• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO HISTÓRICA: os conceitos substantivos e a memória social

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "EDUCAÇÃO HISTÓRICA: os conceitos substantivos e a memória social"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

EDUCAÇÃO HISTÓRICA: os conceitos substantivos e a memória social

Lilian Costa Castex 1

Esse trabalho apresenta as primeiras sistematizações de pesquisa realizada durante o Curso de Pós-Graduação em Educação-Mestrado, pela Universidade Federal do Paraná, com jovens de 8ª séries do ensino fundamental. Em minhas pesquisas a tentativa é perceber como jovens compreendem a configuração da História do Brasil de 1964 a 1984. Em que condições os jovens se relacionam com o conceito substantivo da História, a Ditadura Militar e a memória familiar, midiática e escolar. Sendo o conceito substantivo um conhecimento escolarizado a pretensão é perceber a sua presença em manuais didáticos, em Diretrizes Curriculares e programas da disciplina de história de 8ª séries. Estas investigações se fundamentam em conceitos substantivos2 (LEE, 2001) e se inserem no conjunto de pesquisas relativas à Educação Histórica.

Palavras–chave: Educação Histórica – Educação – Ditadura Militar

Historical Education: substantive concepts and social memory

This work shows the first outlines of the research made with 8th grade students during the Post-Graduation in Education – Master degree, in the Federal University of Paraná. In my researches the goal is to realize how youngsters understand the configuration of the History of Brazil from 1964 to 1984. The conditions in which youngsters relate to the substantive concept of History, Military Dictatorship and family, media and scholar memories. The substantive concept is scholar knowledge therefore the intention is to notice its presence in didactic manuals, in Curriculum guidelines and programs of the History Subject in 8th grades. These surveys are based upon substantive concepts2 (LEE, 2001) and are inserted in the researches related to Historical Education.

Key-Words: Historical Education, Education, Military Dictatorship.

O ensino de História vem sendo objeto de pesquisa e também a investigação da cognição e do ensino denominada como educação histórica. Tendo como referência os estudos de pesquisadores que tem centrado suas pesquisas em fontes, princípios e estratégias de aprendizagens entre outros, em minha pesquisa a investigação volta-se ao pensamento histórico dos alunos de 8 ª séries do Ensino Fundamental de Curitiba.

Para o estudo exploratório, autores como LEE, ASHBY e BARCA são referência, pois tratam de jovens no âmbito escolar nas suas relações com o conhecimento histórico. Esses autores são investigadores que se preocupam em desnudar as condições sociais dos discursos, historiográficos ou não e acreditam que não podemos afastar os jovens de aprender a dar respostas

1

Professora da Rede Municipal de Educação de Curitiba, Mestranda da linha Cultura, Escola e Ensino da UFPR, orientanda da Professora Dra Maria Auxiliadora Schmidt. li.castex@ibest.com.br

2

LEE, Peter. Progressão da compreensão dos alunos em História. In: BARCA, Isabel (org.). Actas das Primeiras

Jornadas Internacionais de Educação Histórica, realizadas na Universidade do Minho, nos dias 15 e 16 de junho

2000. Minho: Centro de Estudos em Educação e Psicologia /Universidade do Minho, 2001, pp. 13-27. (Perspectivas em Educação Histórica: cognição histórica e patrimônio: o que preservar?)

(2)

a uma outra questão de investigação histórica, pois necessitam saber como distinguir produções sobre o passado que sejam mais ou menos válidas historicamente, usando critérios de validade e de fontes em que se fundamentam. Acreditam que

“... se partirmos dos conhecimentos fornecidos pela pesquisa em cognição histórica sobre as idéias dos alunos, podemos concluir que crianças e adolescentes de países diferentes operam com argumentos mais ou menos sofisticados em relação à natureza da História”

(SCHEMILT, 1987;

WINEBURG,1991;BARCA,2000;CERCADILLO,2001;LEE,2003,2004a,b;ASBHY,200 3,2005;COOPER,2004).

Utilizando a educação histórica e os conceitos históricos aqui denominados como conceitos

substantivos (LEE, 2000), a questão é a busca de uma variável explicativa na compreensão de como os jovens apreendem os conceitos históricos, como estabelecem relações com o tema histórico, como ocorrem as relações dos jovens com determinado conceito substantivo da História e se ocorrem modificações na compreensão do estudante após o desenvolvimento do tema em classe nas séries finais do ensino fundamental.

O desenvolvimento do pensamento histórico das crianças e dos jovens indica à compreensão de situações do passado e para que isso ocorra é necessário a experimentação de procedimentos metodológicos que permitam aos alunos interpretar fontes históricas, tirar conclusões e avaliá-las. O jovem, nesta perspectiva é entendido como sujeito escolar e de sua formação, com idéias prévias e com experiências do contexto social.(SCHMIDT e GARCIA, 2006).

Propostas de educação histórica fundamentam-se em metodologias que favorecem a competência histórica e sugerem a necessidade dos alunos aprenderem a ler em diversas fontes históricas, a selecionarem as fontes, a entenderem os diferentes tempos e espaços históricos; a confrontarem as fontes nas suas mensagens e nas suas intenções e validade, a apresentarem novas questões ou novas hipóteses para investigação. Esses procedimentos são indicados por Peter Lee e fornecem argumentos para investigação no âmbito escolar junto aos alunos.

A educação histórica é investigada por Isabel Barca em pesquisa com adolescentes portugueses tentando estabelecer como percebiam a provisoriedade da explicação histórica. Algumas conclusões foram possíveis de serem observadas a partir de níveis explicativos constatados nas respostas dos alunos. Estes níveis explicam como os alunos entendiam as explicações sobre a educação histórica e o que se constatou são divergências nas respostas do instrumento de investigação. A partir das conclusões da pesquisa foram propostas algumas estratégias de aprendizagem. BARCA relata que a aprendizagem processa-se em contextos concretos nos quais os alunos usam suas experiências para dar sentido a um passado que não

(3)

conhecem, que existe uma multiplicidade de fatores que levam ao conhecimento, onde as idéias dos alunos de 7 a 14 anos apresentam uma progressão lógica e, a investigadora utiliza metodologia sistemática para a análise do desempenho dos alunos.

Assim como BARCA, a partir das minhas investigações busco analisar sistematicamente as narrativas dos jovens estudantes e suas idéias sobre os conceitos pesquisados e como estes relacionam com o conteúdos da disciplina de História. Investigações acadêmicas tem sido desenvolvidas a partir da década de 80 e procuram entender como se dá a compreensão histórica pelos alunos expressas em teorias lingüísticas, psicológicas e pedagógicas. Pesquisadores como Isabelle Beck(1989) que estuda sobre as relações entre as dificuldades de compreensão e dos conhecimentos prévios dos alunos, nos Estados Unidos, Linda Levstik(1992) que investiga a importância da construção da narrativa histórica e Peter Lee (1998) que estuda a compreensão do discurso histórico pelos alunos ingleses, buscam em sua pesquisas constatar a relatividade dos saberes históricos, seus princípios e modos de produção, principalmente no que se refere ao princípio da causalidade, assim como constatou Barca (2000; 2001).

A escolha de um conceito para analisar, recorte de investigação, demonstra a importância que se dá ao conhecimento histórico e as habilidades necessárias para que os alunos compreendam um determinado contexto histórico.

Com o objetivo de conhecer como os jovens estudantes do ensino fundamental vivem a experiência escolar e compreendem os conceitos de história, iniciei em março de 2005 um estudo exploratório em uma escola pública em bairro localizado na região sul da cidade de Curitiba, denominado Bairro Novo. Os alunos estudavam no período da manhã e assistiam três aulas de 50 minutos da disciplina de História semanais. Foram elaborados dois instrumentos para pesquisa, questionários, um para o professor e outro para os alunos.

O professor de História da turma é jovem, nasceu em 1973, portanto, vivenciou o contexto histórico e político do regime repressivo militar do Pós-64, ainda criança. Para este sujeito escolar sua leitura do contexto da época refere-se à memória de sujeitos familiares, dos meios de comunicação e de livros de pesquisadores sobre o assunto aos quais teve acesso.

No instrumento de investigação o professor responde a questões sobre o tema. Sua formação é como filósofo e posteriormente, forma-se e tem curso de especialização em História. Inicia sua carreira em 2002 e leciona em escolas de ensino fundamental no ensino público estadual e municipal. Na análise das respostas do questionário, percebe-se o professor coloca em sua narrativa uma visão mais generalista dos fatos históricos, com argumentos construídos como resultado de suas experiências pessoais e acadêmicas. Ao se referir sobre a importância do tema como conteúdo da disciplina, relata como tema significativo para ser tratado na escola e que o conteúdo aparece no livro didático da classe, utilizado por ele com os alunos. Solicitei que o

(4)

professor registrasse palavras preferenciais para tratar sobre o contexto do regime do Pós-64 no Brasil e ele selecionou a liberdade, o autoritarismo, os direitos políticos, o direito de defesa, o direito de escolha. As palavras selecionadas são consideradas como conceitos – chave que podem ser utilizadas para explorar o tema e enfatizar as questões políticas consideradas como as mais significativas neste contexto histórico.

Em sua narrativa o docente apresenta a comparação entre as formas de governo e a análise de letras de músicas da época como estratégias possíveis para trabalhar o conteúdo histórico da segunda metade do século XX. Pode-se inferir que a metodologia adotada pelo professor recorre a comparação para destacar as semelhanças e as diferenças em formas de governos, as permanências e as mudanças espaciais e temporais. As letras das músicas, segundo o professor, são uma forma de refletir sobre os anseios da sociedade da época, a contestação às formas repressivas de governo, à resistência.

O estudo exploratório objetiva a investigação dos procedimentos didáticos utilizados pelo docente no processo ensino –aprendizagem dos conteúdos de história. Após a aplicação dos instrumentos e as primeiras análises surgem novas indagações para saber quais são as estratégias utilizadas para a apresentação do conteúdo histórico para os alunos, qual livro didático utilizado e de que forma, como e se são usados outros materiais didáticos, se o professor tem preferência para trabalhar com algum deles. Dos materiais didáticos disponíveis qual expressa melhor o conceito de ditadura militar e o contexto da época, se é possível para o professor definir quais as expectativas dos seus alunos sobre o momento histórico a ser tratado. Se ao inserir novo tema em aulas de história, costuma investigar junto aos alunos que idéias eles possuem sobre o assunto. Essas questões podem trazer novas informações a educação histórica em classes do ensino fundamental.

O estudo exploratório envolve uma turma composta por trinta e cinco alunos, dezesseis meninos e doze meninas, dos quais vinte e oito alunos responderam ao questionário e sete faltaram no dia da pesquisa. A idade dos alunos é entre 13 a 16 anos. Nesta fase a intenção é identificar o sujeito escolar, como vivem , como pensam, como se relacionam uns com os outros. Para saber quem é esse estudante, o sujeito escolar, o jovem do ensino fundamental é necessário pensar no sujeito escolarizado. O conceito de jovem é recente, quando buscamos explicações ou conceitos que explicitem este período de transição dos sujeitos, encontramos autores como Marialice Foracchi que na introdução de seu texto sobre a juventude na sociedade moderna insere o jovem como categoria social e afirma que em seu comportamento estão contidas as omissões, as contradições e benefício de uma configuração social de vida, que sendo histórica é transitória. Apresenta a juventude como uma categoria que é descomprometida com as tarefas produtivas e que tem uma forma diversa de olhar a sociedade colocando-se como um ser criativo, onde sua

(5)

disponibilidade psicológica e social dá indicadores ao exercício da liberdade e da improvisação. No entanto seu espaço criador depara-se com um cotidiano incapaz de absorver seu processo criador e o seu desapego à produção formal. O jovem vê a sociedade como local que se antagoniza com seus propósitos porque este busca uma identidade. Definida como categoria histórico-social a juventude é também produto histórico enquanto movimento de juventude e neste caso, como a autora coloca, é considerada como consciência jovem, expressão que traduz conflitos e tensões que se desenvolvem no sistema social e que são datadas historicamente. Sob esta perspectiva percebe-se a sociedade na sua dimensão cultural, que passa a ser o marco de referência da contestação desses grupos. A tensão apresentada em movimentos juvenis não pode ser considerada como conflito de gerações. Um dos fatores da diferenciação de categorias sociais presentes na sociedade do século XXI é considerada como “...a recusa em aceitar a condição de adulto, refere-se, pois, ao modo de ser adulto, concretizado no arranjo convencional das estruturas institucionais”(FORACCHI,p.13).

O conceito de juventude nos remete a um período de vida dos sujeitos históricos que se define por características biológicas e culturais que configuram impressões únicas situadas dentro de uma sociedade e de um tempo histórico determinado. A sociedade cria condições mínimas para o jovem manifestar-se rejeitando a condição de adulto e esta aparente rejeição implica em indiferença, mas também que suas rejeições expressam a sua não aceitação de padrões de conduta rígidos, de valores estratificados e ao mesmo tempo indicam novas expectativas, novos rumos à sociedade nos aspectos econômicos, culturais e sociais. É com este sujeito histórico que concentro minha investigação compreendendo que as relações que estes atores sociais fazem com o conhecimento devem ser investigadas para se obter mais referências cognitivas no espaço escolar. Autores como Dubet e Martuccelli (1996) relatam que estudar para os jovens alunos é significativo quando deixam de lado a integração escolar e de identificação com o professor, própria das primeiras séries do ensino fundamental e passam a idéias mais voltadas a questões práticas e funcionais relativas à sociedade contemporânea como a utilidade do diploma e o interesse intelectual.

Pensando no sujeito social, no jovem estudante, é importante refletir como ocorre a relação jovem e conhecimento escolar em espaço determinado como uma classe de 8ª série do ensino fundamental de escolas de ensino fundamental de Curitiba. Como o jovem aluno entende um conteúdo proposto em programas escolares sobre um contexto social brasileiro que não vivenciou e conhece por meio da mídia, da família ou da escola? Do contexto histórico da segunda metade do século XX no Brasil, como o conceito substantivo Ditadura Militar se insere nas relações do jovem com o conhecimento histórico?

(6)

A pesquisa de campo ou estudo exploratório, momento inicial de um trabalho de pesquisa, compreende a materialização das relações teórico - práticas da pesquisadora e momento investigativo em que se podem fazer ajustes nos instrumentos investigativos tanto do professor quanto dos alunos com vistas propiciar as informações necessárias à pesquisa.

Para trabalhar os conteúdos é necessário trazer informações sobre a época que desejo tratar: O período da Ditadura Militar no Brasil do Pós -64.O contexto apresenta a crise política brasileira em 1961, quando João Goulart assumiu a presidência do Brasil logo após a renúncia do então presidente Jânio Quadros. Os setores conservadores aliados aos militares, deram início a uma campanha de desestabilização do Estado, uma vez que não concordavam com as medidas propostas pelo novo presidente. O pacote de medidas conhecido como Reformas de Base, incluía a reforma agrária, corte de subsídios dados à importação de certos produtos, reforma urbana, reforma bancária, eleitoral e educacional, sendo duramente combatido pela elite brasileira. Em 31 de março de 1964, um golpe militar derrubou João Goulart e os militares passaram a agir no sentido de desmobilizar toda e qualquer oposição ao regime.

Em 2005, apliquei um questionário para estudantes em escola pública de ensino fundamental, com vistas à investigação dos conhecimentos prévios. Considerei algumas questões relevantes como: O que é Ditadura? O que você sabe sobre Ditadura Militar no Brasil? Já ouviu familiares ou amigos falando sobre esse tema? Escreva o que comentavam: Ditadura Militar é...Após a aplicação do instrumento, percebe-se que as narrativas expressam o que cada estudante já conhece pelo termo ditadura, reconhecidas nos conteúdos já estudados anteriormente, na mesma série e presente no currículo escolar da disciplina de História como se observa nos exemplos: “É um regime militar, um jeito de governar”, “É um governo muito rígido como, por exemplo, o de Hitler”, “É um tipo de governo” , “Uma forma de governo rigoroso que não mede esforços para chegar ao seu ideal a Ditadura Militar”. Na questão, o que você sabe sobre Ditadura Militar no Brasil, os jovens relatam: “Um movimento fascista comandado por Vargas que acabou não acontecendo”, “Foi uma época de muitos massacres que vinham dos militares”, “Não sei nada sobre o assunto”. Na terceira questão: Já ouviu familiares ou amigos falando sobre esse tema? Escreva o que comentavam. “Já ouvi amigos falando”, “Falavam que o povo fazia protestos, era uma época difícil”, “Já ouvi na escola, comentavam que foi tempo difícil, mas que conseguimos passar!”, “Nunca os ouvi falando sobre isso”.

Assim como no instrumento investigativo do professor, para investigar as idéias tácitas dos jovens, solicitei que escrevessem sobre o conceito substantivo Ditadura Militar e as palavras mais citadas foram: política, militares, poder, censura e polícia.

È necessário fazer algumas considerações sobre os relatos apresentados, lembrando que o objetivo inicial não é a análise criteriosa das respostas, mas, verificar se os instrumentos, tanto do professor

(7)

quanto do aluno estão claros, conseguem dar conta em suas interrogações de obter informações que revelem dados empíricos que necessito para responder à minha investigação sobre a educação histórica.

Refletindo sobre as primeiras investigações do estudo exploratório, percebo a necessidade de centrar minhas investigações nos alunos organizando outro instrumento com mais questões que completem as já existentes. Minimizar as questões para o professor. Para 2007 os encaminhamentos são a realização da pesquisa em duas escolas, uma escola pública e uma particular com alunos do último ano do ensino fundamental para obter mais dados empíricos, denominadas escolas A e B. Os jovens são de bairros da periferia e do centro da cidade de Curitiba, estudantes da 8ª série do ensino fundamental. Os conteúdos selecionados fazem parte do programa curricular da série. No início do ano reelaborei o instrumento de pesquisa para os alunos acrescentando a iconografia, as questões sobre o tema do estudo exploratório e a chuva de idéias a partir do conceito ditadura. Fiz os primeiros contatos com profissionais das escolas selecionadas com vistas à organização da pesquisa e ao registro dos dados investigativos. Iniciei a pesquisa em duas escolas de Ensino Fundamental: Escola A, ensino particular, situa-se em bairro central da cidade de Curitiba, Paraná, Brasil. A escola, situa-se na zona sul da cidade de Curitiba, em região com alta renda per capita, sendo os moradores do bairro atendidos por um conjunto de escolas privadas, escolas e públicas e Universidade Federal do Paraná. A Escola B, de ensino público, situa-se em bairro periférico da cidade de Curitiba, região de baixa renda per capta, e os moradores são atendidos por quatro escolas públicas próximas, centro social com creches, posto de saúde público municipal, terminal de ônibus que atende também pessoas de outros municípios próximos à cidade de Curitiba. É um bairro residencial e nos últimos anos, com o crescimento populacional, o comércio local cresce rapidamente. O primeiro contato para o trabalho de investigação do ano de 2007 com a escola A foi a entrevista com a direção da escola, a verificação de manual didático e o acesso ao cadastro dos alunos. Já na escola B iniciei com entrevista com a pedagoga e com a professora da turma, verificação de manual didático e acesso ao cadastro dos alunos. Para efeito da pesquisa, serão consideradas algumas das condições necessárias à constituição do estudante como o perfil socioeconômico das famílias, o fluxo escolar desses alunos, as práticas culturais e atividades de lazer dos jovens atualmente em fase de observação. Para conhecer o local de investigação, verifiquei os espaços por onde circulavam os alunos (sala de informática, salas de aula, pátio do recreio, corredores) das duas turmas de 8ª série, tanto da escola A como da escola B. Os jovens situam-se em uma faixa etária entre 13 e 17 anos e residem, na sua maioria, no próprio bairro em que está localizada a escola ou em bairros circunvizinhos. O tema selecionado, pelo cronograma escolar, é abordado no segundo semestre letivo nas duas escolas pesquisadas. A escolha de um conceito substantivo, a Ditadura Militar para análise

(8)

demonstra a importância que atribuo ao conhecimento histórico e a habilidades necessárias para que os jovens estudantes compreendam o contexto histórico estudado. Os contatos escolares nas duas escolas são com a equipe pedagógica e com os professores regentes. Entrevistas com a pedagoga escolar, com os professores e acesso às fontes documentais escolares trazem subsídios para a elaboração da pesquisa. A partir desse conjunto de atividades no âmbito escolar, minha intenção é de natureza metodológica quanto à organização e a reflexão dos dados coletados tendo como referência os princípios norteadores da educação histórica, destacando os conceitos significativos, dando sentido aos conteúdos escolares e considerando as idéias tácitas dos alunos como expressão do seu presente e de suas experiências bem como estes se relacionam com as idéias históricas, consideradas segundo, ”( SCHMIDT e GARCIA, 2006) como “ ferramentas com as quais podem romper, decifrar e destruir a linearidade histórica, fazendo com que ela perca o seu poder como fonte de orientação para o presente.”

REFERÊNCIAS

BARCA, I. Perspectivas em Educação Histórica. In: Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Centro de Estudos em Educação e Psicologia. Universidade do Minho, Portugal, 2001.

COOL, C.: PALACIOS, J. et alli Desenvolvimento Psicológico e Educação. Psicologia evolutiva. Porto Alegre, Artes Médicas, 2001.

DUBET, F.; MARTUCCELLI, D. La Escuela. Sociología de la experiencia escolar. Buenos Aires, Losada, 1997.

FORACCHI, M, M. Juventude na Sociedade Moderna. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1971.

LEE, P. Progressão da compreensão dos alunos em História (Progression in students’understandings of the discipline of history) in: In: Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Centro de Estudos em Educação e Psicologia. Universidade do Minho, Portugal, 2001.

SORJ, B. Sociedade e Política no Brasil Pós-64. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

SCHMIDT, M.A; GARCIA, T.B. Pesquisas em Educação Histórica. In: Educar em Revista, Ed. UFPR, Curitiba, PR: edição especial, 2006.

Referências

Documentos relacionados

submetidos a procedimentos obstétricos na clínica cirúrgica de cães e gatos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa, no período de 11 de maio a 11 de novembro de

O número de desalentados no 4° trimestre de 2020, pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditarem que vão encontrar uma vaga, alcançou 5,8 milhões

A prevalência global de enteroparasitoses foi de 36,6% (34 crianças com resultado positivo para um ou mais parasitos), ocorrendo quatro casos de biparasitismo, sendo que ,em

Os interessados em adquirir quaisquer dos animais inscritos nos páreos de claiming deverão comparecer à sala da Diretoria Geral de Turfe, localizada no 4º andar da Arquibancada

Os principais objetivos deste projeto são o aumento da rentabilidade da unidade de Vilela, através da imputação de parte dos custos fixos aos produtos

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director

2 - OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é avaliar o tratamento biológico anaeróbio de substrato sintético contendo feno!, sob condições mesofilicas, em um Reator