dm-3 Bom

Ca (Cálcio) 1,0 cmolc dm -3 Baixo Mg (Magnésio) 0,4 cmolc dm -3 Baixo Al (Alumínio) 2,4 cmolc dm -3 Muito alto H + Al (Acidez Potencial) 9,8 cmolc dm

-3

Muito alto

SB (Soma de Bases) 1,6 cmolc dm

-3 Baixo t (CTC efetiva) 4,0 cmolc dm -3 Médio T (CTC a pH 7,0) 11,4 cmolc dm -3 Bom

m (Saturação por Alumínio) 59,5 % Alto

V (Saturação por Bases) 14,3 % Muito baixo

S-Sulfato 3,9 mg dm-3 Médio

Boro (água quente) 0,2 mg dm-3 Baixo

Zinco (DTPA) 4,9 mg dm-3 Alto

Cobre (DTPA) 1,0 mg dm-3 Alto

Manganês (DTPA ) 6,0 mg dm-3 Alto

Ferro (DTPA) 90,1 mg dm-3 Alto

Matéria Orgânica 3,8 dag kg-1 Médio

Areia 310 g kg-1

Silte 290 g kg-1

(4)

1

Análises realizadas pelos laboratórios do DCS/UFLA, interpretação para S e micronutrientes de acordo com Raij et al. (1996) e o restante, segundo Comissão... (1999).

Depois do P, a ausência que mais reduziu o cres-cimento do feijoeiro até o estádio R6 foi a do N (Tabela

2). Solos de várzea pertencentes às classes Glei Pouco Húmico, Aluvial e Glei Húmico apresentaram significati-va redução no crescimento do feijoeiro quando não a-dubados com N (Andrade et al., 2000a), provavelmente por causa da grande extração do nutriente pela cult ura do feijoeiro (Haag et al., 1967; Cobra Netto et al., 1971).

As omissões de K e S levaram a reduções de crescimento menores que as anteriores, mas ainda signi-ficativas (Tabela 2) e equivalentes àquelas relacionadas à ausência de Ca, Mg e calagem. No caso do K, as quanti-dades extraídas pela cultura do feijoeiro são também ele-vadas, chegando a 90-100% da quantidade extraída de N, nutriente absorvido em maior quantidade (Haag et al., 1967; Cobra Netto et al., 1971). Embora a extração do S seja mais modesta (18 a 26% em relação à extração de N), os seus teores no solo são menores, podendo resultar em grandes respostas à adição do nutriente em alguns solos.

O tratamento C2 (C1 - calagem + Ca e Mg como

sulfato), quando comparado ao tratamento C1, permite

avaliar o efeito da calagem, cuja ausência promoveu re-dução do crescimento do feijoeiro em 9% (Tabela 2). As omissões de Ca (C2 - Ca), Mg (C2 - Mg) ou de ambos (C1

- calagem) levaram a limitações de crescimento de 8-19%. Com relação aos nutrientes Ca e Mg, deve ser lembrado que o solo original apresentava baixos teores (Tabela 1), insuficientes para o pleno crescimento do feijoeiro. Da mesma forma, o solo original também apresentava altos teores de Al e Mn (Tabela 1), justificando plenamente o efeito da calagem em neutralizá-los, já que o feijoeiro é uma espécie bastante sensível à toxidez proporcionada por aqueles íons tóxicos. Nesse sentido, vários autores (Andrade, 1997; Fageria & Santos, 1998; Andrade et al., 2000b) têm relatado que a calagem é essencial à maioria dos solos de várzea, justamente por neutralizar os efei-tos tóxicos do Al e Mn, além de fornecer Ca e Mg. Se-gundo Fernandes et al. (2000), a calagem atuaria ainda promovendo aumento na disponibilidade de P pela redu-ção de sua fixaredu-ção pelo Al.

TABELA 2 – Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA) no estádio R6 do feijoeiro cultivar Pérola cultivado em

um solo Gleissolo Háplico e produção relativa (PR) em relação ao tratamento completo (C1). 1

Tratamento MSPA (g vaso-1) PR (%)2

C1 7,12 a 100 C2 6,50 b 91 C1 - Calagem 5,85 b 82 C1 - N 4,40 c 62 C1 - P 2,22 d 31 C1 - K 6,61 b 93 C1 - S 6,19 b 87 C1 - B 8,14 a 114 C1 - Cu 7,42 a 104 C1 - Zn 7,03 a 99 C2 - Ca 5,76 b 81 C2 - Mg 5,78 b 81 Controle 1,40 d 20 CV (%) 12,07

(5)

1

Na coluna, médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente pelo teste Scott-Knott a 5% de proba-bilidade;

2

PR = 100.MSPA/MSPA(C1).

Resta ainda acrescentar que a omissão de cada um dos três micronutrientes estudados não afetou signi-ficativamente o crescimento da leguminosa (Tabela 2). A não-redução do crescimento nas ausências de Cu e Zn pode ser atribuída aos seus altos teores no solo original (Tabela 1). Embora seu teor no solo seja considerado baixo (Tabela 1), a omissão de B não reduziu o acumulo de MSPA.

Os tratamentos influenciaram significativamente o número de grãos por vagem (p<0,05), o número de va-gens por planta e o acúmulo de matéria seca nos grãos (p<0,01). Na Tabela 3, onde são apresentadas as médias obtidas com as variáveis de produção, fica evidente que o número de grãos por vagem foi a característica menos influenciada pelos tratamentos, já que apenas o trata-mento-controle apresentou número de grãos por vagem inferior ao dos demais tratamentos, os quais não diferi-ram entre si. Verifica-se, portanto, que, apesar de se tra-tar de característica varietal pouco influenciada pelo

am-biente (Diniz, 1995), o solo original não teve a capacida-de capacida-de fornecer o suporte nutricional acapacida-dequado para que ela se manifestasse dentro dos padrões normais da cul-tivar.

Todavia, a variável número de vagens por planta apresentou diferenças entre os tratamentos (Tabela 3). As plantas desenvolvidas no solo original, em conse-qüência das grandes limitações desse, praticamente não apresentaram vagens. No tratamento C1 foram obtidas

3,63 vagens por planta, número que não se reduziu signi-ficativamente quando suprimiu o fornecimento de N, K, S, Cu ou Zn, nutrientes que provavelmente não limitaram a definição inicial naquela característica e nem as taxas de aborto de flores e vagens. As omissões de P, Ca, Mg, B e calagem, por outro lado, reduziram de maneira signi-ficativa o número de vagens por planta (Tabela 3). Cer-tamente, as baixas disponibilidades de P, B, Ca e Mg, bem como os elevados teores de Al e Mn, no solo orig i-nal, contribuíram para esse resultado.

TABELA 3 – Número de grãos por vagem (NGV), número de vagens por planta (NVP), acúmulo de matéria seca nos

grãos (MSGR) e produção relativa (PR) do feijoeiro cv. Pérola cultivado em um solo Gleissolo Háplico.1

Tratamento NGV NVP MSGR (g planta-1) PR (%) C1 4,85 a 3,63 a 9,48 a 100 C2 5,00 a 2,25 b 5,80 d 61 C1 - Calagem 4,75 a 2,13 b 3,82 e 40 C1 - N 5,18 a 3,25 a 7,87 c 83 C1 - P 4,68 a 2,63 b 4,60 e 49 C1 - K 4,43 a 3,88 a 6,84 c 72 C1 - S 5,10 a 3,00 a 7,49 c 79 C1 - B 4,28 a 2,63 b 4,01 e 42 C1 - Cu 5,13 a 3,75 a 8,59 b 91 C1 - Zn 4,90 a 3,25 a 8,27 b 87 C2 - Ca 4,40 a 2,25 b 4,16 e 44 C2 - Mg 4,95 a 2,38 b 5,34 d 56 Controle 1,08 b 0,88 c 0,40 f 4 CV (%) 15,28 20,97 12,05 ---

(6)

1

Em cada coluna, médias seguidas por diferentes letras diferem significativamente pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade;

2

PR (%) = 100.MSGR/MSGR (C1).

Nenhuma das características relacionadas à pro-dução foi tão influenciada pelos tratamentos como o a-cúmulo de matéria seca nos grãos. A baixa fertilidade do solo original fica patente ao se verificar o baixíssimo va-lor dessa característica no tratamento-controle, o qual acumulou apenas o equivalente a 4% da matéria seca acumulada no tratamento completo C1, o de melhor

com-portamento (Tabela 3).

As omissões de P, B, Ca e calagem foram as que reduziram mais drasticamente o acúmulo de matéria seca nos grãos (Tabela 3). A ausência de calagem, bem como as subtrações de B, Ca ou P foram responsáveis, cada uma, por reduções de produção da ordem de 51-60% em relação ao tratamento C1.

Conforme já discutido para MSPA, a omissão de P reduziu a produção relativa (Tabela 3), mesmo em se tratando de um solo original com teor de P considerado muito bom (Tabela 1). Tal fato pode não constituir sur-presa em solos de várzea, pois os mesmos possuem ca-racterísticas diversas dos demais solos (Resende et al., 1997) e o método extração utilizado nas análises de roti-na é baseado em experimentos sob condições de solos bem drenados.

Ao contrário do que ocorreu com o acúmulo de matéria seca na parte aérea (Tabela 2), mas coincidindo com o ocorrido em relação ao número de vagens por planta (Tabela 3), a subtração de B reduziu o acúmulo de matéria seca nos grãos em 58%. Esse resultado, de certa forma, confirma outros anteriores realizados em várzeas com soja (Galrão et al., 1984), batatinha, soja e trigo (re-visão de Abreu et al., 1987) e mesmo com o feijoeiro (Mariano, 1998).

Tão drásticas como as ausências de P e de B na adubação foram as omissões de Ca e de calagem (Tabela 3), responsáveis, respectivamente, por reduções de 56 e 60% no acúmulo de matéria seca nos grãos, o que certa-mente ocorreu em função da elevada acidez, altos teores de Al e Mn e baixo teor de Ca no solo original (Tabelas 1 e 3). Nesse caso, tanto a toxidez por Al e Mn, como o baixo teor de Mg no solo original, demonstram a coerên-cia dos resultados, o que, aliás, já havia sido observado em relação ao número de vagens por planta. Com base na redução do acúmulo de matéria seca nos grãos, no tratamento C2, verifica-se que a acidez do solo reduziu a

produtividade relativa em 39%, enquanto a omissão de Mg (C2-Mg) reduziu em 44% (Tabela 3).

As omissões de N, K e S reduziram a produção relativa em percentuais que variaram de 17 a 28%, figu-rando como terceiro fator restritivo do rendimento de grãos, logicamente, com importância inferior às subtra-ções à adubação já comentadas.

Embora com menor magnitude (9-13%), as ausên-cias de Cu e Zn na adubação também reduziram o acúmulo de matéria seca nos grãos. Nota-se que esses micronutrientes ainda não haviam mostrado efeito sobre as variáveis anteriores, ou seja, sobre o crescimento e o número de grãos por v agem e de vagens por planta.

CONCLUSÕES

O solo em estudo apresentou baixa fertilidade na-tural; entretanto, uma vez corrigido, tem bom potencial para o feijoeiro;

As omissões da calagem, de B e de P foram os fa-tores que mais limitaram a produção do feijoeiro nesse solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, C. A. de; LOPES, A. S.; ANDRADE, D. de S. Identificação de deficiências de micronutrientes em cin-co solos de várzeas da região de cerrados de M inas Ge-rais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 22, n. 8, p. 833-841, ago. 1987.

AGRIANUAL 2001. Anuário da Agricultura

Brasilei-ra. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 2001. 545 p.

ANDRADE, C. A. B. de; FAQUIN, V.; FURTINI NETO, A. E.; ANDRADE, A. T.; CARNEIRO, R. F. V. Nutrição mineral do feijoeiro cultivado em solos de várzea do Sul de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 24, n. 4, p. 947-956, out./dez. 2000a.

ANDRADE, C. A. B. de; FAQUIN, V.; FURTINI NETO, A. E.; CURI, N.; VEIGA, P. M. R. da; ANDRADE, M. J. B. de. Fertilidade de solos de várzea do Sul de Minas Gerais para o cultivo do feijoeiro. Pesquisa

Agropecuá-ria Brasileira, Brasíllia, v. 35, n. 11, p. 2287-2294, nov.

2000b.

ANDRADE, W. E. de B. Limitações nutricionais para a

cultura do arroz (Oryza sativa L.) e do feijoeiro

(7)

Fluminense. 1997. 120 p. Tese (Doutorado em

Fitotec-nia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.

COBRA NETTO, A.; ACCORSI, W. R.; MALAVOLTA, E. Estudos sobre a nutrição mineral do feijoeiro

(Phase-olus vulgaris L., var. Roxinho). Anais da Escola

Superi-or de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, v. 28, p.

257-274, 1971.

COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS-CFSEMG. Recomendações para o

uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª

aproximação. Viçosa, 1999. 359 p.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. 2000. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/publicacoes/indicadores/01-EstSafra.cfm>. Acesso em: 10 mar. 2001.

DINIZ, A. R. Resposta da cultura do feijoeiro

(Phaseo-lus vulgaris L.) à aplicação de nitrogênio (semeadura e

cobertura) e de molibdênio foliar. 1995. 60 p.

Disserta-ção (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.

FAGERIA, N. K.; SANTOS, A. B. dos. Rice and com-mon bean growth and nutrient concentration as influ-enced by aluminum on an acid lowland soil. Journal of

Plant Nutrition, Monticello, v. 21, n. 5, p. 903-912, May

1998.

FAQUIN, V.; ANDRADE, C. A.; FURTINI NETO, A. E.; ANDRADE, A. T.; CURI, N. Resposta do feijoeiro à a-plicação de calcário em solos de várzea do Sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 22, n. 4, p. 651-660, out./dez. 1998.

FERNANDES, L. A.; FAQUIN, V.; FURTINI NETO, A. E.; CURI, N. Frações de fósforo e atividade da fosfatase ácida em plantas de feijoeiro cultivadas em solos de vár-zea. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, n. 3, p. 561-571, jul./set. 2000.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Car-los, SP. Programa e Resumo... São Carlos: UFSCar, 2000. p. 235.

GALRÃO, E. Z.; SOUZA, D. M. G. de; PERES, J. R. R. Caracterização de deficiências nutricionais em solos de várzeas da região dos cerrados. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, Brasília, v. 19, n. 9, p. 1091-1101, set. 1984.

HAAG, H. P.; MALAVOLTA, E.; GARGANTIA, H.; BLANCO, H. G. Absorção de nutrientes pela cultura do feijoeiro. Bragantia, Campinas, v. 26, n. 30, p. 381-391, set. 1967.

MARIANO, E. D. Resposta, níveis críticos e

eficiên-cia de extratores para boro em feijoeiro cultivado em solos de várzea. 1998. 82 p. Dissertação

(Mes-trado em Solos e Nutrição de Plantas) – Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Lavras, Lavras.

NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fósforo em solo e planta

em condições tropicais. Viçosa: UFV, 1999. 399 p.

RAIJ, B. van.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (Coord.). Recomendações de

cala-gem e adubação para o estado de São Paulo. 2. ed.

Capinas: Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. 285 p. (Boletim Técnico, 100).

RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B. de; CORRÊA, G. F. Pedologia: base para distinção de ambientes. 2. ed. Viçosa: NEPUT, 1997. 367 p.

SANCHEZ, P. A. Properties and management of soils

in the tropics. New York: J. Wiley, 1976. 618 p.

SILVA, C. C. da. Feijão. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 65, p. 50-54, maio 1980.

Referências

Documentos relacionados

O termo diligência consta na Resolução da SEEMG nº. 28 Constatadas irregularidades na prestação de contas, o processo será baixado em diligência pela SEE, sendo fixado

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, de 2007, e a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, instituída em 2009 foram a base

Aqui são propostas ações que visam a estimulação da Rede de Apoio para a promoção da inclusão educacional. Dentre todas, esta é considerada a mais ambiciosa,

O capítulo I apresenta a política implantada pelo Choque de Gestão em Minas Gerais para a gestão do desempenho na Administração Pública estadual, descreve os tipos de

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

O correu associação do estresse com os problemas de saúde, sendo que aqueles que apresentaram maior nível de estresse, se comparados aos que não apresentaram,

Considerando-se principalmente as diretrizes para relatórios de sustentabilidade para o setor de mineração e metais (GRI, 2010), a análise dos relatórios de