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Sistemas de telecontagem para a monitorização do consumo de água

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Sistemas de telecontagem para a monitoriza¸

ao

do consumo de ´

agua

Por

Renato Jos´

e Moura Silva

Orientador: Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre na UTAD

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Sistemas de telecontagem para a monitoriza¸

ao

do consumo de ´

agua

Por

Renato Jos´

e Moura Silva

Orientador: Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre na UTAD

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Orienta¸c˜ao Cient´ıfica :

Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos

Professor Associado com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias Escola de Ciˆencias e Tecnologia

da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

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Sistemas de telecontagem para a monitoriza¸c˜

ao do consumo de ´

agua

Renato Jos´e Moura Silva

Submetido na Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obten¸c˜ao do grau de

Mestre/Doutor em Engenharia Electrot´ecnica e de Computadores

Resumo — Hoje em dia, a gest˜ao de recursos como a ´agua e a energia ´e um dos grandes problemas mundiais, deste forma ´e importante o controlo dos mesmo de forma precisa e em tempo ´util. A utiliza¸c˜ao de contadores inteligentes facilita a comunica¸c˜ao entre o cliente e o distribuidor do servi¸co, oferecendo in´umeras vantagens e resolvendo variados problemas. A necessidade de realizar estimativas e acertos e os custos associados `a contagem porta a porta podem ser resolvidos atrav´es da implementa¸c˜ao de um sistema de telecontagem. Para al´em disso, o cliente pode saber em tempo real os seus consumos e ajustar o seu comportamento em fun¸c˜ao dos mesmos. Por outro lado, a vis˜ao geral obtida sobre o parque de contadores facilita o combate a tentativas de fraude e fugas de ´agua. Assim, este trabalho apresenta a conce¸c˜ao e implementa¸c˜ao de um sistema de telecontagem poss´ıvel de ser utilizado por empresas de distribui¸c˜ao e clientes individuais para monitoriza¸c˜ao de consumos. Para tal, o sistema tem por base comunica¸c˜ao `a distˆancia recorrendo a tecnologias como o Wi-Fi e o LoRa atrav´es do uso de gateways respons´aveis pela recolha dos dados dos sensores e o seu encaminhamento para uma plataforma que permite ao utilizador visualizar estat´ısticas e consumos em tempo real. De forma a reduzir os custos, o dispositivo foi desenvolvido utilizando uma abordagem modular ao n´ıvel da alimenta¸c˜ao e comunica¸c˜ao.

Durante toda a conce¸c˜ao do projeto foi tida em conta a seguran¸ca do sistema e tomadas medidas de forma a mitigar da melhor maneira poss´ıvel os riscos associados. Al´em disso, foi criada uma API de forma a que o sistema pudesse ser interligado com outros softwares existentes como por exemplo programas de fatura¸c˜ao.

S˜ao tamb´em apresentados os resultados da implementa¸c˜ao das v´arias componentes do projeto assim como dados de um sensor em funcionamento.

Palavras Chave: IoT, telecontagem, ´agua, energia. vii

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(9)

Telemetering systems for water consumption monitoring

Renato Jos´e Moura Silva

Submitted to the University of Tr´as-os-Montes and Alto Douro in partial fulfillment of the requirements for the degree of

Master of Science-Philosophiae Doctor in Electrical Engineering and Computers

Abstract — Nowadays, water and energy resource management is amongst the world’s biggest problems. Controlling the consumption precisely and promptly becomes utterly important. The usage of intelligent metering devices facilitates the communication between the client and service distributor, offering several advantages and solving many issues. The need to estimate the client consumption and subse-quently perform settlements regarding the differences, as well as the cost of having one person checking door to door can be solved through the implementation of a telemetering system. Beyond, the client can be aware in real-time of his con-sumptions and adjust his behaviour accordingly. Furthermore, the global vision provided for the metering devices eases the response against fraud attempts and water leakages. Therefore, this dissertation presents the development of a teleme-tering system capable of being used either by distribuition companies or idividuals to monitor their consumptions.

The system is based on wireless communication, taking advantage of technologies like Wi-Fi and LoRa, using gateways to gather data from the sensors and relay it to a platform where users are abre to visualize satistics and real time consumptions. In order to reduce the device costs, it was developed with a modular approach regarfing power and communication.

During all the conception security was taken into account and state of the art solutions applied to mitigate all associated risks.

Besides, it was also created an API to allow the system to be connected with other software, for instance, payment gateways.

The result of the implementation of the different elements, along with the data collected, is also displayed.

Key Words: IoT, telemetering, water, energy ix

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Agradecimentos

A elabora¸c˜ao deste trabalho n˜ao foi um esfor¸co solit´ario e, no momento da sua conclus˜ao, h´a v´arias pessoas a quem devo agradecer. E minha convic¸c˜´ ao que a sua execu¸c˜ao n˜ao seria poss´ıvel sem o contributo dessas pessoas que, com os seus ensinamentos, experiˆencias ou mesmo com uma simples palavra de incentivo, me ajudaram.

Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Doutor Raul Manuel Pereira Morais dos Santos que como professor foi o expoente m´aximo, abriu-me horizontes e ensinou-me principalensinou-mente a pensar, como orientador foi gratificante trabalhar com ele, pela extrema utilidade das suas recomenda¸c˜oes e pela cordialidade com que sempre me recebeu. Estou grato por ambas e tamb´em pela liberdade de a¸c˜ao que me permitiu que este trabalho contribu´ısse para o meu desenvolvimento pessoal.

Expresso tamb´em os meus agradecimentos ao Sr. Vereador Jos´e Manuel Moreira e `a Engenheira Adelaide Machado respons´avel pelo servi¸co de ´aguas da Cˆamara Municipal de Santa Marta de Penagui˜ao pela amabilidade que tiveram em me facultar os elementos informativos respeitantes aos consumos de ´agua do concelho. Aos colegas de Mestrado agrade¸co todo o companheirismo, amizade e o excelente ambiente que envolveu este curso ao longo de cinco anos.

Ao meu pai e `a minha m˜ae, pela s´olida forma¸c˜ao dada at´e `a minha juventude, que xi

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me proporcionou a continuidade nos estudos at´e `a chegada a este mestrado, a eles os meus eternos agradecimentos.

Obrigado a todos por permitirem que este trabalho de disserta¸c˜ao fosse uma realidade.

UTAD, Renato Silva

Vila Real, 24 de Julho de 2019

(13)

´Indice geral

Resumo vii

Abstract ix

Agradecimentos xi

´Indice de tabelas xvii

´Indice de figuras xix

Acr´onimos e abreviaturas xxiii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Enquadramento . . . 2

1.2 Motiva¸c˜ao e objetivos . . . 3

1.3 Organiza¸c˜ao da disserta¸c˜ao. . . 5

2 Estado da Arte 7

2.1 Aguas, Efluentes e Res´ıduos de Braga´ . . . 10

2.2 Servi¸cos Municipalizados de ´Agua e Saneamento de Matosinhos . . . 10

2.3 Empresa Portuguesa das ´Aguas Livres . . . 11

2.4 An´alise . . . 11

3 Internet das Coisas 13

3.1 Conceitos e arquitetura . . . 13 xiii

(14)

3.2 Gest˜ao de recursos . . . 16

3.2.1 Arquitetura centralizada . . . 18

3.2.2 Arquitetura distribu´ıda e P2P . . . 19

3.3 Gest˜ao e an´alise de dados . . . 20

3.3.1 Processamento em lote . . . 21

3.3.2 Processamento em tempo real . . . 22

3.4 Protocolos de comunica¸c˜ao . . . 23 3.4.1 Camada Phy/MAC . . . 24 3.4.2 Camada de Rede . . . 24 3.4.3 Camada de Transporte . . . 25 3.4.4 Camada de Aplica¸c˜ao. . . 25 3.5 Aplica¸c˜oes . . . 25 3.6 Seguran¸ca . . . 27 3.6.1 Identifica¸c˜ao . . . 27 3.6.2 Autentica¸c˜ao e Autoriza¸c˜ao . . . 29 3.6.3 Privacidade . . . 29 3.7 Dispositivos . . . 30 3.8 Problemas e desafios . . . 30

4 Proposta de uma arquitetura 33 4.1 Requisitos . . . 33

4.2 Arquitetura . . . 34

4.2.1 Cen´arios de rede . . . 35

4.3 Dispositivo. . . 36 4.3.1 Hardware . . . 38 4.3.2 Software . . . 45 4.4 Gateway . . . 54 4.5 Plataforma . . . 59 4.5.1 Base de Dados . . . 60 4.5.2 Broker MQTT. . . 61 4.5.3 P´agina Web . . . 63 4.5.4 Docker . . . 74 5 Implementa¸c˜ao e resultados 79 5.1 Dispositivo. . . 79 5.2 Gateway . . . 81 5.3 Plataforma . . . 81

6 Conclus˜ao e trabalho futuro 87 6.1 Conclus˜ao . . . 87

6.2 Trabalho futuro . . . 89 xiv

(15)

Referˆencias bibliogr´aficas 91

A Balan¸co H´ıdrico 99

A.1 Concelho de Santa Marta de Penagui˜ao em 2018 . . . 99

(16)
(17)

´Indice de tabelas

3.1 Principais aplica¸c˜oes do IoT . . . 26

4.1 Configura¸c˜ao do dispositivo nos diferentes cen´arios poss´ıveis . . . 36

4.2 Parˆametros de configura¸c˜ao do dispositivo . . . 47

4.3 Sintaxe de configura¸c˜ao do dispositivo . . . 48

4.4 Significado do estado dos leds . . . 50

4.5 Exemplo de mensagem do protocolo MQTT . . . 62

4.6 Rotas de primeiro n´ıvel . . . 67

4.7 Rotas associadas ao cliente . . . 68

(18)
(19)

´Indice de figuras

1.1 Balan¸co h´ıdrico do concelho de Santa Marta de Penagui˜ao em 2018 . 3

2.1 EDP Re:dy . . . 9

3.1 Arquitetura de uma plataforma IoT . . . 15

3.2 Arquitetura detalhada IoT em 5 camadas. . . 17

3.3 Exemplo de framework de descoberta centralizada . . . 19

3.4 Exemplo de framework de descoberta baseada em comunica¸c˜ao P2P . 20 3.5 Organiza¸c˜ao de um cen´ario de processamento em lote . . . 21

3.6 Organiza¸c˜ao de um cen´ario de processamento em tempo real . . . 22

3.7 Aqruitetura de comunica¸c˜ao de solu¸c˜ao IoT . . . 24

3.8 Funcionamento do servidor DNS . . . 27

3.9 Ataque de cache poisoning . . . 28

4.1 Arquitetura do sistema . . . 34

4.2 Diagrama de funcionamento do dispositivo . . . 37

4.3 Sensor de fluxo de ´agua YF-S201 . . . 38

4.4 Rela¸c˜ao entre a frequˆencia e o fluxo de ´agua . . . 39

4.5 Sensor de corrente HW-0522 . . . 39 xix

(20)

4.6 Microchip RN2483 . . . 40

4.7 M´odulo RN2483. . . 40

4.8 Espressif ESP8266 . . . 41

4.9 Circuito de alimenta¸c˜ao atrav´es do m´odulo AC-DC . . . 42

4.10 Conversor AC-DC 230V . . . 42

4.11 Circuito de alimenta¸c˜ao atrav´es do m´odulo de bateria . . . 43

4.12 Circuito de controlo de energia. . . 43

4.13 Circuito de controlo de comunica¸c˜oes . . . 44

4.14 Circuito da placa principal do dispositivo . . . 45

4.15 Funcionamento simplificado de uma m´aquina de estados . . . 46

4.16 Divis˜ao das m´aquinas de estado por categoria . . . 46

4.17 M´aquina da estado das comunica¸c˜oes UART . . . 47

4.18 Estrutura do pacote UDP . . . 49

4.19 M´aquina de estado dos leds . . . 50

4.20 Funcionamento do input capture. . . 51

4.21 M´aquina da estado do sensor de fluxo . . . 51

4.22 Funcionamento simplificado de uma ADC . . . 52

4.23 M´aquina da estado do sensor de corrente . . . 53

4.24 Fun¸c˜ao do gateway na arquitetura do sistema. . . 55

4.25 Dinˆamica do envio de dados em tempo real . . . 56

4.26 Diagrama do gateway. . . 57

4.27 M´odulo SIM808 . . . 58

4.28 Organiza¸c˜ao da plataforma. . . 59

4.29 Diagrama ER da base de dados. . . 60

4.30 Defini¸c˜ao do t´opico de uma mensagem MQTT . . . 62

4.31 Modelo arquitetural MVC . . . 64

4.32 Modelo de funcionamento de middleware por camadas. . . 65

4.33 Arquitetura dos middlewares da aplica¸c˜ao . . . 66

4.34 Divis˜ao de rotas por n´ıveis . . . 66

4.35 ´Arvore das rotas de administrador . . . 67

4.36 Funcionamento da assinatura digital de dados . . . 69 xx

(21)

4.37 Princ´ıpio de funcionamento do JWT . . . 71 4.38 Funcionamento do Docker . . . 74 5.1 PCB do m´odulo de alimenta¸c˜ao . . . 80 5.2 PCB do m´odulo de alimenta¸c˜ao . . . 80 5.3 PCB do m´odulo de bateria . . . 80 5.4 PCB do dispositivo . . . 81 5.5 Gateway . . . 81

5.6 P´agina inicial da plataforma . . . 82

5.7 P´agina de registo . . . 82

5.8 P´agina de login . . . 83

5.9 Dashboard do administrador . . . 83

5.10 P´agina de listagem de utilizadores . . . 83

5.11 P´agina de listagem de sensores. . . 84

5.12 P´agina de inser¸c˜ao de novo sensor . . . 84

5.13 P´agina inicial da plataforma . . . 85

5.14 P´agina com o mapa de todos os dispositivos registados . . . 86

5.15 Ficheiro CSV com os dados recolhidos por um sensor . . . 86

A.1 Balan¸co h´ıdrico de 2018 . . . 99

(22)
(23)

Acr´

onimos e abreviaturas

Lista de acr´

onimos

Sigla Expans˜ao

3G Terceira gera¸c˜ao

6LoWPAN IPv6 over Low power Wireless Personal Area Networks AC Alternating current (corrente alternada)

ACK Acknowledgement (confirma¸c˜ao)

ADC Analog-to-digital converter (Conversor anal´ogico-digital) AGERE Aguas, Efluentes e Res´ıduos de Braga´

API Application programming interface (Interface de programa¸c˜ao de aplica¸c˜oes)

AT Alta tens˜ao BT Baixa tens˜ao

CMOS Complementary Metal-Oxide-Semiconductor CoAP Constrained Application Protocol

CSV Comma-separated values

DC Direct Current (corrente cont´ınua) DNS Domain Name System

(24)

Sigla Expans˜ao

DNSSEC Domain Name System Security Extensions DNSSEC Domain Name System

EDP Energias de Portugal

EEPROM Electrically erasable programmable read-only memory EPAL Empresa Portuguesa das ´Aguas Livres

GPRS General Packet Radio Services

GSM Global System for Mobile Communications HMAC Hash message authentication code

HTTP HyperText Transfer Protocol HTTPS Hypertext Transfer Protocol Secure IoT Internet of Things (Internet das Coisas) IP Internet Protocol

JSON JavaScript Object Notation JWT JSON Web Tokens

LED Light-emitting diode (Diodo emissor de luz) LoRa Long Range

LTE Long Term Evolution MAC Medium access control

MOSFET Metal-Oxide-Semiconductor Field-Effect Transistor MQTT Message Queuing Telemetry Transport

MT M´edia tens˜ao

MVC Model-View-Controller NAT Network address translation P2P Peer-to-Peer

PHP Hypertext Preprocessor PIN subscriber identity module PPP Point-to-Point Protocol PCB Printed cirtcuit board

QoS Quality of Service (Qualidade de Servi¸co) REST Representational State Transfer

RFID Radio-Frequency Identification (Identifica¸c˜ao por r´ adio-frequˆencia)

(25)

Sigla Expans˜ao

RPL IPv6 Routing Protocol for Low Power and Lossy Networks RSA Rivest–Shamir–Adleman

SMASM Servi¸cos Municipalizados de Agua´ e Saneamento de Matosinhos

SSID Service Set Identifier SSL Secure Sockets Layer

TCP Transmission Control Protocol TTL Time to live (tempo de vida)

UART Universal asynchronous receiver-transmitter UDP User Datagram Protocol

UI User Interface

URL Uniform Resource Locator UUID Universally unique identifier Wi-Fi IEEE 802.11x

XMPP Extensible Messaging and Presence Protocol

(26)
(27)

1

Introdu¸c˜

ao

Atualmente, o mundo est´a assente numa enorme quantidade de informa¸c˜ao que circula ininterruptamente. Parte dessa informa¸c˜ao s˜ao conte´udos audiovisuais, no entanto, existe um volume cada vez maior de dados e aplica¸c˜oes de suporte dedicadas exclusivamente a ambientes de monitoriza¸c˜ao como habita¸c˜oes, carros e at´e pessoas. Com a chegada da Internet das Coisas (IoT), estas trocas de informa¸c˜ao tornar-se-˜ao mais predominantes em todas as ´areas do dia a dia e em todos os nossos dispositivos (Horan,2002).

O IoT ´e um conceito que prevˆe a conectividade entre aspetos do dia a dia utilizando o mais diverso tipo de sensores, e m´etodos de comunica¸c˜ao que trabalham cola-borativamente para obter e transmitir informa¸c˜ao importante da sua vizinhan¸ca para uma plataforma que permita ao utilizador ter acesso (Arshad et al., 2017). Por outras palavras, entende-se por IoT o ato de conectar as ”coisas”e a Internet, e utilizar essa liga¸c˜ao para fornecer uma monitoriza¸c˜ao remota ´util ou o controlo dessas ”coisas” (Chase, 2013). O aparecimento e desenvolvimento de tecnologias de IoT veio possibilitar avan¸cos em in´umeras ´areas. Uma delas ´e as contagens de luz e ´

agua, que ainda hoje s˜ao realizadas, em grande parte dos lugares, de forma manual e sem que o cliente tenha no¸c˜ao dos consumos em tempo real. Da necessidade de colmatar esta lacuna nasce a telecontagem.

(28)

2 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

A telecontagem ´e a forma digital de contagem de consumos baseado em sensores interligados e numa infraestrutura de apoio que permite a comunica¸c˜ao entre os sensores, o operador e o cliente (EDP, b). Embora grande parte dos sistemas de telecontagem atuais apresentem maior ˆenfase na parte do operador, essas mesmas t´ecnicas est˜ao hoje em dia a chegar a diversas ´areas facultando ao utilizador variados dados e estat´ısticas sobre o meio que o envolve.

1.1

Enquadramento

A ´agua, assim como a energia el´etrica, s˜ao um bem precioso e necess´ario para a atividade humana, tornando-se assim bens que necessitam e s˜ao alvo de elevados investimentos. A introdu¸c˜ao de sistemas de telecontagem que permitam a monitori-za¸c˜ao em tempo real dos consumos apresenta mudan¸cas significativas no paradigma atual, mais precisamente na redu¸c˜ao de custos e controlo de consumo, tanto da parte do distribuidor como do consumidor. Os contadores atuais n˜ao permitem ter uma vis˜ao exata que possibilite tra¸car uma rela¸c˜ao precisa entre a ´agua debitada a partir das centrais de distribui¸c˜ao e a efetivamente consumida. Qualquer fuga que haja na rede n˜ao ´e detetada pelo distribuidor, e estas s´o s˜ao detet´aveis aquando de roturas de pisos ou atrav´es de alertas de populares, muitas vezes provocando danos extremamente avultados. Esta situa¸c˜ao pode ser facilmente resolvida pela implementa¸c˜ao de um sistema de telecontagem, quer nas habita¸c˜oes, quer nos ramais de distribui¸c˜ao, sendo ent˜ao poss´ıvel gerar alertas no caso de se registar uma diferen¸ca entre o caudal consumido e o distribu´ıdo ou entre ramais consecutivos.

Utilizando como exemplo a distribui¸c˜ao de ´agua p´ublica no concelho de Santa Marta de Penagui˜ao ´e poss´ıvel ter a perce¸c˜ao das significativas perdas existentes no sistema. Como ´e poss´ıvel verificar pelo gr´afico da Figura 1.1 fornecido pela entidade competente, as perdas de ´agua chegam aos 68%. Como de momento n˜ao ´

e poss´ıvel verificar os consumos em tempo real torna-se tamb´em imposs´ıvel detetar, em tempo ´util, os locais de fuga de ´agua. O mesmo n˜ao se verifica na energia, pois, as perdas s˜ao significativamente menores e f´aceis de detetar. Para al´em disso, existe

(29)

1.2. MOTIVAC¸ ˜AO E OBJETIVOS 3

´

Agua entrada no sistema (100 %)

Perdas de ´agua (68 %) Autorizado (32 %) Perdas reais (65 %) Faturado (28 %)

Perdas aparentes (3 %)

N˜ao faturado (4 %)

Figura 1.1 – Balan¸co h´ıdrico do concelho de Santa Marta de Penagui˜ao em 2018. Fonte: Cˆamara Municipal de Santa Marta de Penagui˜ao.

a necessidade de o consumidor controlar os seus gastos em tempo real.

1.2

Motiva¸

ao e objetivos

A chegada do IoT veio alterar a forma como olhamos para praticamente tudo o que nos rodeia. Passamos a estar interligados aos equipamentos e sempre a par do seu estado, caminhando n˜ao s´o para um controlo total e em qualquer lugar, mas tamb´em para uma maior eficiˆencia. A implementa¸c˜ao de um sistema de telecontagem para ´

agua e eletricidade faculta ao cliente e ao distribuidor um melhor controlo sobre os consumos. Embora seja j´a poss´ıvel encontrar alguns sistemas de telecontagem para ´agua, estes apresentam algumas limita¸c˜oes como ser´a explicado no Cap´ıtulo 2. Por outro lado, a distribui¸c˜ao de eletricidade encontra-se mais avan¸cada neste campo muito devido `a maior facilidade de obten¸c˜ao de energia para alimentar os equipamentos.

Com a telecontagem deixa de haver a necessidade de realizar estimativas e posterior-mente acertos nas contagens uma vez que estas podem ser realizadas num pequeno intervalo de tempo, estando sempre o comercializador e o cliente a par dos consumos. Este fator ´e importante para o aumento da qualidade de servi¸co, pois atualmente e utilizando os equipamentos cl´assicos, o cliente n˜ao conhece os seus gastos at´e receber a fatura, n˜ao podendo assim controlar os seus consumos. A telecontagem visa tamb´em o corte de custos, quer no pessoal que efetua as contagens, quer nas

(30)

4 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

suas desloca¸c˜oes e permite automatizar o processo de fatura¸c˜ao. Por outro lado, a permanente informa¸c˜ao recebida sobre o estado do sistema permite o combate a tentativas de fraude ou a dete¸c˜ao de fugas.

Com base nestes aspetos, este trabalho visa o desenvolvimento de uma arquitetura para um sistema de telecontagem. A primeira parte pretende informar sobre as mais variadas solu¸c˜oes existentes atualmente ao n´ıvel de contagem, e tecnologias de suporte, com exemplos de sistemas em funcionamento. Esta investiga¸c˜ao servir´a de base te´orica ao desenvolvimento do sistema. Al´em disso, pretende-se tamb´em dar a conhecer de que forma o IoT pode alterar o paradigma da telecontagem, isto ´e, como podem ser utilizadas tecnologias de IoT de forma a tornar os servi¸cos de ´agua e energia interligado com o utilizador e distribuidor.

O desenvolvimento da arquitetura ser´a dividido em trˆes partes principais, o disposi-tivo para efetuar a contagem, um gateway para recolha de dados e uma plataforma para apresenta¸c˜ao dos dados recolhidos.

Para efetuar a contagem pretende-se assim desenvolver um dispositivo ´unico que possa ser utilizado para realizar tanto as contagens de ´agua como de eletricidade. Tal dispositivo deve ter em mente os seguintes aspetos:

• Ser um sistema modular. O mesmo dispositivo pode ser acoplado de diferentes sensores dependendo se pretende fazer a contagem de ´agua ou eletricidade; • No caso de um contador para ´agua, a alimenta¸c˜ao dever´a ser feita atrav´es de

uma bateria que ´e carregada com um hidrogerador. Caso seja para efetuar contagens de eletricidade este ser´a alimentado por um transformador ligado ao quadro;

• Efetuar a comunica¸c˜ao utilizando a tecnologia LoRa ou Wi-fi sobre diversas configura¸c˜oes de rede, espec´ıficas para casos particulares.

O gateway de recolha de dados ser´a apenas utilizado em situa¸c˜oes espec´ıficas. Este deve ter a capacidade de:

(31)

1.3. ORGANIZAC¸ ˜AO DA DISSERTAC¸ ˜AO 5

• Recolher dados de v´arios sensores;

• Encaminhar esses dados para serem guardados.

Por fim, como ferramenta de visualiza¸c˜ao e agrega¸c˜ao de dados pretende-se desen-volver uma plataforma que permita ao utilizador ver as suas contagens. Os objetivos para esta plataforma s˜ao os seguintes:

• Possibilidade de visualizar os consumos em tempo real; • Apresentar um hist´orico de contagens;

• Apresentar a evolu¸c˜ao temporal dos consumos;

• Possibilidade de atribuir v´arios sensores a um s´o cliente.

Estas trˆes partes trabalharam em simultˆaneo e encontrar-se-˜ao interligadas para o funcionamento do sistema.

1.3

Organiza¸

ao da disserta¸

ao

Este documento foi divido em 6 cap´ıtulos de forma a apresentar o trabalho desen-volvido durante a disserta¸c˜ao, come¸cando com o atual cap´ıtulo introdut´orio. Neste, ´

e feita uma pequena apresenta¸c˜ao dos conceitos abordados, assim como, ´e feito o enquadramento do tema. Para al´em disso, s˜ao tamb´em abordadas as motiva¸c˜oes e objetivos.

O segundo cap´ıtulo diz respeito ao estado da arte e aqui s˜ao expostas as mais variadas tecnologias desenvolvidas no que diz respeito a telecontagens, Internet of Things, redes sensores, m´etodos de aquisi¸c˜ao de dados, m´etodos de comunica¸c˜ao, entre outros. ´E tamb´em feita uma discuss˜ao relativa a problemas e vantagens de cada sistema apresentado.

O terceiro cap´ıtulo explica de forma mais aprofundada o conceito de IoT, debru-¸cando-se sobre a evolu¸c˜ao da sua defini¸c˜ao, as v´arias arquiteturas, protocolos de

(32)

6 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

comunica¸c˜ao, aplica¸c˜oes, mas tamb´em, a cada vez mais importante, seguran¸ca e privacidade.

O quarto cap´ıtulo trata da apresenta¸c˜ao de uma proposta para uma arquitetura de um sistema de telecontagem, iniciando com uma listagem dos requisitos do sistema. ´E explicado o seu funcionamento global atrav´es de um diagrama funcional que facilitar´a a compreens˜ao e interliga¸c˜ao das diversas tecnologias presentes. ´E tamb´em analisado o hardware e o software desenvolvidos, quer para a contagem propriamente dita, quer para a plataforma web que permite ao utilizador consultar os seus consumos.

O quinto cap´ıtulo cont´em a implementa¸c˜ao e os resultados obtidos.

Este documento termina com o sexto cap´ıtulo onde s˜ao apresentadas as conclus˜oes do projeto e o trabalho futuro.

(33)

2

Estado da Arte

O homem, na sua vida di´aria, n˜ao vive sem a utiliza¸c˜ao de ´agua pot´avel, seja para satisfazer as suas necessidades mais b´asicas como confecionar alimentos ou simplesmente tomar banhos. A ´agua pot´avel tornou-se um bem que ´e preciso gerir com elevado rigor. O crescimento de grandes aglomerados populacionais, antigamente servidos por fontan´arios p´ublicos, obrigou os diversos pa´ıses a desenvol-ver canais, cada vez de maior dimens˜ao, para satisfazer as necessidades de ´agua da popula¸c˜ao. Este desenvolvimento n˜ao se efetivou s´o atrav´es do transporte da ´agua, levou tamb´em `a necessidade de explorar a capta¸c˜ao, quer de rio, quer de furo, e ao seu tratamento. Se olharmos `a popula¸c˜ao mundial, s˜ao milhares de quil´ometros de rede de distribui¸c˜ao e s˜ao milh˜oes de metros c´ubicos de ´agua consumidos diariamente. Os enormes gastos na manuten¸c˜ao dos meios de obten¸c˜ao e distribui¸c˜ao, e o consumo muitas vezes desmesurado deste bem cada vez mais precioso, levou os governos `a obriga¸c˜ao da aplica¸c˜ao de contadores individuais, na utiliza¸c˜ao de uso dom´estico, comercial ou industrial. Esta obriga¸c˜ao de contadores serviu n˜ao s´o para pagar os gastos efetuados com a distribui¸c˜ao, mas tamb´em incutir no cliente a necessidade de poupar e controlar o consumo da ´agua. E, no fundo, a regra do utilizador´ pagador, quem mais gasta mais paga e a um pre¸co mais elevado. Os contadores da ´agua tiveram o seu percurso ao longo da hist´oria. Um contador de ´agua ´e um

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8 CAP´ITULO 2. ESTADO DA ARTE

instrumento concebido para medir e registar o consumo de ´agua gasta permitindo uma utiliza¸c˜ao mais racional por parte do consumidor evitando desperd´ıcios e uma melhor preserva¸c˜ao de um bem essencial.

A evolu¸c˜ao no consumo di´ario e a massifica¸c˜ao de contadores levou `a necessidade de introduzir novos meios de contagem, mais simples e mais eficientes. As empresas distribuidoras de ´agua tˆem procurado desenvolver esses meios e ´e assim que surge o investimento em contadores inteligentes com leituras em tempo real e com uma enorme economia de esfor¸cos.

A telecontagem come¸cou a ser implementada muito mais cedo na rede de distribui¸c˜ao el´etrica quando comparada com a ´agua. Esta raz˜ao deve-se principalmente, no caso da ´agua, `a dificuldade de alimenta¸c˜ao e comunica¸c˜ao, o que n˜ao acontece na energia. Este capitulo apresenta uma breve descri¸c˜ao de implementa¸c˜oes de telecontagem realizadas a n´ıvel nacional e internacional.

Em Espanha foi implementado, em 2007, um sistema de telecontagem baseado na tecnologia Zigbee (Struklec and Bilasˇ , 2007), onde eram utilizados gateways que recolhiam os dados de diversos contadores e os encaminhavam para um sistema de fatura¸c˜ao atrav´es de GSM. Devido `as limita¸c˜oes de energia, os dispositivos apenas tinham um alcance de 220 m.

Mais recentemente tem vindo a ser utilizada a tecnologia LoRa e LoRaWAN na China (Steve Rogerson), onde se prevˆe que at´e ao fim de 2019 sejam instalados 80 gateways e milhares de contadores em 72 distritos residenciais.

Segundo Dias (2008), em Portugal Continental todas as instala¸c˜ao de clientes de m´edia tens˜ao (MT), alta tens˜ao (AT) muito alta tens˜ao (MAT) se encontram in-seridas no sistema de telecontagem no seguimento do programa de substitui¸c˜ao de equipamentos de medida promovido a partir de 2005. Atualmente, todos os circuitos de ilumina¸c˜ao p´ublica, cerca de 60 000, se encontram tamb´em neste programa. No caso de clientes residenciais a Energias de Portugal (EDP) instalou at´e Maio de 2019 mais de 2 milh˜oes de Energy Box e espera que em 2025 a totalidade dos clientes

(35)

9

possa ser abrangida por contadores inteligentes (EDP, a).

Ao n´ıvel do controlo dos consumos privados a EDP lan¸cou tamb´em em 2017 o Re:dy (Figura 2.1).

Figura 2.1 – EDP Re:dy. Retirado deEDP Comercial.

Este ´e um servi¸co que permite aos consumidores residenciais gerirem, de uma forma integrada, toda a energia de sua casa em tempo real a partir do seu computador ou smartphone.

Tem como objetivos a redu¸c˜ao de custos e otimiza¸c˜ao da utiliza¸c˜ao de uma forma simples e pr´atica (EDP Inova¸c˜ao). Esta aplica¸c˜ao gera relat´orios que incluem dados de consumo di´ario, por per´ıodo tarif´ario, por equipamento e an´alise da potˆencia contratada. A recolha dos dados de consumo do contador geral e equipamentos individuais ´e realizada atrav´es da instala¸c˜ao de uma box. Esta box comunica com os contadores inteligentes e com as tomadas Re:dy plug, que permitem medir os o consumo dos equipamentos a elas ligados como tamb´em ligar e desligar os mesmos. Por outro lado, no que diz respeita contadores de ´agua inteligentes vˆe-se uma menor implementa¸c˜ao quando comparado com o ramo da energia.

Em 2008,Resende(2008) e em 2011 Malheiro(2011) fizeram uma revis˜ao dos v´arios projetos e sistemas de telecontagem em uso em Portugal. De estes, destacam-se os seguintes.

(36)

10 CAP´ITULO 2. ESTADO DA ARTE

2.1

Aguas, Efluentes e Res´ıduos de Braga

´

Em 2006 a ´Aguas, Efluentes e Res´ıduos de Braga (AGERE) deu inicio a um projeto para a instala¸c˜ao de dispositivos de telecontagem em clientes residenciais, sendo que 15 000 dos 77 000 clientes j´a tem a telecontagem instalada. SegundoResende(2008), ´

e um sistema que utiliza radiofrequˆencia para transmitir a leitura dos contadores de 8 em 8 segundos tendo cerca de 300 m de alcance. A leitura ´e realizada por uma viatura que percorre um trajeto predefinido a uma velocidade reduzida e capta os dados para um coletor, um datalogger. Este sistema foi desenvolvido pela Enermeter e faz parte um sistema multi-utilitie, com capacidade para efetuar leituras de ´agua, eletricidade e g´as.

Ap´os as leitura, todos os dados s˜ao transferidos para uma base de dados e posteri-ormente para o sistema de fatura¸c˜ao.

A Enermeter encontra-se tamb´em a desenvolver um sistema de gest˜ao de anomalias e dete¸c˜ao de furtos do radiotransmissor, intrus˜oes, entre outros.

2.2

Servi¸

cos Municipalizados de ´

Agua e

Sanea-mento de Matosinhos

Nos Servi¸cos Municipalizados de ´Agua e Saneamento de Matosinhos (SMASM) a primeira implementa¸c˜ao de um sistema de telecontagem ocorreu no ano de 1998, sendo o primeiro a n´ıvel nacional. Numa primeira fase, este equipamento foi instalado em edif´ıcios com o m´ınimo de 18 fra¸c˜oes, tendo passado a ser instalado em todas as constru¸c˜oes `a exce¸c˜ao de moradias ´unicas Resende(2008).

Os SMAS utilizam equipamentos de trˆes empresas distintas pelo que usam trˆes arquiteturas semelhantes mas diferentes. Todas est˜ao assentes no protocolo Mbus. Cada contador tem a si acoplado um dispositivo que converte impulsos mecˆanicos em el´etricos o que permite que os consumos sejam lidos por um concentrador a eles

(37)

2.3. EMPRESA PORTUGUESA DAS ´AGUAS LIVRES 11

ligado. Este concentrador encontra-se por sua vez ligado a um modem que envia as contagens de dois em dois meses.

Foram tamb´em salientados alguns problemas que afetam estes equipamentos como a discrepˆancia entre valores medidos e enviados, dificuldade de capta¸c˜ao de rede e avarias.

2.3

Empresa Portuguesa das ´

Aguas Livres

Segundo Medeiros et al. (2007), em 2001 a Empresa Portuguesa das ´Aguas Livres (EPAL) iniciou a implementa¸c˜ao da telecontagem com cerca de 400 dispositivos. Este era um sistema que efetuava leituras a cada segundo e acabou por fracassar devido a falhas e fraca prepara¸c˜ao dos equipamentos para aguentarem a grande quantidade de dados. No entanto, ainda no mesmo ano lan¸caram dois novos projetos em telecontagem para pequenos consumidores e foram instalados `a volta de 250 contadores baseados, tal como nos SMAS de Matosinhos, no protocolo MBus e utilizando concentradores e modems.

Foram tamb´em realizadas experiˆencias utilizando radiofrequˆencia em que as leituras eram enviadas para um concentrador por RF.

O sistema utilizado pela EPAL permitia tamb´em a instala¸c˜ao de uma eletrov´alvula com o objetivo de proceder a cortes no caso de falta de pagamento ou fugas.

2.4

An´

alise

Da revis˜ao dos sistemas de telecontagem as ser utilizados a n´ıvel nacional tanto para ´agua como energia ´e poss´ıvel encontrar alguns pontos em que estes podem ser melhorados.

Apesar da grande semelhan¸ca entre os v´arios sistemas existem diferen¸cas fundamen-tais ao n´ıvel da arquitetura e protocolos que os impedem de funcionar em conjunto

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12 CAP´ITULO 2. ESTADO DA ARTE

e criar uma rede unificada.

Nenhum dos sistemas apresenta a capacidade de poder informar o cliente e o comerci-alizador em tempo real dos consumos sendo que os equipamentos foram desenvolvidos de forma a simular uma contagem realizada por um trabalhador visto que em alguns casos estas s´o acontecem a cada dois meses.

(39)

3

Internet das Coisas

O IoT ´e um termo recente e, ao mesmo tempo, antigo. Foi inicialmente mencionado por Kevin Ashton, em 1999, numa apresenta¸c˜ao onde ligou a ideia de identifica¸c˜ao por r´adio-frequˆencia (RFID) `a ent˜ao recente Internet (Bude and Kervefors Ber-gstrand, 2015). Desde ent˜ao o uso do termo disparou. De acordo com a Cisco, em 2003 existiam aproximadamente 6,3 bili˜oes de pessoas no planeta e 500 milh˜oes de dispositivos ligados `a Internet. O crescimento explosivo de smartphones e outros dispositivos, elevou este n´umero para 12,5 bili˜oes, tornando o n´umero de dispositivos por pessoa superior a um (Evans, 2011).

Por esta raz˜ao ´e necess´ario definir uma estrutura e plano de desenvolvimento para a rede de forma que esta se possa crescer.

3.1

Conceitos e arquitetura

O conceito do IoT assenta primordialmente em sensores, redes de comunica¸c˜ao e processamento de eventos. Estes trˆes blocos base tˆem ao longo dos anos vindo a ser utilizados de forma individual, no entanto, o IoT tenta criar uma rede unificada de smart objects controlada, se necess´ario, por humanos que devem ser capazes de

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14 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

forma ub´ıqua comunicar com os dispositivos e estes entre si. No que diz respeito a sistemas distribu´ıdos, a interconectividade entre entidades ´e um requerimento cr´ıtico, e o IoT ´e um bom exemplo disso (Khodadadi et al.,2017). Uma arquitetura hol´ıstica para o IoT deve garantir a escalabilidade, flexibilidade, interoperabilidade e seguran¸ca. A escalabilidade ganha um papel principal no desenvolvimento destas redes visto o n´umero de equipamentos crescer de forma exponencial. O termo escal´avel significa gerir a conectividade entre uma enorme quantidade de disposi-tivos sem que esta cause uma degrada¸c˜ao do desempenho da rede. No paradigma do IoT, a interliga¸c˜ao entre dispositivos ´e fundamental e ´e necess´ario os equipamentos de diferentes fabricantes poderem comunicar entre si pelo que devem ser adotados standards para que estes sejam flex´ıveis na sua comunica¸c˜ao de forma a garantir a interoperabilidade em cen´arios heterog´eneos.

Aplica¸c˜oes diferentes apresentam diferentes necessidades ao n´ıvel arquitetural, isto ´

e, dependendo do tipo de dados que necessitam de transmitir e do seu car´ater de urgˆencia. A t´ıtulo de exemplo, uma aplica¸c˜ao de monitoriza¸c˜ao com um baixo data rate tˆem diferentes requisitos de uma aplica¸c˜ao que envolva dados em tempo real. Desta forma, a arquitetura deve ser inteligente ao ponto de gerir liga¸c˜oes de acordo com as suas necessidades (Yaqoob et al., 2017).

O IoT n˜ao ´e composto apenas de uma simples tecnologia, mas sim de uma combina¸c˜ao de v´arias que trabalham em conjunto. Sensores e atuadores s˜ao dispositivos que tˆem como objetivo realizar a intera¸c˜ao com o mundo f´ısico, na forma sensorial ou em resposta a um est´ımulo, provocando uma mudan¸ca no ambiente, como, por exemplo, a varia¸c˜ao da temperatura. Os dados recolhidos devem ser armazenados e processados de forma inteligente com o objetivo de inferir informa¸c˜ao ´util.

N˜ao existe, no que diz respeito a uma arquitetura para o IoT, um consenso universal. Pelo contr´ario, v´arias arquiteturas tˆem sido propostas ao longo dos anos por dife-rentes investigadores. A arquitetura mais b´asica ´e representada por trˆes camadas como mostra a Figura 3.1 A e foi apresentada nos prim´ordios da investiga¸c˜ao nesta ´

(41)

3.1. CONCEITOS E ARQUITETURA 15

• Camada de Perce¸c˜ao, ´e a camada f´ısica que possui os sensores para recolha de dados sobre o ambiente envolvente. Pode recolher parˆametros de estado ou sobre outros smart objects nas redondezas.

• Camada de Rede, ´e respons´avel pela liga¸c˜ao entre smart objects, dispositivos de rede e servidores.

• Camada de Aplica¸c˜ao, est´a encarregue de fornecer servi¸cos ao utilizador. Define in´umeras aplica¸c˜oes nas quais o IoT pode ser aplicado, por exemplo, casas inteligentes.

A arquitetura em trˆes camadas consegue explicar a ideia principal do IoT, no en-tanto, a n´ıvel de investiga¸c˜ao n˜ao ´e suficiente pois, esta, normalmente foca-se em detalhes mais pequenos n˜ao mencionados em nenhuma das camadas.

Camada de Neg´ocio Camada de Aplica¸c˜ao Camada de Processamento Camada de Transporte Camada de Perce¸c˜ao B Camada de Aplica¸c˜ao Camada de Rede Camada de Perce¸c˜ao A

Figura 3.1 – Arquitetura de uma plataforma IoT. Divis˜ao em 3 camadas (A) e em 5 camadas (B). Adaptado deSethi and R. Sarangi (2017).

Da necessidade de definir mais precisamente uma arquitetura surgiram outras pro-postas. Uma delas ´e a da Figura 3.1 B, em que passam a existir cinco camadas. Este modelo, como descrito por Khan et al. (2012), ´e constitu´ıdo pelas seguintes camadas:

• Camada de Perce¸c˜ao, consiste em objetos f´ısicos e dispositivos sensoriais, que dependem da aplica¸c˜ao em causa. Os sensores podem ser do mais variado tipo como de temperatura, humidade, movimento, entre outros. A informa¸c˜ao

(42)

16 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

recolhida ´e, ent˜ao, passada `a camada de transporte para a sua transmiss˜ao segura at´e ao processamento.

• Camada de Transporte, ou camada de Rede, ´e respons´avel por transferir a informa¸c˜ao de forma segura entre os sensores e a unidade de processamento. O meio de transmiss˜ao pode ser com ou sem fios e a tecnologia Wi-fi, 3G, LoRa, etc dependendo dos requisitos da liga¸c˜ao.

• Camada de Processamento. Dispositivos sobre uma rede IoT implementam diversos tipos de servi¸cos. Cada dispositivo comunica apenas com dispositivos que implementam o mesmo tipo de servi¸co. Esta camada ´e respons´avel pela gest˜ao dos servi¸cos e a sua interliga¸c˜ao. Encontra-se tamb´em ligada `a base de dados e realiza processamento sobre os dados tomando decis˜oes aut´onomas sobre os resultados obtidos.

• Camada de Aplica¸c˜ao. Esta camada oferece uma gest˜ao global da aplica¸c˜ao a partir de dados processados pela camada anterior. Smart cities s˜ao um exemplo de uma aplica¸c˜ao implementada pelo IoT.

• Camada de Neg´ocio. Esta camada trata da gest˜ao geral do sistema IoT incluindo aplica¸c˜oes e servi¸cos. ´E tamb´em aqui que s˜ao apresentados modelos, gr´aficos e diagramas baseados nos dados recebidos da camada de aplica¸c˜ao. O sucesso da tecnologia IoT depende profundamente do modelo de neg´ocio, que ´e baseado na an´alise dos resultados apresentados por esta camada.

A an´alise da Figura3.2 permite compreender de que forma se encontra dividido um sistema completo de IoT.

3.2

Gest˜

ao de recursos

O IoT pode ser visto como um diagrama com in´umeros n´os com diferentes capa-cidades ao n´ıvel de recursos, pelo que a sele¸c˜ao e aprovisionamento dos mesmos tem um forte impacto na qualidade de servi¸co (QoS) da aplica¸c˜ao. Dependendo da

(43)

3.2. GEST ˜AO DE RECURSOS 17

Camada de Neg´ocio Diagramas Gr´aficos

Sistema de gest˜ao

Camada de Aplica¸c˜ao Gest˜ao global

Camada de Processamento Base de dados Processamento

Gest˜ao de servi¸cos Camada de Transporte Wi-fi, 4G, LoRa, etc

Seguran¸ca

Camada de Perce¸c˜ao Objetos f´ısicos Sensores

Figura 3.2 – Arquitetura detalhada IoT em 5 camadas. Adaptado de Khan et al.(2012).

situa¸c˜ao, estes recursos, podem significar objetos f´ısicos ou servi¸cos fornecidos pelos mesmos. Esta gest˜ao apresenta uma enorme importˆancia em sistemas distribu´ıdos e tem sido alvo de v´arios estudos. O IoT apresenta-se como um sistema distribu´ıdo em larga escala onde o seus constituintes tˆem um elevado grau de heterogeneidade de hardware e software, para al´em de os contextos de execu¸c˜ao serem extremamente dinˆamicos, o que dificulta ainda mais a sua gest˜ao. Esta, deve ser capaz de descobrir e identificar todos os recursos dispon´ıveis e maximizar a sua utiliza¸c˜ao, que pode ser na forma de custo, energia ou desempenho.

A grande quantidade de dados gerados pelos dispositivos IoT, em aplica¸c˜oes do mundo real, imp˜oe a necessidade de elevado poder de processamento e armaze-namento de forma a transformar os dados recolhidos em informa¸c˜ao ´util. Algumas aplica¸c˜oes s˜ao mais sens´ıveis `a latˆencia enquanto outras requerem um processamento

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18 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

mais complexo.

Segundo Fl´avia C. Delicato(2017), em sistemas distribu´ıdos a aplica¸c˜ao corre sobre infraestruturas dimensionadas para o pior cen´ario, isto ´e, uma situa¸c˜ao em que a utiliza¸c˜ao m´axima do sistema ´e garantida, podendo os recursos estar sobre-utilizados na maioria do tempo. Assim, mecanismos de aloca¸c˜ao de recursos em plataformas IoT aplicam estrat´egias sofisticadas e algoritmos para melhor alocar recursos f´ısicos e virtuais. Durante o tempo de execu¸c˜ao, tais mecanismos de monitoriza¸c˜ao super-visionam o estado da infraestrutura de forma a acomodar exigˆencias imprevistas de forma escal´avel e dinˆamica. Um dos requerimentos do IoT ´e a capacidade de proces-samento em tempo real. Estes sistemas lidam com centenas ou milhares de pedidos paralelos e algumas aplica¸c˜oes exigem uma resposta imediata, enquanto outras tˆem um maior grau de liberdade, desta forma, ´e necess´ario desenvolver estrat´egias de prioriza¸c˜ao para garantir o funcionamento de todas as aplica¸c˜oes.

De forma a poderem ser utilizados os recursos ´e necess´ario aplicar mecanismos de descoberta e monitoriza¸c˜ao que funcionem de forma aut´onoma dadas as dimens˜oes da rede. Tais mecanismos dependem de outros servi¸cos como a gest˜ao, o registo e a comunica¸c˜ao. Isto torna a descoberta de recursos fundamental para o bom funcionamento de uma plataforma de IoT.

De acordo comDatta et al.(2015), os mecanismos cl´assicos de descoberta utilizados baseados web n˜ao s˜ao adequados ao IoT devido aos diferentes requisitos do sistema. Assim, existem diversas frameworks de descoberta baseadas em tecnologias diferen-tes.

3.2.1

Arquitetura centralizada

Este ´e o m´etodo mais simples de fazer a gest˜ao e descoberta de recursos. Os servi¸cos dispon´ıveis de ser utilizados s˜ao registados numa entidade centralizada. Um exemplo de uma framework deste tipo ´e a descrita por Br¨oring et al. (2016).

(45)

3.2. GEST ˜AO DE RECURSOS 19

Cliente Diret´orio Recurso

registo

query

resultado

Figura 3.3 – Exemplo de framework de descoberta centralizada. Adaptado deBr¨oring et al.

(2016).

objects de acordo com o seu dom´ınio. Esta solu¸c˜ao utiliza diret´orios como entidade central, estas agregam recursos de dom´ınio semelhante. Exemplos de diret´orios podem ser, sensores de humidade, sensores de temperatura. Cada um destes, armazena os dados sobre os sensores desse tipo, facilitando a procura. Como ´e poss´ıvel ver na Figura 3.3, um recurso quando ´e adicionado `a rede envia uma mensagem de registo ao diret´orio. Esta mensagem ir´a conter os servi¸cos que esse recurso pode disponibilizar e ficar´a armazenada. Quando um cliente pretende en-contrar um recurso, ´e enviada uma query de procura ao diret´orio que responde ao cliente.

3.2.2

Arquitetura distribu´ıda e P2P

Outro m´etodo mais complexo de realizar a procura de recursos ´e a utiliza¸c˜ao de uma arquitetura distribu´ıda. A filosofia por detr´as destes sistemas ´e peer-to-peer (P2P).Paganelli and Parlanti(2012) apresentou uma solu¸c˜ao que adota uma t´ecnica de tabelas de hashing distribu´ıdas. Esta solu¸c˜ao ´e baseada numa rede P2P e apresenta algumas caracter´ısticas, em certos cen´arios vantajosas, em rela¸c˜ao a uma arquitetura centralizada. Permite procuras baseadas em distˆancia e procuras por

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20 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS v´arios atributos. Peer Peer Peer Peer Cliente Recurso Cliente Recurso Cliente Recurso Cliente Recurso

Figura 3.4 – Exemplo de framework de descoberta baseada em comunica¸c˜ao P2P. Adaptado deLiu et al.(2013).

Liu et al. (2013) explica de que forma funciona uma solu¸c˜ao de descoberta P2P. O sistema de descoberta de recursos apresentada consiste num n´umero de peers conectados numa configura¸c˜ao P2P. Cada um destes peers ´e respons´avel pelo registo e descoberta de recursos e encontra-se dividido em 3 camadas. A camada superior ´

e um proxy e tem a fun¸c˜ao de comunicar com clientes e recursos. A camada central cont´em o registo de recursos e as suas informa¸c˜oes. A ´ultima camada implementa um protocolo de comunica¸c˜ao P2P.

3.3

Gest˜

ao e an´

alise de dados

De acordo com Garlasu et al. (2013), big data ´e um termo relativamente novo que teve origem na necessidade das grandes empresas tecnol´ogicas de analisar enormes quantidades de dados. O conceito ´e muitas vezes descrito atrav´es de trˆes termos: volume, velocidade e variedade (Gandomi and Haider, 2015).

Ao n´ıvel do IoT s˜ao necess´arias considera¸c˜oes especiais de forma a processar grandes quantidades de informa¸c˜ao em ambientes t˜ao heterog´eneos e distribu´ıdos como os descritos anteriormente. At´e certo ponto, os procedimentos relacionados com o big data como aquisi¸c˜ao de dados, filtragem, transmiss˜ao e an´alise podem ser aplicados

(47)

3.3. GEST ˜AO E AN ´ALISE DE DADOS 21

para satisfazer os requerimentos do IoT.

Com o foco nos termos anteriores, surgiram duas abordagens distintas de lidar com o processamento de dados, o processamento em lote e em tempo real (fluxo). Cada um destes m´etodos tem as suas vantagens e desvantagens sendo que a escolha vai recair sobre a aplica¸c˜ao em que ser´a aplicado.

3.3.1

Processamento em lote

Neste tipo de cen´ario, os dados s˜ao recolhidos e armazenados, e posteriormente, processados em lotes de tamanho predefinido. Um exemplo onde pode ser aplicado o processamento em lote ´e num sensor de temperatura que realiza recolha de valores a cada minuto guardando-os numa base de dados. Ao fim do dia s˜ao processados os dados para calcular a temperatura m´edia. Uma alternativa, seria calcular a m´edia a cada valor inserido, no entanto, ´e uma op¸c˜ao pouco eficiente.

Esta abordagem pode ser utilizada em diversos cen´arios, num contexto de grandes volumes de dados, em que o processamento leva um tempo significativo. Segundo a Microsoft Azure (2018a), este tipo de arquitetura pode ser dividida em cinco componentes l´ogicos como mostra a Figura 3.5.

Armazenamento de dados Processamento em lote Arquivo de dados anal´ıticos Orquestra¸c˜ao

Fluxo de Dados An´alises Relat´orios

Figura 3.5 – Organiza¸c˜ao de um cen´ario de processamento em lote. Adaptado deMicrosoft Azure (2018a).

(48)

22 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

O armazenamento de dados ´e geralmente um arquivo de ficheiros que serve como reposit´orio para grandes volumes de dados em diversos formatos. E geralmente´ denominado de data lake. O processamento em lote deve assim ocorrer, devido `

a natureza de grande volume dos dados, em lotes de execu¸c˜ao onde s˜ao filtrados, agregados e preparados para ser analisados. O arquivo de dados anal´ıticos tem a fun¸c˜ao de armazenar os arquivos resultantes do processamento num formato estruturado. Geralmente o armazenamento de dados ´e realizado em lotes organizados por janelas temporais. Estes arquivos ser˜ao depois utilizados para gerar an´alises e relat´orios. De forma a interligar as diferentes componentes, ´e necess´ario realizar uma orquestra¸c˜ao.

3.3.2

Processamento em tempo real

O processamento em tempo real tem como objetivo lidas com fluxos de dados obtidos em tempo real e processar estes com uma latˆencia m´ınima de forma a gerar relat´orios quase em tempo real. Este tipo de implementa¸c˜ao deve ser utilizada em aplica¸c˜oes com necessidades temporais como, por exemplo, uma solu¸c˜ao de monitoriza¸c˜ao de tr´afego em tempo real, onde os sensores podem ter de atualizar um mapa de congestionamento e onde dados antigos n˜ao apresentam valor (Microsoft Azure,

2018b). Consumo de dados Processamento em tempo real Arquivo de dados anal´ıticos

Fluxo de Dados Armazenamento An´alises Relat´orios

Figura 3.6 – Organiza¸c˜ao de um cen´ario de processamento em tempo real. Adaptado deMicrosoft Azure (2018b).

(49)

3.4. PROTOCOLOS DE COMUNICAC¸ ˜AO 23

Assim, o processamento em tempo real ´e definido como um processo de fluxo com requisitos de latˆencia muito curto.

O principal desafio deste tipo de solu¸c˜ao ´e receber, processar e armazenar os dados em tempo real, devido ao grande volume, de forma a n˜ao bloquear a pipeline, mas tamb´em a capacidade de agir sobre esses mesmos dados rapidamente, como gerar alertas.

A Figura3.6 apresenta uma arquitetura geral de uma solu¸c˜ao de processamento em tempo real e encontra-se dividida nos seguintes componentes: consumo de dados, processamento em tempo real e arquivo de dados anal´ıticos. O consumo de dados ´e utilizado para armazenar temporariamente os dados para estes serem posteriormente processados. Normalmente isto ´e feito por um mediador de dados que os guarda em mem´oria devido `a sua relativa volatilidade. O processamento em tempo real, permite que ap´os a captura em tempo real os dados sejam filtrados, agregados e de seguida analisados. O arquivo de dados anal´ıticos, tal como no processamento em lote, tem a fun¸c˜ao de preparar os resultados do processamento e disponibilizar estes dados num formato estruturado para ser consultado.

3.4

Protocolos de comunica¸

ao

De acordo comKhodadadi et al.(2017), o IoT, do ponto de vista de rede e comunica-¸c˜ao, pode ser visto como uma agrega¸c˜ao de diferentes redes e tecnologias como redes m´oveis (3G, 4G, etc.), WLANs, entre outras.

Com o surgimento de protocolos de comunica¸c˜ao focados em meios locais e urbanos, como o Wi-Fi, Bluetooth ou LoRa, desenvolver uma rede de objetos tornou-se mais f´acil. No entanto, a aplica¸c˜ao de protocolos que liguem estas diferentes tecnologias tornou-se mais complexo.

(50)

24 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

Camada de Aplica¸c˜ao CoAP HTTP Camada de Transporte UDP TCP

Camada de Rede IPv4 IPv6 Camada Phy/MAC Bluetooth Wi-Fi LoRa

Figura 3.7 – Aqruitetura de comunica¸c˜ao de solu¸c˜ao IoT. Adaptado de Khodadadi et al.

(2017).

3.4.1

Camada Phy/MAC

Esta camada refere-se `as duas ´ultimas camadas do modelo OSI. Segundo Day and Zimmermann (1984), camada Physical fornece o acesso el´etrico e funcional ao meio f´ısico e especifica de que forma o dispositivo deve enviar e receber informa¸c˜ao. Esta camada pode tamb´em ser denominada de MAC (Medium access control ). Em aplica¸c˜oes IoT ´e tamb´em responsabilidade desta camada a divis˜ao da informa¸c˜ao em frames para esta ser transmitida. Os protocolos mais utilizados nesta camada s˜ao os seguintes: IEEE 802.15.4, Wi-Fi, LTE, LoRa, entre outros.

3.4.2

Camada de Rede

A camada de rede permite obter independˆencia entre a tecnologia de transferˆencia de dados e as considera¸c˜oes de roteamento, escondendo todas as peculiaridades do meio de transporte. De acordo com as especifica¸c˜oes do dispositivo os meios e protocolos de comunica¸c˜ao variam, sendo os mais comuns o IPv6, 6LoWPAN (IPv6 over Low power Wireless Personal Area Networks) e RPL (IPv6 Routing Protocol for Low Power and Lossy Networks) (Anna Gerber, 2018).

(51)

3.5. APLICAC¸ ˜OES 25

3.4.3

Camada de Transporte

O prop´osito da camada de transporte ´e fornecer uma transferˆencia de dados trans-parente entre sistemas, de forma confi´avel e econ´omica (Day and Zimmermann,

1984).

Esta camada prevˆe dois protocolos distintos, o TCP (Transmission Control Protocol ) e o UDP (User Datagram Protocol ). O TPC ´e um protocolo orientado a liga¸c˜oes confi´aveis, permitindo a entrega dos dados sem erros. Para isso, ´e controlada a velocidade de transmiss˜ao de forma a n˜ao superar a velocidade da rede. Al´em disso, ´e tamb´em utilizado um sistema de confirma¸c˜ao de pacotes atrav´es do envio de confirma¸c˜oes, ou acknowledgments (ACK). O UDP ´e um protocolo n˜ao orientado `a liga¸c˜ao, ou seja, n˜ao existe a garantia de entrega de pacotes, sendo este um protocolo mais leve devido ao reduzido tamanho do overhead.

3.4.4

Camada de Aplica¸

ao

A camada de aplica¸c˜ao ´e a camada de abstra¸c˜ao que re´une os protocolos de comunica-¸c˜ao ponto-a-ponto. Existem in´umero protocolos nesta camada como o HTTP, CoAP ou XMPP (Anna Gerber,2018). No entanto, o modelo de publica¸c˜ao/subscri¸c˜ao ´e o m´etodo mais comum de troca de informa¸c˜ao em sistemas distribu´ıdos devido `a sua simplicidade. Um exemplo de protocolo ´e o MQTT (Message Queuing Telemetry Transport ). Em cen´arios dinˆamicos, este tipo de protocolo ´e eficiente devido ao uso de notifica¸c˜oes push e filas de espera para a entrega de mensagens. Outro tipo de protocolos como o HTTP apenas suporta modelos de pedido/resposta pelo que ´e menos utilizado em ambiente IoT.

3.5

Aplica¸

oes

O conceito do IoT baseia-se na intera¸c˜ao entre dispositivos, objetos, infraestruturas e ambiente. As aplica¸c˜oes de IoT tˆem, cada vez mais, um grande impacto na vida

(52)

26 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

de todos. Hoje em dia, muitos equipamentos dom´esticos trabalham em conjunto de forma a fornecer um servi¸co unificado e n˜ao como dispositivos a funcionar inde-pendentemente. Este tipo de intera¸c˜ao ´e fundamental para aplica¸c˜oes e servi¸cos do dia-a-dia, principalmente no que diz respeito a smart houses (Sharma and Tiwari,

2016) e smart cities.

Atualmente, e cada vez mais, podemos encontrar o IoT nos mais diversos campos. Segundo Chen et al. (2014) as aplica¸c˜oes do IoT podem ser divididos em 9 campos principais que s˜ao explicados na Tabela 3.1.

Campo Aplica¸c˜oes

Ind´ustria Controlo de processos de produ¸c˜ao, monitoriza¸c˜ao do ambiente industrial, acompanhamento da cadeia de manufatura, monitoriza¸c˜ao de ciclos de vida de produtos e controlo de polui¸c˜ao e poupan¸ca de energia.

Agricultura Utiliza¸c˜ao de recursos agr´ıcolas, gest˜ao quantitativa de processos de produ¸c˜ao agr´ıcola, monitoriza¸c˜ao ambiental, gest˜ao de qualidade.

Log´ıstica Controlo de invent´ario, gest˜ao de distribui¸c˜ao, sistemas de seguimento inteligente.

Transportes Perce¸c˜ao e notifica¸c˜ao do tr´afego, posicionamento e agendamento de viaturas, plataformas de transporte inteligentes.

Smart Grid Monitoriza¸c˜ao de instala¸c˜oes el´etricas, subesta¸c˜oes inteligentes, agendamentos autom´aticos, telecontagens.

Ambiental Monitoriza¸c˜ao de polui¸c˜ao, qualidade da ´agua e ar, recolha de informa¸c˜ao ambiental.

Seguran¸ca Monitoriza¸c˜ao de materiais perigosos, gest˜ao da qualidade alimentar, infraestrutura de resposta de emergˆencia, alertas de acidentes.

M´edico Controlo inteligente de medicamentos, gest˜ao hospitalar, recolha da dados m´edicos, monitoriza¸c˜ao remota de pacientes.

Casa Seguran¸ca, controlo de eletrodom´esticos, monitoriza¸c˜ao inteligente, poupan¸ca de energia.

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3.6. SEGURANC¸ A 27

3.6

Seguran¸

ca

Com o crescimento do IoT tendem a aparecem novos problemas de seguran¸ca. As principais causas para estes problemas s˜ao a dimens˜ao e heterogeneidade das redes, podendo estas ser relacionadas com os dispositivos ou com a comunica¸c˜ao (Zhang et al., 2014). Um dos principais focos de vulnerabilidades ´e o design dos programas, que com a velocidade de desenvolvimento e aparecimento de novas tecnologias, ´e muitas vezes descorado. Para al´em disso, as atualiza¸c˜oes de software nem sempre existem o que deixa vulnerabilidades detetadas por corrigir. Por outro lado, no que diz respeito `a comunica¸c˜ao, a existˆencia de diferentes protocolos e estruturas de dados, assim como a diversidade dos equipamentos de rede leva ao aparecimento de vulnerabilidades, sendo que estas s˜ao de complexa resolu¸c˜ao. Desta forma, um dos principais desafios para o IoT ´e como lidar com as quest˜oes de seguran¸ca.

3.6.1

Identifica¸

ao

A principal dificuldade de identifica¸c˜ao de objetos ´e garantir a integridade dos registos. Apesar de o Domain Name System (DNS) ser utilizado na Internet ´e um sistema inseguro que continua a ser vulner´avel a ataques como cache poisoning ou man-in-the-middle (Ariyapperuma and Mitchell, 2007).

Servidor DNS Utilizador exemplo.com IP: 192.0.0.16 IP para exemplo.com? 192.0.0.16 (em cache)

(54)

28 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

A utiliza¸c˜ao de cache no DNS permite uma redu¸c˜ao significativa nos tempos de acesso, no entanto, isto ocorre em detrimento da consistˆencia, isto ´e, se a identifica¸c˜ao de objetos for alterada esta pode n˜ao ser apresentada at´e que a cache seja limpa ou o time to live (TTL) expire. Normalmente um utilizador faz uma query, como no exemplo da Figura 3.8 e o servidor de DNS responde com o endere¸co IP em cache, reduzindo o tempo de resposta que seria muito maior caso fosse necess´ario comunicar com os v´arios servidores envolvidos no processo de resolu¸c˜ao DNS. Ap´os obter o endere¸co IP ´e poss´ıvel aceder `a p´agina.

Malicioso IP: 192.0.0.17 exemplo.com IP: 192.0.0.16 Servidor DNS Utilizador IP para exemplo.com? 192.0.0.17 (em cache)

Figura 3.9 – Ataque de cache poisoning. Adaptado de Cloudflare.

Um ataque de cache poisoning consistem em introduzir informa¸c˜ao falsa na cache, de forma a que as queries futuras retornem informa¸c˜ao incorreta como mostra a Figura 3.9. Isto ´e poss´ıvel pois o DNS utiliza o UDP invˆes do TCP. Desta forma, um atacante pode fazer-se passar por um resolver DNS e forjar a resposta do mesmo sem que o servidor saiba a verdadeira origem da informa¸c˜ao. Este problema ocorre, pois o protocolo de DNS foi desenvolvido para redes muito mais pequenas que a atual Internet e era baseado num princ´ıpio de confian¸ca.

Para resolver estes problemas existe um protocolo chamado Domain Name System Security Extensions (DNSSEC) que utiliza chaves p´ublicas para verificar e autenticar a informa¸c˜ao (Cloudflare). No entanto, este tipo de seguran¸ca traz consigo um aumento do processamento necess´ario e do overhead dos pacotes, o que pode n˜ao ser adequado para o IoT.

(55)

3.6. SEGURANC¸ A 29

3.6.2

Autentica¸

ao e Autoriza¸

ao

O IoT representou uma mudan¸ca ao n´ıvel da comunica¸c˜ao, passou-se de comunica¸c˜ao entre pessoas para uma entre objetos. Isto criou v´arios desafios ao n´ıvel da seguran¸ca, principalmente no controlo de acesso e autentica¸c˜ao, sendo estes aspetos cr´ıticos de qualquer sistema (El-hajj et al., 2017). A autentica¸c˜ao ´e o processo que determina se uma entidade, seja ela um dispositivo ou utilizador, pode aceder a um recurso e deve ser um fator chave para o IoT, pois um s´o dispositivo comprometido pode afetar toda a rede. A grande variedade de categorias sobre as quais os dispositivos e redes IoT caiem n˜ao permitem apontar uma ´unica solu¸c˜ao ao n´ıvel da autentica¸c˜ao e autoriza¸c˜ao uma vez que certos protocolos s˜ao mais adequados a determinadas situa¸c˜oes e arquiteturas. Diferentes aplica¸c˜oes necessitam de diferentes n´ıveis de seguran¸ca.

3.6.3

Privacidade

No IoT, os dispositivos utilizados para gerir, monitorizar e otimizar as atividades humanas s˜ao cada vez mais inteligentes e com capacidade de comunica¸c˜ao, pro-cessamento, armazenamento, e sobretudo, recolha de informa¸c˜ao. No entanto, as consequˆencias s˜ao muito grandes quando existe divulga¸c˜ao de informa¸c˜ao sens´ıvel sem o consentimento dos utilizadores. Devido `a interdependˆencia e dinˆamica dos sistemas, uma pequena fuga de informa¸c˜ao pode ferir de forma severa a privacidade. Desta forma, o IoT tem cada vez mais o desafio de tornar a infraestrutura segura, confi´avel e que preserve a privacidade dos utilizadores (Porambage et al.,2016). Devido `a heterogeneidade dos sistemas torna-se dif´ıcil a aplica¸c˜ao de protocolos convencionais sobre privacidade. Um dos maiores problemas de privacidade ´e a identifica¸c˜ao de informa¸c˜ao pessoal. (Porambage et al.,2016) d´a um exemplo criando um cen´ario em que o Bob compra uma tag RFID com o seu cart˜ao de cr´edito. Em certas situa¸c˜oes, a informa¸c˜ao pessoal do Bob pode ser automaticamente relacionada ao objeto comprado. Este tipo de dados pode dar lugar a amea¸cas `a privacidade em termos de localiza¸c˜ao e seguimento.

(56)

30 CAP´ITULO 3. INTERNET DAS COISAS

Semelhantemente, caso o Bob adquira um conjunto de tags e uma conseguir ser associada a si, pode acontecer o mesmo com as seguintes. De forma mais geral, as quest˜oes de privacidade do IoT envolvem localiza¸c˜ao de utilizadores, cria¸c˜ao de perfis, controlo de acesso, prote¸c˜ao de dados e confidencialidade.

3.7

Dispositivos

Os dispositivos do IoT s˜ao apenas componentes eletr´onicos que trocam informa¸c˜ao entre si. Segundo Podnozov, Andre (2019), Este tipo de dispositivo pode agrupado nas seguintes categorias:

• Microcontroladores: estes s˜ao a forma mais simples de dispositivos IoT. Podem recolher e enviar dados do ambiente, assim como receber comandos. A sua vantagem ´e o seu baixo consumo e capacidade de ser alimentado por bateria, para al´em de serem de reduzido custo.

• Computadores de placa ´unica: este tipo de dispositivo ´e o exemplo do Raspberry, e apresentam um maior poder de processamento sendo capazes exibir comportamentos inteligentes. No entanto o seu valor ´e maior e consomem mais energia.

• Gateways: estes dispositivos s˜ao utilizados em cen´arios de grandes redes IoT, fornecem conectividade e atuam em nome de um grupo de objetos. S˜ao providos de elevado poder de processamento.

3.8

Problemas e desafios

A conex˜ao de um grande n´umero de dispositivos ser´a um dos grandes desafios do IoT no futuro e ir´a definir o pr´oprio modelo atual de comunica¸c˜oes e tecnologias que o suportam (Robbie Mitchell). Atualmente, a maioria dos servi¸cos s˜ao centralizados o

(57)

3.8. PROBLEMAS E DESAFIOS 31

que ´e suficiente para as centenas ou milhares de dispositivos envolvidos. No entanto, quando as redes aumentarem drasticamente de tamanho para a ordem dos milh˜oes de dispositivos, os sistemas centralizados tornar-se-˜ao um bottleneck, ou seja, ir´a haver problemas de congestionamento. O futuro do IoT ir´a assim depender fortemente das redes descentralizadas e movendo parte do processamento para as n´os.

De acordo com Ben Dickson, o IoT atualmente est´a a crescer rapidamente e com diferentes tecnologias que tentam competir para se tornarem o standard. Isto poder´a causar dificuldade na interliga¸c˜ao de dispositivo e necessidade de outras tecnologias para realizar a interliga¸c˜ao. Por outro lado, equipamentos com um tempo de vida elevado como televis˜oes ou frigor´ıficos, devem ser capazes de se atualizar e manter em funcionamento mesmo quando o construtor deixe de os suportar.

O IoT cria desafios ´unicos ao n´ıvel da privacidade que podem ir muito para l´a do que estamos habituados hoje. Este problema torna-se mais saliente no caso de dispositivos com capacidade de monitoriza¸c˜ao como smartphones, carros ou mesmo televis˜oes. No caso das televis˜oes, funcionalidades como reconhecimento de voz ou gestos podem estar continuamente a monitorizar os utilizadores e transmitir esses dados para servi¸cos na cloud para processamento (Meng et al., 2018). Este tipo de recolhe de dados exp˜oe o IoT a problemas legais no que diz respeito a prote¸c˜ao de dados e privacidade.

`

A semelhan¸ca da privacidade, a seguran¸ca deve ser um grande foco do IoT. Uma grande mudan¸ca ao n´ıvel da seguran¸ca deve surgir do facto que o IoT se tornar´a mais enraizado nas nossas vidas, pelo que as preocupa¸c˜oes deixaram de ser simplesmente com a prote¸c˜ao de dados e informa¸c˜ao sens´ıvel. As vidas e sa´ude humanas poder˜ao tamb´em ser vitimas de ataques (Meng et al., 2018).

(58)
(59)

4

Proposta de uma arquitetura

Neste cap´ıtulo ´e apresentada uma proposta de uma arquitetura para um sistema de telecontagem para ´agua e eletricidade sendo descritos os requisitos pretendidos para o sistema, de que forma se encontra organizado e ´e explicado detalhadamente o seu funcionamento.

4.1

Requisitos

Atualmente tanto os contadores de ´agua como de eletricidade cumprem o seu prop´ o-sito principal que ´e a fatura¸c˜ao, pelo que este ´e o principal objetivo para o sistema a desenvolver, obter contagens precisas e fidedignas. Os contadores cl´assicos n˜ao permitem ao utilizador monitorizar os seus consumos em tempo real sendo que s´o ap´os a fatura¸c˜ao s˜ao conhecidos os gastos. Assim, pretende-se que o sistema tenha a capacidade de informar quer o cliente, quer o distribuidor, dos consumos em tempo real. Isto que permite intervalos de fatura¸c˜ao personalizados e o conhecimento dos consumos no momento. Ap´os a an´alise cuidada sobre o estado da arte e o estudo te´orico sobre o IoT foram delineados requisitos que seriam necess´arios o sistema apresentar sendo que este deve ser dinˆamico, isto ´e, poder ser utilizado tanto para

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34 CAP´ITULO 4. PROPOSTA DE UMA ARQUITETURA

monitorizar eletricidade como ´agua. Uma das principais caracter´ısticas do IoT ´e o baixo custo dos nodes, assim, tornou-se um objetivo desenvolver um node com o menor custo poss´ıvel que possa ser utilizado pelo comercializador de eletricidade ou ´

agua mas tamb´em por qualquer pessoa que o pretenda instalar em sua casa para realizar controlo de consumos, pelo que este deve ser de reduzidas dimens˜oes e, mais importante, de f´acil instala¸c˜ao sem a necessidade de conhecimentos t´ecnicos. Para isso foi idealizado um sistema modular para a alimenta¸c˜ao e comunica¸c˜ao. A alimenta¸c˜ao pode ser feita atrav´es de uma liga¸c˜ao ao quadro el´etrico ou atrav´es de uma bateria que ´e carregada por um hidrogerador, dependendo da aplica¸c˜ao. Estes dois modos de alimenta¸c˜ao devem ser poss´ıveis de ser alterados caso seja necess´ario alterar o prop´osito do node. Da mesma maneira, as comunica¸c˜oes podem ser feitas por LoRa ou Wi-Fi sendo que cada uma das tecnologias se encontra tamb´em num m´odulo distinto poss´ıvel de ser subsistido. Para al´em disto o node deve armazenar as contagens realizadas em mem´oria.

Todos os dados recolhidos pelos sensores devem ser poss´ıveis de visualizar pelos utilizadores numa plataforma, que para al´em disso deve permitir fazer a gest˜ao dos nodes. De forma a poder suportar um grande n´umero de utilizadores deve ser desenvolvida tendo em considera¸c˜ao a sua escalabilidade e seguran¸ca.

4.2

Arquitetura

O sistema desenvolvido encontra-se dividido em trˆes componentes principais, os dispositivos, os gateways e a plataforma de controlo e gest˜ao.

Dispositivo Gateway Plataforma Sistema de Telecontagem

Imagem

Figura 3.1 – Arquitetura de uma plataforma IoT. Divis˜ ao em 3 camadas (A) e em 5 camadas (B)
Figura 3.2 – Arquitetura detalhada IoT em 5 camadas. Adaptado de Khan et al. (2012).
Figura 3.3 – Exemplo de framework de descoberta centralizada. Adaptado de Br¨ oring et al.
Figura 3.4 – Exemplo de framework de descoberta baseada em comunica¸ c˜ ao P2P. Adaptado de Liu et al
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