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OSUFPB em foco: estudo da percepção dos músicos em relação à interpretação do divertimento para cordas de Béla Bartók em quatro distribuições para o naipe de cordas

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Academic year: 2021

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ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

ROBERTO CLEMENTE RAMOS LÓPEZ

OSUFPB EM FOCO: ESTUDO DA PERCEPÇÃO DOS MÚSICOS EM

RELAÇÃO À INTERPRETAÇÃO DO DIVERTIMENTO PARA

CORDAS DE BÉLA BARTÓK EM QUATRO DISTRIBUIÇÕES PARA O

NAIPE DE CORDAS

Natal- RN

2019

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OSUFPB EM FOCO: ESTUDO DA PERCEPÇÃO DOS MÚSICOS EM

RELAÇÃO À INTERPRETAÇÃO DO DIVERTIMENTO PARA

CORDAS DE BÉLA BARTÓK EM QUATRO DISTRIBUIÇÕES PARA O

NAIPE DE CORDAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa - Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Orientador: Dr. André Luiz Muniz Oliveira

Natal-RN

2019

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OSUFPB EM FOCO: ESTUDO DA PERCEPÇÃO DOS MÚSICOS EM

RELAÇÃO À INTERPRETAÇÃO DO DIVERTIMENTO PARA

CORDAS DE BÉLA BARTÓK EM QUATRO DISTRIBUIÇÕES PARA O

NAIPE DE CORDAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa - Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Aprovada em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________ PROF. DR. ANDRÉ LUIZ MUNIZ OLIVEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE DO NORTE ORIENTADOR

_________________________________________________________ PROF. DR. ALFREDO JACINTO DE BARROS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CEARÁ MEMBRO DA BANCA

_________________________________________________________ PROF. DR. ALEXANDRE VIRGINELLI MAIORINO

UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE DO NORTE MEMBRO DA BANCA

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A Deus

À Minha Família

A Maria José Bellorin Montaño Ao Dr. André Muniz Ao Dr. Fabio Presgrave Ao Dr. Alexandre Maiorino Ao Dr. Zilmar Rodrigues Ao Dr. Durval Cesetti Ao Dr. Alfredo Barros A Sra. Dejadiere Lima

À Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte À Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Paraíba

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Esta pesquisa tem como objetivo estudar a percepção musical e sensorial dos músicos da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Paraíba (OSUFPB) de acordo com a interpretação musical de quatro fragmentos previamente escolhidos do Divertimento para Orquestra de Cordas Sz.113, BB.118 (1939), do compositor Húngaro Béla Bartók (1881-1945), utilizando quatro distribuições para o naipe de cordas: Distribuição Americana, Variante da Distribuição Americana, Distribuição Europeia e Variante da Distribuição Europeia. O método utilizado foi a aplicação de um questionário contendo oito perguntas baseadas nos seguintes tópicos: Afinação; Equalização ou Equilíbrio; Contato visual; Junção da música; Audição da interpretação dos colegas; Conforto tocando em uma distribuição determinada; Avaliação da distribuição para a obra e o Costume de tocar em uma distribuição especifica. A percepção dos músicos da OSUFPB foi capturada por meio da Escala de Likert de cinco respostas. Para complementar a escolha dos participantes, foi solicitado que eles fizessem comentários sobre suas respostas, com o fim de ampliar o escopo dos tópicos em relação às distribuições. Posteriormente, os dados foram tabulados e analisados estatisticamente utilizando o software IBM SPSS Statistics 25 (Pacote Estatístico para as Ciências Sociais) para obter a análise de Frequência e Porcentagem. Além disso, os resultados obtidos através do software foram condensados pela Somatória dos valores Negativos, Neutros e Positivos da Escala de Likert e, por último, foi feito um Resumo Comparativo Percentual com a interpretação do autor para cada pergunta e comentários mais relevantes. Os resultados indicam uma maior preferência para a Distribuição Americana, com uma inclinação descendente para as demais distribuições, concluindo que as preferências estão ligadas diretamente ao costume de tocar em uma determinada distribuição.

Palavras chaves: Práticas performáticas. Distribuições do naipe de cordas. Interpretação musical. Percepção musical.

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The following research aims to study the musical and sensorial perception of the musicians of the Symphony Orchestra of the Federal University of Paraíba (OSUFPB) through the musical interpretation of four previously chosen fragments of the Divertimento for String Orchestra Sz.113, BB.118 (1939) of the Hungarian composer Béla Bartók (1881-1945), using four distributions for the string section: American Distribution, Variant of the American Distribution, European Distribution and Variant of the European Distribution. The methodology used was the application of a questionnaire containing eight questions based on the following topics: Intonation; Equalization or Balance; Visual contact; Ensemble of music; Listening to colleagues interpretation; Comfort playing in a given distribution; Evaluation of the distribution for the piece and the Habit of playing in a given distribution. The perception of OSUFPB musicians were captured through the five-point Likert measurement scale; it is also pointed out that, in order to complement the choices of participants, it was requested that they include comments about their responses, in order to broaden the scope of the topics in relation to the distributions. Subsequently, the data was tabulated and statistically analyzed using the IBM SPSS Statistics 25 software (Statistical Package for Social Sciences) to obtain the analysis of Frequency and Percentage. In addition, the results obtained through the software was condensed by the sum of the Negative, Neutral and Positive values of the Likert Scale, and, finally, a Comparative Summary with Percentages was made with the interpretation of the author for each question of most relevant comments. The results indicate a greater preference for the American Distribution with a downward slope for the other distributions, concluding that the preferences are directly linked with the habit of playing in a certain distribution.

Keywords: Performative practices. Distributions for the string section. Musical interpretation. Musical perception.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Companhia de música, Nuremberg, c.1775... 14

Figura 2- Distribuição Europeia (DE)... 15

Figura 3- Variante da Distribuição Europeia (VDE)... 15

Figura 4- Distribuição Americana (DA)... 17

Figura 5- Variação da distribuição Americana (VDA)... 17

Figura 6- Propagação direcional em função de frequência de um violino em um plano horizontal... 18

Figura 7- Propagação direcional em função de frequência de um violino em um plano vertical... 19

Figura 8- Fragmento 1. (Movimento I, compassos 95 a 121)... 25

Figura 9- Fragmento 2. (Movimento II, do início até 19)... 26

Figura 10- Fragmento 3. (Movimento III, do início ate 92)... 27

Figura 11- Fragmento 4. (Movimento III de 476 até 531)... 28

Figura 12- Etapas do estudo………. 31

Figura 13- Resumo Comparativo- Como você avalia seu conforto na Distribuição X?...34

Figura 14- Resumo Comparativo - Considera que a afinação foi afetada em consequência na Distribuição X?... 36

Figura 15- Resumo Comparativo - Como você avalia a equalização ou o equilíbrio tocando na Distribuição X?...38

Figura 16- Considera que o contato visual com os seus colegas foi claro na Distribuição X 40 Figura 17- Como você avalia a junção da música na Distribuição X?... 42

Figura 18- Poderia ouvir claramente a interpretação dos seus colegas na Distribuição X?... 44

Figura 19- Como você avalia a Distribuição X para a obra "Divertimento para Cordas" de Béla Bartók (Sz.113 BB.118)?...46

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LISTA DE FOTOS

Foto 1- Sala de Concertos Radegundis Feitosa ... 23 Foto 2- Músicos da OSUFPB preenchendo o questionário ... 32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OSUFPB - Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Paraíba DE - Distribuição Europeia

VDE - Variante da Distribuição Europeia DA - Distribuição Americana

VDA - Variante da Distribuição Americana LAMUSI - Laboratório de Música Aplicada UFPB - Universidade Federal de Paraíba

CCTA - Centro de Comunicação, Turismo e Artes. SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

FILUFRN- Filarmônica da Universidade Federal Rio Grande do Norte OSRN- Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte

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2 REVISÃO DA LITERATURA 13 2.1 Distribuição Alemã ou Europeia e sua variante 14

2.1.1 Distribuição Americana e sua Variante 16

2.2 Propagação sonora de instrumentos de cordas 18

2.3 Escala de Likert 19

2.3.1 Perguntas da escala tipo Likert 20

3 METODOLOGIA 22

3.1 Descrição do objeto de estudo 22

3.1.1 Descrição do espaço de estudo 23

3.2 Divertimento para orquestra de cordas 24

3.3 O questionário 29

3.4 Fases de desenvolvimento 30

4 ANÁLISE E RESULTADOS DOS DADOS 32

4.1 Pergunta A 34 4.2 Pergunta B 36 4.3 Pergunta C 38 4.4 Pergunta D 40 4.5 Pergunta E 42 4.6 Pergunta F 44 4.7 Pergunta G 46 4.8 Pergunta H 48 5 DISCUSSÕES 49 6 CONCLUSÕES 53 REFERÊNCIAS 54

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APÊNDICE D - Figuras e tabelas de Analise de Frequência e Somatória das Frequências e

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1 INTRODUÇÃO

O interesse desta investigação vem da observação de vários concertos da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar de Venezuela1, em que foram notadas alterações na distribuição do naipe das cordas no palco. Como consequências dessas alterações, foi observada uma transformação notória no som da orquestra, particularmente em sua direção (propagação sonora dos instrumentos) e no equilíbrio (equalização das vozes). As perguntas que surgiram na época foram: Quem propôs tal modificação e por que a distribuição foi modificada? Existe alguma reação diferente para os músicos? Será difícil ou mais fácil tocar em uma distribuição determinada? É necessário fazer mudanças na distribuição em função do estilo ou repertório? Existe uma distribuição única que atenda a todas as expectativas? Desta maneira, estas curiosidades levaram-me a pesquisar sobre as distribuições orquestrais do naipe de cordas em seu contexto histórico e também em como elas afetam a percepção dos músicos no naipe de cordas.

A escolha das distribuições foi adotada levando em consideração o texto de J. D. Smith (2009), Orchestral Seating in Modern Performance Origins & Variations, no qual o autor faz uma análise do ponto de vista histórico e técnico sobre as quatro distribuições que atualmente são utilizadas no naipe das cordas, a saber: Distribuição Europeia (DE), Variante da Distribuição Europeia (VDE), Distribuição Americana (DA) e Variante Distribuição Americana (VDA). As características de cada distribuição serão apresentadas e discutidas na seção seguinte.

Boa parte da literatura relacionada com esta pesquisa, dos autores Norman Del Mar (1983); Luís L. Henrique (2002); J. D. Smith (2009) Gustav Meier (2009); Jürgen Meyer (2009) e Tammy Joy Clark (2015) abordam as vantagens de execução em determinadas distribuições, seu uso em função da acústica da sala em que se toca e sua relação histórica. Entretanto, há pouca informação na literatura a respeito da percepção dos músicos quando executam determinada peça musical em determinada distribuição, já que eles são os mais afetados tanto no ponto de vista acústico e sensorial quando as distribuições são alteradas,

1 OSSBV é uma das orquestras principais do país, fundada pelo Maestro José Antonio Abreu em 12 de fevereiro de 1978, fazendo parte integral da Fundação do Estado para o Sistema Nacional das Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela, melhor conhecido como El Sistema.

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quanto no desconforto e falta de flexibilidade que podem trazer consequências negativas à performance, por razões não musicais, tópico que analisaremos mais adiante.

O objetivo principal desta pesquisa é estudar a percepção musical e sensorial dos músicos ao se alterar a distribuição do naipe de cordas, para que se possam compreender quais são os impactos que a mudança de distribuição nos músicos pode provocar utilizando as quatro distribuições anunciadas. Neste estudo, serão utilizados os músicos do naipe de cordas da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Paraíba (OSUFPB) como objeto de estudo e a peça Divertimento para Orquestra de Cordas Sz.113, BB.118 (1939), do compositor húngaro Béla Bartók2 (1881-1945).

Para compreender a percepção dos músicos, foi desenvolvido um questionário contendo oito perguntas definidas pelas características sensoriais que podem existir dentro do naipe das cordas, tais como: contato visual, ouvir claramente os instrumentos e a sensação de conforto durante a interpretação musical. Para a aplicação do questionário, foram selecionados quatro trechos da obra Divertimento para Orquestra de Cordas Sz.113, BB.118 (1939) do compositor húngaro Béla Bartók (1881-1945). Ao término da execução pela orquestra dos trechos musicais em cada distribuição estudada, os músicos preencheram um questionário baseado na Escala de medição tipo Likert3 de cinco respostas. Posteriormente, os dados foram introduzidos no software IBM SPSS Statistics 25 (Pacote Estatístico para as Ciências Sociais) para que fosse feita uma análise de Frequência e Porcentagem. Além disso, a informação obtida através do software foi condensada pela Somatória dos valores Negativos, Neutros e Positivos, característicos da Escala tipo Likert, e por último foi feito um Resumo Comparativo Percentual com a interpretação do autor para cada pergunta, além de uma seleção de comentários.

2 Bartók, Béla (1881-1945). Compositor húngaro. Maior expoente húngaro da música, Bartók não era apenas um compositor, mas um excelente pianista e estudioso sistemático de música folclórica. Sua pesquisa na canção folclórica teve uma influência acentuada em sua música. (LATHAM, 2009 p.163).

3 Rensis Likert, (nascido em 5 de agosto de 1903, Cheyenne, Wyoming, EUA - morreu em 3 de setembro de 1981, Ann Arbor, Michigan), cientista social americano que desenvolveu escalas para a mensuração de atitude e introduziu o conceito de gestão participativa. Depois de estudar economia e sociologia na Universidade de Michigan (A.B., 1922), Likert estudou psicologia na Universidade de Columbia (Ph.D., 1932). Ele ensinou psicologia na Universidade de Nova York (1930-1935) antes de se mudar para Hartford, Connecticut, para se tornar diretor de pesquisa da Associação de Administração de Agências de Seguro de Vida. Enquanto esteve lá, ele começou a comparar e avaliar os modos de supervisão. Em 1939, Likert tornou-se diretor de divisão do Departamento de Economia Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA. Sua última mudança na carreira ocorreu em 1946, quando ele ajudou a estabelecer um centro de pesquisa na Universidade de Michigan que acabou sendo nomeado Instituto de Pesquisa Social. (Enciclopédia Britânica,

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A mudança na posição dos músicos necessariamente altera os resultados sonoros devido a vários fatores, entre os quais as características de propagação direcional dos instrumentos (HERNRIQUE, 2002, p.315). Ao afetar a propagação sonora, altera-se automaticamente a percepção, neste caso, dos integrantes da OSUFPB. A preferência por uma distribuição naturalmente depende do estilo de interpretação pessoal e da percepção tonal subjetiva do regente (MEYER, 2009, p.263). Considera-se que este tipo de estudo pode fornecer uma ferramenta útil para diferentes orquestras, compositores e regentes, conhecendo os argumentos e as razões dos músicos; além disso, as razões históricas e técnicas já existentes também serão consideradas.

Embora a linha de pesquisa deste trabalho esteja focada na performance, também pode influenciar aspectos educacionais, devido à flexibilidade auditiva adquirida por uma orquestra que faz essas mobilizações constantemente. Durante minha experiência como regente, observei o impacto no desempenho instrumental em diferentes distribuições. Acredita-se que ao colocar, por exemplo, os violinos II ou as violas no lado direito do regente, eles possam se sentir visualmente e sonoramente expostos, e, como consequência, observou-se o aumento de nível de sua performance e reponsabilidade. Esta pode observou-ser uma ferramenta útil para melhorar a atuação de um naipe, além de ser utilizado como um recurso pedagógico. Entretanto, o mais importante da pesquisa é conhecer a opinião dos músicos e introduzir novas considerações ao momento de se tomar uma decisão sobre possível mudança de distribuição.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Revisando diferentes textos especializados, foi encontrada uma disparidade na terminologia. Os termos mais utilizados são: Formations, Norman Del Mar (1983); Platform Planning ou Layouts, Tammy Joy Clark (2015) e Gustav Meier (2009); Seating Arrangement Jürgen Meyer (2009); Setup e Disposições por Luís L. Henrique (2002). Independentemente do termo, todos convergem ao mesmo princípio: a mudança no posicionamento dos instrumentos da orquestra no palco. A distribuição (termo que utilizaremos neste texto) para os vários naipes de cordas e instrumentos de sopro não é de forma nenhuma padronizada. Uma regra que se aplique a todas as situações é impossível porque cada composição tem sua orquestração específica e cada palco e auditório tem suas próprias propriedades acústicas e de logística (MEIR, 2009, p.151).

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A distribuição dos assentos dos vários naipes de cordas e sopros é o resultado da evolução da orquestra, desde um pequeno conjunto sentado ao redor de um cravo, até uma grande orquestra sinfônica (MEIR, 2009, p.151).

Figura 1 - Companhia de música, Nuremberg, c.1775.

Fonte: https://superstarfloraluk.com/4905912-Baroque-Painting-Music.html

Acessado em: 18 de junho 2019.

Ao observar a figura 1, vemos que a forma de se reunir em torno do cravo é circular, característica que atualmente mantém sua validade nos naipes de cordas, devido à importância do contato visual entre os músicos. Através deste contato, os músicos podem ver a distribuição do arco, o caráter da passagem e as indicações de entradas do músico principal, neste caso o cravista.

Com o tempo, a orquestra foi crescendo e mudando suas exigências técnicas e interpretativas. Devido a isso, a reorganização da distribuição dos músicos passou a ser uma necessidade e, a fim de atender às exigências, foi necessária uma reorganização da distribuição para cobrir certas exigências. Segundo Smith (2009, p.7-10), várias distribuições estão sendo usadas atualmente para o naipe das cordas. Os seguintes esquemas representam as mais comuns, a saber: Distribuição Alemã ou Europeia e a Distribuição Americana, ambas com suas variantes.

2.1 Distribuição Alemã ou Europeia e sua variante

Os primeiros precursores históricos desta distribuição, ilustrada na fig. 2, podem ser encontrados na orquestra da igreja de Mannheim, por volta de 1777, sob a direção de Abbé

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Vogler4 (1749-1814), que introduziu a separação dos dois grupos de violinos à direita e esquerda. A localização dos dois naipes de violinos em ambos os lados do regente foi posteriormente adotada, de forma relativamente rápida, por várias orquestras (MAYER, 2009, p.264).

Figura 2- Distribuição Europeia (DE)

Fonte: O Autor (2019)

A distribuição mostrada na fig. 3 fornece uma abordagem mais moderna para a posição das cordas mais graves, com os baixos mais próximos da seção inferior dos metais e dos sopros. Essa distribuição também propõe uma alternativa menos radical partindo da prática normal para aquelas orquestras que não a usam regularmente (SMITH, 2009, p.8).

Figura 3- Variante da Distribuição Europeia (VDE)

Fonte: O Autor (2019)

Outra característica relevante da DE e VDE é a antífona, que poderíamos descrever como um estilo conversacional de escrita no qual o primeiro e o segundo violinos trocam frases um com o outro, espécie de um efeito estéreo do século XVIII, notado e explorado pelos compositores da época, tais como J. Haydn (1732-1809), W.A. Mozart (1756-1791) e L. van Beethoven (1770-1827), podendo-se observar, neste último, este procedimento em suas sinfonias 4, 5 e 7, para citar algumas.

4 Vogler, Georg Joseph, (1749-1814) também conhecido como Abbé Vogler. Teórico, tecladista e compositor alemão. Sua escola de música em Mannheim, fundada em 1776, foi um campo para o desenvolvimento de sua teoria harmônica, que ele exibiu em vários tratados. Ele também projetou órgãos como a “orquestra” portátil. Weber e Meyerbeer estavam entre seus discípulos. (LATHAM, 2009 p.1584).

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2.1.1 Distribuição Americana e sua Variante

Até a época de Heitor Berlioz (1803-1869) e Felix Mendelssohn (1809-1847), as orquestras eram lideradas pelo spalla ou pelo compositor, que se sentavam ao piano ou cravo. A ideia de um maestro com uma batuta que ensaiava a orquestra sem tocar um instrumento só surgiu nas primeiras décadas do século XIX, em função do crescimento das orquestras. É relativamente fácil para os integrantes de uma orquestra de 20 músicos tocarem juntos sem um maestro; é praticamente impossível para um grupo acima de 60 músicos. À medida que os regentes crescem em importância, eles começam a experimentar com a distribuição da orquestra (LEWIS, 2017). Duas figuras desempenharam um papel fundamental na organização da orquestra moderna: Leopold Stokowski5 (1882-1977) e Sir Henry Joseph Wood6 (1869-1944).

Segundo Lewis 2017, Stokowski foi um grande experimentador e tentou distribuir a orquestra de todas as maneiras imagináveis, sempre tentando encontrar a mistura ideal de sons. Em uma ocasião, ele horrorizou a Orquestra Sinfônica de Filadélfia colocando as madeiras e metais na frente das cordas. O conselho ficou indignado, argumentando que os sopros “não estavam ocupados o suficiente para dar um bom show” (LEWIS, 2017). Mas, nos anos 20, ele fez uma mudança que permaneceria: ele organizou as cordas do agudo ao grave, da esquerda para a direita, argumentando que todos os violinos juntos ajudariam os músicos a se ouvirem melhor. O "Stokowski Shift", como ficou conhecido, foi adotado por orquestras de toda a América. Na Inglaterra, Henry Wood favoreceu o mesmo arranjo, levando à sua adoção em todo o Reino Unido.

A Distribuição Americana (fig. 4) tem como vantagem a proximidade do primeiro e segundo violino, sendo que a posição das violas e violoncelos é a mais adequada para a maioria dos repertórios para a orquestra a partir do início do século XX.

5 Stokowski, Leopold Anthony (1882-1977). Regente americano nascido na Inglaterra. Ele estudou na Universidade de Oxford e da RCM e em 1900 foi nomeado organista de St. James em Piccadilly. Regente autodidata, em 1909 ele fez sua estreia em Paris com a Orquestra de Colônia. Nesse mesmo ano ele foi nomeado regente principal da Orquestra de Cincinnati. Em 1912 começou sua temporada de 24 anos como chefe da Orquestra de Filadélfia, que adquiriu fama internacional por seu virtuosismo, brilho e sons ricos. Extravagante no pódio, Stokowski levou muitas liberdades com as partituras sob o critério de que o intérprete deve se sentir livre para experimentar e procurar possibilidades que vão além das notas escritas. (LATHAM, 2009 p.1554). 6 Wood, Sir Henry Joseph (1869-1944). Regente inglês. Ele nasceu em uma família musical e estudou na Royal Academy of Music. Ele originalmente se curvou ao órgão e composição, mas adquiriu compromissos de regência com as companhias de ópera. Foi regente do recém-inaugurado Salão da Rainha, Robert Newman, deu a ele a oportunidade de liderar uma temporada de verão dos Concertos Promenade em 1895; seu sucesso deu-lhes um lugar fixo no calendário musical. Além disso, Wood conduziu a Queen's Hall Orchestra em uma série regular de concertos sinfônicos. (LATHAM, 2009 p.1619).

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Figura 4- Distribuição Americana (DA)

Fonte: O Autor (2019)

A Variação da Distribuição Americana (fig. 5) foi introduzida por Wilhelm Furtwängler7 (1886-1954) e, desde então, tem sido adotado por diferentes orquestras. Os violoncelos e violas trocam posições, tornando a conexão entre os violoncelos e os baixos mais próximos. O contato entre o violoncelo e o spalla também melhora, sem ter que abandonar as vantagens técnicas das distribuições dos dois grupos de violinos juntos (MAYER, 2009, p. 268).

Figura 5- Variação da distribuição Americana (VDA)

Fonte: O Autor (2019)

Além do crescimento da orquestra sinfônica, também existe um motivo técnico que levou à adaptação das distribuições, o qual parece estar relacionado à influência das companhias de gravação durante a década de 1950. A Distribuição Americana e sua variação eram as formações preferidas para gravações estereofônicas de grandes orquestras, pois permitiam definir melhor a separação de frequências: agudo para a esquerda e grave para a direita (EARGLE, 1995), ao mesmo tempo em que nos faz pensar sobre outro aspecto

7 Furtwängler (Gustav Heinrich Ernst Martin), Wilhelm (1886-1954). Maestro alemão. Estudou em Munique

com Rheinberger e Schillings e em 1905 obteve a primeira das várias posições como répétiteur. Foi regente da orquestra de Lübeck (1911-1915), da ópera de Mannheim (1915-1920) e da orquestra de Tonkünstler em Viena (1919-1924). Em 1922, ele sucedeu Nikisch na orquestra de Leipzig Gewandhaus (até 1928) e na Orquestra Filarmônica de Berlim, da qual ele foi responsável pela maior parte de sua vida. (LATHAM, 2009 p.633).

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fundamental a respeito das distribuições: como ocorre a propagação sonora dos instrumentos de cordas e como eles se comportam acusticamente.

2.2 Propagação sonora de instrumentos de cordas

A dependência direcional da propagação sonora para instrumentos de corda é baseada na subdivisão das placas vibratórias (ver fig. 6 e 7) em zonas de diferentes amplitudes e fases. Além disso, especialmente em baixas frequências, a propagação sonora é feita através do espaço por meio dos ‘efes’ (buracos no corpo do instrumento) (MAYER, 2009, p. 148).

Como exemplo, as figuras 6 e 7 mostram apenas a propagação sonora dos violinos no estudo realizado por Mayer em relação ao campo direcional em diversas faixas de frequência, exposto em dois planos distintos, horizontal (fig. 6) e vertical (fig. 7).

Figura 6- Propagação direcional em função de frequência de um violino em um plano horizontal.

Fonte: Jürgen Mayer. Acoustics and the Performance of Music. p. 273. 2009.

Nas figuras 6 e 7, observam-se diferentes direções do som em função de sua faixa de frequência, destacando que os diferentes registros do instrumento propagam-se em diferentes

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ângulos. As características direcionais dependem da frequência, mas também da estrutura da madeira, de modo que cada instrumento exibe padrões individuais (MAYER, 2009, p. 148).

Figura 7- Propagação direcional em função de frequência de um violino em um plano vertical.

Fonte: Jürgen Mayer. Acoustics and the Performance of Music. p. 274. 2009.

Mayer estudou a direção da propagação em instrumentos de cordas, mas qual seria a percepção dos instrumentistas ao interpretar uma peça musical com distribuição dos instrumentos em posições diferentes da que estão acostumados? De forma a averiguar o impacto na percepção das diferentes distribuições, colhemos os dados a partir da OSUFPB através de uma escala sensorial que captura a percepção de nosso objeto de estudo.

2.3 Escala de Likert

Para capturar a percepção dos músicos, utilizou-se a escala de medição sensorial criada por Rensis Likert8 (1903-1981). A Escala de Likert é um sistema de classificação usada em questionários e projetada para medir as atitudes, opiniões ou percepções das pessoas. Os indivíduos escolhem entre uma gama de respostas possíveis para uma pergunta ou declaração 8 Rensis Likert, (1903- 1981), cientista social americano que desenvolveu escalas para a mensuração de atitude e introduziu o conceito de gestão participativa. Depois de estudar economia e sociologia na Universidade de Michigan (A.B., 1922), Likert estudou psicologia na Universidade de Columbia (Ph.D., 1932). Ele ensinou psicologia na Universidade de Nova York (1930-1935) antes de se mudar para Hartford, Connecticut, para se tornar diretor de pesquisa da Associação de Administração de Agências de Seguro de Vida. Enquanto esteve lá, ele começou a comparar e avaliar os modos de supervisão. Em 1939, Likert tornou-se diretor de divisão do Departamento de Economia Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA. Sua última mudança na carreira ocorreu em 1946, quando ele ajudou a estabelecer um centro de pesquisa na Universidade de Michigan que acabou sendo nomeado Instituto de Pesquisa Social. (Enciclopédia Britânica,

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específica; as respostas normalmente incluem "concordo totalmente", "concordo", "neutro", "discordo" e "discordo totalmente" (JAMIESON 2017).

Uma escala maior (por exemplo, sete categorias) poderia oferecer mais opções aos entrevistados, mas as pessoas tendem a não selecionar as categorias extremas em grandes escalas de avaliação, talvez não desejando parecer extremas em sua opinião. Além disso, pode não ser fácil para os sujeitos discriminarem categorias que são apenas sutilmente diferentes. Por outro lado, as escalas de classificação com apenas três categorias (por exemplo, ruim, satisfatório e bom) podem não oferecer discriminação suficiente. Um número par de categorias, como em uma escala Likert de quatro ou seis pontos, obriga os respondentes a se posicionarem amplamente “para” ou “contra” uma declaração (JAMIESON 2017).

Para efeitos de nossa pesquisa, utilizou-se a escala de cinco pontos devido a diferentes vantagens que esta oferece, por exemplo: opção de ponto neutro (decorrente das escalas ímpares), nível de confiabilidade adequado e capacidade de ajuste a respondentes com diferentes níveis de habilidade.

Além da escala, foi necessário criar um questionário que acompanhasse as respostas, o qual contém oito tópicos que consideramos relevantes para nossa pesquisa.

2.3.1 Perguntas da escala tipo Likert

O questionário é uma ferramenta que permite obter informações ou a opinião do objeto de estudo através de diferentes tipos de questões personalizadas e desenhadas pelo pesquisador. Para obter estas informações, devem-se estruturar tópicos de estudo, mediante os quais obtém-se a informação específica de cada indivíduo. Em nossa pesquisa, reconhecemos9 vários tópicos que são relevantes nas quatro distribuições anteriormente descritas. O critério para escolher os tópicos têm como base as características que podem influir nas distribuições, tais como:

• Afinação;

• Equalização ou Equilíbrio; • Contato visual;

9 Em várias sessões entre os anos 2018-2019, o orientador da pesquisa, Dr. André Luiz Muniz Oliveira, e eu debatemos para criar as perguntas e tópicos mais adequados e influentes nas distribuições, sendo que estas conversas foram feitas devido à falta de literatura e informação sobre temas relacionados à pesquisa.

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• Junção da música;

• Audição da interpretação dos colegas; • Conforto tocando na Distribuição X; • Avaliação da distribuição para a obra; • Costume de tocar na Distribuição X.

Diversos autores (ROBERTS, 1997; LLAURADO, 2015; JAMIESON, 2017) relatam como uma desvantagem na escala Likert a falta de profundidade da resposta. Para superar esta desvantagem, criamos um espaço de comentários para cada pergunta. Assim, os participantes podem explicar e relatar com mais liberdade o porquê de suas respostas.

A seguir, apresentamos um exemplo de pergunta e opções de respostas para um tópico específico (equalização ou equilíbrio), usando-se “X” como substituto de uma distribuição particular, sendo que no questionário foram inseridas cada distribuição com seu nome apropriado.

Exemplo 1.

Como você avalia a equalização ou o equilíbrio tocando na Distribuição “X”? *10

1. Totalmente desequilibrado 2. Parcialmente desequilibrado 3. Indiferente

4. Parcialmente equilibrado 5. Totalmente equilibrado

Comente sobre sua resposta da pergunta anterior.

___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ É importante assinalar que o questionário11 foi feito de forma online através da plataforma Google Forms12 para facilitar a exportação de dados. Além disso, disponibilizamos cópias físicas, para o caso de alguém não ter acesso a um celular, tablete, notebook ou internet no momento do preenchimento dos questionários.

10 Resposta obrigatória.

11 Pode-se encontrar questionário inteiro no apêndice A e B (p.56-69)

12 O Google Forms é um serviço gratuito para criar formulários online. Nele, o usuário pode produzir pesquisas de múltipla escolha, fazer questões discursivas, solicitar avaliações em escala numérica, entre outras opções. A ferramenta é ideal para quem precisa solicitar opinião sobre algo, organizar inscrições para eventos, convites ou pedir avaliações. (BIJORA 2018).

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3 METODOLOGIA

Como objeto de estudo, solicitamos a colaboração da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB), a qual tem uma grande trajetória artística no pouco tempo desde sua fundação no ano de 2013. Sua característica mais relevante é sua composição, baseada só em instrumentistas de cordas; portanto, o tema das distribuições pode ter maior significado para eles. Também consideramos a OSUFPB como o grupo mais adequado para esta pesquisa devido à sua experiência e alto nível musical.

A seguir, descreveremos em maiores detalhes informações sobre a orquestra, seu local de ensaio e apresentações.

3.1 Descrição do objeto de estudo

A Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB) estreou em 06 de abril de 2013. Neste momento, a OSUFPB inaugurou uma nova era na cena sinfônica do Estado da Paraíba, pois cumpria finalidades acadêmicas, estimulando a relação pedagógica entre professores e alunos, e contribuindo ainda para a formação de plateia e para dar escoamento aos projetos da área de música da UFPB, tanto no campo da performance como de composição e musicologia.

Ao atender a esses princípios educacionais, a OSUFPB cumpre um papel diferenciado, pois, além de trabalhar com peças da tradição orquestral, também se dá aos fins de pesquisa, executando obras inéditas ou de cunho experimental, que não atendem aos interesses mercadológicos. Desta forma, adequa-se aos propósitos básicos da universidade, que são de criar, desenvolver e divulgar o conhecimento para a sociedade.

A orquestra conta hoje com dezesseis músicos contratados, além da participação eventual de professores e alunos dos Departamentos de Música e Educação Musical da UFPB, podendo envolver ainda colaboradores voluntários. A OSUFPB é coordenada pela Prof. Ms. Iris Vieira, que também ensina Tuba/Eufônio no Departamento de Música da UFPB.

No momento do estudo a orquestra estava constituída por 20 músicos divididos entre os diferentes naipes:

● Violinos I: 5; Violinos II: 5; Violas: 4; Violoncelos: 4 e Contrabaixos: 2.

O estudo foi realizado em 25/02/2019 (segunda-feira), entre as 9h-12h, na Sala de Concertos Radegundis Feitosa localizada na Universidade Federal da Paraíba, sede oficial da orquestra.

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3.1.1 Descrição do espaço de estudo

A denominação da sala é em homenagem a um dos maiores músicos da Paraíba, o trombonista Radegundis Feitosa13 (1962-2010). A Sala de Concertos Radegundis Feitosa faz parte do projeto de expansão física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A sala, a primeira do gênero na Paraíba, está instalada no complexo de edifícios do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da UFPB, Campus de João Pessoa, e atualmente funciona como sede da Orquestra Sinfônica (OSUFPB). Projetada pelo arquiteto Andrey Câmara e pelo engenheiro Francisco Pereira Júnior e coordenada pelo Laboratório de Música Aplicada (LAMUSI), a sala foi criada especificamente para a realização de apresentações musicais. O ambiente possui palco com capacidade para orquestra e coro, fosso orquestral para realização de óperas e balés, além de cabines de gravação. A capacidade de público é de 300 espectadores, como se pode apreciar na seguinte foto.

Foto 1- Sala de Concertos Radegundis Feitosa

Fonte: http://www.paraibacriativa.com.br/artista/radegundis-feitosa/ Acesso em: 22 de junho de 2019.

Como meio para capturar a percepção dos músicos, foi escolhida uma obra para orquestra de cordas do compositor Béla Bartók. Cabe destacar que a obra é utilizada como

13 Radegundis Feitosa Naturalidade: Itaporanga- PB (13 de agosto de 1962- 1° de julho de 2010) Doutor em trombone pela Catholic University of America/EUA; Mestre pela “The Juilliard School” de New York/USA (1987) e Bacharel pela Universidade Federal da Paraíba (1983). Maestro, trombonista clássico e popular; Presidente e fundador da Associação Brasileira de Trombonistas; Professor e chefe do Departamento de Música. Prêmios: Concursos nacionais e no “East & West Artists” para debut no Canegie Recital Hall em New York, USA. http://www.paraibacriativa.com.br/artista/radegundis-feitosa/ Acessado em: 24/06/2019.

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repertório padronizado para orquestras de cordas professionais e conta com várias características musicais que serão explicadas na seguinte seção.

3.2 Divertimento para orquestra de cordas

Para realizar o estudo, utilizamos a obra Divertimento para Orquestra de Cordas14 Sz.113, BB.118 (1939) do compositor húngaro Béla Viktor János Bartók de Szuhafő (1881-1945). Considera-se que esta obra reúne aspectos relevantes e contrastantes para que uma percepção notória da influência das distribuições seja possível. Selecionamos quatro fragmentos, considerando os seguintes aspectos:

• Irregularidades do desenho melódico; • Fugattos;

• Demarcações formais claras, especificamente com o uso de uníssono; • Pergunta e resposta entre os solistas e os tutti;

• Contraponto imitativo.

Os fragmentos selecionados foram: • Movimento I, compassos 95 a 121; • Movimento II, do início até 19; • Movimento III, do início até 92; • Movimento III de 476 até 531.

Nas ilustrações a seguir, explicamos cada um dos fragmentos especificando suas características principais.

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Figura 8- Fragmento 1. (Movimento I, compassos 95 a 121).

Partitura: Divertimento for String Orchestra Sz.113, BB.118. Boosey & Hawkes, 1940, p.9.

No fragmento 1 (fig.8), a principal característica é a imitação melódica das vozes por instrumento (quadro vermelho), do contrabaixo (registro grave) ao violino I (registro agudo) (compasso 95) e, depois, vice-versa (compasso 101). Neste fragmento, queremos saber se a distribuição americana é a mais adequada ou se a europeia propõe uma solução melhor através da estereofonia produzida pela distribuição. No quadro verde observam-se momentos de unificação melódica. Ao se mudar a distribuição do naipe, haverá algum efeito no equilíbrio sonoro do conjunto?

O segundo fragmento escolhido, que pode ser visto na Figura 9, inicia-se no segundo movimento da peça e termina no compasso 19.

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Figura 9- Fragmento 2. (Movimento II, do início até 19).

Partitura: Divertimento for String Orchestra Sz.113, BB.118. Boosey & Hawkes, 1940, p.18.

Como visto no fragmento 2, a linha melódica (quadros verdes) é feita pelos violinos II (compasso 2) e depois pelos violinos I e violas (compasso 6). Um ostinato (quadro vermelho) é apresentado pelo restante da orquestra, novas linhas melódicas (quadro laranja) são apresentadas pelos violinos I e violoncelos com acompanhamentos pelos instrumentos restantes (quadro azul). Qual seria a melhor distribuição para este fragmento? A distribuição europeia ajudará o conjunto de violoncelos, baixos e violas na execução do ostinato? A divisão dos violinos na Distribuição Europeia e sua Variante terão algum impacto na percepção dos músicos?

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O terceiro fragmento escolhido, que pode ser visto na Figura 10, se inicia no terceiro movimento da peça e termina no compasso 92.

Figura 10- Fragmento 3. (Movimento III, do inicio ate 92).

Partitura: Divertimento for String Orchestra Sz.113, BB.118. Boosey & Hawkes, 1940, p.23.

No fragmento 3, observamos a união das linhas melódicas por instrumento (quadro vermelho). Usando a distribuição europeia irá influenciar a maneira de tocar dos violinos, já que eles estão em lados opostos do regente? Considerando que os arcos serão cruzados pelo efeito de espelho que esta distribuição contempla, a partir do número de ensaio 14 nos encontramos com uma seção que tem como característica principal a repetição intercalada entre o quinteto (quadro verde) feito pelos chefes de naipe e posteriormente a mesma melodia no modo tutti (quadro azul). A orquestra terá dificuldade na junção da música e na equalização?

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O quarto fragmento escolhido, que pode ser visto na Figura 1, inicia-se no III movimento da peça, no compasso 476, e termina no compasso 531.

Figura 11- Fragmento 4. (Movimento III desde 476 até 531).

Partitura: Divertimento for String Orchestra Sz.113, BB.118. Boosey & Hawkes, 1940, p.39.

Nesse último fragmento, o contraponto é a principal característica. No compasso 476, os violinos estão ritmicamente juntos em oitavas (quadro vermelho), opostos pela união da seção grave da orquestra e, além disso, em movimento melódico contrário (quadro verde). Depois, no compasso 487, começa um conjunto de pequenas células melódicas espalhadas entre os instrumentos (quadro laranja). Como os músicos da orquestra perceberão esse fragmento nas diferentes distribuições? Eles terão problemas para a coordenação das entradas?

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Uma vez feitas as escolhas dos trechos musicais, o próximo passo foi desenvolver um questionário baseados nos oito tópicos descritos anteriormente (ver p. 20-21), utilizando os critérios da Escala tipo Likert.

3.3 O questionário

O questionário foi criado através da plataforma Google Forms. No momento de preencher os dados, a OSUFPB utilizou dois links15 para cada distribuição e sua variante. É importante destacar que apenas um participante fez o questionário de maneira tradicional, sendo que, posteriormente, seus dados foram inseridos na plataforma pelo autor.

O formato do questionário foi dividido em três etapas, conforme poderemos ver a seguir:

Etapa 1. Identificação do pesquisador e o estudo.

Este breve questionário destina-se à coleta de dados para pesquisa (em desenvolvimento) intitulada "Um estudo sobre a percepção musical de instrumentistas da seção das cordas em quatro distribuições16", pesquisa feita por Roberto Clemente Ramos López (Regente Orquestral) para o Programa Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Por gentileza, leia cada pergunta com calma, selecione e escreva sua resposta.

Etapa 2. Informação básica do participante. • Há quanto tempo você estuda música? • Qual é sua idade?

• Indique seu nível musical.

• Indique seu instrumento (diferenciando entre violino I e II) • Indique o nome da orquestra.

Etapa 3. Representada pelas oito perguntas baseadas nos tópicos desenvolvidos conjuntamente com a escala Likert e com um breve espaço de comentários por pergunta. (O questionário será colocado nos apêndices A e B para consultas posteriores.)

15 Podem-se encontrar os questionários nos seguintes links:

Distribuição Americana e Variante: https://forms.gle/HWqmQmb449JBnitFA Distribuição Europeia e Variante: https://forms.gle/TPnY4XwNovNq97ri6

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Tendo feita a elaboração do questionário, este foi aplicado ao objeto de estudo (OSUFPB), mas antes continuamos com uma serie de fases que descrevemos a seguir.

3.4 Fases de desenvolvimento

A metodologia aplicada no estudo foi dividida em duas fases:

Fase 1. Fazer contato com OSUFPB, agendar a atividade e entregar as partes de estudo para a orquestra.

O primeiro contato foi feito através do Dr. André Muniz com a Comissão Artística da OSUFPB e sua Diretora Administrativa, a Professora Iris Vieira. Nessa conversa, foram expostos os fundamentos da pesquisa e posteriormente foi enviado um e-mail me apresentando; informando o nome da obra e a extensão dos trechos; solicitando informações básicas da orquestra; solicitando permissão para gravar áudio e vídeo da atividade; explicando o modus operandi da atividade e sugestões tecnológicas e operacionais para não atrapalhar o momento do preenchimento do questionário online. Além disso, foram inseridas no e-mail as partes marcadas com os trechos previamente selecionados. A atividade foi marcada para o dia 25/02/2019 (segunda-feira), entre as 9h-12h, na Sala de Concertos Radegundis Feitosa.

Fase 2. Explicação de atividade, ensaio, estudo e preenchimento de questionários.

No dia da atividade, dispusemos de aproximadamente sete minutos para falar sobre o estudo e explicar cada procedimento do mesmo, o qual é resumido em três partes fundamentais, conforme o esquema demostrado na figura 12.

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Figura 12- Etapas do estudo

Fonte: O Autor (2019)

Posteriormente, fizemos o ensaio dos quatro fragmentos previamente selecionados do Divertimento para Cordas, com uma duração aproximada 10 min por trecho, com um total de 40 min de ensaio antes do início do estudo. No caso da OSUFPB, a peça havia sido interpretada em duas ocasiões com os maestros André Muniz (2016) e por Thiago Santos (2017), ambas as interpretações na Distribuição Americana, portanto o trabalho foi facilitado nesta distribuição, dada a utilização anterior da mesma nos concertos. Além de unificar os critérios de articulação, afinação, pontos de contato, arcos e caráter, também se trabalhou a conscientização sobre a junção da música e a percepção das entradas, dinâmicas e contato visual entre os músicos, aspectos de relevância para nossa pesquisa, pois são os critérios mais afetados nas mudanças das distribuições.

Na foto 2, podemos observar os músicos da OSUFPB preenchendo o questionário online depois de interpretarem fragmentos do Divertimento para Cordas.

1. Tocar os quatro trechos na distribuição “X” 2. Preencher o questionário da distribuição “X” 3. Mudar os músicos para outra distribuição Repetir 4 vezes, uma por cada

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Foto 2- Músicos da OSUFPB preenchendo o questionário

Fonte: O Autor (2019)

4 ANÁLISE E RESULTADOS DOS DADOS

A plataforma do Google Forms apresenta as respostas obtidas através de diferentes gráficos em forma resumida e individual, mas, para nossa precisão e diagnóstico, os dados coletados foram tabulados e inseridos no software IBM SPSS Statistics 2517. Os resultados se

apresentaram em três quadros descritivos (Análise de Frequência, Somatória das frequências e porcentagens e Resumo Comparativo), nos comentários e na interpretação dos dados.

Análise de Frequência: para conhecer a escolha detalhada dos músicos, fizemos a Analise de Frequência, que é um método estatístico descritivo que mostra o número e a porcentagem de ocorrências de cada resposta elegida pelos participantes.

Somatória das frequências e porcentagens: A escala de medição tipo Likert de cinco respostas divide-se em três partes; nesta análise, somam-se os valores Negativos (respostas 1 e 2) e Positivos (4 e 5) além dos Neutros (resposta 3), de cada pergunta e distribuição, para termos uma melhor ideia do resultado obtido e conhecermos de forma mais direta as preferências dos participantes.

Resumo Comparativo: Representam os resultados das porcentagens obtidas na somatória das frequências e porcentagens das quatro distribuições, demonstrando de forma geral qual foi a preferência dos participantes em cada pergunta relacionada à distribuição. 17 O SPSS, Pacote Estatístico para as Ciências Sociais (Statistical Package for the Social Sciences) é o conjunto de programas de software que são combinados em um único pacote. A aplicação básica deste programa é analisar dados científicos relacionados com as ciências sociais. Esses dados podem ser usados para pesquisas de mercado, pesquisas, mineração de dados, etc. (THOMES 2018).

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Comentários: Além da seleção das respostas, foi pedido para os membros da orquestra explicarem brevemente o porquê de cada uma das escolhas. Neste espaço, localizam-se os comentários que os músicos colocaram em cada pergunta. Nota-se que nem todos os participantes responderam este campo, já que não era de caráter obrigatório, mas sim de caráter complementar.

Interpretação: Destacaram-se os resultados e comentários mais importantes das perguntas com a interpretação do autor. O critério para escolher os comentários foi baseado em sua originalidade e evitando a repetição de opiniões.

Todos os resultados referentes à Análise de Frequência, Somatória das frequências e porcentagens e todos os Comentários da orquestra estão disponibilizados nos apêndices A e B da pesquisa, porém o Resumo Comparativo e Interpretação dos dados estão presentes no texto como análises gerais.

É importante destacar que a Etapa 2 do questionário (Informação básica do participante, p.29) foi sometida à Análise de Dispersão18, mas não houve correlação entre as variáveis (tempo estudando música, idade, nível musical e indicação de instrumento). Na seleção “Indique o nome da orquestra”, os participantes deveriam escolher entre duas opções: a) OSUFPB o b) Orquestra Sinfônica da Universidade Federal Rio Grande do Norte (OSUFRN). No gênesis da pesquisa, considerávamos aplicar o estudo às duas orquestras e posteriormente comparar os resultados, mas, observando a abrangência da pesquisa, resolvemos posteriormente estudar apenas a percepção dos músicos da OSUFPB.

A seguir, apresentamos os resultados das oito perguntas no Resumo Comparativo das quatro distribuições.

18 Trata-se de uma representação gráfica que analisa a relação entre duas variáveis quantitativas — uma de causa e uma de efeito. Quando você tem uma hipótese do que causou algo, mas ainda deseja comprová-la por meio de uma análise mais aprofundada. https://www.siteware.com.br/metodologias/o-que-e-diagrama-de-dispersao/ Asseado em: 19 de junho 2019.

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4.1 Pergunta A

Figura 13- Resumo Comparativo- Como você avalia seu conforto na Distribuição X?

Fonte: O Autor (2019)

Interpretação da Pergunta A

● A distribuição mais confortável para os participantes foi a DA com 90%. ● A distribuição mais desconfortável para os participantes foi a VDE com 45%.

● As porcentagens que escolheram “neutro” significa a quantidade de participantes indiferentes à mudança da distribuição, mostrando uma flexibilidade de 10% na DE e de 15% na VDE.

● Embora a VDE tenha sido a distribuição mais desconfortável, a relação entre os valores Positivo e Negativo teve uma mínima diferença de 5%; além disso, o resultado de Neutro foi de 15% (mais alto que as demais distribuições), o qual pode indicar paradoxalmente que o conforto (Positivo) pode aumentar de 45% ao 60%.

Análises dos comentários

A seguir, apresentamos os comentários mais ressaltantes da pergunta de acordo com a distribuição e, ao final, discutimos sobre os comentários de forma geral.

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Distribuição Americana

• Gosto dos graves e os agudos divididos. • Forma padrão da orquestra tocar. • Conforto por costume.

• Pois estou bastante acostumada com essa formação, então tocar desta maneira fica natural.

• Eu prefiro com o naipe de cello dentro (no lugar das violas), pois a referência sonora do restante da orquestra soa melhor, bem a visão do regente facilita o contato visual. Variante da Distribuição Americana

• Os contrabaixos ficam muito longe das violas e dos violinos.

• Consegui tocar confortável, escutando todos os naipes, e me sentindo mais na orquestra.

• Escutam-se todos os instrumentos, e bem melhor a si próprio.

Os comentários da pergunta A da DA suportam as respostas da escala de Likert, mas observamos que, na maioria deles, a orquestra se sente mais confortável devido ao costume de tocar com esta distribuição, fator ressaltante durante os analises. Outros têm comentários pensando na propagação sonora de seus instrumentos e, por experiência, eles conhecem onde seu instrumento pode soar melhor. A VDA apresenta outro elemento que impacta no conforto dos participantes, tais como a distância entre os naipes, e também explica os 75% dos participantes que estavam confortáveis pois puderam escutar “todos” os instrumentos ou “bem melhor”.

Distribuição Europeia

• Não gosto de tocar aqui. Pois não escuto os segundos violinos.

• Há uma grande dificuldade de visão entre os chefes de naipes de violoncelos e contrabaixo.

• Os violinos I e II ficam tocando no reflexo um do outro pela distância. • Senti-me confortável tocando e escutando mais as violas.

• Gosto de tocar aqui porque consigo escutar melhor os naipes e ver os segundos violinos melhor, já que em muitas peças temos bastantes coisas juntos. Gosto também de estar no meio, tanto nessa distribuição quanto na americana.

Variante da Distribuição Europeia • Escuto todos muito bem.

• Sinto-me desconfortável tocando próximo aos primeiros violinos.

• Esse é o lugar que mais gosto de tocar, pelo conforto que eu sinto para me movimentar, escutar e ver os demais colegas.

• Não consigo ver o spalla bem e há dificuldade com os arcos para não bater no concertino dos primeiros violinos.

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Os comentários para DE suportam o desconforto nos músicos por não poderem escutar bem algum naipe da orquestra, por causa da dificuldade no contato visual e pela falta de sincronia entre naipes por haver uma distância maior entre eles; porém, existe uma minoria de participantes que expressaram seu conforto porque podem escutar um naipe com maior clareza. Na VDE, os comentários indicam melhoras na escuta de alguns participantes, mas também desconforto por razões de espaço. É importante apontar que os instrumentistas, sobretudo os violoncelos e contrabaixos, precisam de certo espaço para tocar e evitarem “bater no concertino dos primeiros violinos”.

4.2 Pergunta B

Figura 14- Resumo Comparativo - Considera que a afinação foi afetada em consequência na Distribuição X?

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Interpretação da Pergunta B

● Os valores Neutros são os mais altos, indicando que a orquestra mostra-se indiferente em relação à afinação-mudança. Além disso, apresenta-se um aumento percentual ao longo do estudo.

● Os valores Positivos são os mais baixos, significando que a orquestra acredita que a afinação não foi afetada pela mudança das distribuições.

● Comparando os valores Negativos da DA→DE e VDA→VDE, percebe-se uma diminuição percentual de 35% e 20%, respectivamente, significando que os músicos tiveram mais dificuldades para afinar em distribuições menos conhecidas.

Análises dos comentários Distribuição Americana

• Naturalmente, a afinação muda com as diferentes distribuições por conta das referências mais próximas.

• Só acidentes.

• A afinação primordialmente é uma questão técnica individual.

• Indiferente, pois essa formação é a mais utilizada pelos maestros e consequentemente mais comum.

Variante da Distribuição Americana

• A afinação depende mais do instrumentista que do posicionamento. • Escutar os naipes por inteiro me fez escutar mais a afinação. • Não percebi mudança de afinação.

• Escuto a todos melhor.

Os comentários referentes à DA indicam que a afinação não é afetada pela distribuição, pois eles acham que a afinação “é uma questão técnica individual”, mas alguns dos participantes comentam que a afinação depende das “diferentes distribuições por conta das referências mais próximas”. Considera-se que os dois argumentos têm validade, pois a afinação está ligada diretamente à técnica, mas também à capacidade de comparar as referências dos colegas. Com respeito à VDA, os comentários encontram-se divididos, pois alguns argumentam que, assim como na DA, a afinação é uma questão individual, mas também de referência entre os naipes mais próximos, mas, por outro lado, outros participantes disseram que não perceberem mudanças ou que escutaram melhor.

Distribuição Europeia

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• Ouvi uma base de graves maior e mais forte e também os agudos, com os violinos mais evidentes e, por isso, eu ouvi mais desafinações.

• A referência entre violinos foi afetada e com isso a de todos. Variante da Distribuição Europeia

• Dificuldade de se ouvir.

• Sim! Sinto bastante prejudicada ao lado dos violinos. • Não sei quanta influência houve.

• Para melhor.

Os comentários para a DE sinalam que a distância entre os naipes, especificamente entre os violinos, dificulta a afinação, mas, em outros participantes, a proximidade das cordas graves amplificou a desafinação das cordas agudas. Na VDA, houve dificuldade de ouvir-se entre eles e, em alguns casos, a distribuição afetou diretamente a afinação. Considerando-se que estas distribuições não são comuns para orquestra, é possível que o desconforto seja talvez causado pela falta de vivência nas distribuições, o que pode alterar a afinação.

4.3 Pergunta C

Figura 15- Resumo Comparativo - Como você avalia a equalização ou o equilíbrio tocando na Distribuição X?

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Interpretação da Pergunta C

● A DA teve os resultados Positivos mais altos, indicando melhor equalização da orquestra.

● A VDE teve os resultados Negativos mais baixos, indicando maior dificuldade para equilíbrio da orquestra.

● Pode-se observar uma diminuição de 20-25% nos valores Positivos através das mudanças, indicando uma forte dificuldade para manter o equilíbrio da orquestra na DE e VDE.

● O valor Neutro se manteve abaixo dos 20%, indicando pouca diferença entre as mudanças.

Análises dos comentários

Distribuição Americana

• Como é o mais tocado, acho que todos já sabem e se sentem confortáveis. • Formam-se dois blocos: um de violinos e outro de violas, cellos e baixos. • Prefiro a mistura dos agudos com os graves.

Variante da Distribuição Americana

• Gosto dessa posição, pois os graves e agudos continuam separados.

• Sinto os graves mais direcionados. Os cellos ganham em sonoridade, enquanto as violas perdem.

• Também não é possível avaliar tocando na orquestra, talvez o naipe que mudou a posição possa avaliar.

• Escuto pouco as violas.

Nos comentários sobre a DA, os músicos demostraram que o costume de tocar nesta distribuição ajuda no equilíbrio e que a divisão entre os naipes agudos e graves favorece a equalização e equilíbrio. Outras percepções indicam que alguns dos participantes gostam mais da mistura dos naipes. Na VDA, os participantes indicaram que a posição das violas, ao lado direito do regente, prejudica a sonoridade do instrumento, pois, como se abordou na revisão de literatura (p.17-19), a propagação sonora é direcionada para o palco e não para a plateia. Uma constante dentro das distribuições é a posição fixa do violino I (do lado esquerdo do regente); considera-se que o naipe pode sim perceber qualquer mudança das distribuições, como demostram os demais comentários, pois as referências ao redor mudam; inclusive,

(42)

acreditamos que pode atuar como um naipe de controle, pois se localiza sempre na mesma posição.

Distribuição Europeia

• Viola, cello e baixo no centro sobressaem. • Pouca projeção dos segundos violinos. • Gosto da mistura entre agudos e graves. Variante da Distribuição Europeia

• Sinto o desequilíbrio nos naipes com esta formação.

• Não sinto os segundos violinos da mesma forma que as posições anteriores. • Não gosto dos primeiros e violoncelos juntos.

• Melhor equilibrado nos meus ouvidos de dentro da orquestra.

Nos comentários da DE, aconteceu o mesmo que na VDA, com um relato de perda de projeção dos violinos II, mas também observamos que eles percebem menor projeção das cordas graves quando estas encontram-se no meio. Na VDE, os músicos sentiram desequilíbrio nos naipes, lembrando que esta distribuição é a menos habitual para eles, de forma que só um participante expressou que sentiu melhor equilíbrio.

4.4 Pergunta D

Figura 16- Considera que o contato visual com os seus colegas foi claro na Distribuição X?

(43)

Interpretação

● A DA teve o resultado Positivo mais alto, com 85% indicando maior clareza do contato visual e com forte diminuição porcentual entre as distribuições.

● A VDE teve um resultado equitativo de 30% para os valores Negativos e Positivos, indicando uma percepção dividida dos participantes.

● Nos resultados Negativo, a VDA e VDE tiveram maior índice porcentual, indicando menos clareza no contato visual.

Analises dos comentários Distribuição Americana

• Sim, pois é a formação que estou mais acostumada. • Sinto falta do contato com o contrabaixo.

• Visibilidade muito boa com relação aos instrumentos agudos e não tão boa dos contrabaixos, porém o movimento corporal e a similaridade da partitura ajudam, como se o naipe cellos/baixos fossem um só.

Variante da Distribuição Americana

• Nesta posição fica mais fácil o contato visual com os colegas e com o maestro. • Vejo todos meus colegas.

• Contato visual sim. Entretanto não pude observar para a região de contato do arco com a corda dos Contrabaixos. Por vezes isso se faz necessário para um ataque mais preciso.

Os comentários da DA demostraram maior facilidade para esta distribuição com respeito ao contato visual, sendo que os participantes tiveram dificuldade para ver o naipe de contrabaixo, mas “o movimento corporal e a similaridade na partitura ajudam, como se o naipe cellos/baixos fossem um só”. O fator de estaremos acostumados com esta distribuição mais uma vez está presente entre a percepção dos instrumentistas. Na VDA, houve boa receptividade, mas faltou um maior contato com os contrabaixos para fixar o ponto de contato, como explica o último comentário.

Distribuição Europeia

• Difícil observar o ponto de contato dos contrabaixos, por estarem atrás dos violoncelos.

• Perco um pouco do contato com o spalla, mas como estamos mais juntos fisicamente, isso acaba sendo compensado.

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Variante da Distribuição Europeia

• Difícil contato com violoncelos e baixos. • Muito difícil ver o arco do spalla.

Na DE, houve o mesmo problema com respeito à VDA, o contato visual com os contrabaixos, mas também com o spalla. Acredita-se que outros meios de comunicação como audição e vista periférica possam compensar a falta de contato visual. Por outro lado, tivemos o comentário de um participante que dizia que seu contato principal é com o chefe de naipe e com o maestro; este tipo de pensamento é muito comum em orquestras com grandes naipes, mas, considerando-se o tamanho da OSUFPB (20 músicos), deveriam ter uma abrangência maior com respeito a este tópico. Os comentários da VDE tiveram os mesmos problemas que a VDA e DE.

4.5 Pergunta E

Figura 17- Como você avalia a junção da música na Distribuição X?

(45)

Interpretação da Pergunta E

● A DA obteve um resultado Positivo de 100% indicando que os participantes perceberam uma melhor junção da música.

● Resultado Negativo do 60% na VDE, indicando maior dificuldade de junção da música.

● Diminuição de 20-25% nos valores Positivos durante a sequência das mudanças. ● Aumento exponencial dos valores Negativos, indicando dificuldade em juntar a

música durante a sequência das mudanças. Importante destacar que a DA não teve resultados negativos, significando que a DA foi a melhor distribuição para a junção da música.

Análises dos comentários

Distribuição Americana

• Acho que depende muito do repertório.

• Como todos estão acostumados, fica mais fácil essa junção. • É possível, mas não me agrada enquanto músico.

Variante da Distribuição Americana

• A mudança é muito pouca para afetar a junção musical.

• Ao perder em sonoridade e contato visual, sinto mais dificuldade em me juntar ao restante da orquestra do que em outras distribuições.

• Por incrível que pareça, senti mais clara a junção da orquestra.

• Os cellos na parte de dentro da orquestra ficam mais perto dos violinos e violas, o contato ajuda com os agudos, nosso som se projeta pra frente, o que ajuda para escutarmos a nós mesmos.

• Com os baixos mais isolados, atrás dos violoncelos, pode dar problemas em ataques mais precisos.

O costume de tocar na DA foi o fator determinante durante os comentários; neste caso, os músicos sentiram que a junção foi melhor para esta distribuição, porém na VDA tiveram alguns problemas detalhados nos comentários. O terceiro comentário – “Por incrível que pareça, senti mais claro a junção da orquestra” – demostra que, embora o costume seja forte, podem acontecer mudanças inesperadas que possam modificar o pensamento do instrumentista.

Referências

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