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Estratégias para melhoria da completidade da sequência de funções de interpolação empregadas na formulação quase-dual do método dos elementos de contorno

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Programa de P´

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Allan Costa Jardim

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oria, Junho de 2006

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ETODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

Disserta¸c˜ao submetida ao Corpo Docente do Pro-grama de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia Mecˆanica da Universidade Federal do Esp´ırito Santo, como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Engenharia Mecˆanica.

ORIENTAC¸ ˜AO : PROF. DR. CARLOS FRIEDRICH LOEFFLER NETO VIT ´ORIA, JUNHO DE 2006

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Jardim, Allan Costa,

1981-J373e Estrat´egias para melhoria da completidade da sequˆencia de fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao empregadas na formula¸c˜ao Quase-Dual do M´etodo dos Elementos de Contorno

Allan Costa Jardim.-2006. 72 f. :il.

Orientador: Carlos Friedrich Loeffler Neto.

Disserta¸c˜ao (mestrado)- Universidade Federal do Esp´ırito Santo, Centro Tecnol´ogico

M´etodos de Elementos de Contorno. 2. An´alise Num´erica. 3. An´alise T´ermica. I. Loeffler Neto, Carlos Friedrich. II. Universidade Federal do Esp´ırito Santo. Centro Tecnol´ogico. III. T´ıtulo.

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PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM ENGENHARIA MEC ˆANICA

ESTRAT´

EGIAS PARA MELHORIA DA COMPLETIDADE

DA SEQUˆ

ENCIA DE FUNC

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OES DE INTERPOLAC

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EMPREGADAS NA FORMULAC

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AO QUASE-DUAL

DO M´

ETODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

Allan Costa Jardim

COMISS ˜AO EXAMINADORA

Prof. Dr. Carlos Friedrich Loeffler Neto

UFES - Universidade Federal do Esp´ırito Santo (Orientador)

Prof. Dr. Joccitiel Dias da Silva

UFES - Universidade Federal do Esp´ırito Santo

Prof. Dr. Webe Jo˜ao Mansur

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Disserta¸c˜ao apresentada ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em En-genharia Mecˆanica da Universidade Federal do Esp´ırito Santo como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia Mecˆanica

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que ele alcan¸cou Mas sim, naquilo que almeja alcan¸car. (Gibran Kahlil Gibran)

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a Almerinda, Almiro, Lucas, Silas, ao Professor Carlos Loeffler e a todos aqueles que acreditam que a vida ´e um eterno sonhar-realizar-sonhar.

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Um conjunto fica inteiramente determinado por uma propriedade satisfeita por seus e-lementos. Espero, lan¸cando m˜ao desse fato, agradecer `a todos aqueles que contribu´ıram para a realiza¸c˜ao deste trabalho, e que fizeram das minhas vit´orias, suas tamb´em. Agrade¸co a meus pais pelo apoio constante em todos os momentos de minha vida, `a fam´ılia Zanotelli Dias da Silva, cujo apoio foi indispens´avel, ao Prof. Dr. Joccitiel, pela amizade e inigual´avel aten¸c˜ao a mim dispensada, aos colegas de curso, cuja amizade espero n˜ao findar-se aqui, `a secretaria do Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia Mecˆanica, pelo apre¸co e considera¸c˜ao para comigo, aos ex-colegas e hoje amigos do peito, entre eles Expedito, Edinel¸co, Riedson, Antˆonio Carlos Telau, Helder, Fabr´ıcio, Fernanda, Wagner, S´ergio, Rone Mauri (fico feliz pelo espa¸co ser insuficiente). Agrade¸co ainda `a Marina e Bruna, pessoas que passei a admirar muito, a todos os meus ex-professores, especialmente Jos´e Antˆonio da Rocha Pinto (o Rocha), Jamil Ferreira, Iracy Baltar e tantos outros que me mostraram o caminho da Ciˆencia.

Agrade¸co ainda `a CAPES (Coordena¸c˜ao de Aperfei¸coamento de Pessoal de N´ıvel Supe-rior), pelo apoio financeiro, `a UFES (Universidade Federal do Esp´ırito Santo), ao orien-tador Prof. Dr. Carlos Friedrich Loeffler Neto pela intoc´avel e constante orienta¸c˜ao, ao Prof. M.Sc. Markcilei Lima Dan e M.Sc. Wagner Dalvi Santolin pelas v´arias horas de discuss˜ao.

Finalmente, agrade¸co principalmente a Deus, n˜ao por ter colocado tanta gente mar-avilhosa no meu caminho, mas sim, por ter me colocado no caminho de tanta gente maravilhosa.

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Um consider´avel avan¸co na aplica¸c˜ao do M´etodo dos Elementos de Contorno (MEC) em muitas classes de problemas pertinentes `a teoria de campo escalar foi introduzida por Nardini e Brebbia, quando apresentaram a Formula¸c˜ao da Dupla-Reciprocidade. Ca-sos transientes, dinˆamicos e convectivos puderam ser abordados. De modo geral, outras parcelas da equa¸c˜ao de governo, al´em do Laplaciano, s˜ao consideradas como a¸c˜oes de dom´ınio.

Recentemente, Loeffler e Mansur (2003) desenvolveram a t´ecnica da Quase-Dupla RE-ciprocidade. Tal t´ecnica utiliza-se de uma condi¸c˜ao de incompressibilidade para trans-formar parte do termo que representa as a¸c˜oes de dom´ınio em um termo que pode ser representado por integrais ao longo do contorno.

A parcela restante ´e aproximada por uma combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes e, atrav´es de opera¸c˜oes matem´aticas, chega-se a express˜oes contendo somente integrais ao longo do contorno.

O presente texto sugere uma outra aproxima¸c˜ao de dom´ınio, mais completa, visto que as aproxima¸c˜oes usuais n˜ao geram bons resultados em alguns casos nos quais fluxos ou for¸cas sejam constantes. A expectativa ´e que o uso de fun¸c˜oes mais completas traga melhorias significativas na aplica¸c˜ao do m´etodo em todos os casos.

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The Quase-Dual formulation is a new technique to allow the applications of Boundary Element approach to solve efficiently mathematical models associated to physical prob-lemas in wich it is difficult to obtains the inverse integral form.

The advective-diffusive problemas and non-homogeneous problems are some of the im-portant problems in this last class. The current model uses a set of auxiliary independent functions and has difficulties to simulate two dimensional problems with constant fluxes. The reason of this defficient behavior is probably due to absence of completeness. The present text presents a strategy to try to eliminate this problem, based on the intro-duction of new terms in the set of auxiliary functions. The aim is to improve completeness condition.

As a result of proposed procedures, reciprocal matrices are generated at the final dis-creized equation system, in a similar way to Dual Reciprocity technique. Examples of constant fluxes are simulated with the new procedures and their results are discussed and analysed with details.

(10)

2.1 Caracteriza¸c˜ao geom´etrica de um contorno anguloso . . . 24

4.1 Escoamento bidimensional atrav´es de um tubo . . . 45

4.2 Erro Percentual M´edio em Fun¸c˜ao da Constante Delta . . . 45

4.3 Erro M´edio Percentual da QDRT com o aumento de Velocidade . . . 46

4.4 Erro M´edio Percentual da nova fun¸c˜ao com o aumento de Velocidade . . 47

4.5 Placa Quadrada cujas Temperaturas no contorno obedecem `a equa¸c˜ao 4.18 48 4.6 Erro Percentual M´edio com o Aumento de Velocidade no Problema Des-crito na Figura 4.5 . . . 48

4.7 Erro (%) M´edio no Fluxo com o Refinamento . . . 50

4.8 Erro (%) M´edio na Temperatura com o Refinamento . . . 50

4.9 Erro (%) M´edio no Fluxo com o Aumento de Velocidade . . . 51

4.10 Erro (%) M´edio na Temperatura com o Aumento de Velocidades (I) . . . 52

(11)

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Modelagem e Aproxima¸c˜ao . . . 1

1.2 Composi¸c˜ao dos M´etodos Num´ericos . . . 4

1.3 O M´etodo dos Elementos de Contorno . . . 7

1.4 A Dupla Reciprocidade . . . 10

1.5 A Quase-Dupla Reciprocidade . . . 13

1.6 Objetivo deste Trabalho . . . 14

2 Fundamentos do M´etodo dos Elementos de Contorno 16 2.1 Modelos Diferenciais e Integrais . . . 16

2.2 Equa¸c˜oes Integrais . . . 18

2.3 Formula¸c˜ao Integral Inversa . . . 20

2.4 O M´etodo dos Res´ıduos Ponderados . . . 24

2.5 Rela¸c˜ao Formulas Integrais - M´etodo dos Res´ıduos Ponderados . . . 26

2.6 Discretiza¸c˜ao e Implementa¸c˜ao Computacional . . . 28

3 Formula¸c˜oes com Dupla-Reciprocidade 30 3.1 Considera¸c˜oes Preliminares . . . 30

3.2 Formula¸c˜ao com Dupla-Reciprocidade Tradicional . . . 32

(12)

Reciprocidade . . . 42

4.2 Comportamento das Fun¸c˜oes de Aproxima¸c˜ao na QDR . . . 43

4.3 Novas Tentativas . . . 46

4.3.1 Implementa¸c˜ao de Uma Fun¸c˜ao Constante . . . 46

4.3.2 Implementa¸c˜ao de uma Fun¸c˜ao Generalizada . . . 47

5 Considera¸c˜oes Finais 53

(13)

Introdu¸

ao

1.1

Modelagem e Aproxima¸

ao

A id´eia de aproxima¸c˜ao j´a est´a presente na Matem´atica h´a muitos e muitos anos. O pr´oprio Isaac Newton ao montar as bases do C´alculo Diferencial, tentava encontrar ve-locidades instantˆaneas atrav´es de sucessivas aproxima¸c˜oes de um quociente, que tamb´em ´

e conhecido por raz˜ao incremental, at´e que numa situa¸c˜ao limite tal quociente gera a taxa de varia¸c˜ao buscada.

Em verdade toda Ciˆencia visa o encontro da verdade. Dizia Henri Poincar´e (1854-1912): ‘A busca da verdade deve ser o objetivo de nossa atividade; ´e o ´unico fim digno dela’[35]. O conceito de ‘verdade’ na Engenharia consiste na solu¸c˜ao satisfat´oria de problemas f´ısicos do mundo real, seja atrav´es de modelos matem´aticos ou experimentais.

Um problema f´ısico real usualmente ´e complexo demais para ser analisado, devendo ser substitu´ıdo por outro que ´e idealizado intelectualmente. Esta substitui¸c˜ao pode ser o passo mais dif´ıcil ou crucial na an´alise, pois os dois sistemas devem ter comportamento semelhante sob a a¸c˜ao dos diversos agentes externos. Portanto, para um mesmo sistema f´ısico s˜ao muitas as idealiza¸c˜oes poss´ıveis. O mesmo vale para qualquer outra ´area da engenharia ou disciplina cient´ıfica na qual se insira o objeto a ser analisado, como os fenˆomenos da qu´ımica, os processos econˆomicos, os mecanismos sociol´ogicos etc.

(14)

A idealiza¸c˜ao f´ısica do problema, comumente denominada de modelo f´ısico, ´e apenas a primeira etapa de um processo elaborado de compreens˜ao e busca de solu¸c˜ao ou res-postas. Muitas outras se seguem conforme mostra o diagrama a seguir. Na ´area da Engenharia, foram e ainda s˜ao muito comuns e importantes investiga¸c˜oes nas quais se constr´oi um modelo laboratorial, no qual se simulam experimentalmente os fenˆomenos desejados. Testes envolvendo prot´otipos e pe¸cas em escalas reduzidas tentam reproduzir o comportamento nas condi¸c˜oes operacionais de fato.

Objeto Natural  Modelo F´ısico tthhhhhhhhhh hhhhhhhhh ++V V V V V V V V V V V V V V V V V V V

Modelo Matem´atico

 VVVVVVVV **V V V V V V V V V V Modelo Experimental Solu¸c˜ao Anal´ıtica  MMMM &&M M M M M M M M M M M M M M M M M M M M M

M Solu¸c˜oes Aproximadas

 VVVVVVVVV ++V V V V V V V V V V

Outros M´etodos Discretos



Sol. Fechadas Sol. em S´erie Computador

Diagrama 1.1: Etapas da Modelagem Matem´atica de um Problema F´ısico

No caso da idealiza¸c˜ao matem´atica, contexto no qual se insere o presente trabalho, a partir da especifica¸c˜ao do fenˆomeno f´ısico que se deseja examinar, tenta-se descrevˆe-lo da melhor maneira poss´ıvel atrav´es de express˜oes alg´ebricas, equa¸c˜oes diferenciais ou senten¸cas integrais, lan¸cando m˜ao de certas restri¸c˜oes ou hip´oteses simplificadoras cuja finalidade ´e disponibilizar uma solu¸c˜ao poss´ıvel, de complexidade acess´ıvel ao seu uso pr´atico.

(15)

mode-lagens nas quais surgem equa¸c˜oes diferenciais parciais, muitas delas n˜ao-lineares, e de-pendendo da situa¸c˜ao at´e mesmo sistemas compostos de tais equa¸c˜oes. Infelizmente mesmo diante dos avan¸cos conquistados pela Matem´atica at´e os dias atuais, modelos com tamanha complexidade n˜ao possuem solu¸c˜ao anal´ıtica conhecida.

Por outro lado, as demandas crescentes e cada vez mais arrojadas da tecnologia contem-porˆanea ligadas ao atendimento de necessidades industriais, produtivas e s´ocio-econˆ omi-cas, for¸caram o estudo de modelos f´ısicos mais arrojados e, desse modo, imperativamente os modelos matem´aticos n˜ao mais puderam comportar simplifica¸c˜oes excessivas.

Assim, para resolver esse dilema tornou-se necess´ario encontrar solu¸c˜oes aproximadas para os problemas matem´aticos mais elaborados. Nesse contexto apareceram os M´etodos Num´ericos que tiveram grande impulso principalmente devido ao advento do computador. Na realidade tais m´etodos j´a existiam h´a muito tempo, mas seu uso n˜ao era generalizado, pois havia solu¸c˜oes anal´ıticas satisfat´orias na maior parte dos casos ent˜ao abordados. Gra¸cas a not´avel inven¸c˜ao dos processadores eletrˆonicos, a Matem´atica passou, ent˜ao, a desempenhar um novo papel, al´em da tradicional necessidade de se apresentar as me-lhores representa¸c˜oes matem´aticas para os problemas f´ısicos propostos, ou seja, solucionar o problema matem´atico de uma forma aproximada, mas a mais satisfat´oria poss´ıvel.

´

E fato digno de men¸c˜ao a eficiˆencia demonstrada por tal estrat´egia. Ao longo das ´ultimas d´ecadas a quantidade de diferentes problemas de Engenharia cresceu enormemente, as-sim como o grau de dificuldade destes, mas a qualidade das solu¸c˜oes aproximadas tem sido perfeitamente aceit´avel. As respostas aproximadas mostraram-se extremamente co-erentes com o comportamento observado nos objetos do mundo f´ısico, apesar das res-tri¸c˜oes e simplifica¸c˜oes que distanciam as coisas do mundo real dos modelos idealizados. Diante de tamanha eficiˆencia, o pr´oprio campo de aplica¸c˜ao dos m´etodos num´ericos se ampliou a tal ponto que n˜ao apenas a Engenharia, mas tamb´em a F´ısica, a Biologia, a Economia e outras diferentes ´areas se beneficiaram grandemente do emprego de solu¸c˜oes aproximadas por M´etodos Num´ericos.

(16)

1.2

Composi¸

ao dos M´

etodos Num´

ericos

Na conceitua¸c˜ao de Mello e Souza [40], os m´etodos num´ericos s˜ao aqueles que permitem obter a solu¸c˜ao de um problema matem´atico com uma precis˜ao desejada, num n´umero finito de etapas racionais.

No entanto, ap´os d´ecadas de intensas pesquisas no setor a pr´opria essˆencia desses m´etodos se alterou. Se no passado estes m´etodos geralmente n˜ao produziam equa¸c˜oes relacionando a dependˆencia entre as diversas vari´aveis envolvidas, ocupando-se basicamente de pro-cessar os valores num´ericos das vari´aveis nos diversos est´agios do c´alculo, atualmente os m´etodos num´ericos mais poderosos se caracterizam por formula¸c˜oes matem´aticas que culminam com rela¸c˜oes especiais entre as vari´aveis, t´ıpicas de cada m´etodo.

Entre os M´etodos Num´ericos mais gerais e conhecidos destacam-se o M´etodo dos Elemen-tos FiniElemen-tos, Diferen¸cas Finitas, Volumes FiniElemen-tos e o M´etodo dos Elementos de Contorno. Todos esses atuam a partir do estabelecimento de uma ou mais equa¸c˜oes, que modelam matematicamente o problema f´ısico e s˜ao denominadas equa¸c˜oes de governo.

As equa¸c˜oes de governo podem ser expostas principalmente de dois modos distintos: • Atrav´es de uma formula¸c˜ao diferencial;

• Sob uma formula¸c˜ao integral.

Considerando que o modelo matem´atico representa um problema f´ısico, pode-se afirmar que a formula¸c˜ao diferencial deriva da aplica¸c˜ao de princ´ıpios inaugurados pela Mecˆanica Newtoniana, fundamentados na existˆencia de equil´ıbrio (ou princ´ıpio equivalente) local em todas as partes do dom´ınio ou sistema considerado. Apesar da naturalidade dos seus conceitos, em problemas mais sofisticados ´e comum o aparecimento de equa¸c˜oes bastante complicadas de modo que o emprego de t´ecnicas aproximadas ´e imprescind´ıvel.

A formula¸c˜ao integral surge de maneira mais comum, n˜ao como express˜ao de modelagem, mas sim como t´ecnica de resolu¸c˜ao. As transformadas (Laplace, Fourier, Hankel etc.) s˜ao os exemplos mais destacados. Na realidade, toda solu¸c˜ao anal´ıtica ou semi-anal´ıtica de equa¸c˜oes diferenciais resultou de alguma integra¸c˜ao ou da postula¸c˜ao de uma fun¸c˜ao

(17)

que seja parte integrante da solu¸c˜ao. Assim, ´e ´obvio que o car´ater de obediˆencia local do modelo diferencial seja encontrado tamb´em na sua solu¸c˜ao.

Por outro lado, ´e poss´ıvel modelar um problema f´ısico diretamente em termos de uma formula¸c˜ao integral. Isto ocorre normalmente quando se aborda um problema a partir de princ´ıpios de conserva¸c˜ao de energia (ou correlatos em outras disciplinas) implicando em express˜oes escalares nas quais o equil´ıbrio ´e exigido em termos globais, e n˜ao locais. Como exemplos tˆem-se os princ´ıpios dos Trabalhos Virtuais, da A¸c˜ao M´ınima e de Hamil-ton [13]. O C´alculo Variacional [36] ´e a maior express˜ao do esfor¸co matem´atico segundo esse enfoque. Evidentemente, na maior parte dos problemas assim postulados tamb´em ser´a necess´ario empregar algum recurso num´erico que viabilize a solu¸c˜ao das senten¸cas integrais nos casos menos elementares.

N˜ao obstante as distin¸c˜oes entre as formula¸c˜oes diferencial e integral, h´a uma equivalˆencia entre ambas que n˜ao ser´a aqui discutida. O M´etodo dos Res´ıduos Ponderados, que ser´a exposto com mais detalhe em cap´ıtulo posterior, ´e uma estrat´egia matem´atica bastante poderosa e geral, capaz de unificar os dois enfoques anteriormente discutidos.

´

E a partir da forma com que ´e expressa a equa¸c˜ao de governo que os principais m´etodos num´ericos j´a se diferenciam entre si. Da´ı por diante cada um deles prop˜oe procedimen-tos e adapta¸c˜oes `a formula¸c˜ao da equa¸c˜ao de governo, seguindo certos paradigmas, que resultam em express˜oes matem´aticas pr´oprias. A sofisticada elabora¸c˜ao desses m´etodos torna imposs´ıvel apresentar sequer um resumo deles nesse texto.

N˜ao obstante as distin¸c˜oes, a partir de uma certa etapa tais m´etodos voltam a apresen-tar basicamente os mesmos procedimentos operacionais. O primeiro deles ´e a estrat´egia de discretiza¸c˜ao do dom´ınio cont´ınuo. Resumidamente: discretizar significa substituir o dom´ınio de an´alise cont´ınuo por um n´umero finito de pontos representativos do mesmo, nos quais se efetiva o controle das vari´aveis descritivas do problema. Apesar de arbitr´aria a escolha de tais pontos obedece a determinados crit´erios e formalismos matem´aticos. Imp˜oe-se naturalmente a ado¸c˜ao de um sistema de coordenadas generalizadas para a me-lhor descri¸c˜ao do problema. Entre outros aspectos destaca-se o que resulta do processo

(18)

de discretiza¸c˜ao, a substitui¸c˜ao das rela¸c˜oes diferenciais entre as vari´aveis por equa¸c˜oes alg´ebricas, o que implica uma enorme simplifica¸c˜ao na formula¸c˜ao do problema.

Da fase de discretiza¸c˜ao em diante, os procedimentos tradicionais usados com as t´ecnicas de aproxima¸c˜ao podem ser usados, dependendo do tipo de problema que est´a sendo re-solvido. Problemas estacion´arios de propaga¸c˜ao ou de valor caracter´ıstico tˆem tratamento espec´ıfico, problemas cujas equa¸c˜oes de governo s˜ao n˜ao-lineares requerem procedimentos recursivos. As principais t´ecnicas nessa fase s˜ao conhecidas como algoritmos de solu¸c˜ao. Agrupam-se em duas principais categorias os algoritmos iterativos e os incrementais. Os algoritmos incrementais caracterizam-se pelo uso de f´ormulas de recorrˆencia que a partir do conhecimento de valores num dado ponto, permitem se calculem valores de interesse em pontos adjacentes. S˜ao muito usados em problemas transientes nos quais havendo obediˆencia a certas rela¸c˜oes, se calculam valores futuros a partir de valores pre-sentes.

Os algoritmos iterativos resolvem sucessivamente o problema a partir do arb´ıtrio de valores preliminares para as vari´aveis inc´ognitas. Em outros termos, nos m´etodos itera-tivos prop˜oem-se solu¸c˜oes parciais que atendam certas condi¸c˜oes como compatibilidade e continuidade, por exemplo, e sirvam como referˆencia para a determina¸c˜ao da solu¸c˜ao definitiva ap´os algumas tentativas. S˜ao bastante ´uteis nos casos n˜ao-lineares quando certas propriedades do sistema dependem das pr´oprias vari´aveis de estado. A estimativa inicial tamb´em ´e importante para que haja uma r´apida convergˆencia no processo. Independentemente do tipo de problema, mesmo que seja resolvido recursivamente ou iterativamente, ap´os a etapa de discretiza¸c˜ao ´e poss´ıvel gerar um sistema linear do tipo

Ax = b. (1.1)

Na express˜ao anterior x ´e um vetor que representa as quantidades f´ısicas desconhecidas do problema em cada parcela do dom´ınio f´ısico, enquanto A ´e uma matriz composta de propriedades f´ısicas e geom´etricas. O vetor b cont´em a solu¸c˜ao do sistema numa i-tera¸c˜ao ou passo incremental. Sistemas Lineares s˜ao resolvidos computacionalmente de

(19)

forma corriqueira e n˜ao apresentam qualquer impasse na implementa¸c˜ao dos M´etodos Num´ericos.

O bom condicionamento do sistema linear a ser resolvido depender´a em grande parte do m´etodo escolhido. No M´etodo dos Elementos Finitos por exemplo [18], existem procedi-mentos apropriados com a finalidade de tornar menor a dimens˜ao do sistema de equa¸c˜oes. Em outras palavras, obter a matriz A (em geral sim´etrica) de forma mais compacta, com a menor largura de banda poss´ıvel, j´a que em tal m´etodo a dimens˜ao da mesma pode ser suficientemente grande tornando necess´aria tal procura com a finalidade de diminuir o custo computacional. Os procedimentos do M´etodo dos Elementos Finitos que cumprem esse papel dizem respeito `a conectividade dos elementos e `a ordem das fun¸c˜oes de inter-pola¸c˜ao usadas. A escolha adequada das mesmas gera matrizes compactas que, em geral, d˜ao origem a sistemas lineares bem condicionados.

J´a no M´etodo dos Elementos de Contorno (MEC) o problema ´e diferente. A discretiza¸c˜ao ´

e limitada ao contorno do problema, o que diminui substancialmente o tamanho das ma-trizes. No entanto, de acordo com as formula¸c˜oes mais comuns, geram-se matrizes cheias e sem simetria. Ressente-se a falta de algoritmos de solu¸c˜ao otimizada que operem eficaz-mente matrizes com tais caracter´ısticas, de forma que a solu¸c˜ao dessas matrizes geradas pelo MEC tende ser mais custosa do que aquelas geradas com o MEF, a partir de uma determinada dimens˜ao.

1.3

O M´

etodo dos Elementos de Contorno

A escolha de um m´etodo num´erico ´e sempre um ponto discut´ıvel pois s˜ao muitas as quest˜oes a´ı envolvidas, e a pesquisa em torno deles est´a longe de cessar. Embora n˜ao seja o mais popular, o MEC vem se firmando como uma das t´ecnicas mais precisas e vanta-josas. Baseando-se em diferentes princ´ıpios matem´aticos, seja pela teoria das equa¸c˜oes integrais ou por formula¸c˜ao de res´ıduos ponderados, numerosas simula¸c˜oes j´a ratificaram o alcance do m´etodo e sua supremacia em importantes classes de problemas, especial-mente nos casos onde o campo f´ısico ´e de natureza escalar.

(20)

De acordo com Brebbia e Walker [4], os fundamentos do M´etodo dos Elementos de Con-torno encontram-se na Teoria das Equa¸c˜oes Integrais t´opico este pertinente as disciplinas da F´ısica Matem´atica (Butkov [5], Menzel [30], Courant & Hilbert [6]) e Matem´atica Superior (Sneddon [39], Kreiszig [16]). As bases matem´aticas dessas disciplinas s˜ao en-contradas nos trabalhos dos matem´aticos russos e alem˜aes no final do s´eculo dezenove. Primeiramente estes estudos fundamentaram uma ´area de conhecimento denominada Teoria dos Potenciais, centralizada nos conceitos de campo escalar e campo vetorial. Nos seus prim´ordios, essa disciplina tinha com um dos seus principais objetivos a busca de solu¸c˜oes anal´ıticas gerais, a partir da integra¸c˜ao de solu¸c˜oes singulares conhecidas como Fun¸c˜oes de Green. Por for¸ca da formula¸c˜ao integral fundamental nessa teoria, o teorema da divergˆencia era sistematicamente empregado como principal estrat´egia de solu¸c˜ao, por estabelecer o problema em termos de integrais de contorno, mais f´aceis de se resolver. De acordo com Brebbia [1], credita-se a Fredholm a contribui¸c˜ao mais significativa no sentido de formalizar uma abordagem eficiente nos moldes descritos por volta do ano de 1900. Contudo a dificuldade em se encontrar uma fun¸c˜ao de Green para os casos mais complexos, aliada aos entraves da resolu¸c˜ao dos problemas de valor de contorno para geometrias mais complicadas, fez com que esse procedimento se limitasse unicamente `a abordagem de casos simples. Isso restringiu essa metodologia aos estudos anal´ıticos da F´ısica Matem´atica, compondo praticamente mais uma ´area de conhecimentos isolada sem grandes atrativos para a engenharia. Somente com o advento do computador tais teorias puderam ser introduzidas num contexto de maior aplica¸c˜ao. Ainda segundo Brebbia, a contribui¸c˜ao de Jaswon e Symm em 1963 foi pioneira no sentido de apresentar as for-mula¸c˜oes integrais de modo similar ao atualmente empregado na modelagem num´erica. Especificamente com o MEC deve-se citar os nomes de Rizzo, Cruse e Brebbia pelas con-tribui¸c˜oes significativas prestadas ao aperfei¸coamento e divulga¸c˜ao do m´etodo em n´ıvel mundial.

O contexto da teoria das equa¸c˜oes integrais abarca temas bastante comuns como os Teo-remas de Divergˆencia e de Stokes, e tamb´em t´opicos j´a mencionados como as identidades de Green e as fun¸c˜oes de Green. Vale destacar que tais t´ecnicas inspiraram

(21)

procedimen-tos bem conhecidos na engenharia civil, como o m´etodo dos coeficientes de influˆencia no c´alculo de estruturas reticuladas. No que tange ao MEC, naturalmente a dedu¸c˜ao da sua formula¸c˜ao integral pode ser feita empregando-se os princ´ıpios da teoria citada, que operacionalmente resulta no emprego da t´ecnica de integra¸c˜ao por partes juntamente com a aplica¸c˜ao do Teorema da Divergˆencia.

Existe entretanto uma segunda maneira de deduzir o m´etodo, utilizando-se uma senten¸ca de res´ıduos ponderados. Esta ´ultima forma ´e tamb´em metodologicamente poderosa e est´a ligada ao emprego de t´ecnicas num´ericas de solu¸c˜ao. Conceitualmente se fundamenta na id´eia de ortogonaliza¸c˜ao entre a solu¸c˜ao aproximada e seus res´ıduos [1].

A primeira abordagem emprega recursos operacionais que facilitam a aplica¸c˜ao das for-mula¸c˜oes com reciprocidade e, por isso, foi aqui escolhida e posteriormente (cap´ıtulo 2) ser´a apresentada em maiores detalhes. Da´ı tamb´em resultam as Identidades de Green anteriormente mencionadas. Outra vantagem desta abordagem, ´e a facilidade com que s˜ao descritas as opera¸c˜oes matem´aticas que a partir da equa¸c˜ao diferencial de governo, geram o modelo composto de express˜oes integrais adequadas a discretiza¸c˜ao exclusiva do contorno. O modelo integral final ´e usualmente denominado de forma integral inversa conforme Brebbia & Walker[4].

Conforme foi dito, diferentemente dos outros principais M´etodos Num´ericos, o MEC fundamenta-se no fato da discretiza¸c˜ao ser efetivada apenas no contorno. Apenas com essa peculiaridade ´e poss´ıvel entrever vantagens comparativas com rela¸c˜ao `as “t´ecnicas de discretiza¸c˜ao de dom´ınio”, sejam elas, menor entrada de dados, simplicidade nos pro-cedimentos operacionais da abordagem matem´atica do problema, an´alise de problemas de fronteira vari´avel e de Mecˆanica da Fratura. Uma s´erie de outros predicados, menos evidentes, tamb´em podem ser listados:

• melhor representa¸c˜ao de a¸c˜oes concentradas e gradientes elevados; • adequa¸c˜ao para problemas de dom´ınio infinito e semi-infinito; • c´alculo simultˆaneo da vari´avel b´asica e sua derivada no contorno;

(22)

• elevada precis˜ao de resultados particularmente em pontos situados no interior do dom´ınio.

O MEC tamb´em possui suas desvantagens, problemas com propriedades f´ısicas hete-rogˆeneas, corpos de conforma¸c˜ao geom´etrica esbelta e casos em que a¸c˜oes s˜ao aplicadas no interior do dom´ınio (fontes, sorvedouros, cargas internas) n˜ao s˜ao representados com elevada precis˜ao, apesar de muitos progressos j´a terem sido empreendidos nessas ´areas nos ´ultimos anos. Certos casos governados por teorias como as cascas e cabos, al´em do problema da esbeltez, s˜ao complicados em sua formula¸c˜ao. Al´em disso, pela sua essˆencia, o m´etodo pode n˜ao ser estendido genericamente a problemas cujo operador diferencial n˜ao possua certas propriedades, tal como ser auto-adjunto.

Apesar das limita¸c˜oes, as vantagens s˜ao preponderantes e o campo de aplica¸c˜ao do MEC ´

e vasto e diversas ´areas tem sido beneficiadas com aplica¸c˜oes bem sucedidas tais como problemas de contato entre superf´ıcies, estudos de prote¸c˜ao cat´odica, casos diversos da Mecˆanica da Fratura, da Aerodinˆamica, da Mecˆanica dos Solos, da Teoria da Elasticidade e problemas difusivos em geral.

1.4

A Dupla Reciprocidade

Assim como tamb´em ocorre com outras t´ecnicas num´ericas de grande amplitude, o MEC possui algumas formula¸c˜oes mais apropriadas para tratar certas classes de problemas cujas peculiaridades exigem um tratamento diferenciado. Isto est´a relacionado ao com-portamento f´ısico do problema examinado. Mello e Souza classifica os problema de enge-nharia em problemas de equil´ıbrio, de valor caracter´ıstico ou de propaga¸c˜ao, comentando que essas trˆes categorias de problemas necessariamente precisam ser tratadas por m´etodos num´ericos que respeitem suas especificidades. Classifica¸c˜ao algo similar pode ser encon-trada em abordagens mais matem´aticas, nas quais as Equa¸c˜oes Diferenciais Parciais de Governo s˜ao classificadas como El´ıpticas, Hiperp´olicas ou Parab´olicas (Stephenson [41]). Tais tipos de equa¸c˜oes possuem comportamentos f´ısicos e matem´aticos bem particulares, demandando t´ecnicas de solu¸c˜ao bem pr´oprias.

(23)

No caso de problemas que sejam dependentes do tempo (inclui-se neste rol os problemas de propaga¸c˜ao dinˆamica ou de calor), os trabalhos iniciais com o MEC utilizaram como recurso a Transformada de Laplace. Numa etapa posterior, empregaram-se solu¸c˜oes fun-damentais dependentes do tempo (Wrobel [43], Mansur [27]). Esse ´ultimo procedimento embora possua elevada precis˜ao, implica em desenvolvimento matem´atico bastante elabo-rado, demandando em certas aplica¸c˜oes consider´avel esfor¸co computacional.

Tamb´em na classe de problemas que consiste na presen¸ca de cargas ou fluxos aplicados no interior do corpo ou sistema, o procedimento pioneiramente utilizado com o MEC consistia na discretiza¸c˜ao do dom´ınio matem´atico em c´elulas, exigindo integra¸c˜oes que fugiam `a filosofia do m´etodo, pois n˜ao eram limitadas ao contorno.

Para os problemas de valor caracter´ıstico, at´e o ano de 1981 n˜ao havia um procedimento adequado e competitivo dispon´ıvel com o MEC. As freq¨uˆencias naturais de um sistema mecˆanico eram obtidos dentro de uma formula¸c˜ao estabelecida com vistas `a obten¸c˜ao de respostas dinˆamicas em problemas com vibra¸c˜oes for¸cadas[9].

Todas essas categorias de problemas puderam ser resolvidas de modo mais simples ape-sar da precis˜ao mais reduzida, com o emprego da formula¸c˜ao com Dupla Reciprocidade, apresentada por Nardini e Brebbia em 1982, abordando precisamente o c´alculo de auto-valores e autovetores.

Motivados pela propriedade da formula¸c˜ao e pelos bons resultados obtidos, em seguida foi feita uma aplica¸c˜ao para obten¸c˜ao da resposta em problema de elastodinˆamica tran-siente publicada em 1983 [2].

Em 1986, Valcharova [42] e Wrobel et al [44] publicaram artigos com aplica¸c˜oes bem sucedidas a problemas de transmiss˜ao de calor n˜ao-estacion´arios.

Em 1987, Loeffler e Mansur [20] publicaram um trabalho no qual a Dupla Reciproci-dade ´e examinada em suas aplica¸c˜oes na dinˆamica escalar, enfatizando a importˆancia do esquema de integra¸c˜ao num´erica na precis˜ao dos resultados. No mesmo ano esses autores apresentaram um trabalho no qual a Dupla Reciprocidade ´e aplicada com ˆexito

(24)

na elimina¸c˜ao de integra¸c˜oes de dom´ınio no caso de a¸c˜oes internas de qualquer natureza, apresentando duas t´ecnicas com essa finalidade [20].

Ainda em 1987, tamb´em Loeffler e Mansur [21], calcados nos bons resultados da Du-pla Rciprocidade para dom´ınios fechados, apresentaram uma extens˜ao da t´ecnica para an´alise de problemas transientes em meios infinitos, com desempenho apenas razo´avel. Uma melhor resenha das publica¸c˜oes e tamb´em apresenta¸c˜ao de testes em casos de pla-cas, dom´ınios delgados e casos de propaga¸c˜ao de onda com cargas impulsivas podem ser colhida na tese de doutorado de Loeffler, defendida 1988 [19].

Em 1991, Partridge, Brebbia e Wrobel [34] publicaram um livro sobre a formula¸c˜ao com Dupla Reciprocidade, obra que cont´em n˜ao apenas um resumo do esfor¸co de pesquisa realizado at´e ent˜ao, mas mostra muitas outras aplica¸c˜oes da t´ecnica, entre as quais se destaca a possibilidade de abordagem de problemas advectivos.

Esta categoria de problemas ´e de grande importˆancia na engenharia. Os casos mais comuns consistem na transferˆencia de calor junto `a camada limite em escoamentos lami-nares, t´ıpico em aletas e aerof´olios, e o transporte de fluidos incompress´ıveis com baixa viscosidade em tubula¸c˜oes. No entanto, existem outras situa¸c˜oes de grande importˆancia, como dispers˜ao poluentes ou misturas de meios aquosos, a extra¸c˜ao de fluidos em meios porosos e processos de solidifica¸c˜ao de produtos metal´urgicos.

S˜ao muito freq¨uentes na engenharia industrial os problemas que envolvem transporte de massa ou energia atrav´es de difus˜ao associada a advec¸c˜ao for¸cada em escoamentos, misturas ou deslocamento de part´ıculas. Por´em, existem situa¸c˜oes menos tradicionais mas n˜ao menos importantes, como a dispers˜ao superficial de poluentes ou misturas em meio aquosos homogˆeneos, a absor¸c˜ao de l´ıquidos em regi˜ao n˜ao saturada ou extra¸c˜ao do mesmo em meio poroso, este ´ultimo problema atualmente de grande interesse na ind´ustria de extra¸c˜ao de petr´oleo. E ainda situa¸c˜oes bem mais complexas e arrojadas, como o processo de solidifica¸c˜ao de produtos sider´urgicos por lingotamento cont´ınuo, os quais envolvem mudan¸ca de fase. Esse mesmo fenˆomeno ocorre em processos de secagem de gr˜ao e resfriamento de chocolate e produtos aliment´ıcios processados industrialmente.

(25)

A formula¸c˜ao proposta por Partridge et al usa uma solu¸c˜ao fundamental difusiva e pro-move aproxima¸c˜ao do campo advectivo atrav´es de uma combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao, tal como o procedimento tradicional da Dupla Reciprocidade faz com os casos transientes e de cargas dom´ınio. No entanto, trata as derivadas espaciais rela-cionadas a advec¸c˜ao atrav´es de uma nova interpola¸c˜ao. Embora supere as limita¸c˜oes das formula¸c˜oes cl´assicas precedentes, que somente resolvem sem artif´ıcios problemas nos quais o campo de velocidade ´e constante, o uso conjunto de duas interpola¸c˜oes pro-movem resultados de limitada precis˜ao. Em termos pr´aticos, a formula¸c˜ao ´e aplic´avel quando o n´umero de Peclet ´e baixo.

1.5

A Quase-Dupla Reciprocidade

Visando a supera¸c˜ao das dificuldades observadas na formula¸c˜ao precedente, Loeffler e Mansur [24] aprimoraram a t´ecnica de aproxima¸c˜ao contida na Dupla Reciprocidade e aplicaram-na `a equa¸c˜ao da Difus˜ao-Advec¸c˜ao, obtendo resultados bem melhores do que os resultados apresentados pela Formula¸c˜ao da Dupla Reciprocidade. Usando seq¨uˆencias de fun¸c˜oes radiais especiais e evitando o emprego reiterado de interpola¸c˜oes no trata-mento das derivadas espaciais, foi poss´ıvel a simula¸c˜ao de casos unidimensionais onde a velocidade de transporte atinge valores correspondentes a um n´umero de Peclet da ordem de 80 [29]. A nova t´atica, denominada de Quase-Dupla Reciprocidade ´e direcionada para aplica¸c˜oes nas quais a equa¸c˜ao de governo contenha termos em que haja derivadas espa-ciais de primeira ordem, como ocorre nos problemas advectivos e tamb´em em problemas n˜ao homogˆeneos [26].

Os resultados animadores da Quase Dupla Reciprocidade motivaram a continuidade das pesquisas nessa linha de formula¸c˜oes alternativas, empregando a mesma id´eia b´asica da Dupla Reciprocidade, embora com adapta¸c˜oes. ´E o caso da formula¸c˜ao harmˆonica, desen-volvida por Dan em sua disserta¸c˜ao de mestrado [7], e a formula¸c˜ao Quase-Dual H´ıbrida (Loeffler e Dan [8]).

(26)

desem-penho do MEC nesta classe de problemas, empregando uma t´ecnica simples e flex´ıvel. Baseando-se tamb´em na id´eia da Dupla Reciprocidade, usa fun¸c˜oes auxiliares de inter-pola¸c˜ao, mas com um tratamento especial dos termos advectivos, para ampliar a precis˜ao dos resultados para n´umeros de Peclet medianos. A restri¸c˜ao atual ´e que o escoamento seja potencial, o que implica num problema incompress´ıvel e irrotacional. O campo de velocidades pode ent˜ao ser vari´avel, mas esta varia¸c˜ao deve ser compat´ıvel com o car´ater potencial do campo.

1.6

Objetivo deste Trabalho

Uma s´erie de problemas-teste j´a foi resolvida com ˆexito nas classes de problemas de convec¸c˜ao for¸cada e meios heterogˆeneos, todos comparando os resultados num´ericos obti-dos pela formula¸c˜ao Quase-Dual com solu¸c˜oes anal´ıticas dispon´ıveis. Foram conduzidos testes de convergˆencia dos resultados em fun¸c˜ao do refinamento da malha e tamb´em foram realizadas experiˆencias num´ericas alterando-se as propriedades f´ısicas do modelo. Na grande maioria dessas simula¸c˜oes, foram atestadas a consistˆencia do modelo, a exis-tˆencia de vantagens operacionais com rela¸c˜ao a outras formula¸c˜oes e sua aplicabilidade em problemas pr´aticos, nos quais se deseja operacionalidade e precis˜ao de engenharia. No entanto, em alguns casos espec´ıficos bidimensionais, a precis˜ao do modelo proposto foi relativamente deficiente. Embora apenas de modo informal e nada conclusivo, suspeitou-se que, fisicamente, em tais problemas a distribui¸c˜ao do campo de fluxos ou for¸cas no dom´ınio ´e preponderantemente constante. Em termos matem´aticos, isto poderia signi-ficar que a estrutura da seq¨uˆencia de fun¸c˜oes radiais especiais empregadas no modelo atualmente proposto teria dificuldade de representar esse comportamento das vari´aveis do problema, tal como historicamente aconteceu nos casos de problemas estruturais em que h´a movimentos de corpo r´ıgido. Em outras palavras, o baixo desempenho da for-mula¸c˜ao nestes problemas seria provavelmente originado de uma deficiˆencia nas suas caracter´ısticas de completidade.

(27)

Primei-ramente, inexiste na simula¸c˜ao de problemas unidimensionais de qualquer esp´ecie, n˜ao obstante o tipo de condi¸c˜ao de contorno e a geometria irregular do dom´ınio. Isto sugeriu a postula¸c˜ao de algumas hip´oteses explicativas para tal dificuldade num´erica. Por exem-plo, poderia estar ligada ao fato de a representa¸c˜ao matem´atica de certos problemas n˜ao admitir a existˆencia de uma fun¸c˜ao primitiva que gere o campo de temperaturas (nos casos convectivos) ou o campo de propriedades constitutivas (no caso de problemas n˜ ao-homogˆeneos). Outra possibilidade, n˜ao completamente independente da primeira, seria o fato de que tais casos de dif´ıcil simula¸c˜ao sejam aqueles nos quais o balan¸co de fluxo ou equil´ıbrio de for¸cas, conforme o caso, exija intera¸c˜ao em ambas as dire¸c˜oes. Logicamente, nos casos unidimensionais isto ´e automaticamente evitado. Haveria ent˜ao ausˆencia de completidade na seq¨uˆencia de fun¸c˜oes nestes casos em que se demandaria intera¸c˜ao em duas dimens˜oes de fluxo ou for¸cas.

O objetivo primordial desta disserta¸c˜ao ´e desenvolver estudos nos quais se aprimore o procedimento de interpola¸c˜ao empregado na formula¸c˜ao Quase-Dual, especialmente com o prop´osito de melhor atender aos quesitos de completidade necess´arios `a seq¨uˆencia de fun¸c˜oes empregada, pois que as aproxima¸c˜oes anteriormente empregadas n˜ao geraram re-sultados satisfat´orios em alguns casos espec´ıficos bidimensionais, nos quais se apresentam fluxos e for¸cas constantes em partes do dom´ınio.

(28)

Fundamentos do M´

etodo dos

Elementos de Contorno

2.1

Modelos Diferenciais e Integrais

Uma estrat´egia que tem se mostrado bastante eficiente na tentativa de resolver problemas f´ısicos de forma aproximada ´e o estabelecimento de uma formula¸c˜ao integral que os equacione matematicamente. Tais representa¸c˜oes est˜ao no cerne da maioria dos M´etodos Num´ericos mais conhecidos atualmente.

De fato, o modelo matem´atico representativo de um problema f´ısico pode ser exposto atrav´es de uma formula¸c˜ao diferencial ou de uma formula¸c˜ao integral.

A formula¸c˜ao diferencial deriva da aplica¸c˜ao de princ´ıpios inaugurados pela Mecˆanica Newtoniana, fundamentados na exigˆencia de equil´ıbrio local (ou princ´ıpio equivalente) expressado esquematicamente em termos de um elemento infinitesimal, representativo do sistema ou volume de controle analisado. O equacionamento postulado localmente ´e v´alido para todo o dom´ınio. Apesar da naturalidade dos seus conceitos, em problemas mais sofisticados ´e comum o aparecimento de equa¸c˜oes muito complicadas.

A formula¸c˜ao integral surge, de modo mais comum, n˜ao como express˜ao de modelagem, mas sim como t´ecnica de resolu¸c˜ao. As transformadas (Laplace, Hankel, Fourier etc)

(29)

s˜ao os exemplos mais destacados. Na realidade, muitas t´aticas de solu¸c˜ao anal´ıticas ou semi-anal´ıticas de equa¸c˜oes diferenciais consistem de alguma integra¸c˜ao. Assim sendo, ´e ´

obvio que o car´ater de obediˆencia local do modelo diferencial ´e encontrado tamb´em na sua solu¸c˜ao.

Por outro lado, ´e poss´ıvel modelar um problema f´ısico diretamente em termos de uma formula¸c˜ao integral. Isto ocorre normalmente quando se aborda um problema a partir de princ´ıpios de conserva¸c˜ao de energia (ou correlatos), implicando em express˜oes escalares nas quais o equil´ıbrio ´e exigido em termos globais, e n˜ao locais. O C´alculo Variacional ´e a maior express˜ao do esfor¸co matem´atico segundo esse enfoque.

A postula¸c˜ao da forma integral na modelagem matem´atica permite realizar opera¸c˜oes nas quais resultam express˜oes de menor complexidade, principalmente pelo fato da ordem das derivadas contidas no equacionamento integral ser menor. Isso ´e poss´ıvel porque quase toda modelagem integral emprega, de algum modo, uma fun¸c˜ao auxiliar nos seus n´ucleos. Essa maior simplicidade matem´atica tamb´em facilita o uso de t´ecnicas de aproxima¸c˜ao. N˜ao ´e poss´ıvel um aprofundamento maior desse tema nessa disserta¸c˜ao, mas mesmo os modelos diferenciais, caso sejam resolvidos aproximadamente por estrat´egias discretas, s˜ao postas preferentemente na forma

Z

(L(u) − p)ωdΩ = 0. (2.1) Nesta ´ultima equa¸c˜ao, u ´e a vari´avel b´asica ou primal, Ω ´e o dom´ınio do sistema, L(u) representa o operador diferencial representativo do problema f´ısico, p ´e uma fun¸c˜ao conhe-cida e ω ´e uma fun¸c˜ao auxiliar. Essa fun¸c˜ao auxiliar pode ser entendida de modo distinto, dependendo da t´ecnica matem´atica empregada ou do princ´ıpio f´ısico que gerou a mode-lagem. Segundo os princ´ıpios variacionais, ω ´e uma varia¸c˜ao admiss´ıvel da vari´avel b´asica, que deve resultar nula em condi¸c˜oes de estacionariedade. J´a de acordo com o M´etodo dos Res´ıduos Ponderados, ω ´e uma fun¸c˜ao que projeta para fora os “res´ıduos”num espa¸co de fun¸c˜oes constru´ıdo para representar a solu¸c˜ao aproximada. ´E curioso perceber que todas as t´ecnicas de transforma¸c˜ao usam uma estrutura matem´atica similar. Por exemplo, a Transformada de Laplace consiste em

(30)

`(u) = Z ∞

0

u e−stdt. (2.2) Na transformada de Fourier tem-se

=(u) = Z ∞

−∞

u e−istdt. (2.3) Nas equa¸c˜oes anteriores percebe-se que a fun¸c˜ao auxiliar corresponde a e−st na Trans-formada de Laplace e a e−ist na Transformada de Fourier. Naturalmente, o processo de solu¸c˜ao no caso das transformadas segue um caminho bem espec´ıfico, diferente daquele tomado pelos m´etodos num´ericos mais importantes. Enquanto as transformadas geram equa¸c˜oes alg´ebricas no espa¸co de transforma¸c˜ao, que ap´os resolvidas devem ser reescritas em termos das vari´aveis originais, os m´etodos num´ericos intentam realizar opera¸c˜oes que viabilizem o uso de fun¸c˜oes de aproxima¸c˜ao que possam ser integradas e certos coeficientes determinados ap´os a discretiza¸c˜ao, conforme ser´a visto mais `a frente.

2.2

Equa¸

oes Integrais

De acordo com Hildebrand [12], uma equa¸c˜ao integral consiste de uma equa¸c˜ao na qual uma fun¸c˜ao a ser determinada aparece representada sob integra¸c˜ao. Considerando as equa¸c˜oes lineares, embora possa haver outros tipos mais gerais, s˜ao duas as principais categorias em que as equa¸c˜oes integrais podem ser dividas, as equa¸c˜oes de Fredholm e Volterra.

Tomando por simplicidade apenas a Equa¸c˜ao de Fredholm, cuja express˜ao unidimensional ´ e dada por α(x)u(x) = F (x) + λ Z b a u(ξ)ω(x; ξ)dξ, (2.4) tem-se α, F e ω como fun¸c˜oes dadas e λ, a e b como constantes. A fun¸c˜ao u(x) ´e a vari´avel b´asica, a ser determinada. A fun¸c˜ao ω depende da vari´avel independente x bem como da fun¸c˜ao auxiliar ξ e ´e chamada n´ucleo da integral. Com vistas a futuros desenvolvimentos,

(31)

a equa¸c˜ao anterior pode ser reescrita de modo mais conveniente, alterando-se o papel das vari´aveis, na forma

α(ξ)u(ξ) = F (ξ) + λ Z b

a

u(x)ω(ξ; x)dx. (2.5) A equa¸c˜ao integral (2.5) pode ser generalizada e escrita em termos de duas ou mais vari´aveis independentes

α(ξ, η)u(ξ, η) = F (ξ, η) + λ Z Z

A

u(x, y)ω(ξ, η; x, y)dxdy. (2.6) Alterando o papel das vari´aveis na ´ultima equa¸c˜ao, direcionado a objetivos vindouros, tem-se que α(ξ)u(ξ) = F (ξ) + λ Z Z A u(X)ω(ξ; X)dA(x), (2.7) onde X=X(x,y) e ξ = ξ(ξ, η).

Desde que certas condi¸c˜oes de continuidade sejam obedecidas [12], se pode associar equa¸c˜oes integrais com equa¸c˜oes diferenciais. ´E poss´ıvel, ent˜ao, deduzir uma equa¸c˜ao integral a partir de uma determinada equa¸c˜ao diferencial. Na obra citada existem alguns exemplos unidimensionais nos quais se faz tal associa¸c˜ao.

As fun¸c˜oes de Green s˜ao n´ucleos de equa¸c˜oes integrais que possuem propriedades es-peciais, entre as quais inserem-se a obediˆencia `as condi¸c˜oes de contorno, simetria, con-tinuidade e o tipo de decaimento ao longo do intervalo de integra¸c˜ao. O uso de tais fun¸c˜oes no n´ucleo das equa¸c˜oes integrais simplifica sua express˜ao matem´atica. No caso de equa¸c˜oes diferenciais sujeitas a condi¸c˜oes de contorno essenciais homogˆeneas, repre-sentadas por

L(u(x)) = p(x). (2.8) A equa¸c˜ao integral correspondente ´e

u(x) = Z b

a

G(x; ξ)p(ξ)dξ. (2.9) As equa¸c˜oes integrais lineares aparecem muito freq¨uentemente em problema f´ısicos como resultado da possibilidade de superposi¸c˜ao de efeitos devido a causas diversas. As fun¸c˜oes

(32)

de Green G(x; ξ) nestes casos representam o efeito em x devido a uma causa concentrada unit´aria agindo em ξ. S˜ao ent˜ao freq¨uentemente conhecidas como fun¸c˜oes de influˆencia do problema, muito tradicionais e ´uteis em certas disciplinas da engenharia, como o C´alculo de Estruturas, seja na an´alise est´atica quanto na dinˆamica, conforme mostram Hurty e Rubinstein [13] e tamb´em Butkov [5].

2.3

Formula¸

ao Integral Inversa

Conhecida a equa¸c˜ao diferencial de um problema, desde que os operadores nela envolvidos possuam certas propriedades, em especial a propriedade de adjun¸c˜ao, ´e poss´ıvel encontrar uma forma integral associada, na qual a aplica¸c˜ao de um m´etodo num´erico com vistas `a obten¸c˜ao de uma solu¸c˜ao aproximada seja mais acess´ıvel.

Particularmente a aplica¸c˜ao do M´etodo dos Elementos de Contorno se viabiliza de modo bastante simples e eficaz quando se obt´em uma equa¸c˜ao integral chamada de “Forma Integral Inversa”. Com o intuito de demonstr´a-la, considere a equa¸c˜ao diferencial apre-sentada anteriormente na equa¸c˜ao (2.8) reapresentada a seguir por conveniˆencia

L(u(x)) − p(x) = 0. (2.10) Considere Ω como sendo a regi˜ao do espa¸co matem´atico que representa o dom´ınio f´ısico de um problema de engenharia. Embora o procedimento que ser´a doravante apresentado seja mais abrangente, por conveniˆencia admite-se que o dom´ınio f´ısico consista de um meio cont´ınuo, homogˆeneo e bidimensional, de modo que dΩ representa a superf´ıcie in-finitesimal de um corpo em que as vari´aveis bidimensionais expressas por X=X(x1,x2) descrevem sua posi¸c˜ao com rela¸c˜ao a um sistema de coordenadas cartesianas.

A equa¸c˜ao (2.10), em termos f´ısicos, ´e denominada de Equa¸c˜ao de Governo, e ´e usual-mente constru´ıda considerando o equil´ıbrio e a compatibilidade de uma fun¸c˜ao escalar u, que genericamente pode representar deslocamento, temperatura ou qualquer propriedade f´ısica similar.

(33)

Para que o problema seja matematicamente bem posto, ´e preciso que sejam impostas condi¸c˜oes de contorno ou iniciais. Considerando casos estacion´arios e o operador L(.) como sendo de segunda ordem, genericamente, condi¸c˜oes de primeiro ou segundo tipo, tamb´em conhecidas como condi¸c˜oes de contorno essenciais e naturais devem ser prescritas. Estas s˜ao definidas por:

u(X) = ¯u para X ∈ Γu (condi¸c˜ao essencial) (2.11)

u(X),in(X)i = ¯q para X ∈ Γq (condi¸c˜ao natural) (2.12)

Nas equa¸c˜oes (2.11) e (2.12), Γu(X) e Γq(X) representam as fronteiras do meio cont´ınuo e

ni(X) caracteriza o vetor normal unit´ario em um ponto qualquer destas. Nos problemas

de Mecˆanica dos S´olidos q adquire o significado de deforma¸c˜ao aplicada no contorno, enquanto nos casos de transferˆencia de calor pode ser associado ao fluxo imposto de energia difusiva.

O ponto de partida para a abordagem pelo MEC consiste do estabelecimento da equa¸c˜ao diferencial de governo numa forma integral, usando a solu¸c˜ao fundamental u∗(ξ; X) como fun¸c˜ao auxiliar [16], resultando na seguinte express˜ao, onde foram omitidos os argumentos por simplicidade

Z

(L(u(x)) − p(x))u∗(ξ; X)dΩ = 0. (2.13) Tal formula¸c˜ao ´e conhecida por ‘Forma Integral Forte’, onde u∗(ξ; X) representa a fun¸c˜ao auxiliar citada anteriormente. No contexto do MEC, u∗ tamb´em ´e conhecida por “Solu¸c˜ao Fundamental”. Percebe-se que a integral anterior ´e calculada sobre todo o dom´ınio Ω. Por simplicidade, tomando particularmente a Equa¸c˜ao de Laplace, na qual p(X)=0, tem-se que

L4(u).u∗ =

Z

u,iiu∗dΩ = 0 (2.14)

onde o ponto no primeiro membro da equa¸c˜ao refere-se ao produto interno u.v =

Z

(34)

L4(u) representa o Laplaciano de u(X) e u∗(ξ; X) ´e tomada neste caso como a solu¸c˜ao

do problema

u∗,ii= −∆(ξ; X). (2.16)

A equa¸c˜ao anterior ´e uma Equa¸c˜ao de Poisson. Em termos f´ısicos, significa um problema no qual uma carga (ou fonte) concentrada unit´aria ´e aplicada no ponto ξ, denominado ponto fonte, em um dom´ınio espacial infinito [4]. Para casos bidimensionais tem-se

u∗(ξ, X) = −(1/2π)ln r(ξ; X). (2.17) A derivada normal de u∗(ξ; X) ´e dada por

q∗(ξ; X) = −  1 2πr(ξ; X)  ∂r(ξ; X) ∂n . (2.18)

Na equa¸c˜ao anterior, r(ξ; X) representa a distˆancia euclidiana entre os pontos ξ e X. Procedendo a integra¸c˜ao por partes e aplica¸c˜ao do Teorema da Divergˆencia, vem

Z Ω u,iiu∗dΩ = Z Γ u,iniu∗dΓ − Z Ω u,iu∗,idΓ. (2.19)

A equa¸c˜ao (2.19) ´e chamada ‘Forma Integral Fraca’ e percebe-se na mesma uma integral de dom´ınio, o que inviabiliza, pelo menos por hora, a correta aplica¸c˜ao do M´etodo dos Elementos de Contorno. Por´em a forma como est´a posta a segunda integral do lado direito da equa¸c˜ao acima, permite que sejam realizados novamente os procedimentos usuais, sejam eles a Integra¸c˜ao por Partes e o Teorema da Divergˆencia. Assim, chega-se ` a equa¸c˜ao Z Ω u,iiu∗dΩ = Z Γ qu∗dΓ − Z Γ uq∗dΓ + Z Ω uu∗,iidΩ. (2.20)

onde q e q∗ s˜ao respectivamente as derivadas normais de u e u∗.

Se as condi¸c˜oes de contorno fossem homogˆeneas teria-se para o operador Laplaciano a seguinte igualdade:

L4(u).u∗ = u.L4(u∗), (2.21)

o que mostra que tal operador linear ´e dito auto-adjunto. Tal propriedade ´e essencial para a correta implementa¸c˜ao do M´etodo dos Elementos de Contorno.

(35)

Utilizando a equa¸c˜ao (2.16) e as propriedades da fun¸c˜ao Delta de Dirac, pode-se reescrever a equa¸c˜ao (2.20) como Z Ω u,iiu∗dΩ = Z Γ qu∗dΓ − Z Γ uq∗dΓ − c(ξ)u(ξ), (2.22) o que fornece Z Γ qu∗dΓ − Z Γ uq∗dΓ − c(ξ)u(ξ) = 0. (2.23) A equa¸c˜ao (2.23) ´e conhecida como “Forma Integral Inversa”associada a equa¸c˜ao dife-rencial expressa pela equa¸c˜ao de Laplace.

A constante c(ξ) refere-se `as possibilidades do ponto fonte situar-se no interior ou fora do dom´ınio Ω, assim como sobre contorno Γ, o que resulta em valores distintos em cada circunstˆancia.

´

E muito comum com o MEC considerar-se o ponto ξ situado sobre o contorno, para pos-teriormente, com a discretiza¸c˜ao, formar um sistema de equa¸c˜oes alg´ebricas resolv´ıvel. Para geometrias suaves, a obten¸c˜ao do valor de c(ξ) obedece a um formalismo matem´atico rigoroso, que n˜ao ser´a apresentado aqui, mas pode ser obtido na literatura especializada mais cl´assica [3]. Curiosamente, resulta o valor de c(ξ) = 0, 5 para contornos suaves sobre os quais se posiciona o ponto.

Embora n˜ao sejam usados nas simula¸c˜oes num´ericas realizadas nessa disserta¸c˜ao, nos casos em que o contorno ´e anguloso, outros valores s˜ao obtidos. Para problemas bidi-mensionais tem-se, segundo a mesma fonte citada

c(ξ) = α

(36)

A vari´avel α corresponde ao ˆangulo entre duas normais adjacentes ao ponto anguloso, conforme mostra a figura a seguir. Os casos em que o ponto ξ se situa dentro ou fora do

Figura 2.1: Caracteriza¸c˜ao geom´etrica de um contorno anguloso

dom´ınio s˜ao mais simples de se examinar. O valor de c(ξ) ´e igual a 1 no caso em que o ponto ξ est´a localizado no interior do dom´ınio, pois a´ı vale a propriedade bem conhecida da Distribui¸c˜ao Delta de Dirac

Z

f (X)∆(ξ; X)dΩ = f (ξ). (2.25) Caso o ponto ξ esteja interno ao dom´ınio Ω. Este caso ocorre principalmente quando se desejam calcular valores das vari´aveis b´asicas do problema no interior do corpo. Com o MEC, a equa¸c˜ao integral inversa discretizada ´e reutilizada, considerando o ponto fonte no interior e as vari´aveis de contorno j´a calculadas como dados de entrada.

Por fim, seguindo o mesmo racioc´ınio, o valor de c(ξ) ´e igual zero no caso em que o ponto ξ est´a fora do dom´ınio f´ısico do problema. Este posicionamento externo do ponto fonte ´e ´util para se gerar equa¸c˜oes integrais inversas sem singularidades, por n˜ao haver coincidˆencia entre a posi¸c˜ao do ponto fonte e os pontos nodais de contorno. Uma quantidade de pontos fonte externos iguais a quantidade de pontos de contorno ´e ent˜ao necess´aria para forma¸c˜ao de um sistema matricial resolv´ıvel.

2.4

O M´

etodo dos Res´ıduos Ponderados

Considere mais uma vez a Equa¸c˜ao Diferencial abaixo

(37)

onde L( ) ´e um operador diferencial e p ´e uma fun¸c˜ao conhecida de X.

Admitindo a impossibilidade do conhecimento da solu¸c˜ao anal´ıtica (u), o M´etodo dos Res´ıduos Ponderados aproxima o espa¸co das solu¸c˜oes da equa¸c˜ao por um espa¸co vetorial de dimens˜ao finita com produto interno definido pela equa¸c˜ao (2.15).

Nesse sentido conv´em considerar um subespa¸co Vm gerado por um conjunto de m

ele-mentos do espa¸co vetorial de fun¸c˜oes considerado, ou seja:

Vm = [ϕ1, ϕ2, . . . , ϕm], (2.27)

onde as fun¸c˜oes ϕi s˜ao linearmente independentes.

Deseja-se obter uma fun¸c˜ao de aproxima¸c˜ao (u0) para u em Vm, ou seja1,

u ≈ u0 = αiϕi com i=1,2,...,m. (2.28)

A aplica¸c˜ao da equa¸c˜ao (2.26) com a aproxima¸c˜ao descrita em (2.28) introduz um erro ou res´ıduo (∈)

∈ = L(u0) − p 6= 0. (2.29)

A pr´oxima etapa consiste na escolha de fun¸c˜oes de pondera¸c˜ao (Ψ). Tais fun¸c˜oes obe-decem `as mesmas condi¸c˜oes impostas sobre as fun¸c˜oes de aproxima¸c˜ao (ϕ). A seguir, admite-se a seguinte express˜ao de pondera¸c˜ao:

∈ .Ψj =

Z

∈ ΨjdΩ = 0. (2.30)

Tal express˜ao indica na verdade a ortogonaliza¸c˜ao de tais fun¸c˜oes atrav´es das constantes (αi), fazendo com que o res´ıduo (∈) seja ortogonal `as fun¸c˜oes escolhidas (Ψ).

´

E importante ressaltar que a escolha do tipo de fun¸c˜ao de pondera¸c˜ao Ψj caracteriza diversos tipos de M´etodo dos Res´ıduos Ponderados existentes (Coloca¸c˜ao, Sub-Regi˜oes, Galerkin, etc..).

(38)

2.5

Rela¸

ao Formulas Integrais - M´

etodo dos

Res´ıduos Ponderados

As formula¸c˜oes Integrais do M´etodo dos Elementos de Contorno, cont´em estrutura mate-m´atica equivalente `a presente numa resolu¸c˜ao via M´etodo dos Res´ıduos Ponderados, na qual ocorre pondera¸c˜ao dos res´ıduos no contorno, caso a aproxima¸c˜ao efetuada n˜ao satisfa¸ca `as condi¸c˜oes de contorno naturais, essenciais ou ambas. Tal equivalˆencia ser´a apresentada para a Equa¸c˜ao de Laplace aplicada a um dom´ınio f´ısico (Ω) limitado com contorno Γ = Γ1∪ Γ2,

u,ii= 0. (2.31)

com condi¸c˜oes de contorno,

   u = ¯u em Γ1 q = ¯q em Γ2. (2.32) Seguem-se os procedimentos usuais do M´etodo dos Elementos de Contorno utilizando as Formula¸c˜oes Integrais. Primeiramente multiplicando a equa¸c˜ao anterior por uma solu¸c˜ao fundamental (w) e integrando-a num dom´ınio Ω, tem-se:

Z

u,iiwdΩ = 0. (2.33)

Procedendo agora a Integra¸c˜ao por Partes e aplicando o Teorema da Divergˆencia obt´ em-se Z Ω u,iiwdΩ = Z Γ u,iniwdΓ − Z Ω u,iw,idΩ, (2.34)

que ´e a ‘Forma Integral Fraca’ da Equa¸c˜ao de Laplace.

Utilizando o fato de que q = u,ini e Γ = Γ1∪ Γ2 o lado direito da equa¸c˜ao anterior pode

ser escrito como Z Γ1 qwdΓ1+ Z Γ2 ¯ qwdΓ2− Z Ω u,iw,idΩ = 0. (2.35)

(39)

Utilizando a Integra¸c˜ao por Partes na ´ultima integral da equa¸c˜ao anterior, vem que Z Γ1 qwdΓ1 + Z Γ2 ¯ qwdΓ2− Z Γ qwdΓ + Z Ω u,iiwdΩ = 0 Z Γ1 qwdΓ1+ Z Γ2 ¯ qwdΓ2− Z Γ1 qwdΓ1− Z Γ2 qwdΓ2+ Z Ω u,iiwdΩ = 0 (2.36)

Lan¸cando m˜ao das aproxima¸c˜oes    u ≈ u0 q ≈ q0, (2.37) a equa¸c˜ao (2.36) torna-se Z Ω u,iiwdΩ = Z Γ2 (q − ¯q0)wdΓ2. (2.38)

A equa¸c˜ao acima ´e a express˜ao do M´etodo dos Res´ıduos Ponderados nas condi¸c˜oes de contorno naturais que por sua vez, ´e equivalente `a Forma Integral Fraca da equa¸c˜ao de Laplace. Percebe-se na mesma uma pondera¸c˜ao dos res´ıduos de um poss´ıvel erro presente nas condi¸c˜oes de contorno naturais da aproxima¸c˜ao (2.37). Da mesma forma, pode-se chegar `a uma express˜ao semelhante para a forma Integral Inversa.

A partir da equa¸c˜ao (2.34) que ´e a Forma Integral Fraca da Equa¸c˜ao de Laplace, pode-se operar de forma an´aloga `a efetuada at´e ent˜ao.

Z Γ q0wdΓ − Z Ω (u0w,i),idΩ − Z Ω u0w,iidΩ  = 0 Z Γ q0wdΓ − Z Γ u0w,inidΩ + Z Ω u0w,iidΩ = 0, (2.39)

que ´e a Forma Integral Inversa da Equa¸c˜ao de Laplace. Prescrevendo as condi¸c˜oes de con-torno conhecidas, usando as aproxima¸c˜oes e operando de forma parecida ao tratamento dado `a Forma Integral Fraca, segue a equa¸c˜ao de Res´ıduos Ponderados equivalente.

Z Ω u,iiwdΩ = Z Γ1 (¯u − u) ¯wdΓ1+ Z Γ2 (q − ¯q)wdΓ2 (2.40) onde ¯w = w,ini.

(40)

2.6

Discretiza¸

ao e Implementa¸

ao Computacional

Conforme exposto no cap´ıtulo 1, os principais m´etodos num´ericos empregam o procedi-mento de discretiza¸c˜ao. Embora esse procedimento n˜ao seja objeto de maiores aten¸c˜oes na presente disserta¸c˜ao pois que aqui s˜ao enfocados outros aspectos ligados `a formula¸c˜ao, alguns coment´arios ser˜ao feitos a seguir relacionados `a discretiza¸c˜ao com o M´etodo dos Elementos de Contorno.

Em linhas gerais, a discretiza¸c˜ao implica na transforma¸c˜ao das equa¸c˜oes diferenciais em equa¸c˜oes alg´ebricas. No caso do MEC, esta discretiza¸c˜ao conduz a um sistema de equa¸c˜oes alg´ebricas envolvendo valores nodais da vari´avel b´asica e sua derivada normal. Assim, uma vez obtida a equa¸c˜ao integral geral de contorno, equa¸c˜ao (2.23) repetida a seguir por conveniˆencia, ´e preciso discretiz´a-la para ent˜ao resolvˆe-la aproximadamente,

Z Γ qu∗dΓ − Z Γ uq∗dΓ − c(ξ)u(ξ) = 0. (2.41) Inicialmente divide-se o contorno numa s´erie de elementos sobre os quais se interpolam as grandezas u e q em termos dos valores nodais.

u = Neue (2.42) q = Neqe (2.43) onde Ne´e o vetor das fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao, uee qe ao os vetores das vari´aveis b´asicas

e sua derivada normal no ponto nodal X.

Neste trabalho empregam-se elementos de contorno constantes retil´ıneos. Neles, a aproxi-ma¸c˜ao das vari´aveis b´asicas ou primais ´e constante ao longo do elemento, enquanto a des-cri¸c˜ao geom´etrica do elemento ´e linear. ´E portanto um t´ıpico elemento hipoparam´etrico. Comumente o posicionamento dos pontos nodais ´e centralizado no elemento de contorno. O uso de tal tipo de elemento ´e bastante comum em problemas escalares, oferecendo precis˜ao satisfat´oria.

Assim, substituindo (2.42) e (2.43) em (2.41) tem-se a seguinte express˜ao: C(ξ)u(ξ) + N e X j=1 Z Γj q∗N dΓ ! u(e)= N e X j=1 Z Γj u∗N dΓ ! q(e), (2.44)

(41)

onde Ne ´e o n´umero de elementos da discretiza¸c˜ao.

A geometria de cada elemento ´e definida em termos de uma fun¸c˜ao interpolante, de forma que se baseia nas coordenadas cartesianas dos pontos nodais que s˜ao naturalmente conhecidas. As coordenadas cartesianas dos pontos de contorno est˜ao situadas ao longo do elemento, como mostra-se a seguir:

xi = Mexei (2.45)

onde Me ´e a matriz contendo as fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao e xe

i o vetor de coordenadas

nodais do elemento.

Durante a montagem do sistema de equa¸c˜oes indicado em (2.44), cada uma das inte-grais ser´a calculada numericamente. Este c´alculo se dar´a atrav´es da integra¸c˜ao num´erica unidimensional de Gauss, que estabelece:

Z 1 −1 f (η)dη = P X i=1 f (ηi)wi. (2.46)

Na equa¸c˜ao anterior ηi ´e a coordenada adimensional do i-´esimo ponto de integra¸c˜ao, wi

´

e o fator de peso associado ao ponto i, e P ´e o n´umero total de pontos de integra¸c˜ao utilizado.

Desta forma trabalha-se com as parcelas da equa¸c˜ao (2.44) como segue: Z Γj p∗N dΓ = Z Γj q∗N |J | dη ≈ N P i X k=1 |J|kwkNkq∗k (2.47) Z Γj u∗N dΓ = Z Γj u∗N |J | dη ≈ N P i X k=1 |J|kwkNku∗k. (2.48) (2.49) Nas equa¸c˜oes precedentes os NPI s˜ao o n´umero de pontos de integra¸c˜ao de Gauss. A equa¸c˜ao integral discretizada ´e aplicada repetidamente considerando o ponto ξ situado coincidentemente com todos os pontos nodais existentes. Um sistema de t equa¸c˜oes alg´ebricas ´e gerado e envolve os t valores nodais de vari´aveis b´asicas e derivadas normais. Ainda ´e interessante levar este sistema para uma forma matricial e para isso coloca-se da forma na equa¸c˜ao (1.1) mostrada no cap´ıtulo 1.

(42)

Formula¸

oes com

Dupla-Reciprocidade

3.1

Considera¸

oes Preliminares

Diferentemente dos demais m´etodos num´ericos, o MEC trabalha como a Forma Integral Inversa associada `a equa¸c˜ao diferencial que governa o problema, o que faculta a sua re-presenta¸c˜ao em termos de integrais ao longo do contorno (Γ), para quaisquer tipos de condi¸c˜oes impostas na fronteira, homogˆeneas ou n˜ao, sem perda de generalidade.

No entanto, nem sempre ´e poss´ıvel expressar o problema em termos de uma forma inte-gral inversa. O caso em que a equa¸c˜ao diferencial do problema ´e heterogˆenea envolvendo fontes ou a¸c˜oes de dom´ınio ´e t´ıpico. Estas fun¸c˜oes apesar de conhecidas, n˜ao s˜ao sempre redut´ıveis a integrais de contorno. Nos prim´ordios do MEC, a solu¸c˜ao desse problema im-plicava necessariamente em procedimentos tais como a integra¸c˜ao em c´elulas, estrat´egia similar a empregada pelo m´etodo dos Elementos Finitos e outras t´ecnicas de dom´ınio. A Formula¸c˜ao com Dupla Reciprocidade (DRT) concebida originalmente por Nardini e Brebbia em 1982, para resolver problemas de vibra¸c˜ao livre e resposta dinˆamica, acabou por difundir-se como a principal formula¸c˜ao do MEC para resolver problemas nos quais existem a¸c˜oes de dom´ınio em geral. Gra¸cas a DRT ´e sempre poss´ıvel transformar tais termos em integrais de contorno, usando fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao auxiliares que

(43)

resul-tam numa aproxima¸c˜ao bastante satisfat´oria, cuja precis˜ao se amplia com o aumento do n´umero de pontos interpolantes. A convergˆencia de tal procedimento j´a foi objeto de diversos trabalhos de pesquisa.

De qualquer modo, a DRT afigura-se como uma formula¸c˜ao alternativa do MEC para solu¸c˜ao de outros tipos de problemas, que apesar de possu´ırem uma forma integral in-versa, resultam num modelo matem´atico relativamente complicado apesar da elegˆancia da formula¸c˜ao e da elevada precis˜ao dos seus resultados. ´E o caso dos problemas depen-dentes do tempo, transientes e dinˆamicos, j´a citados anteriormente no primeiro cap´ıtulo. A DRT embora produza resultados de menor precis˜ao, permite se estabelecer uma forma integral inversa aproximada de f´acil modelagem e simples resolu¸c˜ao.

O mesmo acontece para os casos relativos `a difus˜ao-advec¸c˜ao, problemas de grande im-portˆancia na engenharia. Existem formula¸c˜oes do MEC que resolvem tais problemas de modo mais elegante e preciso, n˜ao obstante algumas restri¸c˜oes ao campo de velocidade, que podem ser superados de modo aproximado. Todavia, Partridge et al.entenderam que a DRT tamb´em poderia ser empregada com ˆexito em tal classe de problemas, ofer-ecendo solu¸c˜oes satisfat´orias, atrav´es de um modelo matem´atico mais simples. Assim, aproveitando-se da generalidade da DRT, nela adaptaram um esquema engenhoso para simular a advec¸c˜ao. Infelizmente, o procedimento proposto por esses autores resulta li-mitado a n´umeros de Peclet reduzidos. Pode-se constatar que esse desempenho apenas regular se deve a uma segunda aproxima¸c˜ao existente no modelo, que ser´a destacada mais `a frente.

A Formula¸c˜ao com Quase-Dupla Reciprocidade (QDR) criada por Loeffler e Mansur, intenta ampliar a capacidade de solu¸c˜ao do modelo calcado em fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao, usando uma estrat´egia particularizada para os problemas de difus˜ao-advec¸c˜ao ou outros que possuam a mesma estrutura matem´atica, na qual haja um operador gradiente apli-cado ao campo de vari´aveis b´asicas.

Esse cap´ıtulo mostra as etapas de forma¸c˜ao dos modelos matem´aticos gerados pelas for-mula¸c˜oes citadas (DRT e QDR) quando aplicadas aos problemas de difus˜ao-advec¸c˜ao,

(44)

cuja equa¸c˜ao diferencial de governo ´e apresentada a seguir, em nota¸c˜ao indicial:

Kθ,ii−θ,ivi = 0. (3.1)

Considerando as peculiaridades dos problemas difusivos-advectivos, admita que a equa¸c˜ao anterior seja v´alida num volume de controle bidimensional, tal que d Ω represente uma regi˜ao infinitesimal do mesmo. Juntamente com diferenciais de temperatura θ, haja nesse volume de controle um escoamento potencial estacion´ario e que a posi¸c˜ao de uma part´ıcula seja dada por X = X(x1, x2). Figuram na equa¸c˜ao anterior a condutividade

t´ermica K e o vetor velocidade da particular v, de componentes vi. As condi¸c˜oes de

contorno essenciais e naturais s˜ao definidas pelas duas equa¸c˜oes a seguir,    θ = ¯θ em Γθ (condi¸c˜ao essencial) θ,ini− θvini = ¯f em Γq (condi¸c˜ao natural). (3.2) Nessas ´ultimas equa¸c˜oes, Γ representa a fronteira do volume de controle e ni representa

o vetor unit´ario normal `a superf´ıcie.

3.2

Formula¸

ao com Dupla-Reciprocidade

Tradicional

Para se iniciar a abordagem da DRT, a equa¸c˜ao (3.1) ´e escrita na forma integral forte usando como fun¸c˜ao auxiliar a solu¸c˜ao fundamental difusiva θ∗, resultando na seguinte equa¸c˜ao, K Z Ω θ,iiθ∗dΩ = Z Ω θ,iviθ∗dΩ. (3.3)

O lado esquerdo da equa¸c˜ao (3.1) corresponde `a Equa¸c˜ao de Laplace, e pode ser reescrito em termos de integrais de dom´ınio conforme foi mostrado anteriormente. O modelo proposto por Partridge resolve o lado direito atrav´es do procedimento t´ıpico da Dupla Reciprocidade, considerando o termo advectivo tal como fosse uma a¸c˜ao de dom´ınio, isto ´

e,

(45)

Na equa¸c˜ao (3.4) Fj s˜ao fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao linearmente independentes, αj s˜ao coe-ficientes escalares e Ψj ao fun¸c˜oes primitivas de Fj. A escolha destas fun¸c˜oes de

inter-pola¸c˜ao tem sido objeto de muitas pesquisas interessantes. Entre o conjunto de fun¸c˜oes admiss´ıveis, a mais importante de todas s˜ao as fun¸c˜oes radiais. Estas s˜ao compostas por potˆencias envolvendo a distˆancia euclidiana entre dois pontos, usualmente escolhidos como os pontos de contorno X e pontos de interpola¸c˜ao Xj. Deve ser ressaltado que

nessa fase inicial do procedimento as derivadas espaciais n˜ao requerem nenhum trata-mento especial. Tamb´em deve ser enfatizado que a solu¸c˜ao fundamental relacionada ao problema difusivo ´e dada por

θ∗(ξ; X) = − 1

2πln r(ξ; X). (3.5) Na equa¸c˜ao (3.5), r(ξ; X) significa a distˆancia entre um ponto particular do dom´ınio, o ponto fonte ξ e um ponto gen´erico do dom´ınio X, usualmente tomado como um ponto pertinente ao contorno. Cabe ressaltar que a solu¸c˜ao fundamental difusiva ´e uma fun¸c˜ao que satisfaz a uma Equa¸c˜ao de Poisson imediatamente abaixo, cujo dom´ınio ´e infinito:

u∗,ii= −∆(ξ; X). (3.6)

Na equa¸c˜ao anterior ∆(ξ; X) ´e o Delta de Dirac. Considerando a aproxima¸c˜ao dada pela equa¸c˜ao (3.4), a integral (3.3) pode ser operada convenientemente, transformando-se em duas novas integrais, cujos n´ucleos s˜ao expressos em termos de fun¸c˜oes harmˆonicas,

K Z Ω θ,iiθ∗dΩ = Z Ω αjΨj,iiθ∗dΩ. (3.7) ´

E poss´ıvel agora proceder de forma semelhante ao tratamento da equa¸c˜ao de Laplace, obtendo assim αj Z Ω Fju∗dΩ = αj  cΨj(ξ) + Z Γ Ψjq∗dΓ − Z Γ ηu∗dΓ  , (3.8) onde ηj = Ψj, n.

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