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Efeitos crônicos de diferentes métodos de treinamento sobre a pressão arterial e perfil lipídico em mulheres sedentárias hipertensas

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Academic year: 2021

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Efeitos Crônicos de Diferentes Métodos de Treinamento Sobre a Pressão

Arterial e Perfil Lipídico em Mulheres Sedentárias Hipertensas

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA

RÉGIS TRIBUZY DE OLIVEIRA

ORIENTADORES

Prof. Doutor Roberto Fares Simão Júnior Prof. Doutor Francisco José Félix Saavedra

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Efeitos Crônicos de Diferentes Métodos de Treinamento Sobre a Pressão

Arterial e Perfil Lipídico em Mulheres Sedentárias Hipertensas

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL - Portugal, 2014

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Esta dissertação foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto na área de especialização em Avaliação e Prescrição na Atividade Física, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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“O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos”. (Provérbios 1:5)

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Ao meu pai, Francisco Brito que forjou meu caráter e nos ensinou o valor da cidadania. À minha mãe, Arlene Tribuzy e irmãos e Reynaldo Tribuzy, Leno Lima e Mádria Andrade. Aos meus sobrinhos, Aline , Reynald e Ryckson Tribuzy. Ao Senhor Deus por sua infinita bondade.

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Nesta oportunidade é incondicional a necessidade do agradecimento a diversas pessoas que contribuíram de forma direta e indireta na construção e realização deste trabalho. As suas ações intelectuais, acadêmicas e operacionais foram imprescindíveis nesta elaboração científica. Foram Mestres fundamentais no processo de ensino em suas sugestões e ressalvas, sempre atenciosos, para que minha aprendizagem fosse solidificada e houvesse melhora na qualidade desta dissertação, cuja foi desenvolvida em 12 meses de intenso trabalho com inesquecíveis experiências adquiridas e vivenciadas. Meu muito obrigado.

Ao Prof. Doutor Roberto Fares Simão Junior, orientador, a quem tive a satisfação de trabalhar junto nesta Universidade, por todo seu apoio pedagógico e científico na construção do conhecimento e por sua compreensão perante esta pesquisa que sofreu algumas alterações em virtude de necessidades e novas condições surgidas.

Ao Prof. Doutor Francisco José Felix Saavedra, orientador, que tive o prazer de ser seu aluno durante as aulas presenciais no Mestrado, por sua dedicação, através de sugestões e dicas construtivas para melhora da capacidade deste estudo, por sua disponibilidade e atenção solícita sempre quando foi necessário.

Ao Prof. Doutor Lucídio Rocha Santos, diretor da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (FEFF/UFAM), por ter permitido e cedido os espaços e instalações desta Instituição de ensino superior para realização dos testes desta pesquisa. A Professores Mestres Ewertton de Souza Bezerra e João Cláudio Machado, amigos de trabalho, por sua imensa ajuda ao disponibilizarem seu tempo no auxílio incondicional na construção de artigos científicos oriundos desta dissertação.

À Prof.ª Especialista Deuseany Valente de Souza, coordenadora de educação física e esporte, por ter cedido as instalações e amostra pertencente ao Centro de Convivência da Família Magdalena Arce Daou do Estado do Amazonas, local este onde foi desenvolvida a recolha de dados com a execução das sessões de treinamento e monitoração das variáveis abordadas.

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Guimarães, Érika Pereira Silva, John Lennon Moura Lima, Murillo Augusto de Moraes e Silas Nery, por terem sempre estado e se doado ilimitadamente em algumas fases nesta investigação e pelos dias de reuniões realizadas sempre almejando qualidade no trabalho fomentado. E também ao Prof. De Angelys de Cesalles pela disponibilidade no auxílio da tradução do resumo para o inglês e orientações nas referências internacionais utilizadas. A todos os professores do Mestrado na UTAD/Ciência do Desporto, que com suas aulas e apresentações contribuíram para que eu pudesse despertar e reconhecer que o compromisso profissional é base fundamental na obtenção e elaboração do conhecimento fomentado a valorização da Educação Física quer seja no âmbito acadêmico, científico e no operacional. E aos professores Doutores que compuseram a Juri de Defesa por suas arguições e contribuições perante este estudo.

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Dedicatória ... iv

Agradecimentos ... v

Indce Geral ... vii

Lista de Siglas e Abreviaturas ... ix

Lista de Quadros ... x Lista de tabelas ... xi Resumo... xii Abstract ... xiii 1. INTRODUÇÃO ... 01 1.1. Obejtivos do Trabalho ... 09 1.1.1. Objetivo Geral ... 09 1.1.2. Objetivos Específicos ... 09 1.2. Hipóteses ... 09 1.3. Limitações e Responsabilidades ... 09

1.4. Classificação das variáveis ... 11

1.5. Estrutura do Estudo ... 12

2. REVISÃO DE LITERATURA... 13

2.1. Hipertensão Arterial e Adaptações do Exercício Físico ... 14

2.2. Importância do Exercício Aeróbio para o Hipertenso ... 19

2.3. Importância do Exercício de Força para o Hipertenso ... 21

2.4. Importância do Exercício Concorrente para o Hipertenso ... 25

3. METODOLOGIA ... 27

3.1. Organização do Estudo ... 28

3.1.1. Etapas do Experimento... 28

3.2. Critérios e Seleção da Amostra ... 28

3.3. Caracterização da Amostra ... 30

3.4. Procedimentos para a Coleta dos Dados ... 30

3.5. Protocolos de Medidas, Avaliações e Intrumentos ... 32

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3.5.3. Avaliação Antropométrica ... 34

3.5.4. Avaliação Ergoespirométrica ... 35

3.5.5. Avaliação da Força Muscular ... 36

3.6. Programas de Treinamento ... 38 3.6.1. Treinamento Aeróbio ... 38 3.6.2. Treinamento de Força ... 39 3.6.3. Treinamento Concorrente ... 41 3.7. Procedimentos Estatísticos ... 42 4. RESULTADOS ... 43

4.1. Variáveis relacionadas aos aspectos hemodinâmicos ... 44

4.1.1 Efeito Crônico ... 44

4.2. Variáveis relacionadas aos aspectos bioquímicos... 45

4.2.1 Efeito Crônico ... 45

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 47

5.1. Pressão Arterial ... 48 5.1.1 Exercício Aeróbio ... 48 5.1.2 Exercício de Força... 50 5.1.3 Exercício Concorrente ... 54 5.2. Perfil Lipídico ... 57 5.2.1 Exercício Aeróbio ... 57 5.2.2 Exercício de Força... 60 5.2.3 Exercício Concorrente ... 61 6. CONCLUSÕES ... 64

6.1. Propostas de Investigações Futuras ... 65

7. BIBLIOGRAFIA ... 67

8. APÊNDICES ... 77

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ACSM - American College of Sports Medicine CFMD – Centro da Família Magdalena Daou DCNT - Doenças Crônicas nãoTransmissíveis EF – Exercício Físico

FC – Frequência Cardíaca

FEFF – Faculdade de Educação Física e Fisioterapia GC – Grupo Controle

GTA – Grupo de Treinamento Aeróbio GTC- Grupo de Treinamento Concorrente GTF – Grupo de Treinamento de Força HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica HDL – High Density lipoprotein HPE – Hipotensão Pós-Exercício

HUGV – Hospital Universitário Getúlio Vargas IMC – Índice de Massa Corporal

LDL – Low Density Lipoprotein

LEDEHU – Laboratório de Estudo e Desempenho Humano OMS – Organização Mundial de Saúde

PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica PAM – Pressão Arterial Média PAS – Pressão Arterial Sistólia RM – Repetições Máximas

RVP – Resistência Vascular Periférica TA – Treinamento Aeróbio

TC – Treinamento Concorrente TE – Teste Ergométrico

TF – Treinamento de Força TG - Triglicerídeos

TNF – Tratamento não Farmacológico UFAM – Universidade Federal do Amazonas VO2máx. – Consumo Máximo de Oxigênio

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Quadro 1 – Classificação da Pressão Arterial

Quadro 2 - Valores de referência dos lipídeos para indivíduos > 20 anos de idade Quadro 3 – Metas Lipídicas propostas para prevenção de doença arteriosclerótica Quadro 4 – Delineamento estudo

Quadro 5 - Progressão do volume e da intensidade do treinamento aeróbio Quadro 6 - Escala de Borg (1982)

Quadro 7 - Progressão do volume e da intensidade do treinamento de força Quadro 8 - Progressão do volume e da intensidade no treinamento concorrente

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Tabela 1 – Resultados da pressão arterial pré e pós 36 sessões: Comparação intragrupo Tabela 2 – Resultados da pressão arterial pós 36 sessões: Comparação intergrupo Tabela 3 - Resultados do perfil lipídico pré e pós 36 sessões: Comparação intragrupo Tabela 4 - Resultados do perfil lipídico pós 36 sessões: Comparação intergrupo

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Uma das doenças cardiovasculares mais comuns na atualidade é a hipertensão arterial, na qual se configura como sendo uma enfermidade de origem multicausal e multifatorial. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a pressão arterial e o perfil lipídico, de pacientes hipertensas controladas por medicamento, por meio do efeito agudo e crônico de sessões de treinamento concorrente, aeróbio e de força. Os grupos do estudo foram formados por 29 voluntárias mulheres hipertensas (53,27 + 10,7anos; 70,41 + 10,3g; 152 + 6,1cm; 30,77 + 2,39imc; pas <140; pad <90), divididas em 4 grupos: grupo controle (GC), grupo treinamento aeróbio (GTA), grupo treinamento de força (GTF) e grupo treinamento concorrente (GTC). O protocolo experimental foi constituído de seis etapas: (1) TCLE e cadastro das participantes; (2) Seleção da amostra, triagem e anamnese (critérios de inclusão e exclusão); (3) Avaliação física e das variáveis pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e pressão arterial média (PAM); (4) Avaliação das variáveis triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), high density lipoprotein (HDL), low density lipoprotein (LDL), very low density lipoprotein (VLDL); (5) Aplicação dos três protocolos de treinamento, três sessões na semana, durante três meses consecutivos; (6) Reavaliação geral. Todas as variáveis foram descritas com valores de tendência central (média) e dispersão (desvio padrão). O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade dos dados, assim como a homogeneidade das variâncias foi confirmada pelo teste de Levene (p>0,05). Para análise do efeito do treinamento aplicou-se uma Anova-two-way [3 intervenções (TA, TF e TC) x 2 variáveis dependentes (bioquimica e hemodinâmica) x 2 entradas (pré e pós, intra e intergrupos)], um post hoc de Scheffé foi utilizado para indicar o método que causou modificação na variável. O nível alfa adotado foi 0,05 para todas as análises. O tratamento estatístico foi realizado no pacote estatístico SPSS 17.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). A pesquisa baseou-se na hipótese de que o treinamento concorrente pode ser mais eficiente para a melhora das variáveis estudadas do que os treinamentos aeróbio e de força isolados, em virtude de reunir as adaptações e benefícios oriundos tanto do treino aeróbio como do resistido. Resultados: Observaram-se alterações significativas na PAS em GTA (p=0,04), e em GTC (p=0,01). GTF apresentou PAD (p=0,02), PAM (p=0,03); HDL no GTC (p=0.05). Na comparação entre os grupos experimentais (pré-pós) não ocorreram diferenças significativas em todas as variáveis. Entretanto, ao comparar o GTA, GTF, GTC com GC, houve resultados na PAS (p=0,020), PAD (p=0,025), PAM (p=0,015) e HDL (p=0,006). Conclui-se que os três tipos de treinamento aplicados podem ser efetivos como tratamento complementar da hipertensão arterial sistêmica, combatendo o sedentarismo, porporcionando reduções na tensão arterial e melhora do quadro lipídico de mulheres hipertensas medicamentadas.

Palavras-chave: Hipertensão, exercício aeróbio, exercício de força, treinamento concorrente,

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One of the most common cardiovascular diseases nowadays is the arterial hypertension, which is setup as a disease of multifactorial and multi-causal origin. In order to promote a better control of blood pressure and lipid profile of patients with hypertension controlled by medication, the acute and chronic effects of concurrent, aerobic and strength training sessions were evaluated in this investigation. The study groups were formed by hypertensive 29 volunteer women (53,27 + 10,7 years; 70,41 + 10,3Kg; 152 + 6,1cm; 30,77 + 2,39 BMI; SBP<140; DBP<90), divided into four groups: control group (CG), aerobic training group (ATG), strength training group (STG) and concurrent training group (CTG). The experimental protocol consisted of six steps: (1) Informed Consent and registration of participants, (2) Sample selection, triage and anamnesis (criteria for inclusion or exclusion), (3) Physical evaluation and variables systolic blood pressure (SBP), diastolic blood pressure (DBP), and mean arterial pressure (MAP), (4) Evaluation of the variables triglycerides (TG), total cholester (TC), high density lipoprotein (HDL), low density lipoprotein (LDL), very low density lipoprotein VLDL, (5) Application of three training protocols, 3 sessions a week for 3 consecutive months, (6) general reassessment. All variables are described as measures of central tendency (mean) and dispersion (standard deviation). The Shapiro-Wilk test was used to verify the normality of the data, as well as the homogeneity of variances was confirmed by Levene's test (p>0,05). To analyze the effect of training was applied to two-way ANOVA [3 interventions (TA, TC and TF) x 2 dependent variables (biochemical and hemodynamic) x 2 inputs (pre-and post-, intra-and inter-group)], a post hoc Scheffé was used to indicate the method that caused changes in the variable. The alpha level was set at 0.05 for all analyzes. Statistical analysis was performed in SPSS 17.0 for Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). The research was based on the hypothesis that concurrent training could contribute more significantly to the improvement of the studied variances than the training (aerobic or strength) applied in an isolated way due to gather the adaptations and benefits from both aerobic and resistance training. Results: Significant changes were observed post-training in SBP in ATG (p = 0.002), and STG DBP (p = 0.01), MAP (p = 0.02) and HDL in CTG (p = 0.02) and STG (p = 0.05). In the comparison made between the experimental groups (pre-post) there were no significant differences in all variables. However, when comparing the ATG, STG, CTG and CG, there were significant results for DBP (p = 0.025), MAP (p = 0.037) and HDL (p = 0.001) and LDL (p = 0,001). In conclusion, the three types of applied training in the present study can be effective as complementary treatment of hypertension, combating sedentary lifestyle; providing a lower blood pressure and an improvement of the lipid profile in medicated hypertensive women.

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Introdução

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Régis Tribuzy de Oliveira 2

1. Introdução

A pressão arterial (PA) pode ser entendida como a tensão produzida pelo sangue por unidade de superfície sobre a parede vascular (Polito & Farinatti, 2003), ou seja, força que o sangue exerce contra as paredes dos vasos sanguineos (Dutra, 2009). A sístole e a diástole cardíaca propiciam respectivamente aumento e diminuição da PA (Dutra, 2009).

A PA quando elevada constantemente configura o quadro de hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença cardiovascular comum na atualidade, onde uma em cada tres pessoas com vinte cinos anos ou mais é diagnosticada como hipertensa (OMS, 2012). Configura-se como uma enfermidade de origem multicausal, decorrente da interação de vários fatores como mal hábito alimentar e sedentarismo que foram surgindo com a evolução da sociedade (Flack, Woolley, Esunge & Grimm, 1992; Porto et. al., 1999; Côrtes, Paula & Mendonça, 2010)

Um estudo feito em Geneva, na Suíça (Bernstein, 1999), definiu como sedentário o indivíduo que gaste menos do que 10% do seu dispêndio energético diário. É considerada uma doença da modernidade, tornando-se uma epidemia mundial, onde 70% da população em geral é sedentária, sendo o inimigo número um da saúde pública, associado a 75% dos óbitos nas Américas, oriundas de complicações como diabetes tipo 2, hipercolesterolemia, obesidade, doenças cardiovasculares, osteoporose, câncer e em especial a hipertensão arterial, que causa cerca de 3,2 milhões de mortes no mundo por ano (OMS, 2012).

O surgimento e sustentação da HAS em um indivíduo pode ser associado à alimentação inadequada como excesso de sal, gorduras e carboidratos, além do sobrepeso com elevada quantidade de gordura corporal em conjunto com um comportamento sedentário (Silva et. al., 2011).

A predominância da hipertensão e de seus fatores de risco como infartos cardíacos, acidentes vasculares cerebrais ou esquêmicos, trombose coronária e insuficiência dos rins, vem colaborando para incrementar as taxas de mortalidade e os custos sócios econômicos na sociedade em geral (Carvalho, Mulinari & Lafitte, 1995; Cavagna, 1998; Brandão, 2006).

Em 2003, no Brasil, 27,4% das mortes naturais foram em decorrências de complicações ocasionadas por patologias relacionadas ao sistema cardiovascular, sendo a HAS a maior causa de infartos no miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) conforme V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2007).

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Régis Tribuzy de Oliveira 3 Em recente relatório elaborado pelo Banco Mundial, atribuiu-se 66% dos gastos em saúde às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em todo o país (Pozena & Cunha, 2009), podendo ser a principal causa do surgimento da HAS, pois a falta de atividade física e de controle alimentar, ambos associados, causam desequilíbrio no sistema hemodinâmico culminando no processo de enrijecimento das paredes das artérias e conseqüentemente, surgimento constante da tensão arterial.

Em seu relatório anual, a Organização Mundial de Saúde divulgou dados sobre o alto índice de pessoas portadoras de hipertensão arterial sistêmica entre homens e mulheres com idade igual ou superior a vinte e cinco anos. Uma em cada três pessoas nesta faixa etária possui tensão arterial elevada (OMS, 2012). Na sub-região das Américas, a HAS está entre os três principais fatores de risco que concorrem para a carga total de doenças e a quantidade de portadores progride globalmente.

Em 2008, a população mundial possuia uma quantidade de adultos com HAS (PAS≥140 e/ou PAD≥90) diagnósticada com idade >25 anos em homens 29,2% e mulheres 24,8%. Em Portugal o número de hipertensos masculinos já era de 34,5% e femininos 24,3% e no Brasil 39,4% e 26,6% respectivamente (OMS, 2012).

Apesar deste quadro, o controle da HAS tem sofrido um considerável avanço. No entanto, esta ação de monitoramento não atinge toda população hipertensa como se pode observar na população americana. O National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) de 1999-2000, apresenta que 30% dos adultos hipertensos não possuem diagnóstico, 40% dos indivíduos diagnosticados não realizam tratamento (Chobanian, Bakris & Black, 2003).

Além do tratamento convencional com a ingestão de medicamentos, existe a possibilidade de intervenções complementares para combater com eficiência à HAS, como ter uma vida mais ativa e saudável, e entre estas medidas não medicamentosas, surge a prática sistemática de exercícios físicos, como ação de tratamento auxiliar aos níveis tensionais elevados (ACSM, 2010).

Nos últimos dez anos, o exercício tem sido incentivado e crescido sua aderência na sociedade, principalmente entres idosos, obesos e hipertensos, pois suas adaptações favorecem a melhora da qualidade de vida , diminuindo o uso de serviços de saúde pública, medicamentos e de mortes por doenças crônicas (Zaitune et. al., 2010).

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Régis Tribuzy de Oliveira 4 A prática do exercício sistemático pode reduzir as taxas de mortes oriundas da HAS, independente de fatores sóciodemográficos (Dias et. al., 2007; ACSM, 2010; SBC, 2010). A modificação no estilo de vida, através do treinamento regular é uma das medidas menos onerosas e que possibilitam, em longo prazo, o controle da hipertensão (Pescatello et. al., 2004). O acompanhamento não farmacológico do hipertenso deve ser incentivado, em virtude do efeito hipotensivo na PA causada pela prática de atividade física, bem como a melhora dos componentes do perfil lipídico de um indivíduo portados de HAS (Goodwin, Headley & Pescatello, 2009).

Vários são os tipos de exercícios físicos praticados que podem ser utilzados como tratamento complemantar no controle da HAS, como no caso dos exercícios aeróbios. Existem vários estudos que relacionam reduções pressóricas especificamente ao treinamento aeróbio (TA) (Fagard & Cornelissen, 2007; Laterza, Amaro, Negrão & Rondon, 2008; Bundchen et. al., 2010). O TA melhora o VO2máx., estoques de glicogênio nos músculos esqueléticos, densidade das

mitocôndrias e o aumento do número de capilares (neocapilarização) potencializando a perfusão sanguínea, o que auxilia no controle da pressão arterial (Fagard & Cornelissen, 2007; Laterza et. al., 2008).

Também modificações positivas nos níveis e composição química do colesterol (HDL/LDL) podem ocorrer, após a realização de TA com diferentes intensidades, volume e frequência semanal realizado por indivíduos de diversas idades e níveis de aptidão física (Prado & Dantas, 2002).

Um estudo realizado por Laterza et. al. (2007), em 16 semanas sistemáticas de treinamento ultilizando TA com intensidade moderada, gerou efeitos hipotensivos crônicos em portadores de HAS, com adaptações relacionadas ao aumento da eficiência da sensibilidade barorreflexa arterial através da melhora da complacência arterial.

Outro programa de exercício físico que pode ser aplicado em indivíduos portadores de HAS objetivando a melhora da saúde cardiovascular é o treinamento de força (TF). Investigações que utilzaram o TF têm apresentado benefícios na redução dos níveis pressóricos pós-exercício na pressão arterial sistólica e/ou pressão arterial diastólica (Lizardo & Simões, 2005; Mediano, Paravidino, Simão, Pontes & Polito, 2005; Melo, Alencar, Tinucci, Mion & Forjaz, 2006; Simão, Salles & Polito, 2008; Benvindo & Silva, 2011).

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Régis Tribuzy de Oliveira 5 também tem sido preconizado como forma de tratamento não farmacológico (TNF) para os portadores de HAS (Fagard & Cornelissen, 2007). O TF, pode ser benéfico mesmo em hipertensos e idosos, pois causam redução aguda ou crônica na pressão arterial (Taaffee, 2007), além de aumentar os níveis de força dos músculos ativos (Chtara et. al., 2005; Silva, Rocha, Collado & Fernandez, 2009). Conforme Kelley (1997), reduzir apenas 5 mmHg na pressão arterial pode diminuir em 40% os riscos de AVC e 15 % de infarto do miocárdio, além de reduzir gastos na saúde em decorrências das internações oriundas da HAS.

No entanto, existem investigações que empregaram o TF e não encontraram diferenças significativas na redução da pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e pressão arterial média (PAM), pós-treino (Polito, Rosa & Schardong, 2004; Polito, Simão, Lira, Nóbrega & Farinatti, 2008; Krinski, Elsangedy, Junior & Soares, 2006; Terra, 2008; Gurjão et. al., 2009).

Estas divergências de resultados, sobre a magnitude da hipotensão pós-exercício (HPE) de força, podem ser atribuídas aos protocolos e metodologias diversificadas que foram utilizados nestas pesquisas, cuja é peculiar ao TF, por possuir muitas variáveis de controle como: métodos de treinamento, números de séries e repetições, tipos de exercícios, variações de intensidades, ordem dos exercícios e intervalos de recuperação.

Também existe uma vertente do treinamento físico sistemático que associa as capacidades físicas força muscular e resistência aeróbia na mesma sessão, sendo denominado de treinamento concorrente (TC) (Gomes & Aoki, 2005). É a combinação do exercício aeróbio com o de força numa única sessão (Guedes, 2008).

O TC também pode ser usado como forma de tratamento não medicamentoso do hipertenso, possibilitando ao portador de HAS ter os músculos mais aptos ao esforço diário, além de potencializar sua capacidade cardiorrespiratória, tolerância à glicose e reduzir o nível da PA consideravelmente (Delagardelle et. al., 2002).

Um estudo realizado na Islamic Azad University, no Iran (IAUI), constatou a redução da PAS e PAD após sessões de TC, em mulheres com um quadro de hipertensão limítrofe (Delavar & Faraji, 2011). Estes resultados podem ser relevantes ao pensarmos em controle da HAS e na prevenção de doenças cardiovasculares.

A doença cardiovascular (DCV) é uma das afecções mais silenciosas, com um índice de mortalidade que excedeu 3,5 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento em 1990. A

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Régis Tribuzy de Oliveira 6 DCV é apontada como a principal causa de morte em países desenvolvidos até 2020 (Okrainec, Banerjee & Eisenberg, 2004). As concentrações céricas de colesterol total (CT), high density lipoprotein (HDL), low density lipoprotein (LDL), very low density lipoprotein (VLDL) e triglicerídeos (TG), proporcionam informações válidas sobre o potencial de uma pessoa sofrer de alguma DCV.

Um quadro lipídico desfavorável com alta presença de triglicerídeos, colesterol total, LDL e baixo nível de HDL em conjunto com a presença de hipertensão arterial manifesta-se como um estado estimulante ao surgimento de doenças coronarianas e consequentes acometimentos fatais ao indivíduo, como infartos no miocárdio (Elias et. al., 2004).

Estudos epidemiológicos e experimentais têm mostrado que baixos níveis de concentração de CT e LDL, combindado com um aumento de HDL, são associados a um menor risco da DCV. Acredita-se que o exercício físico regular tem a propriedade de minimizar este quadro, através da redução dos substratos lipídicos, considerados prejudiciais à saúde quando em excesso; com efeitos no transporte e disponibilização celular. (Ghahramanloo, Midgley, & Bentley, 2009).

O exercício físico está associado a um aumento na atividade da lipoproteína lipase no tecido adiposo e no músculo esquelético. Em um estudo publicado no Reino Unido, em 2009, mostrou-se que o treinamento concorrente pode ser utilizado para melhorar tanto o perfil lipídico sérico, quanto a composição corporal de homens jovens aparentemente saudáveis. O que pode ser uma tendência a não desenvolver HAS e, consequentemente, DCV (Ghahramanloo, Midgley, & Bentley, 2009).

Dependendo do tipo de exercício físico e seu benefício específico, o portador de HAS pode melhorar sua capacidade funcional potencializando sua autonomia de vida especialmente na 3ª idade, pois nesta fase as capacidades físicas força, flexibilidade e resistência estão comprometidas e o idoso ao ter suas capacidades físicas limitadas, necessita em distintas ações, fazer mais esforço para se manter autônomo fisicamente, o que pode sobrecarregar seu coração com o surgimento de picos de pressão (Zaitune et. al., 2010).

O número de idosos está aumentando progressivamente. De acordo com Cunha (2010), no Brasil poderá haver aproximadamente em 2020, cerca de 34 milhões de brasileiros idosos com 60 anos. Esta expansão vem acompanhada da evolução de doenças cardiovasculares como a hipertensão e arteriosclerose, causas de óbitos em massa a cada ano no território brasileiro.

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Régis Tribuzy de Oliveira 7 O maior fator de risco cardiovascular modificável é a HAS, principalmente para o indivíduo idoso, pois geralmente nesta fase da vida esta patologia, associa-se a outras doenças como insuficiência cardíaca, doença renal, doença nas artérias, aumento da resistência vascular periférica (Miranda et. al., 2002).

Com o processo de envelhecimento a PAS e PAD elevam-se pelo aumento da rigidez dos grandes vasos sanguíneos, apresentando diminuição no mecanismo de elasticidade, o que potencializa a resistência vascular periférica (RVP) e consequentemente mantém a pressão arterial elevada, e quando o idoso é hipertenso sedentário seu quadro vulnerável tende a ampliar-se. (Miranda & Perrotti, 2002).

Existem associações entre o surgimento de doenças crônicas na terceira idade relacionadas com a inaptidão de atividades cotidianas ou incapacidade funcional. Dentre estas doenças crônicas a HAS é a patologia mais frequente entre os idosos sedentários com limitações funcionais (Cunha, 2010).

A HAS possui estreita relação com a limitação funcional, existindo uma diminuição desta capacidade quando o indivíduo possui quadro de hipertensão. No entanto, o incremento de exercícios físicos pode ajudar no tratamento desta patologia crônica, pois a magnitude da capacidade funcional é um fator modificável, passível de um estilo de vida ativo e especialmente pela melhora das capacidades físicas força e flexibilidade (Hajjar, Lackland, Cupples & Lipsitz, 2007).

O impacto da realização constante de exercício físico sistemático sobre os valores da pressão arterial do hipertenso pode chegar a ser tão benéfico que proporcione diminuição da ingestão de medicamentos apenas com a adaptação hemodinâmica (ACSM, 2004).

O exercício físico praticado de forma regular, apresenta-se como recurso eficaz de controle da HAS, porém deve-se descobrir, caso haja, qual tipo de exercício é mais benéfico para os fatores hemodinâmicos e o perfil lipídico do hipertenso medicamentado e se existem diferenças na magnitude do efeito hipotensivo entre o exercício aeróbio, força e concorrente.

Precisa-se compreender como o TA, TF e TC, propostos nesta pesquisa, afetam os valores da PAS, PAD e PAM, e consequentemente sobre o perfil lipídico de mulheres hipertensas medicamentadas. Especialmente quando se direciona ao TF e TC, pois suas adaptações e benefícios fisiológicos ainda não estão bem determinados, como consenso na literatura,

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Régis Tribuzy de Oliveira 8 especialmente em portadoras de HAS. Isso demonstra que pode haver carência de parâmetros específicos para a aplicabilidade adequada destes exercícios nesta população.

Muitas pesquisas têm apresentado resultados significativos sobre os valores pressóricos com a intervenção de exercício aeróbio (Cunha et. al., 2006; Laterza et. al., 2008; Souza, Libardi, Júnior, Madruga & CMikahil, 2012;), exercício de força (Romero, Caperuto & Costa, 2005; Simão et. al., 2007; Costa et. al., 2009) e exercício concorrente (Filho, Cardoso & Gonçalves, 2011; Delavar & Faraji, 2011; Simão et. al., 2008) ultilizando esta mesma frequência semanal. Baseado nos periódicos e revistas científicas nacionais e internacionais, nos bancos de dados de dissertações e teses das Universidades Federais no Brasil, este é o primeiro estudo a ser realizado na cidade de Manaus (capital do Estado do Amazonas) a avaliar e comparar o efeito agudo e crônico de três diferentes tipos de treinamento físico (TA, TF, TC) de forma concomitante sobre a pressão arterial e perfil lipídico de mulheres hipertensas controladas por medicação.

Este estudo teve como meta, unir o tratamento medicamentoso da hipertensão com o não farmacológico fomentado através do exercício físico, a fim de tentar apresentar uma possível prevenção de possiveis complicações fisiológicas referentes aos sistemas cardiovascular e renal, que na maioria dos casos levam estes indivíduos a óbito, além de possibilitar ao hipertenso um bem estar diário através da magnitude da HPE, aumento de suas capacidades físicas e qualidade de vida.

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1.1 Objetivos do Trabalho

1.1.1 – Objetivo Geral

Analisar a influência de três diferentes métodos de treinamento sobre o comportamento da pressão arterial e perfil lipídico de mulheres hipertensas controladas por medicação.

1.1.2 – Objetivos Específicos

Comparar o impacto do TC com TA e TF, sobre os valores da PAS, PAD e PAM de forma crônica;

Verificar a influência crônica do TC, TA e TF sobre o CT, TG, HDL, LDL e VLDL;

Verificar a influência dos três tipos de treinamento comparados ao grupo controle sobre as variáveis dependentes investigadas.

1.2 Hipóteses

Existem diferenças significativas crônicas nas componentes da PAS, PAD, PAM, CT, TG, HDL, LDL e VLDL entre os grupos experimentais pós-intervenção;

Há diferenças significativas crônicas nos componentes PAD, PAM, CT, TG, HDL, LDL e VLDL na comparação entre os grupos experimentais com o grupo controle;

1.3 Limitações e Responsabilidades

A pesquisa realizada apresentou limitações tecnológicas como na análise da composição corporal e da distribuição de gordura corporal, pois a única forma conhecida para medir diretamente os vários constituintes corporais, assim como os depósitos de gordura corporal, não pôde ser utilizada in vivo, e os métodos utilizados na estimação pressupõem erro, ainda que, em alguns casos, pouco expressivo.

A falta de controle nutricional e o consumo de medicamentos anti-hipertensivos betabloqueadores também puderam interferir sobre a composição corporal e o perfil lipídico das participantes. Em termos metodológicos, o fato da participação das hipertensas

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Régis Tribuzy de Oliveira 10 controladas por medicação ser voluntária pode ter induzido a um viés por auto-seleção, o que constitui também uma limitação deste estudo.

Concluíram a pesquisa apenas vinte e nove voluntárias, pois no decorrer da intervenção houve desistências de onze participantes. Seis alegaram motivos pessoais (viagem e mudança de domicílio), quatro faltaram as avaliações por dificuldade de locomoção para realização dos testes no laboratório da FEFF/UFAM (40km de distância do Centro Magdalena Daou) e uma por motivo de limitação locomotora por entorse de tornozelo.

Regis Tribuzy de Oliveira, colaborador em pesquisas na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia/ Centro de Ensino á Distância e membro do LEDEHU/UFAM. Elaborou a pesquisa, apresentando-a ao CEP/UFAM, fez a revisão de literatura, contato com as participantes no recrutamento, coleta e tabulação dos dados, discussão dos resultados e confecção da dissertação e artigos; Prof. Dr. Roberto Simão e Prof. Dr. Francisco Saavedra, foram os orientadores deste estudo.

Centro de Convivência da Família e Saúde Magdalena Daou – local da seleção das hipertensas aptas a participar do estudo. Disponibilizou o espaço físico para aplicação dos treinamentos; Universidade Federal do Amazonas: concedeu o Laboratório de Estudo do Desempenho Humano (LEDEHU) e equipamentos para execução das sessões. Hospitadl Universitário Getúlio Vargas (HUGV) – responsável pela coleta sanguínea.

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1.4 Classificações das Variáveis

As variáveis dependentes investigadas estão expressas nos quadros 1 e 2:

Quadro 1 – Plano operacional de variáveis dependentes

Variável Domínio Unidades Tipo

1. PAS > 130 - < 160 mmHg Quantitativa Contínua 2. PAD > 90 - < 110 mmHg Quantitativa Contínua

3. PAM - mmHg Quantitativa Contínua

4. CT - mg/dL Quantitativa Contínua

5. TG - mg/dL Quantitativa Contínua

6. LDL - mg/dL Quantitativa Contínua 7. HDL - mg/dL Quantitativa Contínua 8. VLDL - mg/dL Quantitativa Contínua PAS - Pressão Arterial Sistólica; PAD - Pressão Arterial Diastólica; PAM - Pressão Arterial Média; CT - Colesterol Total; TG - Triglicerídeos ; LDL – Low Density Lipoprotein; HDL - High Density Lipoprotein

Quadro 2 – Plano operacional de variáveis independentes

Variável Exercícios Controle

1. TA Caminhada Minutos, FC, PSE

2. TF Neuromusculares Dinâmicos Séries, repetições, quilos. 3. TC Caminhada e Neorumusculares Misto

TA – Treinamento aeróbio; TF – Treinamento de força; TC – Treinamento concorrente.

1.5 Estrutura do Estudo

A pesquisa está organizada em capítulos diferentes. No capítulo 1. Introdução, realiza-se o enquadramento do âmbito do estudo, apresentando a relevância e pertinência da investigação, os objetivos do trabalho, as hipóteses, as limitações e responsabilidades do pesquisador proponente e dos demais profissionais envolvidos. São definidas as variáveis dependentes e independentes e a estrutura do estudo.

Capítulo 2. Revisão de Literatura, ocorre a contextualização da hipertensão arterial como

epidemia mundial e os agravos causados por ela; fez-se referência às adaptações fisiológicas ocorridas pelos exercícios físicos aeróbios, força e concorrente sobre a pressão arterial e perfil lipídico de pessoas normotensas e portadoras de HAS.

Capítulo 3. Metodologia, é descrito o tipo de estudo realizado, os critérios, seleção e

características da amostra; os procedimentos para a coleta dos dados; referencia-se os protocolos de medidas, avaliações e instrumentos; os programas de treinamento aplicados e os procedimentos estatísticos utilizados para análise e interpretação dos dados.

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Capítulo 4. Resultados, são expressos os dados agudos e/ou crônicos da influência do TA, TC e

TF sobre a pressão arterial e perfil lipídico das participantes; Demonstram-se as comparações pré e pós intervenção dentro dos grupos experimentais e entre eles assim também comparando os dados com GC, após a realização do período de intervenção das 36 sessões.

Capítulo 5. Discussão dos Resultados, analisam-se a pressão arterial e os marcadores do perfil

lipídico investigados sob a influência aguda ou crônica dos três tipos de exercícios: aeróbio, força e concorrente; ocorre discussão enfatizando estudos anteriores, clássicos e atuais, que obtiveram ou não resultados significativos sobre as variáveis dependentes abordadas.

Capítulo 6. Conclusões, é realizado o desfecho do estudo, sob todas as intervenções aplicadas

e variáveis pesquisadas; incentiva-se a realização de investigações futuras a fim de atingir as lacunas encontradas como: o impacto dos treinamentos aplicados em homens hipertensos; utilizar controle alimentar para aumentar as chances de resultados melhores ou significativos sobre o perfil lipídico.

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Revisão de Literatura

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2. Revisão da Literatura

2.1 Hipertensão Arterial e Adaptações do Exercício Físico

Valores de referência da pressão arterial tidos como normais são 120mmHg(PAS) e 80mmHg (PAD). Valores constantes >140/>90mmHg (PAS/PAD), preconizados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, através das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, já é considerado um caso de diagnóstico de HAS (SBC, 2010), conforme apresentado no quadro 3.

Quadro 3 – Classificação de pressão arterial (>18 anos)

Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130-139 85-89 Hipertensão Estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão Estágio 2 160-179 100-109 Hipertensão Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão Sistólica Isolada ≥ 140 < 90

Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010).

Estudos de prevalência da hipertensão entre 1970 e início dos anos 90, já revelavam que existia no Brasil indivíduos hipertensos entre 7,2 e 40,3% na Região Nordeste, 5,04 a 37,9% na Região Sudeste, 1,28 a 27,1% na Região Sul e 6,3 a 16,75% na Região Centro-Oeste (Lessa, 1993).

A população com idade >18 anos do Brasil possui cerca de 22,7% de indivíduos com o diagnóstico de HAS, sendo menor a incidência em homens (19,5%), comparado com as mulheres (25,4%). A frequência deste diagnóstico ficou mais comum com o avançar da idade, especialmente nas mulheres, onde 5,9% das hipertensas estão entre 18 a 24 anos e 50% estão na idade de 55 anos ou acima. Cerca de 60% da população idosa, com mais de 65 anos, possui HAS no Brasil (Brasil, 2012).

De acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), o município de Manaus/Amazonas possui 18,6% de pessoas com diagnóticso de HAS. Na distribuição por sexo a quantidade de mulheres hipertensas (21,6%), também é superior aos dos homens (15,4%), seguindo o mesmo parâmetro federal brasileiro (Brasil, 2012).

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Régis Tribuzy de Oliveira 15 A HAS quando instalada é um transtorno de alto risco. Causa cerca de 51% das mortes por acidentes vasculares cerebrais e 45% de óbitos por complicações coronarianas na sociedade. Em 2004, foi responsával por 12,8% de óbitos no mundo. Este quadro vem se agravando progressivamente, especialmente em pessoas sedentárias de países pobres ou em desenvolvimento (OMS, 2012).

A diminuição da força muscular e da capacidade oxidativa, o aumento constante da pressão arterial e o perfil lipídico desequilibrado são fatores marcantes e limitadores da saúde no processo de envelhecimento, ambos associados ao sedentarismo (Simão et. al., 2008; SBC, 2010; Zaitune, 2010).

A falta de atividade física mínima pode afetar e determinar negativamente a vida diária de um sujeito, especialmente na terceira idade, tornando o sujeito idoso, incapaz parcial ou totalmente, sendo necessária a realização regular de exercícios físicos em virtude das adaptações fisiológicas positivas ocorridas (Costa et. al., 2009; Côrtes, Paula & Mendonça, 2010).

Em relação às possíveis modificações hemodinâmicas induzidas pelo exercício físico, são verificadas mudanças agudas e crônicas, centrais e periféricas que regulam o fluxo sanguíneo, como aumento do débito cardíaco, surgimento de bradicardia de repouso e diminuição da pressão arterial pós-exercício. Estes benefícios podem ocorrer até mesmo em idosos (Mostarda et. al., 2009).

Um programa de exercícios físicos praticado de forma sistemática, possibilita redução dos níveis de PAS, PAD e PAM, quando o sujeito está em repouso, pós-exercício (Dias et. al., 2007). Este efeito hipotensivo, quer seja oriundo de atividades com características aeróbia ou anaeróbia, tem causa multifatorial, onde a redução da pressão arterial pode estar relacionada a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais (Nascimento, 2010).

A complacência vascular das artérias elásticas, onde se localizam os pressoreceptores aórticos e carotídeos, tem sua eficiência elevada, especialmente em hipertensos, quando é estimulada pela prática regular do exercício físico diminuindo o estresse oxidativo das artérias (Monahan, 2001).

Smith (2004), indica que o exercício pode influenciar efetivamente o controle barorreflexo da frequência cardíaca e da atividade nervosa simpática muscular, que se encontram menos

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Régis Tribuzy de Oliveira 16 eficientes no idoso o que aumenta a oscilação e os picos de pressão arterial, sendo agravada em indivíduos hipertensos.

Com a instalação da terceira idade o indivíduo começa a apresentar redução da atividade parassimpática e aumento da simpática, sobrecarregando o sistema cardiovascular. Essas alterações autonômicas dos mecanismos neuro-humorais durante o processo de envelhecimento são naturais, no entanto, a prática de exercícios pode ajudar positivamente no combate deste quadro (Mostarda et. al., 2009).

Segundo MacDdonald (2002), o efeito hipotensivo na PAS, ocasionado pelo exercício físico, também pode ser atribuído a termoregulação, possibilitada pela dissipação de calor, redução na atividade nervosa simpática e potencialização da sensibilidade barorreflexa.

Hormônios e substâncias vasoconstrictoras que elevam a PA, como no caso da noradrenalina plasmática, podem ser reduzidos com a realização de exercício possibilitando ao indivíduo fisicamente ativo, diminuição da resistência vascular periférica e consequentemente dos níveis de pressão arterial (D’ Ávila et. al., 2008).

A redução da PA, após a realização de uma sessão de exercício físico, parece relacionar-se diretamente com a redução da resistência vascular periférica e diminuição dos valores que compõem o débito cardíaco em consequência da redução da frequência cardíaca (Ruiz et. al., 2011).

Conforme Urata et al. (1987), a diminuição do débito cardíaco em portadores de hipertensão arterial tem sido indicada já há alguns anos por pesquisadores como resultados da redução dos níveis de volume plasmático no ser humano.

Assim, como o esforço físico regular inibe a produção de hormônios hipertensores, ele também estimula a liberação de substâncias que proporcionam hipotensão arterial, através da vasodilatação, como no caso do aumento da síntese de óxido nítrico liberadas pelas células endoteliais (D’ Ávila et. al., 2008).

As células endoteliais participam diretamente do controle do tônus cardiovascular, regulando a permeabilidade e em especial a vasomotricidade vascular (Zago & Zanesco, 2006). Estas células produzem o óxido nítrico que possui uma função de controle cardiovascular ao reduzir a resistência periférica, tendo papel relevante no controle da PA.

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Régis Tribuzy de Oliveira 17 Além da regulação neural e humoral, outro fator importante que influencia diretamente o comportamento da PA é o controle adequado dos valores do perfil lipídico, onde más condições prorporcionam o surgimento de doenças hipocinéticas e o aumento dos níveis de tensão arterial (Marte & Santos, 2007). O quadro 4 apresenta os valores das últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre perfil lipídico para a população adulta brasileira (SBC, 2007).

Quadro 4 – Valores de referência dos lipídeos (mg/dl) para indivíduos > 20 anos de idade

Lipídeos Desejáveis Limítrofes Alto Risco

Colesterol Total <200 200-239 >240

HDL >40 - <40

LDL <130 130-159 >160

Triglicerídeos <200 - >200

Fonte: IV Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose (2007)

Pesquisas anteriores (Williams, Hunt, Hopkins & Stults, 1998; Giannini, 1998), já apresentavam direta relação do hipertenso com o perfil lipídico desfavorável, com menores níveis de HDL e maiores de LDL, além de maior taxa de colesterol total e triglicerídeos sanguineos.

Doenças como a aterosclerose, cujo é um processo inflamatório degenerativo dos vasos sanguíneos, caracterizada pelo acúmulo de lipídeos e proliferação de células inflamatórias e elementos fibrosos. Possui origem no acúmulo de LDL na matriz subendotelial da camada íntima das artérias. Porém, a concentração de HDL, correlaciona-se inversamente, combatendo a aterosclerose (Teodoro, Natali, Fernandes & Peluzio, 2010).

O estado lipídico atinge diretamente a PA, sendo importante seu controle. A hipercolesterolemia, através do aumento de LDL e um alto nível de TG no sangue proporcionam efeitos deletérios nos vasos e tônus muscular causando disfunção endotelial e consequentemente descontrole da pressão arterial (Marte & Santos, 2007).

A HAS intensifica-se com surgimento e desenvolvimento da aterosclerose e as dislipidemias fometam o agravamento da hipertensão renal, a hipertrofia do miocárdio e possíveis ocorrências cardiacas em um sujeito portador com pressão arterial elevada (Fonseca, Kuymijian, Izar & Ihara, 2002).

De fato, existe uma possível associação entre o quadro de HAS e um mal estado do perfil lipídico no hipertenso. O acúmulo de colesterol LDL e triglicerídios deixa o sangue mais espesso e propicia o surgimento de placas de ateromas intra-vasos sanguineos, o que reduz

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Régis Tribuzy de Oliveira 18 sua luz dificultando a passagem do sangue, elevando-se a pressão arterial e o esforço do coração (Marte & Santos, 2007).

Com o estado lipídico crítico o sangue tende a ficar mais volumoso ou espesso, a biodisponibilidade de óxido nítrico diminui o que aumenta a resistência vascular periférica e consequentemente pode instalar-se o quadro de hipertensão arterial (D’ Ávila et. al., 2008). Más condições do perfil lipídico e seus efeitos deletérios podem regredir com a inclusão sistemática de exercício físico realizado semanalmente (Mazini, 2010). Independente de dieta, reeducação alimentar, idade, quantidade e distribuição da gordura corporal, a prática regular do exercício pode modificar positivamente o perfil lipídico de um indivíduo (Negrão & Barreto, 2010).

No entanto, a magnitude das adaptações ocasionadas pelo exercício sobre o metabolismo dos lipídeos relaciona-se e depende diretamente da intensidade, volume e frequência semanal com que este programa possa ser realizado, fatores estes essenciais para o dispêndio de energia de um indivíduo ativo (Negrão & Barreto, 2010).

A quantidade de triglicerídeos plasmáticos tem seu nível reduzido após a realização de uma sessão de exercício físico (Grandjean, 2000). No entanto, esta diminuição depende dda frequência semanal que é praticada a atividade, o tempo de duração e o nível de intensidade com o que ela é realizada (Negrão & Barreto, 2010).

Pesquisas (Vuorimaa, Ahotupa, Irjala & Vasankari, 2005; Molena-Fernandes, 2008; Marcon, Gus & Neumann, 2011; Potteiger et. al., 2012) que investigam a relação do efeito do tipo de exercício físico com os marcadores metabólicos do perfil lipídico, especialmente em pessoas portadoras de HAS, ainda são reduzidas, necessitando de mais estudos específicos para esta população.

O combate à HAS deve ser estimulado através da assiduidade do exercício físico, com progressão da quantidade de sessões por semana e adequado controle das variáveis inerentes do treinamento, quer seja aeróbio ou anaeróbio. Com isto, o sujeito hipertenso tem a possibilidade de controlar de forma mais eficaz sua doença e possívelmente ter melhor estado lipídico.

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2.2 Importância do Exercício Aeróbio para o Hipertenso

A prática constante de caminhada com intensidade moderada de forma isolada ou concomitante com uma reeducação alimentar e tratamento medicamentoso, tem sido fundamental no tratamento de portadores de HAS (Potteiger et. al., 2012).

Para a prevenção e controle da hipertensão uma eficente estratégia é a mudança no estilo de vida, com a inclusão de exercícios aeróbios, sendo uma medida pouco onerosa e que possibilita controle de outras doenças e redução do uso de fármacos (Simão et. al, 2008). Estudos (Whelton et. al., 2002; Fagard & Cornelissen, 2007) têm demonstrado a importância do TA, sobre a redução da pressão arterial de repouso de sujeitos normotensos e de hipertensos. Assim, esse modelo de exercício é o mais comumente recomendado para essa população (Pescatello et. al., 2004), apresentando adaptações que auxiliam na diminuição e controle da PA.

A caminhada é bastante ultilizada com fins de promoção de saúde, e isso não é diferente nos indivíduos hipertensos (Fontoura et. al., 2005). Possui como característica, baixas intensidades e longo tempo de execução (volume), ajudando no controle da hipertensão arterial. De fato, as adaptações bioquímicas, induzidas pelo exercício cíclico, tem sido investigada com afinco desde a década de 60 (Holloszy, 1967).

Este tipo de exercício é indicado ao hipertenso aliado com uma reeducação alimentar, o que aumenta as chances de redução da massa corporal. Pesquisas (Bundchen et. al., 2010), têm apresentado resultados e estimam que a diminuição de 1 kg de massa corporal, possibilita redução de até 1 mmHG na pressão arterial sistólica e diastólica.

Os benefícios do TA para o controle da HAS vêm apresentando resultados positivos (Forjaz et. al., 2003), sendo indicado ao hipertenso, por proteger o sistema cardiovascular e causar hipotensão pós-exercício, através da diminuição atividade nervosa simpática e consequentemente da resistência vascular periférica (Fontoura, Feijó, Truccolo, Antoniazzi & Ramos, 2005).

A realização constante de ações físicas, como caminhada e corrida, traz o surgimento de mudanças biopositivas nas deficiências das funções periféricas do portador de HAS, o que diminui a atividade simpática e ajuda a minimizar o tônus vagal, fatores estes que agem diretamente sobre a tensão arterial (Krieger, 2001).

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Régis Tribuzy de Oliveira 20 O efeito hipotensor na PA também pode ser atribuído ao efeito fisiológico de resposta aguda sobre a diminuição de atividade simpática e consequente surgimento de vasodilatação periférica, que ocorre logo após a realização do exercício aeróbio (Fontoura et. al., 2005). Durante a realização de exercício aeróbio, ocorrem ajustes na microcirculação dos tecidos ativos, como o aumento da densidade de vênulas e capilares, remodelamento eutrófico das arteríolas e redução da resistência periférica o que auxilia na HPE de hipertensos (Krieger, 2001). Hormônios dilatadores e hipotensores também são estimulados.

O aumento da produção de óxido nítrico, pós-exercício aeróbio, tem demonstrado uma imediata resposta de diminuição da pressão arterial. O óxido nítrico participa do processo biológico de controle da homeostase da pressão arterial sanguínea devendo ser estimulada sua produção pelo tratamento não farmacológico, através de atividades cíclicas (D’ Ávila et. al., 2008). O TA otimiza o sistema cardiovascular.

O exercício aeróbio provoca alterações cardiovasculares e na pressão arterial, quando os valores pressóricos de repouso e no momento do exercício submáximo, são diminuídos após a realização deste tipo de treinamento (Monteiro & Filho, 2004; Fontoura et. al., 2005). A ação não-medicamentosa, através do TA, auxilia na redução e controle da PA de hipertensos, complementando o tratamento medicamentoso convencional.

Esta atividade, tornou-se procedimento eficaz, quando adequadamente prescrito, sendo uma intervenção auxiliar ao tratamento com remédios, dependendo dos valores de pressão arterial do hipertenso (Silva et. al., 2006), podendo reduzir os valores de PAS, PAD e PAM, mesmo em pessoas sob tratamento medicamentoso (Laterza et. al., 2008).

Investigações (Grassi, Seravalle & Calhoun, 1992), já atribuiam como fator multicausal, o efeito hipotensor proporcionado pelo exercício aeróbio, como a diminuição de mecanismos simpáticos neurais e redução dos níveis plasmáticos de catecolaminas (Jennings, Nelson & Dewar, 1986), e de renina e aldosterona (Urata, Tanabe & Kiyonaga, 1987).

Diversos fatores interferem no surgimento da HPE, onde se destacam a presença de HAS, a duração e a intensidade em que o exercício é realizado, existindo influência tanto na magnitude quanto na duração da redução da PA, podendo variar de 60 minutos até mais de 13 horas (Dutra, 2008).

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Régis Tribuzy de Oliveira 21 No entanto, se os mecanismos centrais causadores do surgimento da HAS e seu controle ainda não são consenso, menos ainda é o conhecimento dos efeitos hipotensores oriundos do exercício aeróbio, que influencia na redução da atividade simpática (Negrão & Barreto, 2010). Mais estudos devem ser realizados utilizando este tipo de ação física sistemática, pois dados hemodinâmicos sólidos precisam ser mais investigados sobre a vasodilatação responsável pela HPE e sua magnitude (Moreira, Fuchs, Ribeiro & Appel, 1999), e por ser este um efeito reversível.

Em decorrência do princípio fisiológico da reversibilidade, o TA deve ser realizado de forma regular para que seus benefícios sobre a PA, sejam mantidos no portador de HAS, ajudando-o numa possível redução da ingestão dos medicamentos anti-hipertensivos. O efeito hipotensivo pós-exercício aeróbio, desaparece após a interrupção de sua prática constante (Laterza et. al., 2008).

Quando realizado continuamente, a atividde cíclica pode ajudar no controle dos níveis pressóricos e diminuir ou mesmo abolir a necessidade do uso de medicamentos, evitando assim seus efeitos colaterais adversos, reduzindo o custo no tratamento da hipertensão arterial no sistema de saúde (Bland et. al., 2003).

A redução média dos níveis de PAS e PAD, respectivamente, após a realização de um programa de exercício físico aeróbio, em portadores de hipertensão arterial é de 7,4mmHg e de 5,8mmHg (Pescatello et. al., 2004).

O TA é eficiente na redução da PA, porém a quantidade de sessões na semana, o nível de intensidade e o tempo de duração do exercício, ou seja, o conjunto destes fatores como sendo adequados, especialmente ao protador de HAS, ainda são controversos (Monteiro et. al., 2007). É relevante a obtenção do conhecimento sobre o benefício e comportamento da HPE pós-exercício aeróbio, a fim de se ter mais dados específicos para a prescrição e oferecimento do TA mais seguro e eficaz direcionado ao sujeito hipertenso.

2.3 Importância do Exercício de Força para o Hipertenso

O TF caracteriza-se como uma atividade muscular local, utilizando sobrecarga através de pesos livres ou máquinas, desenvolvido através de exercícios, séries, cargas, repetições, intervalos de recuperação, sendo um esforço descontínuo (Bermudes, Vassallo & Vasquez, 2004).

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Régis Tribuzy de Oliveira 22 Pode ser considerado um trabalho realizado contra uma resistência externa fixa ou variável, podendo ser graduado de maneira precisa e segura, realizando contrações musculares dinâmicas ou estáticas (Dutra, 2009).

O exercicio de força vem sendo fomentado, como importante componente em programas de exercícios físicos para indivíduos com hipertensão arterial. Dentre os benefícios que podem ocorrer, com este método de treinamento, está o aumento da força muscular e uma possível diminuição da pressão arterial de acordo com a American Heart Association (AHA, 2007). O exercício de força é considerado uma ferramenta essencial para a melhora da aptidão física e funcional, ao proporcionar um efeito biopositivo na prevenção e controle de patologias crônicas degenerativas não transmissíveis e de manter o potencial funcional de sujeitos cardíacos em reabilitação (AHA, 2007).

Recomenda-se a prática regular de TF para cardiopatas, com parâmetros de oito a dez exercícios, uma a duas séries, dez a quinze repetições, com frequência semanal de três sessões e intervalo de 48 a 72 horas entre elas (AHA, 2007).

Historicamente a prescrição de atividades para cardiopatas, tem como base a aplicação de exercícios aeróbios contínuos, objetivando a melhora da função cardiovascular. Porém, as atividades cotidianas do dia exigem da capacidade física força, havendo necessidade de se praticar TF, visando potencializar o aspecto funcional do indivíduo (Feingeinbaum &Pollock, 1999).

O efetivo controle das variáveis do TF, como números de séries, repetições e ordem dos exercícios, pode proporcionar diferentes adaptações fisiológicas positivas, gerando impacto na segurança cardiovascular do portador de HAS o que indica ser um treinamento seguro para esta população (Dias et. al., 2007).

O TF também pode ser indicado ao hipertenso, porque o comportamento da PA no momento da execução de uma série tende a um aumento súbito, entretanto, começado o intervalo de recuperação os valores pressóricos diminuem imediatamente sendo outro fator de segurança (Dutra, 2009).

Investigações como a de Kelly e Kelley (2000), já apresentavam dados positivos de HPE, demonstrando que o exercício de força pode servir de tratamento não medicamentoso ao indivíduo portador de HAS, em decorrência de sua influência na alteração positiva da PA pós-treino.

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Régis Tribuzy de Oliveira 23 O TF pode ser realizado, utilizando diversos métodos e utensílios, como pesos livres ou aparelhos, contribuindo assim para o desenvolvimento da força, da potência ou da resistência muscular (Conley & Rozenek, 2001; Bermudes et. al., 2004), ampliando as possibilidades de prática pelo hipertenso.

Recomenda-se a aplicação do exercício de força no controle da pressão arterial de repouso em hipertensos (Polito, 2009). Exercícios aeróbios e de força apresentam resultados convergentes, mesmo com impactos diferentes, quando se referem ao contexto da diminuição de gordura corporal, tolerância a glicose e diminuição dos níveis de tensão arterial (Dutra, 2009).

O indivíduo hipertenso ao praticar TF de forma sistemática, pode tornar-se mais apto a desenvolver suas atividades diárias, diminuindo os picos de pressão arterial durante a realização de um esforço físico, podendo ser um exercício seguro quando organizado e adequado às limitações do praticante (Gerage et. al., 2007).

O hipertenso através do TF pode se beneficiar também com a alteração positiva nos diversificados componentes da aptidão física como melhora da composição corporal e das capacidades físicas força, potência e resistência muscular (Gerage et. al., 2007).

Por até 60 minutos (pós-exercício), uma sessão de TF possibilita redução nos níveis pressóricos, especialmente na PAS, em indivíduos hipertensos controlados por medicação (Mediano et. al., 2005). Entretanto, estes resultados dependem diretamente do método de treinamento e suas variáveis. Com o TF, é possível que haja uma redução de forma crônica na PA , no entanto, desde que esta ação seja constante para que esta diminuição perdure.

Ao realizarmos exercíco de força de membros inferiores a PAS diminui durante os 60 minutos pós-esforço e a redução da resistência vascular periférica pode estar relacionada à vasodilatação, proporcionada pelo exercício na musculatura ativa (Santos & Dias, 2007). O TF pode potencializar este mecanismo fisiológico, por enfatizar diretamente o desenvolvimento dos músculos esqueléticos.

O exercício de força possibilita à diminuição da PAS pós-esforço, tanto de mulheres normotensas como portadoras de hipertensão arterial (Fisher, 2001), podendo compor uma rotina de exercícios físicos com o objetivo de controle pressórico (Simão et. al., 2008).

Pesquisas realizadas (Farinati, 2005 e Gerage et. al., 2007) indicam que o TF pode auxiliar o tratamento convencional via medicamento do portador HAS, como ação complementar e eficaz no controle de sua PA.

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Régis Tribuzy de Oliveira 24 A inclusão regular do exercício contra-resistência, pode auxiliar também na magnitude da HPE, sendo um recurso em potencial para o melhor controle e prevenção dos níveis elevados de tensão arterial do hipertenso (Dutra, 2009).

Entretanto, outros estudos (Roltsch, Mendez, Wilund & Hagberg, 2001; Dias et. al., 2007; Santos & Simão, 2005), demonstraram resultados contrários e controversos sobre a influência do TF na redução da PA pós-exercício, não apresentando nenhuma alteração significativa, especialmente na PAD, tanto de hipertensos quanto de normotensos.

O comportamento da PA pós-exercício de força permanece pouco definido na literatura. Alguns estudos mostram reduções na PA após o esforço, mas outros dados não reportam alterações ou mostram até aumento comparado aos valores de pressão pré-exercício (Polito & Farinatti, 2003).

A quantidade de pesquisas realizadas com o treinamento de força, visando descobrir seus efeitos fisiológicos agudos e crônicos sobre a HPE ainda são menores, ao compararmos com estudos que utilizaram o exercício aeróbio (Simão et. al., 2008).

Não é consenso entre os pesquisadores que o treinamento de força seja aplicado de forma isolada com o hipertenso, devendo ser desenvolvida em harmonia simultânea com a prática do exercício aeróbio (Pescatello et. al., 2004).

Direfentes entendimentos sobre os benefícios do TF na hipertensão arterial pode estar relacionada a diferentes variáveis metodológicas (ordem dos exercícios, tempo de intervalo entre as séries e exercícios, número de séries e repetições, fracionamento do treinamento) ultizaladas nos estudos científicos (Maior et. al., 2009).

Contudo, existe pesquisa (Mota et. al., 2008) demonstrando que o exercício de força aplicado através do método de circuito, apresenta um maior efeito hipotensor para a PAD do que o exercício aeróbio.

Ainda precisam ser mais investigados os mecanismos fisiológicos que proporcionam hipotensão na PA como: aumento da hiperemia nos músculos, diminuição da excitação simpática, redução da descarga adrenérgica e aumento da produção de óxido nítrico. Torna-se relevante desenvolver mais estudos sobre o impacto do TF no comportamento da PA pós-exercício, agudo e principamente crônico, e sobre os valores do perfil lipídico de hipertensos controlados por medicação, a fim de se obter parâmetros mais precisos e específicos de prescrição efetiva e segura para esta população.

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Régis Tribuzy de Oliveira 25

2.4 Importância do Exercício Concorrente para o Hipertenso

O TA e TF são os tipos de treinamento mais utilizados nos estudos científicos, que objetivaram descobrir a influcência do exercício aeróbio e de força, sobre as varíaveis aptidão física e saúde de pessoas portadoras de doenças crônicas, como a hipertensão arterial (Pollock, Gaesser, Butcher, Després, Dishman, & Franklin, 1998).

No entanto, existe também como estratégia de controle da hipertensão arterial, a utilização do TC, cujo é a prática de exercícios aeróbios e de força, em uma mesma sessão e tem sido difundido, tornando-se comum entre os sujeitos adeptos de programas regulares de exercícios físicos (Leveritt, Abernethy, Barry, & Logan,1999).

O TC deve ser incentivado e realizado como uma estratégia de prescrição de exercício na sociedade, pois desenvolve em conjunto o fortalecimento dos músculos esqueléticos e a melhora da resistência aeróbia. (ACSM, 2001).

O principal objetivo do exercício concorrente é melhorar o desempenho de atletas para o esporte, assim como para a reabilitação de lesões e doenças cardiovasculares (Bell, Syrotuik, Martin, Burnham & Quinney, 2000; Chtara et. al., 2005).

Como o volume de treino é um dos fatores que estimulam o efeito hipotensivo da PA, o exercício concorrente, apresenta-se estratégico para este fim, em virtude de uma possível acumulação diversificada das adaptações fisiológicas, oportunizadas tanto pelos exercícios aeróbios como pelo de ecercício de força no hipertenso (Dutra, 2009).

O exercício aeróbio desenvolve-se mais captação de oxigênio, podendo ser eficiente na prevenção de doenças coronarianas e o exercício de força, proporciona aumento da força e resistência muscular, potencialização da massa magra, auxiliando na mobilidade diária com menos esforço de um indivíduo ativo, por isso o TC deve ser aplciado em pessoas protadoras de doenças crônicas (Dutra, 2009).

Delagardelle et. al., (2002), ressalta que o exercício concorrente promove ganhos superiores comparados ao treinamento de endurance praticado de forma isolada sobre o aumento dos níveis de força e melhora da hemodinâmica em pessoas portadoras de doenças cardíacas, comparadas com sujeitos não doentes que praticaram somente exercício aeróbio.

Entretanto, pouco se conhece ainda em indivíduos portadores de HAS, sobre os efeitos fisiológicos pós-exercício, proporcionados pelo TC nos valores de PAS, PAD, PAM e sobre os

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Régis Tribuzy de Oliveira 26 marcadores que compõem o perfil lipídico. Buscar não somente o impacto isolado de um tipo de exercício sobre a HPE de hipertensos, mas a adaptação em conjunto do TA e TF, em uma mesma sessão, foi o que se propôs esta pesquisa. Referente ao TC, a literatura ainda se encontra escassa, especialmente quando aplicado em hipertensos.

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Metodologia

Imagem

Tabela  1:  Resultados  da  pressão  arterial  pré  e  pós  36  sessões:  Grupo  Controle  (GC,  n=8);  Grupo  de  Treinamento Aeróbio (GTA, n=5); Grupo de Treinamento de Força (GTF, n=8) e Grupo de Treinamento  Concorrente (GTC, N=8)  Variáveis  GC  GTA
Tabela  2:  Resultados  da  pressão  arterial  pós  36  sessões:  Comparação  entre  os  grupos  experimentais  com o grupo controle Grupo Controle (GC, n=8); Grupo de Treinamento Aeróbio (GTA, n=5); Grupo de  Treinamento  de  Força  (GTF,  n=8)  e  Grupo
Tabela 4: Resultados do perfil lipídico pós 36 sessões: Comparação intergrupo   Comparação Intergrupo  Variáveis  GC  GTA  GTF  GTC  p (ANOVA) Pós Pós Pós Pós  HDL  56,35  +7,12  64,64* +4,22  63,92* +3,88  64,81* +3,38  0.006  Efeito  -----  1,46  1,48  1

Referências

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