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Atividade inspetiva em educação: representações de professores e inspetores

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Academic year: 2021

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projecto de investigação intitulado “Atividade inspetiva em educação – representações de professores e inspetores” e tem como objetivo auscultar a sua perceção acerca desta problemática.

As suas respostas são importantes e significativas para o referido estudo. Solicita-se-lhe que reflita e responda de acordo com a sua realidade e vivências profissionais. As respostas são confidenciais e

anónimas. Apenas são solicitados alguns dados de identificação, pertinentes para o tratamento da

informação recolhida.

Obrigada, desde já, pela sua colaboração.

PARTE I DADOS PESSOAIS/PROFISSIONAIS Assinale com um X 1. Idade

Menos de 31 anos

Entre 31 e 45 anos

Entre 46 e 60 anos

Mais de 60 anos 4.Situação profissional

Professor do Quadro de Nomeação Definitiva

Professor do Quadro de Zona Pedagógica

Professor Contratado 2.Sexo

Feminino

Masculino 3.Habilitações académicas

Bacharelato

Licenciatura

Pós-Graduação

Mestrado

Doutoramento

5.Tempo de experiência na docência

Entre 1 e 3 anos

Entre 4 e 6 anos

Entre 7 e 18 anos

Entre 19 e 30 anos

(2)

1. Já teve contacto formal com algum inspetor de educação?

Sim Não

Se respondeu sim, assinale, com um X, as três características dominantes no(s) inspetor(es) com que já contactou. a) clareza b) reflexividade c) abertura d) inflexibilidade e) compreensão f) arrogância g) distanciamento h) capacidade de escuta i) disponibilidade j) rispidez k) exigência l) imparcialidade m) Outra: __________________________

2. Assinale, com um X, as três características fundamentais num inspetor de educação.

a) clareza b) reflexividade c) abertura d) inflexibilidade e) compreensão f) arrogância g) distanciamento h) capacidade de escuta i) disponibilidade j) rispidez k) exigência l) imparcialidade m) Outra: _______________________________

(3)

Assinale, com um X, o seu grau de concordância relativamente a cada uma das alíneas, de acordo com a escala apresentada em cada questão.

3. Na sua opinião, as escolas devem ser inspecionadas… 1 2 3 4

a) anualmente b) em regime rotativo

c) por requerimento de professores ou conselhos executivos d) na sequência de uma queixa formal

e) aleatoriamente

f) por solicitação da Direção Geral da Educação

g) Outra: __________________________________________

(1-Discordo totalmente; 2- Discordo; 3- Concordo; 4- Concordo totalmente)

4.Na sua opinião, a IGEC deve dar conhecimento prévio das suas visitas às escolas?

Sim Não Não sei

4.1. Se respondeu sim, assinale, com um X, o seu grau de concordância relativamente a cada alínea:

1 2 3 4

a) porque permite uma preparação prévia da documentação b) porque possibilita o aperfeiçoamento das planificações

c) porque favorece uma preparação mais cuidada das actividades letivas d) porque reduz a ansiedade dos professores

e) Outra: ___________________________________________________

(1-Discordo totalmente; 2- Discordo; 3- Concordo; 4- Concordo totalmente)

4.2. Se respondeu não, assinale, com um X, o seu grau de concordância relativamente a cada alínea:

1 2 3 4

a) porque aumenta a tensão e a ansiedade dos professores

b) porque impede o conhecimento efetivo da escola e das práticas dos professores c) porque desvirtua os objetivos da ação inspetiva

d) Outra: _____________________________________________________

(4)

a) realização de uma reunião prévia com os responsáveis pela escola b) recolha documental

c) realização de entrevistas aos professores

d) realização de entrevistas aos responsáveis pelos órgãos pedagógicos e) realização de reuniões com os membros dos órgãos de gestão f) observação de aulas

g) aplicação de questionários aos alunos

h) comunicação dos resultados sob a forma de relatório ou outra

i) apresentação de sugestões de aperfeiçoamento/melhoria de processos e práticas j) Outra: __________________________________

(1-Nada importante; 2- Pouco importante; 3- Importante; 4- Muito importante)

6.Na sua opinião, ao visitarem as escolas, os inspetores preocupam-se em…

1 2 3 4

a) conhecer as características socioculturais e económicas dos alunos b) verificar o cumprimento das disposições legais

c) colaborar na procura de soluções para os problemas da escola d) verificar a conformidade documental

e) promover a ética profissional

f) incentivar o trabalho colaborativo entre professores g) analisar as taxas de sucesso dos alunos

h) observar as práticas de ensino-aprendizagem dos professores i) analisar o comportamento dos alunos

j) refletir com os professores sobre as práticas de ensino-aprendizagem k) discutir as questões de segurança das escolas

l) Outra: ______________________________________________________

(1-Nada importante; 2- Pouco importante; 3- Importante; 4- Muito importante)

7.Na sua opinião, a IGEC deve visitar as escolas para…

1 2 3 4

a) orientar a prática pedagógica dos professores

b) analisar os aspectos positivos e negativos da prática pedagógica c) refletir com o professor sobre as suas práticas

d) apontar soluções para a resolução de problemas pedagógicos e) elucidar os professores acerca da legislação em vigor

f) ajudar a tutela a rever a legislação em vigor g) analisar os documentos da escola

h) verificar o cumprimento programático i) analisar as planificações

j) auscultar os alunos relativamente às práticas dos professores k) observar aulas

l) analisar os materiais de apoio usados pelos professores

m) Outra: ___________________________________________________

(5)

a) fiscalização de provas de avaliação externa

b) acompanhamento e orientação das práticas pedagógicas dos professores c) monitorização do funcionamento das escolas

d) instrução de processos disciplinares

e) assegurar o cumprimento das disposições legais f) participar no processo de avaliação dos professores

g) Outra: ____________________________________________________

3 – IMPACTO DA AÇÃO INSPETIVA

9. Assinale, com um X, o seu grau de concordância relativamente ao impacto da ação inspetiva nas escolas. 1 2 3 4

a) ajuda a melhorar a disciplina nas escolas b) ajuda na interpretação da legislação em vigor

c) contribui para o aperfeiçoamento das práticas de ensino-aprendizagem d) contribui para a melhoria do funcionamento das escolas

e) contribui para a melhoria dos resultados dos alunos f) favorece a comunicação entre a escola e os pais g) potencia o trabalho colaborativo entre os professores h) acresce as obrigações burocráticas dos professores i) não provoca qualquer alteração nas escolas

j) Outra: ____________________________________________________

(1-Discordo totalmente; 2- Discordo; 3- Concordo; 4- Concordo totalmente)

10.Da lista abaixo, assinale, com um X, as duas palavras que melhor traduzem o que sente/sentiu quando a sua escola é/foi visitada pela IGEC?

a) ansiedade b) insegurança c) preocupação d) determinação e) indiferença f) receio g) tranquilidade h) expectativa i) angústia j) satisfação k) entusiasmo l) Outra: ___________________

(6)

_______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________

11. Da lista abaixo, assinale, com um X, as duas palavras que, na sua opinião, melhor caracterizam a relação entre os professores e os inspetores. a) confiança b) cooperação c) respeito d) partilha e) submissão f) resistência g) desconfiança h) dissimulação i) Outra: __________________________

12. Da lista abaixo, assinale, com um X, as duas palavras que, na sua opinião, deveriam caracterizar a relação entre os professores e os inspetores.

a) confiança b) cooperação c) respeito d) partilha e) submissão f) resistência g) desconfiança h) dissimulação i) Outra: _________________________

13. Se tiver algo a acrescentar relativamente ao assunto em análise, pode fazê-lo aqui.

_______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________

(7)

Esta entrevista é dirigida a docentes do 1º Ciclo do Ensino Básico. Integra-se na realização de um projecto de investigação intitulado “Atividade inspetiva em educação – representações de professores e inspetores” e tem como objetivo auscultar a sua perceção acerca desta problemática.

As suas respostas são importantes e significativas para o referido estudo. Solicita-se-lhe que reflita e responda de acordo com a sua realidade e vivências profissionais. As respostas são confidenciais e anónimas. Apenas são solicitados alguns dados de identificação, pertinentes para o tratamento da informação recolhida.

Obrigada, desde já, pela sua colaboração.

Sexo: ____________ Idade: _______________

Tempo de serviço docente: _____________

1 – O INSPETOR DA IGEC

1. A escola prepara-se para a presença dos inspectores? De que forma?

2. Quais as metodologias de trabalho inspetivo que considera mais importantes?

2.1. Considera pertinente a quantidade e a diversidade de aspetos analisados pelas equipas inspetivas? 2.2. Considera pertinentes os pedidos de informação e a documentação solicitada pelos inspetores?

3. Depois de uma intervenção inspetiva no âmbito dos programas de acompanhamento, quais as recomendações que considera mais importantes deixadas pelos atores inspetivos?

4. Sente que a escola é alvo de um seguimento de apoio à implementação das orientações de melhoria que vigoram nos relatórios inspetivos?

2 – OBJETIVOS E METODOLOGIAS INSPETIVAS

1. Na sua opinião, quais são as atuais funções de um inspetor de educação? 1.1. Considera que a IGEC deveria ter outras funções? Quais?

2. O que pensa acerca do modo de atuação da inspeção? Considera ter havido alteração no modo de atuação nas últimas décadas? O que mudou?

3. Na sua opinião, quais os efeitos de uma ação inspetiva nos professores e na escola? 4. Na sua opinião, qual é a importância da IGEC na melhoria da qualidade da educação?

5. De que forma considera pertinente a intervenção inspetiva na melhoria das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos?

3 – IMPACTO DA AÇÃO INSPETIVA

1. O que espera da atuação da IGEC?

2. Considera que os inspetores mostraram abertura para compreender as características e as dificuldades da organização escolar? Justifique.

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(9)

Idade: _______________

Tempo de serviço docente: _____________ 1-Há quanto tempo é inspetor da IGEC? 2- O que fazia antes de ser inspetor da IGEC? 3-O que o levou a enveredar por esta carreira?

1 – O INSPETOR DA IGEC

1. Qual a periodicidade com que uma escola é intervencionada?

2. Qual a razão de ser dado conhecimento prévio às escolas de uma intervenção inspetiva? 3. As escolas preparam-se para a presença dos inspetores?

5.1. Se sim, dê exemplos.

5.2. Que implicações isso tem no desenvolvimento do seu trabalho como inspetor?

6. Que metodologias de intervenção são definidas pelos inspetores quando visitam uma escola neste âmbito? 7. São utilizados instrumentos de trabalho/recolha de dados numa inspeção?

5.1. Se sim, quais?

5.2. Os instrumentos são dados a conhecer ao Agrupamento?

8. Como são selecionadas as escolas alvo de inspeção num determinado momento?

9. Com que objetivos os inspetores da IGEC se deslocam a uma escola aquando o desenrolar de um programa de acompanhamento?

10. Descreva uma visita inspetiva a uma escola no âmbito de um programa de Acompanhamento.

2 – OBJETIVOS E METODOLOGIAS INSPETIVAS

1. Quais são os objetivos da IGEC? 2. Quais são as atuais funções da IGEC?

2.1. Considera que a IGEC deveria ter outras funções? Quais?

3. Reconhece alterações nos objetivos da inspeção educativa nas últimas décadas? 3.1. Se sim, o que mudou?

3.2. E na forma de atuar? 3.3. Se sim, dê exemplos.

3.4. Na sua opinião, a que se devem essas mudanças?

4. Na sua opinião, quais são os efeitos de uma ação inspetiva nos professores e na escola? 5. Na sua opinião, qual é a importância da IGEC no melhoramento da qualidade da educação?

6. De que forma considera pertinente a intervenção inspetiva na melhoria das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos?

3 – IMPACTO DA AÇÃO INSPETIVA

1. Na sua opinião, o que pensam os professores da atuação da IGEC? 2. Na sua opinião, o que esperam os professores da atuação da IGEC?

2.1. A IGEC tem em conta essas expectativas? 2.2. Se sim, como procura corresponder-lhes?

3. Como caracteriza a relação dos professores com os inspetores de educação? 3.1. Na sua opinião, essa relação pode ser melhorada?

3.2. Se sim, como?

3.3. Como idealiza essa relação?

4. Que características considera fundamentais num inspetor da educação?

5. Considera que os inspetores mostraram abertura para compreender as características e as dificuldades da organização escolar? Justifique.

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Psicologia

ATIVIDADE INSPETIVA EM EDUCAÇÃO

REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES E INSPETORES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL

Luciana Salvador Joana

Professora Doutora Maria João de Carvalho

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3

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Escola de Ciências Humanas e Sociais – Departamento de Educação e

Psicologia

ATIVIDADE INSPETIVA EM EDUCAÇÃO

REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES E INSPETORES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL

Luciana Salvador Joana

Professora Doutora Maria João de Carvalho

Composição do Júri:

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

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5

Para os devidos efeitos, eu, Luciana Maria Salvador Joana, aluna n.º 50410 do Curso de Mestrado em Ciências da Educação – Administração Educacional, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, declaro que esta dissertação é original e foi elaborada por mim.

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7 Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização desta dissertação.

À Professora Doutora Maria João de Carvalho por ter aceite ser orientadora deste estudo. Pela sua disponibilidade para a leitura, comentário e crítica em todas as fases do trabalho desenvolvido; pelos seus oportunos e valiosos ensinamentos; pelo seu rigor e coerência científica e pedagógica; e sobretudo pelo apoio perseverante, encorajador e transmissor de confiança e amizade. Por estes motivos e outros que possa não ter enunciado, não encontro palavras que traduzam plenamente a minha gratidão.

A todos os inspetores e professores colaborantes. À minha família que me apoiou incondicionalmente.

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9 Resumo

Partindo do pressuposto assumido pela Inspeção Geral da Educação e Ciência de que a ação inspetiva e a sua intervenção nas escolas do 1º Ciclo permitirão um aperfeiçoamento da qualidade do serviço prestado e que a clareza das expectativas dos professores é essencial para a conquista e consecução dos procedimentos metodológicos a desenvolver pelos inspetores, este estudo empírico objetiva analisar as representações dos professores do 1º Ciclo e dos inspetores da educação acerca do modo de atuação e consecução dos objetivos a que se propõem os segundos, aquando o desenrolar das atividades dos programas de acompanhamento.

O estudo adotou uma metodologia qualitativa, tendo sido usados como instrumentos de recolha de dados questionários, entrevistas semiestruturadas e análise de documentos. Participaram na investigação dezasseis professores do ensino primário com funções na mesma escola, mais três professores entrevistados (complementando as informações recolhidas por questionário) e quatro inspetores da educação também eles entrevistados.

Os resultados da investigação evidenciam o grau de concordância e discordância em relação ao papel da IGEC, mais concretamente em relação à importância e eficiência das atividades dos programas de acompanhamento, criados com o objetivo de observar e acompanhar a ação educativa desenvolvida pelas escolas e pelos agrupamentos de escolas, de modo a obter um melhor conhecimento dos processos de implementação das medidas de política educativa.

Assumindo as diferentes funções da IGEC, os professores apenas apontam como principal impacto do trabalho inspetivo a melhoria do funcionamento das escolas, não lhes identificando nenhuma competência no que ao processo pedagógico respeita. Lamentam a inexistência da ação de acompanhamento mais voltada para a pedagogia, alegando a sua importância na procura de soluções para os problemas das escolas e na melhoria do processo educativo.

Apesar disso, os receios e inseguranças apresentadas não lhes permitem, perspetivar uma ação de observação e acompanhamento individuais em contexto de sala de aula. Os esforços registados por parte dos atores inspetivos na procura de uma relação colaborativa com as escolas e professores parecem ainda não ser notados por todos os professores ao afirmarem sentirem ansiedade e alguma preocupação quando por eles visitados.

Palavras-chave: Inspeção em educação, programas de Acompanhamento, qualidade da

(21)

10

Abstract

Based on the belief that the inspection action and its intervention in primary schools will allow an improvement of the quality of the service provided and that the clarity of teachers’ expectations is essential for the achievement and attainment of methodological procedures to be developed by inspectors, this empiric study has as a main aim to analyze the primary teachers’ and education inspectors’ representations of the form of action and achieving of the aims which the latter propose, when developing the activities of the monitoring programs.

The study adopted a qualitative methodology, using a collection of questionnaires, semi-structured interviews and document analysis as data tools. Sixteen primary teachers with functions in the same school participated in the investigation, three more teachers were interviewed (complementing the information collected by the questionnaire) and four education inspectors were also interviewed.

The investigation’s results show the degree of agreement and disagreement regarding the role of IGEC, specifically relating the importance and efficiency of the monitoring programs’ activities, created with the aim of observing and monitoring educational activities developed by schools and groups of schools, in order to obtain a better understanding of the implementation processes for educational policy measures.

Assuming the different functions of IGEC, teachers only identify the improvement of the functioning of the schools as the main impact of the work inspective, not identifying any jurisdiction with regards to the educational process. They deplore the lack of follow up action which would be more focused on pedagogy, arguing its importance in the search for solutions to the school problems and in improving the educational process.

Nevertheless, the fears and insecurities presented do not allow them to have perspective about an observation action and individual monitoring in the classroom context. The efforts which were registered by the inspectors in the search of a collaborative relationship with schools and teachers still do not seem to be noticed by all teachers as they affirm feeling some anxiety and concern when visited by an inspection team.

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11 Índice de Quadros

Quadro 1: Objetivos trabalhados nos instrumentos de pesquisa Quadro 2: Quadro de análise dos questionários

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13 Índice de Gráficos

Gráfico 1: Idade dos professores

Gráfico 2: Habilitações académicas dos professores Gráfico 3: Situação profissional dos professores Gráfico 4: Tempo de serviço dos professores Gráfico 5: Idade dos professores

Gráfico 6: Contacto formal com inspetor

Gráfico 7: Características dominantes dos inspetores

Gráfico 8: Representações dos professores acerca das características fundamentais num inspetor da educação

Gráfico 9: Representações dos professores sobre o objetivo das intervenções inspetivas Gráfico 10: Representações dos professores sobre as preocupações que os inspetores deveriam ter ao visitarem uma escola.

Gráfico 11: Frequência da visita inspetiva

Gráfico 12: Representações dos professores sobre as metodologias inspetivas Gráfico 13: Motivos da concordância com aviso prévio

Gráfico 14: Motivos de discordância do aviso prévio

Gráfico 15: Concordância dos professores em relação ao impacto da ação inspetiva nas escolas

Gráfico 16: Sentimentos experimentados pelos professores aquando uma visita inspetiva Gráfico 17: Características da relação dos professores com os inspetores

Gráfico 18: Características sobre as quais a relação entre professores e inspetores se deveria basear

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15 Lista de abreviaturas

CEB – Ciclo do Ensino Básico IGE – Inspeção Geral da Educação

IGEC – Inspeção Geral da Educação e Ciências MEC – Ministério da Educação e Ciências

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(28)

17 ÍNDICE

Pág.

INTRODUÇÃO 21

Justificação da escolha do tema 21

Pertinência e dimensões pessoais da seleção da problemática 23

Objetivos 24

Estrutura do trabalho 24

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo I – Retrospetiva histórica da inspeção educativa em Portugal 27

1.Da Monarquia à República 28

2.Da República à Revolução de 1974 32

3.Da Revolução de 1974 à atualidade 34

Capítulo II - Funções da Inspeção Escolar 41

1.A IGEC como órgão representativo do Estado 41

2.Funções da atividade inspetiva 45

2.1.Atividades de Acompanhamento e Aferição 48

3.Intervenção da inspeção no Primeiro Ciclo do Ensino Básico – programa

de Acompanhamento 53

4.Metodologias Inspetivas 54

Capítulo III – Qualidade da educação – contributos da IGEC 57

1.Definição do conceito 58

2.Indicadores de qualidade da educação 62

3.Qualidade da educação no 1º ciclo do ensino básico 69

4.Contributos da IGEC para a consecução da qualidade da educação

70

PARTE II - PERCURSO METODOLÓGICO

2. Percurso Metodológico 77

2.1. Pesquisa científica 77

2.1.1. Questões e subquestões de investigação 78

2.1.2. Paradigma 79

2.1.3. Tipo de estudo 81

(29)

18

2.1.4.1. Caracterização da unidade de análise 84

2.2. Técnicas de recolha de dados 87

2.2.1. Questionários 89

2.2.2. Entrevistas semiestruturadas 90

2.2.3. Análise de documentos 91

2.3. Objetivos dos instrumentos 91

2.4. Tratamento dos dados 92

2.4.1. Questionários 94

2.4.2. Entrevistas semiestruturadas 91

2.5. Questões éticas 99

PARTE III - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

3. O inspetor da IGEC 101

3.1. O perfil do inspetor 101

3.2. Objetivos e metodologias inspetivas 105

3.2.1. Objetivos 105

3.2.2. Funções 108

3.2.3. Planeamento das ações 111

3.2.4. Metodologias inspetivas 113

3.2.5. Organização das escola 116

3.3. Impacto da ação inspetiva 119

3.3.1. Impacto da ação inspetiva na vida dos professores 119

3.3.2. Impacto da ação inspetiva na interação com os professores 121

CONCLUSÕES Conclusões 127 Limitações do estudo 129 Bibliografia 131 ANEXOS

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19

Recomeça... Se puderes, Sem angústia e sem pressa. E os passos que deres Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcançares Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade E, nunca saciado, Vai colhendo Ilusões sucessivas no pomar E vendo Acordado, O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças.

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(32)

21

1. INTRODUÇÃO

Acredita-se que uma actuação inspectiva qualificada, criteriosa e coerente pode levar a uma mudança positiva de atitudes e comportamentos para a melhoria dos actuais níveis de qualidade, se for persuasiva e consistente nas suas intervenções. Se, no respeito pela autonomia da escola e dos seus profissionais, souber motivar e mobilizar os actores educativos para metas quantitativas e qualitativas mais exigentes. Se for capaz de fomentar, junto dos conselhos executivos e dos responsáveis pela gestão pedagógica intermédia, a auto-definição de estratégias de melhoria e de compromissos com mais progresso, mais qualidade, melhor desempenho dos alunos e da instituição.

(Inspeção-Geral da Educação, 2006, p. 5)

Justificação da escolha do tema

Qualquer sistema organizacional tem necessidade de funcionar no sentido de atingir os seus objetivos e de se manter integrado e adaptado ao meio ambiente onde se insere. Também o sistema educativo precisa de estar integrado no sistema social e político, por forma a responder às necessidades de determinado momento. A sua fiabilidade, aos olhos da sociedade, torna-se indispensável perante as suas transformações ritmadas.

Sendo a evolução da sociedade e do sistema educativo uma constante, é imprescindível que, também, o processo de controlo deste sistema sofra transformações para que cumpra as suas funções avaliativas e de controlo, com base na validação dos objetivos pretendidos.

Em relação a Portugal, a organização responsável por este controlo exercido sob o sistema educativo está a cargo da Inspeção-Geral da Educação e Ciência1, sobre a qual recairá parte da investigação a que se propõe este trabalho.

A atividade inspetiva em Portugal remonta ao século XVIII e, tal como seria de esperar, as suas funções, objetivos e metodologias foram sofrendo alterações, advindas das mudanças sociais, económicas, culturais e políticas vividas no país. Com efeito, a IGEC “exerce a sua atividade no âmbito da educação pré-escolar e da educação escolar, incluindo as suas modalidades especiais e de educação extraescolar, junto dos estabelecimentos de educação e ensino da rede pública - incluindo os respetivos agrupamentos e centros de formação de escolas - e das redes privadas, cooperativa e solidária”2.

1

A partir deste ponto a Inspeção Geral da Educação (IGE) será referida como Inspeção Geral da Educação e Ciência sendo usada a sigla IGEC. Este facto deve-se à alteração da designação do Ministério da Educação para Ministério da Educação e Ciência, que por conseguinte altera a designação da IGE para IGEC. Em conformidade com o Decreto-Lei n.º 125/2011 de 29 de Dezembro, o Ministério da Educação e Ciência, de acordo com o programa do XIX Governo Constitucional, nas atribuições anteriormente prosseguidas pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, agrega-se num mesmo departamento governamental a definição e a promoção da execução das políticas relativas à educação pré-escolar, à educação escolar que compreende os ensinos básico, secundário e superior e integra as modalidades especiais de educação, à educação extra-escolar e à ciência e tecnologia, bem como os respetivos modos de organização, financiamento e avaliação, por forma a potenciar as sinergias dos diferentes subsistemas, beneficiando da respetiva complementaridade.

2

(33)

22

A atual complexidade do ato inspetivo dificulta aos inspetores o desempenho das suas funções. Salienta-se a árdua delimitação conceptual do termo inspecionar que, por si só, dificulta o esclarecimento da atividade a ela ligada. É frequente a atribuição de significados como controlo, exame, examinação, fiscalização, verificação, vigia, entre outros, não lhe sendo conferidos, tão frequentemente, conceitos que envolvam uma atitude de entendimento e comunicação, acompanhamento e colaboração.

Ao trabalho inspetivo é também associada a atividade de Avaliação Externa das Escolas, implicando um conhecimento da

especial natureza e configuração que elas têm enquanto instituições enraizadas numa determinada sociedade: a sua heteronímia, as suas componentes nomotéticas, os seus fins ambíguos, a sua débil articulação, a sua problemática tecnologia […], sendo imprescindível que tome em linha de conta o carácter único, irrepetível, dinâmico e cheio de valores de cada escola (Guerra, 2002, p. 11).

Na problemática do ato inspetivo são percetíveis algumas dificuldades contíguas aos métodos de avaliação, designadamente as limitações dos dispositivos de avaliação, a ambiguidade do conceito de qualidade em educação e o subjetivismo inerente ao processo, fatores que complexificam a elaboração dos critérios de avaliação e concernentes campos de observação e, ainda, indicadores de desempenho, capazes de avaliar os valores tradicionalmente reconhecidos como referências das políticas educativas – eficiência, equidade, eficácia e liberdade (Afonso, 2002).

De entre outras, atualmente são objetivos da IGEC e do seu corpo de inspetores a melhoria da qualidade e da equidade na prestação do serviço educativo, a melhoria da gestão e regulamentação do sistema educativo, quer ao nível das escolas, quer dos outros serviços e organismos do Ministério da Educação e Ciência3, o reforço da cooperação à escala nacional e internacional e a promoção e valorização dos recursos humanos e consequente melhoria da qualidade na sua ação (Inspecção-Geral da Educação, 2011).

Na obtenção de tais objetivos é imprescindível reforçar o agir preventivo da inspeção, procurando uma harmonia segura entre as atividades de carácter de Auditoria e

Controlo e as de pendor mais indutivo que vão ao encontro das reais necessidades dos

diversos atores educativos. Esta mudança de enfoque da ação inspetiva obriga a pensar a inspeção numa perspetiva menos jurídica, focando-se mais no processo de organização da informação indispensável ao real conhecimento do funcionamento da escola enquanto sistema educativo, social, político e simbólico (Clímaco, 2002).

Desta forma, a filosofia da atividade inspetiva orienta-se

3

(34)

23

no sentido de menos fiscalização de conformidade e mais avaliação, menos controlo dos professores unidades escolares, sendo que o mais importante é observar e avaliar como os discentes trabalham para aprender, como o contexto escolar se organiza e trabalha para tornar possível as melhores aprendizagens para todos, como gere os recursos e quais os resultados dessas aprendizagens (Clara, 2006, p. 7).

De entre as atividades desenvolvidas pela IGEC, distinguem-se dois tipos de intervenções: as sistémicas que não são suscetíveis de aviso prévio e onde cabem atividades de Acompanhamento, Controlo, Auditoria e Avaliação; e as pontuais das quais fazem parte as atividades de Provedoria e Ação Disciplinar.

O presente estudo prevê uma maior incidência nas atividades de Acompanhamento que têm como finalidade primordial acompanhar a ação educativa dos agrupamentos, dos jardins-de-infância e das escolas através da observação, “fundamental para o desenvolvimento qualitativo da educação” (Inspeção-Geral da Educação, 2006, p. 25). Este tipo de atividades tem por base a observação regular de áreas críticas do funcionamento das escolas, mais especificamente na “realização pedagógica”, na “ação ou atitude dos docentes” e na “interrogação comunitária”, constituindo estes uma linha de ação privilegiada para elevar os padrões da qualidade educativa (IGE, 2006).

Tendo em conta os pressupostos delineados assume-se que a intervenção da inspeção adota contornos do paradigma construtivista e interacionista, configurando-se como um contributo para a qualidade educativa e tendo como propósito final “compreender como as crianças aprendem e o que precisam para aprender melhor” (Inspecção-Geral da Educação, 2004a, p. 87).

Pertinência e dimensões pessoais da seleção da problemática

Tomando como ponto de partida a ideia de que a perceção e as expectativas dos inspecionados são fundamentais para a eficácia das políticas educativas, pretende-se, com este trabalho, realizar um estudo de investigação com o principal objetivo de conhecer as

representações de professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e dos inspetores a respeito dos fundamentos e metodologias da inspeção no desenvolvimento dos programas de Acompanhamento desencadeados pela IGEC.

Partindo deste objetivo, e tendo em conta que a investigação na área da inspeção em educação tem assumido um caráter pontual e esporádico, carecendo, da ótica investigativa, de informação aprofundada, pretende-se também com o desenvolvimento deste estudo alcançar um conhecimento mais amplo acerca da inspeção e da ação dos inspetores no âmbito do 1º Ciclo do Ensino Básico, tomando conhecimento das

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representações que essa ação produz nos professores do 1º Ciclo, por forma a qualificar o serviço inspetivo prestado. Objetiva-se, também, que este estudo possa assumir-se como um mecanismo reflexivo sobre a intervenção da inspeção e o posicionamento atual do inspetor face ao professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, e a compreender como os professores e inspetores se veem, tentando perspetivar modelos de convivência que sejam significativos e produtivos para o sucesso do processo educativo.

Perante esta temática, a presente dissertação assenta na seguinte questão de investigação:

Quais as representações dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e dos inspetores acerca da atividade inspetiva no âmbito dos programas de Acompanhamento desenvolvidos pela IGEC?

Tendo em conta o supracitado, pretendemos:

- Desconstruir junto dos professores o papel da inspeção e conhecer as representações destes sobre a mesma bem como o que dela esperam e como se sentem, facilitando a colaboração e a interação entre as partes.

- Compreender a forma como os inspetores veem e se posicionam em relação aos

Programas de Acompanhamento por eles desenvolvidos.

Estrutura do trabalho

O presente trabalho encontra-se dividido em três partes principais.

Na primeira parte, e no que concerne ao primeiro capítulo, é realizado um enquadramento teórico ao tema, onde é feita uma retrospetiva histórica da inspeção educativa em Portugal passando pelo período da Monarquia à República, da República à Revolução de 1974 e desta à atualidade.

No segundo capítulo são referidas as funções da Inspeção Escolar tendo em conta o seu papel de representante do Estado; são apresentadas mais detalhadamente as atividades de Acompanhamento e Aferição; é explanada a intervenção deste organismo no âmbito do 1º Ciclo do Ensino Básico bem como as metodologias usadas pela IGEC.

O terceiro capítulo é dedicado à exploração do conceito de “qualidade na educação” e aos contributos da IGEC para a sua consumação. Aqui, depois de definido o conceito, são apresentados os indicadores de qualidade da educação; os contributos evidenciados pela IGEC para consecução desta “qualidade” e é apresentado brevemente o que é tomado por qualidade da educação no 1º ciclo do ensino básico

Na segunda parte, vigora a metodologia que se usou na realização deste estudo empírico. Aí poderão ler-se as questões e subquestões de investigação, o paradigma e o

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tipo de estudo em que se insere a investigação bem como as técnicas de recolha e análise de dados.

Na terceira e última parte deste trabalho é realizada a análise e interpretação dos dados recolhidos, seguindo-se-lhe a apresentação das conclusões e limitações do estudo.

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27 PARTE I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo I – Retrospetiva histórica da inspeção educativa em Portugal

A inspeção educativa em Portugal remonta ao século XVII. Ao longo dos anos, os seus objetivos, funções e metodologias sofreram alterações, fruto das mudanças sociais, económicas, culturais e políticas vividas no país.

Este organismo exerce uma intervenção ativa na avaliação e controlo das organizações escolares, sendo concebida nos diplomas como “um serviço central do Ministério da Educação com competências de auditoria e de controlo do funcionamento do sistema educativo” (Lei n.º 18/96, de 20 de junho).

Apesar da existência de diversos documentos normativos que referenciam e explicitam a missão e as funções da Inspeção, a este organismo têm sido outorgadas, competências no domínio do controlo e da averiguação do cumprimento da legislação em vigor, o que, por conseguinte, tem requerido a implicação constante da entidade inspetiva na adaptação da sua forma de atuação, que se tem vindo a ajustar em conformidade com as circunstâncias atuais da política educativa.

Conhecer uma instituição não se limita ao conhecimento da sua localização geográfica, requer um conhecimento da sua estrutura, de forma a observar diretamente o seu clima funcional e todo o meio envolvente, pois

Compreender e explicar a existência histórica de uma Instituição Educativa é, sem deixar de integrá-la na realidade mais ampla que é o sistema educativo, contextualizá-la, implicando-a no quadro de evolução de uma comunidade e de uma região, é por fim sistematizar e (re)escrever-lhe o itinerário de vida na sua multidimensionalidade, conferindo um sentido histórico (Magalhães, 2005, p. 64).

Torna-se assim importante destacar as diferentes épocas da vida institucional da IGEC.

A inspeção do sistema educativo português assumiu diversas formas a partir do momento em que foi criada uma oferta de ensino de cariz público, o que se terá vindo a verificar em meados do século XVIII. Há que distinguir, desta forma, diferentes períodos que vão desde o período Monárquico até ao Estado Novo, passando pelo Republicano, bem como o período posterior à publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo, em 1986.

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1. Da Monarquia à República

Durante séculos, o ensino foi uma competência exclusiva da Igreja que também avaliava e fiscalizava matérias e procedimentos. Em 1759 foi criada a Directoria-Geral de Estudos, que foi sofrendo transformações sucessivas e múltiplas designações até chegar aos nossos dias como Ministério da Educação e Ciência. Este departamento veio tutelar um sistema de ensino público e estatal "das primeiras idades" (Eurydice, 2006/2007, p.232), cujas competências de fiscalização visavam fazer observar as leis da educação, nomeadamente a de averiguar o progresso dos estudos e apresentar uma relação fiel dos mesmos no final de cada ano; propor "os meios mais convenientes para o adiantamento das escolas"; advertir e corrigir os professores que não cumprissem as suas obrigações ou mesmo propor aos superiores a privação do emprego e a aplicação de um castigo (Eurydice, 2006/2007, p. 233).

O ato inspetivo surgiu em Portugal antes da institucionalização do ensino no país, em 17714. As primeiras inspeções foram realizadas pela Real Mesa Censória5, a mando do Marquês de Pombal, então Ministro de D. José I, com o intuito de conhecer a situação em que se encontravam as escolas menores e iniciar a construção do sistema educativo nacional, em conformidade com o que na época já se verificava noutros países da Europa6. O Plano Regulador (Lei de 6 de novembro de 1772) instituiu o ensino em Portugal e foi responsável pela criação de escolas, pela colocação de um maior número de docentes, pela definição de métodos e matérias a ensinar e pela entrega dos Serviços de Inspeção à Real Mesa Censória. Desde então, esses Serviços Inspetivos sofreram várias alterações. Em 1787 a inspeção das escolas passou a estar associada à Real Mesa da Comissão Central sobre o Exame e Censura dos Livros e a outras instituições ligadas à educação. No final da monarquia, a inspeção dos ensinos primário e secundário foi da responsabilidade da Direção Geral da Instrução Pública. A Direção Geral da Instrução, criada em Coimbra, deliberava que este organismo se deveria ocupar da direção, do regimento e da inspeção geral de todo o ensino e educação pública. Este Conselho era composto por um presidente

4

Consultado a 17/07/12 de http://www.ige.min-edu.pt/upload/docs/Lei-6-11-1772.pdf

5

Foi criada por alvará a 5 de abril de 1768, durante o Governo de Pombal, com o intuito de transferir das mãos da Igreja para o controlo direto do Estado a censura dos livros e publicações consideradas perturbadoras em matéria religiosa, política e civil que dessem entrada em Portugal, função esta que até aqui cabia à Inquisição, aplicando penas pecuniárias e corporais contra os que transgredissem as regras. Com esta instituição era criada uma centralização de toda a função de censura, composta por funcionários régios e membros eclesiásticos, embora estes últimos desempenhassem a sua função dentro de uma instituição do Estado. (Real Mesa Censória. In Infopédia [on line]. Porto: Porto Editora.

Consultado a 18/07/12 de http://www.infopedia.pt/$real-mesa-censoria)

6 “Na instrucção pública sabejam os modelos fóra de Portugal. Desde a França e a Bélgica até à Hollanda, à Allemanha e à

Gram-Bertanha todos os systemas de discutiram e experimentaram. (…) Na instrucção primária e secundaria, os grandes princípios que a lei precisa confirmar são menos do que parece, e o consenso da Europa quasi que os tornou communs a todos os reinos civilisados”. de O instituto, jornal scientífico e literário (1860).Coimbra: Imprensa da Universidade (p. 186). Consultado a 23/07/12 de

http://books.google.pt/books?id=dVAxAQAAMAAJ&pg=PA187&dq=nomear+«visitadores+extraordinários&hl=pt-BR&sa=X&ei=4g0NUNepJ46LhQf4-dT3CQ&ved=0CDYQ6AEwAQ#v=onepage&q=vis

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(ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino), por um vice-presidente (reitor da Universidade de Coimbra), por oito vogais ordinários (lentes efetivos ou jubilados da Universidade, Escolas Literárias ou Científicas que tivessem um currículo relevante), sendo nomeados pelo Governo e sem número fixo os vogais extraordinários, os vogais substitutos, “os opositores e doutores das diversas Faculdades da Universidade”7 (1850, p. 66) que

residissem em Coimbra. Este organismo contava ainda com um secretário e mais empregados para os serviços de secretaria. O Conselho Superior subdividia-se em três secções, sendo a primeira reservada às questões de Instrução Primária. Este departamento era constituído por um diretor que presidia a todos os assuntos relativos à instrução, um relator e um secretário. O Conselho tinha amplas competências no que à Instrução Pública respeitava, competindo-lhe, entre outras,

a inspecção das escolas, de forma directa, através dos Delegados do Conselho que, por meio de relatórios periódicos, desempenhavam a sua missão principal: zelar pelo bom funcionamento da educação e da instrução, evitando descomedimentos ou provendo as necessidades levantadas em cada uma das escolas. Para isso, o Conselho deveria estar devidamente esclarecido acerca de todas as questões, queixas, reclamações e conflitos entre os estabelecimentos literários – entre delegados, inspectores, lentes, professores e mais empregados do ensino público (Alves, 2003, p.48).

Os Governadores Civis de então dirigiam os Administradores de Concelho, no que aos assuntos da Instrução Primária e Secundária respeitava. Os Delegados do Concelho auxiliavam os Comissários de Estudo nomeados pelo Estado e sediados nos distritos. Os Comissários de Estudos possuíam, por dependência, o função de reitores dos liceus nas capitais dos distritos do Reino “e ‘visitariam’ todas as escolas de Educação, de Instrução Primária e Secundária da sua jurisdição, zelando pelo seu bom funcionamento, detectando prevaricações e necessidades mais urgentes do ensino, delegando nas autoridades administrativas a execução dessas medidas” (Alves, 2003, p. 49). Os Subdelegados que auxiliavam os Comissários de Estudo eram nomeados e estavam sediados nas regiões mais distanciadas da sede do distrito, procedendo à inspeção nas escolas, eram incumbidos de entregar aos Comissários de Estudo os relatórios da inspeção.

Abolida a Real Mesa em 1794 passou a Universidade de Coimbra, através da Junta da Diretoria Geral dos Estudos, a exercer a direção e a inspeção de todo o ensino primário e secundário. Ao ser revisto o sistema de inspeção escolar em 1809, passou a ser-lhe atribuído o aspeto de fiscalização que ficou dependente dos juízes de crime e dos corregedores.

7

A propósito deste assunto veja-se: Legislação Académica – desde os estatutos de 1772 até ao fim do ano de 1850. Coimbra: Imprensa da Universidade. Consultado a 23/07/12 de

http://books.google.pt/books?id=Iz4BAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false

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Em 1845, com o decreto de 10 de novembro, criava-se o regulamento do Conselho Superior, responsável pela Direção Geral da Educação e Instrução Pública, com a incumbência de zelar pelo alargamento do ensino e, ao mesmo tempo, fomentar o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento. Para isso, produz os Regulamentos para a concretização das Leis, no que respeita aos aspetos administrativo e financeiro, ou quanto aos aspetos disciplinares dos distintos estabelecimentos de educação e instrução, necessitando da anuição do Governo. Este Conselho estava incumbido de divulgar as Leis e os Regulamentos oficiais aos Delegados, dando-lhes, deste modo, instruções para a execução dos normativos em vigor, visando a uniformização do funcionamento escolar público ou particular, no âmbito da doutrina e métodos a promover nos diversos campos de ensino. Em coerência, competia-lhe, também, a promulgação dos programas de ensino que auxiliariam na elaboração dos compêndios escolares recomendados por futuros autores, num concurso instaurado para o efeito; e administrar o alargamento da rede escolar no país, tendo em consideração uma gestão de eficiência.

Quanto à inspeção, cabia-lhe fazer cumprir todos os documentos legais em vigor e, para o efeito, superintendiam os delegados das escolas e estabelecimentos literários. Era também da sua responsabilidade nomear “visitadores extraordinários”8

para que efetuassem inspeções diretas às escolas. Este Conselho era, ainda, incumbido de verificar e controlar as folhas de vencimentos dos professores e as despesas com o funcionamento das escolas que serviriam de base à elaboração do orçamento geral para aquela instituição.

Outro encargo era o de construir a estatística do ensino com base na organização efetiva, traduzida em modelos padronizados e ajustados aos distintos ramos de ensino, atendendo à divisão territorial. Os modelos estatísticos permitiam o acesso a informações rigorosas a respeito de todas as escolas, compreendendo a sua história; o número de escolas primárias de ambos os sexos; o seu contexto geográfico, populacional e administrativo; a quantidade de alunos de ambos os sexos que frequentavam as escolas públicas e particulares e o progresso ou declínio dos estudos.

Procedia-se à identificação das lacunas na organização e na administração ou da legislação do ensino na sua aplicação, sugerindo alterações para as condições desvantajosas descobertas, sendo usadas em estudos comparativos com a situação de outros países de referência (Alves, 2003).

A Portaria de 12 de abril de 1862 determinava que o modo da inspeção às Escolas Primárias, através de visitas e informações, através dos requisitos em que deveria recair a inspeção das escolas no país.

8

Veja-se o O instituto, jornal scientífico e literário (1860).Coimbra: Imprensa da Universidade (p. 187). Consultado a 23/07/12 de http://books.google.pt/books?id=dVAxAQAAMAAJ&pg=PA187&dq=nomear+«visitadores+extraordinários&hl=pt-BR&sa=X&ei=4g0NUNepJ46LhQf4-dT3CQ&ved=0CDYQ6AEwAQ#v=onepage&q=vis

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A Reforma de Dom António da Costa, em 18709, procurou dar credibilidade à Inspeção, criando condições para os inspetores se dedicarem exclusivamente aos seus cargos e fazendo da carreira inspetiva um incentivo para o Magistério Primário. Estas alterações nunca chegaram a ser postas em prática devido à queda do governo. Em 1878 surgiu uma nova reforma10 do Ensino Primário que abrange a Inspeção, introduzindo-lhe alterações significativas. Na supracitada reforma são referenciadas as competências atribuídas aos inspetores, então considerados delegados do Governo, a saber:

fiscalizar o ensino, a administração e a vigilância de todas as escolas do Ensino Primário que pertenciam à sua circunscrição; registar todas as queixas e reclamações que lhes fossem dirigidas e enviá-las ao governo juntamente com a sua opinião sobre os assuntos em questão; vigiar pela execução das leis e regulamentos de tudo o que estivesse ligado ao Ensino Primário, tomando as medidas que entendessem necessárias e estivessem nas suas atribuições, dando conhecimento ao governo; guiar e aconselhar todos os que estivessem ligados ao serviço das escolas primárias; inspeccionar, pelo menos uma vez por ano, as escolas do seu círculo e algumas de outros círculos da sua circunscrição, para que no prazo de três anos fossem visitadas todas as escolas oficiais e privadas da circunscrição (Gomes, 2005, p. 30).

Gomes (2005) refere que nesta fase da inspeção, durante um período de mais de cem anos, as nomeações dos inspetores dependeram sempre do poder político e as várias reformas monárquicas atenderam sempre a garantir o crédito da função inspetiva e a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. No entanto, o regime republicano não conseguiu definir uma fiscalização permanente e eficaz, uma vez que as medidas descentralizadoras que adotou no princípio eram frequentemente atacadas e não eram postas em prática devido à situação conturbada em que se encontravam os seus órgãos de gestão.

Com a implantação da República, em 1910, a inspeção conheceu o seu período áureo, não tendo constituido grande surpresa, uma vez que a propaganda republicana vinha incidindo no combate ao analfabetismo e nas críticas ao sistema escolar monárquico. Ainda assim, as boas intenções expressas nos diversos diplomas legais nem sempre tiveram a melhor correspondência com a realidade (Lume, 2004).

9

Em 1870, a reforma de D. António da Costa viria a estabelecer uma inspeção assente em três princípios fundamentais: possibilidade de se converter a inspeção em negócio sério; possibilidade de se aplicarem os inspetores exclusivamente ao seu cargo; possibilidade de ser a carreira inspetiva um incentivo para o magistério primário (Lume, 2004).

10

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2. Da República à Revolução de 1974

No ano de 1911 foram criados dois níveis de inspeção, nomeadamente de círculo e de circunscrição. As inspeções de círculo tinham a responsabilidade de examinar o desempenho e aconselhar os professores, examinar o material escolar e os métodos de ensino, elaborar uma estatística anual de círculo e produzir um relatório. Os inspetores de circunscrição realizavam inquéritos sobre serviços e atas das câmaras municipais (que na altura tinham uma grande responsabilidade na educação), conselhos de assistência escolar, inspetores e professores.

Posteriormente, em 1933 surgem novas alterações e os ensinos primário e secundário passam a ficar agregados nas Direções Gerais concernentes. A Reforma de 1933 introduz profundas alterações nos princípios subjacentes ao ensino primário, introduzindo-lhe uma ideologia marcadamente nacionalista. Esta situação prevaleceu até à revolução democrática de 1974. Ao mesmo tempo foram construídos três corpos de inspeção diferentes, cada um com a responsabilidade numa área distinta: direção e administração dos serviços; orientação pedagógica e aperfeiçoamento; e inspeção e atribuições disciplinares (Eurodyce, 2006/2007). Como refere Almeida, “o período que vai desde a implantação da Ditadura e a Reforma de 1933 (no que diz respeito à história da administração das Escolas Primárias), coincide com a história da Inspecção do Ensino Primário, pois tratou-se dum período de reforço dos poderes dos Inspectores Chefes das Regiões Escolares” (2011, p. 19). A Reforma do Ensino Infantil e Primário (Decreto n.º 22 369, de 30 de Março de 1933) refere como funções da Inspeção do Distrito Escolar a visita e inspeção das escolas; a determinação da colocação de Professores Agregados; a manutenção do funcionamento ou extinção dos cursos noturnos e de postos de ensino; a nomeação de Júris de Exame; a elaboração das provas escritas de exames; a superintendência nos serviços de higiene escolar; a cooperação dos serviços de orientação pedagógica e de assistência escolar; a qualificação anual do serviço do pessoal; e a elaboração do relatório anual dos serviços a seu cargo.

Não carecendo de utilizar o sistema escolar para justificar as disparidades sociais, consideradas “inevitáveis e instituídas por Deus” (Mónica, 1978, p. 133), a escola é entendida como um aparelho de doutrinação, privilegiando duas dimensões principais, o nacionalismo e a doutrina cristã, pois como afirmava Pacheco, “Deus e Pátria andam juntos desde que Portugal nasceu” (1940, p.222).

Apesar de ter estabelecido uma forte ligação com a igreja, o Estado Novo não deixou de se assumir como um educador, responsável pela educação nacional, cuja organização e controlo pertenciam à administração central, passando pelo currículo

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académico, pelas formas de organização dos professores, dos alunos e do processo de ensino (Formosinho e Machado, 2000). Neste sentido, os primeiros anos de Estado Novo ditaram um acréscimo de trabalho burocrático para os inspetores.

Neste quadro político e educativo o inspetor perceciona-se como um agente de fiscalização do cumprimento de tarefas e da realização escolar, exprimindo-se através de atitudes censórias e coercivas. As suas intervenções são de carácter excecional, justificadas por situações de flagrante violação de normas no âmbito do exercício disciplinar. Para além disto, o seu discurso revela autoridade, condicionando e comprometendo o clima relacional entre os intervenientes no processo educativo (Lume, 1999).

A Lei n.º 1941 de 11 de Abril de 1936 remodela o Ministério da Instrução Pública e cria o Ministério da Educação Nacional que criou a Direção Geral do Ensino Básico, da qual passa a depender a inspeção do ensino primário. O ensino secundário continua a integrar a sua Direção Geral específica.

A partir dos anos 60 assiste-se, em Portugal, à expansão da escola de massas, para além do patamar da escola elementar, facto que, de acordo com Afonso (1999), se torna elo central de todas as políticas educativas a partir dessa data. Assim sendo, assiste-se a um evidente crescimento do número de alunos, professores e estabelecimentos de ensino, gerando-se uma maior diversificação da oferta educativa, em função da variação de contextos sociais, familiares, económicos, étnicos e culturais.

Perante estas condições torna-se urgente tomar algumas medidas para lidar com esta situação de forma a dar uma resposta adequada à diversidade verificada.

O Decreto Lei nº 408/71, de 27 de Setembro, que reformou as estruturas e os serviços do Ministério da Educação Nacional, criou a Direcção-Geral do Ensino Básico da qual passou a depender a Inspeção do Ensino Primário, continuando a do ensino secundário integrada na Direcção-Geral do Ensino Secundário e a do ensino particular na Inspeção-Geral do Ensino Particular. No entanto, com as vicissitudes próprias do regime, poucas alterações significativas se verificaram no que respeita ao papel da inspeção na sua componente pedagógica e de apoio técnico, registando-se apenas alterações quanto à seleção e provimento dos inspetores e à sua designação. De resto, as atribuições e o modo de funcionamento da inspeção mantiveram-se quase inalterados até à criação da Inspeção-Geral de Ensino, em 1979.

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3. Da Revolução de 1974 à atualidade

Como mencionado, os primeiros anos do Estado Novo ditaram uma sobrecarga de trabalho burocrático para os inspetores. A Reforma de 1933 veio apresentar profundas alterações nos princípios subjacentes ao ensino primário, introduzindo-lhes uma ideologia marcadamente nacionalista, situação que prevaleceu até à revolução democrática de 1974. Paralelamente foram constituídos três corpos de inspeção diferentes, cada um com a responsabilidade numa de três áreas: direção e administração dos serviços; orientação pedagógica e aperfeiçoamento; e inspeção e atribuições disciplinares.

O Decreto-Lei n.º 540/79 de 31 de Dezembro expõe esta situação e alerta para a “explosão escolar verificada não pode[r] nem deve[r] originar a diminuição qualitativa do ensino ministrado” (ponto 2). Para tal, tornou-se fundamental proceder à contratação de um maior número de professores, pensar num sistema de formação de professores mais adequado e minimizar os problemas das instalações escolares insuficientes. Para além disso, foi de grande importância criar uma estrutura do Ministério da Educação que desenvolvesse um serviço de controlo pedagógico, administrativo-financeiro e disciplinar do subsistema de ensino. Surge assim, pela primeira vez, a “Inspecção Geral de Ensino”, que passa a ter por competências, de acordo com o Decreto-Lei n.º 540/79, de 31 de Dezembro, artigo 2.º, Capítulo I:

a) verificar e assegurar o cumprimento das disposições legais e das orientações definidas superiormente;

b) garantir aos serviços de concepção e execução do Ministério da Educação informações actualizadas sobre a situação no subsistema;

c) informar os competentes órgãos e serviços de execução e acompanhamento sobre as deficiências e anomalias encontradas propondo as medidas que considere adequadas à sua rápida superação;

d) superintender na classificação do serviço do pessoal não discente;

e) exercer a acção disciplinar que se mostrar indispensável ou lhe for determinada.

O referido decreto, de acordo com Lume, levou à separação das funções inspetivas de controlo que cabiam às direções-gerais de ensino, ficando estas com as funções executivas e passando as funções de controlo para a Inspeção-Geral de Ensino, criada pelo mesmo diploma. Assim,

a Inspecção-Geral de Ensino, dotada de autonomia administrativa, passou a ser um serviço de controlo pedagógico, administrativo e disciplinar no subsistema de ensino não superior. Com a criação das seguintes delegações regionais promoveu-se a descentralização dos serviços da IGE: Norte – Porto; Centro – Coimbra; Lisboa – Lisboa; Sul – Évora (2004, p. 7).

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Pelo exposto, Redinha (1999) afirma que a Inspeção Geral de Ensino surgiu como órgão controlador da forma como as orientações governamentais chegavam e eram executadas nas escolas.

Com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, apesar das competências da denominada Inspeção Escolar não serem explicitadas, as suas funções sofreram grandes alterações. Tal como expressa o artigo 53.º quando refere que “a inspecção escolar goza de autonomia no exercício da sua actividade e tem como função avaliar e fiscalizar a realização da educação escolar, tendo em vista a prossecução dos fins e objectivos estabelecidos na presente lei e demais legislação complementar”.

Desta forma, as funções da Inspeção Escolar continuam a limitar-se à verificação da conformidade normativa e do controlo disciplinar, numa intervenção caracterizada pelo cumprimento das normas definidas pela administração central.

Aquando da publicação do Decreto-Lei n.º 3/87, de 3 de Janeiro, que aprova a Orgânica do Ministério da Educação e Cultura, não se verificaram quaisquer alterações relativamente à legislação anteriormente publicada. A IGE continuou a ter como atribuições o controlo pedagógico e disciplinar do subsistema de ensino não superior e administrativo-financeiro e todo o sistema educativo (artigo 15.º, ponto 1).

Em 1990, com a publicação do Decreto-Lei n.º 139º A, de 28 de Abril, surgem os primeiros sinais de alteração das competências atribuídas à entretanto renomeada IGE, sendo-lhe retirada a superintendência na classificação do pessoal docente e no controlo disciplinar. Um ano mais tarde, com a publicação do Decreto-Lei n.º 304/91, de 16 de agosto, a IGE adquire um novo estatuto. Para além da tradicional função de controlo assume a missão da avaliação global e qualitativa dos estabelecimentos da educação e ensino. A IGE deveria prestar apoio técnico, pedagógico e informativo aos docentes (artigo 3.º). Tendo em conta as mudanças verificadas no sistema educativo, no ano seguinte, o Inspetor-Geral redefine o papel da IGE, estabelecendo como objetivos estratégicos daquela apoiar as escolas a nível pedagógico e administrativo, visando um sistema mais autónomo; conceber novos produtos e serviços com vista a apoiar a ação educativa; proceder à gestão escolar e a ações de planeamento e gestão do sistema educativo; modernizar o sistema de informação; e estabelecer um conjunto de instrumentos de gestão de recursos humanos na IGE.

Na opinião de Redinha (1999), apesar de terem sido estabelecidos estes cinco objetivos, apenas a modernização do sistema de informação foi atendido, pois após alguns meses da publicação do Decreto-Lei n.º 304/91, de 16 de agosto, o Ministério da Educação

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36

retirou grande parte da verba destinada às deslocações dos inspetores, deixando apenas o essencial para assuntos de carácter prioritário.

Em 1993, na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 133/93, de 26 de abril, é publicado o Decreto-Lei n.º 140/93, de 26 de abril, que introduz novas alterações nas competências deste organismo. Este é reconhecido, tal como consta no artigo 1º, como um “serviço central do Ministério da Educação, dotado de autonomia administrativa com funções de acompanhamento e fiscalização nas vertentes pedagógicas e técnicas dos ensinos pré-escolar, básico, secundário e superior”.

No quadro de atuação desta entidade, definido pelo referido Decreto-Lei, é assinalado o papel de fiscalização nas vertentes pedagógica e técnica, não havendo referência à vertente avaliativa. Também não são atribuídas competências no âmbito do apoio técnico-pedagógico, sendo essas competências, segundo Redinha (1999), atribuídas à Direção Regional de Educação.

Em contra ciclo com o Decreto-Lei supracitado, a Portaria n.º 572/93, de 2 de junho, atribui, à IGE a competência de garantir a prestação de apoio técnico pedagógico e informativo aos órgãos de direção, administração e gestão dos estabelecimentos de ensino. O facto afigura-se, contudo, na opinião do mesmo autor, ilícito do ponto de vista jurídico. Deste modo, cabe à IGE proceder ao controlo da qualidade pedagógica e técnica ao nível de todo o sistema educativo, ao controlo da eficiência administrativa e financeira, e verificar, no âmbito do ensino superior público, o cumprimento dos dispositivos legais aplicáveis ao sistema de propinas e à ação social escolar. Estas competências são igualmente exercidas nos estabelecimentos de ensino portugueses situados no estrangeiro (artigo 2.º, pontos 1 e 2).

Numa leitura crítica do Decreto-Lei n.º 140/93, o diploma parece revelar-se menos favorável no que respeita ao posicionamento da IGE relativamente ao sistema educativo, pois as transformações efetuadas verificam-se ao nível do pessoal dirigente, criando cinco núcleos nos serviços centrais, numa tendência para uma maior centralização da atividade inspetiva (Redinha, 1999).

Decorrido um curto período de tempo após a publicação do Decreto-Lei n.º 140/93, desencadeou-se a preparação de uma nova Lei Orgânica, que se concretizou com a publicação do Decreto-Lei n.º 271/95, de 23 de outubro, que aprova a Lei Orgânica da Inspeção-Geral da Educação. Este Decreto-Lei procede à reestruturação da IGE no sentido de a dotar de uma definição mais completa das suas competências, de uma estrutura organizativa adequada e de um estatuto de pessoal de acordo com o exercício da atividade inspetiva. Neste sentido, são atribuídas à IGE funções centradas no controlo e na melhoria em termos de sistema educativo, não se reconhecendo o papel da escola nestas matérias.

Imagem

Gráfico 1: Sexo dos professores
Gráfico 5: Idade dos professores  69% 12% 19%  QNDQZP Contratado7% 6% 6% 31% 50% 1 a 3 anos4 a 6 anos7 a 18 anos 19 a 30 anos> 30 anos6% 19% 75% 0% < 31anos31 - 45 anos46 - 60 anos> 60 anos
Gráfico 6: Contacto formal com inspetor
Gráfico 8: Representações dos professores acerca das características fundamentais num inspetor da  educação
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Referências

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