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O uso de revistas eletrónicas por docentes/investigadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto : estudo bibliométrico

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

O uso de revistas eletrónicas por docentes/investigadores da Faculdade

de Letras da Universidade do Porto: estudo bibliométrico

Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação

Orientador FEUP/FLUP: Professora Doutora Cândida Fernanda Antunes Ribeiro

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O uso de revistas eletrónicas por docentes/investigadores da

Faculdade de Letras da Universidade do Porto: estudo

bibliométrico

Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação

Aprovado em provas públicas pelo júri:

Presidente: António Manuel Lucas Soares, Professor Associado do Departamento de Engenharia Informática da FEUP

Vogal Externo: Maria Manuel Lopes de Figueiredo Costa Marques Borges, Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Orientador: Cândida Fernanda Antunes Ribeiro, Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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Quando iniciares uma viagem, não te preocupes apenas com o destino, preocupa-te também com o caminho!

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Agradecimentos

O primeiro agradecimento tem que ir para os meus pais. Sem o apoio e incentivo da parte deles não seria possível ter chegado onde cheguei…

Ao meu pequenino irmãozinho que muito contribuiu com os sorrisos arrancados em dias mais ‘stressantes’…

À Professora Fernanda Ribeiro pela sua disponibilidade e paciência e também pelo seu acompanhamento e orientação ao longo de todo este ano…

À ‘colheita de 2007’ que marcou todo o meu percurso académico. A todos recordo e recordarei com muita saudade…

E dentro destes aos meus ‘5anistas’! E bem sabem o porquê…

A todos os professores que marcaram o meu percurso académico e que muito contribuíram para aquilo que hoje sou e sei…

A todos os que participaram neste meu trabalho seja a responder aos questionários sejam os coordenadores dos centros de investigação que responderam às minhas entrevistas…

A todos os meus amigos ‘out of college’ pelos tempos passados e pelas diversões proporcionadas…

A todos aqueles que também deveria agradecer mas que de momento não se me surgem nas ideias…

À Di, pelos longos tempos passados nos gabinetes da FEUP, pelas inúmeras risadas, pelas inúmeras peripécias, pelos inúmeros apoios um ao outro, pelos momentos de fraqueza e de quase desistências…

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Sumário

Índice de Gráficos ... v

Índice de Tabelas ... vi

Lista de Abreviaturas ... vii

Resumo……. ...viii

Palavras-chave ...viii

Abstract…… ... ix

Keywords…. ... ix

Introdução… ... 1

Capítulo 1 – Revisão de Literatura ... 5

1.1 – As revistas científicas ... 5

1.1.1 – Das academias invisíveis às inovações tecnológicas ... 6

1.1.2 – As revistas científicas em formato eletrónico: vantagens e desvantagens ... 10

1.2 – As métricas da produção científica: necessidades e soluções ... 14

1.2.1 – Bibliometria ... 16

1.2.2 – Cienciometria ... 27

1.2.3 – Infometria ... 28

1.2.4 – Webometria ... 30

Capítulo 2 – Questões metodológicas ... 32

2.1 – Âmbito do estudo ... 32

2.2 – Contextualização ... 32

2.2.1 – Identificação das revistas científicas em formato eletrónico da área das ciências sociais ... 33

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2.3 – Técnicas de recolha de dados ... 36

2.3.1 – Questionário ... 36

2.3.2 – Entrevista ... 40

Capítulo 3 – O uso de revistas eletrónicas pelos docentes/investigadores da FLUP ... 45

3.1 – Descrição sumária da amostra ... 45

3.2 – Análise Descritiva das respostas ao questionário ... 49

3.3 – Análise das entrevistas ... 80

3.4 – Análise interpretativa das respostas dos docentes / investigadores da FLUP ... 89

Conclusão… ... 97

Referências Bibliográficas ... 99

Anexo 1 - Questionário ... 104

Anexo 2 – Guião da entrevista ... 115

Anexo 3 – Declaração de consentimento ... 121

Anexo 4 – Dados da realização das entrevistas ... 122

Anexo 5 – Lista ordenada alfabeticamente por área científica das revistas em formato eletrónico disponibilizadas pela Jstor para as ciências sociais... 123

Anexo 6 – Lista ordenada alfabeticamente por título das revistas em formato eletrónico disponibilizadas pela Jstor para as ciências sociais ... 163

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Respostas à questão A1 ... 49

Gráfico 2 - Respostas à questão A2 ... 50

Gráfico 3 - Respostas à questão A3 ... 50

Gráfico 4 - Respostas à questão A4 ... 52

Gráfico 5 - Respostas à questão A5 ... 53

Gráfico 6 - Respostas à questão A6 ... 54

Gráfico 7 - Respostas à questão A7 ... 55

Gráfico 8 - Respostas à questão A8 ... 56

Gráfico 9 - Respostas à questão A9 ... 57

Gráfico 10 - Respostas à questão A10 ... 58

Gráfico 11 - Respostas à questão A11 ... 59

Gráfico 12 - Respostas à questão A12 (1ª parte) ... 60

Gráfico 13 - Respostas à questão A12 (2ª parte) ... 61

Gráfico 14 - Respostas à questão A13 ... 62

Gráfico 15 - Respostas à questão A14 ... 63

Gráfico 16 - Respostas à questão A15 ... 63

Gráfico 17 - Respostas à questão A16 ... 64

Gráfico 18 - Respostas à questão A17 ... 66

Gráfico 19 - Respostas à questão A18 ... 67

Gráfico 20 - Respostas à questão A19 ... 68

Gráfico 21 - Respostas à questão A20 ... 69

Gráfico 22 - Respostas à questão A21 ... 70

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Distribuição dos respondentes por sexo ... 45

Tabela 2 - Distribuição dos respondentes por faixa etária ... 46

Tabela 3 - Distribuição dos respondentes por centro de investigação ... 46

Tabela 4 - Distribuição dos respondentes por área de conhecimento ... 47

Tabela 5 - Distribuição dos respondentes por Categoria Profissional ... 48

Tabela 6 - Respostas à questão A16 ... 65

Tabela 7 - Respostas à questão A22 ... 71

Tabela 8 - Respostas à questão A23 ... 73

Tabela 9 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 5 ... 80

Tabela 10 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 5.1... 81

Tabela 11 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 5.2... 81

Tabela 12 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 6 ... 82

Tabela 13 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 6.1... 82

Tabela 14 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 7 ... 83

Tabela 15 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 8 ... 83

Tabela 16 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 9 e 9.1 ... 84

Tabela 17- Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 10 ... 85

Tabela 18 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 10.1 ... 85

Tabela 19 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 10.2 ... 86

Tabela 20 - Excertos das respostas dos entrevistados à questão nº 11... 87

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Lista de Abreviaturas

BD – Base de Dados

CEGOT - Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território CETAPS - Center for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia

FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto FLUP – Faculdade de Letras da Universidade do Porto ISI – Institute for Scientific Information

JCR – Journal Citation Report UP – Universidade do Porto WWW – World Wide Web

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Resumo

A comunicação científica tem sofrido imensas modificações ao longo dos tempos. As academias invisíveis de há alguns séculos atrás foram distribuindo atas que relatavam o que se passava nas suas reuniões. Contudo diversos fatores foram modificando esta forma de comunicação até que chegamos às revistas científicas em formato eletrónico de que dispomos atualmente.

Pela abundância de recursos que o eletrónico fornece sentiu-se a necessidade de avaliar. Surgiram diversas técnicas entre as quais a bibliometria, a cienciometria, a infometria e a webometria. Todas com preocupações centradas na avaliação da produção científica.

As universidades são um ambiente onde a comunicação científica, seja ela em que formato, é muito importante. Assim surge também a necessidade de se estudar até que ponto os docentes e os investigadores dos meios académicos utilizam o formato eletrónico. Será que todos os esforços realizados para a disponibilização de recursos eletrónicos são devidamente aproveitados?

Através de um questionário aplicado a todos os docentes e investigadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto assim como de entrevistas realizadas aos coordenadores dos centros de investigação da Faculdade, é traçado um perfil de utilização das revistas eletrónicas.

Palavras-chave

Bibliometria, Revistas Científicas eletrónicas, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Comportamento Informacional

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Abstract

The scientific communication has been suffering different modification over time. The invisible academies, from some centuries ago, have been distributing minutes that describe all the things discussed in the meetings. However there are some factors that have forced a change in this way of communicating till the electronic scientific journals that we have in our days.

As the electronic resources are easy to distribute has emerged the need of evaluate. Several technics emerged, among them the bibliometric, the scienciometric, the infometric and the webometric. All these disciplines have concerns with the evaluation of the scientific communication.

The universities are an environment where scientific communication, be it in any format, is very important. So there is also the need to study the extent to which the teachers and academic researchers use the electronic format. Are all efforts made for the provision of online resources properly used?

Through a survey applied to all teachers and researchers of Faculdade de Letras da Universidade do Porto as well as interviews conducted to the coordinators of the research centres, a profile of use of online resources is designed.

Keywords

Bibliometrics, eletronic scientific journals, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Informational Behaviour

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Introdução

Nos últimos 20 anos temos assistido a uma revolução tecnológica que tem efeitos a todos os níveis da sociedade. Desde as tarefas mais simples às mais complexas do dia-a-dia todas elas foram afetadas. A comunicação científica, como não poderia deixar de ser, sofreu também transformações profundas.

A comunicação científica existe desde há muitos séculos. Com formatos diferentes dos de hoje, o certo é que desde as primeiras descobertas cientificas os investigadores sentiram necessidade de as divulgar. Esta divulgação era feita através de livros, cartas, atas e artigos impressos. Contudo as últimas inovações tecnológicas permitiram que se pudesse fazer uma comunicação e divulgação de forma diferente. Iniciando um processo onde o eletrónico começou a ter uma importância maior que o papel (pelas diversas vantagens e funcionalidades que oferece) passou-se a comunicar e a divulgar de forma quase exclusivamente eletrónica.

Neste sentido, as universidades de todo o mundo têm feito esforços para disponibilizar às suas comunidades académicas (nas quais se incluem docentes, investigadores e estudantes) bases de dados eletrónicas completas e que vão de encontro às necessidades letivas e de investigação. A própria Universidade do Porto segue esta tendência e as suas faculdades proporcionam aos seus membros o acesso às bases mais adequadas às suas áreas científicas.

Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) o serviço mais especializado neste sentido é o da Biblioteca Central que, através da sua página web, disponibiliza o acesso a bases de dados da área das ciências sociais. Este serviço é bastante útil para os seus utilizadores e revela uma preocupação com o uso dos formatos eletrónicos.

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Tendo em conta toda esta situação a questão que se coloca é: até que ponto os docentes e os investigadores da FLUP fazem uso das revistas científicas em formato eletrónico?

É para responder a esta pergunta que surge este estudo bibliométrico. O seu principal objetivo é perceber quanto e como usam os docentes e os investigadores da FLUP as revistas cientificas eletrónicas. Para atingir este objetivo existem outros dois de suporte. O primeiro é analisar, quantitativa e qualitativamente, o uso que é feito das revistas eletrónicas por parte dos docentes/investigadores da U. Porto, mais concretamente na Faculdade de Letras. O segundo prende-se com compreender o comportamento informacional dos docentes e investigadores que usam revistas eletrónicas.

Tendo por base este objetivo e seus sub-objetivos adotou-se um método de investigação que pudesse responder eficazmente à problemática em análise. Assim, e tal como é descrito detalhadamente no capítulo 2, utilizou-se o inquérito por questionário e o inquérito por entrevista para recolha de dados. Analisando todos os dados recolhidos foi feita a sua análise e interpretação, por forma a encontrar uma resposta o mais completa possível à questão já referida na página anterior.

Este trabalho de dissertação está então dividido em três capítulos principais. O primeiro tem como título Revisão da literatura e descreve, num primeiro ponto, a evolução que a comunicação científica e as revistas científicas sofreram desde o seu nascimento; num segundo ponto é feita uma abordagem às métricas de avaliação científica descrevendo as diferentes metodologias e teorias. Este subcapítulo permite uma aproximação às técnicas utilizadas para obtenção de dados em estudos bibliométricos.

O segundo capítulo deste trabalho prende-se com a abordagem metodológica e nele são referidos todos os pormenores relativamente à metodologia utilizada neste estudo. Desde o planeamento e difusão do questionário à realização e análise das entrevistas tudo é descrito em pormenor. O terceiro e último capítulo da dissertação tem como título O uso de revistas eletrónicas pelos docentes/investigadores da FLUP e

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

apresenta as conclusões retiradas da análise dos dados recolhidos nos questionários e nas entrevistas.

De referir ainda que este trabalho de dissertação está a ser realizado em estreita sintonia com a Universidad de Léon e com a Universidade de Coimbra, pois também nestas universidades estão a ser realizados estudos bibliométricos com os mesmos objetivos deste. Assim é aberta a possibilidade a um futuro trabalho de comparação dos resultados obtidos em cada uma das três investigações.

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

Capítulo 1 – Revisão de Literatura

1.1 – As revistas científicas

A ciência, tal como foi definida por Kant (1786), é o conjunto de conhecimentos

sistematizados ou coordenados mediante princípios (Kant 1786). Bonavides (1976)

acrescenta ainda que a ciência consiste na tomada de determinada ordem de

fenómenos, em cuja pluralidade se busca um princípio de unidade, investigando-se o processo evolutivo, as causas, as circunstâncias, as regularidades observadas no campo fenomenológico. À ciência juntou-se também o método científico que consiste num

conjunto de passos/etapas que devem ser seguidas para que o conhecimento criado e adquirido seja válido.

A ciência existe há muitos séculos. Pode-se mesmo afirmar que desde que há ser humano há descobertas e, por isso, temos aí os primórdios da ciência. Contudo só no período da Grécia Antiga surgem as primeiras referências à ciência.

Assim, os primeiros ‘cientistas’ usavam a correspondência pessoal. Trocando ideias com os seus amigos sobre o que descobriam, os cientistas faziam circular as teorias em pequenos grupos de interessados. Estes grupos discutiam e davam as suas sugestões levando assim a uma pequena evolução da ciência. Contudo, esta forma de comunicação não contentava os investigadores pois a demora na obtenção das críticas e o pequeno número de pessoas a que chegavam, fazia com que este não fosse o método ideal (Stumpf, 1996).

Alguns séculos mais tarde, quando começaram a surgir as primeiras sociedades invisíveis (também conhecidas como colégios invisíveis para os diferenciar dos colégios universitários oficiais) começaram também a realizar-se as primeiras conferências científicas. Nestas conferências começaram a ser escritas atas onde se descrevia todo o decorrer do encontro e quais as descobertas científicas comunicadas e discutidas.

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Estas comunicações eram então distribuídas por todos os interessados nos temas em causa, para seu conhecimento e possível discussão (Stumpf, 1996; Castillo et al., 2010). A par destes dois meios de comunicação (apesar da correspondência pessoal não ser o meio preferido nem desejável continuava a ser utilizado) começaram a surgir as revistas científicas organizadas e estruturadas.

1.1.1 – Das academias invisíveis às inovações tecnológicas

No séc. XVII, as primeiras revistas científicas começaram então a ser publicadas. Constituídas de artigos mais sucintos e diretos que as atas e as cartas, as suas poucas páginas resumiam todo o processo de investigação e respetivas conclusões. Em 1665, foi publicada a primeira revista científica de que há memória. Esta, de origem francesa, era chamada de Journal des Sçavantes e foi publicada em Paris com uma periodicidade semanal (Stumpf, 1996; Castillo et al., 2010). Centrando-se fundamentalmente nas áreas da Química, Física, Meteorologia e Anatomia, apresentava, além dos artigos científicos, resumos (escritos pelo seu editor Dennis de Sallo) dos últimos livros publicados. Treze números depois do primeiro, a revista foi suspensa pelas autoridades francesas, pois continha conteúdos que eram considerados ofensivos pela Inquisição (Stumpf, 1996).

No mesmo ano, mas em março, começou a ser publicado o Philosophical

Transactions da Royal Society of London, em Londres. Esta era tida como mais

científica que a congénere francesa pois relatava com exatidão as experiências realizadas deixando de parte a Lei e a Religião. Esta revista era publicada mensalmente e rapidamente atingiu as 1200 cópias mensais (Stumpf, 1996).

A par destas surgiram ainda a Litteratti de Itália e a Miscellanea Curiosa de origem alemã (Castillo et al., 2010).

Contudo, estas revistas não eram muito bem conceituadas no que respeitava à sua capacidade de divulgação. Apesar de no séc. XVIII existir já alguma aceitação no

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

que respeita às investigações isoladas, só no séc. XIX é que as revistas científicas ganham credibilidade suficiente para conseguir superar os livros (Menezes et al., 1999; Stumpf, 1996).

Este aumento de popularidade deveu-se a dois fatores principais: tempo e dinheiro. Os livros tinham um período de publicação muito longo. Desde que começavam a ser escritos até à sua publicação final o processo podia demorar anos. Este longo período fazia com que houvesse um enorme custo com a produção livreira. Para resolver estes problemas, os cientistas decidiram publicar as suas obras em partes pequenas. Contudo a divisão feita, dividia também os assuntos o que dificultava, em muito, a leitura.

Para isto as revistas, algumas delas já em publicação, foram-se adaptando e ganhando uma estrutura semelhante à que hoje conhecemos e que resolveu os diversos problemas existentes.

Ainda no Séc. XVIII começaram a surgir as primeiras revistas especializadas em áreas específicas como a Medicina e a Agricultura. Contudo as revistas generalistas predominavam.

Já no séc. XIX assistiu-se a um aumento enorme de revistas científicas. Os avanços técnicos da produção de papel e de impressão a par do aumento de investigadores e investigações e da introdução das chamadas revistas de resumo aumentaram em grande escala a produção e o uso das revistas. No séc. XX os governos, as universidades e os editores privados começaram também a publicar revistas científicas o que fez com que se mantivesse o ritmo de produção que se tinha iniciado no século anterior.

Nos anos 60 do século passado, começaram as primeiras tentativas de substituir o papel pelo digital no que respeita às revistas científicas. Contudo só na década seguinte as evoluções tecnológicas permitiram um maior avanço (Stumpf, 1996; Menezes et al., 1999). Com esta evolução era possível tornar todo o processo eletrónico – desde a submissão do texto para avaliação até à sua disponibilização final.

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Conforme defendido por alguns autores é em 1978 que surge, oficialmente, a primeira revista científica eletrónica: a Electronic Information System, nos EUA. Não tendo, inicialmente, muito sucesso, fizeram-se mais duas experiências. Uma no Reino Unido, entre os anos 1980-1984, com a Computer Human Factors e outra em França, entre os anos 1984-1987, com o Journal Revue (Menezes et al., 1999).

Esta nova oferta, apesar de ainda ter, naquela altura, alguns problemas começou a ganhar um sucesso razoável e em 1987 o Ulrich’s International Periodicals

Directory disponibilizou em CD-ROM e online mais de 1.000 títulos.

Na década de 90, o aumento generalizado de páginas web também se repercutiu no aumento de artigos disponibilizados em formato eletrónico. Este novo formato das revistas era visto com bons olhos porque ao mesmo tempo que preservava o processo normal de publicação (submissão do texto, avaliação pelos pares, divulgação, controlo de assinaturas…) tornava muito mais fácil o acesso pois a partir de casa e dos computadores pessoais poder-se-ia aceder a toda a informação necessária (Stumpf, 1996; Menezes et al., 1999).

Hoje em dia o número de artigos e de revistas em formato eletrónico é muito grande e cada vez são menos os casos de revistas que se publicam única e exclusivamente em formato impresso. As imensas bases de dados existentes fornecem artigos de inúmeras áreas científicas e estão disponíveis a partir dos nossos computadores pessoais. É mesmo impensável fazer uma investigação sem recorrer a pesquisas em bases de dados eletrónicas (Stumpf, 1996).

Apesar da imensa evolução que têm ocorrido, Ziman (1968) refere que o formato utilizado pelas revistas científicas tem sido muito semelhante ao longo de vários séculos. Meadows (1974) refere mesmo que existe apenas uma diferença assinalável desde as primeiras revistas até às mais recentes. Esta diferença prende-se com a exigência de que os trabalhos publicados nas revistas de hoje sejam inéditos. Antigamente isso não acontecia pois, como havia as dificuldades físicas da distribuição das revistas, os autores escreviam em diversas publicações havendo repetição dos artigos. A par desta diferença apenas se descobre a mudança da língua

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

internacionalmente aceite. Isto é, hoje em dia para uma revista ser reconhecida a nível internacional deve estar escrita em Inglês. As primeiras revistas utilizavam como língua comum o Latim.

Assim o sistema de comunicação primordial das trocas de cartas foi sendo melhorado ao longo dos séculos o que conduziu às recentes e tecnológicas revistas científicas eletrónicas (Meadows, 1974).

As revistas científicas ganharam, portanto, uma enorme importância. Através delas a divulgação dos resultados de investigação ganha uma nova dinâmica pois estão reunidos numa só publicação diversos autores (Barbalho, 2005).

Para Miranda (1996) uma revista científica é um veículo de comunicação do conhecimento cuja função é registar de forma oficial e pública, a informação através de um processo de editor-avaliador.

O termo ‘revista científica’ resulta de uma evolução concetual e Barbalho (2005) define-a como um canal de disseminação da ciência, publicada em períodos de

tempo predefinidos, reunindo artigos de diversas autorias e que apresentam rigor científico e metodológico.

Barbalho (2005) reúne ainda um conjunto de funções que são atribuídas às revistas e que estão aceites por vários autores. Refere-se a funções como o registo público do conhecimento, a aprovação de novos conhecimentos, atuar como indicador de desempenho dos investigadores, disseminar o conhecimento científico e compor a memória científica.

A questão do desempenho dos investigadores é também abordada por Miranda (1996) pois este defende que as revistas são também forma de legitimação do conhecimento produzido. Desta forma os autores são reconhecidos nos seus meios científicos e conseguem conquistar um aumento de poder.

Percebe-se então melhor o porquê de as revistas científicas terem ganho tamanha importância no âmbito dos sistemas de comunicação científica. Estas apresentam a informação necessária de forma simples e rápida e conseguem ainda

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intervir em diferentes domínios desde a contribuição para a divulgação do conhecimento até ao reconhecimento e elevação dos autores.

1.1.2 – As revistas científicas em formato eletrónico: vantagens e desvantagens

A revista científica em formato eletrónico tem sentido nos últimos anos um grande aumento de popularidade e importância. Se por um lado as vantagens no seu uso são imensamente atrativas, os novos avanços tecnológicos permitem uma maior facilidade no seu uso. Contudo, também existem alguns factos que têm sido um entrave a maiores desenvolvimentos nesta área.

Nos anos 90, quando ainda se assistia a um ligeiro crescimento, vários autores demonstravam alguns receios quanto aos problemas que o eletrónico poderia trazer. Apesar de concordarem que as revistas científicas eletrónicas iriam ser o futuro da divulgação científica, temiam que se pudessem formar grupos de excluídos por falta de acesso aos computadores e à internet (Población, 1992; Lisboa, 1996; Bremholm, 2004).

Lisboa (1996) afirma mesmo que as novas infraestruturas de comunicação digitais não proporcionam uma oferta de serviços justa e equiparável chegando ainda a questionar o papel das revistas eletrónicas na divulgação de informação científica.

Contudo outros autores demonstram que as revistas eletrónicas apresentam funcionalidades que conferem facilidades à comunicação. Os principais problemas a enfrentar não serão, para estes autores, as questões relacionadas com a falta de acesso aos computadores, pois esta é uma questão que mais tarde ou mais cedo deixará de ser colocada. O pior entrave está relacionado com questões comportamentais. Até que ponto os investigadores conseguirão eliminar o impresso para se centrar apenas no eletrónico é o que os autores mais questionam. Outras questões relacionadas com a qualidade, a confiabilidade e a credibilidade dos artigos,

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afetam o comportamento dos investigadores perante este formato (Menezes et al., 1999).

Uma forma de superar estas questões prende-se com o conseguir manter, nas revistas eletrónicas, o mesmo processo das impressas. Para Stumpf (1996) é mesmo essencial que se mantenham as etapas da receção e registo dos artigos, avaliação pela equipa de edição, revisão pelos pares, impressão e publicação.

De forma a dar resposta a todas estas preocupações começam a surgir, em meados da década de 90, as primeiras bases de dados credíveis. No Brasil, por exemplo, surge a Scientific Electronic Library on-line, resultado de um trabalho conjunto entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde e de editores privados. Esta base de dados tinha como principal objetivo, além da divulgação da produção científica desta área, a avaliação da mesma produção (Menezes et al., 1999).

Também no México, a Universidade Autonoma, através da sua base de dados

Clase y Periódica, compila diversas publicações por toda a América Latina e

disponibiliza, na internet, obras de caráter científico e técnico (Menezes et al., 1999). Hoje em dia já são muitas as bases de dados disponíveis. A própria Universidade do Porto, ciente da importância que estas ferramentas de divulgação têm para os seus estudantes, investigadores e docentes, disponibiliza gratuitamente bases como a Web of Science, a Scopus, a JCR, … Estas bases de dados apresentam uma enorme qualidade no que respeita aos seus conteúdos, os quais passam por um rigoroso processo antes de serem publicados. Assim sendo, são artigos nos quais podemos confiar para a realização de investigações.

As revistas eletrónicas estão equipadas com um verdadeiro arsenal de tecnologia que lhes confere um conjunto de características e funcionalidades que melhoram, em muito, a facilidade da sua utilização. A multimédia é uma tecnologia muito poderosa e que tem sido bastante utilizada na divulgação da ciência. Segundo Macedo-Rouet (2003) a multimédia aplicada às revistas científicas facilita o acesso à

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informação, estimula a multiplicação de fontes de informação, diminui a restrição de espaço e os custos de distribuição e incentiva a formação de grupos de discussão à distância. Todas estas questões são apontadas como fatores fortes das revistas eletrónicas, que permitem uma diferente visão da investigação.

Macedo-Rouet (2003) fala de uma das vantagens que os artigos eletrónicos têm face aos seus congéneres impressos. A possibilidade de associar vários artigos entre si é a vantagem apontada. Através de hyperlinks, é possível associar a um artigo científico outros de conteúdos semelhantes ou mesmo como complemento. Com isto torna-se a consulta mais rica e o leitor pode ir navegando entre os vários artigos de forma a complementar a informação que vai apreendendo.

É também vantagem das publicações eletrónicas, o facto de permitirem uma atualização mais rápida. Isto acontece pois o ambiente web é um ambiente de rápida atualização e disponibilização. O eletrónico possibilita ainda uma investigação mais dinâmica pois permite, através dos diversos métodos de pesquisa, encontrar a informação relevante de uma forma mais rápida e eficaz. (Stumpf, 2003)

Outra questão muito importante e que, nos dias de hoje é já uma realidade, prende-se com o acesso. Todos nós temos já disponível computador e um acesso à Internet. Quando isso ainda não é uma realidade existem diversos espaços públicos (bibliotecas, arquivos…) que disponibilizam computadores com acesso à web. A partir deste acesso web podemos aceder a um mundo infinito de conhecimentos que estão disponíveis nas bases de dados eletrónicas. Assim, em qualquer lado podemos aceder aos documentos que nos interessam sem termos que estar preocupados com deslocações a um espaço físico, horários de funcionamento desse mesmo espaço entre outras questões que podem dificultar o nosso trabalho de investigação.

Existem ainda imensas outras funcionalidades que vamos conhecendo (possibilidade de escrever notas, questões de melhoramento da visualização, …) que transformam este formato no preferível a utilizar.

Contudo não existem só vantagens no uso do eletrónico. Macedo-Rouet (2003) afirma mesmo que a multimédia aplicada aos artigos eletrónicos aumenta o seu

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Alberto Nuno Oliveira Fernandes

potencial, embora esbarre com questões relacionadas com a legibilidade e a ergonomia. Isto é, tentando facilitar o aumento de conhecimentos com a introdução da possibilidade da consulta de novos artigos que complementam o que está a ser lido podemos trazer confusão para o leitor. Tanta informação junta pode complicar a vida àquele que lê fazendo-o ficar sem perceber concretamente do que se fala. A juntar ao conjunto de desvantagens aparece a preocupação da formação de grupos de info-excluídos por falta de acesso a computadores e internet (Stumpf, 2003). Todavia, esta questão já foi ultrapassada, na maior parte dos países, com a introdução dos computadores pessoais e das grandes redes de transmissão de dados.

Nos últimos anos as bibliotecas têm-se rendido a este novo tipo de divulgação da ciência e preparam-se para uma disponibilização destes artigos. Através dos seus sites web e de computadores disponíveis nos seus espaços, têm criado condições para consultas às grandes bases de dados. Mas, as questões financeiras têm sido um problema nesta tentativa de expansão. As bibliotecas têm os seus fundos limitados e tentam gerir, de uma forma racional, a sua coleção para que sejam disponibilizados os artigos que mais interesse têm para os seus utilizadores. Os grandes distribuidores e editores de bases de dados, para ajudarem nesta tarefa, disponibilizam packs com revistas selecionadas de acordo com as suas políticas. Isto traz as suas vantagens, uma vez que disponibilizam revistas por preços mais baixos. Contudo apresenta também algumas desvantagens pois são disponibilizadas, muitas vezes, revistas que não interessam minimamente para a biblioteca e seus utilizadores e que estão a ser pagas na mesma por se incluírem num pack (Térmens, 2008).

A mudança das bibliotecas tem sido grande de tal forma que têm surgido, nos últimos tempos, imensas bibliotecas digitais. Estas bibliotecas têm o seu acervo armazenado em formato eletrónico ou digital e são disponibilizadas, maioritariamente, através da internet (Fernandes et al., 2010). Esta mudança é fruto não só dos avanços tecnológicos, mas também das necessidades dos utilizadores terem sempre disponível um acesso aos artigos e livros.

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Em suma percebe-se que as revistas eletrónicas têm ganho, nos últimos anos, uma importância extrema e que ninguém contesta que estas representam um dos melhores formatos para divulgação e consulta para investigação.

1.2 – As métricas da produção científica: necessidades e

soluções

Nos últimos anos temos assistido a um aumento significativo de produção científica um pouco por todo o mundo. Questões como a promulgação de novos cursos que ocorreram em vários países nas últimas décadas aumentaram em muito os trabalhos de investigação. Temos exemplos como o do Brasil onde na área da educação foram abertos, entre 1965 e 1975, 16 cursos de pós graduação, todos com obrigações de investigação (Hayashi et al., 2008). Situação semelhante ocorreu em Espanha onde, em 1971, foram criadas as primeiras faculdade de Ciência da Informação que se juntam aos inúmeros cursos já existentes no país (Castillo et al., 2010). Estes são apenas dois exemplos de como a investigação é influenciada pelos novos cursos.

Mas não é apenas o aumento de cursos ministrados que aumenta a produção científica. A comunidade científica mundial é bastante produtiva e o volume de informação que nos circunda é quase imensurável. Quanto mais se produz, mais se avança a nível científico mas mais difícil é registar, avaliar e disponibilizar a informação (Barbalho, 2005).

Esta enorme quantidade de informação traz problemas ao nível da sua avaliação e pertinência. Isto é, até que ponto uma informação disponibilizada é verdadeira e credível?

Vários têm sido os que se têm preocupado com a questão da avaliação da produção científica e surgiram já algumas soluções. Barbalho (2005) referindo-se a

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Yamamoto et al. (2002) refere existirem apenas dois procedimentos básicos para a avaliação da produção científica. Um prende-se com os indicadores de impacto e o outro com fatores bibliométricos.

Os fatores bibliométricos serão abordados com maior profundidade nos próximos subcapítulos. Quanto aos indicadores de impacto, segundo a autora, têm como finalidade indicar os resultados a curto prazo de uma determinada publicação. Estes indicadores avaliam a visibilidade que o artigo atingiu, assim como o prestígio e sua difusão pela comunidade científica. Normalmente avaliam ainda aspetos formais como a periodicidade e tiragem das revistas, mas também aspetos relacionados com o conteúdo e os recursos humanos associados à edição e publicação das mesmas. Uma boa avaliação nestes indicadores traz, como consequência, uma boa afluência de artigos com qualidade o que irá aumentar o prestígio da revista e, consequentemente, o seu financiamento (Barbalho, 2005, apud Mueller, 1999).

Percebe-se então que avaliar é muito importante para a manutenção de uma boa qualidade na produção científica. Reconhecer o mérito daquilo que é produzido e contribuir para uma resposta de qualidade às procuras de informação por parte da comunidade científica é uma das necessidades básicas do processo de avaliação (Barbalho, 2005).

Este processo de avaliação varia consoante a entidade em causa. Barbalho (2005) aponta diversos critérios de avaliação conforma a entidade ou seja, os critérios utilizados pelas agências de financiamento, os critérios dos ministérios de educação e os critérios das bases de dados de divulgação. Apesar de manterem critérios iguais alguns deles variam e estão de acordo com os objetivos de cada entidade. Também Kramis (2011), na sua obra onde compila diversos autores, refere as problemáticas que giram em torno dos critérios de avaliação das publicações ibero-americanas.

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Dos procedimentos de avaliação enunciados por Barbalho (2005), e referenciados anteriormente, falta referirmo-nos aos fatores bibliométricos. Tendo em conta quer a sua importância geral, quer a sua importância para este trabalho, as quatros subdisciplinas relacionadas com as medições bibliométricas (Bibliometria, Cienciometria, Infometria e Webometria) serão abordadas adiante em subcapítulos separados.

1.2.1 – Bibliometria

A bibliometria surgiu nos inícios do Séc. XX como uma resposta à necessidade que, já na época, se sentia de avaliar a produção científica que era realizada (Araújo, 2007; Vanti, 2002; Wormell, 1998).

Araújo (2007) citando, no seu artigo, Fonseca, diz-nos que a bibliometria é uma

técnica quantitativa e estatística que mede os índices de produção e disseminação do conhecimento científico à semelhança do que a demografia faz com a população.

Vanti (2002), usando-se da definição de Tague-Sutckiffe, refere que a bibliometria consiste no estudo dos aspetos quantitativos da produção, disseminação e

uso da informação registada (…) e desenvolve padrões e modelos matemáticos para medir esses processos, usando os resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisão.

Já Wormell (1998) acrescenta que a bibliometria está associada à questão quantitativa dos documentos e é muitas vezes considerada como a mais desinteressante e tradicional desta área.

Segundo defendem alguns autores um dos primeiros estudos da bibliometria que surgiram foi um estudo de Cole e Eales. Neste estudo os autores fizeram uma análise estatística sobre a bibliografia existente de Anatomia Comparada. Este estudo foi o primeiro do género e, por isso, foi considerado como pioneiro nesta área. Em

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1922, Edward Hulme foi o primeiro a fazer referência ao estudo quando numa conferência na Universidade de Cambridge deu como exemplo o estudo de Cole e Eales e o apresentou como o início da bibliografia estatística (Araújo, 2007; Vanti, 2002).

Em 1934, Paul Otlet na sua obra Traité de documentación sugere que o termo bibliografia estatística seja substituído por bibliometria. É então aqui que se inicia a utilização do termo bibliometria para se referir a este tipo de estudos (Vanti, 2002).

Até 1969, o termo não era ainda muito utilizado, contudo Alan Pritchard dá um outro vigor à utilização do mesmo. Em 1948, Ranganathan ao discursar numa conferência da Aslib, enuncia as enormes vantagens do uso da bibliotecometria (termo que este autor usava) por parte das bibliotecas. Visto que estas trabalhavam com um grande conjunto de números a aplicação de técnicas desta área era muito vantajosa. Neste sentido o autor apresentou em 1969 um estudo com exemplos de aplicações práticas da bibliometria (termo que se começou a usar mais comumente nesta época) (Vanti, 2002; Tarrant, 2008).

Ao longo do seu desenvolvimento vários foram os autores que contribuíram com conhecimento e desenvolvimentos para a bibliometria. Alguns deles foram de tamanha importância que criaram as chamadas leis clássicas da bibliometria.

Alfred James Lotka era um matemático americano que se dedicou, numa parte da sua vida, à bibliometria. Com os seus estudos ele formulou, em 1926, a Lei de Lotka. Esta lei nasceu de um estudo que o autor realizou no qual efetuou uma contagem de autores presentes no Chemical Abstracts1 entre os anos de 1909 e 1916. Com este estudo, Lotka constatou que existe um pequeno número de autores que é responsável pela produção de um grande conjunto de obras e que, em proporção inversa, existe um grande número de autores que, com produções mais reduzidas (maior parte um

1 O Chemical Abstracts Service (CAS) é um departamento da American Chemical Society

(Sociedade Química Americana) que produz os Chemical Abstracts, um índice sobre literatura científica da área da química e suas subdisciplinas.

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artigo por autor) se igualam à quantidade de produção do primeiro grupo. Tendo constatado este acontecimento, Lotka procedeu à formulação da sua lei também conhecida como a Lei do Quadrado Inverso. Esta lei específica então a seguinte fórmula:

Y

x

= 6/p

2

x

a

Nesta fórmula, Yx representa a frequência dos autores que publicam x

trabalhos e a é uma constante que varia conforme a área científica em estudo (Alvarado, 2002; Araújo, 2007; Castillo et al., 2010; Vanti, 2002).

Esta lei ganhou um imenso interesse por parte dos investigadores destas áreas de tal forma que até ao ano de 2000 tinham sido publicados mais de 200 trabalhos onde se tentava replicar a lei ou até criticá-la. Existem mesmo alguns aperfeiçoamentos a esta lei como é o caso da Lei do Elitismo de Price. Segundo este autor 1/3 da literatura é produzida por menos de 1/10 dos autores mais produtivos,

levando a uma média de 3,5 documentos por autor e 60% dos autores produzindo um único documento. A Lei do Elitismo de Price define então que o número de membros da elite (autores mais produtores) corresponde à raíz quadrada do número total de autores, e a metade do total da produção é considerado o critério para se saber se a elite é produtiva ou não (Alvarado, 2002; Araújo, 2007).

Outro autor importante para a bibliometria foi Bradford com a sua Lei da Dispersão. Esta lei surgiu de um estudo que culminou em 1934 e no qual o autor analisou até que ponto artigos de uma determinada área científica apareciam em revistas de outras áreas. Assim estudou os artigos tendo em conta a sua proximidade ou afastamento ao tema. Analisando artigos da área da geofísica, Bradford percebeu que há um núcleo menor de revistas que se relaciona de forma muito próxima com o assunto e um núcleo maior relaciona-se de forma estreita. Em cada um destes núcleos aumenta o número de revistas enquanto a produtividade vai diminuindo. Assim, com uma grande coleção de revistas ordenadas de forma decrescente tendo em conta a

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produtividade e a relevância para o assunto temos três zonas contendo cada uma 1/3 dos artigos relevantes. A primeira zona irá alojar um pequeno número de revistas bastante produtivas, a segunda zona um número maior de revistas mas menos produtivas e a terceira abarca ainda um conjunto de revistas maior mas cada uma delas menos produtiva. Com isto Bradford constatou ainda que por esta razão havia muitos índices que não atingiam uma cobertura completa dos assuntos (Araújo, 2007; Vanti, 2002).

A Lei de Bradford, ou da Dispersão, define-se da seguinte forma: se

dispusermos revistas em ordem decrescente de produtividade de artigos sobre um determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente dedicados ao tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o número de periódicos existentes no núcleo e nas zonas sucessivas seja de ordem de 1:n:n2:n3… Assim as revistas devem ser listadas com o número de artigos de cada uma, em ordem decrescente, com soma parcial. O total de artigos deve ser somado e dividido por três; o grupo que tiver mais artigos, até ao total de 1/3 dos artigos, é o núcleo central daquele assunto. O segundo e terceiro grupos são as extensões (Araújo, 2007; Castillo et al., 2010).

À semelhança da Lei de Lotka, também esta foi sendo alvo de constantes melhorias. A que merece mais destaque prende-se com a reformulação de Vickery que propôs que as zonas não precisam de ser necessariamente três mas qualquer número que se entenda necessário. Esta lei de Bradford tem sido, contudo, muito utilizada nomeadamente por parte das bibliotecas para ajudar na tomada de decisões sobre as revistas científicas (Araújo, 2007).

George Kingsley Zipf é o terceiro autor que também tem muita importância para a bibliometria. Este era linguista na Universidade de Harvard e a sua contribuição partiu precisamente desta área. A sua lei centra-se na análise da relação existente entre as palavras num texto com uma dimensão considerável e a ordem em que nele aparecem. Através da análise de uma obra, Zipf constatou existir uma correlação entre o número de palavras e o seu uso. Descobriu ainda que existe um pequeno conjunto

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de palavras que são utilizadas com grande frequência e que resultam de uma seleção cuidada. Zipf definiu ainda que se multiplicarmos a posição de uma determinada palavra pela sua frequência obteremos uma constante (Araújo, 2007; Vanti, 2002; Wormell, 1998).

A lei de Zipf, ou Lei do Mínimo Esforço, diz então que se fizermos uma lista das palavras utilizadas num texto e as colocarmos por ordem decrescente da frequência, ao multiplicarmos a sua posição na lista pela sua frequência obtém-se uma constante. A Lei é representada pela fórmula:

r x f = k

Na fórmula r representa a posição da palavra, f a sua frequência e k a constante. (Araújo, 2007)

Zipf conclui então que as palavras mais usadas representam, muitas vezes, os assuntos dos próprios artigos ou obras. À semelhança das outras duas leis clássicas também a de Zipf sofreu algumas melhorias nomeadamente com estudos de frequência e coocorrência de descritores (Araújo, 2007).

Além das três leis clássicas da bibliometria que foram explicadas existem uma série de teorias e contribuições de outros autores que têm ajudado na tarefa de avaliar e quantificar no âmbito da bibliometria.

Outra área com grande importância dentro da bibliometria prende-se com a análise de citações. Esta técnica, tal como o nome indica, analisa as citações que são feitas pelos diversos autores. Consideramos que uma citação é a referência bibliográfica que um determinado autor faz no decorrer do seu artigo (ou obra) e que sustenta o seu texto e opinião. Assim, a análise de citações estuda as relações existentes entre as obras que citam e as obras que são citadas (Araújo, 2007; Bremholm, 2004; Hayashi et al., 2008; Tarrant, 2008).

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Esta técnica é especialmente importante na bibliometria. Além de todos os dados que disponibiliza (autores mais citados, autores mais produtivos, frente de pesquisa, fator de impacto, obsolescência da literatura, revistas mais citadas…), é também uma forma de reconhecer os autores mostrando até que ponto eles são reconhecidos por outros autores pois estes últimos confiam neles como suporte das suas obras.

Ainda dentro da análise de citações surge o conceito de fator de impacto. Este, quando surgiu, consistia na divisão do número total de citações que uma determinada revista recebia pelo número de artigos que publicou num ano. Contudo, e por necessidade de evolução da própria bibliometria, este conceito foi sendo alterado e hoje entendemos como fator de impacto o resultado da divisão entre o número de citações recebidas por um autor e o número de trabalhos que receberam pelo menos uma citação. Isto identifica os autores que produziram material bastante relevante independentemente de ter sido em pouca ou grande quantidade. Ainda a partir da análise de citações obtém-se outro conceito importante que se prende com a frente de pesquisa, isto é, o autor mais citado de forma mais recente (Araújo, 2007; Tarrant, 2008).

Segundo Garfield (1972) o fator de impacto de uma determinada revista é calculado ao dividir o número de citações recebidas no ano corrente pelo número de artigos publicados nos últimos dois anos.

Um outro conjunto de leis e teorias relacionadas com a obsolescência e vida média da literatura têm sido também estudadas de forma a poder identificar a longevidade que os artigos têm (Araújo, 2007).

Conclui-se então que a bibliometria tem um papel fundamental na análise da produção científica. Pode-se mesmo afirmar que tem um papel relevante na análise da

produção científica de um país, uma vez que os seus indicadores retratam o grau de desenvolvimento de uma área do conhecimento de um campo científico ou de saber

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***

A bibliometria desenvolveu inúmeras teorias e formas de estudar e avaliar a produção científica. Contudo os estudos bibliométricos não são realizados tendo sempre por base as leis clássicas da bibliometria. Existem inúmeras formas e metodologias para realizar um estudo bibliométrico.

Este mesmo trabalho é exemplo disso. Não é utilizada nenhuma teoria clássica, contudo realiza-se um estudo bibliométrico pois estuda-se uma das formas de comunicação científica.

Antes de mais, sabemos que um estudo bibliométrico é aquele que, recorrendo a técnicas bibliométricas, estuda a produção científica. É ainda com o auxílio destes estudos que conseguimos avaliar a qualidade das revistas assim como a produção de instituições, grupos de investigação ou mesmo investigadores individuais (Bremholm, 2004).

Os estudos bibliométricos são então aplicados a diversas áreas do conhecimento e com objetivos que, se por um lado são semelhantes, levam a conclusões totalmente distintas.

Balestrin (2010) realizou um estudo no Brasil onde, através de uma análise

bibliométrica a 116 artigos publicados nos principais veículos de difusão científica na área de estudos organizacionais, entre os anos 2000 e 2006, retirou conclusões sobre o campo de estudo sobre redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Este estudo

bibliométrico centrou-se numa análise a artigos publicados e foi realizado durante 5 etapas principais. A primeira consistiu na delimitação das revistas em análise, de seguida selecionaram-se os artigos, na terceira fase foram selecionados os instrumentos para recolha de dados, na fase seguinte estes mesmos instrumentos foram aplicados e por último fez-se a análise dos resultados. Através desta análise os autores concluíram que existe um crescente interesse pelo tema no cenário brasileiro

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Em 2004, Bremholm publicou um artigo onde descrevia o estudo bibliométrico que tinha realizado para estudar a Proceedings2. Este estudo baseou-se quase por

completo na análise de citações. Isto acontece pois o autor pretendeu responder a quatro perguntas essenciais:

Que revistas são citadas na Proceedings? Que revistas citam a Proceedings?

A indexação tem alguma relação com as citações recebidas pela

Proceedings?

Os artigos publicados na Proceedings e relacionados com Oklahoma são mais ou menos citados do que aqueles com temas mais amplos?

Tal como podemos perceber através destas perguntas, Bremholm para conseguir concretizar os objetivos do seu estudo necessitou de utilizar as técnicas da análise de citações. Com estas técnicas conseguiu responder na íntegra às quatro questões de partida.

Também utilizando as técnicas da análise de citações, Quental (2011) elaborou um estudo bibliométrico com o título: References, authors, journals and scientific

disciplines underlying the sustainable development literature: a citation analysis. Neste

estudo o autor optou por seguir 5 etapas nas quais reuniu o conjunto de artigos em análise, analisou a produção científica e a evolução da disciplina, fez uma compilação inicial da base de dados de referências, identificou as publicações mais influentes e por fim identificou os autores mais influentes. Com esta análise conseguiu retirar conclusões bastante interessantes para a área em causa.

Ainda com o uso das técnicas de análise de citações surge um outro estudo intitulado: Referencing patterns in South African Journal of Libraries and Information

2

A Proceedings é a revista científica oficial da Academica Científica de Oklahoma (Oklahoma Academy of Science (OAS)).

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Science3 (SAJLIS), 1996-2007. Este estudo foi publicado em 2008 por Omwoyo Bosire

Onyancha. Utilizando a análise de citações o autor queria determinar 8 assuntos diferentes:

crescimento das publicações,

a distribuição dos registos pelo tipo de documento, o número de referências por ano,

a média das referências por artigo por ano, artigos com o maior número de referências, língua de publicação dos artigos citados,

relação entre o tamanho dos artigos e o número de referências tipo de fontes mais consultadas pelos autores do SAJLIS4.

Realizou o seu estudo com o propósito de recolher as informações necessárias para esclarecer os 8 pontos, já referidos, apresentando, no seu artigo, as tabelas com todos os dados.

Anton J. Nederhof (em 2011) e Rodrigo Costa (em 2010) publicaram artigos sobre estudos bibliométricos que tinham realizado. Estes dois artigos fazem referência a estudos diferentes mas com objetivos semelhantes: traçar o perfil bibliométrico de autores científicos. Nederhof (2011) estudou a forma como a literatura moderna influencia a produtividade. Costas (2010) estudou o impacto que os efeitos da idade dos artigos têm na produtividade. Nestes dois estudos traçaram-se perfis dos autores tendo em conta todos os indicadores bibliométricos associados à produção científica.

Nesta sequência de estudos bibliométricos surge também um estudo realizado por Geraldo Filho (2008) que estudou as atas de congressos de contabilidade no Brasil.

3

Atualmente esta revista tem o título de Journal of the Library and Information Association of

South Africa e é publicado pela associação que lhe dá o nome (Library and Information Association of South Africa). Disponível em http://www.liasa.org.za/.

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Neste estudo o autor analisou a produção científica dos autores brasileiros que foram apresentados em congressos.

Um dos estudos bibliométricos mais interessante é o que foi realizado por Gian Singh e que foi publicado em 2007. Este estudo foi interessante por dois motivos diferentes: a recolha de artigos numa biblioteca digital e a tentativa de aplicação das leis clássicas da bibliometria. Esta análise bibliométrica estudou artigos recolhidos na Library and Information Science Abstracts (LISA) e, entre outros, tentou aplicar a Lei de Lotka e a Lei de Bradford. Constatou-se que a primeira não se aplicava neste caso mas com a segunda acontecia o contrário, conseguindo aplicar-se a tal lei.

Também em ambiente eletrónico surge o estudo de Blanca Rodríguez Bravo (2011) (que serve de base a este mesmo trabalho) que analisou o consumo de informação em formato eletrónico em 5 universidades espanholas.

Grácio (2011) publicou também um artigo no qual descrevia o seu estudo bibliométrico realizado na base de dados da Scopus. Este estudo, também em ambiente eletrónico, teve como objetivo analisar, por meio de indicadores

bibliométricos, a produção científica em preservação digital, a fim de evidenciar os autores, instituições, países e periódicos mais produtivos nesta temática e sua rede de coautorias entre países, no período de 2001 a 2010. Através de pesquisas na Scopus 5 e a partir da análise dos resultados conseguidos, os autores conseguiram responder aos objetivos colocados inicialmente.

Estudo semelhante é o de Junior (2011) que também analisa diversos indicadores bibliométricos em ambiente eletrónico. Desta vez na base de dados BRAPCI 6(Base de Dados Referenciais de Artigos e Periódicos em Ciência da Informação).

5

Base de dados disponível em http://www.scopus.com/home.url.

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De referir também o estudo de Ovalle-Perandones (2011) que estuda as revistas cientificas de biblioteconomia e documentação na base de dados da SC&JR7 e o artigo de Gomez (2008) publicado para descrever o seu estudo bibliométrico em revistas recolhidas na Web of Science8. Isto retrata a importância da bibliometria nos ambientes eletrónicos.

Contudo não é só na área das ciências sociais que se aplicam estudos bibliométricos para avaliar a produção científica. Serrano-Lopez (2009) realizou um estudo onde analisou a produção e o consumo de informação científica nas doenças raras com causa genética conhecida. Recorrendo a técnicas bibliométricas conseguiu identificar a produção e o consumo que é feito da informação nesta área da medicina.

Surge também o estudo de Maria Cláudia Grácio (2011) como exemplo da aplicação da bibliometria na medicina. Desta vez um estudo na área da odontologia onde foram comparados os indicadores de produção científica do Brasil com os de outros países.

Com estes diversos exemplos procuramos dar uma panorâmica da aplicabilidade e da importância que a bibliometria tem nos dias de hoje. Com ela conseguimos avaliar e medir a produção científica de forma a possibilitar a tomada de decisões necessárias nestes campos.

***

Derivando da bibliometria têm surgido outros conceitos (cienciometria, infometria e webometria) que inicialmente considerados como subdisciplinas desta, ganharam já força suficiente para se tornarem áreas equiparáveis à bibliometria.

7 SCImago Journal & Country Rank, disponível em http://www.scimagojr.com/.

8

Atualmente denominada como Web of Knowledge e disponível em

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1.2.2 – Cienciometria

A cienciometria é uma disciplina que surgiu na URSS e que se expandiu, nos primeiros anos, até à Hungria. Inicialmente era utilizada para referir os métodos quantitativos utilizados no estudo da história da ciência e do avanço tecnológico. Com um nascimento um pouco discreto, a cienciometria apenas ganhou notoriedade com o nascimento da Scientometrics9. Esta revista veio dar uma nova dinâmica a esta disciplina por trazer a possibilidade de publicar investigações. Na década de 80, o Institute for Scientific Information (ISI) vendou a sua base de dados a diferentes instituições como forma de auxílio e foi aqui que a cienciometria, enquanto disciplina, começou a ganhar a atenção dos meios académicos. Atualmente, esta disciplina, a par de outras, é uma das mais utilizadas para a medição do conhecimento científico (Vanti, 2002)

Diversos autores estudaram esta nova disciplina e tentaram criar uma definição concreta e consensual. Vanti (2002) cita uma tradução de Macias-Chapula em que ele diz que cienciometria é o estudo dos aspetos quantitativos da ciência enquanto uma

disciplina ou atividade económica. A cienciometria é um segmento da sociologia da ciência, sendo aplicada no desenvolvimento de políticas científicas. Envolve estudos quantitativos das atividades científicas (…). Conclui-se então que a cienciometria estuda, por meio de indicadores quantitativos, uma determinada disciplina da ciência.

Vanti (2002) reuniu ainda opiniões de outros autores e, segundo Van Raan, a cienciometria centra-se em estudos quantitativos em tecnologia e ciência de forma a descobrir as ligações existentes entre as duas. Também Spinak, no mesmo artigo de Vanti, defende que a cienciometria consiste em aplicar técnicas bibliométricas à ciência, indo mais além pois também examina o seu desenvolvimento e políticas

9 Scientometrics é uma revista científica da área da cienciometria. Utilizando a revisão por pares

como método de controlo da qualidade, esta revista começou a ser publicada em 1977 na Hungria. Atualmente a sua editora esta sediada na Holanda.

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científicas. Com isto pode estabelecer comparações entre investigações de diversos países.

Os métodos utilizados pela cienciometria são de extrema utilidade e intervêm em diversas instituições como é o caso da OCDE e da Unesco. Os métodos ajudam na avaliação do desempenho científico dos investigadores e centros de pesquisa, na tomada de decisões quanto à distribuição dos recursos financeiros, nos estudos comparativos do desempenho de vários países e na gestão de informações retiradas de bases de dados (Vanti, 2002).

Concluiu-se então que a cienciometria é deveras importante no estudo das relações existentes entre tecnologia e ciência pois permite conhecer os limites das fronteiras de cada ciência bem como os seus atores principais e seus ramos de conhecimento.

1.2.3 – Infometria

A infometria é mais recente que a bibliometria e a cienciometria. Surgiu no ano de 1979 também na URSS. Contudo só 10 anos depois, o termo foi aceite de forma definitiva quando o encontro internacional de Bibliometria se passou a designar como Conferência Internacional de Bibliometria, Cienciometria e Infometria (Vanti, 2002).

Vanti, citando Tague-Stuckiffe, afirma que a infometria é o estudo dos aspetos

quantitativos da informação em qualquer formato e não apenas registos catalográficos ou bibliografias, referente a qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. A infometria pode incorporar, utilizar e ampliar os muitos estudos de avaliação da informação que estão fora dos limites da bibliometria e cienciometria.

Basicamente a infometria representa o seguimento de processos semelhantes aos da bibliometria mas aplicados a objetos e sujeitos diferentes. Indica-se ainda que a infometria pode mesmo ocupar-se dos processos de comunicação informal e dos

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grupos sociais mais desfavorecidos e não apenas dos grupos de investigadores e elites

intelectuais (Vanti, 2002).

A infometria, do mesmo modo que a bibliometria e a cienciometria, pode ser utilizada para a tomada de decisões a nível de bibliotecas bem como dos sistemas de recuperação da informação (Vanti, 2002).

Esta nova disciplina, descendente da bibliometria, ganhou tamanha importância que são vários os exemplos de centros de pesquisa existentes atualmente que se debruçam sobre ela. É o caso do Centro de Estudos Infométricos da Escócia. Este está baseado na longa tradição da Royal School of Library and Information Studies, escola à qual o centro se encontra ligado. Neste centro, realizam-se vários estudos tendo por base a infometria, com o objetivo de estender as fronteiras da

bibliometria para além da sua abrangência tradicional da comunicação académica da informação. Assim têm sido realizados estudos ao nível de análises infométricas da

World Wide Web (WWW) e do impacto das revistas científicas, por exemplo (Wormell, 1998).

Esta nova disciplina está ainda em crescimento mas, e citando Wormell (1998),

é preciso fortalecer a infometria junto dos profissionais da informação, abrindo as suas mentalidades e a sua compreensão para o uso que pode ser feito desse método nos modernos serviços de informação.

Referências

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