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Simpósio Temático 1. Sonia Apparecida Siqueira (Universidade de São Paulo) Carlos André Cavalcanti (Universidade Federal da Paraíba)

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Academic year: 2021

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Simpósio Temático 1

O QUE MOVEU A INQUISIÇÃO? HISTÓRIA E CULTURA

HISTÓRICA DO SANTO OFÍCIO: ENTRE O TEMPO HISTÓRICO

DOS HOMENS E O TEMPO RELIGIOSO DA FÉ

Sonia Apparecida Siqueira (Universidade de São Paulo)

Carlos André Cavalcanti (Universidade Federal da Paraíba)

O presente Simpósio Temático põe em relevo a formação da mentalidade inquisitorial e da mentalidade predominante ao tempo em que teve vigência a instituição. Há de se levar em consideração a historiografia do Tribunal, seu imaginário, sua atuação e a presença de seus oficiais no Brasil e em outras áreas do Império Ultramarino Português. Ação inquisitorial no cumprimento de seus desiderata e nas suas frustrações. Busca-se compreender a relação entre o poder real, o eclesiástico e o inquisitorial, relação envolta pela atmosfera da cultura barroca então existente na Península e mal construída no mundo colonial. O poder da Inquisição e a Inquisição como poder.

04 DE SETEMBRO

O Santo Ofício e o poder de punir

Sonia Apparecida Siqueira Universidade de São Paulo

O presente estudo é o resultado de um olhar crítico sobre a ação social do Santo Ofício que, como tribunal teve o direito de julgar e punir.

A lenda negra da Inquisição, brotada já no seu tempo, selecionando certos aspectos de sua atuação que a crítica procurou enfatizar, prolongou-se na historiografia ulterior inspirada em posições radicais do anti-clericalismo que equivocadamente identificava o Santo Ofício com a Igreja quando ele era um Tribunal também e principalmente do Estado absoluto e também do liberalismo que, na esfera da liberdade de pensamento, precária conquista da evolução política posterior, condenava todas as formas de intolerância, mesmo as do passado.

Não percebia essa historiografia que além da sua super estima da laicidade e da tolerância podiam existir para a mentalidade do passado outros valores fundados na convicção de que entre a verdade religiosa e o erro da heresia o espírito não podia ficar neutro ou indiferente ou de que os desvios da fé, mais graves que os pecados individuais eram crime que punham em risco a existência social e a sobrevivência das instituições sobretudo as políticas.

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Ao voltar o olhar para certos procedimentos da Inquisição no exercício de seu poder de vigiar e punir, somos impelidos a verificar a interação homem-ambiente cultural do qual emergem as tônicas que dão fisionomia própria a cada época histórica. Explicar os valores que dominaram a época, tratando-os como dados da realidade que são, e localiza-los dentro do contexto da totalidade do existente é abrir a via para a inteligência das atitudes não só dos homens do Santo Ofício mas das populações que o acataram, que os apoiaram, que os estimularam.

A fundamentação teórica dos castigos assenta-se em bases teóricas, historiográficas e culturais. A seguir insere-se a relação das penas: a reclusão nos cárceres, o degredo, os açoites, as galés, o uso do hábito penitencial. A relação que se impõe leva a considerações sobre o problema da dor, do sofrimento, da liberdade, da marginalidade e exclusão social, do exílio, da solidão, da relação com o outro, induzindo à busca de uma visão da vida passada que além do material se aproxime do ideal totalizante da História.

O Direito Inquisitorial Medieval para o estudo do moderno Santo Ofício

Carlos André Cavalcanti

Universidade Federal da Paraíba

O estudo do moderno Tribunal do Santo Ofício necessita do conhecimento da origem medieval do ato de inquisição. Para voltarmos ao passado o máximo possível, vamos às raízes da autonomia do Direito Inquisitorial em relação ao Direito Canônico e ao diversificado Direito dos Príncipes. Este retorno ao medievo nos fará perceber a presença da dualidade entre o Tempo Religioso expresso no Fenômeno da fé cristã e o Tempo Histórico do poder, que hegemoniza o contexto e determina o sentido do direito para os “homens da fé”. Neste caminho, buscamos em Max Weber e em Gilbert Durand a noção de que o assim chamado “direito teocrático” não interfere, no Ocidente, na ruptura do direito baseado na “justiça popular” pelo direito “desencantador” e desmitologizador dos magistrados do príncipe, que trazem uma abertura para a positividade da justiça segundo normas e inquérito. Nesta expectativa de positividade, está a raiz do ato inquisitorial racionalizador.

Protestantismo e Inquisição na Colônia: o “luteranismo” nas confissões da Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil (1591-1595)

Daniel Soares Simões

Universidade Federal da Paraíba

Durante a Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil (1591-1595), compareceram à mesa do tribunal pessoas que confessaram haver travado contato com “luteranos” ou foram inquiridas a esse respeito por expressar opiniões tidas como “heréticas”. Nesses casos, o “luteranismo” abrange um conjunto variado de proposições que não são necessariamente protestantes nem

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implicam numa verdadeira adesão ao credo reformado. A despeito de sua imprecisão e de serem relativamente pontuais, os registros de suspeita de “luteranismo” são reveladores da atitude da Igreja para com a Reforma Protestante no início da Era Moderna, sobretudo a partir do Concílio de Trento (1545-1563). Segundo se acreditava, fazia-se necessário manter-se vigilante contra os inimigos da fé católica, fossem eles reais ou apenas presumidos. Este trabalho pretende discutir a relação entre Inquisição Portuguesa e Reforma Protestante, a partir das referências ao “luteranismo” nas confissões da Primeira Visitação.

Ora et Labora: cargos e funções dos tribunais inquisitoriais de acordo com

o Regimento de 1640

Afrânio Jácome

Universidade Federal da Paraíba

Propomos neste trabalho uma visão deontológica dos tribunais do Santo Ofício lusitano, observando suas disposições legais sobre os cargos e funções específicas de cada membro colaborador das diversas instâncias tribunalescas, utilizando como objeto central da exposição o Regimento inquisitorial português de 1640. As relações de poder, a hierarquização e suas disposições dentro do Regimento, as tarefas especificadas dos oficiais e ministros, enfim, tentaremos abordar algumas das diversas facetas que compuseram o quadro funcional dos tribunais lusitanos por mais de 134 anos. As interações desses membros inquisitoriais com a sociedade e o poder secular, os acordos e divergências internos e a mentalidade que permeava de diferentes formas as diversas funções nos apresenta um interessante e pouco estudado perfil dos estudos inquisitoriais.

A análise do elemento cristão-novo na historiografia de Sonia Siqueira e Anita Novinsky

José Runivaldo Marques Pascoal Universidade Federal da Paraíba

Esta comunicação tem a intenção de problematizar o elemento cristão-novo a partir das narrativas historiográficas de Sônia Siqueira e Anita Novinsky. Apontaremos as contribuições que as referidas autoras legaram para o estudo da temática inquisitorial no Brasil e para a compreensão das singularidades desses sujeitos históricos na Colônia; seus modos de vida, sua religiosidade e sua luta em relação a um ambiente fortemente marcado por um forte sentimento religioso católico que em certa medida ansiava o controle das consciências através de práticas no mínimo intolerantes, exercidas ora por parte da Coroa lusitana, ora por parte da Igreja. Visava-se homogeneizar as mentes dos colonos no tempo. Citar-se-á, também, o contexto histórico que propiciou a construção de duas produções das pesquisadoras supracitadas, que se tornaram referência para os modernos estudos da Inquisição, demonstrando-se que tipo de referenciais teóricos e metodológicos foram fundamentais para a elaboração

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de seus relatos e qual o significado de suas obras para o desenvolvimento da moderna historiografia inquisitorial e das correntes historiográficas que elas inspiram.

Um clássico (autor) em perspectiva: António José Saraiva e os cristãos-novos

Jorilene Barros da Silva Gomes Universidade Federal da Paraíba

A análise de uma obra historiográfica em âmbito acadêmico é um trabalho benéfico para a compreensão e maturação da crítica histórica e da própria Cultura Histórica concebidas em um dado momento cultural. O clássico “Inquisição e Cristãos – Novos”, de 1969, de António José Saraiva (1917-1993) é estudado aqui para se compreender dois aspectos que são imprescindíveis para a historiografia da inquisição e que possibilitaram um maior conhecimento do campo historiográfico inquisitorial, que esta em ascensão no circuito de pesquisa acadêmica. São eles: a revisitação e a apreciação do livro, pois as produções em torno da historiografia da inquisição têm esquecido ou “mitigado” alguns clássicos como: Elias Lipiner (1969), Bernardino Gonzaga (1993) e o próprio Saraiva. Assim, segundo Laura de Melo e Souza (2009) “Há uma tendência de querer dizer novidades. O grande

engodo é achar que para dizer algo novo seria preciso liquidar o que veio antes”. O primeiro objetivo deste trabalho é apontar a necessidade dos

estudiosos voltarem aos clássicos para o entendimento de determinadas nuances e aspectos da historiografia que explicam e norteiam a compreensão do debate historiográfica atual. O segundo objetivo deste artigo é atentar para a formação e/ou construção do ideário social e religioso dos cristãos–novos na sociedade portuguesa a partir da obra em tela, ou seja, a problematização acerca deste conceito atribuído a determinado grupo a partir do olhar contemporâneo de Saraiva em seu contexto, em sua Cultura Histórica.

O poder na Inquisição: as redes de cooperação política com o Santo Ofício no Império Português (Séculos XVI-XVIII)

Juarlyson Jhones Santos de Souza

Universidade Federal Rural de Pernambuco

Inicialmente uma instituição responsável por julgar crimes de heresia no Império Português, o Tribunal do Santo Ofício foi mais além e buscou exercer controle político e social sobre grupos específicos, sobretudo letrados, nas possessões portuguesas a partir do século XVI. Tais grupos assumiam comportamentos e religiosidades alternativas ao que era estabelecido pela Igreja, e por este motivo, foram interceptados pela ação inquisitorial. Este controle estava alinhado com outras formas de interesse político dentre os quais podemos referenciar os interesses do Estado português que se utilizava da via religiosa do Santo Ofício como forma de manter homogeneidade social em seus domínios. Por meio deste trabalho buscaremos discutir as

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possibilidades de análise oferecidas por uma nova historiografia que aprofunda as relações entre os sujeitos e as instituições, e que aborda a Inquisição como instituição impregnada de elementos políticos próprios das monarquias corporativas, através da qual se conjugaram as confluências entre as jurisdições do poder religioso, do poder real e de outras formas de poder secundárias que se manifestaram no cotidiano do funcionamento inquisitorial atendendo aos comandos corporativos das sociedades de Antigo Regime. Deste modo, nos propomos a demonstrar as possibilidades de análise das redes de cooperação entre as instituições administrativas e eclesiásticas com o Santo Ofício no Império Português que mutuamente objetivavam a satisfação de seus interesses.

05 DE SETEMBRO

Letrados e iletrados no século XVI: um estudo das assinaturas deixadas nos Livros da Inquisição em Pernambuco e Paraíba

Ana Sartori Gandra

Universidade Federal da Bahia

Durante a primeira visita do Santo Ofício ao Brasil, parte da população das Capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba compareceu perante a Mesa do Tribunal, impulsionada pelo Édito de fé e monitório geral afixado nas portas das principais igrejas das vilas. Junto às confissões e denúncias redigidas pelo notário da Inquisição, iam as assinaturas dos indivíduos que prestavam os depoimentos – daqueles que sabiam assinar, enquanto que aqueles que não o soubessem, deveriam declará-lo e solicitar ao notário que por eles assinasse. A partir da recolha e análise das assinaturas presentes nos livros produzidos nas referidas Capitanias, contrastadas com as informações sobre cada testemunhante, foi possível realizar um estudo dos níveis de letramento no Brasil quinhentista, observando-se a relação dos níveis de letramento com o perfil sociológico dos testemunhantes, tendo-se em vista a interação com fatores como sexo, condição religiosa, naturalidade, etnia e estrato socio-ocupacional. Pôde-se observar, entre outros aspectos, as diferentes atitudes dos testemunhantes perante o Tribunal, como o comportamento de homens e mulheres quando não sabiam assinar, a forma como se autodenominavam os testemunhantes que tinham ascendência judaica, a presença de índios, mamelucos, negros, mulatos e cafuzos, como estes se comportavam diante do Tribunal e como eram descritos pelo olhar do notário.

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Trópico dos pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil: uma leitura historiográfica

Elton Roney da Silva Carvalho

Universidade Estadual Vale do Acaraú

Com a Inquisição nascem procedimentos jurídicos que são baseados em procedimentos racionais totalmente influenciados por princípios religiosos; morais. A mentalidade da Inquisição deve ser observada para uma análise justa do seu procedimento. A formação do seu imaginário é fundamental para a compreensão de suas razões. Suas ferramentas são diversas e seu objetivo, dentro de sua complexidade organizacional e funcional, é apenas um: promover a fé cristã combatendo os chamados hereges. Hereges estes que são tão perseguidos no século XIII, que “o papa Gregório IX delegou a Domingos de Gusmão a tarefa de organizar um tribunal religioso encarregado de descobrir e inquirir os apóstatas do cristianismo, remetendo aos poderes civis a execução dos culpados de heresia” (VAINFAS, 2010). Sem dúvida que a Inquisição tinha uma estrutura de poder muito bem organizada e sua extensão alcançou os nossos trópicos. Sendo assim, percebe-se a importância da temática deste livro do Ronaldo Vainfas para uma Historiografia da Inquisição e seu posicionamento de poder real, eclesiástico e religioso. Objetiva-se a análise historiografia desta importante produção acadêmica para a Historiografia da Inquisição.

As denúncias ao Santo Ofício como fontes para os estudos inquisitoriais: micro-análise sobre uma família de cristãos-novos no Maranhão colonial

Eloy Barbosa de Abreu

Universidade Federal de Pernambuco

Qual relação se pode estabelecer entre as fontes inquisitoriais, o campo antropológico, religioso e a micro-história? Para responder a esta indagação faz-se necessário primeiramente um esclarecimento sobre o que definimos como fonte inquisitorial. As práticas do Tribunal do Santo Ofício na América portuguesa produziram milhares de processos e denúncias que se constituem em um riquíssimo corpus documental para os pesquisadores interessados em historiar a atuação da Inquisição no Brasil colonial. Recentemente, a disponibilização de fontes do arquivo da Torre do Tombo no campo virtual vem ampliando a produção historiográfica sobre o tema da (in)tolerância religiosa na América portuguesa. As visitações as localidades pelo poder eclesiástico e secular foi uma prática que se perpetuou desde a época medieval e se estendeu para as áreas coloniais. Destas inquirições se forjavam as denúncias que, persuadiam, por intermédio do interrogatório, os indivíduos à delação. É, sobretudo, a possibilidade de historiar percepções da realidade do campo religioso na América portuguesa a partir dos depoimentos, confissões e denúncias aos agentes da inquisição, que nos interessa refletir aqui.

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O “pai” da Inquisição portuguesa: os auxílios do poder real ao poder inquisitorial (1550-1580)

Paulo Hipólito

Universidade Federal da Paraíba

Nascida em 1536, a Inquisição portuguesa surge como uma instituição a serviço da Coroa. Por isso damos o adjetivo de “pai”, pois o Estado português a “geriu” e a “criou” – ou ajudou a criar-se – ao longo de sua existência – quase 300 anos. Sempre que a Inquisição precisou, o poder real a auxiliava em suas necessidades. A Santa Inquisição em Portugal, se não como uma “filha”, devia ser como um Ministério de Estado, assim como disse Anita Novinsky. Dito isto, a proposta do trabalho é estudar como se dava a relação dos reis portugueses com os representes do Santo Ofício na segunda metade do século XVI. A pesquisa se deu a partir da análise de cartas trocadas entre os dois poderes, que revelou, em varias partes dos documentos, a autorização de El

Rey para o envio de mercadorias e dinheiro ao Santo Ofício. Isso nos dá noção

de como se sucedia a relação do poder entre igreja e Estado, no Portugal quinhentista.

Entre práticas e resistências: as táticas dos moradores cristãos-novos de além-mar

Glaucenilda da Silva Grangeiro Universidade Federal da Paraíba Fernando Domingos de Aguiar Júnior Universidade Estadual da Paraíba

Quando da instituição do Tribunal do Santo Ofício em Portugal no início do século XVI, os cristãos-novos passaram a ser perseguidos pelas suas práticas e hábitos cotidianos. Palavras, gestos, alimentação, ritos funerários, juramentos serviam como parâmetro de indicação de práticas judaizantes. Nesta mesma conjuntura, se encontraram os moradores da longínqua colônia portuguesa no final do referido século. Em 9 de janeiro de 1591 chegou a Bahia o inquisidor, é a primeira visitação do Tribunal do Santo Ofício ao Brasil. A inquisição atravessara o oceano Atlântico, ocasionando uma verdadeira rede de delação entre os moradores de além-mar. Por meio de confissões e denúncias, os moradores da colônia perante o visitador iam tecendo os gestos e práticas da sociedade colonial. Os ditos cristãos-novos que habitavam a colônia praticavam em sua grande maioria um imbricamento de práticas religiosas. Catolicismo e judaísmo fundiam-se e conviviam em plena harmonia até a chegada desse Visitador. O presente trabalho se propõe a analisar que apesar da imposição de uma prática religiosa, o catolicismo, os moradores cristãos-novos da colônia, em particular nesta pesquisa, os moradores da Bahia, utilizavam-se de práticas de resistências, que se confundiam em seus atos ora com o catolicismo, ora com o judaísmo. Dentre as práticas analisadas destacaremos o caso da cristã-nova Ana Roiz a partir da historiografia de Elias Lipiner.

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Leitura e escrita aos olhos da Inquisição: aportes das fontes da primeira visitação do Santo Ofício para uma história da alfabetização no Brasil

Tânia Conceição Freire Lobo Universidade Federal da Bahia

A justiça inquisitorial foi exercida por dois modos: o estável – vinculado às sedes dos tribunais – e o ambulante – derivado das visitações dos inquisidores a pontos diversos do território sob sua jurisdição. Diferentemente do que se verificou na América espanhola, com a instalação de tribunais na Cidade do México e em Lima, em 1569-1570, e também em Cartagena de Índias, em 1610, na América Portuguesa, vingou o modo ambulante, tendo o Santo Ofício empreendido visitações ao Brasil. Da primeira visitação, realizada no século XVI à Bahia (nos anos de 1591 e 1592) e a Pernambuco (de 1593 a 1595), resultaram, 9 livros – 4 Livros de Denunciações, 3 Livros de Confissões e 2

Livros de Ratificações –, estando os remanescentes depositados no Arquivo

Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Analisando o conjunto de depoimentos prestados e assinados perante o Santo Ofício, constantes de todos os livros referentes à Bahia, este estudo (parte integrante de um projeto mais amplo, intitulado LEITURA E ESCRITA AOS OLHOS DA INQUISIÇÃO, que

investiga a história da alfabetização e as práticas de leitura e escrita na sociedade colonial brasileira com base no conjunto documental acima referido) recua à Bahia de final do século XVI, com dois objetivos centrais: 1) o de aplicar criticamente o chamado “método de cômputo de assinaturas”, indicador que, apesar de macroscópico, tem permitido instigantes aproximações sobre aspectos censitários da alfabetização em sociedades do Antigo Regime; 2) o de aferir os resultados obtidos aos apresentados por Francisco Ribeiro da Silva (1986), Justino Pereira de Magalhães (1994), Henrique Rodrigues (1995) e Rita Marquilhas (2000) para Portugal, atendendo, assim, ao requisito estabelecido de privilegiar o viés comparativo da análise. Considerando que uma parte do

corpus a ser analisado se extraiu do Primeiro Livro das Confissões, precederá a

apresentação dos resultados uma breve reflexão crítica sobre o conjunto de edições do referido livro até então localizadas, a saber: a) a de 1922: 1ª edição, com 250 exemplares, publicação original da “Série Eduardo Prado”, com prefácio do historiador Capistrano de Abreu; b) a de 1935: com 1.000 exemplares em papel comum e 150 em papel especial, não propriamente uma edição, mas a 1ª reimpressão da 1ª edição, cujos direitos autorais foram cedidos por Paulo Prado, sobrinho de Eduardo Prado, à Sociedade Capistrano de Abreu; c) a de 1997: feita sob a organização do historiador Ronaldo Vainfas e publicada pela Companhia das Letras. Tal reflexão visa, sobretudo, a apontar problemas de ordem filológica que, afetando as edições, afetam, em igual medida, análises que porventura se façam a partir das edições disponíveis e que não levem em conta o manuscrito original. Justifica-se, assim, a necessidade de uma edição filologicamente sustentada, que também será levada a cabo, não só do Primeiro Livro das Confissões, mas também de todo o conjunto documental produzido pelo Santo Ofício na sua primeira visitação ao Brasil. A análise da distribuição social da capacidade de escrita na Capitania da Bahia em finais do século XVI contemplará o seguinte conjunto de variáveis: o fato de ser o confitente/depoente homem ou mulher, a sua faixa etária, a sua condição

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religiosa (basicamente opondo cristãos-velhos a cristãos-novos), o local de origem do confitente/depoente (basicamente opondo portugueses a brasileiros) e, finalmente, o seu estrato sócio-ocupacional.

Um novo olhar acerca dos familiares do Santo Ofício da Inquisição portuguesa

Uilton dos Santos Oliveira

Universidade Católica do Salvador

Os estudos acerca dos familiares da Inquisição portuguesa têm apontado a existência de diversas transformações na atuação do Santo Ofício a partir do último quartel do século XVII e, sobretudo no século XVIII, monstrando-nos uma mudança de comportamento da Inquisição, principalmente no que se refere aos seus cargos. Contudo, a maioria deles não explicam as motivações que levaram a Inquisição a se posicionar de forma diferente. Ou melhor, evidenciam como causa, a pressão da burguesia mercantil por ascensão social, subestimando a instituição inquisitorial ao não mencionarem a contrapartida gerada a Inquisição. Nesse sentido, este trabalho tem como finalidade apontar uma nova possibilidade de análise do problema, sendo o mesmo o desafio que colocamos em pauta para a ampliação das discussões sobre os familiares do Santo Ofício.

Algunas notas sobre la presencia de la Inquisición en una ciudad de la periferia del imperio español (Córdoba, siglos XVII-XIX)

Jaqueline Vassallo

Universidad Nacional de Córdoba, Argentina

La instalación del Santo Oficio en los dominios de ultramar durante el reinado de Felipe II supuso la creación de los tribunales de Lima y México en 1569; y más tarde, el de Cartagena de Indias-, además de una serie de comisarías distribuidas a lo largo del extenso territorio. En este marco, Córdoba fue una de las ciudades elegidas por el tribunal limeño para establecer una comisaría, cuyas primeras actuaciones datan de principios del siglo XVII. Fundada en 1573 y situada en la periferia del Imperio español – actualmente ubicada en el área central de Argentina –, la ciudad ofrecía un contexto socio-político marcado por la presencia de dos instituciones centrales: la Universidad y el Obispado, que comenzó a funcionar a fines del siglo XVII.

El presente trabajo centrará el análisis en torno a las características que adquirió la Comisaría del Santo Oficio de la Inquisición de Córdoba, sus prácticas, el grado de relación con el Tribunal de Lima y con las autoridades religiosas y seculares en este peculiar contexto americano. Asimismo, intentaremos dar cuenta de las figuras delictivas en la que concentró su actividad represiva a lo largo de dos siglos de funcionamiento, y el impacto que tuvieron los mecanismos de control impuestos sobre la población local.

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Para su realización utilizaremos las fuentes albergadas en el Archivo del Arzobispado de Córdoba (Tomos I, II y III – Serie Inquisición) y Libros de Visita de Cárcel (Oficialía Mayor, Palacio 6 de julio, Municipalidad de Córdoba).

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