• Nenhum resultado encontrado

Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Medeiros e no University Hospital Galway

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Medeiros e no University Hospital Galway"

Copied!
116
0
0

Texto

(1)

i

(2)

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Medeiros

Agosto de 2019 a Novembro de 2019

Maria Carolina Borges de Oliveira

Orientador : Dr.(a) António Julião

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Helena Vasconcelos

(3)

iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências

bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a

prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 15 de Novembro de 2019

Maria Carolina Borges de Oliveira

(4)

iv

Agradecimentos

Ao Dr. António Julião por me dar a oportunidade de estagiar na sua farmácia, aceitando-me como parte da sua equipa.

À Dra. Glória, Dra. Cecília, Dra. Amélia, Catarina, Marta, Pedro e Sr. Faria por me apoiarem e guiarem durante estes 3 meses. Graças a vocês, tornei-me mais independente e confiante em todas as tarefas que me foram atribuídas, pelo que vos estou muito agradecida.

(5)

v

Resumo

O estágio curricular é a etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, onde nos é possível aplicar os conhecimentos técnico-científicos adquiridos ao longo do curso. O presente relatório foi o resultado de 3 meses de estágio (13 de Agosto a 13 de Novembro) na Farmácia Medeiros, em Vila Verde, Braga, sob orientação do Dr. António Julião Santos Silva. Este relatório está dividido em duas partes: a parte I, onde descrevo as atividades desenvolvidas relativamente à gestão da farmácia, dispensa de medicamentos e produtos de saúde e aconselhamento farmacêutico e a parte II, onde se encontram detalhados 2 projetos que desenvolvi em contexto de farmácia comunitária. O projeto I surgiu da necessidade da farmácia realizar um elevado número de reservas de medicamentos e produtos de saúde por dia. Nesse sentido, foi feito um levantamento de todas as reservas efetuadas durante o mês de setembro e foram estudados os produtos e os motivos que potenciaram tal número de reservas. O projeto II foi mais orientado para o utente, especificamente o utente que faz medicação anticoagulante, tendo-se avaliado o conhecimento do mesmo acerca da sua medicação oral anticoagulante, através de um questionário. Ao mesmo tempo, foi feito um folheto com o objetivo de educar o utente sobre as principais questões relativas à medicação oral anticoagulante.

De um modo geral, o estágio em farmácia comunitária revelou-se uma ótima oportunidade de aprendizagem, tanto a nível profissional como pessoal. Tive a possibilidade de assimilar novos conhecimentos e tornar-me mais autónoma no que diz respeito ao aconselhamento e indicação farmacêutica, assim como a nível da gestão da farmácia.

(6)

vi

Índice

Agradecimentos ... iv

Resumo ... v

Índice de tabelas ... viii

Índice de figuras... ix

Índice de anexos ... xi

Lista de abreviaturas ... xii

Parte I - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. Descrição e contextualização ... 1

1.1 Localização e horário de funcionamento ... 1

1.2 Espaço exterior... 2 1.3 Espaço interior... 2 1.4 Recursos humanos ... 3 1.5 Perfil de utente ... 4 1.6 Sistema informático ... 4 1.7 Fontes de informação ... 4 2. Gestão farmacêutica ... 4 2.1 Gestão de stocks ... 4 2.2 Fornecedores ... 5 2.3 Realização de encomendas ... 5 2.4 Receção de encomendas... 7 2.5 Marcação de preços ... 8 2.6 Reservas ... 8 2.7 Devoluções ... 9

2.8 Gestão de faturação e receituário ... 9

3. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde...10

3.1 Medicamentos sujeitos a receita médica ...10

3.1.1 Receita eletrónica ...11

3.1.2 Receitas manuais ...12

3.1.3 Sistemas de comparticipação ...13

3.1.4 Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ...13

3.2 Medicamentos não sujeitos a receita médica ...14

3.3 Medicamentos manipulados ...15

3.4 Produtos de dermocosmética ...16

3.5 Produtos de puericultura ...16

3.6 Suplementos alimentares ...16

(7)

vii

3.8 Fitoterapia ...17

3.9 Medicamentos e produtos de uso veterinário ...17

3.10 Dispositivos médicos ...18

4. Aconselhamento farmacêutico e casos clínicos ...18

5. Formação ...19

6. Outros serviços prestados na farmácia ...19

7. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos ...20

8. Consultas de nutrição, podologia e audiologia ...20

9. Valormed ...20

Parte II – Temas desenvolvidos durante o estágio ...21

Tema 1. Estudo do número e tipo de reservas efetuadas na farmácia ...21

1. Enquadramento ...21

2. Objetivo ...21

3. Métodos ...21

4. Resultados e Conclusão ...22

Tema 2. Avaliação do grau de conhecimento do utente que faz medicação anticoagulante sobre a sua medicação anticoagulante oral. ...24

1. Contextualização ...24

2. Indicação terapêutica...25

3. A cascata de coagulação ...26

4. Antagonistas da vitamina k ...27

4.1 Interações com fármacos ...28

4.2 Interações alimentares ...28

4.3 Reversão ...29

5. Novos anticoagulantes orais (NACO) ...29

5.1 Tipos de NACO ...29 5.3 Interações ...31 5.2 Reversão ...31 6. Educação do doente ...32 7. Objetivo ...32 8. Métodos ...33 9. Resultados e discussão ...33 Conclusão ...37 Referências bibliográficas...38 Anexos ...42

(8)

viii

Índice de tabelas

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio... 1 Tabela 2 – Outros grupos farmacoterapêuticos e produtos de saúde reservados ...43

(9)

ix

Índice de figuras

Figura 1. Número de embalagens de medicamentos e produtos de saúde (barras a azul) e de medicamentos e produtos de saúde diferentes (barras a vermelho) reservados, por cada dia do mês de setembro. ...42

Figura 2. Principais grupos farmacoterapêuticos/produtos de saúde reservados durante o mês de setembro ...42

Figura 3. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 2- Sistema Nervoso Central- durante o mês de setembro ...43 Figura 4. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 3- Aparelho Cardiovascular- durante o mês de setembro ...44 Figura 5. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 1- Medicamentos anti-infecciosos- durante o mês de setembro ...44 Figura 6. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 4- Sangue- durante o mês de setembro ...45 Figura 7. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 5- Aparelho respiratório- durante o mês de setembro ...45 Figura 8. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 6- Aparelho digestivo- durante o mês de setembro ...46 Figura 9. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 8- Hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas- durante o mês de setembro ...46 Figura 10. Medicamentos reservados do grupo farmacoterapêutico 15- Medicamentos usados em afeções oculares- durante o mês de setembro ...47 Figura 11. Motivo das reservas feitas durante o mês de setembro ...47 Figura 12. Principais medicamentos e produtos de saúde cujo motivo de reserva é “Sem produto” ...48 Figura 13. Principais medicamentos e produtos de saúde cujo motivo de reserva é “Sem stock”...48 Figura 14. Principais laboratórios reservados de medicamentos genéricos ...49 Figura 15. Folheto entregue aos utentes que faziam medicação oral anticoagulante (frente) ...52

(10)

x

Figura 16. Folheto entregue aos utentes que faziam medicação oral anticoagulante (verso) ...52 Figura 17. Número e percentagem de utentes que tomam cada tipo de anticoagulante oral53 Figura 18. Resposta dos utentes à questão 1.1 do questionário - Sabe o que significa a sigla INR? ...53 Figura 19. Resposta dos utentes à questão 2 do questionário - Porque razão toma a medicação anticoagulante? ...54 Figura 20. Resposta dos utentes à questão 3 do questionário – Sabe como funciona este medicamento no seu corpo? ...54 Figura 21. Resposta dos utentes à questão 6 do questionário – O que faz se se esquecer de tomar a última dose de medicação anticoagulante? ...54 Figura 22. Resposta dos utentes à questão 7 do questionário – Conhece os efeitos secundários mais frequentes desta medicação? ...54 Figura 23. Resposta dos utentes à questão 8 do questionário – Sabe a que sinais deve estar atento durante a toma da medicação anticoagulante? ...54 Figura 24. Resposta dos utentes à questão 9 do questionário – Sabe a qual o analgésico mais seguro para tomar, enquanto a fazer terapia anticoagulante?...54 Figura 25. Resposta dos utentes à questão 10 do questionário – É apropriado parar a medicação anticoagulante assim que se sente melhor? ...54 Figura 26. Resposta dos utentes à questão 11 do questionário – Deve ter algum cuidado alimentar ou outro enquanto toma a medicação anticoagulante? ...54 Figura 27. Resposta dos utentes à questão 12 do questionário- Que profissionais de saúde deve informar que se encontra a fazer esta terapia anticoagulante? ...54

(11)

xi

Índice de anexos

Anexo A – Gráficos e tabela representativos dos resultados obtidos no projeto 1 - Estudo

do número e tipo de reservas efetuadas na farmácia ... 42

Anexo B – Questionário utilizado no projeto 2 - Avaliação do grau de conhecimento do

utente que faz medicação anticoagulante sobre a sua medicação anticoagulante oral. ... 50

Anexo C – Folheto cedido aos utentes que participaram no projeto 2 - Avaliação do grau

de conhecimento do utente que faz medicação anticoagulante sobre a sua medicação

anticoagulante oral. ... 52

Anexo D – Gráficos representativos dos resultados obtidos do projeto 2- Avaliação do

grau de conhecimento do utente que faz medicação anticoagulante sobre a sua medicação

anticoagulante oral. ... 53

(12)

xii

Lista de abreviaturas

ACO – anticoagulantes orais

AFP - Associação de Farmácias de Portugal AIM - Autorização de Introdução no Mercado AINEs - Anti-Inflamatórios Não Esteróides AMI - Assistência Médica Internacional ANF - Associação Nacional das Farmácias

ARSN - Administração Regional de Saúde do Norte I.P AVC - Acidente vascular cerebral

CCF - Centro Nacional de Conferência de Faturas CNP - Códigos Nacionais de Prescrição

CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos CrCl – Creatinine clearance

CYP - Citocromo P450

DCI - Denominação Comum Internacional

DGAV - Direção-Geral de Alimentação e Veterinária DT - Diretor Técnico

EP - embolismo pulmonar FA - fibrilação atrial

FEFO - First Expired First Out FIFO - First In First Out FT - fator tecidual gpP - glicoproteína P

INR - Rácio Normalizado Internacional ISI - Índice de Sensibilidade Internacional IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado MG - Medicamentos Genéricos

MM - Medicamentos manipulados

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF - Os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia

(13)

xiii

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

NACO – Novos anticoagulantes orais OMS - Organização Mundial de Saúde PV - Prazo de Validade

PVA - preço de venda nos estádios de produção ou importação PVF - Preço de Venda à Farmácia

PVP - Preço de Venda ao Público SNC - Sistema Nervoso Central SNS - Serviço Nacional de Saúde TEV – Tromboembolismo venoso TFPI - Tissue Factor Pathway Inhibitor TP - Tempo de Protrombina

TVP - Trombose Venosa Profunda VVM - Via Verde do Medicamento

(14)

1

Parte I - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Descrição e contextualização

1.1 Localização e horário de funcionamento

A farmácia Medeiros está localizada na Praça 5 de Outubro, nº 78, no centro de Vila Verde, no distrito de Braga, ocupando o rés-do-chão de um prédio habitacional. Com uma localização privilegiada, a farmácia encontra-se a poucos minutos do Hospital da Misericórdia de Vila Verde e do Centro de Saúde, na zona central e mais movimentada da vila.

Esta farmácia foi fundada pelo Sr. Januário Medeiros em meados do século XIX. Em 1950 foi adquirida pelo Dr. António Julião da Silva, tendo-se mantido na família até aos dias de hoje.

A farmácia está aberta ao público de segunda a sexta-feira das 8h30 às 00h00 e aos sábados das 8h30 às 20h00, em regime contínuo. De 3 em 3 dias, alternando com as restantes Farmácias do centro de Vila Verde, encontra-se em serviço permanente, fazendo-se o atendimento durante 24 horas. Da mesma forma, de 3 em 3 fazendo-semanas, a farmácia encontra-se também aberta ao domingo durante 24 horas.

Durante o estágio fiz maioritariamente o horário das 13h-20h, tendo também feito, embora de forma menos regular, manhãs, noites e fins de semana (por opção). Abaixo encontra-se o cronograma das principais atividades realizadas durante todo o período de estágio:

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio Meses de estágio

Agosto Setembro Outubro Novembro

Receção de encomendas Gestão de devoluções Serviços farmacêuticos

Dispensa de medicamentos e produtos de saúde Organização e conferência do receituário

(15)

2

1.2 Espaço exterior

Tal como já referido, a farmácia Medeiros encontra-se na zona central de Vila Verde, sendo facilmente identificada pela existência da “cruz verde” e de fácil acesso. Na fachada encontra-se a inscrição do nome da farmácia. Na entrada, são visíveis as informações previstas pelo disposto no artigo 28º do Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, como a identificação do Diretor Técnico (DT), a sua função, o horário de funcionamento da farmácia, o nome da farmácia de serviço no município de Vila Verde, a sua localização e contacto, bem como o sinal de existência de livro de reclamações. Adicionalmente, e de acordo com o Decreto-Lei nº 58/2016, de 29 de agosto, está também sinalizada a obrigatoriedade de prestação de atendimento prioritário às pessoas com deficiência ou incapacidade, pessoas idosas, grávidas e pessoas acompanhadas de crianças de colo.

As duas montras, uma em cada lado da porta de entrada, são remodeladas periodicamente com produtos de venda livre que se pretendem vender, tendo em conta a altura do ano. Existe ainda uma zona para o atendimento noturno, com um postigo embutido no vidro e grades, sendo necessário tocar à campainha para que ocorra o atendimento.

1.3 Espaço interior

O espaço interior está dividido em diversas áreas, tal como previsto no artigo 29º do Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto. Há uma zona de atendimento ao público, uma zona de receção de encomendas e armazém, um laboratório, um gabinete de prestação de serviços, um gabinete de direção técnica, uma zona de descanso e, ainda, instalações sanitárias [1].

A zona de atendimento ao público possui um balcão com quatro postos, cada um com computador, impressora e leitor ótico. Imediatamente atrás do balcão de atendimento, podem ser encontrados expositores com produtos de higiene oral, suplementos alimentares, produtos dietéticos, dispositivos médicos e produtos de uso veterinário. Dependendo da época do ano, existem outros produtos expostos. De forma a facilitar e tornar o atendimento mais célere e ágil, os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) com maior rotação são colocados em gavetas, também atrás do balcão, nomeadamente paracetamol, ibuprofeno, laxantes, antiácidos, antigripais, antitússicos e descongestionantes nasais. No restante espaço de atendimento encontram-se expostos em lineares produtos de venda livre de dermofarmácia e cosmética, puericultura e ortopedia.

A zona de receção de encomendas ou backoffice encontra-se fora do alcance dos utentes, tal como o armazém, e é constituída por um computador, uma impressora, uma impressora de etiquetas e um leitor ótico.

(16)

3

No armazém, os medicamentos estão primeiro organizados de acordo com a sua forma farmacêutica e depois por ordem alfabética. O armazenamento correto e organizado dos medicamentos na farmácia é crucial para um atendimento eficiente e para uma gestão correta e atualizada do stock. O armazenamento dos produtos segue também os princípios First In First Out (FIFO) e First Expired First Out (FEFO). Isto tem uma relevância acrescida na medida em que se evita a existência de produtos com prazo de validade (PV) expirado no stock da farmácia, uma vez que ocorre primeiro a dispensa do produto com menor prazo de validade. Desta forma, é possível assegurar a rotatividade dos produtos e evitar a necessidade de realizar devoluções de produtos com prazo de validade excedido. No frigorífico encontram-se todos os medicamentos que requerem baixa temperatura para a sua conservação, como insulinas, vacinas, alguns xaropes e colírios. A temperatura no interior do frigorífico está regulada entre os 2ºC e os 8ºC, sendo monitorizada periodicamente. Toda a área da farmácia tem também um controlo de humidade temperatura, que deverá estar compreendida entre os 25º-30ºC, de forma a manter o bom estado de conservação dos medicamentos [2].

O laboratório, apesar de pequeno, é o local onde se encontra todo o material de laboratório (pipetas, provetas, funis, balança analítica, almofarizes e pilões) e onde se procede à preparação de manipulados simples.

O gabinete de prestação de serviços possui uma maca e uma mesa, e é onde ocorre a medição dos parâmetros físicos e bioquímicos e administração de injetáveis e vacinas, de forma a respeitar a privacidade dos utentes. Neste gabinete também se fazem consultas de podologia e ocasionais rastreios auditivos, sendo o local onde se encontra toda a bibliografia necessária à preparação dos manipulados.

O gabinete de direção técnica é onde o DT procede à gestão da farmácia. Aqui fazem-se todas as encomendas diárias e manuais, realiza-se a faturação e se lida com todos os assuntos burocráticos.

1.4 Recursos humanos

A farmácia Medeiros dispõe de 4 farmacêuticos, o diretor técnico, Dr. António Julião Santos Silva, a farmacêutica adjunta, Dra. Glória Silva e duas farmacêuticas, Dra. Amélia Silva Lopes e Dra. Ana Cecília Silva. A farmácia conta ainda com 4 técnicos auxiliares de farmácia, Martinho Faria, Catarina Rodrigues, Marta Ferreira e Pedro Rodrigues. Todos eles trabalham cerca de 8 horas por dia, em horários rotativos e encontram-se devidamente identificados mediante o uso de um cartão com o nome e título profissional.

(17)

4

1.5 Perfil de utente

Os utentes da farmácia são, na sua maioria, idosos com baixo grau de literacia. Esta constatação não é, de todo, surpreendente dada a proximidade da farmácia ao meio rural e a maior prevalência de patologias crónicas e de polimedicação associadas a este grupo etário. No verão, é possível observar-se uma maior diversidade de utentes uma vez que existe uma grande afluência de emigrantes.

1.6 Sistema informático

A farmácia Medeiros, tal como a maioria das farmácias em Portugal, utiliza o sistema Sifarma2000® da Glintt para o atendimento de utentes, realização e receção de encomendas, gestão de stocks, controlo de prazos de validade, marcação de preços e regularização de notas de crédito ou devoluções. Os seis computadores existentes na farmácia estão equipados com este software, que é bastante versátil e de utilização intuitiva, sendo uma ferramenta muito útil para acesso a informação técnico-científica atualizada sobre os medicamentos como posologias, indicações terapêuticas e reações adversas, o que facilita e otimiza a prática farmacêutica na dispensa dos medicamentos, especialmente para os estagiários.

1.7 Fontes de informação

Durante o período de estágio, tive acesso a diferentes fontes de informação, importantes à prática farmacêutica. Assim, pude consultar bibliografia como a Farmacopeia Portuguesa, o Prontuário Terapêutico e o Formulário Galénico Português. Graças a outras fontes, consegui ainda ampliar o meu conhecimento sobre produtos de ortopedia, puericultura e ostomia. Também usufrui de plataformas online como o INFOMED, o qual possui informação fidedigna acerca dos medicamentos, nomeadamente as suas indicações e posologias.

2. Gestão farmacêutica

2.1 Gestão de stocks

Além de ser um local de prestação de serviços de saúde, a farmácia tem uma forte vertente económico-financeira. De forma a assegurar a sua viabilidade económica, a gestão de stocks é uma tarefa fundamental na gestão de uma farmácia. Para isso, é crucial que exista um bom controlo da rotação dos stocks, a qual varia de acordo com a época do ano, de forma a suprir as necessidades dos utentes, evitando tanto a rutura, como a aquisição exagerada e a acumulação de produtos até ao termo do seu PV. Para evitar tais situações,

(18)

5

com auxílio do sistema informático, definem-se os stocks mínimos e máximos na ficha do produto, mediante o histórico de vendas na farmácia. Assim, cada vez que o stock de um produto atinja o stock mínimo, o sistema efetua automaticamente uma proposta de encomenda desse mesmo produto, a qual aparece na proposta de encomenda diária e que poderá ou não ser aceite pela pessoa que realiza a encomenda. Para garantir que os stocks estão sempre corretos é necessário efetuarem-se controlos regulares das existências na farmácia. Desta forma, um produto de elevada rotatividade exige uma aquisição constante, sendo muitas vezes adquirido em grande volume, o que permite a aquisição de bónus e/ou melhores condições de compra. Por outro lado, um produto com menor rotatividade deve ser adquirido pontualmente, de forma a evitar o risco de expiração do PV.

É importante ter também em consideração que a venda de produtos é muito influenciada por campanhas promocionais e publicitárias e receitas médicas, devendo ter-se um bom conhecimento do perfil dos utentes habituais e práticas de prescrição dos profissionais de saúde da região na qual a farmácia se encontra inserida, para que haja um bom desempenho na gestão do stock da farmácia. Esta gestão é também dificultada pela obrigatoriedade da farmácia em disponibilizar no mínimo três dos cinco genéricos mais baratos 3].

Deste modo, compreende-se a necessidade de uma boa gestão de stock, por forma a ter medicamentos em quantidade suficiente, tendo em conta a incerteza da procura e garantindo sempre a satisfação da mesma.

Durante o estágio, tive a oportunidade de realizar contagens físicas de existências e identificar erros e baixas no stock.

2.2 Fornecedores

A farmácia medeiros tem como fornecedores diários os distribuidores grossistas OCP Portugal, Botelho & Rodrigues e A. Sousa & C Lda. Menos frequentemente são feitas encomendas à Alliance Healthcare e Bramédica Lda. A aquisição de produtos pode também ser feita diretamente aos laboratórios, através da negociação com delegados representantes das marcas, que se deslocam periodicamente à farmácia. A escolha dos fornecedores tem normalmente por base a disponibilidade do produto e o preço de venda à farmácia (PVF).

2.3 Realização de encomendas

As encomendas aos distribuidores grossitas são habitualmente efetuadas através do programa informático Sifarma 2000® ou via telefone, sendo o DT o principal responsável pela sua realização.

(19)

6

Utilizando o Sifarma 2000® é possível realizar encomendas diárias e manuais. As encomendas diárias são geradas automaticamente pelo sistema informático, tendo em conta os stocks mínimo e máximo pré-definidos no Sifarma 2000®. Assim, e tal como referido anteriormente, quando o stock de um determinado produto atinge o stock mínimo, este passa a fazer automaticamente parte da encomenda diária de um determinado fornecedor (o principal fornecedor desses produtos, constante na ficha dos mesmos).

Acedendo à proposta de encomenda que o sistema gera, é possível ao diretor técnico fazer alterações às quantidades a encomendar e também retirar ou adicionar produtos, de acordo com as melhores condições de compra.

As encomendas manuais são efetuadas nos casos em que a farmácia tem necessidade de um dado produto, do qual não existe stock habitual. Normalmente tratam-se de produtos específicos de dermocosmética, ortopedia e ostomia.

Dada a elevada procura para uma baixa oferta, os medicamentos rateados e esgotados são encomendados por telefone.

Ao balcão, sempre que há procura de medicamentos que não fazem parte do stock ou estão em baixa, efetuam-se encomendas instantâneas através do sistema informático, sendo possível verificar no momento se o medicamento se encontra disponível, o PVF e a hora prevista de entrega do produto, de acordo com cada fornecedor. Todos estes fatores são determinantes na escolha do fornecedor, sendo idealmente escolhido o fornecedor que tem o medicamento disponível, entrega mais cedo e cobra um menor valor à farmácia.

Para alguns medicamentos existe a possibilidade de escolha entre encomenda instantânea e encomenda via verde, como é o caso do Xarelto®, Spiriva® e Trajenta®.

O mecanismo Via Verde do Medicamento (VVM) consiste numa via excecional de aquisição dos medicamentos abrangidos e é o resultado da parceria entre o Infarmed, associações de farmácias (ANF (associação nacional das farmácias) e AFP (associação de farmácias de Portugal), distribuidores por grosso de medicamentos e titulares de autorização de introdução no mercado (AIM). Este projeto visa melhorar o acesso dos cidadãos aos medicamentos pertencentes à lista de medicamentos cuja distribuição intra-comunitária é sujeita a notificação prévia ao Infarmed [4]. Para tal, é necessário que a farmácia coloque a encomenda via verde ao distribuidor aderente, sempre tendo como base uma receita médica válida. De seguida, o distribuidor satisfaz o pedido com o stock reservado para este tipo de encomendas, o qual é atribuído pelo titular de autorização de AIM do medicamento [4].

Mensalmente são também realizadas encomendas diretamente aos laboratórios, as quais são feitas pelo DT, junto dos delegados médicos dos respetivos laboratórios. Nestes casos, é possível negociar as condições de compra, sendo que, de uma forma geral e para se

(20)

7

poder beneficiar de bonificações e descontos específicos, estas encomendas são feitas em grande volume, tratando-se muitas vezes de produtos cosméticos, Medicamentos Genéricos (MG), MNSRM e de elevada rotatividade na farmácia.

Em termos de descontos, estes poderão ser comerciais ou financeiros, sendo que o desconto comercial é feito diretamente na fatura, em determinados produtos e o financeiro é apenas concedido em caso de pronto pagamento ou antecipação do pagamento.

Como estagiária, realizei diversas encomendas manuais e instantâneas, enquanto no atendimento de utentes. Tive também a oportunidade de realizar encomendas de produtos por telefone, especialmente de produtos esgotados e meias elásticas. Embora não tenha realizado qualquer encomenda diária, foi-me possível assistir a todo o processo estratégico necessário para fazer este tipo de encomendas.

2.4 Receção de encomendas

As encomendas são entregues diariamente em contentores ou caixas próprias identificadas com códigos internos e com o nome da farmácia, sendo que cada encomenda é acompanhada pela respetiva fatura e, muitas vezes, do duplicado. Uma vez que os produtos do frigorifico vêm separados dos restantes, em contentores próprios, rapidamente se identificam e colocam no frigorifico, anotando-se o seu PV. O processo de receção é feito em sistema informático, Sifarma2000®, entrando-se na área “Recepção de encomendas” e selecionando o número da encomenda respetiva. De seguida, coloca-se o número da guia ou lê-se o mesmo com o leitor ótico, o valor da encomenda e rececionam-se os produtos, sequencialmente, através da leitura ótica dos respetivos códigos nacionais de prescrição (CNP), fazendo-se a correção dos PV. Sempre que novos produtos são rececionados, são criadas as respetivas fichas de produto. No final, verifica-se o número de embalagens, o PVF, preço de venda ao público (PVP), a margem dos produtos de venda livre, os descontos e bonificações. Após finalizar a receção, os stocks são automaticamente atualizados, as etiquetas dos produtos de venda livre são impressas, a lista de produtos esgotados é transferida para outro fornecedor e as reservas de produtos recebidos são verificadas, sendo estes produtos guardados em local apropriado, separadamente dos restantes. Todas as faturas são arquivadas durante dez anos, por data e número crescente do número de fatura. No caso de serem rececionados psicotrópicos, estupefacientes ou benzodiazepinas, uma Requisição de Substâncias vem junto com a fatura, também em duplicado. O original destas requisições é arquivado durante um período de 3 anos e o duplicado, é assinado pelo diretor técnico, carimbado e devolvido ao fornecedor.

(21)

8

Se qualquer produto se apresentar em mau estado de conservação ou com PV curto (< 6 meses), estes devem ser considerados para devolução ao fornecedor.

Aquando da receção, os produtos são separados de acordo com a forma farmacêutica por forma a agilizar o processo de arrumação dos mesmos.

A receção de encomendas foi a primeira tarefa que me foi incutida quando iniciei o estágio. Desta forma, fiquei rapidamente familiarizada com os produtos existentes na farmácia, o seu local de armazenamento e a relação substância ativa - nome comercial, o que se revelou de extrema importância no atendimento aos doentes.

2.5 Marcação de preços

O PVP dos produtos de venda livre e dos MNSRM é definido pela farmácia, ao contrário do dos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), que já se encontra estabelecido e inscrito na embalagem secundária desses medicamentos.

A formação dos preços de MSRM não genéricos resulta da comparação com os preços em vigor nos países de referência, como Espanha, França e Itália, para o mesmo medicamento, ou caso este não exista, para especialidades farmacêuticas idênticas. Da referida comparação surge um PVA (preço de venda nos estádios de produção ou importação) médio, ao qual acrescem as margens de comercialização do distribuidor grossista e retalhista, taxa de comercialização e o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), resultando no PVP máximo a vigorar [5,6].

A formação de preços dos medicamentos genéricos resulta da comparação com um medicamento de referência, com igual dosagem e forma farmacêutica, devendo ser, no mínimo, inferior em 50% ao preço do mesmo [5].

Para definir o PVP dos produtos de venda livre e MNSRM, a farmácia tem em consideração o PVF, o IVA e a margem de lucro pretendida. Desta forma, durante a receção de encomendas, os produtos que não têm o preço inscrito na embalagem, mas já fazem parte do stock da farmácia mantêm o PVP que tem sido praticado. Aos produtos que são novos tem de se atribuir uma margem de lucro para se obter o PVP, tendo em conta os critérios acima descritos.

2.6 Reservas

Sempre que o utente requer um medicamento que a farmácia não possui no momento, faz-se a refaz-serva do produto em nome do mesmo, através do Sifarma 2000®. A refaz-serva é depois associada à encomenda do produto (normalmente instantânea), pelo que no momento em que a mesma é rececionada, uma lista dos produtos reservados presentes na encomenda aparece, imprimindo-se os respetivos talões. Estes produtos são então

(22)

9

embrulhados com o respetivo talão de reserva impresso e são armazenados por ordem alfabética do nome do utente.

Durante todo o estágio, tive a tarefa diária de imprimir os talões de reserva e separar e embrulhar os medicamentos reservados, aquando da sua receção.

2.7 Devoluções

Existem diversos motivos pelos quais se deve proceder à devolução de um produto, entre os quais o produto não ter sido encomendado, ser o produto errado, ter um prazo de validade reduzido ou expirado, encontrar-se danificado, e fazer parte de uma ordem de recolha por parte do Infarmed ou laboratório. O controlo dos PV é de elevada importância e na farmácia ocorre em dois momentos: aquando da receção das encomendas e mensalmente, quando se emite uma lista mensal dos produtos cujo prazo de validade é inferior a 3 meses. Todos os produtos que se encontrem nessa situação são então separados dos demais e colocados num local específico para que sejam vendidos primeiro. No caso de se proceder à devolução de algum produto, esta é efetuada através do programa Sifarma 2000®, na secção “Encomendas” – “Gestão de devoluções”. Aqui gera-se uma nota de devolução, sendo imperativo indicar o fornecedor, nome do produto e sua quantidade, motivo da devolução e referência da origem do produto. No final, é emitida a nota de devolução, em triplicado, sendo que o triplicado fica arquivado na farmácia e o duplicado e original são enviados juntamente com o produto para o fornecedor. De notar que todas têm de estar carimbadas e assinadas pela pessoa responsável pela devolução. Posteriormente, o fornecedor poderá aceitar ou não a devolução do produto. Caso aceite, poderá ocorrer a trocar do produto ou a emissão de uma nota de crédito à farmácia. No caso de não ser aceite, o fornecedor envia de novo o produto a devolver à farmácia, explicitando o motivo da não aceitação (habitualmente por se exceder o prazo permitido para devolução). Se a devolução não for aceite e o produto não se encontrar em condições de ser vendido, então a farmácia terá de declarar quebra do produto no stock, o que se traduz em prejuízo para a mesma. Independentemente da devolução ser aceite ou não, todas têm de ser regularizadas.

Ao longo do estágio, pude ajudar na verificação dos PV, emitir notas de devolução e proceder à sua regularização. A maior parte das devoluções que realizei foram de produtos reservados não pagos.

2.8 Gestão de faturação e receituário

A gestão da faturação e do receituário realiza-se no final de cada mês, sendo necessário enviar todo o receituário realizado durante esse mês às entidades responsáveis pela

(23)

10

comparticipação dos medicamentos, de forma que a farmácia possa receber o reembolso da comparticipação.

Para isso, faz-se a conferência do receituário, devendo garantir-se que todo ele cumpre as normas legais. Deste modo, confere-se se o número da receita que se encontra no verso corresponde à mesma receita e verifica-se se o organismo aplicado é o correto, a assinatura do utente e farmacêutico, carimbo e data. O receituário é de seguida agrupado por ordem numérica em lotes de trinta, divididos por plano de comparticipação. Por fim, é feito o fecho do receituário e é emitido um “Verbete de Identificação do Lote”, a fatura e a “Relação de resumo de Lotes”.

A fatura é emitida em triplicado sendo que o original e o duplicado são enviados para o Centro Nacional de Conferência de Faturas (CCF), juntamente com o receituário, e o triplicado é guardado na Farmácia por um período de 10 anos [7].

O principal organismo de comparticipação é o Sistema Nacional de Saúde (SNS), pelo que as receitas manuais comparticipadas por este organismo são enviadas por correio à Administração Regional de Saúde do Norte I.P. (ARSN), sendo reembolsadas as comparticipações pela mesma.

Existem ainda os organismos complementares de comparticipação, nomeadamente a Médis, Caixa Geral de Depósitos, entre outros. Assim, quando aplicável, são selecionados também os regimes adicionais de comparticipação no momento de dispensa, sendo impresso um talão que confirma a comparticipação. Este talão contém o número de beneficiário do utente e os medicamentos dispensados e é assinado pelo utente, sendo enviado, junto com a receita, para a ANF, a qual distribui o receituário pelos diversos subsistemas correspondentes.

No final, a farmácia é reembolsada com os respetivos valores das comparticipações efetuadas por cada uma das entidades financeiras responsáveis.

3. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

A dispensação de medicamentos não se restringe à mera entrega dos mesmos ou outros produtos ao utente. É também da responsabilidade do farmacêutico promover as condições para que o doente faça um uso correto, seguro e racional do medicamento ou produto, devendo para isso transmitir toda a informação necessária ao utente [8].

3.1 Medicamentos sujeitos a receita médica

Os MSRM são aqueles cuja dispensa apenas é efetuada mediante prescrição médica e que compreendem pelo menos uma das seguintes condições: constituam um risco para a saúde do doente; sejam utilizados sem vigilância ou com frequência em quantidades consideráveis

(24)

11

para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias ou preparações à base de substâncias, cuja atividade ou reações adversas sejam indispensáveis aprofundar; e se se destinam a ser administrados por via parentérica [9]. Deste modo, os MSRM estão subdivididos em três grupos, previstos na legislação, sendo eles: medicamentos de receita renovável, que são aplicáveis em algumas doenças que requerem tratamentos prolongados, para os medicamentos possam ser adquiridos mais que uma vez, sem necessidade de uma nova receita; medicamentos de receita médica especial, que se deve ao facto de possuírem, na sua constituição, uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, nos termos da legislação aplicável, e/ou substâncias que possam ser utilizadas ilicitamente, pela sua capacidade de dependência; medicamentos de receita médica restrita, que incluem os medicamentos de uso exclusivo hospitalar, e destinam-se ao tratamento de patologias cujo diagnóstico é apenas realizado em meio hospitalar ou que sejam dirigidos a pacientes cuja utilização seja suscetível de causar efeitos adversos muito graves, requerendo uma vigilância médica próxima e especial [9]. A prescrição destes medicamentos pode ser feita de forma manual ou eletrónica, sendo mais comum a receita eletrónica.

3.1.1 Receita eletrónica

A prescrição eletrónica surgiu no sentido de simplificar a prescrição, dispensa e faturação dos medicamentos. De igual forma, permitiu reduzir o número de erros associados à dispensa e alargar o período de tempo passível de levantamento dos medicamentos pelo utente. Existem dois tipos de receita eletrónica: a desmaterializada ou receita sem papel e a materializada [3], sendo que foi através da Portaria nº224/2015 de 27 de julho, que se deu início ao processo de desmaterialização das receitas eletrónicas [10].

Com o sistema Sifarma 2000® é possível ler o número da receita e digitar o código de acesso e o de direito de opção (quando o doente opta por um medicamento mais caro). Estas receitas, também denominadas “Guias de Tratamento” contêm a denominação comum internacional (DCI) da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a dimensão da embalagem, o número de embalagens, a posologia e o preço mais baixo que o medicamento pode custar ao utente [3].

No que respeita à validação das receitas eletrónicas, principalmente nas materializadas, existem diversos parâmetros a ter em atenção: a identificação do utente (nome, número de utente e de beneficiário de subsistema), a identificação do médico prescritor (nome, vinheta, contacto, especialidade e assinatura), a entidade financeira responsável e, se aplicável, a identificação do regime especial de comparticipação, a identificação do medicamento,

(25)

12

inclusive com o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), a data e validade da receita [3,9,10].

Em alguns casos, é possível a prescrição por denominação comercial. Para tal, na receita deve ser feita menção do motivo pelo qual foi efetuado. São motivos para prescrição por nome comercial: medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, quando há suspeita de intolerância, alergia ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa (reportada pelo Infarmed) ou quando o medicamento é destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Apenas no último caso é possível ao utente escolher um medicamento equivalente com um PVP inferior ao que foi prescrito.

Nas receitas materializadas, podem ser prescritos até quatro medicamentos diferentes, não ultrapassando o limite de duas embalagens por medicamento, nem o total de quatro embalagens. No caso de medicamentos em embalagem unitária, podem ser prescritas até quatro embalagens do mesmo medicamento. Estas receitas podem ser renováveis (até 3 vias) se se destinam a tratamentos continuados, ou não renováveis, no caso de se tratar de um tratamento de curta duração.

Ao contrário das receitas materializadas, as desmaterializadas permitem a prescrição de até 6 embalagens por medicamento, as quais podem ser dispensadas por um período de 6 meses, caso o tratamento seja continuado ou de até 2 embalagens, com o prazo de 1 mês para serem levantadas, sempre que se trate de um tratamento de curta duração [3,9,10]. 3.1.2 Receitas manuais

Uma vez que as receitas manuais podem apenas ser utilizadas excecionalmente, estas devem ter assinalada a razão da exceção, falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou prescrição máxima de 40 receitas por mês.

Adicionalmente, para ser válida, a receita deve ser escrita a caneta, não conter qualquer rasura, caligrafia ou cores diferentes, estar devidamente assinada e com data válida, ter o número da receita e código de barras, a identificação do médico prescritor com a indicação do nome e especialidade médica, número de célula profissional e respetiva vinheta, o local de prescrição e código de barras (quando aplicável), o nome e número do Serviço nacional de saúde (SNS) do utente, referência ao regime especial de comparticipação, designação do medicamento, a dosagem, forma farmacêutica, número de embalagens (inclusivamente por extenso), dimensão das embalagens e posologia. Adicionalmente, em cada receita manual podem constar no máximo quatro medicamentos distintos com limite máximo de 2 embalagens por medicamento e quatro embalagens no total, não sendo permitida mais que uma via [9,10].

(26)

13

3.1.3 Sistemas de comparticipação

A comparticipação da medicação tem como objetivo principal garantir o acesso dos cidadãos à medicação e às necessidades básicas da saúde. Deste modo, o Estado pode comparticipar a aquisição de medicamentos prescritos aos beneficiários do SNS e de outros subsistemas de saúde, através de um regime geral ou de um regime especial de comparticipação [9]. O regime geral prevê o pagamento, por parte do Estado, de uma percentagem do PVP dos medicamentos, de acordo com a sua classificação farmaco-terapêutica: escalão A – 90% B – 69%, C – 37% e D – 15%. Para além do regime normal de comparticipação, os regimes especiais permitem uma maior percentagem de comparticipação e aplicam-se a alguns pensionistas e doentes com determinadas patologias como Alzheimer, doenças inflamatórias intestinais e dor oncológica. Assim, para os pensionistas abrangidos pelo regime especial, a comparticipação acresce 5% para os medicamentos do escalão A e 15% nos restantes [3,9,10]. Para os doentes com diabetes, existe ainda a comparticipação de 85% do PVP das tiras teste e 100% do das agulhas, seringas e lancetas destinadas ao autocontrolo da doença [3, 11, 13]. No caso de doentes ostomizados e beneficiários do SNS, a comparticipação atinge os 100% para todos os dispositivos médicos de apoio [3,12,13].

Existem ainda outras entidades com um modelo de comparticipação próprio, em que os seus beneficiários têm direito a uma comparticipação acrescida, para além da comparticipação do SNS. Para ter acesso a essa comparticipação, o utente deve apresentar o cartão de beneficiário desse subsistema. São exemplos a assistência na doença aos militares (ADMG), Serviço de Assistência Médico Social – Sindicato Bancários (SAMS), EDP-Savida, Médis, entre outros.

A nível informático, estes planos de comparticipação traduzem-se em códigos numéricos: 01 que se trata do regime de comparticipação geral, 46 trata-se do regime de comparticipação para migrantes, 48 o regime de comparticipação para pensionistas, entre outros.

Enquanto no atendimento pude dispensar receitas comparticipadas por diversos subsistemas de saúde.

3.1.4 Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são fármacos com ação estimulante ou depressora do sistema nervoso central, sendo utilizados na terapêutica de patologias psiquiátricas, oncológicas e algesia. Dado o tipo de ação a nível do Sistema Nervoso Central (SNC), a toma destes medicamentos acarreta riscos, podendo os mesmos induzir facilmente tolerância e dependência física e psíquica no utente [14]. Por isso, e para evitar a

(27)

14

sua utilização ilícita, é fundamental que estes sejam utilizados para fins clínicos e de acordo com as indicações médicas, estando todo o seu circuito sujeito a um rigoroso controlo. Estando sujeitos a uma legislação específica, para poderem ser dispensados, estes medicamentos devem ser prescritos isoladamente ou a receita deve ser identificada como especial, no caso de ser eletrónica [3,15]. Além disso, o Sifarma 2000® requer o nome do médico prescritor e a identificação e morada da pessoa que adquire e da que utiliza a medicação, no caso de serem diferentes. No fim, junto com a fatura, é também impresso um documento comprovante da dispensa dos psicotrópicos, o qual é anexado a uma cópia da receita e arquivado na Farmácia ou é apenas arquivado o próprio documento de Psicotrópicos, caso a receita seja desmaterializada. Mensalmente, a farmácia envia ao Infarmed, por via eletrónica, uma listagem dos registos de entrada e saída destas substâncias.

Enquanto estagiária, tive a oportunidade de recolher por diversas vezes a informação pessoal dos utentes que faziam e levantavam este tipo de medicação.

3.2 Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM ou de venda livre são todos aqueles que podem ser vendidos sem receita médica e que não causem direta ou indiretamente prejuízo na saúde do utente e que se destinem ao tratamento de problemas de saúde ligeiros e sem gravidade. Estes não são comparticipados pelo SNS e o seu PVP é, como mencionado anteriormente, definido pela farmácia.

O utente procura regularmente a farmácia e o farmacêutico para resolver problemas menores de saúde dado o processo ser mais rápido e com menores encargos, evitando-se desta forma consultas médicas desnecessárias. Nestas situações, o utente pede um MNSRM específico (automedicação) ou o conselho do farmacêutico. Em ambos os casos, é da responsabilidade do farmacêutico recolher toda a informação relativa aos sintomas e a sua duração e questionar acerca de qualquer automedicação já feita. O farmacêutico deve também garantir que o utente se encontra devidamente informado sobre a posologia e indicação do MNSRM escolhido, de forma a promover a adesão e o uso racional e seguro do medicamento em questão, aconselhando sempre que se o problema de saúde persistir deverá consultar o médico.

Os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF) são um subgrupo de MNSRM que abrange todos aqueles cuja composição em substâncias ativas consta na lista de DCI’s definida no Regulamento dos MNSRM-EF. Estes podem apenas ser dispensados em farmácia, com o devido aconselhamento

(28)

15

farmacêutico e mediante o cumprimento das instruções dos protocolos definidos pelo Infarmed [16].

Ao longo do estágio, foram múltiplas as situações em que me deparei com casos de automedicação e de necessidade de aconselhamento farmacêutico.

As situações de automedicação prendiam-se com pedidos de Ben-u-Ron® 500, Brufen® 400, Vibrocil®, Voltaren emulgel®, Griponal®, entre outros. Em todos os casos procurei perceber qual a queixa da pessoa em questão de forma a verificar se o medicamento pedido era adequado ou não.

Em termos de aconselhamento farmacêutico, era muito comum os utentes apresentarem queixas de dores de cabeça, tosse, nariz congestionado, obstipação e cólicas.

3.3 Medicamentos manipulados

Um Medicamento Manipulado (MM) é todo aquele que é preparado e dispensado sob a responsabilidade do farmacêutico, o qual deve cumprir as boas práticas na sua preparação. O MM pode ser uma fórmula Magistral, quando preparado especificamente para uma pessoa, a partir de uma receita médica, ou preparado oficinal quando preparado com base na Farmacopeia Portuguesa ou o Formulário Galénico [17].

A preparação de MM é feita em conformidade com a Portaria nº 594/2004, de 2 de junho. Para isso, para cada MM é preenchida uma ficha de preparação, com a data de preparação, identificação e classificação do MM, o lote, a quantidade preparada, validade, procedimento de preparação, o nome do utente a quem este se destina, o nome das matérias primas, as quantidades utilizadas e os seus lotes e o PVP.

No final, o MM deve ser rotulado. O rótulo deve conter o nome da farmácia e do diretor técnico, o nome do utente e do produto, o número do lote, o PVP, data de preparação e PV, condições de conservação, modo de administração e advertências especiais à sua utilização [18].

O PVP do MM é calculado de acordo com a Portaria nº 769/2004 de 1 de julho, o qual é baseado no preço das matérias primas, materiais de embalagens e honorários. Estas parcelas são somadas e multiplicadas por 1,3, às quais acrescesse o valor do IVA à taxa em vigor (6%) [19].

De uma forma geral, os MM são comparticipados em 30% do preço respetivo [17].

Na farmácia Medeiros são preparados poucos MM, mas durante o estágio tive a oportunidade de assistir e auxiliar na preparação de alguns MM simples, de entre os quais um pó antitranspirante para os pés, constituído por pó talco, ácido salicílico e ácido bórico e um preparado de vaselina salicilada a 5%, utilizada como agente queratolítico.

(29)

16

3.4 Produtos de dermocosmética

Um produto cosmético é todo e qualquer produto de uso externo (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios, dentes) que tem como finalidade limpar, perfumar, proteger, modificar, manter ou corrigir um aspeto ou odor corporal [20].

Na Farmácia Medeiros, a área da dermocosmética não é muito desenvolvida, mas tem vindo a sofrer francas melhorias. Dado o tipo de clientes habituais, é importante tornar estes produtos mais atrativos e visíveis de forma a promover a sua venda. Também nesse sentido, periodicamente realizam-se na farmácia sessões de aconselhamento de dermocosmética. São exemplos de marcas cosméticas presentes na farmácia a Avène®, A-Derma®, Klorane®, LaRochePosay® e Galénic®.

Sem dúvida, esta foi a área em que senti mais dificuldade em termos de aconselhamento. Não só por não estar familiarizada com a diversidade de produtos, mas também pela falta de bases. Por este motivo, é de grande relevância que o farmacêutico possua uma formação completa e abrangente nesta área, de forma a avaliar corretamente os problemas apresentados pelos utentes, aconselhá-los adequadamente em cada situação e permitir satisfazer as suas necessidades.

3.5 Produtos de puericultura

Os produtos de puericultura correspondem a qualquer produto destinado a facilitar o sono, higiene, relaxamento, alimentação e sucção das crianças [21].

Na farmácia Medeiros, os artigos de puericultura estão expostos na zona de atendimento de modo a facilitar o acesso e escolha das mães. Estão incluídos nestes produtos, biberões, fórmulas, fraldas e também produtos de higiene e dermocosmética.

Durante o estágio foram raras as oportunidades de venda e aconselhamento destes produtos. Ainda assim, foi-me possível aconselhar determinados biberões a algumas recém-mamãs.

3.6 Suplementos alimentares

Os suplementos são regulamentados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Estes produtos destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias nutricionais ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, não servindo como prevenção, tratamento ou cura de doenças ou sintomas [22].

Os suplementos são bastante procurados pelos utentes da Farmácia, quer com ou sem indicação médica, destacando-se o Centrum®, Absorvit®, Magnesona®, Magnesium-OK® e Sargenor®. Suplementos como ALASOD® e ALANERV® tendem a ser mais dispensados

(30)

17

com receita médica. Uma vez que a farmácia tem apostado na Absorvit® muitos dos aconselhamentos que fiz recaíram sobre esta marca, nomeadamente quando os utentes se queixavam de fadiga mental e física.

3.7 Produtos dietéticos e para alimentação especial

Os produtos de alimentação especial destinam-se a satisfazer as necessidades nutricionais de determinadas pessoas devido à sua composição especial ou processos especiais de fabrico [23]. Assim, estão incluídos nesta categoria leites de transição, produtos para diabéticos, doentes oncológicos e intolerantes ao glúten. Na farmácia a principal marca de alimentação especial é a Fresubin®.

Os produtos dietéticos presentes na farmácia reduzem-se à Drenaslim® e Depuralina®, as quais são mais vendidas após as consultas de nutrição efetuadas na farmácia.

3.8 Fitoterapia

A fitoterapia abrange a terapêutica baseada no uso medicinal das plantas. Entre os produtos fitoterapêuticos incluem-se os medicamentos tradicionais à base de plantas também regulados pelo Estatuto do Medicamento. Estes contêm exclusivamente uma ou mais substâncias ativas derivadas de plantas, têm uma indicação específica e não necessitam de receita médica [9, 24].

Na Farmácia, os produtos fitoterápicos são bastante requisitados para tratar problemas gastrointestinais, urinários, de ansiedade e para emagrecimento, como é o caso de Pursennide®, Aquilea®, Agiolax®, Bekunis®, Fitos®, Livetan®. Pude recomendar em diversas ocasiões Bekunis® para melhorar situações de obstipação e Aquilea Relax® e Valdispert® para diminuir estados de ansiedade.

3.9 Medicamentos e produtos de uso veterinário

Um medicamento veterinário é “toda a substância (…) possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”. Estes produtos promovem assim a saúde animal e também a humana, pela diminuição do risco de transmissão de doenças zoonóticas, sendo regulados pela DGAV [25].

Dado que a maioria é de venda livre, torna-se bastante relevante a atuação e aconselhamento farmacêuticos, sendo um fator determinante para um bom aconselhamento o conhecimento do peso do animal.

(31)

18

Na farmácia os medicamentos de uso veterinário estão expostos ao público, em local separado dos produtos para uso humano. Os produtos mais procurados incluem os antiparasitários internos e externos, anticoncecionais e produtos de higiene tanto para animais de estimação como para animais de exploração.

No atendimento fui apenas confrontada com requisições de antiparasitários internos e externos para cães e gatos.

3.10 Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos correspondem a qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação para fins de prevenção, diagnóstico ou terapêutica, substituição ou alteração da anatomia ou processo fisiológico ou ainda para controlo da conceção. Além disso, devem atingir os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações farmacológicas, distinguindo-se dessa forma dos medicamentos [26].

Na farmácia Medeiros existe uma vasta gama de dispositivos médicos, entre eles as compressas, lancetas, material de penso, meias elásticas e produtos ortopédicos.

Ao longo do estágio contactei por diversas vezes com utentes que requeriam pensos para calos e queimaduras e material ortopédico, como estabilizadores de pulso e corretores de coluna. Uma vez que não tinha qualquer conhecimento sobre como aconselhar produtos ortopédicos, procurei descobrir quais as diferentes situações que poderiam requerer cada produto presente na farmácia e também como proceder à sua colocação. Também me foi possível aconselhar uma pré-mamã na utilização de uma cinta durante a gravidez.

4. Aconselhamento farmacêutico e casos clínicos

Na farmácia Medeiros pude fazer vários aconselhamentos farmacêuticos, nas mais diversas situações. Identifiquei um caso em que uma utente estava a tomar um medicamento de marca e o respetivo genérico ao mesmo tempo. No momento procurei explicar à utente que os 2 medicamentos eram iguais, pelo que deveria fazer apenas um. Em termos de apelo à adesão da medicação tenho a destacar o caso de uma utente à qual tinha sido prescrita pela primeira vez a toma de aspirina para um problema de coração. Após a leitura do folheto informativo, a utente regressou à farmácia expondo a grande preocupação na toma do medicamento devido aos seus possíveis efeitos secundários. Expliquei à senhora a importância da adesão à terapêutica uma vez que as consequências na sua saúde poderiam ser piores se não tomasse a medicação.

(32)

19

A. Senhora com insuficiência renal, com ligeira inflamação num joelho. Pediu especificamente para não lhe dar comprimidos. Dispensei Picalm® spray uma vez que é um anti-inflamatório tópico, pelo que o risco de dano renal está bastante reduzido.

B. Utente com dor abdominal forte causada por gases. Dispensei o anti-flatulento Aero-OM® 125mg cápsulas moles, explicando ao senhor que deveria tomar a medicação até 3 vezes por dia.

C. Utente com queimadura de 1º grau que requeria algo que ajudasse na cicatrização. Dispensei Biafine® e indiquei a sua utilização até 3 vezes por dia.

D. Adolescente que pediu Ben-U-Ron® xarope para o irmão de 3 anos uma vez que este tinha um abcesso na cara. Expliquei ao utente que o Ben-U-Ron® não iria resolver o problema e que a criança deveria ir o mais rápido possível ao médico porque provavelmente iria precisar de um antibiótico.

E. Utente que pediu alguma coisa para lhe tirar a tosse. Questionei se se tratava de tosse seca ou com expectoração, se já tinha tomado alguma coisa e há quanto tempo tinha os sintomas. Uma vez que se tratava de uma tosse seca irritativa, dispensei as pastilhas Bisoltussin® e expliquei a respetiva posologia e duração do tratamento.

5. Formação

As ações de formação vêm colmatar a necessidade dos farmacêuticos de se manterem constantemente atualizados e informados sobre essencialmente novos produtos no mercado e na farmácia. Desta forma, tive a possibilidade de assistir a 3 formações na farmácia, uma sobre um descongestionante nasal para bebés da Aboca®, outra sobre os suplementos vitamínicos da Absorvit® e a última sobre produtos ortopédicos da Prim®. Fora da farmácia, pude também assistir a uma formação de produtos da GSK® e outra de um novo equipamento de auto-vigilância dos valores de glicémia da Onetouch Verio®. Estas formações revelaram-se de grande importância uma vez que fiquei a conhecer melhor os produtos presentes na farmácia e a saber como e em que contexto os deveria aconselhar.

6. Outros serviços prestados na farmácia

Na farmácia medeiros é também possível fazer a determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos, administração de injetáveis e vacinas e também consultas de nutrição, podologia, audiologia e aconselhamento em dermocosmética.

(33)

20

7. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos

A farmácia Medeiros disponibiliza aos seus utentes, a possibilidade de medição da pressão arterial, glicémia, colesterol total, LDH, HDL e triglicerídeos. No final da medição é entregue ao utente um cartão com os valores obtidos e é feito um aconselhamento personalizado. Durante o estágio foram poucas as vezes em que os utentes procuraram determinar os seus parâmetros fisiológicos e bioquímicos.

8. Consultas de nutrição, podologia e audiologia

Quinzenalmente, realizam-se, na Farmácia Medeiros, consultas de nutrição por uma nutricionista, nas quais os utentes usufruem de sugestões personalizadas ao seu estilo de vida e características físicas, sendo que a nutricionista tende a sugerir alguns produtos dietéticos presentes na farmácia como complemento às dietas alimentares.

As consultas de podologia realizam-se também de 15 em 15 dias, verificando-se habitualmente que são utentes com micoses que as procuram.

As consultas de audiologia são mais raras, feitas 1 vez por mês, nas quais se realizam exames auditivos gratuitos.

De uma forma geral, as marcações destas consultas são da responsabilidade da farmácia.

9. Valormed

A farmácia Medeiros faz a recolha de medicamentos fora do PV e embalagens de medicamentos através da Valormed. A Valormed é uma sociedade sem fins lucrativos que visa recolher e processar os resíduos medicamentosos domésticos de forma segura para a saúde humana e sustentável ao ambiente.

Deste modo, os medicamentos são depositados em contentores próprios, os quais, quando completos, são selados e enviados para centros de triagem através dos distribuidores aderentes [27].

Para além disso, periodicamente, em datas previamente anunciadas, a Assistência Médica Internacional (AMI), em colaboração com a ANF, realiza campanhas de recolha de radiografias em que o objetivo é obter fundos para financiar ações humanitárias através da separação da prata das radiografias que já não têm interesse para o doente.

Ao longo do estágio pude presenciar a elevada adesão da população ao projeto Valormed, tendo enviado quase quinzenalmente um contentor Valormed para o centro de triagem.

(34)

21

Parte II – Temas desenvolvidos durante o estágio

Tema 1. Estudo do número e tipo de reservas efetuadas na farmácia

1. Enquadramento

Com o sistema Sifarma 2000® é possível fazer reservas de produtos que não se encontram na farmácia. Existem diversos motivos para o produto reservado não se encontrar na farmácia no momento de venda, como o produto estar esgotado, o stock ser insuficiente (no caso do utente querer mais unidades do produto do que as que existem em stock), ou nulo, ou o produto não fazer parte do inventário usual da farmácia.

Durante as primeiras semanas de estágio tornou-se evidente o grande número de reservas feitas por dia. Por esse motivo, achei útil desenvolver um projeto nesse sentido.

2. Objetivo

Avaliar o número de reservas feitas diariamente e elucidar acerca do motivo pelo qual cada reserva foi feita e o tipo de produtos que são tipicamente reservados.

3. Métodos

No final de cada dia do mês de setembro verifiquei a lista de reservas presente no sistema Sifarma 2000®. Para isso, incluí apenas as reservas feitas no próprio dia, estando elas já dispensadas ou por dispensar. Recolhi, com recurso ao programa Excel, toda a informação de cada produto reservado, incluindo a forma farmacêutica, laboratório e grupo farmacoterapêutico. A folha Excel foi organizada pela data em que foram feitas as reserv as e por utente, sem qualquer informação pessoal ser utilizada.

De forma a determinar o motivo pelo qual o produto foi reservado, foi verificada para cada um a informação da última compra. Assim, se o produto nunca tivesse sido adquirido ou fosse adquirido de forma esporádica pela farmácia, o motivo da reserva do produto era considerado como não fazendo parte do inventário habitual (“sem produto”); se o produto fosse comprado de forma regular, então o motivo seria o de stock insuficiente/sem stock do produto (“sem stock”). Nesta última situação verificava também se era possível fazer uma encomenda instantânea do produto, por forma a determinar se estaria esgotado ou não. Nos casos em que se fez reservas por não existir stock do produto e cuja encomenda instantânea não era possível, então o motivo da reserva passava a ser o facto do produto se encontrar esgotado. Tem importância mencionar que medicamentos com o mesmo princípio ativo e diferente dosagem e/ou de diferentes laboratórios foram considerados medicamentos diferentes.

Referências

Documentos relacionados

amplification of mycobacterial DNA in clinical samples. Use of polymerase chain reaction for rapid diagnosis of tubercu- losis. Detection of Mycobacterium tuberculosis in spu-

Immunization with Bacillus spores expressing toxin a peptide repeats protects against infection with Clostridium difficile strains producing toxins A and B. Infection

Nesta secção era perguntado aos estudantes qual a sua disponibilidade para participar numa IVG, em que circunstâncias (nos casos de violação, risco de vida para a mulher, risco

avaliaram um grupo de 44 doentes com LHON submetidos ao tratamento com idebenona, comparando os que desenvolveram per- da de visão com os que não tinham tido diminuição da

29 Table 3 – Ability of the Berg Balance Scale (BBS), Balance Evaluation Systems Test (BESTest), Mini-BESTest and Brief-BESTest 586. to identify fall

Como se pode constatar, unindo os vértices de contacto dos frames vizinhos através de segmentos de recta horizontais ou verticais (segmentos a grosso) pode ser construída uma

O mecanismo de competição atribuído aos antagonistas como responsável pelo controle da doença faz com que meios que promovam restrições de elementos essenciais ao desenvolvimento

Curvas da Função Condutividade Hidráulica para os processo de umedecimento ou infiltração, obtidas por métodos de campo método do permeâmetro Guelph e indireto de laboratório no